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Isaak Dashkovskij

O trabalho abstrato e as categorias


econômicas de Marx 1

Este artigo de Dashkovskij, publicado em Под знаменем


марксизма [Sob a Bandeira do Marxismo] (1926, n.o 6), é uma
crítica à teoria de Isaak Rubin.

A discussão detalhada da teoria econômica marxista, que há vários


anos é conduzida na União Soviética, gerou resultados frutíferos de diversos
tipos: maior clareza de compreensão, formulação mais exata das leis e
posicionamentos acerca de vários novos problemas que não haviam sido
abordados na literatura marxista pré-revolucionária. Mas cada lado bom
tem sua contrapartida. Assim, também ocorre que as novas tentativas de
"aprofundamento" da teoria levam a "dividir as abstrações vazias em várias
partes vazias". "Desta contagem deveria fazer parte, em nossa opinião, a
tentativa de I. Rubin de "sociologizar" o conceito de trabalho abstrato, o

1
que nos últimos tempos tem se repetido, diluindo ligeiramente as
formulações de Rubin em uma sopa eclética, por A. Voznesenskii (vide seu
artigo na revista Под знаменем марксизма [Sob a Bandeira do Marxismo],
n.o 12, 1925). Submeter à crítica a nova teoria é ainda mais necessário,
uma vez que "Ensaios sobre a Teoria do Valor de Marx" de I. Rubin goza
da merecida reputação de ser um dos melhores trabalhos sobre o
marxismo, e isto leva muitos à tentação de tomar como verdadeira a
interpretação que dá à categoria de trabalho abstrato e as conclusões
baseadas nela, embora estejam em claro desacordo com as formulações e
pontos de vista de Marx. Com a presente nota tenho em mente, ajudado
pelo mínimo necessário de referências bibliográficas, provar a
incompatibilidade da teoria de Rubin, não só com a letra, mas também com
o espírito da análise marxista da economia burguesa, reservando-me o
direito de voltar, se necessário, a este tema com armamento mais
completo.

A definição fundamental de Marx, relativa ao caráter duplo do


trabalho, diz o seguinte:

"Por um lado, todo trabalho é, falando fisiologicamente, um gasto


da força de trabalho humana, e em seu caráter de trabalho
humano idêntico ou abstrato, ele cria e forma o valor das
mercadorias".

Por outro lado, todo trabalho é o dispêndio de força de trabalho


humana de uma forma específica e com um objetivo definido, e neste, seu
caráter de trabalho útil concreto, produz valores de uso" 2. Os novos
comentaristas consideram necessário alterar ou complementar esta
definição de Marx com base no fato de que em sua forma atual ela contém
apenas "trabalho abstrato fisiologicamente definido, válido para todas as
formas de economia" 3. Eles partem da ideia de que todas as categorias da
economia política marxista – o que inclui também a categoria de trabalho
abstrato – devem ser, em primeiro lugar, sociais e, em segundo lugar –
conceitos históricos. Vamos abordar a questão começando com o ponto
de vista "histórico".

As categorias econômicas fundamentais em Marx têm um caráter


histórico – isto é verdade. Não é verdade, porém, que Marx opera
em seu estudo exclusivamente com tais categorias. Além disso, o
epíteto "histórico" tem um significado distinto em Marx, embora esta
distinção seja muitas vezes ignorada até mesmo por pesquisadores
muito atentos. Para esclarecer esta afirmação, recorremos ao

2
"Esboço da Crítica da Economia Política [Grundrisse]" de Marx,
tirando dele uma formulação que, à primeira vista, pareceria até
mesmo contradizer diretamente nosso ponto de vista. No final do
primeiro capítulo "Sobre a produção", Marx escreve: "Para resumir:
Há características (determinações) que todas as etapas da produção
têm em comum, e que são estabelecidas como gerais pela mente;
mas as chamadas pré-condições gerais de toda produção nada mais
são do que momentos abstratos com os quais nenhuma etapa
histórica real da produção pode ser compreendida" 4. Não muito
antes Marx explicava que "os elementos que não são gerais e comuns
devem ser separados das determinações válidas para a produção
como tal, de modo que em sua unidade – que já surge da identidade
do sujeito, da humanidade, e do objeto, da natureza – a sua diferença
essencial não seja esquecida".

Assim, para o entendimento específico, para a compreensão da


forma de cada época econômica, as determinações gerais não são válidas
precisamente porque se relacionam igualmente com todas as épocas. Mas
isso significa que elas não são completamente necessárias para nós? O que
significa compreender a especificidade de qualquer fenômeno? Significa –
mostrar em qual forma específica, em qual configuração concreta operam
as leis sociais, características de certo gênero de fenômenos. Descrever,
por exemplo, "o caráter especificamente capitalista tanto dos salários
quanto dos excedentes de valor", e "diante de nós já não aparecerão estas
formas, mas apenas seus rudimentos, que são comuns a todos os modos de
produção social" 5. Resumir a forma específica a seus rudimentos comuns
na forma teórica também é tarefa de toda ciência, para a qual não haveria
lugar se "a forma da aparência e a essência das coisas coincidissem". "

As épocas históricas não são separadas umas das outras por uma
muralha chinesa de dissociação totalmente discriminatória. Elas têm uma
base em comum – a produção e a reprodução da vida material. Marx
ridicularizou a ignorância desta base comum, por exemplo, em uma de suas
cartas a Kugelmann:

"A tagarelice sobre a necessidade de provar o conceito de valor


surge apenas do completo desconhecimento tanto do assunto em
discussão quanto do método da ciência. Toda criança sabe que
qualquer nação que parasse de trabalhar, não por um ano, mas
digamos, apenas por algumas semanas, pereceria. E qualquer
criança também sabe que as quantidades de produtos
correspondentes às diferentes quantidades de necessidades

3
exigem quantidades diferentes e quantitativamente determinadas
do trabalho agregado da sociedade. É evidente que esta
necessidade de distribuição do trabalho social em proporções
específicas certamente não é abolida pela forma específica de
produção social; ela só pode mudar sua forma de manifestação.
As leis naturais não podem ser abolidas de forma alguma. A
única coisa que pode mudar, sob condições historicamente
diferentes, é a forma pela qual essas leis se afirmam. E a forma
na qual esta distribuição proporcional do trabalho se afirma em
um estado da sociedade no qual a interconexão do trabalho social
se expressa como a troca privada dos produtos individuais do
trabalho, é precisamente o valor de troca destes produtos". 6

A economia política é a ciência das formas sociais específicas, na


qual se realiza a "troca de matéria entre o homem e a natureza". "Para
compreender estas formas é necessário o conhecimento da base de cada
sistema econômico, comum a todas as épocas da história humana. As
categorias e leis que a ela se relacionam terão um caráter "supra-histórico"
e, no entanto, são uma introdução obrigatória no estudo de uma forma
econômica histórica – por exemplo, a produção capitalista. Esta será,
quando muito, uma determinação sociológica universal, que forma o
fundamento do estudo econômico, e não a entrada no sistema de
economia política no sentido preciso da palavra. A tais determinações
comuns está relacionado, por exemplo, o ensino sobre as forças de
produção. O capítulo dos "Grundrisse" de Marx que investiga a relação
comum de produção, distribuição, troca e consumo, pode, desta forma,
servir como uma amostra de tal análise "supra-histórica". A este mesmo
tipo relaciona-se o capítulo no volume 1 de "Capital", descrevendo o
processo de trabalho. Marx se move muito claramente neste ponto de vista
"técnico-material" para uma representação mais gráfica das formas
específicas de produção capitalista. Tais páginas, dedicadas às condições de
reprodução da base do capital ou ao estudo de seu fundamento, invocam a
diferente duração do volume de negócios do capital. Marx observa, por
exemplo, que também sob formas socialistas de economia a diferença na
duração da rotatividade – ou período de produção – terá grande significado
para todo o sistema social.

4
"Sob a produção socializada, bem como sob a produção
capitalista, os trabalhadores dos ramos de negócios com períodos
de trabalho mais curtos, como antes, retirarão produtos apenas
por um curto período de tempo sem dar nenhum produto em
troca; enquanto os ramos de negócios com períodos de trabalho
longos retiram produtos continuamente por um tempo mais
longo antes de devolver qualquer coisa. Esta circunstância,
portanto, decorre do caráter material do processo de trabalho em
particular, não de sua forma social."

Em geral, em "O Capital" e em "Teorias da Mais-Valia" estão


dispersos muitos pensamentos valiosos, relacionados, por assim dizer, com
o domínio da "economia supra-histórica", ao domínio que constitui o tema
favorito de estudo da economia burguesa, não podendo, no entanto,
superar banalidades triviais. Precisamente a economia burguesa
comprometeu aos olhos dos marxistas este elemento constituinte
necessário da teoria econômica, concentrando toda a atenção nas leis
gerais e apagando cada fronteira entre as diferentes formas de produção
econômica social. Para isso, consciente ou inconscientemente, transfere
para todas as épocas as categorias e leis da economia burguesa. A teoria
marxista estabeleceu um quadro limitador para a ciência, tornando as
formas de relações econômicas o centro de estudo. Mas a literatura
marxista, depois de Marx, muitas vezes se voltou para o absurdo inverso –
para o total desrespeito às leis comuns da vida econômica que se escondem
atrás de uma ou outra das "formas de aparência".

