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VI. Pelo que o interessado não pode bastar-se com a simples ou mera
negação dos factos que lhe são imputados, cabendo-lhe alegar um
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26/01/22, 15:31 Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça
I. RELATÓRIO
1. O Autor, Juiz de Direito Dr. AA vem intentar Acção Administrativa
de Impugnação de Acto Administrativo contra o Conselho Superior da
Magistratura (CSM), consubstanciado na Deliberação do Conselho
Plenário do CSM, de 20 de abril de 2021, que indeferiu a impugnação
administrativa, “aplicando ao Senhor Juiz de Direito Dr. AA, por
violação dos deveres de zelo e de assiduidade e pela prática da
infração disciplinar prevista na alínea e) do n.º 1 do art.º 83.º-H do
Estatuto dos Magistrados Judiciais, a sanção disciplinar de 90 dias de
suspensão”.
2. Na sua Petição Inicial, suscita, em síntese, as seguintes questões:
a) Inconstitucionalidade do artigo 122.º do Estatuto dos Magistrados
Judiciais (EMJ), quando interpretado no sentido de permitir que um
arguido, sancionado com uma pena de suspensão, comece a cumprir a
pena antes de transitar em julgado a decisão que a aplicou;
b) Nulidade / irregularidade de notificação de decisões punitivas;
c) Violação de lei, por errónea interpretação da Lei e aplicação do
direito, por violação do princípio do contraditório, do direito à defesa e
do princípio da presunção de inocência;
d) Erro na apreciação da prova:
a. Incorreção do facto dado como provado sob o n.º 15, já que a
diligência não se realizou por falta do autor;
b. Incorreção do facto dado como provado sob o n.º 17, já que não faz
qualquer sentido que o autor tenha avisado a Sra. Procuradora de que
iria faltar a um julgamento de um processo cível em que ela não tinha
qualquer intervenção;
c. Todas as suas faltas ao serviço deveriam ter sido consideradas como
justificadas.
e) Violação do princípio da proporcionalidade.
3. Foram notificados da petição inicial e documentação anexa, o CSM e
o Exmo. Sr. Procurador-Geral Adjunto junto deste Supremo Tribunal
de Justiça, ao abrigo do disposto no n.º 1, do artigo 85.º, do Código de
Processo dos Tribunais Administrativos (CPTA).
4. Em 1.06.2021, veio o CSM apresentar a sua contestação, pugnando
pela sua improcedência.
5. Na mesma data - 01.06.2021-, foram apensados aos presentes autos,
os de Processo Disciplinar n.º ……/PD/…10.
6. Veio o Exmo. Sr. Procurador-Geral Adjunto, junto deste Supremo
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II. FUNDAMENTAÇÃO
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(…)
(cf. fls. 320 e 337 do PA, cujo teor se dá por reproduzido)
16) A 10.03.2020, o autor apresentou impugnação administrativa para o
Plenário do CSM da deliberação referida em 14) (cfr. fls. 362-367 do
PA, cujo teor se dá por reproduzido; vide também doc. 2 junto à PI).
17) A 20.04.2021, o Plenário do CSM, reunido para apreciar a
impugnação administrativa referida em 16), proferiu deliberação com o
seguinte teor (transcrição):
(…)
Processo Disciplinar n.º ...../PD/...10:
Impugnação Administrativa
Deliberam, no plenário do Conselho Superior de Magistratura,
I – Relatório
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j) Juízo de
instância criminal
....... em agregação
com o Juízo de
Instância Criminal
....... (Comarca
.......)
k) Círculo Judicial
........
....... 24/4/2018 Juízo de De
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Competência 17/9/2013 a
Genérica ....... – J… 6/9/2017
JFM ....... JFM .......
