Você está na página 1de 2

ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

-EMERJ-

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROGRAMA DO CURSO

CPI B 2 2021 – TÉCNICA DE SENTENÇA

As aulas do módulo serão ministradas nas seguintes datas: 2/9, 25/10 e


12/11.

SESSÃO IV: Dia 25/10/2021 - 10h 10min às 12h

Prof. Dr. Guilherme Correa de Araujo

TEMA: Direito Tributário. Limitações constitucionais ao poder de tributar.


Imunidade tributária de casa pastoral.

CASO CONCRETO:

Trata-se de demanda proposta por Primeira Igreja Caminho da


Salvação em face do Município de Niterói. A autora alega que é proprietária de
dois imóveis situados no bairro do Ingá, Niterói: um na Rua Mostarda Alencar, n.
40, apartamento 402, e o outro na Rua Fussen, n.17, apartamento 101.
A autora sustenta que, em que pese tenha direito à imunidadede de
IPTU, tendo em vista o art. 150, IV, b, da Constituição Federal, o réu vem
cobrando o mencionado imposto referente aos mencionados imóveis - posição
que persistiu após pedido de revisão em seara administrativa.
Afirma a demandante que as compras das propriedades, que são
usadas exclusivamente para a moradia dos pastores, foram aprovadas, em
assembleia, por todos os membros que integram a diretoria da congregação,
conforme documento juntado aos autos, a fls. 16-17, o que comprova a finalidade
compatível com a vontade consubstanciada na Constituição Federal.
A autora alega que o art. 150, §4º, da Constituição Federal, deixa
evidente a fundamentação de seu pleito, na medida em que a moradia dos
pastores decerto consiste em finalidade essencial ao bom funcionamento da
congregação, uma vez que, na hipótese de mudança de município, por exemplo,
a moradia já estabelecida afasta maiores preocupações a esse respeito e permite
ao sacerdote maior atenção aos trabalhos religiosos.
Dessa forma, pelos motivos expostos, Primeira Igreja Caminho da
Salvação requer o reconhecimento da imunidade dos mencionados imóveis e,
consequentemente, também pede que o réu seja condenado a se abster de
realizar novas cobranças de IPTU, além de restituir com juros e correção
monetária todos os valores pagos a esse título, compreendidos nos cinco anos
anteriores ao ajuizamento da ação.
Em contestação, o Município de Niterói, preliminarmente, invoca a
inépcia da petição inicial, por considerar que da narração dos fatos não decorre
logicamente a conclusão, haja vista que a demandante demonstra que o principal
beneficiado seria o pastor, entretanto, a suposta imunidade não se refere a este.
O Município de Niterói invoca, ainda, a falta de legitimidade da demandante para
tratar sozinha do assunto, ou seja, o caso não está apto para a sentença, porque
diz respeito à litisconsórcio necessário, formado pela Igreja proprietária e pelo
pastor possuidor, o qual sequer foi ouvido no processo.
No mérito, o réu afirma que a jurisprudência mais moderna tende a
cuidar desses casos com mais reserva, pois a hermenêutica que possibilita a
concessão alargada de imunidades prejudica toda a coletividade, além de, muita
vez, configurar precedente periclitante, mormente em se tratando de propriedade
afastada do templo do local de culto.
O Município de Niterói afirma que o fato de o imóvel em questão ser
destinado à residência do pastor da instituição religiosa, além de consistir em
algo de dificílima comprovação, afasta a proteção constitucional, uma vez que
nada tem a ver com finalidade essencial exercida pela Primeira Igreja Caminho
da Salvação, motivo pelo qual pede a total improcedência dos pedidos e
condenação da autora em custas e honorários.
Elabore a sentença sem relatório.

Você também pode gostar