Pode parecer que nosso raciocínio segue a linha da teoria


Bogdanovista, segundo a qual a tarefa de estudo econômico só começa
quando, com a ajuda de análises abstratas, a casca externa dos fenômenos
pode ser superada, liberando-os da particularidade e "aparência"
escondendo neles as bases econômicas comuns (ver a introdução de
Bogdanov à nova edição de sua "Teoria Geral da Economia Capitalista", 4ª
edição do "Curso" de Bogdanov e Stepanov (1925, 306), e também a
discussão sobre o tema da pol. economia nas páginas de "Vestnik
Kommunisticheskoj Akademii"). Mas esta é apenas uma semelhança
aparente. Consideramos que a teoria econômica, no sentido real da
palavra, começa precisamente quando das leis comuns o estudo passa para
a análise da "forma", e não o contrário. O ponto de vista de Bogdanov é o
ponto de vista de toda economia burguesa, tornando as "leis mais elevadas"
o centro da ciência. Consideramos, entretanto, do outro lado, um erro

5
desejar limitar a ciência econômica exclusivamente ao domínio da forma e
até mesmo a uma forma específica de produção capitalista-modelo. Como
se pode resumir a "forma de aparência" das coisas aos seus rudimentos, se
estes rudimentos são desconhecidos? 7.

Passemos agora às categorias históricas no verdadeiro sentido da


palavra. Não lidamos aqui com uma soma de conceitos realmente
semelhante? Não podemos, por exemplo, considerar a categoria de "lucro",
"capital", "aluguel", "trabalho assalariado", "mercadoria", etc. – como
semelhante ao conceito de "trabalho abstrato", "força de trabalho"?

Por este motivo, já encontramos uma consideração bastante clara e


exaustiva nos "Grundrisse". Cada época econômica concreta inclui nela
"muitas determinações", desempenhando em relação a ela o papel de
"abstração mais simples" ou de "categoria". Estas categorias devem ser
encontradas por meio de análise abstrata (generalização), dissecando a
realidade em seus elementos. Quando as categorias são encontradas e
determinadas, começa a reconstrução em pensamento da realidade
concreta da qual elas foram obtidas pela primeira vez 8. Vistas em tal
conexão, estas determinações abstratas têm pleno significado somente em
tal situação concreta, que representa o ponto de partida da análise, e
devem estar situadas na sequência que responde à sua posição nos
fenômenos reais. Entretanto, aqui o caso é possível quando algumas destas
categorias não se desenvolvem na sucessão histórica, o que está de acordo
com seu lugar na teoria abstrata. Elas podem, por exemplo, preceder
aquela época histórica em que se desenvolvem mais plenamente. Assim,
por exemplo, o dinheiro ganha seu significado completo somente sob as
condições do capitalismo, mas historicamente existe muito antes da era
capitalista. Ao contrário, outras categorias recebem sua definição
exclusivamente no quadro de determinadas formações sociais, como, por
exemplo, mais-valia, capital, trabalho assalariado, salários, etc.

"A sociedade burguesa é a organização histórica mais


desenvolvida, mais diferenciada da produção. As categorias que
exprimem suas relações, a compreensão de sua própria
articulação, permitem penetrar na articulação e nas relações de
produção de todas as formas de sociedade desaparecidas, sobre
cujas ruínas e elementos se acha edificada, e cujos vestígios, não
ultrapassados ainda, leva de arrastão desenvolvendo tudo que
fora antes apenas indicado que toma assim toda a sua

6
significação etc. A anatomia do homem é a chave da anatomia do
macaco. O que nas espécies animais inferiores indica uma forma
superior não pode, ao contrário, ser compreendido senão quando
se conhece a forma superior. A Economia burguesa fornece a
chave para o antigo, etc. Porém, não conforme o método dos
economistas que fazem desaparecer todas as diferenças históricas
e veem a forma burguesa em todas as formas de sociedade. (...)
Além disso, como a própria sociedade burguesa é apenas uma
forma contraditória de desenvolvimento, as relações derivadas de
formas anteriores muitas vezes serão encontradas dentro dela
apenas de uma maneira totalmente atrofiada, ou mesmo
travestida. Por exemplo, a propriedade comunal. Assim, embora
seja verdade que as categorias da economia burguesa possuem
uma verdade aplicável a todas as outras formas de sociedade, isto
deve ser tomado apenas cum grano salis. Elas podem contê-las de
forma desenvolvida, atrofiada, caricatural, etc., mas sempre com
uma diferença essencial" 9.

Desta forma, uma inserção das categorias básicas da economia


política baseada na produção de mercadorias mas com desrespeito à
história, ainda não resolve a questão sobre o caráter – a fisionomia de cada
uma delas. É necessário um estudo mais aprofundado. Deve-se estabelecer
se uma determinada categoria é uma nova formação, se é característica
exclusiva do sistema social em questão, se são resquícios distorcidos de
épocas anteriores ou elementos mais desenvolvidos e já existentes no
período anterior. Com isto poderia acontecer que o sentido histórico de
uma determinada categoria consistirá apenas no fato de que seu próprio
conteúdo econômico, tendo um caráter comum a diferentes épocas ou
mesmo a todas as épocas, só poderia ser manifestado em sua forma mais
completa na situação em questão. A seguir, veremos que o conceito de
trabalho autônomo se vincula precisamente a esta questão, que Marx
analisa em detalhes nas conexões que estabelece. Ainda com a intenção de
expor o tema da economia política, Marx escreve:

"A ordem obviamente tem que ser, em primeiro lugar, os


determinantes gerais abstratos que estão em mais ou menos todas
as formas de sociedade, mas no sentido acima explicado; em
segundo lugar as categorias que compõem a estrutura interna da
sociedade burguesa e sobre as quais as classes fundamentais
repousam" 10.

7
E a enumeração vai além dos elementos da sociedade burguesa, no
sentido real da palavra.

Estas determinações abstratas comuns são, por um lado, supra-


históricas, relativas a todas as épocas; por outro lado, são históricas, na
medida em que apenas em determinada etapa histórica elas se
desenvolvem plenamente, aparecendo de forma abrangente. Marx situa a
categoria de trabalho abstrato precisamente neste grupo. O trabalho
abstrato não é uma categoria, constituindo a estrutura interna da sociedade
burguesa. Ele se relaciona com todas as épocas, na medida em que é
tomado como um conceito, mas se torna uma "verdade prática" apenas
em um determinado estágio de desenvolvimento histórico. Tal categoria
poderia ser chamada de histórico-condicional (условно-историческим).

Rubin considera necessário dar um outro significado ao conceito de


trabalho abstrato.

"O gasto de energia humana como tal, em um sentido fisiológico,


ainda não é trabalho abstrato, trabalho que cria valor, mesmo que
esta seja sua premissa. Abstração das formas concretas de
trabalho, a relação social básica entre produtores de mercadorias
separados, é o que caracteriza o trabalho abstrato" 11.

Esta abstração se dá no mercado, onde produtos de trabalho são


trocados por outros e assim transformam o privado em social, e o concreto
em trabalho abstrato. Este último não surge na produção, mas no ato da
troca. A conversão do concreto em trabalho abstrato não é uma mera
abstração lógica, feita porque se encontrou uma unidade de medida
comum, mas sim um ato social espontâneo, que realmente acontece no
mercado. Onde não há mercado e intercâmbio, também não há esta
conversão. Então o caráter social do trabalho é expresso diretamente na
forma natural ou concreta, na medida em que diferentes trabalhos são
realizados por membros do organismo social agregado, à maneira de uma
função distributiva consciente. Se o trabalho abstrato é considerado
meramente como um gasto fisiológico de energia e, portanto, lhe é dado
um caráter supra-histórico, então não se compreende de que forma a
categoria não-histórica – trabalho abstrato – poderia criar tal categoria
histórica, como valor.

8
Em termos gerais, assim segue o pensamento de Rubin, de quem
Voznesenskij toma emprestado os argumentos básicos e lhes acrescenta
adereços duvidosos. Assim, para Voznesenskij o trabalho abstrato, embora
incluindo em si mesmo momentos históricos e sociais, não deixa ao mesmo
tempo de ser trabalho fisiológico e, como tal, já existe no processo de
produção.

Deve ser observado que a forma geral do ponto de vista de Rubin


pode ser encontrada no trabalho muito anterior de T. Grigorovich "Teoria
do valor em Marx e Lassale", no qual a concepção de trabalho abstrato é
dada o mesmo sentido...

"Trabalho, criando valor de troca, ou seja, trabalho abstrato –


geral, é um produto de tal regime econômico, sob o qual a
produção não é para si mesmo, mas para outros consumidores, e
sob o qual a produção não é apenas para consumo, mas também
para o benefício da troca" (p. 77)12.

E assim o caráter duplo do trabalho e a categoria do trabalho


abstrato – são formas, inerentes exclusivamente à produção de
mercadorias. Todos os outros sistemas de produção conhecem apenas a
mão-de-obra em sua forma natural, concreta. O trabalho abstrato é uma
categoria histórica.

Em primeiro lugar, nestas exposições não há clareza sobre a questão


do que deveria ser entendido neste caso como categoria histórica. Mas, de
todo o percurso seguido pela análise, fica claro que o conceito "histórico"
tem aqui o significado mais restrito, ou seja, trabalho abstrato, na opinião
de Rubin, é uma categoria da economia de mercadorias naquele mesmo
sentido, assim como acontece com dinheiro, valor, mercadoria, capital,
etc. Aqui devemos notar o rompimento claro com Marx, que em seus
"Grundrisse" analisa esta questão com uma rica ilustração. Marx aponta a
evolução na complexidade da concepção de trabalho tida pelos
mercantilistas, monetaristas, fisiocratas, clássicos; de aspectos distintos do
trabalho, como comercial ou agrícola, os clássicos foram para a concepção
abstrata universal de atividade criadora de riqueza, ou trabalho em geral.

"Pode parecer que tudo o que se conseguiu com isso foi descobrir
a expressão abstrata da relação mais simples e mais antiga em

9
que os seres humanos – em qualquer forma de sociedade –
desempenham o papel de produtores. Isto é correto em um
aspecto, mas não em outro." 13.

