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Ginástica Acrobática: o treino na iniciação

Escola Secundária de Valongo

Curso Profissional de Técnico de Desporto

Prova de Aptidão Profissional (PAP)

Ginástica Acrobática: O treino na iniciação

Nome: Inês Vieira

Nº: 12

Turma: 3ºTD

Ciclo de formação: 2018\2021

Junho de 2021

Escola Secundária de Valongo


Ginástica Acrobática: o treino na iniciação

Agradecimentos

Este estudo foi resultado de diversas contribuições, dadas de uma forma


direta e indireta, mas todas elas essenciais à sua realização. Pelo que gostaria de
expressar os meus sinceros agradecimentos a todos os que tornaram possível este
trabalho.

Agradeço, inicialmente, à minha família por acreditarem sempre nas minhas


capacidades, por me apoiarem e por me ajudarem a ultrapassar os momentos mais
difíceis.

Agradeço ao Professor Paulo Sá, o meu orientador, pelas oportunidades, pelo


incentivo, pela motivação, pela persistência, por acreditar nas minhas capacidades e
pelo apoio ao longo destes três anos de curso.

Agradeço à minha treinadora, Mafalda Rodrigues, pela preocupação, pelo


acompanhamento e pela sua disponibilidade constante.

Agradeço ao meu orientador de estágio, Adriano Magalhães, pelo


conhecimento que partilhou comigo durante o período de estágio e sua pela
disponibilidade.

E, por fim, agradeço a todos os professores que fizeram parte destes três
anos, pelo empenho, pela dedicação, pela transmissão de conhecimentos e por
todas as experiências que nos proporcionaram.

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Ginástica Acrobática: o treino na iniciação

Índice
Introdução ................................................................................................................... 1

1. Ginástica ................................................................................................................. 2

1.1. Ginástica Acrobática ......................................................................................... 3

1.1.1. Categorias da GA: ...................................................................................... 3

1.1.2. Níveis das competições: ............................................................................. 4

1.1.3. Os esquemas na GA:.................................................................................. 4

1.1.4. Elementos de avaliação das competições: ................................................. 5

1.2. História da Ginástica Acrobática ....................................................................... 6

2. Desenvolvimento motor ........................................................................................... 7

2.1. Fases do desenvolvimento motor ..................................................................... 7

3. Capacidades motoras ........................................................................................... 10

3.1. Habilidades motoras ....................................................................................... 10

3.2. Tipos de capacidades motoras ....................................................................... 10

3.2.1. Capacidades condicionais ........................................................................ 10

3.2.2. Capacidades coordenativas ...................................................................... 13

4. Iniciação na ginástica ............................................................................................ 15

4.1. O treino: .......................................................................................................... 16

4.1.1. Parte inicial/Aquecimento ......................................................................... 16

4.1.2. Parte fundamental..................................................................................... 17

4.1.3. Parte final/Retorno à calma ...................................................................... 24

4.2. Competições ................................................................................................... 25

5. Ginástica Acrobática em Portugal ......................................................................... 26

6. Conclusão ............................................................................................................. 27

7. Bibliografia............................................................................................................. 28

8.Webgrafia ............................................................................................................... 30

9. Anexos ..................................................................................................................... I

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Ginástica Acrobática: o treino na iniciação

Anexo 1 ..................................................................................................................... I

Anexo 2 .................................................................................................................... II

Índice de tabelas
Tabela 1- Níveis das competições .............................................................................. 4
Tabela 2- Aquecimento especifico ............................................................................ 17
Tabela 3- Rolamento à frente engrupado .................................................................. 17
Tabela 4- Rolamento à retaguarda engrupado.......................................................... 18
Tabela 5- Roda.......................................................................................................... 19
Tabela 6- Salto vertical com meia pirueta ................................................................. 19
Tabela 7- Avião ......................................................................................................... 20
Tabela 8- Ponte ......................................................................................................... 21
Tabela 9- Apoio facial invertido de cabeça ................................................................ 21
Tabela 10- Vela ......................................................................................................... 22

Índice de ilustrações

Figura 1- Ampulheta de Gallahue e Ozmun (2005) ..................................................... 7


Figura 2- Rolamento à frente engrupado .................................................................. 18
Figura 3- Rolamento à retaguarda engrupado .......................................................... 18
Figura 4- Roda .......................................................................................................... 19
Figura 5- Salto vertical com meia pirueta .................................................................. 20
Figura 6- Avião .......................................................................................................... 20
Figura 7- Ponte.......................................................................................................... 21
Figura 8- Apoio facial invertido de cabeça ................................................................ 22
Figura 9- Vela ............................................................................................................ 22
Figura 10- Figuras de acrobática simples ................................................................. 23
Figura 11- Fila de pranchinhas .................................................................................. 24
Figura 12- Abdominais em grupos de dois ................................................................ 24

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Ginástica Acrobática: o treino na iniciação

Introdução

A presente PAP tem como tema Ginástica Acrobática: O treino na


iniciação.

A Ginástica Acrobática (GA) é uma modalidade competitiva regulada


pela FIG (Federação Internacional de Ginástica), e classifica-se como um
desporto individual, apesar de ser praticado em grupo. A ginástica é uma
modalidade muito complexa e exigente visto que requer muita agilidade, força,
coordenação, flexibilidade e equilíbrio por parte dos ginastas.

A escolha para este tema deriva do gosto pela modalidade, da minha


experiência de vários anos como praticante e à evolução recente da GA em
Portugal, com um crescente número de praticantes e conquista de vários
resultados relevantes a nível internacional.

