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HUMIDADES EM EDIFÍCIOS

Fenómenos de condensação

António Moret Rodrigues


IST
ÍNDICE (1)
z Introdução:
¾ Tiposde humidade (1 slide)
¾ Humidade de obra (1 slide)
¾ Humidade ascensional (1 slide)
¾ Humidade higroscópica (1 slide)
¾ Humidade de infiltração (1 slide)
¾ Humidade de condensação (2 slides)

z Higrometria:
¾ O ar húmido (1 slide)
¾ Grandezas características (7 slides)
¾ Cartas psicrométricas (2 slides)
¾ Condensações superficiais (1 slide)
ÍNDICE (2)
z Transporte de humidade:
¾ Mecanismos (1 slide)
z Higrospicidade:
¾ Conceito (1 slide)
z Difusão do vapor:
¾ Lei de Fick (1 slide)
¾ Distribuição da pressão (1 slide)
z Analogia difusão do vapor/calor
z Difusão do vapor:
¾ Condensações interiores (1 slide)
z Risco de condensações
¾ Digrama de Glaser (1 slide)
z Diagrama de Glaser
¾ Zona
de condensação (1 slide)
¾ Condensações: efeito do isolamento térmico (1 slide)
INTRODUÇÃO: tipos de humidade
z A manifestação de humidade nos edifícios pode
provocar graves perturbações funcionais,
reduzindo a durabilidade dos materiais e as
condições de habitabilidade (salubridade).
z Distinguem-se os seguintes tipos de humidade:
¾ humidade de obra;
¾ humidade ascensional (absorção e capilaridade);
¾ humidade por fenómenos de higrospicidade;
¾ Humidade de infiltração;
¾ humidade de condensação;
¾ humidade devida a causas fortuitas.
INTRODUÇÃO: humidade de obra
z A água utilizada no fabrico dos
materiais é normalmente
adicionada em excesso, e a
sua eliminação por secagem
processa-se nos primeiros 6
meses a 1 ano após a
conclusão da obra.
z A esta água acresce também a
água das chuvas durante a construção da obra.
z Desta forma, nos primeiros tempos podem ocorrer
sinais de humidade que decorrem do processo
natural de secagem.
INTRODUÇÃO: humidade ascensional
z Manifesta-se nas paredes
e pavimentos térreos,
quando não são tomadas
precauções para evitar a
ascensão da água por
absorção e capilaridade.

Eflorescências Criptoflorescências
INTRODUÇÃO: humidade higroscópica
z Resulta do facto de muitos
materiais conterem sais com
propriedades higroscópicas,
ou seja, com capacidade de
absorverem humidade do ar.
z Estes sais dissolvem-se para
uma humidade do ar acima dos 65-70%, voltando
a cristalizar, com grande aumento de volume,
quando esta baixa daqueles valores.
z As anomalias caracterizam-se por manchas de
humidade em zonas de grande concentração de
sais.
INTRODUÇÃO: humidade de infiltração
z Resulta essencialmente da
penetração da água da chuva,
através de fissuras e juntas de
construção (vãos de janela,
ligações estrutura-parede).
z Manifesta-se através de
manchas que desaparecem
no tempo seco, deixando por
vezes auréolas características
que tomam a forma de círculos concêntricos
quando resultam de chuvadas acompanhadas de
vento forte.
INTRODUÇÃO: humidade de condensação I
z A regulamentação térmica procura prevenir a
humidade de condensação,
por ser uma das causas mais
frequentes de patologias e de
degradação do ambiente
interior dos edifícios.
z Este tipo de humidade resulta
da condensação do vapor de
água sobre os paramentos ou
no interior dos elementos de
construção e manifesta-se
sob a forma de fungos ou bolores.
INTRODUÇÃO: humidade de condensação II
z As condensações estão associadas ambientes
húmidos e mal aquecidos e/ou deficientemente
ventilados.
z Nestas condições a humidade do ar pode atingir
o limite máximo permitido para o estado de vapor,
ocorrendo neste caso mudança de fase, com a
passagem ao estado líquido (condensação).
z Para compreender as condições em que ocorrem
as condensações é necessário recorrer à
higrometria (psicrometria), que estuda e mede a
humidade do ar atmosférico.
HIGROMETRIA: o ar húmido
z O ar atmosférico é composto por uma série de
gases, como o oxigénio, o azoto, o hidrogénio, o
dióxido de carbono, etc., que entram na sua
composição em percentagens mais ou menos
fixas, e pelo vapor de água, cuja quantidade no ar
é bastante variável.
z Para simplificar o estudo, a higrometria divide o ar
atmosférico em 2 únicos componentes: Ar seco
(a), constituído por todos os gases com excepção
do vapor de água, e Vapor de água (w).
z À mistura Ar seco-Vapor de água a higrometria
designa por Ar húmido.
HIGROMETRIA: grandezas características I
z Temperatura (θ) e pressão (p)
¾ São as grandezas primárias do ar húmido, a partir
das quais podem ser constituídas todas as outras.
¾ Numa mistura, a pressão exercida por cada gás
componente, como se actuasse sózinho, designa-
se por pressão parcial desse gás.
¾ No caso do ar húmido há a considerar a pressão
total da mistura (p), a pressão parcial do ar seco
(pa) e a pressão parcial do vapor de água (pw).
¾ Pela lei de Dalton verifica-se a relação: p=pa+pw .
HIGROMETRIA: grandezas características II
¾ A higrometria admite que o ar húmido, e portanto
também os seus dois componentes, obedecem à
lei dos gases perfeitos p=ρ⋅R (θ + 273.15).Assim:
™ Arseco Æ pa=ρa⋅287 (θ + 273.15) (Pa)
™ Vapor de água Æ pw=ρw⋅461 (θ + 273.15) (Pa)