E ainda mostra que esta simples abstração, "a qual expressa uma relação
imensamente antiga e válida em todas as formas de sociedade, no entanto
alcança a verdade prática como uma abstração apenas como uma categoria
da sociedade mais moderna" (p.28). Em outras palavras, Marx relaciona o
trabalho abstrato com as categorias histórico-condicionais, para usar os
termos acima citados. Trabalho abstrato, trabalho em geral, trabalho como
dispêndio fisiológico de músculos, nervos e assim por diante – é um
conceito, que vai muito além da organização interna da produção de
mercadorias, um conceito geral. Mas, na prática, tal conceito só pode ser
aplicado integralmente sob condições específicas. Quais são essas
condições? Primeiramente, a possibilidade de generalizar a partir de formas
concretas de trabalho; uma relação que seja indiferente às formas concretas
só é concebível naquele estágio de desenvolvimento econômico em que
nenhuma forma de trabalho é dominante. Em segundo lugar, o trabalho
abstrato pressupõe um tipo de ordem econômica em que facilmente os
indivíduos se deslocam de um tipo de trabalho para outro; nessa ordem o
trabalho específico "é uma questão de acaso para os indivíduos, portanto
de indiferença". Não apenas a categoria, o trabalho, mas o trabalho na
realidade tornou-se aqui o meio de criar riqueza em geral, e deixou de estar
organicamente ligado a indivíduos particulares em qualquer forma
específica.

"Este exemplo de trabalho mostra de forma impressionante como


mesmo as categorias mais abstratas, apesar de sua validade para
todas as épocas – que se deve precisamente a sua abstração – são,
no entanto, no caráter específico desta abstração, também elas
um produto de relações históricas, e possuem sua plena validade
apenas para estas relações e dentro delas." (p. 28). 14

A concepção de trabalho abstrato se desenvolveu plenamente apenas com


a produção de mercadorias, mas por si só ela diz respeito a todas as
épocas. Qual deve ser seu conteúdo interno, a fim de poder, ainda que só
neste sentido limitado, relacionar-se com todas as épocas? Precisamente
isto que Marx informa: trabalho, como gasto de energia fisiológica de
forma indiferente. A definição que Rubin fornece não permite transferir a
categoria de trabalho abstrato para fora da produção de mercadorias.

10
Se o trabalho abstrato existe, por assim dizer, idealmente em épocas
anteriores à produção de mercadorias, encontrando apenas no mundo das
mercadorias terreno para sua manifestação prática, então qual é seu
destino na circunstância da transição da produção de mercadorias para a
produção socialista organizada? Será que esta categoria desaparece sob o
socialismo? A resposta a esta pergunta é dada pela análise dessas
condições, sob as quais, para Marx, o trabalho abstrato adquire o
significado da verdade prática. Nós as enumeramos acima. Entre elas não
há uma, que seria "abolida" no socialismo. Pelo contrário, na sociedade
socialista, elas se desenvolvem ainda mais.

A ausência de qualquer tipo específico de trabalho dominante, a fácil


transferência de um tipo de trabalho para outro, a perda da conexão do
processo trabalhista com determinados indivíduos – tudo isso ocorre sob o
socialismo em seu mais alto desenvolvimento. É um absurdo flagrante a
"posição" de A. Voznesenskij, que sob o socialismo a especialização cessa.
"Se tomamos a família por uma sociedade, então dizemos: aqui o trabalho
dos membros individuais da produção se torna trabalho em geral
diretamente em sua forma concreta. Ele não deixa de estar ligado a
determinada individualidade (personalidade) e determinada especialidade".
Esta é uma perspectiva de desenvolvimento totalmente distorcida.
Lembremos como Engels ridicularizou a Duhring:

"É verdade que, ao modo de pensar das classes educadas que


Herr Duhring herdou, deve parecer monstruoso que, a seu tempo,
não haverá mais carregadores ou arquitetos profissionais, e que o
homem que durante meia hora der instruções como arquiteto
também atuará como carregador por um período, até que sua
atividade como arquiteto seja mais uma vez exigida. Um belo tipo
de socialismo que iria permear os carregadores profissionais."

Neste mesmo espírito Marx e Engels declaram em sua obra "Ideologia


Alemã", publicada no primeiro volume do "Arquivo" de Ryazanov...:

"Na sociedade comunista... a sociedade regula a produção geral e


assim me permite fazer uma coisa hoje e outra amanhã, caçar de
manhã, pescar à tarde, criar gado à noite, escrever uma crítica

11
depois do jantar, assim como eu tenho em mente, sem nunca me
tornar caçador, pescador, pastor ou crítico".15

Obviamente, se Marx e Engels expressassem estes pensamentos em


nossos dias, eles os ilustrariam com exemplos mais modernos. Mas isso
não muda a essência da questão.

A técnica capitalista levou ao ponto em que não apenas para o


trabalhador o conteúdo concreto de seu trabalho se torna alheio, mas
também levou ao ponto em que as próprias manifestações do trabalho em
sua concretude (trabalho no sentido econômico, como "necessidades da
vida") se aproximam cada vez mais umas das outras, na medida em que
uma função após outra dos órgãos humanos é substituída pelo trabalho
automatizado. Este processo ganha um desenvolvimento ainda mais
gigantesco sob o socialismo. Assim, essas relações econômicas, que
criaram o terreno para a separação do trabalho concreto do abstrato sob o
capitalismo, se desenvolverão ainda mais após sua queda. O
enfraquecimento da dualidade do trabalho acontecerá então não no sentido
de um retorno à organização patriarcal, ao apego das pessoas por
determinadas especialidades, mas no sentido de aproximar cada vez mais
as formas de trabalho concreto, transformando-as em um processo
uniforme de gasto de energia sob a supervisão da máquina de trabalho.
Fora deste processo o trabalho se transforma em um simples "jogo de
forças vitais", ao qual as categorias econômicas, no verdadeiro sentido, já
não se relacionam. "O trabalho tornou-se não apenas um meio de vida,
mas a principal necessidade da vida". 16

Para provar sua teoria, Rubin faz referência ao capítulo sobre


fetichismo de mercadorias no qual Marx contrapõe a produção de
mercadorias a outras formas de produção; isso é feito para esclarecer a
particularidade característica da organização do trabalho na era da
produção de mercadorias. A partir deste capítulo, ele tenta extrair a
seguinte conclusão: sob todas as outras formas econômicas (na ordem
patriarcal, no feudalismo, na sociedade dos produtores associados livres),
todo trabalho determinado, toda forma concreta de trabalho é, ao mesmo
tempo, também diretamente trabalho social, mas na produção de
mercadorias o trabalho pode encontrar seu caráter social, somente
tomando a forma de seu oposto – o trabalho abstrato. O trabalho abstrato
seria aí a categoria específica fundamental da produção de mercadorias.
Vejamos.

12
Em toda economia social conscientemente organizada, o trabalho é
social já em sua forma concreta direta. Isso é verdade. Na produção de
mercadorias, ele se torna social por meio da conversão em trabalho
abstrato. Isso também é verdade. Mas é verdade que, por esta razão, a
categoria de trabalho abstrato torna-se supérflua em todas as outras formas
de produção, além da de mercadoria? Isso seria assim se o trabalho
abstrato só possuísse tal atribuição, que lhe é imputada, se todo seu papel
se resumisse a dar a determinadas formas de trabalho o caráter de trabalho
social, em condições de produção de mercadorias. Mas a questão é que
mesmo naquelas formas econômicas em que é visível o caráter social do
trabalho concreto, e onde não demanda o espelho curvo das relações
reificadas e das categorias abstratas, a função do trabalho abstrato é
absolutamente necessária, na medida em que a questão tem a ver com o
cálculo da energia social do trabalho. Tal cálculo só pode acontecer com
indiferentes, ou seja, com unidades de contagem abstratas. No mesmo
capítulo sobre fetichismo de mercadorias Marx, com plena determinação,
mostra que todas as mistificações da produção de mercadorias acontecem
não a partir da mudança do concreto no trabalho abstrato, mas a partir da
expressão reificada desta abstração. Do que se trata nesse capítulo? Sobre
o fetichismo de mercadorias. Marx mostra claramente que nem no trabalho
concreto nem no trabalho abstrato como tal existe qualquer mística,
qualquer misticismo.

"Na medida em que ela (uma mercadoria) é um valor de uso, não


há nada de misterioso nela, se consideramos que por meio de
suas propriedades ela é capaz de satisfazer os desejos humanos e
que, além disso, tais propriedades são geradas pelo trabalho
humano... O caráter místico das mercadorias não se origina,
portanto, de seu valor de uso. Da mesma maneira, não provém da
natureza dos fatores determinantes do valor (ou seja, do trabalho
abstrato – nota de I.D.). Pois, em primeiro lugar, por mais
variados que sejam os tipos úteis de trabalho, ou atividades
produtivas, é um fato fisiológico que tais tipos de trabalho são
funções do organismo humano, e que cada uma dessas funções,
qualquer que seja sua natureza ou forma, é essencialmente o
gasto do cérebro humano, nervos, músculos, etc. Em segundo
lugar, em relação ao que constitui o trabalho de base para a
determinação quantitativa do valor, ou seja, a duração desse
gasto, ou a quantidade de mão-de-obra, é bastante claro que
existe uma diferença palpável entre sua quantidade e qualidade.
Em todos os estados da sociedade, o tempo de trabalho que custa
para produzir os meios de subsistência, deve ser necessariamente
13
um objeto de interesse para a humanidade, embora não de igual
interesse em diferentes estágios de desenvolvimento. E por
último, a partir do momento em que os homens de alguma forma
trabalham uns para os outros, seu trabalho assume uma forma
social".

De onde, então, surge o caráter enigmático do produto do trabalho,


tão logo ele assume a forma de mercadoria? Claramente a partir desta
forma em si. A igualdade de todo tipo de trabalho humano é expressa
objetivamente por seus produtos serem todos valores iguais; a medida do
gasto de força de trabalho pela duração desse gasto, toma a forma da
quantidade de valor dos produtos do trabalho; e finalmente as relações
mútuas dos produtores, dentro das quais o caráter social de seu trabalho se
afirma, tomam a forma de uma relação social entre os produtos 17.

