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O que é o Doping?

A atividade física e a importância dada ao corpo é algo que nos acompanha desde sempre
como espécie. A ideia de que a nossa aparência se traduz diretamente tanto no nosso bem-
-estar físico como psicológico, é algo que se
deve às nossas características biológicas
evolutivas: teremos tendência a preferir um
parceiro face a outro pois inerentemente
procuramos a continuidade da espécie.
Assim, o ideal da beleza e, consequentemente,

da saúde, consiste, salvo opiniões pessoais, no


aspeto físico já no tempo da Grécia antiga
idealizado, principalmente caracterizado pelo desenvolvimento e importância da
musculatura. No entanto, o nosso corpo é limitado quer de forma evolutiva, quer genética.
Nem todos temos as mesmas aptidões e, por conseguinte, seria impossível desenvolvermos

as mesmas respostas naturais a certos estímulos. Doping é precisamente a administração de


substâncias que visam a alterar a capacidade de reação dos nossos corpos, intensificando as
nossas capacidades motoras ou cognitivas. No desporto, o doping é realizado por atletas que
procuram potencializar as suas qualidades, aumentando o seu rendimento, a sua força e
resistência, o ganho ou a perda de peso, a agilidade física ou mental, entre muitos outros

aspetos. No entanto, embora o uso de substâncias dopantes pareça, de acordo com uma
análise superficial, inofensivo e que poderá
ficar ao critério de cada um como Homem
livre, este consiste evidentemente num
problema ético, de responsabilidade
individual e coletiva e, ainda, um problema
biológico, já que, associados à toma destes
químicos estão inúmeros efeitos
secundários.
Como se desenvolve a luta contra a Dopagem no Desporto?

Como mencionado, o Doping consiste claramente num problema ético visto que a toma
de substâncias como os esteroides anabolizantes, os narcóticos, os diuréticos entre outros,
coloca os atletas em desvantagem ou vantagem face uns aos outros de forma artificial, não
valorizando o esforço individual. De
modo a resolver este problema foram

criadas organizações como a WADA –


World’s Anti-Doping Agency – que
procuram garantir a igualdade de

oportunidade quer em competição, quer fora destes regimes.

Em Portugal desde cedo se tomou consciência da importância da implementação de


organizações ou sistemas que garantissem a veracidade, transparência e a segurança no

desporto, tendo sido fundada, em 1977, a Comissão para Regulamentação do Controlo


Antidopagem posteriormente denominada de Conselho Nacional Antidopagem.

Atualmente, em qualquer competição são realizados testes exaustivos tanto à urina como
ao sangue dos atletas, procurando garantir a justiça no mundo do desporto. Ainda assim,
algumas substâncias quando combinadas com outras, como os diuréticos, são capazes de
passar despercebidas pelas análises. Muitos outros casos, acabam por passar com simples
avisos, ou sentenças de poucos meses. Alguns profissionais acreditam até que, sendo

impossível garantir a igualdade em competição ou fora, a única maneira de se ser justo é


recorrendo precisamente a estas substâncias. Em todo o caso, o Doping não deixa de ser
considerado de forma consensual algo imoral e desrespeitoso para com todos os atletas que
se esforçam de modo a atingirem resultados irrealistas e naturalmente impossíveis.
Exemplos concretos – Atletas associados ao Doping:
Lyudmyla Blonska – Metiltestosterona:
Lyudmyla Blonska, uma atleta ucraniana de 44 anos
destacou-se na modalidade de atletismo, mais
concretamente no Heptatlo, tendo vindo a ser
condenada à proibição da participação em qualquer
competição até ao fim da sua vida após ter testado
positivo para um esteroide anabolisante –
Metiltestosterona.

Este esteroide trata-se de um químico semelhante à


testosterona, produzida naturalmente pelo sistema reprodutor masculino, e administrado

medicamente apenas a indivíduos que têm, de facto, défice desta hormona ou incapacidade
de a produzir. A testosterona é a causa primária para a existência de um sexo masculino,
sendo esta mesma hormona a responsável pelo aparecimento de carateres sexuais primários
bem como secundários. Com a toma de doses elevadas de Metildtestosterona procura-se
essencialmente estimular o crescimento muscular. No entanto, tal como referido no início, a
toma destas substâncias tem diversos impactos biológicos. O sistema de regulação hormonal
masculino tem por base um mecanismo de retroação negativa, ou seja, o controlo das
concentrações de uma hormona face às concentrações de outra, neste caso, pela negativa.
As hormonas hipofisárias LH e FSH estimulam, respetivamente as células de Leydig, nas quais
se produz testosterona, e as células de Sertoli, desencadeando a produção de

espermatozoides. Quando se detetam elevadas concentrações de testosterona no sangue,


ocorre a inibição da LH e FSH, de modo a diminuir as concentrações da hormona em excesso.
Ora, no sistema de regulação hormonal feminino estão presentes, também, as hormonas FSH
e LH, no entanto estas são responsáveis pelo desenvolvimento e libertação de oócitos II,
posteriormente óvulos, e pela produção de hormonas como o estrogénio e a progesterona,
importantes no ciclo uterino. Da mesma maneira, neste sistema a presença de testosterona
inativa a produção de FSH e LH o que resulta a longo prazo na infertilidade e na interrupção
da menstruação.

º Hind Dehiba – EPO:


Hind Dehiba, uma corredora franco-marroquina de 42 anos,
especializada nos 1500 metros, tendo ganho diversas medalhas
de primeiro lugar, terá sido condenada a 2 anos de proibição
de participação devido à presença de EPO, ou Eritropoietina,

em análises realizadas em 2007.

Eritropoietina consiste numa hormona de origem proteica


que atua sobre a produção de hemácias, ou glóbulos
vermelhos, sendo estes responsáveis pelo transporte de
Oxigénio e fornecimento do mesmo aos diferentes tecidos

existentes de modo a ser produzida energia. O evidente benefício que resulta diretamente do
uso desta substância e, também, o efeito desejável de quem recorre à mesma, é o aumento
da resistência física e metabólica. No entanto, o uso de EPO tem consequências devastadoras
para os indivíduos que não têm défice de hemácias no sangue, como por exemplo, a
coagulação do sangue, que pode provocar enfartes do miocárdio e acidentes vasculares

cerebrais.

º Inika McPherson – Cocaína:


Inika McPherson, uma atleta americana de 35
anos, especializada em salto em altura, terá sido
banida de participar em qualquer competição
durante 21 meses após ter testado positivo para
um dos principais metabolitos da cocaína.

A cocaína é um estimulante do sistema nervoso


conhecido pela perda do sentido e noção da realidade, sentimentos excessivos de felicidade
ou agitação, visto que é capaz de se impedir o esgotamento de neurotransmissores como a
dopamina e a serotonina aumentando a concentração dos mesmos. Para além disto, a
cocaína pode ainda ser responsável por uma aceleração do ritmo cardíaco, hipertensão,

hipertermia e, em caso de vício e privação da substância, estados de depressão profunda.


Ainda assim, a cocaína é frequentemente associada à melhoria de performance desportiva,
por ter a capacidade de estimular o cérebro dos indivíduos e de lhes fornecer a energia e
motivação necessárias para as atividades que realizam. No entanto esta relação não é
cientificamente correta, tendo sido comprovado que o uso desta substância, distorcendo a

visão da realidade do atleta, diminui significativamente a sua resistência, força e muitos outros

aspetos decisivos para um bom desempenho.

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Educação Física.

Professor: João Mendonça

Madalena Brandão Nº17 12ºA

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