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A Física na Música
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M. L. N. Grillo
Rio de Janeiro State University
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EDUERJ - 2013
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Autores
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Índice
Prefácio 4
Capítulo 1 – Intervalos 7
Capítulo 2 – Os Sentidos 10
3
Prefácio
Não é difícil constatar que a Música é, ao mesmo tempo, Arte e Ciência. Portanto,
ela deve ser, ao mesmo tempo, emocionalmente apreciada e intelectualmente compreendida
e, como em qualquer outra Arte ou Ciência, nela não existem atalhos para alcançar mais
depressa a mestria ou o conhecimento. Ela é um fenômeno físico explicado pela
Matemática e pela própria Física. Sua linguagem é uma forma de comunicação ímpar, com
sinais e símbolos específicos: Claves, Figuras Musicais, Pausas, Compassos, Dinâmica,
Agógica, tudo isso junto se transforma em comunicação sensorial e emoção pura sem
subterfúgios. Com raras exceções, ela não descreve coisas ou objetos, mas é provida de
uma ação que ultrapassa o nosso racional e vai direto ao emocional transformando o
comportamento das pessoas para melhor ou pior, dependendo do seu conteúdo. Por isso ela
não pode ser abandonada pela Educação. Na Antiga China dos Imperadores (2.000 a.C.),
conta-se hoje, que o Imperador quando queria saber como ia determinado povoado ou
lugar, ele mandava chamar seus músicos e artistas. Em geral por essa forma de atividade, a
Arte, hoje relegada ao 3o plano (sem importância alguma), ele definia sua atuação política.
Sábios Imperadores! A arte expressa todo o sentimento de um povo sinceramente e é
possível medir o grau de profundidade do pensamento através dela. De onde vêm essas
idéias? De uma observação histórica e social de longa data.
A questão hoje é que existe um consumismo desenfreado e voraz no que a Mídia se
aproveita e divulga avidamente o que é bom e ruim com a mesma intensidade, talvez
porque ela nem saiba mais o que é bom ou ruim e queira apenas vender. Em todos os
tempos da Humanidade sempre tivemos coisas benéficas e prejudiciais pairando sobre a
cabeça dos humanos, (entenda-se benéfico como propiciador da vida e maléfico como
destruidor dela), mas havia a Liberdade Cultural que era baseada em vários fatores entre
eles o geográfico, o étnico, etc, cada povo demonstrava a sua riqueza de personalidade.
Hoje com a tal Globalização os esquimós devem dançar Hap ou Funk e claro conhecer
Michel Jackson e Jonas Brothers, comer hambúrguer e batata frita, tomar Coca-Cola e
quererem ser cidadãos americanos para fazerem parte dessa “nata” planetária. Unir os
povos como uma grande força é importante, mas desprezar suas diferenças culturais é um
ato alienador e destruidor.
4
Que bom que o Esperanto não deu certo. Por que todos devem falar uma mesma
língua? Já há algum tempo o inglês tomou conta do planeta por causa da 2 a Guerra Mundial
com a vitória dos aliados. O Planeta todo foi dividido entre Americanos e Russos. Como o
idioma Russo tem mais a ver com o Grego, e o Inglês falado nos EUA é uma língua que
tem o Latim como mãe (na grafia), foi mais fácil na América do Sul e em grande parte do
Planeta a aceitação da língua inglesa como universal. Mas as coisas estão mudando, o
espanhol começa a ganhar destaque, inclusive nos EUA. O Mandarim, por causa do
crescimento econômico da China, vem aparecendo bastante. Mas não podemos viver a
mercê de modismos e ambições. A nossa língua sucumbe rapidamente ao voraz apetite dos
mercados e tendências e nada é feito para melhorar essa situação. Mudanças ortográficas
são feitas de tempos em tempos que de nada adiantam. E a Arte para onde foi? No caso da
Música ela reflete o parco nível de pensamento das pessoas e as drogas que destroem
qualquer tentativa de olhar na direção certa (a vida). A Ciência tenta chamar, em vão, a
atenção dos governantes para a catástrofe climática que se aproxima, mas nem assim eles se
preocupam.
O estudo aprofundado e fundamentado da Arte e da Ciência pode trazer o ser
humano de volta para a realidade e torná-lo mais contente consigo mesmo, o que
melhoraria a auto-estima atualmente em baixa: Astronomia, Física, Matemática, História,
Geografia, Biologia, Música, Teatro, etc, ensinados de uma forma, não só para garantir a
sobrevivência, mas para enriquecer a vida das pessoas de acordo com as habilidades e
vontades de cada indivíduo.
Neste livro iremos abordar a linguagem Física, Matemática e Musical, com suas
particularidades e peculiaridades de uma forma preliminar e suave, sempre enfocando
aplicações do dia-a-dia e para o Ensino de Física.
No primeiro capítulo abordamos o tema dos intervalos, que são a chave mestra para
se penetrar na linguagem musical. No segundo falamos de algumas curiosidades e
observações sobre os sentidos, que determinam a forma como percebemos as coisas ao
nosso redor.
Nos capítulos 3 e 4 vemos alguns fundamentos básicos da Acústica, com propostas
para aplicações no ensino de Física. O capítulo 5 aborda a questão das escalas musicais,
que muitas vezes aparecem em livros, que citam as razões entre as freqüências das notas
5
musicais, como se fossem frações que surgem do nada, mas têm todo um motivo, como
podemos ver. No capítulo 6 encontramos explicações simples, que esclarecem os
fundamentos físicos do fenômeno da ressonância, inclusive em instrumentos musicais. A
acústica de salas é apresentada no capítulo 7, em seus fundamentos. O capítulo 8 fala sobre
a audibilidade, que é a sensação de ouvir, ou seja, receber e interpretar o fenômeno físico
da vibração. Vamos ver que teoricamente, a análise da sensação sonora é feita através de
três parâmetros: pitch, loudness e timbre. O capítulo 9 está dividido em duas partes e fala
sobre a psicoacústica, já introduzida no capítulo anterior, e sobre a paisagem sonora em
musicoterapia. No final temos um anexo com roteiros de experimentos. Os materiais usados
nos experimentos são em geral do Cidepe (Centro Industrial de Equipamentos de Ensino e
Pesquisa), porém podem ser facilmente substituídos por materiais de baixo custo, em quase
todas as etapas. As soluções dos experimentos podem ser obtidas pelos professores, através
do e-mail do projeto: afisicanamusica@gmail.com
6
Capítulo 1 - Os Intervalos
7
compreensão da música como um objeto de arte e buscarmos uma Educação melhor,
fundamentada e coerente?
Hoje as salas ficam com 50 alunos ou mais e querem que todos entendam os
conteúdos programáticos da mesma forma e isso é um grande fracasso deste sistema de
ensino.
A Educação é algo mais profundo do que se possa imaginar! Vai moldar o caráter
do cidadão e dar condições para que ele ascenda socialmente e atinge diretamente a auto-
estima. A Cultura pode ser transmitida ao longo do tempo sem questionamentos e grandes
problemas para um povo. A Educação jamais poderá ser desta forma. Se ela não funciona
tem que ser re-elaborada com urgência, pois as conseqüências são gravíssimas para uma
Nação. Que médicos, juízes, dentistas, etc... teremos no futuro? O que plantarmos nós
colheremos.
Introduzir-se na Acústica Musical sem conhecer os intervalos musicais dentro do
temperamento é um absurdo. Não precisamos ler música perfeitamente, mas precisamos
distinguir suas relações intervalares urgentemente. Pois nada podemos afirmar sobre a
música se não os conhecemos.
O diapasão hoje é de 440 Hz e define a nota Lá3, ou o 2o espaço na clave de Sol.
Os intervalos podem ser: ascendentes ou descendentes e usando o teclado do piano
para melhor localização teremos:
8
Foi Guido D.Arezzo no séc.XI (monge beneditino), regente de coro, que batizou as
notas com os nomes conhecidos hoje. Antes dele os sons musicais eram denominados por
letras do alfabeto, A B C D E F G, que ainda hoje na cultura americana e inglesa são usados
como se as notas ainda não tivessem seus nomes próprios delas. É muito comum
batizarmos com letras determinadas coisas da vida antes de termos um nome próprio para
elas.
O que temos hoje em termos de relação intervalar é bem mais simples do que no
passado, pois um Sib soa igual ao Lá#, como se fossem o mesmo som, fato que não reflete
a verdade. Pois, este som analisado como 4a de Fá e depois ouvido como sensível (7aMaior)
de Si terá surpreendentemente duas freqüências distintas, embora o piano nos mostre o
mesmo som que fica na tecla preta entre o Lá e o Si. O Temperamento acabou com essa
diferença, mas isso traz alguns problemas de afinação para instrumentos que utilizam a
escala natural oriunda dos harmônicos. Então, um trompete, um trombone, etc... quando
tocam com o piano têm de ficar muito atentos aos possíveis desvios de afinação decorrentes
do uso da escala temperada justaposta à escala natural.
9
Capítulo 2 - Os Sentidos (curiosidades e observações)
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Há certas coisas na vida que são imutáveis ou não podemos mexer sob risco de
perigo iminente. A vida para existir precisa de: Ar, Água e Alimento. Não havendo um
desses 3 elementos ela se extingue. Fazendo uma comparação breve a música era uma
forma de incentivar a criatividade, tão em falta hodiernamente, e estimular o trabalho em
grupo.
A retirada do Latim do currículo corta a ligação com a língua mãe e nos empurra
direto para o inglês sob a alegação de que é mais fácil e é língua comercial no planeta. Que
pobreza! Assim como achar que aprender computação vai resolver o problema do
desemprego e dar mais chances de trabalho para as pessoas, o que é um engano. O
diferencial é a criatividade em tudo o que se faz ou produz. Portanto somente a computação
e o inglês não vão garantir a sobrevivência dos cidadãos. Para uma pessoa ignorante e para
aqueles que levam alguma vantagem nesse tipo de situação educacional caótica não é
conveniente que se estabeleça uma nova ordem na Educação priorizando o “ser criativo”
Aquele que “pensa e logo existe”, um ser inteligente, atrai outro igualmente
inteligente, mas a recíproca é verdadeira, um ignorante atrai muitos ignorantes.
A Percepção da vida é primeiramente dada pela família do indivíduo depois vem a
Escola e quando a família é pobre de recursos materiais e intelectuais a Escola deveria
suprir essa carência, afinal é para isso que estudamos para melhorarmos a nossa vida.
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Capítulo 3 – Uma proposta de utilização da acústica musical no ensino de física
Resumo
Introdução
Na busca de ter mais alunos interessados em estudar Física, pois a realidade mostra
que a Física é apontada pelos alunos como uma das disciplinas mais desinteressantes,
projetos interdisciplinares são utilizados na tentativa de estudar a Física “escondida” por
trás de assuntos que são de interesse dos alunos ou que fazem parte do cotidiano deles.
A relação Física-Música é bastante rica no sentido de poder explorar vários
conceitos importantes da Física através do estudo da música. Perguntas como: “o que
diferencia cada nota musical?” podem ser facilmente respondidas depois de um estudo
sobre ondas e acústica. Essas e outras perguntas muitas vezes fazem parte do interesse dos
alunos. E é na busca por esse interesse que utilizamos nesse trabalho a Música como o
agente motivador no ensino da Física.
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O estudo das ondas é de extrema importância para a Física, pois abrange diversas
áreas. Mesmo possuindo complexidades em alguns princípios físicos do movimento
ondulatório, esses fenômenos por serem tão presentes no cotidiano de qualquer pessoa
podem ser compreendidos, ainda que somente os seus conceitos, (sem a parte matemática)
pela comunidade em geral. Ondas aquáticas, ondas sonoras, ondas luminosas são alguns
dos exemplos de ondas que, frequentemente, estão ao nosso redor.