Assim, não é no trabalho abstrato – que constitui o "conteúdo


determinante do valor" – que se deveria buscar a particularidade da
produção de mercadorias, nem na igualdade ou igualização de diferentes
trabalhos humanos e nem na medição do tempo de trabalho aplicado, nem
na própria conexão social dos produtores, mas exclusivamente no fato de
que todas estas definições obtêm uma expressão reificada. Outras formas
sociais não têm a necessidade de rodeios, "não há necessidade de que o
trabalho e seus produtos assumam uma forma fantástica diferente de sua
realidade". Eles aparecem, nas transações da sociedade, como serviços em
espécie e pagamentos em espécie. Esta é a forma particular e natural de
trabalho, diferente do que acontece em uma sociedade baseada na
produção de mercadorias, na qual a forma geral abstrata se afigura como a
forma social imediata de trabalho. O trabalho obrigatório é tão bem medido
pelo tempo gasto quanto pela quantidade de mercadorias produzidas; mas
todo servo sabe que aquilo que gasta, a serviço de seu senhor, é uma
quantidade definida de sua própria força de trabalho pessoal".

Na produção de mercadorias, a mão-de-obra privada de produtores


independentes se torna social no mercado, primeiro porque seus produtos
tomam a forma de mercadorias e, segundo, porque graças a esta
equiparação mútua de mercadorias e somente por meio dela se dá esta
generalização (abstração) a partir de mão-de-obra concreta particular,
transformando aquilo que é concreto em mão-de-obra abstrata. Por meio
da abstração da forma concreta, e através da mediação da categoria de
trabalho abstrato, se dá a conexão social. Nas formas organizadas de
produção, a conexão social existe como um fato pré-determinado. O
trabalho no início emerge como trabalho social, e não como trabalho

14
privado, o produto não deve se transformar em uma mercadoria para
atender uma reivindicação social; é um produto social desde o primeiro
momento de sua existência. Portanto, também o trabalho é aqui o trabalho
social já em suas formas concretas particulares, não necessitando para isto
de qualquer tipo de transformação e generalização. A partir disto, seguiria
uma tal cadeia de conclusões: na sociedade organizada não há
mercadorias, mas apenas produtos. Não há trabalho privado, mas apenas
trabalho social, o trabalho dos órgãos conscientes do todo social. Não há
trabalho abstrato, mas apenas trabalho concreto.

No entanto, este esquema montado só poderia ser adotado como um


todo se os conceitos reais de "mercadoria", "privado", "abstrato" estivessem
localizados em uma posição simétrica uniforme às outras séries de
definições, "produto", "social", "concreto". Entretanto, estas antíteses não
são equivalentes. Que as categorias "mercadoria" e "trabalho "privado"
desaparecem, tão logo a produção do mercado cesse – isto é entendido por
si só; isto decorre das próprias definições. Damos o nome de mercadorias a
produtos de trabalho destinados a troca. Uma vez que não há troca, não há
mercadorias. Denominamos mão-de-obra privada a mão-de-obra de
produtores independentes e autônomos. Se liquidamos sua autonomia, isto
é, se eles se transformam em órgãos subordinados diretos do conjunto,
então desaparece a categoria de trabalho privado. Ao conceito de trabalho
abstrato agora também se tenta dar tal significado, o que levaria à
destruição desta categoria com a transição para outras formas de produção.
Isto decorre do ponto que o caráter social do trabalho, que na produção de
mercado é expresso com a ajuda da abstração, na sociedade organizada
emerge diretamente.

Tal exposição mecânica sobre leis simétricas representa, entretanto,


a construção puramente arbitrária dos novos comentaristas. Em Marx ela
não está. Na sua polêmica com Gray sobre a questão da medição direta do
valor das mercadorias sem a ajuda do dinheiro, Marx escreveu: "As
mercadorias são os produtos diretos de tipos individuais isolados e
independentes de trabalho, e através de sua alienação no curso do
intercâmbio individual elas devem mostrar que são trabalho social geral; em
outras palavras, com base na produção de mercadorias, o trabalho torna-se
trabalho social apenas como resultado da alienação universal de tipos
individuais de trabalho. Mas como Gray pressupõe que o tempo de trabalho
contido nas mercadorias é imediatamente tempo de trabalho social, ele
pressupõe que seja tempo de trabalho comunal ou tempo de trabalho de
indivíduos diretamente associados. Nesse caso, seria realmente impossível
para uma mercadoria específica, como o ouro ou a prata, confrontar outras

15
mercadorias como a encarnação do trabalho universal e o valor de troca
não seriam transformados em preço; mas nem o valor de uso seria
transformado em valor de troca e o produto em mercadoria, e assim a
própria base da produção burguesa seria abolida. 18 "É fácil notar que,
nesta breve mas clara contraposição de mercadoria e produção socialista,
falta exatamente aquele elo ao qual Rubin se agarrou: a antítese do
trabalho concreto e abstrato, embora seja enfatizado que na sociedade
socialista o trabalho não precisa de elos intermediários de intercâmbio e
alienação, para se tornar trabalho social.

A abstração em relação ao trabalho é necessária não apenas para


transformar formas privadas de trabalho na categoria qualitativamente
indiferente do trabalho social. É necessária também para a soma e para a
mensuração do processo de trabalho em qualquer sociedade, que, como
Marx sublinha, está sempre interessada na quantidade de tempo de
trabalho despendido. O próprio Rubin em outro capítulo de seu trabalho
fala da equiparação de diferentes formas de trabalho entre si, assim como
da equiparação das coisas, por exemplo, do ponto de vista de sua utilidade
relativa (na produção socialista). A diferença entre a produção socialista e a
produção de mercadorias consiste apenas nisso, que na sociedade de
mercadorias a equalização do trabalho é possível exclusivamente através de
formas mascaradas de comparação de produtos de trabalho como
mercadorias, enquanto na sociedade socialista estes dois atos são
completamente independentes um do outro. Esta é a diferença
adequadamente captada. Mas de que forma esta equalização do trabalho
deve acontecer? A comparação do trabalho, expressa em várias formas
concretas, só é possível através de sua redução a um padrão. A.
Voznesenksij diz que "o trabalho concreto pode ser medido magnificamente
precisamente em sua forma concreta". Em relação a isto não ficou
nenhuma dúvida pela observação de Marx no § 4, ch.1, vol. 1 de "Capital",
quando ele investiga a produção feudal, em particular, a produção
camponesa familiar". Nestas notas de Marx não há o que A. Voznesenskij
encontrou ali, que simplesmente não entende sobre o que é a questão. "O
trabalho concreto pode ser medido na forma concreta". Mas o que, em
substância, significa tal medição? Medir – significa contar uma quantidade.
A quantidade de mão-de-obra deve ser expressa em unidades
determinadas. Se Voznesenskij toma para tal unidade qualquer coisa
concreta, como o produto de trabalho concreto, então na contagem não
desempenhará o papel de uma coisa, como tal, mas de um índice da
quantidade determinada de energia de trabalho 19. A própria tentativa de
medir com a ajuda de determinadas coisas a quantidade de mão-de-obra de
outras indústrias resultaria para o camarada A. Voznesenskij em trazer o
16
fetichismo da forma-dinheiro de uma maneira completamente inesperada
para a sociedade socialista. A tentativa de afastar-se do trabalho abstrato
levaria... ao fetichismo da mercadoria, tal é o destino do excessivo
"aprofundamento" de conceitos. A medida do trabalho em qualquer sistema
de produção existe para Marx em nada mais do que o tempo de trabalho,
com o auxílio do qual deve acontecer também para Rubin a equalização de
diferentes formas de trabalho uns aos outros. Aqui está o que Marx diz
sobre a produção socialista. "Após a abolição do modo de produção
capitalista, mas ainda mantendo a produção social, a determinação de valor
continua a prevalecer no sentido de que a regulamentação do tempo de
trabalho e a distribuição do trabalho social entre os vários grupos de
produção, em última instância a contabilidade que engloba tudo isso, torna-
se mais essencial do que nunca" 20. Caracterizando as relações sociais na
primeira fase da sociedade comunista, Marx escreve:

"A jornada social de trabalho consiste na soma das horas


individuais de trabalho; o tempo individual de trabalho do
produtor individual é a parte da jornada social de trabalho por ele
contribuída, sua participação na mesma. Ele recebe um
certificado da sociedade declarando que ele forneceu certa
quantidade de trabalho (depois de deduzir seu trabalho para os
fundos comuns); e com este certificado, ele retira do estoque
social de meios de consumo tanto quanto a mesma quantidade de
custo de trabalho! A mesma quantidade de trabalho que ele deu à
sociedade de uma forma, ele recebe de volta em outra. Aqui,
obviamente, prevalece o mesmo princípio que regulamenta a
troca de mercadorias, na medida em que esta é a troca de valores
iguais. O conteúdo e a forma são alterados, porque sob as
circunstâncias alteradas ninguém pode dar nada, exceto seu
trabalho, e porque, por outro lado, nada pode passar para a
propriedade dos indivíduos, exceto os meios individuais de
consumo. Mas no que diz respeito à distribuição deste último
entre os produtores individuais, prevalece o mesmo princípio que
na troca de equivalentes de mercadoria: uma determinada
quantidade de trabalho em uma forma é trocada por uma
quantidade igual de trabalho em outra forma ". 21

Na segunda fase do comunismo estas "marcas de nascença"


desaparecem e a sociedade comunista deixa o ventre do capitalismo, na
medida em que a questão se refere aos princípios de distribuição. Mas
resta, no entanto, outra necessidade – a correta distribuição do trabalho
entre diferentes ramos e a comparação de custos e resultados dentro de

17
cada fábrica. Sem uma conta quantitativa da mão-de-obra aqui não é
possível uma produção organizada. Mas que mão-de-obra está sendo
contabilizada aqui? Mão-de-obra em geral, como forma determinada de
energia produtiva, independentemente da forma de sua manifestação. Se
Rubin e Voznesenskij consideram esta mão-de-obra abstrata, eles deveriam
criar uma terceira categoria especial para ela, pois é inconcebível
contabilizar a mão-de-obra concreta com unidades abstratas. O próprio
conceito de contabilidade significa generalizar a partir de qualquer
qualidade. A aritmética é a ciência abstrata dos números.