Parece ser um tema de extrema importância, visto que, o processo de


aprendizagem proporcionado pelos treinadores vai determinar o desempenho
das crianças enquanto atletas, neste caso como ginastas. É muito importante
que os treinadores saibam adequar os planos de treinos aos seus atletas,
considerando os níveis de classificação, físicos, técnicos e mentais, que
estabeleçam com eles uma relação exigente e de apoio ao processo de
aprendizagem, para que os atletas possam ter uma evolução crescente e
consigam atingir o próximo nível de desenvolvimento.

São objetivos deste estudo, conhecer melhor a estrutura e dinâmica da


Ginástica Acrobática, compreender os processos de ensino e aprendizagem da
modalidade e dar a conhecer a evolução da modalidade em Portugal.

Neste estudo focar-nos-emos principalmente na ginástica nas classes de


iniciação, ou seja, sobre ginastas com idades compreendidas entre os 3 e os 5
anos e será analisado o processo de ensino e aprendizagem, pois devido às
idades dos atletas, é uma fase delicada, uma vez que necessitam de mais
atenção. No entanto, irá também ser desenvolvida a temática das classes de
competição, nomeadamente os treinos e competições (como funcionam, quais
são os escalões, etc.).
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Ginástica Acrobática: o treino na iniciação

1. Ginástica

A ginástica é uma modalidade bastante complexa, que exige muito rigor


e disciplina. Encontra-se dividido em várias disciplinas:

- Ginástica artística: é uma modalidade olímpica individual, onde são


realizados um conjunto de exercícios no solo ou com auxílio de
aparelhos, como por exemplo, o solo, o salto sobre a mesa, o cavalo
com alças, as barras paralelas, a barra fixa e as argolas para os
homens, e a trave, o solo, o salto sobre a mesa e as barras assimétricas
para as mulheres;

- Ginástica Acrobática: é uma modalidade individual, apesar de praticar


em grupo. Estes podem ser pares (femininos, masculinos e mistos), trios
(femininos) e quadras (masculinas). Esta modalidade exige muita
coragem, força, coordenação e flexibilidade;

- Ginástica rítmica: é uma modalidade olímpica individual e coletiva,


essencialmente feminina, que se caracteriza por combinar aspetos
estéticos e artísticos, através da realização de movimentos corporais,
coordenados com o manejo dos aparelhos portáteis, que são: a corda, o
arco, a bola, as maças e a fita;

- Ginástica de trampolins: é uma modalidade olímpica na qual os atletas


executam saltos acrobáticos num trampolim;

- Ginástica aeróbica: é uma modalidade individual e coletiva, não


olímpica, que é caracterizada pela intensidade e velocidade de
execução dos movimentos, que exige muita força, agilidade,
coordenação motora, flexibilidade e resistência;

- Ginástica para todos: é uma modalidade que se caracteriza por ter uma
enorme variedade de atividades adequadas a todos os géneros, grupos
etários, com diferentes capacidades técnicas e ascendências culturais.
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As apresentações da GPT pode incluir ginástica com ou sem aparelhos


e dança;

- Teamgym: individual e coletiva, onde as equipas exibem habilidades de


ginástica em três disciplinas diferentes: Solo, Tumbling e Mini-trampolim;

1.1. Ginástica Acrobática


A Ginástica Acrobática (GA) é uma modalidade que faz parte da
Federação Internacional de Ginástica (FIG) e da Federação de Ginástica de
Portugal (FGP); e que é individual, apesar de ser praticada em grupo.

Cada grupo incorpora ginastas com diferentes características, intitulados


de bases e volantes. Os bases são, normalmente, atletas mais velhos, mais
altos, e mais fortes, pois são eles que sustentam os volantes. Por outro lado, os
volantes, geralmente, são os mais novos, mais baixos, mais leves e mais ágeis
para poderem realizar os elementos sobre os bases. Existem também os bases
intermédios (nos trios e nas quadras), que são um segundo base que deve ter
características dos dois anteriores, e que juntamente com o base suportam o
volante. Para que as figuras (exercícios em grupo) sejam bem realizados, é
necessário que haja amizade, trabalho, espírito de equipa e muita confiança
entre os elementos do grupo e com os treinadores.

1.1.1. Categorias da GA:

A GA está dividida em 5 categorias, são elas:

- Pares Femininos: grupo composto por duas pessoas, onde tanto o


base como o volante são do sexo feminino;
- Pares Masculinos: grupo composto por duas pessoas, onde tanto o
base como o volante são do sexo masculino;

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- Pares Mistos: grupo composto por duas pessoas, onde um dos


ginastas é do sexo masculino e o outro do sexo feminino (normalmente,
o base é o rapaz e a volante a rapariga);

- Trios Femininos: grupo composto por três pessoas, onde todos


ginastas são do sexo feminino;

- Quadras Masculinas: grupo composto por quatro pessoas, onde todos


os ginastas são do sexo masculino.

1.1.2. Níveis das competições:


Nas provas, cada categoria está dividida em diferentes níveis, são eles:

Tabela 1- Níveis das competições

Escalões mais baixos Níveis Base Níveis Elite


Nível 1 Iniciados Juvenis Elite
Nível 2 Juvenis Base Juniores Elite
Nível 3 Juniores base Seniores Elite
Infantis

1.1.3. Os esquemas na GA:


Os esquemas de GA são realizados num praticável, de dimensão 12x12,
onde os grupos realizam exercícios individuais e de grupo, com o
acompanhamento de uma música e no qual os ginastas têm de apresentar uma
expressão corporal e facial adequada à música.