Partindo das características do som percebidas ao ouvir uma música, pretendemos
mostrar que podemos ensinar o movimento ondulatório, e assim atingir grande parte da
Física. Isso é possível porque o som é uma onda e os movimentos ondulatórios perpassam
diferentes áreas. Mesmo sendo tão diferentes todos os tipos de ondas são expressos pelo
mesmo modelo matemático. As características dos sons musicais podem ser analisadas
qualitativamente, de acordo com a percepção como: altura, intensidade, timbre e duração e
quantitativamente, de acordo com as características físicas: freqüência, amplitude,
superposição de ondas (diferentes componentes de Fourier) e tempo. É possível analisar
cada um desses temas a partir de instrumentos musicais, tendo, assim, uma abordagem mais
prática.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s - são os norteadores oficiais de
projetos voltados para o Ensino Médio, e os PCN+’s são orientações educacionais
complementares e relatam ser uma das competências da disciplina Física (MEC, 2002):
compreender a Física como parte integrante da cultura contemporânea, identificando sua
presença em diferentes âmbitos e setores, como por exemplo, nas manifestações artísticas
ou literárias, em peças de teatro, letras de música, etc., estando atento à contribuição da
ciência para a cultura humana.
Os PCN+’s propõem ainda a divisão da Física em seis temas estruturadores, que
visam organizar o ensino da disciplina. Destacamos o Tema 3 – Som, imagem e
informação, que possui uma unidade temática coerente com o nosso trabalho. Ela sugere
que as fontes sonoras sejam abordadas a fim de:
- identificar objetos, sistemas e fenômenos que produzem sons para reconhecer as
características que os diferenciam;
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- associar diferentes características de sons a grandezas físicas (como freqüência,
intensidade, etc.) para explicar, reproduzir, avaliar ou controlar a emissão de sons por
instrumentos musicais ou outros semelhantes.
Vamos explorar a nossa proposta de ensino de Física em conjunto com a Música, a
partir de um resumo da análise, que é feita normalmente na graduação de Física, dos
fenômenos ondulatórios. Porém, pretendemos abordar este conteúdo através de uma
linguagem que seja útil aos professores que levarão a proposta para as escolas, mas também
para alunos que estão no início da graduação e que tenham interesse em aprofundar o que
aprenderam sobre o tema no Ensino Médio.
Ondas
14
Ondas mecânicas
Qualquer tipo de onda pode ser descrito através de cinco parâmetros, sendo eles:
comprimento de onda, freqüência, período, velocidade e amplitude.
15
A equação 01 diz que a onda terá se movido um λ durante o tempo que o ponto
inicial (ou qualquer outro) precisa levar para uma oscilação completa, isto é, um período τ
(TREFIL, 2006).
1
Sabendo que f , podemos substituir esta expressão na equação 01. Assim,
obtemos:
v f . (eq 02)
A equação 02 é a velocidade de fase de uma onda em propagação, seja ela
transversal ou longitudinal. Porém a velocidade de fase não depende efetivamente das
propriedades da onda e sim das propriedades do meio.
Superposição de Ondas
Figura 3: Dois pulsos viajam em sentidos opostos ao longo de uma corda tensa. O princípio
da superposição se aplica à medida que os pulsos se movem um através do outro
(RESNICK, 2003)
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Esse princípio é fisicamente possível se as duas funções de ondas que se somam
forem lineares (y1(x,t) e y2(x,t)). Assim, a função resultante da soma delas é, também, uma
função de onda linear que é fisicamente possível.
1 1 1
y ( x) senkx sen2 kx sen3kx . (eq. 05)
2 3
17
Fig. 4 – Análise de Fourier de uma curva composta (a) em duas componentes senoidais. Em
(b) aparece o som harmônico fundamental e em (c) o 2o harmônico (MENEZES, 2003).
O timbre é uma característica do som, que está diretamente ligada ao corpo sonoro
que o produz. Cada corpo sonoro tem peculiaridades que o distingue dos outros. O timbre
se relaciona diretamente com a composição harmônica da onda sonora, e nos permite
identificar a procedência do som. O timbre é a personalidade do som: a flauta, uma buzina,
um violino e um tímpano soam bem diferentes, mesmo que emitam a mesma nota. O timbre
nos permite distinguir sons com mesma altura e intensidade, mas com diferentes
componentes de Fourier, isto é, superposição de ondas com freqüências múltiplas da
fundamental, distribuídas com diferentes amplitudes.
Quando a onda viaja por um meio não-dispersivo a forma da onda não se altera,
porém, quando o meio é dispersivo, as formas de onda dos componentes de onda senoidais
se mantém, porém cada onda poderá se propagar com velocidades diferentes. A forma da
onda também pode ser modificada se houver perda de energia mecânica para o ambiente,
seja por resistência do ar, viscosidade ou atrito interno. Nestes casos, os componentes da
série de Fourier mais afetados são aqueles com velocidades de partículas mais elevadas, ou
seja, aqueles com altas freqüências, porque geralmente essas forças dissipativas dependem
da velocidade.
Um fato resultante desse fenômeno é que a característica de um som pode mudar
com o tempo. Por exemplo, ao tocar uma tecla de um piano, é emitido um som
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característico do instrumento e que é composto por uma ampla faixa de freqüências. Porém
a forma dessa onda vai mudar à medida que os componentes das freqüências mais altas
percam amplitude mais rapidamente. O resultado é o decaimento deste som com o tempo,
ou seja, os componentes de freqüências mais elevadas vão dissipar a sua energia mais
rapidamente do que os componentes de freqüências menores. Assim, podemos deixar de
distinguir um som característico de certo instrumento se o ambiente oferecer uma grande
dissipação de energia.
Um tipo particular de superposição de ondas é a interferência. A forma da onda
resultante da interferência vai depender de algumas das características das ondas ou dos
pulsos, como a fase e a amplitude.
Matematicamente, podemos descrever a interferência construtiva e destrutiva da
seguinte forma (HETCH, 1991):
y1( x , t ) Y sen( kx t 1 )
(eq. 06)
y 2 ( x , t ) Y sen( kx t 2 )
onde * (1 2 ) / 2 e ( 2 1 ) .
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A quantidade 2Y cos( / 2) representa a amplitude da combinação. Analisando
este valor teremos uma interferência construtiva quando:
Amplitude 2Y
0 Interf.const. completa
E uma interferência destrutiva quando:
180 º Amplitude zero
180 º Amplitude zero Interf.destrutiva completa
Figura 5: Ilustração de ondas se interferindo em fase (a), com uma diferença de fase de 180º
(b) e com diferença de fase entre 0o e 180o (c) (TREFIL, 2006).
No caso do fenômeno da interferência ocorrer em ondas contínuas, pode acontecer
que se as ondas chegarem num mesmo ponto e na mesma fase haverá uma interferência
construtiva e se ocorrer o contrário, ou seja, as ondas chegarem num mesmo ponto e com
fases opostas, haverá uma interferência destrutiva.
A onda estacionária é a interferência de duas ondas que se propagam em sentidos
opostos e com frequência e amplitude iguais. Esta onda tem a sua formação caracterizada
por nós e ventres (ou antinós). Os nós são os pontos onde o deslocamento é nulo em
qualquer instante de tempo. Entre dois nós existe o ventre, onde as partículas oscilam com
amplitude máxima.
20
y( x, t ) [2 ymsenkx] cos t , (eq. 11)
Como foi dito anteriormente, uma onda pode ser representada pela soma de
diversas ondas individuais, as quais chamamos de componentes de Fourier. A partir desta
combinação são formadas as ondas sonoras, ou seja, os sons. Assim, um som, mesmo sendo
de uma única nota musical, é o resultado da superposição de diversas ondas sonoras. Isto
21
ocorre porque qualquer objeto ou corpo sólido possui moléculas que têm uma certa
vibração natural, isto é, uma freqüência característica. Deste modo, ao ser posto em
vibração, é criada no corpo uma combinação das frequências de todos os átomos, formando
um padrão de vibração, também chamado de timbre, que é intrínseco a este corpo. Com
isso, a maioria dos instrumentos musicais tem um grande número de frequências naturais de
vibração, para que seja possível emitir diversas notas musicais.
Para criar um som contínuo, como o que é produzido por um instrumento musical
ou pela voz humana, é necessário que a onda sonora criada seja estacionária. Em diferentes
instrumentos as ondas estacionárias são geradas de diversas formas.
22
de sopro, nos quais as ondas são geradas por colunas de ar vibrante, como a flauta, o
trompete e o trombone (TREFIL, 2006).
23
Fig. 7 – Espectro do ré 3 no violino, com frequência fundamental 293,6 Hz
Fig. 8 – Espectro de um som emitido por um tarol, onde muitas frequências são ativadas
24
Resultados e Conclusões
25
a flauta transversa que, devido ao tipo de sopro necessário para que uma nota seja emitida,
sempre ouvimos a vibração do sopro (fig. 9).
Essas observações podem ser feitas através da percepção auditiva de pessoas
treinadas e são provadas fisicamente através da análise de Fourier, isto é, da decomposição
das frequências presentes num único som. Interessante também é calcular, através dos
espectros, quais as frequências presentes em cada espectro e mostrar que os sobretons dos
instrumentos harmônicos são múltiplos da freqüência fundamental, o que já era previsto
pela equação 04, da série de Fourier.
Embora o ensino da Acústica esteja previsto nos PCN’s, não é um tema que receba
muita atenção, tanto nas escolas quanto nas universidades. Temos observado e confirmado
que a Acústica, especialmente a Acústica Musical, é realmente um instrumento capaz de
motivar os alunos e permitir a abordagem de diferentes aspectos da Física.
Referências
26
Capítulo 4 - O Violão no Ensino de Física
Resumo
1. Introducão
27
Um dos aspectos da inclusão social é possibilitar que cada brasileiro tenha a
oportunidade de adquirir conhecimento básico sobre a Ciência e seu funcionamento, que
lhe dê condições de entender o seu entorno, de ampliar suas oportunidades no mercado de
trabalho e de atuar politicamente com conhecimento de causa. [5].
Podemos dizer mesmo que os cientistas também deveriam interessar-se mais pelo
ensino e pela divulgação da Ciência, discutindo seus trabalhos com professores, e
explicando-os pessoalmente aos estudantes [3]. Isso fica mais simples de ser realizado
quando as tarefas de professor e pesquisador são acumuladas, podendo atuar nos três
setores que são os alicerces de toda universidade: ensino, pesquisa e extensão. Os jovens
podem entender melhor a natureza da Ciência se um professor/pesquisador os encorajar a
realizar pesquisas por conta própria, formulando e resolvendo problemas dentro dos limites
de sua experiência e compreensão. O cientista deve também apresentar a Ciência como
atividade humana e falível que é. Deve encorajar o professor a cultivar um espírito crítico e
inquiridor nos jovens.
Com esses objetivos de um maior alcance do conhecimento científico e tecnológico,
isto é, uma maior popularização da ciência, buscam-se hoje novas modalidades de
transmissão desses conhecimentos, incluindo a educação formal e a informal. A recente III
Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (em novembro de 2005)
apresentou várias propostas nesse sentido. Na área da Educação Científica propõe-se:
apoiar programas de aprimoramento da formação inicial e qualificação de professores nas
áreas de ciências; promover a valorização da atividade do professor com bolsas, apoio a
projetos de pesquisa nas escolas e estágios em laboratórios, premiações, etc; estimular e
apoiar a realização de feiras de ciências, olimpíadas e concursos que favoreçam a
criatividade, a inovação e a interdisciplinaridade [5], entre outras atividades.
Um dos aspectos, dos desafios para a melhora no ensino de Física, é a necessidade
de as Universidades se abrirem mais para a sociedade [5]. Durante muitas décadas,
inclusive por razões históricas, ela esteve muito voltada para a elite. Nos últimos anos, tem-
se intensificado o movimento de abertura para a comunidade, com expansão das atividades
de extensão e pesquisa em Ensino de Física. É surpreendente que as pessoas consigam
aprender tanto em tão pouco tempo. No entanto, serão capazes de aprender mais se o
conteúdo for apresentado de maneira interessante.