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nesses dias que teve uma indisposição no primeiro dos referidos dias e
que se encontrava de baixa médica no segundo dos dias em causa;
» 21 - Nessa sequência, com a informação referida supra, lavrada por
"termo", não se realizaram os julgamentos nos processos comuns
singulares n.ºs 201/19......, 694/19...... e 221/19......., no dia 04/03/2020,
as conferências nos processos de promoção e proteção n.ºs 245/19.......,
299/19........, 298/19......., de incumprimento de responsabilidades
parentais n.º 497/07......., a leitura de sentença no processo comum
singular n.º 97/19....... e a inquirição de testemunhas no procedimento
cautelar n.º 277/19......., no dia 05/03/2020;
» 22 - Apenas no dia 06/03/2020, pelas 18.19 horas, através de correio
eletrónico, o Dr. AA comunicou as suas ausências ao serviço nos dias 4
e 5/03/2020 ao Sr. Juiz Presidente do Tribunal da Comarca .......,
informando que tinha estado doente nesses dias e juntando atestado
médico (documento junto aos autos a fls. 251);
» 23 - Por despacho de 10/03/2020, Sr. Juiz Presidente do Tribunal da
Comarca ......., considerou as faltas injustificadas devido à
comunicação tardia e por já as ter comunicado ao Sr. Vogal do
Conselho Superior da Magistratura (documento junto aos autos a fls.
123);
» 24 - No dia 12/03/2020, o Sr. Juiz de Direito arguido apresentou novo
requerimento de justificação das ausências ao serviço nos dias 04 e
05/03/2020 ao Sr. Juiz Presidente do Tribunal da Comarca .......,
juntando certificado de incapacidade temporária para trabalho e
pedindo esclarecimentos sobre o despacho de 10/03/2020 (documentos
juntos aos autos a fls. 124);
» 25 - Por despacho de 13/03/2020, manteve o Sr. Juiz Presidente da
Comarca ....... o despacho que considerou injustificadas as faltas
(documento junto aos autos a fls. 125);
» 26 - No dia 19/05/2020, o Sr. Juiz de Direito AA não compareceu ao
serviço, nas instalações do Juízo Local de Competência Genérica .......,
tendo contactado telefonicamente a secção e informado que se
encontrava impedido de se deslocar ao Tribunal e que a diligência
designada para essa manhã, para as 11.30 horas, no âmbito do
processo de promoção e proteção n.º 421/12....... ficava adiada para a
parte da tarde, pelas 14.00 horas;
» 27 - Para além da diligência no processo de promoção e proteção n°
421/12......., encontravam-se agendadas diligências para a parte da
tarde nos processos urgentes de promoção e proteção n.º 101/20......
(13.45 horas), e comuns singulares n.ºs 232/14....... (audição de
arguido - 14.00 horas) e 59/18....... (julgamento - 14.15 horas);
» 28 - Por volta das 14.30/14.35 horas, O Sr. Juiz de Direito AA
contactou novamente a secção informando que não podia comparecer
no Tribunal por estar impedido de se deslocar a Tribunal e que todas
as diligências ficavam sem efeito, o que foi apenas nessa altura
comunicado a todos os intervenientes processuais presentes, que aí se
deslocaram;
» 29 - Pelas 14.44 horas, através de mensagem de correio eletrónico, o
Sr. Escrivão de Direito BB, por determinação do Sr. Juiz de Direito
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vontade própria?
» 37. Não está em causa o motivo da ausência - que é válido (doença) -
mas apenas a comunicação tardia dessa ausência ...;
» 38. Apesar do arguido ter informado a secretaria judicial em tempo
útil, é verdade que não comunicou de imediato ao pelo Senhor Juiz
Presidente da Comarca;
» 39. Contudo, a eventual irregularidade formal (não ter comunicado
de imediato ao Senhor Juiz Presidente da Comarca) em nada belisca
ou põe em causa o motivo da ausência;
» 40. O único comportamento censurável, no limite, é a comunicação
tardia e não a ausência ao serviço, em si mesma;
» 41. A comunicação tardia não tem dignidade disciplinar, razão pela
qual as ausências ao serviço dos dias 04 e 05 de Março não podem ser
valoradas como tal.