Mas para nós será respondido assim: o fato de que o trabalho


concreto pode ser considerado pelo lado quantitativo, ainda não o torna
trabalho abstrato. O processo de contabilização é uma operação de
generalização. Mas a generalização aqui só existe de forma contemplada. A
vida real não se preocupa com estas abstrações, mas com as formas
concretas de trabalho e com as determinações dos bens de consumo. Pelo
contrário, na produção de mercadorias, o processo de generalização a
partir da propriedade concreta do trabalho e das coisas é um ato real, do
cotidiano e de cada hora que ocorre no mercado. Aqui é que a abstração,
que se situa no próprio caráter objetivo da troca, e que gera a categoria de
trabalho abstrato.

Qual, então, é o papel cumprido por esta abstração "objetivada"? O


papel de regulador da produção social. Será que esta necessidade
econômica desaparece sob o socialismo? Não, pelo contrário, a
regulamentação somente sob o socialismo adquire um caráter transversal.
A regulamentação assume a contabilidade do trabalho, o cálculo abstraindo
da propriedade concreta e da qualidade. Se a regulamentação do trabalho é
uma necessidade econômica sob o socialismo (e sob qualquer outra forma
de produção, na medida em que as pessoas sempre se interessaram pela
quantidade de mão-de-obra existente nos recursos de produção), então em
tal sistema de medir a necessidade continua a generalização a partir do
trabalho concreto. A abstração nestas condições – não é um luxo, não um
jogo vazio de fantasia, mas um requisito de vida. Na sociedade de
mercadorias, ela ocorre espontaneamente e através da mediação das
coisas, na sociedade organizada – conscientemente. Mas disso não deriva
sua natureza qualitativa. A diferença está apenas nisto, que sob o
socialismo "o princípio e a prática não estão mais em confronto, enquanto
a troca de equivalentes na troca de mercadorias existe apenas na média e
não no caso individual" (Crítica do Programa Gotha).

18
Desta forma, não somente o trabalho na época da economia simples
de mercadorias, mas também todo o trabalho das pessoas produzindo na
sociedade, "toda produção individual socialmente determinada" caracteriza,
para Marx, o caráter dual do trabalho. A distinção consiste apenas no
seguinte. Na produção de mercadorias, esta dualidade do trabalho adquire
demonstração prática no processo de intercâmbio. Por outro lado, na
sociedade de mercadorias, o trabalho concreto útil emerge diretamente,
como trabalho privado. O trabalho social torna-se social apenas por meio
de coisas, por meio da troca de mercadorias, a qual simultaneamente
converte o trabalho concreto em seu oposto. Pelo contrário, em todas as
outras formas econômicas, tanto o trabalho concreto quanto o abstrato são
apenas dois lados do mesmo trabalho social. Trabalho concreto é trabalho
social no sentido de que ele satisfaz em especial uma exigência social
particular na qualidade de uma divisão específica do trabalho social.
Trabalho abstrato é trabalho social no sentido de que com ele se expressa o
caráter social do trabalho heterogêneo equacionado. Além disso, do ponto
de vista objetivo, o trabalho concreto sob condições de economia simples
de mercadorias também é trabalho social. Isto fica claro uma vez que o
produto do trabalho deve ser útil, deve satisfazer uma demanda social. "O
duplo caráter social do trabalho do indivíduo lhe aparece, quando
singularmente refletido em seu cérebro, (somente) sob aquelas formas que
ele (este caráter social) assume na prática diária por meio da troca de
produtos. Desta forma, o caráter que seu próprio trabalho possui de ser
socialmente útil assume a forma da condição de o produto não ser apenas
útil, mas útil para outros; e o caráter social que o trabalho particular possui,
de ser igual a todos os outros tipos particulares de trabalho, significa que
todos os artigos fisicamente diferentes e que são produtos do trabalho –
têm uma qualidade comum, ou seja, a de ter valor" 22. Aqui temos também
a resposta à segunda crítica que foi dirigida ao campo da definição
fisiológica do trabalho abstrato – a crítica de que tal definição não abrange
o caráter social do trabalho. Na opinião de Rubin, a contraposição de
trabalho concreto e abstrato não é uma contraposição de conceitos de
gênero e espécie, mas a análise do "trabalho sob dois pontos de vista: o
técnico-material e o social". O conceito de trabalho abstrato expressa as
características da organização social do trabalho em uma sociedade
capitalista de mercadorias" 23.

Tal abordagem da questão é, em nossa opinião, incorreta. Ambas as


definições de trabalho, como concretas e abstratas, já contêm o caráter
social do trabalho precedente. No início de seus "Grundrisse", Marx
escreve:

19
"Para começar, a questão em discussão é a produção material. Os
indivíduos que produzem em uma sociedade e, portanto, a
produção socialmente determinada de indivíduos, é,
naturalmente, o ponto de partida".

O trabalho concreto não é de modo algum apenas uma categoria


técnico-material. O próprio Rubin diz em outro ponto, referindo-se a Marx,
que em todas as outras sociedades que não sejam uma sociedade de
mercadorias, o caráter social do trabalho é expresso em sua forma
diretamente natural. Portanto, nestas condições, ele se torna uma categoria
com conteúdo social. Mas também na produção de mercadorias o trabalho
concreto só na aparência, só subjetivamente para o produtor é uma
categoria técnico-material, de trabalho privado. Do ponto de vista de todo
o processo de reprodução ela surge como mão-de-obra socialmente
determinada, pois da sociedade depende o caráter e a direção do trabalho
útil privado. Na medida em que o trabalho concreto se divide em formas e
subformas juntamente com o progresso da divisão social do trabalho, e na
medida em que este último é um fato social, então também o trabalho
concreto adquire assim um caráter social. Sim, do contrário não haveria
como ser, porque os conceitos de "concreto" e "abstrato" não se referem a
coisas diferentes, mas a uma e a mesma coisa: ao trabalho social, que é
dado, como a questão primária da vida produtiva.

Junto com isto também se resolve a questão sobre o caráter social do


trabalho abstrato. Trabalho abstrato é trabalho social, tomado do ponto de
vista de uma energia humana simples e homogênea, considerada não na
diversidade de sua função, manifestações e resultados, mas na uniformidade
de seu processo fisiológico. Mas a sociedade não é um organismo no
sentido fisiológico profundo da palavra. O gasto de energia fisiológica pode
acontecer socialmente não diretamente, mas através de indivíduos, como
seus membros, emergindo conscientemente (na sociedade organizada), ou
inconscientemente (em uma mercadoria), como órgãos do todo social. A
redução do trabalho abstrato a uma simples, impessoal, embora também
realizada por pessoas individuais, gasto de energia fisiológica – que também
é a expressão máxima do caráter social do trabalho, independentemente do
fato de que em aparência representa para si mesmo uma categoria
naturalista. "Fisiológica" no caso em questão é um eufemismo para
despersonalizada, igualdade absoluta de todas as formas de trabalho
humano, a igualdade de todos os produtores, tomada como tal, ou seja, na
qualidade simples de condutores de energia social. Que outro conteúdo
social se pode exigir das categorias econômicas? 24 Mas,
talvez, aqui esteja sendo feita alguma cobrança adicional ao trabalho

20
abstrato? Talvez aqui, por conteúdo social se esteja querendo fazer
referência a um conteúdo, adequado para quaisquer relações sociais
específicas e a variar junto com elas? Isto nos leva à questão sobre o
caráter histórico do trabalho abstrato, e aqui resta apenas repetir nossa
consideração sobre as categorias históricas em geral.

Vamos agora nos situar diante da terceira objeção contra a


concepção fisiológica do trabalho abstrato.

"Não é possível conciliar o conceito fisiológico de trabalho


abstrato com o caráter histórico do valor que ele cria". O gasto
fisiológico de energia como tal é o mesmo para todas as épocas e,
pode-se dizer, este valor de energia criado em todas as épocas.
Chegamos assim à interpretação mais crua da teoria do valor,
uma que contradiz bruscamente a teoria de Marx". 25 E em outro
ponto: "A concepção aceita de trabalho abstrato como gasto de
mão-de-obra no sentido fisiológico da palavra, inevitavelmente é
uma interpretação naturalista da teoria de valor de Marx". 26

Em primeiro lugar, nada justifica o argumento de que uma categoria


histórica precisa surgir apenas de outra categoria histórica. Afinal, toda
forma histórica de produção tem seu fundamento na eterna relação entre o
homem e a natureza: as forças de produção, dadas pela natureza, e o
trabalho "que por si só é apenas a manifestação de uma força da natureza –
a força de trabalho humana" (Crítica do Programa Gotha). Este trabalho e
esta força de trabalho são as fontes de todo desenvolvimento e, portanto,
de toda categoria histórica. Aquele que afirma que categorias históricas só
podem ser geradas por outras categorias igualmente históricas, deixa de
perceber que uma categoria é em geral apenas a forma de surgimento de
leis a-históricas, como Marx lembrou na carta por nós citada a Kugelmann.
Quanto à questão especial sobre a correlação entre valor e trabalho
abstrato, então o argumento aqui é basicamente sobre um simples mal-
entendido da palavra "criar", ao qual é anexado um profundo sentido
materialista. Assim, Rubin escreve:

"Somente por meio do estabelecimento firme deste conceito


de trabalho abstrato, entendemos corretamente a posição
fundamental da teoria marxista do valor, afirmando, que o
trabalho "cria" valor. À primeira vista, esta posição suscita toda
uma série de questões e problemas. O trabalho, a atividade
laboral, não é nada de físico, pertencente ao mundo dos
21
fenômenos da natureza. Se este trabalho cria valor, é claro, este
último representa uma espécie de propriedade de uma coisa como
tal, como um objeto da natureza" 27.