28
A interdisciplinaridade é hoje reconhecida como sendo de grande importância e
necessidade: "Todo trabalho científico de real importância transcende os limites
disciplinares e também a capacidade de trabalho de um pensador isolado" [1].
O que está em jogo na interdisciplinaridade é a produção de novas questões, e não o
acúmulo de conhecimento, que permite apenas a solução de problemas técnicos pontuais, o
que não exclui, entretanto, a idéia do trabalho especializado. "É preciso conhecer muito
bem a teoria do meu campo de estudo para dialogar com alguém de outra área, e fazer isso
com competência" [2].
2. A interdisciplinaridade Física-Música
29
dos currículos de Física, Matemática, Psicologia e outras áreas mais. Nem mesmo a
disciplina de Acústica tem sido incluída ultimamente nos currículos de Física.
A música pode muito bem ser utilizada no ensino da Matemática e da Física,
trazendo assim um maior interesse para as atividades científicas.
Também no currículo da Medicina pode-se usar a Música como relaxante e auxiliar
anestésico. A Pintura tem sido utilizada como auxiliar na terapia de pacientes que precisem
estimular a imuno-defesa. O Teatro é uma outra atividade artística que utiliza a
experimentação de realidades diferentes da sua e que pode também ser usado no ensino da
Ciência. A Dança serve como interação e aproximação das pessoas, o Cinema como
incentivador de idéias científicas avançadas ou enfatizador de realidades pouco visíveis.
Estudar Arte, principalmente nos primeiros anos de vida, significa ampliar a expectativa de
vida dos humanos, mas não como elitismo e sim como possibilidade de ampliar o
pensamento humano, que se tornou deteriorado em virtude de uma série de fatores,
principalmente econômicos e políticos. Mas os politiqueiros se esquecem que o mercado de
Música, por exemplo, é da ordem de trilhões de dólares em todo o planeta. E as
Universidades e órgãos afins, não conseguem em geral vislumbrar as vantagens da arte
integrada ao estudo científico. Albert Einstein tocava violino muito bem e o violino o
ajudou muito na elaboração da sua famosa Teoria da Relatividade. E o violino é um
instrumento não temperado que possui uma gama de sons muito grande, e difícil de ser
executado.
Existe hoje uma necessidade urgente de diálogo entre as Ciências e as Artes que
passará consequentemente pela Educação.
3. A Física do Violão
30
Tabela 1: Notas e frequências das cordas do violão
31
Figura 1. violão atual
1. mão ou paleta
2. pestana
3. tarrachas ou cravelhas
4. trastes
5. braço
6. tróculo (junta do braço)
7. corpo
8. cavalete (ou ponte)
9. fundo
10. tampo
11. lateral ou faixas
12. abertura ou boca
13. cordas
14. rastilho
15. escala
T
(eq. 1)
32
A condição para que uma onda estacionária seja gerada em uma corda de
comprimento L, fixa nas duas extremidades é:
Ln (n= 1,2,3,...) (eq. 2)
2
Logo,
n
fn (eq. 3)
2L
n n T n 2T
fn fn 2
2
2L 2L 4L
f n2 4 L2
T
n2
(eq. 4)
Então, quando afinamos um violão ajustamos cada corda de forma que a tensão
aplicada T produza a frequência f desejada, conforme tabela 1.
Convencionalmente a nota Lá3 serve de “norte” para a afinação de todos os
instrumentos. No violão, o Lá3 corresponde à primeira corda pressionada na quinta casa.
Para sabermos que tensão deve ser aplicada em cada corda podemos usar o diapasão como
referência, que emite o Lá3 ou algum outro instrumento que esteja afinado. Essas formas de
afinação exigem uma boa percepção, especialmente a primeira, já que o diapasão
tradicional só emite uma única nota. Quando se afina o violão por outro instrumento pode-
se observar a coincidência de freqüências e também o fenômeno do batimento. O batimento
é um fenômeno físico que ocorre sempre que dois sons de freqüências muito próximas são
tocados juntos e geram um terceiro som, cuja frequência é a diferença entre as duas
33
primeiras. Se o batimento depende da diferença entre as frequências, quanto menor a
diferença entre as alturas dos sons tocados menor será a frequência do batimento. Ao
afinarmos um violão escutando os batimentos, vamos ajustando a tensão da corda de modo
que a frequência do som do violão vá se aproximando à desejada e por conseqüência o
batimento vai ficando cada vez mais devagar. Quando não ouvimos mais o batimento
sabemos que a corda está afinada, pois:
f batim = f 1 - f 2 = 0 f 1 = f 2 (eq. 5)
Uma outra maneira de afinar o violão, que dispensa a necessidade de uma boa
percepção, é usando o programa Gram 10 (ou outro semelhante), que separa as freqüências
presentes num som. A frequência fundamental será a que deve ser usada como referência.
34
fundamental (primeiro pico de freqüência), o som não será harmônico, podendo ser
considerado um ruído.
Obtivemos alguns espectros de instrumentos clássicos (não eletrônicos) com a ajuda
de um programa de computador chamado GRAM 10. Estas experiências podem ser
facilmente realizadas nas escolas, bastando ter disponível um computador, com o programa
apropriado, que pode ser obtido pela internet. Quanto aos instrumentos, os próprios alunos
poderão levar para as experiências e mesmo realizá-las em casa (ver capítulo 3).
5. Resultados e conclusões
35
6. Referências
[1] Cohn G., Interdisciplinaridade é fundamental para pensar os novos dilemas do planeta,
Jornal da Ciência, 21 de julho de 2006.
[2] Floriani, D., Reunião anual da SBPC: a arte de inventar questões sob a ótica da
interdisciplinaridade, Jornal da Ciência, 21 de julho de 2006.
[3] Kneller, G. F., A Ciência como Atividade Humana, São Paulo: Ed. Zahar, 1978.
[4] Menezes, F., A Acústica Musical em Palavras e Sons, São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
[5] Moreira, I. de C., A inclusão social e a popularização da ciência e tecnologia no Brasil,
Inclusão Social, vol. 1, n. 2, p. 11-16, Brasília, 2006 e Necessitamos de um grande
movimento para popularizar a ciência, Jornal da Ciência e-mail, 11 de agosto de 2006.
[6] Resnick R., Halliday D. e Krane, K. S., Física 2, Rio de Janeiro: Ed. LTC, 2003.
[7] Rossing, T. D., The Science of Sound, U.S.A.: Addison Wesley, 1990.
[8] Sadie, S., Dicionário Grove de Música, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994.
36
Capítulo 5 - As escalas natural e temperada
A escala é uma determinada sequência de notas. A escala natural dos sons é aquela
que respeita a relação entre as frequências ditadas pela série harmônica. Cada som que
ouvimos se propaga através de um grupo de ondas sonoras (a fundamental e os
harmônicos). A série harmônica é composta por todas essas frequências. Cada frequência fn
é um modo de vibração e todos os modos são múltiplos inteiros da frequência fundamental.
Podemos citar como exemplo a série harmônica do Dó1 (ver tabela 1).
Desta forma gera-se a escala natural, que é diferente da escala temperada usada no
piano. Os intervalos entre as notas são chamados 2ª, 3ª, 4ª, etc, conforme o número de notas
envolvidas: entre o dó e o ré temos uma 2ª, da mesma forma entre o fá e o sol ou si e dó, ou
seja, são notas sucessivas. A terça é o intervalo que envolve 3 notas: entre o dó e o mi ou
entre o fá e o lá (ou seja, dó-ré-mi ou fá-sol-lá). A classificação maior ou menor vem do
número de semitons envolvidos em cada intervalo, onde semitom é o menor intervalo entre
as notas do piano ou entre notas emitidas, no violão, apertando-se a corda em casas
sucessivas: dó-dó#, mi-fá ou lá#-si. A 2ª maior possui 2 semitons (1 tom) e a 2ª menor
apenas 1 semitom. A 3ª maior possui 4 semitons ou 2 tons, como entre o dó e o mi ou entre
o mi e o sol# [1] (ver fig. 1)
37
Tabela 1: Série harmônica de dó1
Dó1 f
Dó2 2f 8ª justa
Sol2 3f 5ª justa
Dó3 4f 4ª justa
Mi3 5f 3ª maior
Sol3 6f 3ª menor
Sib3 7f 3ª menor
Dó4 8f 2ª maior
Ré4 9f 2ª maior
38
f(3ª maior acima) = (5/4)f da nota anterior
Para a 4ª justa: intervalo entre e sol2 e dó3, de freqüências 3f e 4f, cuja razão é 4f/3f
ou
f(4ª justa acima) = (4/3)f da nota anterior
Para a 5ª justa: intervalo entre dó2 e sol2, de freqüências 2f e 3f, cuja razão é 3f/2f ou
f(5ª justa acima) = (3/2)f da nota anterior
Para a 6ª maior: esse intervalo não aparece entre notas sucessivas da série
harmônica, mas podemos considerar o intervalo entre as notas sol2 e mi3, que é uma 6ª
maior, cujas freqüências são 3f e 5f. Então a razão será 5f/3f ou
f(6ª maior acima) = (5/3)f da nota anterior
Para a 7ª maior: esse intervalo também não aparece entre notas sucessivas na série
harmônica e consideramos as notas dó4 e si4, com freqüências 8f e 15f, com razão 15f/8f,
então
f(7ª maior acima) = (15/8)f da nota anterior
Da mesma forma obtemos as razões para os outros intervalos.
Temos então as razões para a escala diatônica maior natural (tabela 2).
A escala maior natural tem origem direta da série harmônica e o intervalo entre a 1ª
nota e a 3ª é uma terça maior. Na escala menor esse intervalo é uma terça menor, ou seja,
na escala de dó maior a 3ª nota é o mi e na escala de dó menor será o mib (lê-se mi bemol),
mais baixo que o mi, em frequência, de 1 semitom.
Para a divisão dos sons em 12 notas da cultura ocidental, esta escala causa certo
desconforto, pois as razões r entre as frequências das notas são diferentes. Para corrigir esta
pequena diferença foi criada a escala temperada, onde se divide o intervalo de uma oitava
em 12 partes iguais (as razões entre as frequências de notas sucessivas são as mesmas).
39
Tabela 2: Intervalos entre as notas da escala diatônica maior natural e as razões entre
as frequências
Intervalo Razão r
2ª maior 9/8 = 1,125
3ª maior 5/4 = 1,25
4ª justa 4/3 = 1,333
5ª justa 3/2 = 1,5
6ª maior 5/3 = 1,666
7ª maior 15/8 = 1,875
8ª justa 2
Na escala temperada temos, numa oitava, 12 notas com intervalos iguais (neste caso
estamos nos referindo à escala que possui intervalos de 1 semitom entre as notas, isto é, a
escala cromática, diferente da diatônica, que varia entre tom e semitom entre as notas
sucessivas).
Dizer “intervalos iguais” significa que a razão entre as frequências é a mesma [2].
Ex.: de dó3 a dó4
dó, dó#, ré, ré#, mi, fá, fá#, sol, sol#, lá, lá#, si, dó – escala cromática de dó - essas notas
correspondem às frequências de f1 a f13.
Se as razões entre as frequências sucessivas são iguais temos uma progressão
geométrica. A progressão geométrica é gerada pela expressão:
an = a1 xn-1 (eq. 1)
a1 = f ; a13 = 2f
40
a13 = a1 xn-1 → 2f = f x12 → x = 21/12 = 1,059463 → isto é o semitom do
temperamento igual. A razão entre frequências, de notas sucessivas, é igual, e não a
diferença entre as frequências.
Usando esse método podemos calcular as frequências e as razões entre as
frequências para cada intervalo. Consideremos novamente a escala cromática de dó3. Os
intervalos entre as notas sem alteração (sem bemol), são:
2ª maior, 3ª maior, 4ª justa, 5ª justa, 6ª maior, 7ª maior e 8ª justa.
