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CRIANDO SISTEMAS ESPECÍFICOS

PARA GRÃOS E PECUÁRIA, POR ERNST GÖTSCH


C
• Safrinha:

Atualmente, a agricultura, principalmente de larga


escala, que vem buscando diminuir seus custos de
produção, reduzindo o uso de agrotóxicos, adubos
químicos e sementes transgênicas, apoia-se no seguinte
tripé: plantas de cobertura anuais, pós de rocha
e microrganismos.
onsideramos louvável o uso de microrganismos
para trazer a vida de volta aos nossos
solos degradados, juntamente com o rejuvenescimento
proporcionado pelos pós de
rocha, mas, ao plantar grãos somente com plantas de ciclo de
vida curto, nunca caminharemos para sistemas de abundância,
pois, para isso, precisamos das árvores de ciclo de vida longo em
grande número. Na pecuária, devemos seguir a mesma recomendação.
Como podemos, então, criar sistemas em larga escala
com árvores? Criamos uma savana submetida fortemente
a um ou dois distúrbios (podas) por ano. Usamos árvores como
araribá (Centrolobium tomentosum) ou cajá-mirim, as quais suportam
poda e são plantadas no início juntamente com eucalipto
e guapuruvu (na distância de dois a três metros na linha),
entre os quais plantamos cajá, mogno-africano, mogno-amazônico
— plantas que suportam a poda anual e reagem muito
bem, além de buscarmos por mais espécies com esse comportamento,
como o jambolão (Eugenia jambolana), que produz
boa madeira e também reage bem à poda. O sombreiro teria o
mesmo comportamento, mas não produz madeira de boa qualidade.
Podemos também, ao invés de plantar a safrinhaG, colocar
banana no sistema (nas linhas das árvores), o que criaria um
sistema mais inteligente e um descanso maravilhoso às plantas.
Com isso, teríamos mais liberdade para pulsar o sistema.
Por exemplo, podemos decidir pulsá-lo (ou seja, causar o
distúrbio por meio da poda) em outubro/dezembro para plantar
milho branco, ou em fevereiro/março para plantar hortaliças
de verão. Nesse momento, fazemos a poda drástica, destopando
as árvores, derrubando toda a banana e deixando só o filho
chifre. Isso pode ser feito em grande escala. Esse método não
empobrecerá o sistema, ao contrário, teremos um aumento da
matéria orgânica e um forte efeito hormonal.
Para um sistema específico para cereais, não é possível empregar
o mesmo design dos agroecossistemas em que produzimos
tangerina, manga, café, laranja, pois ele não atenderia ao
costume alimentar atual da população (grande consumidora
de grãos). Necessitamos criar sistemas específicos para cereais,
assim como para frutas, nozes e para a pecuária. Um sistema
para cereais deve ter design bastante específico em virtude da
presença de canteiros na linha das árvores, onde podemos cultivar
plantas semiperenes, como cúrcuma, gengibre, cardamomo
etc. Já em um sistema para pecuária, não podemos ter canteiros
nas linhas das árvores, pois o gado não os respeita; além disso,
as árvores escolhidas para pecuária precisam aguentar o pasto
no pé. Um sistema de pecuária deveria funcionar estritamente
rotacionado, com, no máximo, entre 6 e 12 horas para rotação
do gado. Após sua retirada, o capim não comido deve ser ceifado
para não ficar velho, assim não teremos problemas. Quando
o gado vive em um pasto sombreado, ele nunca deposita o
esterco próximo às árvores, mas sim nas entrelinhas. Com essa
lógica, os animais sempre vão comer o capim das linhas de árvores,
sobrando somente capim não pastado nas ruas, onde o
gado deposita parcialmente o esterco. Então, imediatamente
após o término de cada rotação, pode-se mecanizar o corte do
capim não pastado.

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