Existem 3 tipos de esquemas, que são:

- Esquemas de Equilíbrio: que são esquemas que contêm figuras estáticas,


onde o volante têm de permanecer 3 segundos em cada elemento, por
exemplo ângulo, podendo realizar movimentações/ligações entre esses
elementos, como ângulo-pino (ANEXO 1);

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- Esquemas Dinâmicos: que são esquemas compostos por figuras com fases
de voo, onde os bases lançam o volante, e este realiza movimentos dinâmicos
(durante a fase de voo), como por exemplo mortais e mortais com piruetas
(ANEXO 2)

- Esquemas combinados: que são, tal como o nome indica, uma combinação
dos dois esquemas anteriores, ou seja, no mesmo exercício são realizadas
figuras estáticas e dinâmicas.

Nos esquemas, para além das figuras (estáticas e dinâmicas), os


ginastas realizam exercícios individuais dinâmicos, que são elementos de
tumbling (com movimento com ou sem fase de voo), como por exemplo, rodas,
rondadas, mortais e roda sem mãos; e individuais estáticos, que são elementos
sem movimento, como por exemplo, pino de cabeça, ponte, avião, e apoio de
peito.

Para completar, os ginastas realizam também coreografia, que está


relacionada com a música.

1.1.4. Elementos de avaliação das competições:


Nas competições existem três elementos de avaliação, são eles a
dificuldade, que está associada ao valor das figuras e dos individuais, que
constam na tabela de dificuldades; a artística que está ligada á parte
coreográfica e musical, isto é, para avaliarem a artística de um esquema, os
juízes têm de ter conta a relação da coreografia com a música, a originalidade
e variedade de movimentos individuais e coletivos, a postura e a expressão
corporal e facial dos ginastas durante a prova; e a execução, que está
associada parte técnica, ou seja, os juízes têm de avaliar a capacidade de
realização dos elementos individuais e de grupo (se executam os exercícios
com perfeição ou se cometem erros, quantos mais e maior a sua gravidade,
menor será a nota de execução).

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1.2. História da Ginástica Acrobática


Uma forma de conhecermos ainda melhor a ginástica acrobática
é entender o significado das palavras que compõem o nome desta modalidade.
A palavra Ginástica vem do grego "gymnazein" e significa "execução nua",
visto que, antigamente as pessoas praticavam-na nuas. Esta tradição não
durou muito e hoje em dia os praticantes usam um fato próprio para as
competições. A palavra Acrobática também vem do grego "akrobatikós" e
significa "ascensão" ou "trepar algo", o que faz sentido, visto que, a modalidade
se baseia em pirâmides humanas em que os volantes "trepam" os bases.
Quanto à origem da ginástica, esta é muito incerta, mas acredita-se que
tiveram origem em atividades lúdicas e circenses. Existem marcas da sua
prática em vários locais, como por exemplo, Egipto, Grécia Antiga, Roma
Antiga, China. Na Grécia Antiga, encontraram-se pinturas em jarras e
cerâmicas com gravuras de exercícios acrobáticos. Acredita-se que na
Antiguidade a acrobacia fazia parte de ritos sagrados e continuou desenvolver
esse papel na Idade Média. Na Roma Antiga, atores mambembes utilizavam
Evoluções Acrobáticas nas suas apresentações. Já na China, com o seu
próprio estilo, ela existe há mais de 2000 anos. Com o Governo Popular, por
volta de 1949, foram desenvolvidas as chamadas “Artes Nacionais”, na qual a
acrobacia estava incluída. Por esta razão hoje são muito comuns grupos de
ginastas localizados em todas as regiões deste país.
Quando a acrobática começou a tornar-se competitiva ganhou mais
reconhecimento, embora, ela fosse principalmente usada para exibições e
apresentações.
Em Novembro de 1973, em Moscovo, dez países fundaram a
International Federation of Sports Acrobatics (IFSA) e foram organizadas as
regras, regulamentos, competições e forma de avaliação da modalidade.
Posteriormente é criada a Federação Internacional de Ginástica (FIG) e a
acrobática passa a integrar esta organização, com isto a IFSA desaparece,
pois FIG passa a representar todas as modalidades competitivas da ginástica.
Até hoje a ginástica acrobática ainda luta para entrar no programa
olímpico. A única aparição desta modalidade numa competição olímpica foi em
2018 nos jogos olímpicos da juventude e apenas na variante de pares mistos.
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2. Desenvolvimento motor

Segundo Haywood & Getchell (2009), desenvolvimento motor refere-se


ao processo contínuo de alterações das habilidades de movimento, assim
como às interacções entre factores individuais estruturais (ex. peso, altura) e
funcionais (ex. motivação, experiências).

O desenvolvimento motor é o processo de mudança no comportamento,


relacionado com a idade, tanto na postura quanto no movimento da criança. É
um processo de alterações complexas e interligadas das quais participam
todos os aspectos de crescimento e maturação dos aparelhos e sistemas do
organismo. O desenvolvimento motor não depende apenas da maturação do
sistema nervoso, mas também da biologia, do comportamento e do ambiente.