» 42. Ou, quando muito, têm de ser muito pouco valoradas, face ao
diminuto grau de ilicitude.»
No que respeita ao dia 19/05/2020:
«44. O arguido esteve ausente do serviço no dia 19 de Maio para
prestar assistência inadiável ao seu filho (menor de 10 anos), que tinha
sintomas compatíveis com "SARS-CoV-2", nomeadamente tosse e
febre;
» 45. Fez questão de informar a secretaria judicial ao início da manhã
e deu instruções para informarem os intervenientes processuais e o
Senhor Presidente da Comarca ......., quer telefonicamente, quer por
escrito;
» 46. É certo que só no final do dia 19/05, início do dia 20/05, é que o
arguido endereçou diretamente ao Senhor Presidente da Comarca .......
uma exposição escrita, dando conta do sucedido e requerendo que a
sua ausência fosse considerada justificada;
» 47. Salvo melhor opinião, essa falta deve ser considerada justificada,
à luz do art. 10. °/1 do EMJ que prevê: “Quando ocorra motivo
ponderoso, os magistrados judiciais podem ausentar-se da
circunscrição respetiva por número de dias que não exceda três em
cada mês e 10 em cada ano, comunicando previamente o facto ao
presidente do tribunal, ou. não sendo possível, imediatamente após o
seu regresso.”
» 48. O motivo indicado pelo arguido é claramente ponderoso, ou seja,
suspeita de contágio por “SARS-CoV-2” do seu filho, pelo que era de
todo imperioso que o arguido lhe prestasse assistência inadiável;
» 49. Quanto ao momento da comunicação, o arguido comunicou à
secretaria judicial a impossibilidade comparecer durante a manhã do
dia 19/05 e ordenou que fosse comunicado ao Senhor Juiz Presidente
da Comarca ....... no início da tarde porque só aí teve conhecimento
que estaria ausente do serviço e não realizaria as diligências
agendadas (quer as anteriormente agendadas, quer a transferida nessa
manhã).
» 50. Não o podia ter feito antes, porquanto não tinha a certeza do
impedimento;
» 51. Assim, o arguido comunicou previamente ao Senhor Juiz
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Presidente do Tribunal.
Dispõe o art. 10.º, n.º 1, do EMJ, que a falta será justificada quando
ocorra motivo ponderoso e haja comunicação prévia, ou, não sendo
possível, assim que o Juiz retornar ao serviço, ao Presidente do
Tribunal. No caso, face ao dia 10/02, não só não foi demonstrada a
existência de motivo ponderoso, como não foi feita – como poderia e
deveria ter sido – a comunicação prévia ao Presidente do Tribunal.
Por estas razões, foi corretamente considerada injustificada a referida
falta. Irreleva o facto de o arguido ter realizado uma outra diligência
na tarde do dia 10/02, pois ficou demonstrado que as partes se
deslocaram ao tribunal por volta das 14h, tendo aí permanecido cerca
de 1 hora, sem que a diligência para a qual haviam sido convocadas
fosse realizada, tendo havido, manifesta perturbação do serviço e
inconveniente para as partes. No que respeita ao dia 11/02, dispõe o n.º
2 do art. 10.º do EMJ que «o exercício de funções que pela sua
natureza não careça de ser realizado no tribunal pode excecionalmente
ser assegurado pelo juiz fora das respetivas instalações, não sendo
considerado ausência de serviço quando não implique falta ou
perturbação dos atos judiciais». Ora, no caso, existiam diligências
agendadas, pelo que não poderia o arguido ter optado por ficar a
trabalhar em casa, sem antes se assegurar que as diligências não
tinham condições para serem realizadas, ou que deveriam ser adiadas,
o que não sucedeu. O que parece ter sucedido, é que o arguido
aproveitou algumas vicissitudes processuais (possibilidade de
transação e junção de documentos) para proceder ao adiamento ou
não realização das diligências.