z Humidade absoluta (ρw)


¾ É a massa de vapor de água contido em cada m3
de ar húmido ou, o que é equivalente, a massa
específica de vapor de água contido no ar
húmido:
Mw
ρw = (Kg/m3)
V
HIGROMETRIA: grandezas características III
z Teor de humidade (W)
¾ É a massa de vapor de água por unidade de
massa de ar seco:
M w (Kg H O/Kg ar seco)
W= 2
Ma
¾ Sendo Mw=ρwV e Ma= ρaV, em que V é o volume
considerado da mistura, pode-se escrever:
287 p w pw
W= ou W = 0.622
461 p a p − pw
HIGROMETRIA: grandezas características IV
z Humidade relativa (ϕ)
¾ É a relação entre a massa de vapor de água
contida num m3 de ar húmido (w) e a massa de
vapor de água que o mesmo conteria se fosse
saturado (s) à mesma temperatura e pressão:
Mw ρw
ϕ= ou ϕ= (%)
Ms θ,p
ρs θ,p

¾ A partir das equações de estado pode-se também


escrever: pw
ϕ= ps – pressão de saturação do
p s θ,p vapor de água
HIGROMETRIA: grandezas características V
¾ A pressão de saturação do vapor de água é
uma função exclusiva da temperatura e pode ser
determinada por uma das seguintes correlações
ps=f(θ) (para θ ≥ 0):
™ Lei exponencial
⎛ 17.269 θ ⎞
p s ≅ 610.5 exp⎜ ⎟ (Pa)
⎝ 237.3 + θ ⎠
™ Lei parabólica (1 mmHg=133.322 Pa)

p s ≅ 0.018463 θ 2 + 0.27841 θ + 4.58 (mmHg)


¾ Ocorre condensação quando pw=ps ⇒ ϕ=100%.
HIGROMETRIA: grandezas características VI
z Grau de saturação (μ)
¾ É a relação entre o teor de humidade do ar
húmido e o teor de humidade do ar saturado à
mesma temperatura e pressão:

W p − ps
μ= ou μ=ϕ (%)
Ws θ,p
p − ϕp s

¾ Quando o ar está saturado μ=ϕ=1, mas caso


contrário μ≠ϕ, embora sejam muito próximos.
HIGROMETRIA: grandezas características VII
z Ponto de orvalho (θd)
¾ É a temperatura (θd) para a qual a pressão do
vapor de água (pw) do estado do ar húmido
considerado é igual à pressão de saturação
correspondente a essa temperatura (ps(θd)).
¾ Desta definição resulta que a temperatura de
orvalho se pode obter da relação pw=ps(θd), com
ps(θ) dado por uma das relações apresentadas.