2.1. Fases do desenvolvimento motor


O desenvolvimento motor parece integrar diferentes fases onde, em
cada uma delas, são expectáveis alterações comportamentais de acordo com
as diferentes faixas etárias. Gallahue e Ozmun (2005) através de uma
ampulheta, demonstram quatro fases de desenvolvimento motor e respetivos
estágios de desenvolvimento. As fases são: a fase motora refletiva, a fase
motora rudimentar, a fase motora fundamental e a fase motora especializada.

Figura 1- Ampulheta de Gallahue e Ozmun (2005)

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Na base da ampulheta encontra-se a fase motora refletiva, ou seja, dos


movimentos reflexos que são movimentos involuntários provocados por
estímulos como a luz, o som ou o toque. Esta fase divide-se em dois estágios:
o estágio de codificação de informações, que se inicia ainda dentro do útero e
tem fim por volta dos quatro meses de idade e, o estágio de descodificação de
informações, que tem inicio, aproximadamente, aos quatro meses de idade e
termina perto do primeiro ano de vida.

Após esta fase, surge a fase motora rudimentar, dos movimentos


rudimentares (que incluem movimentos estabilizadores, locomotores e
manipulativos). Neste período, dá-se a transição entre os movimentos
involuntários e o aparecimento de padrões de movimentos fundamentais, então
surgem também os primeiros movimentos voluntários do bebé. Podemos dividir
esta fase em dois estágios: o estágio de inibição de reflexos, que decorre
desde o nascimento até ao primeiro ano de vida e o estágio de pré-controlo,
que ocorre entre o primeiro e segundo ano de vida.

Posteriormente vem a fase motora fundamental, dos movimentos


fundamentais que são os movimentos estabilizadores (andar com firmeza ou
equilibrar-se num pé), locomotores (correr e saltar) e manipulativos (apanhar e
atirar objetos). Esta fase representa um período no qual as crianças pequenas
estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das
capacidades motoras de seus corpos, por isto, é a fase mais importante para o
desenvolvimento destas capacidades. É também neste período que estão
incluídos os ginastas da classe de iniciação.

Podemos dividi-la em três estágios:

- O estágio inicial: Representa as tentativas da criança realizar movimentos


fundamentais (decorre entre os dois e os três anos de idade)

- O estágio elementar: É o período de aperfeiçoamento do controlo e


coordenação destes movimentos. Dá-se uma melhoria dos elementos
temporais e espaciais dos movimentos. (inicia-se por volta dos quatro e termina
perto dos cinco anos de idade).

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- O estágio maduro: Caracteriza-se pelo desempenho de habilidades de forma


coordenada, controlada e eficaz. Algumas crianças conseguem atingir este
estágio apenas maturação, algumas necessitam de um conjunto de práticas
que as permitam alcançar esse patamar. Aqui é que o desporto tem um grande
peso, pois quando bem adequado às crianças promove-lhes um bom
desenvolvimento motor. (decorre entre os seis e os sete anos de idade).

No topo da ampulheta temos então a fase motora especializada, que


se caracteriza pela combinação das habilidades motoras fundamentais em
diversas tarefas motoras (do dia-a-dia, de lazer ou ainda ao nível desportivo),
nesta fase os movimentos vão sendo aperfeiçoados de acordo com a exigência
das situações. Encontra-se dividida em 3 estágios: o estágio transitório, que
ocorre entre os 7 e os 10 anos; o estágio de aplicação, que ocorre dos onze até
aos treze anos e o estágio de utilização permanente, que se inicia por volta dos
catorze anos e prolonga-se ao longo da vida.

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3. Capacidades motoras

Segundo Manno (1994), as capacidades motoras referem-se às


condições do tipo intrínseco, que permitem a realização de diversas
habilidades motoras e que podem ser definidas como um conjunto de
predisposições ou potencialidades fundamentais no Homem, que fazem com
que seja possível o desenvolvimento das habilidades motoras aprendidas. Um
bom nível de desenvolvimento das capacidades motoras permite a realização
de um grande número de habilidades motoras, bem executadas.

3.1. Habilidades motoras


De acordo com o mesmo autor, uma habilidade motora é qualquer
tarefa, simples ou complexa que, por intermédio do treino, pode passar a ser
realizada com elevado grau de automatização e com maior desempenho. Estas
habilidades não são inatas, necessitam de ser aprendidas.

3.2. Tipos de capacidades motoras


Em concordância com Manno (1994), estas encontram-se subdivididas
em dois grupos (que estão interligados, para que os movimentos sejam
executados com melhor prestação), o grupo das capacidades condicionais e o
grupo das capacidades coordenativas.

3.2.1. Capacidades condicionais


O conceito de capacidade condicional está ligado ao desempenho físico
de um indivíduo. Segundo Marques (1988), as capacidades condicionais
baseiam-se na eficiência dos mecanismos energéticos (obtenção e
transformação da energia), ou seja, são capacidades condicionadas pela
energia disponível nos músculos e pelos mecanismos que regulam a sua
distribuição. Estas capacidades são inatas, porém podem ser melhoradas e
são determinadas pela genética, pois cada pessoa nasce com uma certa
capacidade para realizar certas atividades.

Podemos incluir neste grupo a força, a flexibilidade e o equilíbrio, que


são consideradas, por vários autores, capacidades com papel relevante na
ginástica (Alves, 1997; Carrasco, 1981; Cohen et al., 2002).
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 Força

No âmbito desportivo, Manso & Valdivielso (1996) definem a força como


a capacidade de um sujeito vencer ou suportar uma resistência em resultado
de uma contração muscular.