Para a 2ª maior temos: a3 = a1 x2
f3 = 261,63 x (21/12)2 = 261,63 x 1,1224 = 293,66
Para a 3ª maior: f5 = 261,63 x 24/12 = 261,63 x 1,2599 = 329,63 Hz
Para a 4ª justa: f6 = 261,63 x 25/12 = 261,63 x 1,3348 = 349,23 Hz
Para a 5ª justa: f8 = 261,63 x 27/12 = 261,63 x 1,4983 = 392,00 Hz
Para a 6ª maior: f10 = 261,63 x 29/12 = 261,63 x 1,6817 = 440,00 Hz (o famoso lá
fundamental ou lá3)
Para a 7ª maior: f12 = 261,63 x 211/12 = 261,63 x 1,8877 = 493,89 Hz
Para a 8ª justa: f13 = 261,63 x 212/12 = 261,63 x 2 = 523,26 Hz
Temos então as razões para os intervalos da escala diatônica maior temperada, como
na tabela 3, que são diferentes das razões da escala natural:
41
A razão r entre as frequências é dada pelo logaritmo na base 2:
r = a n/a1 = xn-1
x = 21/12
an/a1 = 2n-1/12 = r
log 2 r = (n-1)/12
Para as notas com sustenido (sobe a nota de 1 semitom) ou bemol (desce a nota de 1
semitom) usamos o mesmo processo:
a 2 = a1 x2-1 = a1x = a1 21/12
a 2 = 261,63 21/12 = 277,18 Hz → freqüência do dó#3
Vimos então que as escalas temperada e natural são ligeiramente diferentes. Por isso,
quando os instrumentistas afinam seus instrumentos de cordas pela escala natural, podem
ser gerados batimentos, já que a escala temperada gera sons que não fazem parte das séries
harmônicas.
Referências
[1] Lima, F. de A., Elementos Fundamentais da Música, Rio de Janeiro: Cia Editora
Leitura, 1948.
[2] Candé, R., História Universal da Música, São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2001.
42
Capítulo 6 - O Fenômeno da Ressonância
O que é ressonância?
43
inúmeros fragmentos de vidro (neste caso, seria
necessário que o som fosse suficientemente intenso,
sendo requerida a utilização de um dispositivo
amplificador). O mesmo pode ocorrer com uma
ponte, por exemplo. Em dias de ventania, a ponte
pode passar a vibrar cada vez mais intensamente, e,
por fim, romper-se. Um outro exemplo interessante
é o caso de arquibancadas em um dia de jogo. Em
todos estes casos o que ocorre é simplesmente a
ressonância. A frequência das vibrações produzidas
– a força do empurrão do pai sobre o balanço, o
O cantor de ópera italiano Luigi
som da voz do(a) cantor(a), a frequência de Infantino tenta quebrar a taça de
vidro emitindo uma nota dó bem
oscilação dos ventos ou da agitação provocada aguda.
(http://www.scienceclarified.com/ev
pelos torcedores aplaudindo e pulando sobre a
eryday/Real-Life-Chemistry-Vol-
arquibancada – é idêntica ou muito próxima a uma 4/Energy.html)
44
similar através de um meio propagativo. Isto ocorre muito, por exemplo, quando se está em
um ambiente fechado (uma sala, por exemplo) na qual há um instrumento musical, como
um piano; ao produzir-se um som de determinada frequência com o instrumento, observa-
se que um objeto da sala produziu um “zumbido”, como se estivesse tremendo durante a
emissão do som; o que se diz é que este objeto simpatizou com aquela frequência do som
emitido.
Uma experiência prática que evidencia este efeito é utilizar dois violões,
posicionados, a certa distância um do outro, e fazer com que uma determinada corda de um
dos instrumentos vibre. O que se verifica é que a mesma corda, no outro instrumento, vibra
juntamente – ou seja, a corda simpatizou com a freqüência da nota emitida pela corda do
outro violão –, porém, emitindo um som mais fraco.
A produção sonora dos instrumentos musicais tem como peça fundamental a
ressonância. Você só consegue escutar perfeitamente o som de um violão ou de um piano,
por exemplo, porque este fenômeno ocorre durante o processo de produção de som do
instrumento.
Para entender um pouco sobre como ocorre este processo de produção sonora em
instrumentos musicais, é necessário conhecer o princípio de funcionamento de certos
dispositivos denominados Ressoadores de Helmholtz.
Os ressoadores são dispositivos que consistem em uma cavidade de paredes rígidas,
possuindo um gargalo e um
determinado volume de gás em seu
interior. Um exemplo simples seria
uma garrafa. O sistema dos
ressoadores apresenta o seguinte
funcionamento: ao soprarmos na
região do gargalo, fazendo com
que o ar seja ligeiramente Ressoadores de diversos tamanhos
(http://www.discoverhover.org/infoinstructors/newguides/
tangencial a sua abertura, esta guide27-resonance.html)
massa de ar adentra o gargalo e
passa a ocupá-lo. Esta massa de ar passa a movimentar-se para cima e para baixo. Quando
esta massa de ar desce, ela comprime as moléculas de ar dentro do ressoador; quando esta
45
massa de ar sobe, as moléculas de ar do ressoador se rarefazem. Esta compressão e
rarefação se traduz em forma de onda sonora, ou seja, há produção de som. Isto ocorre
porque a frequência de oscilação da massa de ar no gargalo é igual à frequência das
moléculas de ar dentro do ressoador – ou seja, temos uma condição de Ressonância! A
frequência do ressoador é determinada principalmente pelo volume de ar em seu interior.
46
(http://www.answerbag.com/how-drums-
work)
que passa a vibrar. A vibração da caixa de ressonância faz com que as moléculas de ar no
interior vibrem – o volume de ar possui diversas frequências de ressonância,
compreendendo as frequências das cordas, o que faz do violão ser como uma associação de
diversos ressoadores de Helmholtz –, e assim tenhamos um som audível com intensidade
mais adequada. Além disto, a caixa de ressonância acrescenta harmônicos ao som do
violão, dando cor a este som, o que chamamos de timbre.
Nos tambores, ocorre o mesmo. A diferença é que o elemento vibratório, não é mais
uma corda, e sim uma membrana, que pode ser interpretada como uma corda em duas
dimensões. Esta membrana vibra ao ser golpeada e esta vibração é transmitida ao fuste, que
faz vibrar também o ar dentro do corpo do instrumento.
Nos instrumentos de sopro, ocorre exatamente o
que foi explicado para os ressoadores de Helmholtz,
porém pode-se modificar o som a ser produzido ao
tampar-se os orifícios ao longo do tubo, o que altera a
forma de onda em seu interior, mudando a frequência
natural das moléculas de ar.
Há instrumentos que possuem cordas ou tubos
Flauta Transversa
(http://infojmusic.blogspot.com/2010/ que nunca são tocados diretamente, vibrando apenas por
06/conheca-um-pouco-mais-sobre-
flauta.html) simpatia, como a viola de amor e o sitar. Num violão,
por exemplo, ao dedilhar uma corda, esta vibra e,
juntamente com esta, uma outra corda no instrumento pode vibrar sem que tenha sido
dedilhada. Isto ocorre porque a energia proveniente da vibração da corda dedilhada lhe é
transferida através da estrutura do instrumento e do ar.
47
Viola de amor
(http://commons.wikimedia.org/w
iki/File:Viola_d'amore.png)
Sitar
(http://timothynickson.com/si
tes/final/sitar.jpg)
O diapasão
48
Se encostarmos o diapasão (em vibração) ao
tampo de uma mesa ou de um instrumento musical o som
por ele emitido poderá também ser amplificado, se a
frequência de vibração do diapasão (normalmente 440
Hz) coincidir com uma das freqüências naturais de
vibração do objeto ao qual o diapasão foi encostado.
Muitas vezes o diapasão é fabricado associado a uma
caixa de madeira, de tamanho adequado para amplificar o
som do diapasão, da mesma forma que a caixa de um
violão ou violino amplifica o som produzido pelas cordas.
A amplificação ocorre porque há ressonância, que é Diapasão
(http://www.videq.pt/site/produto_deta
sempre uma coincidência de frequências. il.asp?id=643&c=21&categoria=4)
49
seja, deixam de marchar uniforme e compassadamente. Desta maneira, diminuem a
possibilidade de seus passos, dados em uníssono – os quais causam intensos impactos
periódicos na superfície da ponte –, coincidirem com a frequência natural de oscilação da
ponte, o que acarretaria em sua queda.
Outros exemplos práticos de aplicação da ressonância em nosso cotidiano, além dos
aparelhos de rádio, são a transmissão na televisão e o forno de microondas. Em um
aparelho televisor, o que ocorre é análogo ao funcionamento do circuito eletrônico do rádio.
Sintonizamos o circuito receptor para que este receba a frequência das ondas
eletromagnéticas correspondentes ao canal que queremos assistir. Este mesmo
funcionamento abrange uma vasta gama de aplicações na área das telecomunicações.
Forno Microondas
(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/forn
o-microondas/forno-microondas.php)
Nos fornos de microondas o que se observa é que, apesar de o alimento ter sido
colocado dentro de um recipiente de vidro, este não sofre nenhuma danificação. A
justificativa para isto é o fato destas radiações serem absorvidas somente pelas moléculas
de água, açucares e gorduras que compõem os alimentos e não pelos materiais do recipiente
(vidros, plásticos e cerâmicas). As ondas irradiadas dentro do forno apresentam, mais
comumente, frequência de 2,45 GHz, para uso doméstico. O aquecimento do alimento
ocorre porque estas moléculas no alimento são polares e apresentam a capacidade de
alinharem-se de acordo com a rápida variação do campo elétrico da radiação. As moléculas
polares tendem a acompanhar essa variação e suas moléculas vizinhas apolares, tendem ao
50
não alinhamento por não terem dipolos. Isso faz com que a radiação emitida ao alimento
seja transformada em calor em seu interior.
Existem dispositivos ressoadores que entram em ressonância com uma única
frequência (ressoadores simples) e os que entram em ressonância com diversas frequências
(ressoador múltiplo). Os ressoadores de efeito absorsor, utilizados na acústica de salas e
estúdios, funcionam de forma contrária aos ressoadores que amplificam o som. Ao invés de
realçar sons de determinadas frequências por ressonância, estes oscilam à determinadas
frequências indesejáveis, e absorvem seus respectivos sons. Isto ocorre porque são
revestidos de materiais absorventes em sua estrutura, os quais dissipam a energia sonora.
É muito comum ouvirmos o termo
“ressonância magnética”. Isto desperta certa
curiosidade, não é mesmo? A ressonância
magnética é aplicada largamente na área da
Medicina. Através deste procedimento pode-se
gerar uma imagem de determinada área do interior
do corpo. Consiste na aplicação de um campo
magnético juntamente com a emissão de ondas de
radiofreqüência em uma determinada região do
Uso da ressonância magnética na
corpo. Os prótons de cada átomo de hidrogênio – medicina.
(http://portaldaradiologia.com/?cat=5)
abundantes no corpo humano - passam a orientar-
se no sentido do campo magnético aplicado ou no sentido inverso.
(http://www.projis.famerp.
br/grp25/default.asp?id=14
&mnu=14)
51
Aplica-se então uma onda de radiofreqüência, a qual apresenta mesma frequência
que as dos spins de cada átomo quando orientados com o campo magnético. Essa
frequência é a chamada frequência de Larmor. Diante desta igualdade de frequências,
temos a ressonância e os prótons absorvem energia. Quando desligada a fonte de
radiofreqüência, os prótons voltam a adquirir seus alinhamentos iniciais, liberando a
energia recebida devida à ressonância e emitindo um sinal que, após convertido, é
reproduzido na forma de imagem.
Referências Bibliográficas:
ROSSING, T.D., MOORE, R.F., WHEELER, P.A.; The Science Of Sound, 3th edition,
Addison-Wesley, 2001.