Não tem também razão o arguido quando alega que a falta de
comunicação da ausência ao Presidente do Tribunal não tem qualquer
relevância disciplinar. O n.º 1 do art. 10.º do EMJ exige, para que a
ausência seja legítima, dois requisitos cumulativos:
a) Motivo ponderoso;
b) Comunicação prévia (ou, excecionalmente, posterior) ao Presidente
do Tribunal.
E o n.º 6 do art. 10.º do EMJ estabelece que: «a ausência ilegítima
implica, além de responsabilidade disciplinar, a perda de vencimento
durante o período em que se tenha verificado». A norma não se refere
às faltas injustificadas (conceito autónomo), mas antes à «ausência
ilegítima», numa clara referência ao disposto no n.º 1 do art. 10.º do
EMJ. Assim, a infração disciplinar, no que respeita aos magistrados
judiciais, pode decorrer da ausência de motivo ponderoso (falta
injustificada) ou da ausência de comunicação ao Presidente do
Tribunal (ausência que poderia ser justificada, mas é ilegítima).
Entende-se que assim seja, pois, a comunicação ao Presidente do
Tribunal não corresponde a uma mera formalidade, sendo antes
essencial para garantir a boa prossecução do interesse público na
administração da justiça (dever de todos os magistrados judicias,
consagrado nos arts. 3.º e 7.º-C do EMJ), já que permite que seja
acionada a substituição do magistrado, quando seja possível, a tempo
útil, bem como, não sendo possível a substituição, que sejam avisados
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(…).
(cf. doc. 3 junto à PI e fls. 390-402 do PA).
18) Esta deliberação (17) foi notificada pessoalmente ao autor a
23.12.2020, através de ofício confidencial com o seguinte teor que se
transcreve:
(…)
Pelo presente ofício fica V. Exa notificado de todo o conteúdo da
decisão que se anexa, proferida em 20-04-2021, pelo Conselho
Plenário deste Órgão no processo supra referenciado em que V. Exa. é
arguido, registado na Secretaria deste Conselho sob o nº ...../PD/...10.
Igualmente se remete cópia do relatório final elaborado pelo Exmo.
Senhor Inspetor Judicial, Juiz Desembargador Dr. BB.
Mais se informa V. Exa. que, nos termos do art. 71.º al. b) do E.M.J.
deverá suspender as suas funções a partir da presente notificação.
(…)
(cf. doc. 4 junto à PI e fls. 405-407 do PA, cujo teor se dá por
reproduzido).
B. Do Direito
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3.3. Alega o autor que, com referência ao dia 10.02.2020, apenas esteve
ausente da parte da manhã e esteve presente e realizou diligências da
parte da tarde. Por conseguinte, não andou bem a deliberação
impugnada, ao considerar como falta do autor todo o dia.