Do ponto de vista de Alves (1997), a força é uma capacidade de extrema


importância a ginástica.

Segundo vários autores (Castelo, 1998; Grosser, 1988; Mil-Homens,


2000; Weineck, 1992), podemos considerar que existem três formas de
expressão da força em contexto desportivo: a força máxima, a força rápida ou
explosiva e a força de resistência.

- Força máxima: refere-se ao valor mais elevado de força que o sistema


neuromuscular é capaz de produzir (Mil-Homens, 2000). Pode ser divida em
força estática e força dinâmica.

- Força rápida: é a capacidade do sistema neuromuscular produzir a maior


força possível num determinado espaço de tempo. É constituída por três
componentes: a força inicial (capacidade de um músculo expressar
rapidamente a força no momento inicia); força explosiva (capacidade de obter
valores elevados de força em tempo muito curto); e a Força Reativa (que se
caracteriza pela utilização de movimentos pliométricos, ou seja, movimentos
onde acontece uma rápida ação excêntrica e de seguida uma imediata ação
concêntrica).

- Força de resistência: caracteriza-se pela capacidade de realizar esforços de


força em atividades de longa e média duração, resistindo à fadiga. É uma
combinação de força e resistência, tal como o nome indica.

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 Flexibilidade

Vários autores referem-se á flexibilidade de diferentes formas, visto que,


envolve conceitos de áreas de estudo diferentes, como as áreas desportiva,
pedagógica e clínica, o que leva a discordâncias.

De acordo com Dantas (2005), a flexibilidade é a “qualidade física


responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular
máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites
morfológicos, sem o risco de provocar lesão.”

Já Alter (1997) aborda-a como sendo a amplitude máxima de movimento


numa articulação ou combinação de articulações.

Segundo Alves (1997), a flexibilidade é uma das capacidades mais


importantes na ginástica, visto que influencia o sucesso na aprendizagem, quer
ao nível técnico, quer estético. Assim sendo, é um facto que a flexibilidade
desempenha um papel importante na qualidade de execução dos movimentos,
auxiliando na sua prática e otimizando a aprendizagem dos mesmos.

 Equilíbrio

Segundo Hirtz (1985) o equilíbrio é a capacidade relativa às qualidades


de comportamento, ao facto de manter uma posição, mesmo que as condições
sejam desfavoráveis.

Existem dois grupos de forças que podem influenciar o equilíbrio do


indivíduo, são elas as forças externas e internas (Duarte & Freitas, 2010). As
forças externas são a força gravitacional e a força de reação do solo. As forças
internas podem ser perturbações fisiológicas (como o batimento cardíaco e a
respiração) ou perturbações geradas pela ativação dos músculos necessários
para a manutenção da postura.

Para além destas forças, existem outros fatores que influenciam também
o equilíbrio: idade, área de apoio, aptidão física, força, flexibilidade,
coordenação, estado emocional, fadiga muscular, entre outros (Cetin et al.,
2008; Kayapinar, 2011).

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Schmit et al. (2005) referem-se ao equilíbrio como um fator fundamental


no desporto, pois é a capacidade que permite a realização dos elementos
técnicos sem descorar o alinhamento e a postura.

Relativamente à Ginástica Acrobática, como os ginastas executam


exercícios de equilíbrio dinâmico e estático nos seus exercícios competitivos
necessitam de um elevado controlo do corpo, para executarem os elementos
de par/grupo (Floria et al., 2015).

3.2.2. Capacidades coordenativas


De acordo com Silveira (2005), as capacidades coordenativas são
entendidas como pressupostos necessários para a condução, regulação e
execução do movimento. Elas permitem às pessoas identificar a posição do
próprio corpo ou parte dele em relação ao espaço, ou ainda executar
correctamente a sincronização dos movimentos de forma mais precisa.

Para Moraes (2003), estas são a base para a capacidade de


aprendizagem sensorial e motor, isto é, elas facilitam a aprendizagem motora
de movimentos difíceis e complexos.

Segundo Hirtz (1985), podemos considerar a existência de cinco


capacidades coordenativas fundamentais: capacidade de diferenciação
cinestética, orientação espacial, reação, ritmo e equilíbrio.

- Capacidade de diferenciação cinestética: é a capacidade de diferenciar as


informações provenientes dos músculos, tendões e ligamentos, que nos
informam sobre a posição do nosso corpo num determinado momento e
espaço e que nos permite realizar ações motoras de uma forma correta,
conseguindo assim a coordenação dos movimentos.

- Capacidade de orientação espacial: é a capacidade de reagir a um estímulo


externo em termos de deslocação ou de estabilização da postura.

- Capacidade de reação: é a capacidade de poder reagir o mais rápido e


corretamente possível a um determinado estímulo.

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- Capacidade de ritmo: refere-se a qualidades necessárias à perceção,


acumulação e interpretação de estruturas temporais e dinâmicas pretendidas
ou contidas na evolução do movimento.

- Capacidade de equilíbrio: é referente a qualidades de comportamento de


sustentar uma posição, mesmo que as condições não sejam as mais
favoráveis.

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4. Iniciação na ginástica

O processo de aprendizagem de uma modalidade desportiva é sempre


um processo delicado, pois tem grande influência no desenvolvimento da
criança e na sua futura carreira como atleta.

Para uma boa iniciação, é necessário compreender quais são os


processos pedagógicos mais eficazes de se trabalhar e quais são os que
promovem mais o desenvolvimento dos atletas.