CARVALHO, R.P. de; Temas Atuais de Física: Microondas; Ed. Livraria da Física,
SBF, 2005.
How the stuff works - Todd A. Gould – Como funciona a geração de imagens por
ressonância magnética. Disponível em: http://saude.hsw.uol.com.br/ressonancia-
magnetica12.htm
52
Capítulo 7 - Acústica de Salas
53
Esta foto mostra exatamente o tipo de construção destes anfiteatros: eram
construídos em encostas, com fileiras de degraus que tinham a forma de semicírculo que se
localizavam de frente para uma plataforma que recebia o nome de orquestra (palavra de
origem grega que significa dançar). Tempos depois, a orquestra ganhou paredes e teto, o
que ajudou no direcionamento do som proveniente dela. Assim, surgem as salas destinadas
a espetáculos.
As descrições mais antigas destes teatros foram transmitidas por Vitrúvio, que cita,
dentre outros detalhes, a instalação de vasos ressoadores em locais estratégicos, colocados
nos locais destinados aos espectadores, para reforçar determinados sons. Os remanescentes
destes anfiteatros nos dias de hoje mostram toda a qualidade acústica tão famosa destes
lugares e a magnitude destes lugares. Podemos citar como exemplo:
Epidauro: está localizado na região da Argólida, a leste do Peloponeso no sul da
Grécia. Sua construção data de 350 a.C. e comporta cerca de 12000 pessoas. É
considerado um dos melhores teatros gregos, o que o torna bastante famoso pelo
mundo, tendo espetacular audição em quase todos os seus lugares. Há quem diga
que é possível ouvir, na última fileira, uma moeda caindo na orquestra! Os piores
lugares são os mais extremos, tanto visual quanto acusticamente. Estes lugares eram
reservados para os estrangeiros, espectadores que chegavam atrasados e mulheres.
Foi inicialmente utilizado para o canto solo, cânticos, festivais musicais e
apresentações teatrais. Foi recentemente reformado, estando em excelente estado de
conservação.
54
início do século III a.C. e possui capacidade para cerca de 17.000 pessoas, sendo um
dos maiores anfiteatros gregos. Era utilizado para cerimônias religiosas, cânticos e
apresentações teatrais. Encontra-se parcialmente preservado.
55
O formato do teatro grego perdurou por mil anos, até a Renascença, onde as
características se adaptam às óperas. No barroco, as salas de música passaram a ser dentro
dos palácios, que tinham como características serem quase sempre retangulares e
ornamentadas. O conceito de sala de concerto atual surge no século 19, durante o
Romantismo.
A acústica de uma sala é tão importante no resultado final que chega aos ouvidos
dos espectadores que muitos consideram a sala um prolongamento do instrumento. Esta
frase resume a sua importância para um bom espetáculo. Mas para isto, é necessária a
análise de muitos detalhes.
O ponto principal que devemos atingir é que sala deve ter o máximo de energia
sonora sem perder a inteligibilidade da informação, seja ela musical ou falada. Logo, para
cada situação existe uma acústica apropriada. O estudo da acústica de uma sala parte
basicamente de três fatores: problemas de propagação sonora devido às irregularidades
físicas da sala, aspectos psicológicos da percepção auditiva e subjetividade do gosto
pessoal. Mais a frente, veremos isto em mais detalhes.
A resposta acústica - maneira como a sala interage com as ondas sonoras ao ser
excitada - é parte crucial de uma sala. Dependendo de como a sala responde, podem haver
pontos em que ocorram diferenças na qualidade da informação que chega até o espectador.
Muitos destes problemas estão relacionados a focalizações, que decorrem de um formato
inapropriado, e de interferências entre as reflexões do som dentro da sala. Um outro
problema que ocorre em salas pequenas, como estúdios de gravações, são as chamadas
colorações. Este fenômeno caracteriza-se pela ênfase não natural de certas frequências e
está relacionado com o fenômeno de ressonância. Sua ocorrência depende das dimensões
da sala e são muito evidentes no som vocal.
O fenômeno da Reverberação também requer bastante atenção, sendo talvez um dos
mais evidentes e importante dentro de uma sala. Este fenômeno decorre de diversas
reflexões do som produzido e que chegam até o ouvinte, gerando uma sensação de
prolongamento deste som. O chamado tempo de reverberação é definido como o tempo que
a intensidade sonora demora para decair 60 dB após o som ter se extinguido. Em outras
56
palavras, podemos dizer que é o tempo que o som permanece no ambiente depois da fonte
ter cessado sua emissão. O tempo de reverberação ideal para a sala está intrinsecamente
relacionado à sua atividade principal. No caso de salas destinadas a execução musical, é
interessante termos um tempo de reverberação um pouco maior, pois senão teremos a
impressão de um som “seco” e a audição dos músicos também será comprometida. Já em
salas onde a fala prevalece, buscamos sempre um tempo de reverberação mais curto, para
termos a informação bem inteligível, pois, do contrário, diversas reflexões do som chegarão
ao mesmo ponto da sala em tempos diferentes e isto fará com que a informação se torne
confusa, prejudicando o entendimento do espectador.
A cerca destes dois fenômenos, e que ressaltam a importância da acústica do
recinto, podemos citar dois exemplos que são bastante curiosos.
Você já se perguntou por que a maioria das pessoas gosta de cantar no chuveiro? A
explicação física para isto está exatamente nos fenômenos descritos. Os banheiros
normalmente são cômodos pequenos, revestidos por azulejos. Este tipo de material reflete
cerca de 98% da energia sonora e isto associado às dimensões reduzidas do local resultam
em uma sensação de potência vocal e que é reforçada pela audição da sua própria voz. Por
conta disto, muitos dizem que é mais fácil cantar no chuveiro. É a Física dando um
empurrãozinho aos cantores amadores!
Outra história muito curiosa que envolve a influência da acústica de uma sala é a
seguinte. Certa vez, o pianista chileno Claudio Arrau foi questionado se existia em algum
lugar no mundo um piano que fosse a sua preferência. Ele respondeu: “Do ponto de vista
da sonoridade, o melhor piano do mundo encontra-se em La Chaux-de-Fonds, numa
encantadora pequena sala de concertos. Foi lá que fiz minhas primeiras gravações.” Esta
sala foi muito requisitada para gravações, sendo adquirido mais um piano de mesma marca,
Steinway, posteriormente e que obteve o mesmo sucesso. Podemos associar este sucesso à
qualidade acústica da sala, que oferecia uma boa resposta ao instrumento e uma boa
audição de si mesmo do músico.
57
parâmetros subjetivos guardam algum tipo de relação com os parâmetros objetivos. A
análise destes parâmetros subjetivos é feita normalmente a partir de questionários
distribuídos aos cantores, membros da orquestra etc.
Parâmetros objetivos
1. Tempo de reverberação (TR): simbolizado por TR60, é o tempo que o som demora
para decair 60 dB após a extinção do som. Este parâmetro tende a ser uniforme, isto
é, não depende da posição do receptor na sala. O tempo de reverberação é um dos
parâmetros mais importantes numa sala, sendo muitos outros parâmetros baseados
nele, como veremos a seguir. Na prática, não é tão simples medir este decaimento,
sendo comum o medição referente a 20 dB (TR20) e 30 dB (TR30). Relaciona-se
com o parâmetro subjetivo reverberância;
2. Tempo de decaimento inicial (early decay time - EDT): mede a taxa de decaimento
do som também, mas relativo apenas aos primeiros 10 dB. O EDT é
aproximadamente igual ao TR10. Relaciona-se também com o parâmetro subjetivo
reverberância;
3. Clareza objetiva (early-to-late sound index - C80): a clareza objetiva de uma sala é
determinada a partir de um parâmetro chamado early-to-late sound index, C80, que
é dado por
58
sonora e então é determinada a razão entre a pressão sonora medida e a pressão
sonora num campo livre à distância de 10 m da fonte sonora, medida em câmara
anecoica.
Energia totalrecebida
L= 10log
Energia do som direto a 10 m da fonte
6. Bass ratio - BR (baseado no TR): é a relação das baixas e médias frequências e é
calculada a partir dos tempos de reverberação referentes às frequências de 125 Hz
(TR125), 250 Hz (TR250), 500 Hz (TR500) e 1000 Hz (TR1000). O BR é dado pela
expressão
TR125 TR250
BR
TR500 TR1000
7. Coeficiente de intercorrelação biaural (interaural cross-correlation coefficient -
IACC): é a medida da simultaneidade do som nos ouvidos do ouvinte, sendo igual a
1 quando o sons chegam simultaneamente aos ouvidos e nulo quando não existe
simultaneidade entre os sons que chegam aos ouvidos. Relaciona-se com os
parâmetros subjetivos envolvimento e espacialidade. O IACC é medido através do
registro dos sinais captados por dois microfones, por exemplo, no canal auditivo de
uma cabeça artificial.
Parâmetros subjetivos
59
a definição com que ouvimos os sons como distintos e claros. Este depende do tipo
de superfícies refletoras existentes na sala e por isso está relacionado com a
intimidade. Embora dependa naturalmente do tipo de música, do compositor e da
execução do músico, a clareza de uma execução musical depende de maneira mais
significativa da resposta da sala. A clareza de uma sala depende do tempo de
reverberação e do C80 (clareza objetiva).
60
10. Ruído de fundo: são todos os tipos de sons que perturbam a audição e a
comunicação, como ruídos no interior da sala, ruídos de tráfego, sistemas de
ventilação etc.
Referências
3. ROSSING T.D., MOORE R.F., WHEELER P.A. The Science of sound. 3ª edição.
Editora Addison-Wesley, 2002.
61
Capítulo 8 - Sensação Sonora – Psicoacústica
Existe uma relação entre parâmetros da acústica (grandezas físicas de medição do som)
e os parâmetros subjetivos listados acima:
Frequência pitch
Intensidade loudness
Forma de onda timbre
A seguir descreveremos cada um deles.
Pitch
62
Pitch é a sensação de altura causada pela audição de frequências. É a sensação
sonora de um som ser mais grave ou agudo e está fortemente ligado à frequência, quanto
maior a frequência mais agudo é o som e quanto menor a frequência mais grave é o som.
Porém, não deve ser considerado como similar à frequência pois não existe uma relação
linear entre pitch e frequência. A percepção do pitch está ligada à forma de onda, à
presença de harmônicos e, sobretudo, à intensidade sonora do som ouvido. Por não ser
relacionado linearmente com frequência ele necessita de uma medida subjetiva, o Mel,
proposta por Stevens, Volkman e Newman em 1937. Esse nome vem da palavra inglesa
melody (melodia em português). Uma frequência de 1 kHz ainda permanece 1 kHz mesmo
que o nível de pressão sonora aumente, enquanto o mel pode depender do nível. Define-se
1.000 mels como o pitch de um tom de 1 kHz associado ao nível de 60 dB.
Loudness
Loudness é um atributo do som que determina a intensidade da sensação auditiva
produzida. A intensidade do som percebido pelo ouvido humano é aproximadamente
proporcional ao logaritmo da intensidade do som: quando a intensidade é muito pequena, o
som não é audível, quando é grande demais, torna-se penoso e perigoso para o ouvido. A
intensidade do som que o ouvido pode tolerar é de aproximadamente 1012 vezes maior que
a quantidade que é apenas perceptível. Essa escala varia de pessoa para pessoa e com a
frequência do som. Alguns definem como a percepção diferenciada para as várias
frequências em relação ao nível sonoro (mantendo-se a mesma intensidade de um som e
variando a frequência).