A matéria de facto a que se reporta o autor está consignada nos pontos
7) a 13) dos factos dados como provados na deliberação impugnada
que, em si mesmo (isto é, enquanto dinâmica factual apurada,
expurgada de asserções conclusivas ou de índole jurídica), não foram
impugnados pelo demandante. Por esse motivo, recuperemo-los aqui
(transcrição):
(…)
“7 - No dia 10 de fevereiro de 2020, o Sr. Juiz de Direito AA não
compareceu ao serviço, nas instalações do Juízo Local de Competência
Genérica ......., até por volta das 15.30 horas;
8 - Nessa sequência, não se realizaram as diligências nos processos de
promoção e proteção n.ºs 310/19..... e 311/19....., agendadas para o dia
10/02/2020 da parte da manhã;
9 - Apesar de ter contactado o Tribunal, através de mensagem
telefónica enviada para a Exma. Sra. Procuradora da República, DD,
e ter informado que por motivo de falecimento de familiar apenas
compareceria pelas 11.30 horas, o que não sucedeu, transferindo
posteriormente as diligências para as 14.00 horas;
10 - Não tendo comparecido a esta última hora, contactou novamente o
Tribunal por volta das 14.00 horas, transferindo as diligências para as
15.00 horas, tendo, porém, os intervenientes, abandonado as
instalações do Tribunal;
11 - Nesse dia 10 de fevereiro acabou por se apresentar nas instalações
do Juízo Local de Competência Genérica ....... por volta das 15.30
horas, tendo realizado julgamento no âmbito do processo sumário
crime n.º 291/20......, que estava agendado para as 14.00 horas;
12 - Nos processos de promoção e proteção n.ºs 310/19..... e 311/19.....,
tendo sido aberta conclusão no dia da realização das diligências,
despachou nos seguintes moldes:
“Não se mostrando viável e realização da diligência no dia de hoje,
por razões de organização do agendamento e serviço, transfiro a
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3.4. Mais se insurge o autor contra a valoração que foi efectuada pela
entidade demandada quanto aos factos dados como provados nos
pontos 14 e 15 do relatório final e da deliberação impugnada,
porquanto, segundo o demandante, as diligências do dia 11.02.2020 não
se realizaram por factos alheios à vontade do autor (transacção num
processo e acordo entre as partes para juntarem documentos, e
solicitarem a dispensa da audiência prévia), porquanto:
i) quanto ao processo n.º 212/18....., as partes fizeram chegar aos
autos no dia anterior, com subscrição pela outra parte às 09h08, uma
transacção, sendo que esse julgamento não se realizou porque as partes
celebraram uma transacção na véspera, pelo que não faz o menor
sentido dar como provado que o autor faltou ao serviço no dia 11.02 e,
por essa razão, não se realizou o julgamento;
ii) em relação ao processo 55/19....., esta matéria está estritamente
ligada à matéria alegada no artigo 23.º da defesa e que foi, mal, dada
como não provada no ponto 4 dos factos não provados, sendo que, se
tivesse sido junta aos autos certidão do referido processo judicial, ter-
se-ia constatado ser verdadeira a versão do arguido, ou seja, que foram
juntos inúmeros documentos pelas partes antes da audiência prévia (o
que só corrobora a sua versão) – “se assim não fosse, como é que as
partes adivinhavam que o autor ia estar ausente e decidiam apresentar
os documentos..!” (sic).
Vejamos.
Constata-se que para este dia encontravam-se agendadas diligências
nos processos n.º 212/18......, para as 09h30, e n.º 55/19....., para as
14h15.
Relativamente ao processo n.º 212/18......, no dia anterior e no dia do
julgamento, pelas 9h08, deu entrada em juízo requerimento das partes,
com pedido de homologação de transacção.
Todavia, é certo que o julgamento agendado para as 09h30 não se
realizou porque o autor não estava presente. Se estivesse presente,
como era devido, teria homologado a transacção apresentada em acta,
na própria sessão agendada, e mesmo sem a presença das partes. Tal
como se consignou na deliberação do Plenário do CSM de 20.04.2021,
fazendo referência à deliberação da Secção de Assuntos Inspetivos e
Disciplinares do CSM, “como não houve despacho prévio ao
julgamento, devia ter sido em ata de audiência de julgamento que
deveria ter sido proferida a sentença homologatória, dando assim sem
efeito o julgamento a realizar e já não proferir despacho no dia
seguinte”.
Ou, no limite, o autor teria dispensado a realização de audiência,
mediante despacho proferido antes da mesma. Mas, não foi isso que
sucedeu: tendo o Sr. Escrivão de Direito contactado telefonicamente o
autor, na manhã do dia do julgamento, informando que tinha entrado
um requerimento de transacção, tendo sido aberta conclusão no mesmo
dia, 11.02.2020 (cf. fls. 118 do PA), constata-se que foi proferido pelo
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3.5. Alega o autor que, nos dias 04 e 05.03.2020 esteve doente e, por
isso, não esteve ausente voluntariamente, não devendo as faltas nesses
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3.7. Aduz, ainda, o autor que os factos que lhe foram imputados não
revelam falta de zelo e grave desinteresse pelo cumprimento dos seus
deveres funcionais, também tendo em conta o que decorre dos factos
dados como provados em 35) a 38) da deliberação impugnada, e que
nenhuma das suas ausências tinha “dignidade disciplinar”.
