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Quando ficamos com raiva, também temos a tendência a personalizar as ações da outra
pessoa. Uma das vantagens dos Registros de Pensamentos é que ajudam a ponderar
sobre esses tipos de reações. Você pode aprender a fazer a si mesmo perguntas que o
ajudam a levar em conta as intenções da outra pessoa. Os Registros de Pensamentos
podem ajudá-lo a considerar explicações alternativas para o comportamento dos outros.
Você consegue lembrar-se de alguma vez em que passou na frente de outra pessoa que
estava esperando na fila porque não a viu ali parada? Você não teve a intenção de tirar
proveito dela. Ao contrário, aquele foi um simples engano que qualquer um comete em
algum momento.
Aprender a interpretar as ações das outras pessoas, a considerar suas intenções de forma
mais respeitosa e a encarar as situações a partir de diferentes perspectivas são formas
úteis de responder à raiva. Pensamentos de raiva frequentemente colocam as pessoas em
caixas, por assim dizer.
No exemplo anterior, Ricardo ficou com muita raiva de João quando ele lavou sua
camisa e ela encolheu. Ricardo o chamou de “descuidado” e “negligente”.
Frequentemente, rotulamos outras pessoas como Ricardo fez quando ficou com raiva.
Se esses rótulos são usados com frequência, eles se transformam em caixas que
bloqueiam nossa visão flexível das intenções da outra pessoa. Se Ricardo continuasse a
pensar em João como “negligente”, poderia começar a interpretar erroneamente muitos
comportamentos como se fossem uma comprovação desse rótulo. Por exemplo, se João
entrasse na cozinha e se servisse de uma xícara de café, Ricardo poderia pensar “Oh, ele
é tão negligente. Ele não me ofereceu uma xícara”. Ricardo não levou em consideração
que João sabia que ele nunca tomava mais de uma xícara de café e que já tinha tomado
uma xícara naquela manhã. João não estava sendo negligente, estava demonstrando
estar atento aos hábitos de Ricardo. Na verdade, João se achava atencioso e carinhoso, e
seu comportamento em geral respaldava isso. Colocar uma pessoa em uma caixa com
um rótulo geralmente resulta em muitas falsas interpretações e aborrecimentos
desnecessários.
Se você percebe que está rotulando e julgando alguém em sua vida de forma constante,
isso com frequência é um sinal de que colocou essa pessoa em uma caixa. Quando você
se dá conta disso, existem várias coisas que pode fazer para reduzir sua raiva e abrir a
caixa. Primeiramente, você pode tomar consciência de questões que pressionam seu
“botão de alerta”.
Ricardo percebeu que era muito sensível a sinais de que seus sentimentos e
necessidades estavam sendo ignorados. Quando seus botões de alerta são pressionados,
em vez de reagir com raiva, você pode tentar ser um observador não incriminador e
obter mais informações a fim de testar seus pressupostos sobre as intenções das outras
pessoas. Ricardo queria melhorar seu relacionamento com João. Portanto, em vez ficar
silenciosamente enraivecido por ele ter se servido de uma xícara de café, perguntou:
“Por que você não me serviu uma xícara de café?”. Isso deu a Ricardo a oportunidade
de testar seu pressuposto de que João estava sendo negligente com ele. João respondeu:
“Vi que você já tomou café hoje de manhã e sei que nunca toma mais que uma xícara.
Mas se quiser outra, posso te servir com prazer. Vou passar o café na hora”. A resposta
de João forneceu a Ricardo informações adicionais e o ajudou a se dar conta de que o
comportamento de João não era absolutamente “negligente”. A vantagem de reunir mais
informações quando começamos a pensar negativamente sobre os outros é que isso nos
ajuda a compreender as ações das outras pessoas sob novos ângulos.
Outros métodos que podem ajudá-lo a controlar a raiva incluem antecipar e se preparar
para acontecimentos que o colocam em risco de experimentar raiva, reconhecendo os
primeiros sinais de alerta dela, dando um tempo, treinando a assertividade e fazendo
terapia de casal ou de família.
Dar um tempo
Dar um tempo pode ser uma forma eficaz de controlar a raiva. Dar um tempo envolve
afastar-se da situação em que está quando os primeiros sinais de alerta indicarem que
sua raiva pode sair do controle. Dar um tempo ajuda a recuperar o controle sobre si
mesmo e sobre a situação. Você tem a oportunidade de se lembrar do que é importante e
do que está tentando obter.