Em 1933, em um trabalho pioneiro, Fletcher e Munson nos laboratórios da Bell
Telephone, estabeleceram uma escala que relacionasse as variações de frequência e
intensidade, com o intuito de aperfeiçoar as comunicações telefônicas. Essa relação passou
a ser chamada de audibilidade. Eles haviam comprovado que a audição humana tem uma
percepção diferenciada para diferentes frequências e traçaram as curvas de audibilidade
para um ouvido humano médio. Constataram que o ouvido tem a maior capacidade para
perceber variações na intensidade em torno de 3000 Hz. Essas curvas, chamadas curvas de
Fletcher-Munson, em homenagem a eles, baseiam-se em dados colhidos a partir de
experimentos com muitas pessoas (observando-se que as mesmas respondiam a mudanças
63
de níveis sonoros para tons puros). Estabeleceram uma escala de nível de audibilidade
tendo como zero dB a frequência de 1000 Hz e um nível de intensidade ou pressão sonora
que fosse o mínimo possível para que este tom de 1000 Hz pudesse ser ouvido (seria o
limiar auditivo):
Zero dB = pressão de 2x10-5 N/m2 (ou Pascais)
Intensidade de 10 watt/m2
Potência sonora de 10-12 watt
Frequência de 1000 Hz
O nível de loudness é dado em Fon (phon, em inglês; vem do grego phone, som em
português), assim definido: um tom que tem um nível de loudness de n fones corresponde
a um nível de pressão sonora de n dB a 1000 Hz (ouvido médio).
Desde então outros pesquisadores têm aperfeiçoado a relação frequência x nível de
pressão sonora. A Fig. 1 mostra as curvas de iguais contornos de loudness, como medido
por Robinson e Dadson em 1956. Os números sobre as curvas são os respectivos fones e
MAF é a sigla para Minimum Audible Field.
64
flauta e um oboé possuem timbres diferentes ainda que estejam tocando no mesmo nível de
pitch, ou ainda que estejam tocando a mesma nota musical. Pois o timbre está associado ao
espectro sonoro que é uma forma de representação gráfica do som, composta de todas as
frequências que fazem parte da composição do som, num intervalo de tempo. Contudo, o
espectro não é o timbre. O espectro é uma quantidade física enquanto o timbre é uma
percepção sonora, portanto não são iguais. O subjetivo pitch associado a uma frequência de
300 Hz varia um pouco com o nível do som. O ouvido também possui sua interpretação
subjetiva dos harmônicos envolvidos no espectro, assim o timbre associado a determinado
instrumento pode diferenciar do espectro medido para o mesmo som produzido pelo
instrumento.
Limites de Audição
Nem todos os sons são audíveis para o ouvido humano. Duas curvas caracterizam
esses limites de audição: o limite de audibilidade que corresponde aos níveis mínimos de
audibilidade (curva de zero fon) e o limite da dor que corresponde à curva de 130 fones.
Entre esses dois contornos podemos caracterizar a área de audição humana. Em termos de
frequência, a audição humana está compreendida na faixa de 20 a 20.000 Hz, sendo
denominado infrassom se for menor que 20 Hz, e ultrassom se for maior que 20.000 Hz.
A área da fala está compreendida entre 100 e 8.000 Hz, onde 95% da energia está
concentrada nos 500 a 4.000 Hz, sendo porém os outros 5% imprescindíveis para a
compreensão (inteligibilidade) da fala. Uma boa porção da energia sonora da fala é
concentrada nas baixas frequências, entretanto a boa inteligibilidade depende das altas
frequências (o som dos “s”, por exemplo, é alta frequência).
A área da música é consideravelmente maior do que a da fala e se estende na faixa
de 34 Hz a 14.000 Hz.
Decibel
Em 1923, W. H Martin publicou um artigo no Bell System Technical Journal,
introduzindo uma unidade para perdas e ganhos nos circuitos telefônicos chamada de
transmission unit (TU) que era dez vezes uma relação logarítmica entre duas potências, a
medida e uma de referência
65
Em 1929, em novo artigo chamou a unidade de transmissão de Decibel, querendo
dizer deci-bel (Patronis e Davis).
O tom puro com audibilidade 16 sones é julgado subjetivamente como 2 vezes mais
intenso que um tom puro de mesma frequência, com audibilidade de 8 sones, e 4 vezes
mais intenso que um tom puro de mesma frequência, com audibilidade de 4 sones.
Sone expressa a sensação subjetiva de intensidade do som em uma escala linear. O
ouvido humano não tem sensibilidade igual para todas as frequências. Ele valoriza mais, ou
ouve melhor, as frequências compreendidas entre 500 e 5.000 Hz. Para baixos níveis de
intensidade sonora, há maior dependência da audibilidade em relação à frequência (Fig. 2).
Fig. 2
66
BIBLIOGRAFIA
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Sylvio R. Bistafa
Ed. Edgard Blücher
2006
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http://www.musicaeadoracao.com.br/tecnicos/matematica/matematica_musica/cap3.htm
67
Capítulo 9 - Psicoacústica e Paisagem sonora em Musicoterapia
Prelúdio ao Capítulo
“A DINÂMICA da vida é algo inusitado, por ser imprevisível”
Jacila Maria da Silvai
Parte 2
Aspectos da Expressão musical: Dinâmica (Dicionário Grove de Música)
Exemplo de Cultura Musical I: Claude Debussy e o silêncio em Música (um artigo
de Michel Fleury)
O Impressionismo (por François Nicolas)
A Paisagem sonora (M. Shaefer, O ouvido pensante)
A Musicoterapia
A Psicoacústica (Luis Henrique)
Os três tipos de audição (François Nicolas) - Exemplo de Cultura Musical II
A percepção do objeto, a audição da obra musical e a escuta da música (por François
Nicolas)
Origens, culturas e tradições
68
A experiência musical em conceito e arte
Finalização (por Seneca)
BIBLIOGRAFIA.
ANEXOS e Notas.
Resumo
Esta pesquisa reconhece possibilidades discursivas, formas de linguagem e
pensamentos sobre a linguagem, que colocam indagações sobre o que advém do registro do
sonoro, da quase ausência de som, do pianíssimo e da meia-voz. O que está em questão é o
reconhecimento da musicalidade na constituição de subjetividades, e, portanto, a presença
do musical na cultura, vale dizer, nos efeitos da sonoridade e do silêncio na experiência de
existência.
Considerações:
Durante muito tempo, se falou em som através de linguagens específicas da
acústica, da fonologia e da música. A partir do século XIX, foi necessário repensar a
matéria musical para além das dimensões anteriormente citadas e, na segunda metade do
século passado, surgiram dois conceitos básicos para estudarmos o sonoro em geral. São
eles: o conceito de objeto sonoro e o conceito de paisagem sonora.ii
69
Segundo Schaeffer, objeto sonoro não é: o instrumento que tocou (corpo sonoro,
fonte sonora ou instrumento); a fita magnética, pois poucos centímetros de fita magnética
podem conter diferentes objetos sonoros; um estado de alma, pois não é subjetivo. Para este
autor, “o objeto sonoro dá-se no encontro de uma ação acústica e de uma intenção de
escuta”, ou seja, o objeto sonoro é, por esta definição, o som.iii
No que tange à paisagem sonora, esta é abordada por Schafer como sendo os sons a
nossa volta. Vamos ter uma paisagem sonora física, objetiva, da cultura, e, uma paisagem
sonora interna, de cada sujeito, segundo este autor. Portanto, paisagem sonora será os sons
em torno e também aqueles que foram introjetados.iv
Nossa proposta aqui é pensar a experiência sonora, considerando a dimensão da
cultura, visando articular esta experiência com a potencialidade da criação. Estes conceitos,
de objeto sonoro e de paisagem sonora, serão relevantes ao relacionarmos a escuta musical
e a constituição do vivente. Poderemos pesquisar a relação compositor-criação musical; a
estética musical e o sentido estilístico da expressão musical. Estas relações serão vistas no
espaço e no tempo da criação, esta que se configura simultaneamente, entre sentidos, na
direção do compositor-ação-criação musical e criação-ação-compositor, em interação.
OBJETIVO:
O presente estudo tem por objetivo desenvolver pontos importantes para o
pensamento atual a partir das relações entre os saberes psicanalítico, musical e
psicoacústico, considerando-os espaços de produção de linguagem científico-filosófico-
cultural com inserção numa estilística da existência. Quer dizer, através destas relações
buscamos tecer diálogos a respeito do corpo, da singularidade, da sublimação enquanto
criação, do pensamento e da linguagem constitutivos de subjetividades e que possibilitam o
enriquecimento da cultura.
METODOLOGIA:
Pesquisa teórica, bibliográfica, que considera diálogos e entrevistas filosófico-
científicas, experimentos em laboratórios de física e experiências em observatórios
musicais, seminários de pesquisa e eventos de cultura musical.
70
INTRODUÇÃO
Música, entre silêncios, ritmos e sons
71
a água que bebemos e nos banhamos deve ser a mais “pura e cristalina”, o ar que
respiramos deve ser o mais oxigenado, suave e silencioso quanto possível. Os silêncios são
os elementos que possibilitam a existência da musicalidade. São os elementos que nos
fazem reconhecer uma composição de sons enquanto musical. Quer dizer são constituintes
do musical e, portanto, essenciais à existência dos elementos que constituem música “em
si” e musicalidade e ritmicidade no mundo e “em ser”, à existência da música e à nossa.
Exercício:
A Escuta Musical
Sente-se de forma confortável
Feche os olhos e leve a atenção aos sons ambientes...
Do som mais próximo ao mais distante
E dos sons mais distantes ao mais próximo
Até entrar em profundo silêncio...
Mantenha a sensação de silêncio, até que você se torne plenamente relaxado.
Entre em contato com um estado silencioso de consciência e
Leve a atenção à sua respiração...
E, se ainda sentir alguma sensação desagradável no corpo, faça uma inspiração
suave e profunda e, ao expirar, relaxe mais e mais...
Você está em contato com seu silêncio interior...
Retorne gentilmente deste estado prestando a atenção em seu corpo e nos sons ambientes.
Realize esta Prática como preparo a uma escuta musical.
72
O idioma musical
A linguagem musical é constituída de forma a acolher diversas possibilidades
sonoras e ausências de sons, silêncios (...), as pausas, os espaços de tempo e as entonações,
nuances das ondas sonoras (...) expressões que causam impressões.
73
A NOTA AZUL
A NOTA AZUL pode ser a nota cujo espectro nos faz vibrar em ressonância.
Vejamos então quais as questões que Alain Didier–Weill, psicanalista e escritor
francês, formula a partir da experiência do artista ao psicanalista. Estas que advêm da
experiência artística.
A NOTA AZUL (Alain DIDIER-WEILL, 1997): A primeira pergunta que o
analista recebe do artista, quando este é dançarino, é quanto à possibilidade de
imaterialidade do corpo. Esta imaterialidade que surge mediante a “presentificação” do
imaginário e da palavra.vii
“Não é o artista aquele que nos instrui sobre a aptidão do corpo para recusar
o peso ao dar testemunho de sua parte de imaterialidade?”viii
A segunda questão que o artista coloca para o psicanalista surge quando o sintoma
humano está ligado à perturbação da imagem. Esta questão é colocada pelo pintor.ix Diz
Didier-Weill:
“O sofrimento ligado à imagem do corpo prende-se ao fato de que esta
imagem é estruturada como fundamentalmente dependente do olhar do outro.”x
“É neste ponto que o analista que se interroga sobre a estrutura do olhar que
ele próprio pousa no analisando encontra a questão do olhar do pintor: não é o
pintor aquele que sabe ouvir o invisível e sabe deixá-lo à mostra com algumas
manchas de cor?”xi
74
assumir o poder metafórico da palavra é indutor do sintoma humano, que o
analisando é levado a recolher do poeta, do músico, a seguinte pergunta: de que é
feita a sua relação com a linguagem se, por sua prática, ele é conduzido a subverter
o que a prosa faz ouvir de sensato, fazendo ouvir, pelo poema e pela música, o que o
poema e ou a música transmitam de propriamente inaudito?”xii
75
palavras que foram desprovidas de afeto; - dificuldade de expressão do analisando e de
utilizar a palavra ou a voz como forma de expressão, ou seja, de fazer uso das
possibilidades sonoras e mesmo de recursos tais como os de figuras de linguagem em sua
fala; - ambiguidade e incongruência presentes na fala do analisando; - repetição, fixidez e
rigidez do analisando. Enfim, estas questões nos fazem pensar na subjetividade do
analisando e no que dele não está se fazendo audível nas suas relações.