Resulta dos factos dados como provados invocados pelo autor o
seguinte (transcrição):
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(…)
35 - O arguido transmite a perceção de ser independente, isento nas
decisões, na conduta processual e empenhado, embora os seus atrasos
recorrentes e faltas tenham causado perturbação no serviço;
36 - Tem bom relacionamento com os funcionários judiciais,
mandatários, bem como com os demais magistrados;
37 - Trata com urbanidade e dignidade todos os intervenientes
processuais e o público em geral;
38 - Exerce as funções com reserva e serenidade.
(…).
Mesmo à luz destes factos, julgamos que o acto impugnado, ao
censurar disciplinarmente a conduta do autor, não padece de qualquer
erro. O que os autos evidenciam, ao invés, é que existiu efectivamente
violação do dever de zelo, que resultou em elevados prejuízos para o
serviço, e para as partes que se deslocaram ao tribunal sem que as
audiências para as quais se encontravam convocadas ocorressem, além
de que, o autor, reiteradamente, não comunicou as suas ausências,
evitando assim o recurso à substituição por forma a causar o menor
prejuízo para o serviço.
O que está em causa neste procedimento, é um conjunto de
comportamentos de violação grave e grosseira do dever de zelo, na
medida em que, ainda que se pudesse aceitar, em tese, as justificações
dadas pelo autor para estar ausente do tribunal, de modo algum se
consegue justificar a reiterada e renitente ausência de comunicação
prévia das referidas ausências ao Presidente do Tribunal da Comarca.
Secundamos, deste modo, o juízo efectuado no acto impugnado,
segundo o qual, tal recusa reiterada em cumprir uma regra de fácil
execução, para além de inexplicável, trouxe inegáveis prejuízos para o
serviço, bem como para terceiro.
Por isso, o demandante foi considerado autor de uma única infracção
grave, de execução reiterada e sucessiva por violação dos deveres
gerais de zelo e de assiduidade.
Quanto ao mais, atinente à suposta falta de dignidade disciplinar,
limitamo-nos a reproduzir nesta sede, pelo acerto hermenêutico, o que
se deixou estabelecido na deliberação impugnado a este respeito
(transcrição):
(…)
Não tem também razão o arguido quando alega que a falta de
comunicação da ausência ao Presidente do Tribunal não tem qualquer
relevância disciplinar. O n.º 1 do art. 10.º do EMJ exige, para que a
ausência seja legítima, dois requisitos cumulativos:
a) Motivo ponderoso;
b) Comunicação prévia (ou, excecionalmente, posterior) ao Presidente
do Tribunal.
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4.6. De acordo com o labor dogmático e exegético que recaiu sobre este
princípio, temos por assente que o princípio da proporcionalidade se
desdobra em três subprincípios: o princípio da adequação, o princípio
da necessidade e o princípio da proporcionalidade em sentido estrito.
O primeiro (adequação) impõe que as medidas adoptadas sejam aptas a
realizar o fim ou fins que têm em vista alcançar. A actuação
administrativa deve ser, assim, congruente com as circunstâncias do
caso e os fins que a justificam, impondo-se uma avaliação causa-efeito
entre, por um lado, o meio ou solução propostos, e, por outro, o
objectivo a atingir. Os critérios da Administração Pública têm de ser
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possíveis de conduzir ao fim do acto, que, por seu turno, deve coincidir
com o fim legal. Assim, quanto à primeira vertente, à questão que se
impõe formular (“a medida em causa é apropriada ou adequada à
prossecução do fim pretendido?”), a resposta deverá levar em conta que
“[…] a medida restritiva só será liminarmente invalidada por
inidoneidade ou inaptidão quando os seus efeitos sejam ou venham a
revelar-se indiferentes, inócuos ou até negativos tomando como
referência a aproximação do fim visado com a restrição […]”[24].