Um acompanhamento inadequado/ ineficiente por parte do treinador


pode ter como consequência a desmotivação dos atletas, lesões, mau
desenvolvimento a nível motor, desperdício do potencial do atleta, entre outros.

Este ideal de aprendizagem baseia-se num projeto pedagógico, onde os


conteúdos de ensino das habilidades e o desenvolvimento das capacidades
motoras ocorrem de forma diversificada, motivadora e lúdica.

Segundo Oliveira (1985), o lúdico é " (...) um recurso metodológico


capaz de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural. Estimula a crítica,
a criatividade, a sociabilização, sendo, portanto reconhecidos como uma das
atividades mais significativa senão a mais significativa pelo seu conteúdo
pedagógico social."

As classes de iniciação na ginástica acrobática abrangem crianças entre


os 3 e os 5 anos de idade, visto que a idade mínima para competir é 6 anos.

Nesta modalidade, todos os princípios acima apresentados são


aplicáveis, visto que esta é um desporto bastante complexo. É necessária
especial atenção com a planificação do treino, levando em consideração as
características de maturação física, mental e emocional desta classe de
iniciação.

Os mais pequenos tendem a ser mais agitados e menos concentrados, e


por este motivo, a prática da modalidade deve ser interessante e motivadora,
baseada em atividades lúdicas e recreativas, pois a prioridade da iniciação não

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Ginástica Acrobática: o treino na iniciação

são as habilidades específicas, mas sim a amplitude de estímulos


desenvolvidos.

Este processo deve assim possibilitar o desenvolvimento de estímulos


diversificados tal como referido anteriormente, com a finalidade de aumentar a
capacidade motora das crianças (coordenação, a velocidade e a flexibilidade,
agilidade, mobilidade, equilíbrio e ritmo, por exemplo), e, deste modo, facilitar o
processo de ensino-aprendizagem.

4.1. O treino:
Como já referido anteriormente, os treinos da iniciação têm como base
atividades lúdicas relacionadas com a modalidade e que visam aumentar as
capacidades motoras dos atletas.

Apesar de os clubes não treinarem todos da mesma forma, apresento


aqui um exemplo da estrutura de um treino para a iniciação. Os treinos dos
mais pequenos podem ser divididos em três partes: parte inicial/aquecimento,
parte fundamental e retorno à calma/alongamentos.

4.1.1. Parte inicial/Aquecimento


Na parte inicial, que dura cerca de 10 minutos, são realizados
exercícios/jogos recreativos e posteriormente realiza-se um aquecimento mais
específico da ginástica (para aquecerem os músculos e as articulações, para
prevenir lesões).

Alguns exemplos de jogos de aquecimento são:

- Jogo da apanhada, onde estão um ou dois ginastas a apanhar e os outros a


fugir;

- Jogo do caça e congela, onde quem é apanhado tem de permanecer naquele


lugar numa posição estática (por exemplo, em avião) e só podem sair da
posição quando um dos colegas que esteja a fugir tocar neles;

- Corridas em grupos de dois, por exemplo, corridas de carrinho de mão e de


cavalitas.

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No aquecimento específico fazem:

Tabela 2- Aquecimento especifico

Balanços Espargatas

15 Repetições 1 Minuto em
com cada perna cada posição

Aquecer
Posição de
costas
sapo
30 Segundos
30 Segundos em
em cada
cada posição
posição

4.1.2. Parte fundamental


Na parte fundamental, que corresponde à parte principal do treino,
realizam individuais de solo, mais alguns jogos e por vezes experimentam fazer
algumas figuras de grupo.

Quanto aos individuais de solo, podemos dividi-los em dois grupos: os


elementos dinâmicos e os elementos estáticos.

Alguns elementos dinâmicos são:

- Rolamento à frente engrupado

Tabela 3- Rolamento à frente engrupado

Descrição do exercício Progressões Principais erros

Começam em pé, de - Realizar meio - Apoiar a testa no chão;


seguida flexionam as rolamento, isto é, a
pernas e colocam as partir da posição de - Não juntar o queixo ao peito;
mãos, á largura dos vela os ginastas dão
ombros, no chão. Depois impulsão com as - Pouca impulsão com os membros inferiores;
colocam o queixo junto do pernas para se
peito e dão impulso com tentarem levantar; - Esticar as pernas;
as pernas para realizar a - Realizar o rolamento
rotação, acabam de pé a partir de um plano - Apoiar as mãos no solo para se levantar do
com as pernas juntas. inclinado. rolamento.

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Variantes do
Como realizar a ajuda
rolamento à frente

- Colocar uma mão na - Rolamento à frente


coxa e outra nas costas com afastadas e
ou na nuca. esticadas;
- Rolamento à frente
com pernas juntas e
Figura 2- Rolamento à frente engrupado
esticadas.

- Rolamento à retaguarda engrupado

Tabela 4- Rolamento à retaguarda engrupado

Descrição do exercício Progressões Principais erros

Começam de pé de costas, de seguida - Realizar o rolamento a - Extensão da cabeça;


colocam-se de cócoras, com os braços partir de um plano inclinado,
dobrados e com as palmas das mãos a partir da posição de - Não colocar as mãos
voltadas para cima à beira dos ombros. cócoras; corretamente no chão;
Levam o queixo ao peito e de seguida - Realizar o rolamento a
realizam uma impulsão com as pernas partir de um plano inclinado, - Rodar ou inclinar a cabeça
para realizarem a rotação. Acabam de pé a partir da posição de pé. para o lado.
com as pernas juntas.