Através desta formulação, Alain Didier-Weill coloca que, “as três faces do sintoma
conduzem o analista a interrogar o inaudito, o invisível e o imaterial, dos quais o músico, o
pintor, o dançarino são os embaixadores”. Em continuidade, sua preocupação vai mais
além, quando ele amplia os horizontes da psicanálise, ampliando o setting, de forma a
colocar a psicanálise no espaço social. Neste espaço, portanto, a psicanálise não jogaria “o
irracional contra o racional”, mas sim, “o racional com o irracional”. “Entre a clareza da
razão e a exigência obscura da pulsão, a psicanálise põe em evidência um terceiro ponto: a
palavra do sujeito do inconsciente(...)”.xiv
É no sentido de uma crítica à sociedade moderna, que Didier-Weill aborda o mal-
estar do homem moderno como decorrente de um saber absoluto, de um “olho anônimo
científico”, que tomou o lugar do olho divino. Somos olhados de todas as partes, diz
Didier-Weill, de um olho macroscópico do satélite aos microscópios e endoscópios. Este
“olho anônimo científico” parece poder medusar o olho humano, aniquilando o sujeito do
inconsciente via desfalecimento do verbo. O humano, portanto, seria reduzido, por este
olhar medusante, “à pura materialidade de um corpo petrificado, (...) destituído de qualquer
habitação simbólica”.xv
Assim, Didier-Weill conclui sua abordagem sobre o ato artístico, relevando a
importância deste como destino para o mal-estar que a modernidade impõe e, sobretudo,
como saída da massificação, resgatando a singularidade humana via reconhecimento do seu
invisível, inaudito e imaterial.xvi Vale transcrever suas palavras:
“Como compreender o sentido do ato artístico senão como a tentativa feita
pelo homem de lutar contra essa ameaça, substituindo ao homem, ameaçado de
anonimato pelo saber absoluto, a parte de incógnito que é seu bem mais íntimo?
Onde o homem observado de todos os lados, fica transparente, eis que o pintor
recorda-lhe que ele continua habitado pelo invisível; onde o homem é ouvido de
76
todos os lados por todas as mídias, pelas estatísticas, pelas pesquisas de opinião, a
música vem lembrar-lhe que, ao contrário e contra tudo, o inaudito conserva suas
exigências; onde os movimentos do homem são calibrados, por todos os lados, pelas
marchas militares e, hoje em dia, sobretudo pela maneira de movimentar-se dos
novos ídolos que são os stars, o dançarino é aquele que relembra ao homem o fato
de que nele permanece um movimento original cujo caráter absolutamente
inimitável ele tende a esquecer, dada a pregnância das imagens que sugerem a
imitação massificada.”xvii
O OUVIDO MUSICAL
Cada pessoa pode se beneficiar das impressões que recebeu durante toda
vida a todo instante.
As impressões, sensações da memória corporal, são ditas, em música, como
percepção musical. E, o trabalho advindo dos exercícios de escuta musical,
treinamento do ouvido, nos diz do ouvido musical.
Quer dizer, o ouvido musical se constitui em exercícios de escuta de
registros sonoros, tais como, por exemplo, a percepção de intervalos musicais.
Podemos perceber diversas qualidades musicais. O timbre é uma qualidade
que nos permite distinguir as nuances dos diversos tipos de produção sonora, por
exemplo: se o instrumento que está tocando num registro sonoro é um instrumento
de sopro, ou uma voz, ou ainda um instrumento de cordas.
Um bom exercício de escuta musical é prestar a atenção aos instrumentos-
solo de uma orquestra, àquele que está conduzindo a discursividade musical de
forma melodiosa ou, ainda, a discursividade melodiosa da forma musical.
77
o FRASEADO MUSICAL. Este pode ser percebido também na execução
instrumental, no tocar dos instrumentos musicais em geral.
Parte 2
à Músicaxviii
78
Exemplo de Cultura Musical I:
Ópera – Pelléas et Mélisande de Claude Debussy - A música do silêncio – foi o título de
um artigo de Michel Fleury ( Michel Fleury – p. 10 - Cadences no. 176/septembre 2004,
Parisxx) que nos fala da tendência a uma “desmaterialização do material sonoro”, uma
inclinação que Debussy manifesta desde cedo, marcada pela “música do silêncio”. Em
colaboração com a literatura da época, o início do século XX, é certamente em Pelléas que
esta fascinação pelo inatingível encontrou sua maior expressão.
__________________________________________________________________
IMPRESSIONISMO
IMPRESSIONNISME
Por François Nicolasxxii (NICOLAS, F., “L’Impressionnisme” in Schoenberg, p.62-64)
79
O que existe musicalmente existe em si, e existirá sempre
independente da impressão de uma ou outra orelha concreta.
E é bem nisto que nasce a verdadeira sensação musical:
quando ela é entendida como sensação de obra e não mais
impressão do auditor.
Aliás, (...) é bem desta forma que nasce todo músico-
sujeito : quando, por graça, ele descobre esta possibilidade que
ele tinha em si e que ignorava até então, de sair de seu ser
ordinário para se ter um momento em um outro mundo, (dirigir-
se à), o da música, onde os que falam e trocam se chamam
Toccata em Ré menor, Fantasia op.17, Noite Transfigurada e
não mais Jean-Sébastian Bach, Robert ou Arnold?
Na verdade a música não é feita para ser ouvida
(compreendida, entendida). Ela é feita para ser “jogada”
(tocada). Somente a conhecemos pelo tanto que a fazemos, e
todo verdadeiro ato de audição musical é bem isto: não uma
recepção, mas uma participação, não um encaixe de impressões
que conviria interiorizar e colocar em circulação no interior de
um si pré-existente, em relação com as outras emoções,
sentimentos e impressões do indivíduo, mas uma radical saída
de si, de seu eu, um ato voluntário pelo qual o auditor se
desloca, para prestar (emprestar) um tempo seu corpo (...) a
este sujeito musical(...).
Somando tudo, durante o tempo que ele “faz” música –
melhor: que ele faz a música como dizemos que fazemos (o)
amor “fazemos amor” -, o músico se torna um gesto de música.
Uma vez àquela feita, uma vez a obra musical realizada, o
musicista retorna à sua condição de resíduo (resto, dejeto)
musical.xxiii
Paisagem Sonora
80
• Pensar paisagem sonora é nos dar conta do ambiente sonoro da nossa
cultura. Este ambiente que varia em época, no tempo, e, em lugar, nos
diversos espaços. Existe um espaço sonoro que constitui a nossa
existência e que pode ser delimitado em diversos momentos de um
mesmo tempo. Por exemplo, o ambiente sonoro do nosso trabalho, da
nossa moradia, de uma biblioteca, de uma rua, de uma região e de uma
cidade. Também podemos pensar nas possibilidades silenciosas da
cultura e nas qualidades sonoras valorizadas nesta cultura. Isto pode
contemplar as produções artístico-musicais, a educação e a saúde – um
pensamento sobre o meio-ambiente.
A MUSICOTERAPIA
• A musicoterapia é uma prática terapêutica que consiste na utilização da
música ou seus elementos (ritmo, melodia e harmonia) como tratamento
terapêutico, mas pode ser aqui um estudo facilitador da saúde em
educação. Fazemos parte de uma paisagem sonora, que nos envolve e
influencia, moldada pela cultura na qual estamos inseridos. A arte como
elemento constituinte da cultura – sendo a cultura um espaço de relação
com o outro – possui um papel importante na constituição do sujeito.
Em continuidade, a música, como uma das artes, desempenha um papel
fundamental nesta constituição. Assim, o som, o silêncio e o ritmo são
considerados elementos constitutivos, na medida em que são constantes
na vida do vivente em sua relação com o outro.
A Psicoacústica
• A acústica musical pode objetivar o estudo, compreensão e análise de
fenômenos musicais. O estudo do som é feito por aparelhagem
adequada, com a qual se realizam medições das suas características
físicas. “Por outro lado, o som provoca no ouvido humano determinadas
sensações auditivas, (...) características psicológicas (...) são subjetivas e
81
sua apreciação varia de pessoa para pessoa. As características
psicológicas também podem ser medidas, sendo esta medição o objetivo
da psicoacústica”.xxiv Neste sentido, seguem as seguintes definições:xxv
Em continuidade:xxvii
• “Quando se trata de gravações complexas, as tarefas (...) devem ser
divididas por duas pessoas que colaboram entre si (Hugonnet e Walder,
1995): o responsável pela realização técnica da captação (engenheiro de
som) e o responsável pela realização artística musical ou literária da
captação (diretor de som)”.
82
• Neste sentido escreve Henrique: “(...) o técnico (ou engenheiro) de som
(é) um intérprete. Mas a captação sonora (...) exige conhecimentos
científicos técnicos e acústicos (...)”.xxviii
83
de um tempo musical sensível, de um tempo singular composto pela
obra, deste tempo singular que é a obra. Esta audição permanece no fio
do tempo, tendo desta vez os meios de ser ativa, de modular a atenção
auditiva em função do que se passa. Em resumo, ela pode reduzir a
exterioridade do auditor, em contrapondo ativamente as sensações
próprias à obra, em a “jogando”, tocando então.
84
preciso advir a um ponto que permite ao auditor se incorporar à
obra ao tempo de sua apresentação sensível. Para escutar
verdadeiramente a música de uma obra, é preciso, a partir de um
momento, a instauração de se aderir à obra, de prestar seu corpo
ao sujeito musical efetivo.
85
Considerando o sistema psicofísico, o corpo enquanto instrumento ganha
importância nas práticas e técnicas de si. Instrumento ao saber, estas são exercícios que
revitalizam as células, os pensamentos, os sentimentos, as emoções, as criações, o mundo
anímico-psíquico que qualifica o corpo em ser, ser energia de trabalho à vida.
Conseguimos, então, transformar emoções intensas, pensamentos e sentimentos, qualidade
e quantidade, através de exercícios habilidosos do ser: ser músico, ser médico, ser um
instrumento em exercício habilidoso de paz, todos professores, mestres de si nas regências
de mundo. Nesta orquestra está o reconhecimento de cada instrumento-ser como único e
intransferível, das singularidades que compõem a orquestração.
86
sonoridades, quando a música é silêncio, ela é a experiência mais silenciosa a que podemos
chegar, conduzidos por seu chamado encanto. A música viva é este movimento de
silenciamento de mundo, seja o mundo dos pensamentos, da verborragia mundana ou da
mente, tudo em um só tempo, o da ritmicidade de se deixar conduzir pela experiência
musical, sem nada perceber em um instante, este em segundos nas composições modernas
ou em momentos na escrita clássica.xxx
No que tange à dinâmica musical, das ondas sonoro-ritmico-musicais, a saber: a
vibraçãoxxxi da música no corpo é a dança; a vibração da música na voz é o canto; a
vibração da música na fala é o recitativo; a rítmica na escrita é a poiesis, a poesia, o poema,
a poética; o ritmo no pincel é a pintura; a ressonânciaxxxii da música na almaxxxiii, é a
experiência musical e as marcas desta experiência no ser vivente compõem sua
musicalidade.
E, ainda, a inter-relação musical em terapia é musicoterapia; a erudição musical,
estudo da música, é musicologia. E, o profissional em música é músico ou musicista,
aquele que aprecia a música é ouvinte e a música endereçada ao público é audição.
Observação: no momento em que acontece a ressonância, a dimensão doador-
receptor se perde. Isto se estende para a experiência musical, onde a fonte e a recepção
estão ressonantes em uma só experiência em interpretação-criação sonoro-rítmico-musical.
É esta dimensão de interação em um só tempo que caracteriza a experiência musical, o
momento interativo onde o ser música prevalece sobre todas as outras possíveis
experiências - o eu se dissolve em música. Neste momento as freqüências vibracionais são
equivalentes.