Por seu lado, o princípio da necessidade exige que se escolha, de entre
todos os meios idóneos e de igual modo aptos a prosseguir o fim
visado, aquele que produza um efeito menos restritivo. A medida
administrativa deve ser necessária para o cumprimento dos fins que
determinam a atuação pública, de tal sorte que a Administração só deve
sacrificar o direito do particular quando tal se revele indispensável para
a prossecução do interesse público. Está em causa aferir se existem,
porventura, outras medidas idóneas que sejam menos lesivas dos vários
interesses em presença. Destinado a detectar actuações excessivas,
“[…] o princípio da proporcionalidade assume-se como um princípio
comparativo, obrigando à realização de um confronto entre diferentes
meios: entre o meio efetivamente utilizado e outros meios
hipoteticamente disponíveis para alcançar o fim almejado pelo
legislador (e constitucionalmente almejado). O problema agora não é
tanto de eficácia do meio eleito pelo legislador como de eficiência ─
da sua eficiência comparada com outros meios, com outras soluções
legais, com outras vias de abordar o mesmo problema” [25].
Por último, o princípio da proporcionalidade em sentido estrito proíbe a
adopção de medidas excessivas ou desproporcionadas para alcançar os
fins pretendidos. A actuação administrativa deve, nesta perspetiva, ser
tomada na justa medida da situação carecida de resolução. A
Administração deve pesar a relação entre os benefícios que vai obter
para o interesse público e os prejuízos correlativos que vai impor ao
particular, exigindo-se que se esteja perante um meio equilibrado. Este
princípio põe em confronto os interesses perseguidos com a escolha do
procedimento e os bens, interesses ou valores sacrificados por essa
decisão, obrigando a verificar se o resultado obtido com a limitação de
efeitos configura uma justa medida face ao sacrifício de interesses que
a mesma implica. Meios e fim são, assim, “colocados em equação
mediante um juízo de ponderação, a fim de se avaliar se o meio
utilizado é ou não desproporcionado em relação ao fim”[26].
Tal implica o recurso a uma metodologia de ponderação de bens: de um
lado, o bem jusfundamental que é objecto de restrição; do outro, o bem
constitucional que dir-se-ia justificar essa mesma intervenção restritiva.
Esta última vertente só se pode ter por violada se, colocado o julgador
perante uma derradeira questão, se confronte com uma resposta
necessariamente negativa.
Dizendo por outras palavras: o resultado obtido é proporcional à
desvantagem que a medida adotada comporta?
Recuperando os ensinamentos da doutrina autorizada a que aludimos
supra, trata-se agora de “apreciar o desvalor do sacrifício imposto […]
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profissionais.
Todas estas vicissitudes contribuíram para que a entidade demandada,
em juízos de prognose em que não se vislumbra qualquer erro
manifesto ou palmar, tivesse considerado: i) que o autor, pela sua
conduta, mostrou não dar garantias de poder continuar a contribuir para
assegurar a capacidade funcional da Administração da justiça no local
onde desempenhava funções, pelo que a única forma de evitar novo
incumprimento de deveres funcionais passava, não pela extinção do
vínculo, mas pela aplicação de uma sanção com privação de exercício
efectivo de funções (finalidade de prevenção especial); ii) que a
gravidade das infrações merecia uma censura o mais candente possível
dentro da moldura sancionatória aplicável, nomeadamente, através da
manutenção do vínculo funcional, embora com restrição ao exercício
efectivo de funções e da correspetiva percepção de remuneração por
um período limitado de 90 dias (finalidade de repressão ou retribuição);
e iii) que a confiança, quer dos demais elementos da instituição e da
Administração da Justiça, por um lado, quer da própria comunidade em
geral, por outro lado, apenas seria recuperada ou recuperável pelo
exercício disciplinar que culminasse numa pena de suspensão
(finalidade de prevenção geral).