Todos estes problemas não decorrem de ter considerado o trabalho


abstrato no sentido fisiológico, mas sim de tomar a palavra "criar" no
sentido físico vulgar. Enquanto isso, o próprio Rubin coloca esta palavra
entre aspas, sentindo que este termo deve ser entendido de forma
diferente. O valor é criado pelo trabalho abstrato no sentido de que ele
assume a forma de valor de um produto do trabalho. "Valor de troca é uma
forma social definida de expressar a quantidade de trabalho concedido a um
objeto" (Marx) – e isso é tudo. É claro que o modo de expressão pode e
deve ter um caráter histórico, enquanto que o que serve como sujeito
expresso, não depende da evolução da forma social. Não há nenhuma
dificuldade ou contradição aqui, bastando dar às coisas o seu real
significado.

Entretanto, se nos agarrarmos à definição de Rubin – e aqui


passamos à parte positiva de sua teoria – então é necessário chegar
inevitavelmente à conclusão de que não é o trabalho abstrato que cria
valor, mas, ao contrário, a categoria de valor é que cria a categoria de
trabalho abstrato. Em Rubin existem várias definições diferentes e quase
sempre confusas de trabalho abstrato. Vamos dar algumas delas: "abstração
das formas concretas de trabalho, como a relação social básica entre
produtores de mercadorias separados, é o que caracteriza o trabalho
abstrato" (p. 102). (Abstração... é trabalho abstrato – não é uma definição
inteiramente inteligível). "O trabalho abstrato emerge apenas no ato real de
troca do mercado. A equalização fisiológica das diferentes formas de
trabalho humano existe sempre e por si só representa um fato, indiferente
para as formas sociais de produção. Mas a equivalência das diferentes
formas de trabalho, criadas na produção de mercadorias pelo processo de
troca, a equivalência entre trabalhos gastos em diferentes ramos de
produção, o fluxo de trabalho de um ramo para outro ramo, por assim
dizer, a aspiração de todos os reservatórios de trabalho da sociedade para
um nível igual, – este é um fenômeno social, inerente à produção de
mercadorias e que encontra sua expressão no conceito de trabalho
abstrato" (p. 103).

Esta definição também é estranha ("luta dos reservatórios em direção


a um nível igual"). Mas ela é, acima de tudo, manifestamente equivocada.
Para começar: dizer que "a equalização de diferentes formas de trabalho,
criadas na produção de mercadorias, se dá no processo de troca", é um

22
fenômeno, inerente apenas à economia de mercadorias – significa não
dizer nada. Por si só, entende-se que lá, onde não há troca, não há
produção de mercadorias. A outra afirmação, de que a aspiração do
trabalho a níveis iguais, o esforço de equiparação etc. é típica apenas da
produção de mercadorias, obviamente não é verdadeira. Entre outras
coisas, Rubin usa aqui o termo "social" no sentido, análogo ao termo
"mercado" ou produção de "mercadoria". Tal uso do termo está longe de
ser aceito.

Finalmente, deve ser observado aqui que para o trabalho abstrato de


Rubin surge apenas "no ato de troca de mercado" e, portanto, antes da
troca não existe.

Mais adiante, Rubin enfatiza ainda mais esta posição, indicando, que
a equalização do trabalho na sociedade de mercadorias não acontece
diretamente, "mas através do intercâmbio, não no processo de produção".
O conceito de trabalho abstrato expressa a forma histórica específica de
equalização do trabalho".

Rubin pensa que, "somente através do estabelecimento firme desta


concepção de trabalho abstrato, podemos entender corretamente a posição
fundamental da teoria marxista do valor". Em que consiste este
entendimento correto? Nisto:

..."Se o trabalho abstrato é entendido socialmente, a expressão da


forma social de organização do trabalho na produção de
mercadorias", então ‘este trabalho abstrato, em outras palavras, a
forma de produção de mercadorias, também cria o valor dos
produtos do trabalho, ou seja, aquela propriedade deles, que é o
resultado da dada forma social (mercadoria) de produção, mas
atribuída às coisas... Não o trabalho como tal, mas apenas a
organização na forma social (mercadoria) em questão cria valor.
Assim, e somente assim, deve ser entendida a posição, que o
trabalho abstrato cria valor" (p. 109).

No entanto, se nisto consiste todo o resultado da longa exposição,


então em vão nosso autor gastou tanto esforço. Ademais, isso que ele aqui
"provou" também não é de forma alguma a prova necessária. De fato: aqui
chegamos ao ponto de que o conceito de trabalho abstrato está
completamente embaçado na névoa, sendo identificado com o conceito
de produção de mercadorias como um todo, e em seguida ele se dedica
ao trabalho de provar precisamente que a produção de mercadorias cria
23
valor. Quem não sabia disso? A exposição teórica revelou-se plenamente
infrutífera. Outras tentativas feitas pelo autor para sair das dificuldades em
que e colocou só aumentam a confusão. A interrelação entre o trabalho
abstrato e o valor que ele desenvolve é comentada da seguinte forma:

"As relações entre trabalho abstrato e valor não podem ser


pensadas como relações entre causas físicas e efeitos físicos.
Trabalho – ou seja, trabalho abstrato, é a relação de produção
entre os proprietários privados de mercadorias, ligados através da
troca. Valor – é a expressão material dessa relação de produção.
Trabalho e valor estão ligados entre si como a relação de
produção das pessoas e sua forma material (reificada)... Tal
sentido preciso, como já foi demonstrado, tem a expressão de
Marx que o valor é "reificado", "materializado", “mão-de-obra
congelada". O valor é a expressão reificada das propriedades
sociais específicas do trabalho, e precisamente, a organização do
mesmo com base na produção independente dos proprietários
privados de mercadorias e suas conexões em troca". (p. 110).

Quanto mais palavras, menos sentido faz. Dizer que o "trabalho... é


uma relação de produção" – é o mesmo que dizer "produção – é uma
relação de produção", ou seja, um absurdo. O trabalho é então a base,
sobre a qual se constrói a relação, mas trabalho e relação de trabalho – são
a mesma coisa. Esse valor é "trabalho reificado" – isso é verdade, mas isso
deve ser entendido no mesmo sentido que a expressão "trabalho cria valor",
ou seja, não no sentido físico, mas no sentido figurado, ou seja: o trabalho
ganha sua expressão material (reificada) nas coisas, representando a
relação de trabalho.

Mas o pior de tudo é que todas as definições por nós citadas de


trabalho abstrato levam à inevitável conclusão: não é o trabalho que cria
valor, mas o contrário. Na verdade: o trabalho abstrato surge apenas na
troca. Mas a troca é, antes de tudo, uma troca de coisas, equiparando uma
à outra. O processo desta troca também é processo que deriva do valor, na
relação entre produtores. A categoria de trabalho abstrato na concepção de
Rubin é o resultado de todo o processo, e não o seu ponto de partida. As
coisas, desta forma, entram no esquema do Rubin uma sequência bastante
peculiar, e toda a teoria do valor do trabalho adquire um caráter metafísico.

O conteúdo de todas as tentativas citadas de definir trabalho abstrato


– se é que há algum conteúdo neles – leva Rubin a dividir as abstrações
24
vazias em quatro. Isto não é apenas uma generalização das propriedades
concretas do trabalho, isto é uma abstração do trabalho, como atividade
fisiológica impessoal, uma abstração de um conceito abstrato. Para
Rubin, o trabalho fisiologicamente universal é apenas um pré-requisito do
trabalho abstrato, mas não o mesmo trabalho, assim como a forma
concreta de trabalho é um pré-requisito para a existência do trabalho
fisiológico. Desta forma, não apenas o valor, mas também o trabalho
abstrato não inclui em si mesmo um único átomo de matéria. O conceito
de trabalho é finalmente perdido e substituído por um caminho sócio-
histórico perfeitamente estéril, vago e confuso, no final do qual chegamos à
conclusão de que o trabalho abstrato... não é trabalho, mas apenas a forma
conhecida de sua organização. Qual é a necessidade desta confusão? Nós já
desmontamos acima seus motivos "sócio-históricos". Mas Rubin sustenta a
necessidade de tal definição com mais dois argumentos. Ele acredita que
somente a definição de trabalho abstrato dada por ele dá a possibilidade,
em primeiro lugar, de instalar uma distinção exata dos conceitos "trabalho"
e "força de trabalho", e, em segundo lugar, de compreender o significado
da posição marxista, que o trabalho por si só não tem valor.

"Somente deste ponto de vista – diz Rubin – elucidamos a


nítida diferença que Marx instalou entre o trabalho como criador
de valor e a força de trabalho. Seria completamente inútil
interpretar estes dois conceitos como se fossem dois objetos
diferenciados por suas propriedades naturais. Este é precisamente
o tratamento de Buch: ‘Trabalho – é o processo de transformação
da energia potencial de nosso corpo em trabalho mecânico...
Força de trabalho – é o estoque de energia potencial de nosso
organismo, ainda não transformada em trabalho mecânico’. Tal
posição mecânica distorce completamente Marx. ‘Trabalho’ e
‘força de trabalho’ não são diferentes objetos do mundo externo,
mas diferentes características sociais do trabalho, diferentes
formas específicas. Trabalho abstrato, criando valor: esta é a
própria descrição da sociedade de mercadorias, com o agregado
das unidades particulares autônomas, conectando as relações de
produção por meio do intercâmbio. Trabalho assalariado ou força
de trabalho – esta é a expressão do trabalho, separado dos meios
de produção, oposto a ele e incorporado com eles na forma de
um contrato de trabalho entre capitalistas e trabalhadores" (p.
111).