Variantes do Rolamento
Como realizar a
á retaguarda engrupado
ajuda

- Apoiar as mãos nas - Rolamento à retaguarda


costas do ginasta engrupado com afastadas e
para lhe controlar a esticadas;
descida, depois
auxiliar o aluno na - Rolamento à retaguarda
zona da bacia para engrupado com pernas
facilitar rotação. juntas e esticadas. Figura 3- Rolamento à retaguarda engrupado

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- Roda

Tabela 5- Roda

Descrição do exercício Progressões Principais erros

Começam em pé, com os braços - Realizar o movimento num - Colocar as duas mãos ao
elevados, e dão um passo à frente, plano elevado, apoiando as mesmo tempo no solo;
flexionando-se a perna de impulsão. mãos sobre o mesmo com
Apoiam as mãos no solo, na mesma braços estendidos. - Dobrar as pernas;
direção do pé que está à frente,
impulsionando a outra perna, - Juntar as pernas;
passando pelo apoio invertido,
mantendo as pernas afastadas, até a - Não manter o corpo alinhado.
perna de elevação tocar o solo.

Como realizar a ajuda

- Colocar-se de lado (do lado da


perna de impulsão de forma a ficar
nas costas no aluno) e colocar as
Figura 4- Roda
mãos na bacia, cruzadas.

- Salto vertical com meia pirueta

Tabela 6- Salto vertical com meia pirueta

Descrição do exercício Progressões Principais erros

De pé, dão um passo em frente e - Realizar apenas um salto - Não manter os braços em
seguidamente fazem um salto vertical para ganhar controlo do cima;
vertical. Depois com os braços movimento;
para cima, ainda em suspensão, - Dobrar e abrir as pernas;
realizam uma rotação de 180º. - Saltar de um plano inclinado
O movimento termina de pé com as para o solo, para ganhar - Não manter o corpo alinhado.
pernas juntas. controlo da receção.

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Como realizar a ajuda

- Colocar as mãos na cintura do


ginasta, na parte final, para ajudar na
receção.
Figura 5- Salto vertical com meia pirueta

Alguns elementos estáticos são:

- Avião

Tabela 7- Avião

Descrição do exercício Principais erros

De frente, com um dos pés apoiado no - Não manter os braços ao lado do tronco;
chão, levantam a perna para trás esticada
e simultaneamente baixam o tronco , - Dobrar as pernas;
ficando numa posição horizontal e paralela
ao chão. - Baixar demasiado o tronco;

- Não manter o corpo alinhado.

Como realizar a ajuda

- Colocar-se lateralmente ao ginasta e com


uma mão no peito e outra na parte anterior da
coxa, da perna ou do pé, fornece-lhe algum
apoio para o equilíbrio, ajudando também ao
aumento do afastamento entre os membros
inferiores, obrigando-o a manter o peito
Figura 6- Avião
elevado.

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- Ponte

Tabela 8- Ponte

Descrição do exercício Progressões Principais erros

Começam na posição de pé e - Realizar a ponte com - Dobrar os braços e as pernas;


colocam as mãos no solo á as mãos apoiadas na
largura dos ombros e parede (ir descendo as - Abrir as pernas;
estendem os braços elevando mãos até chegar ao
a bacia, e posteriormente chão); - Colocar o queixo ao peito;
estender as pernas.
-Não apoiar o pé todo no solo.

Como realizar a ajuda

- Colocar as mãos na cintura do


ginasta para ajudar a controlar a
descida.

Figura 7- Ponte

- Apoio facial invertido de cabeça

Tabela 9- Apoio facial invertido de cabeça

Descrição do exercício Progressões Principais erros

Começam de pé ou de joelhos, e -Em vez de - Dobrar as pernas;


de seguida apoiam as mãos no esticarem logo as
solo, á largura dos ombros. pernas para cima, -Não colocar corretamente as mãos e a
Posteriormente apoiam a cabeça colocam os joelhos cabeça no solo;
no solo, no meio das mãos mas um em cima dos
pouco mais á frente (formando um cotovelos, para irem - Não manter o corpo alinhado.
triângulo). Depois dão impulsão ganhando controlo;
com uma das pernas até o corpo
ficar alinhado na vertical.

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Como realizar a ajuda

- Coloca-se lateralmente em relação


ao ginasta e ajuda ao nível da bacia
e das coxas, mantendo o corpo
alinhado.

Figura 8- Apoio facial invertido de cabeça

- Vela

Tabela 10- Vela

Descrição do exercício

Começam deitados no chão (de costas no chão) e


de seguida elevam as pernas e o quadril e colocam
as mãos na zona lombar, de modo a ficarem com o
corpo alinhado.

Principais erros

- Dobrar as pernas;

- Baixar o quadril; Figura 9- Vela

- Não manter o corpo alinhado.

Esta parte dos individuais dura cerca de 25 minutos, durante este


período as ginastas devem realizar no mínimo cinco vezes cada exercício.

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Para além de realizarem estes elementos, por vezes experimentam fazer


figuras de grupo, principalmente figuras de equilíbrio, pois são mais simples e
fáceis de realizar.

Alguns exemplos de figuras executadas são:

Figura 10- Figuras de acrobática simples

Realizam estas figuras durante certa de 15 minutos, ao longo deste


tempo vão alternando de figura em figura de acordo com as suas capacidades.
Devem fazer cada figura no mínimo dez vezes.