237.3 ln(p w / 610.5)


¾ Da lei exponencial: θd ≅ (ºC)
17.269 − ln(p w / 610.5)
HIGROMETRIA: cartas psicrométricas I
z As cartas psicrométricas permitem determinar
todas as grandezas características do ar húmido
a partir do conhecimento de duas delas.
z Num sistema (θ,pw) a
curva de saturação
(curva de ϕ=100%)
obtém-se de ps=f(θ).
z Um estado do ar
húmido fica representado
por um ponto. No caso de A, ϕA=pwA/ps(θ1) e a
curva de ϕ=ϕA obtinha-se de pw=ϕA·ps(θ). Na
figura está também representado θd.
HIGROMETRIA: cartas psicrométricas II
z A equação da família de curvas de igual valor de
humidade relativa é pw=ϕ·ps(θ), em que ϕ é um
parâmetro. Cada valor de ϕ fixa uma curva dessa
família.

z Cada curva representa o lugar geométrico dos


pontos que têm uma
mesma humidade
relativa.

z Sobre a curva de
saturação tem-se
ϕ=100%.
HIGROMETRIA: condensações superficiais
θp
Estado do ar
húmido interior A
caracterizado
pelo ponto A. θi
ϕi

ϕi
pwi
A
Quantidade
de água
condensada
Ocorrem
condensações se:
θp ≤ θ d
ou, o que é
equivalente, se:,
pwi ≥ ps(θp)
θp θd θi
TRANSPORTE DE HUMIDADE: mecanismos
z A transferência de humidade através dos poros e
capilares de um elemento pode processar-se nas
fases de vapor (difusão) e líquida (capilaridade).
z Os fenómenos de difusão e capilaridade são
função do teor de humidade do material. Abaixo
dum teor de humidade crítico o transporte por
capilaridade não é possível.
Teor de humidade inferior ao crítico Teor de humidade superior ao crítico

Não existe nenhum circuito Existem circuitos integralmente


integralmente fechado por líquido fechados por líquido
HIGROSPICIDADE: conceito
z Muitos materiais são higroscópicos, ou seja, têm
a capacidade de reter no interior dos seus poros
uma certa quantidade da humidade do ar até
atingirem um estado de equilíbrio com o ambiente.
z Este processo de fixação da humidade designa-se
por “adsorção”:
a) Adsorção mono-molecular
caracterizada pela fixação duma
camada de moléculas de água
na superfície dos poros;
b) Fixação de várias camadas de
moléculas de água sobre a primeira
camada adsorvida;
c) Condensação capilar quando o
diâmetro d do poro é suficientemente
pequeno, da ordem dos 2 a 20 n.m
( 1 n.m = 10−9 m ).
DIFUSÃO DO VAPOR: lei de Fick
z Se num elemento permeável ao vapor, existir um
desequilíbrio das pressões parciais de vapor (pw)
entre 2 pontos afastados de Δx, ocorre migração
de vapor do ponto a pressão mais elevada (pw1)
para o ponto a pressão mais baixa (pw2).
z Este processo de transferência denomina-se por
difusão de vapor e é regido pela lei de Fick:
p w1 − p w 2 r →
Forma discreta
g=π. Forma diferencial: g = − π . grad p w
unidimensional:
Δx
g – Densidade de fluxo de vapor de água (g/m2.h)
π - Permeabilidade ao vapor de água (g/m.h.mmHg ou g/m.h.Pa)
DIFUSÃO DO VAPOR: perfil da pressão
z Elemento monocamada
pw Na ausência de retenção de água (devida a higrospicidade,
condensação),a distribuição da pressão de vapor, como a
pw0
temperatura (lei de Fick e Fourier similares), é também linear:
g g
p − p w0
p w ( x ) = p w 0 + we ⋅ x g = K D (p w 0 − p we )
pwe e
π pwi pw0
KD = - Permeância ao vapor
x e
1 g g
RD = - Resistência à difusão pw1 pw2
e K D do vapor de água
pwe
pw3
z Elemento multicamada βi π1 π2 π1 βe
Admitindo de novo que o fluxo se conserva, e1 e2 e3
p − p w 0 p w 0 − p w1 p w1 − p w 2 p w 2 − p w 3 p w 3 − p we p wi − p we
g = wi = = = = = donde:
βi e1 e2 e3 βe 3
ek
π1 π2 π3 βi + ∑ + βe
k =1 k
π

g = K D (p wi − p we ) com K D = 1 /⎛⎜ βi + ∑ e k + βe ⎞⎟ Usualmente as resistências