25
Reproduzimos todo esse trecho para mostrar com toda a clareza a
inevitável distorção das categorias marxistas, se elas forem espremidas à
força no "esquema histórico-social" do rubinista. Rubin efetivamente apaga
aqui todas as fronteiras entre "trabalho" e "força de trabalho", tomadas
como fenômenos do mundo externo. Ele revela de antemão não ter muita
fé em sua tentativa de separar estas duas coisas, embora não apresente sua
defesa diante do veredicto inapelável. Enquanto isso, a formulação que
encontramos em Marx não deixa nenhuma dúvida a esse respeito:

"O que ela (a economia política. I.D. ) chama de valor do trabalho


é na verdade o valor da força de trabalho existente na pessoa do
trabalhador, que é tão diferente de sua função, trabalho, como uma
máquina é diferente do trabalho que realiza." (Capital. vol. 1).

Creio que seria impossível ser mais claro. Para Marx, a distinção
entre força de trabalho e trabalho está exatamente no mundo real e nas
condições da produção capitalista, onde todos os fenômenos tomam forma
perversa. Em Rubin existe a visão diametralmente oposta: no mundo
externo a força de trabalho e o trabalho são uma e a mesma coisa. Eles são
vistos exclusivamente sob o ângulo da produção capitalista de mercadorias.
Aqui há uma contradição irreconciliável com Marx 28. Mas não por esta
razão, é claro, o ponto de vista de Rubin deve ser rejeitado. A questão é
que a teoria de Rubin leva diretamente a uma representação do valor da
força de trabalho como remuneração do trabalho, ou seja, à confusão da
natureza do salário do trabalhador com sua aparência externa falsa,
contra a qual Marx disparou as flechas mais afiadas de sua crítica. Se o
salário do trabalhador é o pagamento pelo trabalho, então toda a teoria da
exploração fica suspensa no ar. O ponto de vista de Rubin representa um
retorno à economia clássica, que de fato não diferenciava os conceitos de
"trabalho" e "força de trabalho" e, portanto, não podia ir além do alcance
da ideologia burguesa. A "especificidade histórico-social" do trabalho
abstrato nos leva, desta forma, cada vez mais longe do marxismo genuíno.
Já não falamos sobre o ponto de que a tentativa de dar uma característica
"social" ao conceito de força de trabalho pertence ao mesmo tipo de
invenções, como as muitas definições de trabalho abstrato, que citamos
acima. A força de trabalho sem mais delongas é renomeada como trabalho
contratado, agora, e o trabalho assalariado em geral pode ser definido
como uma categoria histórica social, inerente à produção capitalista. O que
teria que ser demonstrado, a saber – se "força de trabalho" e "trabalho
assalariado" são sinônimos, Rubin deixa de lado sem nenhuma prova. Com
tal lógica, é claro, qualquer coisa pode ser provada.

26
Enquanto isso, a força de trabalho, para Marx, é o poder que "existe
na pessoa do operário". Em outro lugar, Marx diz: "Trabalho – é em si
mesma a manifestação de uma das forças da natureza, a força de
trabalho humana" (Crítica do Programa Gotha). O conceito de força de
trabalho de Marx se aplica em relação às características do trabalho servil:
"Todo servo sabe que aquilo que ele gasta a serviço de seu senhor é uma
quantidade definida de sua própria força de trabalho pessoal".

A definição de força de trabalho que Rubin fornece se refere à força de


trabalho transformada em mercadoria, ou seja, à forma social específica
de sua existência no quadro da sociedade capitalista. Mas neste caso, esta
definição é uma simples tautologia. Quando a força de trabalho assume a
qualidade de "mercadoria", ela já representa as relações capitalistas de
produção. Um pouco mais afortunada é a outra definição de força de
trabalho, que Rubin dá algumas linhas abaixo (ele não é nada mesquinho
nas definições). "A força de trabalho expressa a relação de produção entre
trabalhadores e capitalistas, conectando-os através da troca de coisas" (p.
112). Portanto, aqui novamente a força de trabalho não é considerada em
geral, mas na forma determinada de mercadoria.
Mas para se tornar mercadoria, a força de trabalho, antes de tudo, deve
ser uma "coisa", ou seja, um objeto do mundo externo. Precisamente este
fato também permite que ela tenha valor, pois o valor é uma "coisa"
inerente ao intercâmbio social. E deste mesmo ponto de vista "trabalho"
não tem valor, porque não é um objeto de troca, não é uma coisa, mas
apenas uma função de uma "coisa" – a força de trabalho.
O mesmo também diz Rubin, embora ele obscureça a definição correta por
meio de um amontoado de obstáculos e contradições empilhadas por ele
mesmo.

"O trabalho, como conexão social-produtiva, encontra sua


expressão na forma reificada de valor, mas não é em si uma
‘coisa’, um ‘valor’. A partir disto, é compreensível que "trabalho"
(mais precisamente o trabalho socialmente organizado em forma
de mercadoria) cria valor, mas ele mesmo não tem valor. O
trabalho assalariado ou a força de trabalho (mais exato, o
trabalho em seu contraste clássico com o capital) emerge na
forma de mercadoria; tem valor, mas não o cria." (p. 112).

Aqui novamente a formulação incorreta: "relação trabalho =


produção", força de trabalho = trabalho assalariado, que leva à posição

27
ridícula e despropositada de que o trabalho assalariado não cria valor (!?).
Mas, se esta aberração for abandonada, então permanece a conclusão
correta: trabalho não é uma "coisa", força de trabalho é uma "coisa". Disso
deriva sua relação diferente com o valor. Mas disto já se segue que entre
trabalho e força de trabalho existe uma distinção fundamental, que se
baseia em sua natureza objetiva. Por que foi necessário fazer tanto
barulho, apagando entre as duas noções todas as fronteiras, para depois
reconstruí-las novamente? O esforço gasto nesta empreitada não só não
tem nenhum valor como muito provavelmente também não o cria.

Não vale a pena se deter na "teoria" de Voznesenskij, que combina


Rubin com Marx enfiando na categoria de trabalho abstrato todas as
definições possíveis. Em Rubin, a tentativa de "sociologizar" o conceito de
trabalho abstrato tem o caráter de coerência interna, o que o leva ao
absurdo. Em Voznesenskii temos o ecletismo ordinário, que não significa
nenhum interesse do ponto de vista teórico.
Mostramos que a posição de Rubin não está de acordo com o caráter das
categorias marxistas e que suas afirmações se opõem em essência, tanto na
letra quanto no espírito, ao conteúdo das definições de Marx. Resta-nos
agora, para concluir, resolver a última questão: a teoria de Rubin é
essencialmente incorreta ao lado da teoria marxista? Haveria talvez terreno
suficiente para construir as definições básicas de economia política
aplicando o esquema estabelecido por Rubin, se desconsiderássemos a
questão de não estar de acordo com Marx? A esta pergunta só poderia ser
dada uma resposta positiva se uma condição fosse atendida: se as
categorias de Rubin nos ajudassem a entender melhor a realidade do que as
categorias de Marx, no sentido de compreender melhor o mecanismo da
produção capitalista de mercadorias. Mas o problema central é que
justamente esta exigência não é atendida.

A que conduzem as tentativas de Rubin? Resumidamente, elas levam ao


compromisso de afastar do tema da economia política toda matéria
viva, de privar o sistema teórico do marxismo de seu fundamento material.
Se o trabalho abstrato não é trabalho no sentido fisiológico, se a força de
trabalho não é um objeto do mundo real externo – se tudo isso é uma
abstração incorpórea "sociologizada", uma "relação" impalpável da
"sociedade de mercadorias" – na melhor das hipóteses, então, segue-se que
estas categorias colocam no mesmo grupo as demais categorias da
economia burguesa, como lucro, juros, capital, classes, etc. Mas, na
verdade, desapareceria aí toda a base de sustentação para o estudo
científico da sociedade burguesa. De fato: a tarefa da ciência econômica
deve consistir de reduzir a essas mesmas leis as formas capitalistas

28
específicas de aparecimento das leis da "vida produtiva" social, a fim de
deixar "aparecer" através de uma análise abstrata o lado interno do tecido
econômico que permanece embaçado, mascarado por formas
contraditórias de produção capitalista. As categorias básicas desta
economia, como capital, lucro, etc., representam fenômenos econômicos
de uma forma falsa, em um espelho curvo. Para expor este fetichismo de
fenômenos superficiais o próprio estudo deveria, em todo caso, possuir as
ferramentas e categorias não em ordem fetichizada; ele deveria, em sua
análise abstrata, colocar-se fora das categorias de produção burguesa.
Caso contrário, ele mesmo estará em seu cativeiro, como também
aconteceu com a escola clássica, para o melhor de seus representantes –
Ricardo. Mas onde se situa esse terreno, que nos daria perspectiva da
fronteira da visão burguesa do mundo? Tal terreno é o ponto de vista do
trabalho em seu sentido universal. A que se resume a análise marxista da
sociedade burguesa? Ela mostra que o lucro não cresce a partir do capital,
ou do aluguel ou da terra; que o capital e o valor não são propriedade das
coisas como tais; que o dinheiro também não é a aparência fulgurante pela
qual é desejado, que tudo isso – são apenas formas de aparência de
trabalho universal abstrato, a matéria primária, da qual se forja a produção
social, as classes e suas numerosas relações. Sobre este fundamento está
construída toda a teoria da mais-valia, toda a teoria da exploração.
Somente a condensação de todas as relações socioeconômicas ao trabalho
pode expor a mistificação da forma econômica burguesa, e esse é o mérito
que Marx atribuiu antes de tudo à escola clássica, embora não pudesse
realizar toda a tarefa teórica até seu fim necessário.

"É o grande mérito da economia clássica ter destruído esta falsa


aparência e ilusão, esta independência mútua e ossificação dos vários
elementos sociais da riqueza, esta personificação das coisas e
conversão das relações de produção em entidades, esta religião da
vida cotidiana".