O uso eficiente desses intervalos envolve o reconhecimento dos primeiros sinais de que
a raiva está interferindo em como você quer manejar a situação ou que está se tornando
destrutiva. Pode-se usar os intervalos como os atletas fazem: para se reagrupar,
desenvolver estratégias, relaxar ou simplesmente descansar. Seu intervalo pode durar
cinco minutos ou até mesmo 24 horas. Ele não é usado para evitar uma situação, mas
para capacitá-lo a abordá-la a partir de um novo ângulo e com um novo início. Algumas
vezes, o simples fato de se afastar da situação já ajuda a encará-la de forma diferente.
Durante o intervalo, você também pode praticar os exercícios de relaxamento. Você vai
descobrir que aproveita ao máximo o intervalo quando o utiliza para testar seus
pensamentos de raiva. Algumas pessoas tentam retornar à situação com uma nova
estratégia em mente para minimizar a possibilidade de uma explosão de raiva.
Você pode usar a criação de imagens para praticar o que deseja dizer e fazer antes de
retornar à situação.
Assertividade
Aprendendo a ser assertivo, você reduz suas dificuldades com a raiva. A assertividade é
com frequência descrita como um ponto intermediário entre ser agressivo e permitir
passivamente que alguém se aproveite de você. Quando somos agressivos, atacamos a
outra pessoa.
Como exemplo, apresentamos aqui três respostas a alguém que nos chama de “imbecil”.
Agressiva: “Se você acha que sou imbecil, você é um idiota!” (Gritando)
Assertiva: “Você pode achar que sou imbecil, mas vamos voltar ao problema real, que é
XYZ.” (Calmo e firme)
Por exemplo, suponha que você está voltando para casa do trabalho e seus filhos
começam a pedir sua atenção, todos ao mesmo tempo. Se estiver cansado e tentar
satisfazer as necessidades deles (passivo), você começará a se sentir sobrecarregado e
acabará explodindo de raiva (agressivo).
Geralmente é melhor ser assertivo e dizer algo como: “Estou muito cansado e preciso de
alguns minutos antes de brincar com vocês”. Isso dá tempo para você se recuperar,
lembrar-se do quanto ama seus filhos e preparar-se para passar um tempo com eles e/ou
definir limites quando necessário. Dessa maneira, a assertividade reduz a frequência
com que você é tratado injustamente ou se aproveitam de você, e assim pode prevenir
situações que provocam raiva. Também dá a você maior sensação de controle em sua
vida.
Quatro estratégias para ajudá-lo a planejar e praticar respostas assertivas
1. Use afirmações do tipo “Eu”. Afirmações de raiva costumam começar com a palavra
“você” e expressam acusação pelos problemas (p. ex., “Você sempre pensa primeiro em
si”). Iniciar uma conversa dessa maneira coloca a outra pessoa na defensiva e, assim,
diminui a possibilidade de que ela escute o que você tem a dizer. Respostas assertivas
frequentemente começam com “Eu” e expressam suas reações, necessidades e desejos
(p. ex., “Eu realmente gostaria que você ouvisse o que estou pensando e sentindo”).
Expressar uma necessidade ou solicitação aumenta as chances de fazer a outra pessoa
escutar sua mensagem, e, desse modo, provavelmente a conversa será produtiva.
2. Reconheça o que há de verdade nas queixas que alguém tem de você e, ao mesmo
tempo, defenda seus direitos. Por exemplo, imagine que alguém pede para fazer alguma
coisa e você diz não. A outra pessoa então diz: “Mas preciso muito que faça isto para
mim, e me parece egoísta que você não ajude, já que pode”. Você pode responder:
“Compreendo que você esteja despontado, mas preciso dizer que não, porque realmente
estou muito cansado agora. Isto não é ser egoísta; é apenas cuidar um pouco de
mim”.
4. Foque o processo de assertividade em vez dos resultados. Ser assertivo não significa
que você sempre vai conseguir o que pede. O objetivo da assertividade é a comunicação
clara. Mesmo que não exista garantia de que cada declaração assertiva levará ao
resultado desejado, a comunicação assertiva consistente provavelmente, com o tempo,
produzirá
relações mais positivas.
Esses pressupostos são prejudiciais às relações. Mesmo as pessoas que gostam muito
de nós com frequência não sabem o que queremos ou do que precisamos. O pressuposto
de que as pessoas deveriam saber sem que precisássemos dizer leva a mágoa e raiva
frequentes.
Fazer afirmações claras e simples sobre nossos desejos e necessidades é uma boa
habilidade de relacionamento e frequentemente reduz a mágoa e a irritação que podem
conduzir à raiva.