⎜ πk ⎟ superficiais à difusão do vapor
⎝ k ⎠ podem desprezar-se (βi≈βe≈0)
ANALOGIA DIFUSÃO DO VAPOR/CALOR

CALOR VAPOR DE ÁGUA


Condutibilidade térmica Permeabilidade ao vapor de água
λ (W/mºC) π (g/m.h.mmHg) ou (kg/s.m.Pa)
Resistência térmica de um Resistência à difusão do vapor de
elemento com n camadas: um elemento com n camadas:
1 n ej 1 n e
(m2.h.mmHg/g)
Rt = +∑ + R D = βi + ∑ + βe
j
(m2.ºC/W)
hi j λ he j π ou (m2.h.Pa/g)
j j

Temperaturas dos ambientes Pressões de vapor dos ambientes:


pwi (mmHg) pwe (mmHg)
θi (ºC) θe (ºC) ou ou
(Pa) (Pa)

Densidade de fluxo de calor Densidade de fluxo de vapor


através do elemento: através do elemento:
θ − θe p wi − p we
q= i (W/m2) g= (g/m2.h)
Rt RD
DIFUSÃO DO VAPOR: condensações interiores
z O critério de ocorrência de condensações no
interior dos elementos é o mesmo já referido a
propósito das condensações superficiais: sempre
que em qualquer ponto se tenha pw ≥ ps(θ).
z Isto implica conhecer o traçado da pressão parcial
de vapor ao longo do elemento e da pressão de
saturação que se verifica em cada ponto, e que é
função da temperatura do mesmo.
z Um método simples de avaliar o risco de ocorrência
de condensações consiste em representar aquelas
curvas num mesmo gráfico (digrama de Glaser) e
avaliar a sua possibilidade de intersecção.
RISCO DE CONDENSASÕES: diagrama de Glaser
z No diagrama de Glaser podem ocorrer 2 situações:
θi
¾ a curva de pressão de saturação
θsi
não intersecta a distribuição de θse θ
psi
pressão parcial de vapor de pwi
e

ps
água - não existe risco de pse
pw pwe
ocorrência de condensações.

¾ A curva de pressão de saturação θi


θsi
intersecta a de distribuição de
pressão de vapor. Demarca-se psi
pwi θse θ
uma zona em que pw > ps, o que pw e

pse
não é fisicamente possível – há ps pwe
lugar a condensações.
DIAGRAMA DE GLASER: zona de condensação
z Determinação da zona de condensação
θi
¾ Zona pw < ps – nesta zona não
θsi
existe risco de condensação:
psi
o fluxo mantém-se constante e
pwi θse θ
a pressão de vapor é linear e
pw1 pse
¾ Zona pw > ps - nesta zona p =p
p
w
pwe
s
w2

ocorre condensação com


deposição de água líquida: o 0 x1 x2 e x
fluxo de vapor diminui e pw= ps, sendo (x1, pw1) e
(x2, pw2) os pontos de tangência. A quantidade de
água retida tira-se da diferença entre os fluxos de
entrada e de saída: m& l = π ⎛⎜⎜ p wi − p w1 − p w 2 − p we ⎞⎟⎟ (g/m .h) 2

⎝ x1 e − x2 ⎠
CONDENSAÇÕES: efeito do isolamento térmico
‰ ISOLAMENTO PELO ‰ ISOLAMENTO PELO
EXTERIOR INTERIOR
Isolamento Isolamento
térmico Parede Parede térmico

Temperatura
Interior Interior
Temperatura
Pressão de
saturação Pressão de Condensação
vapor
Pressão de Pressão de
vapor saturação

O fenómeno da condensação ocorre sempre que a pressão de


Vapor atinge a pressão de saturação. O risco de condensações
internas é maior para o caso de isolamento térmico pelo interior.

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