Ele o fez reduzindo os juros a uma parte do lucro, e o aluguel ao lucro


excedente acima da média, de modo que ambos convergissem em mais-
valia; e representando o processo de circulação como uma mera
metamorfose de formas, e finalmente reduzindo o valor e a mais-valia das
mercadorias ao trabalho no processo de produção direta. ("O Capital", vol.
3, parte 2). Se agora afirmamos também que o "trabalho", no qual nos
firmamos como pedra angular, e todos os fenômenos da produção
capitalista de mercadorias, também não são trabalho no verdadeiro sentido
da palavra, mas apenas a forma da mesma produção de mercadorias,
então a estrutura pende no espaço, e a teoria gira em um círculo fechado

29
de categorias "social-históricas", como um esquilo em uma roda. Todo o
esquema adquire o caráter da famosa construção: a terra sobre as baleias,
as baleias sobre a água, a água sobre a terra. A isto inevitavelmente deve
levar o zelo exorbitante em conceitos sociologizantes, a "expulsão da
matéria" do estudo econômico. Este é um passo atrás em relação ao
método materialista de Marx, na direção daquele fetichismo das relações
econômicas que Rubin desborda com muito sucesso em outras partes de
seu livro.

_________________________________

 1. Este é o nome do artigo discutido. Capítulo 14 dos Ensaios sobre a Teoria do Valor
de Marx. Algumas passagens que Dashkovskij cita e critica foram aparentemente
abandonadas ou alteradas por Rubin em edições posteriores. A terceira edição dos
Ensaios de Rubin, na qual a tradução inglesa foi baseada, apareceu em 1928. A 4ª
edição data de 1930. No apêndice nº 2 (p. 240-54) Rubin deu uma resposta à crítica
de Dashkovskij. Nota do tradutor)

 2.Capital, vol.1, tradução Bazarov-Stepanov, p. 13.

 3.Se a definição de trabalho abstrato consiste apenas nisso, então por que Marx e
Engels deram um significado tão grande a essa categoria? – pergunta Voznesenskij.
Que o trabalho produz, por um lado, coisas úteis e, por outro lado, é um gasto de
energia humana – poderia tal truísmo ser considerado uma descoberta científica?
Respondemos a esta pergunta intrigante com outra pergunta. Toda economia assume,
por um lado, meios de produção e, por outro lado, força de trabalho. Isto também é
um truísmo. Será que daí decorre que o ensino de Marx sobre a composição orgânica
do capital não vale um centavo? Toda a questão aqui é o uso que Marx fez destes
"truísmos", que ainda eram conhecidos em tempos antigos e, no entanto,
permaneceram fora do campo de visão dos teóricos mais avançados da escola
clássica.

 4.K. Marx, Esboço da crítica à economia política [Grundrisse] (p.13 na publicação


"Moskovskij Rabochij" de 1923)
http://www.marxists.org/archive/marx/works/1857/grundrisse/ch01.htm

 5.Capital, vol.3, parte 2 (p. 415 de Bazarov-Stepanov, 1923)


http://www.marxists.org/archive/marx/works/1894-c3/ch50.htm

 6.Letters of K. Marx and F. Engels, (p.176-7, 1923 "Moskovskij Rabochij")


http://www.marxists.org/archive/marx/works/1868/letters/68_07_11.htm

 7.Uma consideração interessante a este respeito, encontramos em uma das cartas de


Engels. "Por relações econômicas, – escreve Engels, – ... entendemos a forma pela
qual os seres humanos em uma sociedade definida produzem suas necessidades de
vida e trocam os produtos entre si (na medida em que existe divisão do trabalho).
Consequentemente, toda a técnica de produção e transporte está incluída. ... Sob as
relações econômicas estão incluídos ainda mais, os fundamentos geográficos sobre os

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quais elas se desenvolvem e existem", etc. (Engels to Borgius)
http://www.marxists.org/archive/marx/works/1894/letters/94_01_25a.htm Para
entender estas palavras é necessário, entretanto, ter em mente que Engels aqui
respondeu de forma ampla a uma pergunta sobre a "base" e a "superestrutura" de
cada sociedade. Desse ponto de vista, a base econômica deve incluir em si todos esses
elementos. Além disso, Engels no final da carta estipula, que ele não considera todas
as suas formulações suficientemente claras. Por tudo isso, a importância desses
elementos "supra-históricos" de estudo econômico não está sujeita a dúvidas.

 8. A escola clássica de economia política realizou fundamentalmente a primeira parte


do trabalho teórico, selecionando da realidade concreta os conceitos mais simples.
Marx pôde, portanto, iniciar sua análise diretamente com este ponto, ao qual seus
precursores levaram a teoria – com as determinações mais simples de "mercadoria",
"trabalho" etc. A partir desta certeza dos marxistas modernos, conclui-se que, em
geral, não há necessidade no estudo científico de proceder a partir da realidade
concreta.

 9. "Grundrisse", p.28-29

 10 "Grundrisse", p.-29.

 11.I. Rubin. Ensaios sobre a teoria do valor de Marx, segunda edição, p. 102
http://www.marxists.org/archive/rubin/value/ch14.htm

 12. Publicado junto com a primeira versão de Hilferding do capital financeiro em


"Marx-Studien". Banda 3": Die Wertlehre bei Marx und Lassalle von Tatiyana
Grigorovich, Wien 1910, a história de um mal-entendido científico (edição russa de
1923). (Tatiana Pisterman)

 13 "Grundrisse", p. 28

 14.Z. Tseitlin faz uma nota interessante, desenhando o método de Marx com o
método das ciências naturais, fazendo um paralelo entre o ensino de Marx sobre o
trabalho abstrato e o ensino sobre o átomo. O conceito "átomo" se refere a todas as
épocas da história científica, assim como o conceito "trabalho" – a todos os períodos
da história social. O átomo, assim como o trabalho, tem uma "substância dupla".
Entretanto, a ciência poderia se desenvolver até a descoberta do átomo apenas até um
estágio definido da história científica, através da análise de "fenômenos concretos
complexos nos quais o átomo representa uma categoria geral uniformemente
distribuída". Na nebulosa primitiva, como também na sociedade primitiva, o átomo e o
trabalho embora ambos fossem categorias gerais, mas, por outro lado, estipulava esta
ou aquela configuração individual". Com o desenvolvimento do sistema solar, a
diversidade aumenta das combinações, das conexões químicas, nas quais o átomo
emerge, como categoria geral. O átomo se desindividualiza cada vez mais "na prática".
A atividade científica do homem por seu lado contribui para a multiplicação do
número de combinações de elementos químicos". "Sem dúvida, o poder do homem
sobre as forças da natureza atinge tal grau, que o átomo, como o trabalho, torna-se
"indiferente", ou seja, pode obter qualquer combinação para qualquer objetivo". O
átomo é uma categoria histórica no sentido de que somente naquele estádio de
desenvolvimento científico, quando a matéria se transforma em uma concretude

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complexa, o caráter geral desta categoria emerge mais claramente. Veja uma
consideração mais detalhada em Z. Tseitlin. Ciência e hipótese. p. 171-73.

 15.Archiv K. Marx e F. Engels, livro 1, p. 223.


http://www.marxists.org/archive/marx/works/1845/german-ideology/ch01a.htm

 16.Marx, Crítica do programa Gotha.

 17.Capital, vol.1, p. 39.

 18 "Outline of The Critique of Political Economy", p. 94.


http://www.marxists.org/archive/marx/works/1859/critique-pol-
economy/ch02b.htm

 19. É assim que Marx caracteriza a contagem da mão-de-obra através da quantidade


de mercadorias produzidas: "Não se trata, portanto, de medir o valor da peça pelo
tempo de trabalho incorporado a ela, mas, pelo contrário, de medir o tempo de
trabalho que o operário gastou pelo número de peças que produziu. No tempo de
trabalho, a mão-de-obra é medida por sua duração imediata; no salário por peça, pela
quantidade de produtos nos quais a mão-de-obra se encarnou durante um determinado
tempo". (Capital, vol.1, p. 534).
http://www.marxists.org/archive/marx/works/1867-c1/ch21.htm

 20.Capital, vol. 3, p. 389 http://www.marxists.org/archive/marx/works/1894-


c3/ch49.htm

 21.Marx, Crítica do programa Gotha


http://www.marxists.org/archive/marx/works/1875/gotha/ch01.htm

 22.Capital, vol.1, p. 41.

 23.I. Rubin, Ensaios, p. 100.

 24. Em A. Voznesenskij este pensamento é expresso de forma vulgar-materialista. Ele


escreve: "Trabalho abstrato – que não é trabalho individual, mas trabalho social". Não
é trabalho de nenhum indivíduo, de nenhuma pessoa; representa por si só a energia
social, a energia da sociedade como um todo". Infelizmente ainda ninguém descobriu
na sociedade, como tal, músculos e um sistema nervoso, com os quais ela poderia
gastar "sem indivíduos" sua energia.

 25.Rubin, Ensaios, p. 100.

 26.Ibid., p. 108.

 27.Ibid., p. 107.

 28 Seguem-se referências, evidenciando o fato de que Marx distinguiu a força de


trabalho e o trabalho como objetos do mundo externo:

Citação:

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"O movimento real dos salários apresenta fenômenos que parecem provar que
não o valor da força de trabalho é pago, mas o valor de sua função, do
próprio trabalho... 1.) Mudança de salários com a mudança da duração do dia
de trabalho. Pode-se concluir que não o valor de uma máquina é pago, mas o
de seu funcionamento, porque custa mais para contratar uma máquina por
uma semana do que por um dia". (Capital, vol. 1, cap. 18). (cap. 19, em
inglês, MIA)

Citação:

"A criação de valor é a transformação da força de trabalho em trabalho. A


própria força de trabalho é a energia transferida para um organismo humano
por meio de matéria nutritiva". (Capital, vol. 1, cap. 7). (cap. 9, em inglês,
MIA)

Versão deste texto disponível em inglês:

http://libcom.org/library/abstract-labour-economic-categories-marx-isaak-
dashkovskij?fbclid=IwAR0MD9uP8DMQsWV5AOES4QB1T0BySrASrxpuHlviYDDSh6Cr
c4T_rMpSe6s

Trad. JLN

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