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4.1.3. Parte final/Retorno à calma


Quanto à parte final, que tem uma duração aproximada de 10 minutos,
são realizados alguns exercícios de preparação fisica e alguns alongamentos.
Como são crianças, a preparação fisica também é adaptada para que
seja mais divertida e ao mesmo tempo contribua para o desenvolvimento das
crianças. Alguns exemplos de exercícios de preparação fisica são:

- A fila de pranchinhas: neste exercicio, todos os ginastas estão em fila na


posição de pranchinha e o primeiro atleta tem de passar a rastejar por baixo
das colegas até chegar ao final. O exercício acaba quando todas passarem por
baixo das pranchinhas;

Figura 11- Fila de pranchinhas

- Abdominais em grupos de dois: neste exercício, as ginastas agrupam-se em


grupos de dois, ficam deitados de barriga para cima com os joelhos dobrados e
viradas uma para a outra. O exercicio consiste em sempre que fazem um
abdominal, batem palmas juntas. Fazem cerca de 15 repetições.

Figura 12- Abdominais em grupos de dois

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4.2. Competições
No que diz respeito às competições, ainda não existem provas
federadas desta classe.

No entanto, tenho conhecimento de que alguns clubes da zona norte


realizam provas privadas onde convidam outros clubes e realizam competições
entre eles, um pouco diferentes das provas da classe de competição.

Estas provas são baseadas nos elementos de solo, isto é, são


constituídas por várias etapas, onde realizam os elementos de solo pretendidos
e para além destas etapas, existem algumas onde fazem elementos de grupo,
nomeadamente de pares.

Em cada etapa, são atribuídos pontos aos ginastas, de acordo com o


seu desempenho, e no final, consoante esses pontos, os ginastas são
chamados ao pódio para receberem uma medalha.

Na minha opinião, estas provas são extremamente importantes para o


desenvolvimento dos atletas, visto que, promovem a socialização entre os
ginastas, como é uma competição faz com que tentem sempre dar o seu
melhor e porque é tudo realizado com base na diversão dos ginastas.

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5. Ginástica Acrobática em Portugal

Em Portugal, a GA apareceu como modalidade competitiva em 1982, no


entanto já era praticada anteriormente e designava-se de “forças combinadas”.
Inicialmente estava integrada na Federação Portuguesa de Trampolins e
Desportos Acrobáticos (FPTDA), mas mais tarde, com a extinção da mesma,
passa a fazer parte Federação de Ginástica de Portugal (FGP).

Nos últimos anos, para além da modalidade ter ganho muita visibilidade,
em Portugal esta tem vindo a evoluir bastante. Cada vez mais crianças
praticam GA e têm aumentado as participações portuguesas em campeonatos
europeus e mundiais.

Em 2017 conquistaram a medalha de bronze na Taça do Mundo de


ginástica acrobática, em pares mistos.

Em 2018, no Campeonato do Mundo de Ginástica Acrobática, na


categoria de trio feminino júnior, conquistaram a medalha de ouro, tendo-se
sagrado Campeãs do Mundo.

Em 2019, no Campeonato da Europa de Ginástica Acrobática, que se


realizou em Holon, Portugal conquistou 9 medalhas (3 de ouro, 5 de prata e 1
de bronze), nas categorias de pares femininos seniores, trios femininos
seniores e quadras masculinas seniores.

Ainda em 2019, na Taça do Mundo de Ginástica Acrobática, também


nas categorias de pares femininos seniores, trios femininos seniores e quadras
masculinas seniores, conquistaram 3 medalhas (uma de ouro e duas de prata).

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6. Conclusão

Concluindo, tendo em consideração toda a pesquisa apresentada ao


longo deste estudo, o conhecimento adquirido ao longo dos três anos no curso
técnico de desporto e a minha experiência em ginástica acrobática com classes
de iniciação, consta-se que esta modalidade assume um papel muito relevante
no desenvolvimento das crianças e que deve ter-se atenção à forma como esta
é abordada nas classes de iniciação.

Começando pela sua importância no desenvolvimento das crianças,


como já referido anteriormente, os mais novos passam por várias fases durante
o seu crescimento, uma destas fases é o estágio maduro da fase motora
fundamental. Durante este período, constata-se que um desenvolvimento
significativo de habilidades de forma coordenada, controlada e eficaz, que
segundo vários autores, se for acompanhado por esta modalidade e por
profissionais qualificados, que respeitem os limites e as fases de
desenvolvimento de cada criança, será de extrema importância para o
desenvolvimento da criança.

Verifica-se também que, esta modalidade deve ser abordada de forma


especial e adequada aos seus praticantes, visto que, as crianças são,
normalmente, mais agitados e menos concentrados.

Desta forma, o trabalho a ser realizado com estas classes deve ser
interessante e motivador, para que sejam cada vez mais capazes e aptos, com
as bases bem solidificadas, para avançarem para a classe seguinte. Assim
sendo, o ideal de aprendizagem deve baseado em atividades lúdicas e
recreativas.

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Os efeitos da iniciação esportiva na vida de crianças: o que a literatura vem


apontando (efdeportes.com)

(PDF) Redescobrindo a Ginástica Acrobática (researchgate.net)

View of Motor development: analysis of Brazilian studies on fundamental motor


skills (uem.br)

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Ginástica Acrobática: o treino na iniciação

9. Anexos

Anexo 1

I
Escola Secundária de Valongo
Ginástica Acrobática: o treino na iniciação

Anexo 2

II
Escola Secundária de Valongo

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