A música estabelece relação com o sentido audição. Este sentido capta os
fragmentos sonoros advindos do ar. As sonoridades estão no ar e a audição é
prioritariamente aérea, etéreaxxxiv. Bem certo estão as colocações das relações do som, das
vibrações e freqüências, que se fazem sentir pelo sentido tátil. Mas este sentido do som se
mantém, quer dizer, o som nos chega conduzido pelo ar, pelo mesmo ar espacial que nos
movemos ou respiramos. Tempo e espaço interagem neste momento único e singular das
esferas musicais.
87
É, portanto, a partir do estilo que podemos dizer das práticas de si em música como
estilística da existência, arte da existência. Sendo este o ponto de conceituação deste estudo
em sua possível relação dinâmicaxxxv.
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ANEXO
ACÚSTICA (Sadie, Stanley, Grove de Música, 1994, p.6)xxxvii
• “A ciência do som e da audição. Trata das qualidades sônicas de recintos e
edificações, e da transmissão de som pela voz, por instrumentos musicais e por
meios elétricos.”
• “O som é gerado por vibrações transmitidas à atmosfera pela fonte sonora como
flutuações de pressão, e daí ao tímpano do ouvinte. Quanto mais rápida a vibração
(ou maior sua ‘frequência`) mais agudo o som. Quanto maior a amplitude da
90
vibração mais intenso será o som. A maioria dos sons musicais consiste não só de
vibrações regulares em uma freqüência particular, mas também de vibrações em
vários múltiplos desta freqüência. A freqüência do dó central é de 256 ciclos por
segundo (ou Hertz, Hz); mas quando se ouve um dó central, há componentes do
som vibrando a 512Hz, 768Hz etc. (os Harmônicos). A presença e a força relativa
desses harmônicos determinam a qualidade do som. A diferença de qualidade, por
exemplo, entre uma flauta, um oboé e um clarinete tocando a mesma nota é que o
timbre da flauta é relativamente ´puro` (tem poucos e fracos harmônicos), o do oboé
é rico em harmônicos mais agudos, e o do clarinete tem uma preponderância de
harmônicos ímpares. O espectro harmônico característico a cada um deve-se
basicamente ao modo pelo qual a vibração do som é ativada (na flauta, pela
passagem de ar através de uma fenda; no oboé, pela palheta dupla e, no clarinete,
pela palheta simples), além da forma do tubo acústico. Quando os lábios dos
executantes são o agente vibrador, como na maioria dos instrumentos da família dos
metais, o tubo é capaz de produzir tanto a nota fundamental como os outros
harmônicos, por meio da pressão labial do executante”.
91
• “Na gravação do som, os padrões de vibração estabelecidos pelo instrumento ou
instrumentos a serem registrados são codificados por meio analógico (ou, em
gravações recentes, digitalmente), em termos de impulso elétrico. Esta informação
pode então ser armazenada, em forma mecânica ou elétrica, e em seguida
decodificada, amplificada e direcionada a alto-falantes que por sua vez transmitem o
mesmo padrão de vibração ao ar”.
NOTAS DE REFERÊNCIAS:
i
Grata ao convite da Professora Dra. Maria Lúcia G Perez Baptista em participar do livro do Projeto A Física
na Música do Departamento de Eletrônica Quântica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Novembro
de 2010.
ii
BARCELLOS, L.R.M. Cadernos de Musicoterapia vol. I, Rio de Janeiro: Enelivros, 1992.
iii
SHAEFFER, P., Tratado dos objetos musicais. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1993, p.248.
iv
SHAFER, M., O ouvido pensante. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991.
v
Les Choristes.
92
vi
SADIE, Stanley. Dicionário Grove de música; editora assistente Alison Latham; trad. Eduardo Francisco
Alves. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, p.6.
vii
DIDIER-WEILL, Alain. Nota Azul: Freud, Lacan e a Arte; colaboração Azourin, Rabant e Jorge; trad.
Lacerda C. e Moraes M. J., Contra Capa Livraria Ltda. Rio de janeiro: 1997, p. 21 e 22.
viii
Ibid., p. 22.
ix
DIDIER-WEILL, A, 1997, op. cit., p. 22.
x
Ibid.
xi
Ibid., p. 24-25.
xii
DIDIER-WEILL, A, 1997, op. cit., p. 25-26. Onde lê-se analisando, leia-se analista.
xiii
Embolada, forma poético-musical do Nordeste brasileiro, em compasso binário, melodia declamatória, e
andamento rápido, usada pelos solistas nas peças com refrão coral ou diálogos (como desafios). FERREIRA,
A B. de H., Dicionário da Lingua Portuguesa, 1986, op. cit.
xiv
DIDIER-WEILL, A., 1997, op. cit., p. 33.
xv
Ibid., p. 34.
xvi
DIDIER-WEILL, A., 1997, op. cit., p.34-35.
xvii
Id.
xviii
Hino à Música. PRIOLLI, M. L. M., 1981, op. cit., p. 139.
xix
SADIE, Stanley. Dicionário Grove de música; editora assistente Alison Latham; trad. Eduardo Francisco
Alves. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, p. 269.
xx
Fleury, M., « La musique du silence ». In Cadences no. 176. Paris:septembre, 20014, p. 10.
xxi
Texto resumido e traduzido por Jacila Maria da Silva.
xxii
NICOLAS, F . La singularité Schoenberg. France : L`Harmattan, Ircam / Centre Georges Pompidou. Les
cahiers de l`Ircam, 1997.
xxiii
Tradução e resumo de Jacila Maria da Silva.
xxiv
HENRIQUE, Luis L. Acústica Musical, Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa, 2ª edição,
2007, prefácio e p.169.
xxv
HENRIQUE, L, 2007, op. cit., p.860.
xxvi
HENRIQUE, L., ibid., p. 917.
xxvii
HENRIQUE, L., ibid., p. 916.
xxviii
HENRIQUE, L., ibid., p.918.
xxix
Conceito: palavra que não consta em dicionários de música. Vide Dicionários de idiomas e de filosofia.
Mais que um conceito a musica diz respeito à experiência, ela é ser em experiência.
29.1 – CONCEITO: Do dicionário de Filosofia, p. 48-49: (do latim concipere: pensamento, idéia)
– Em sentido geral, o conceito é uma noção abstrata ou *idéia geral, designando seja um objeto suposto único
(ex.: o conceito de Deus), seja uma classe de objetos (ex.: o conceito de cão). Do ponto de vista lógico, o
conceito é caracterizado por sua extensão e por sua compreensão.
– Para Kant, o conceito nada mais é do que uma encruzilhada de juízos virtuais, um esquema operatório cujo
sentido só possuiremos quando soubermos utilizar a palavra em questão. Ele distingue: a) os conceitos a
priori ou puros (categorias do entendimento): conceito de unidade, de pluralidade, de causalidade etc.; b) os
conceitos a posteriori ou empíricos (noções gerais definindo classes de objetos): conceito de vertebrado,
conceito de prazer etc.
– Em seu estilo matemático, o conceito é uma noção de base que supõe uma definição rigorosa (ex.: o
conceito de círculo: figura gerada por um segmento de reta em torno de um ponto fixo). Nas ciências
experimentais, o conceito é uma noção que diz respeito a realidades ou fenômenos experimentais bem
determinados (ex.: o conceito de peso, o conceito de ácido etc.)
– Termo chave em filosofia, o conceito designa uma idéia abstrata e geral sob a qual podemos unir diversos
elementos. Só em parte é sinônimo de idéia, palavra mais vaga, que designa tudo o que podemos pensar ou
que contém uma apreciação pessoal: aquilo que podemos pensar de algo. Enquanto idéia abstrata construída
pelo espírito, o conceito comporta, como elementos de sua construção: a) a compreensão ou o conjunto de
caracteres que constituem a definição do conceito (o homem: animal, mamífero, bípede etc.); b) a extensão ou
o conjunto dos elementos particulares dos seres aos quais se estende esse conceito. A compreensão e a
93
extensão se encontram numa relação inversa: quanto maior for a compreensão, menor será a extensão; quanto
menor for a compreensão, maior será a extensão.
xxx
AS PAUSAS... (Dicionário GROVE de Música, p. 707): “Signo notacional que indica a ausência de
qualquer som; na notação tradicional, cada valor de nota tem uma pausa equivalente”.
xxxi
VIBRATION : (Le Petit Robert, p. 2667) Fin XVIIe : mouvement, état de ce qui vibre. Phy : oscilation de
fréquence élévée et de faible amplitude. Peut désigner soit un periode compléte du phénomène (oscilation),
soit le mouvement oscillatoire envisagé globalement (système qui entre en vibration).(...)VIBRER : vibrare :
se mouvoir périodiquement autour de sa position d`équilibre avec une très faible amplitude et une très grande
rapidité ; être en vibration.
xxxii
RESSONÂNCIA: em física: Uma onda, além de interagir com outra onda, pode interagir com um corpo
material. Tal fenômeno é denominado ressonância. Neste fenômeno, a onda está fornecendo energia com uma
freqüência igual à freqüência de ressonância (natural) do corpo material. Este, por sua vez, absorve a maior
quantidade possível de energia.
Em casos nos quais ocorre destruição do corpo material (uma taça de cristal partindo-se na presença de um
som agudo, uma ponte que desaba ao ser excitada por um vento forte ou uma arquibancada a desmoronar
diante de aplausos e fortes batidas feitas com os pés pelos torcedores em uníssono etc.) as ondas chegam com
a freqüência corretamente igual à de ressonância do corpo, causando oscilações cada vez mais intensas que
tornam-se capazes de destruir o corpo material. Em experimento, podemos notar este fenômeno nas Lâminas
Ressonantes, onde lâminas com a mesma freqüência trocam energia em ressonância. (HENRIQUE, Luis L.
Acústica Musical, Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa, 2ª edição, 2007).
xxxiii
Alma: espírito encarnado no corpo. Em Freud, a psique.
xxxiv
De Éter: Física: Meio elástico hipotético em que se propagariam as ondas eletromagnéticas. Dicionário
Aurélio.
xxxv
DINÂMICA (Dicionário Grove de Música, SADIE, S, 1994, p.269): Aspecto da expressão musical
resultante de variações na intensidade sonora. As instruções de dinâmica surgiram na música para Alaúde já
no século XVI, mas foram raras até o XVII, quando as indicações PIANO e FORTE entraram em uso
corrente. Apesar dos sinais para CRESCENDO e DIMINUENDO só serem encontrados a partir do século
XVIII, tais efeitos já eram conhecidos anteriormente e representados por uma série de símbolos. Em grande
parte da música barroca, a estrutura e a disposição dos instrumentos permitem inferir os diferentes planos de
volume sonoro. Na música orquestral italiana da primeira metade do século XVIII, o CRESCENDO e o
DIMINUENDO tiveram presença marcante, característica absorvida pelos compositores da escola de
Mannheim, em meados do mesmo século, constituindo fator estrutural em sua música. O uso do
CRESCENDO como efeito coral é bem posterior, datando provavelmente de meados do século XIX. As
indicações padrão de dinâmica são assim convencionadas: pp (PIANÍSSIMO, “com volume sonoro muito
reduzido”), p (PIANO, “com pouco volume sonoro”), mp (MEZZO PIANO, “com volume moderado”), mf
(“moderadamente intenso”), f (FORTE, “com intensidade sonora”), ff (FORTÍSSIMO, “com muita
intensidade sonora”). Compositores românticos tardios acrescentaram ps ou fs para efeitos ainda mais
enfáticos; é Tchaikövsky quem talvez detenha o recorde, com seus pppppp no final do primeiro movimento da
Sinfonia n.6.
xxxvi
SENECA In CD Aquática, Nova Manhã, 2001.
xxxvii
SADIE, Stanley. Dicionário Grove de música; editora assistente Alison Latham; trad. Eduardo Francisco
Alves. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, p.6.
94