Relembramos que apenas se pretende e pode sindicar, nesta fase, a
dosimetria concreta da pena. E, face à ausência de qualquer erro
manifesto na escolha da concreta medida da pena, nada podemos neste
ponto estabelecer. Se ao Tribunal é possível analisar da existência
material dos factos e averiguar se eles constituem infrações
disciplinares, já não lhe compete apreciar a concreta medida da pena,
salvo em caso de erro notório ou manifesto, o que não ocorreu no
caso dos autos.
Assim, não viola o princípio da proporcionalidade a aplicação de pena
de suspensão por 90 dias, que se mostra adequada e necessária à
gravidade da conduta, aos deveres violados e ao grau de culpa revelado
pelo autor da presente acção.
Por tudo o exposto, julga-se improcedente a pretensão do autor também
com este fundamento.
5. Destarte,
Julga-se improcedente a impugnação deduzida pelo Sr. Juiz de
Direito AA, contra a Deliberação do Plenário do Conselho Superior
da Magistratura de 20 de abril de 2021, confirmando, em
consequência, esta Deliberação.
III. DECISÃO
______________________
[1] Hoc sensu, vide Rui Medeiros / Tiago Maceirinha, «Artigo 271.º», in AA.VV., Constituição
Portuguesa Anotada, tomo iii, organização de Jorge Miranda / Rui Medeiros, Coimbra, Coimbra
Editora, 2007, p. 633; Pedro Fernández Sánchez, «Notas sobre o Enquadramento Constitucional do
Regime Disciplinar dos Trabalhadores em Funções Públicas», in AA.VV., O Regime Disciplinar
dos Trabalhadores em Funções Públicas, Advogados e Magistrados Judiciais, coord. de Pedro
Fernández Sánchez / Luís M. Alves, edição do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos
Advogados e da Editora da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, p. 8
[2] Acórdão do TC n.º 33/2002 de 21.01.2002.
[3] Inter alia, vide o Acórdão de 23.06.2016 (proc. n.º 134/15.7YFLSB), in http://www.dgsi.pt/jstj,
cuja exposição aqui viemos seguindo de perto.
[4] Artigo 628.º do CPC, ex vi art. 4.º do CPP; Ac. STJ 11-03-2021, http://www.dgsi.pt
[5] Manuel Leal-Henriques / Manuel Simas Santos, Código Penal anotado, vol. ii, 3.ª ed., 2000,
Lisboa, Rei dos Livros, p. 1544.
[6] Acórdão desta Secção de Contencioso de 04-07-2019, proc. n.º 39/18.0YFLSB; vide ainda o
Acórdão do de 25-05-2016, proferido no processo n.º 55/14.0YFLSB, assim como, na
jurisprudência mais recente, os acórdãos de 20-02-2019, processo n.º 68/18.3YFLSB, e de 24-10-
2019, processo n.º 67/18.5YFLSB, ambos em www.dgsi.pt.
[7] Carlos Alberto Fernandes Cadilha, «A prova em contencioso administrativo», Cadernos de
Justiça Administrativa, n.º 69, 2008, Braga, Centro de Estudos Jurídicos do Minho, pp. 49 e 50.
[8] Carlos Medeiros de Carvalho, «O juiz administrativo e o controlo da prova procedimental no
processo disciplinar», Cadernos de Justiça Administrativa, n.º 101, 2013, Braga: Centro de
Estudos Jurídicos do Minho, p. 29.
[9] Fernandes Cadilha, cit, pp. 50 e 53.
[10] Medeiros de Carvalho, cit, p 21.
[11] Seguiremos de perto a exposição que esta Secção de Contencioso tem vindo a efectuar com
referência a este princípio de proporcionalidade (nomeadamente, os Acórdãos de STJ de
30.06.2020, proferidos nos processos que correram termos sob os n.ºs 3/20.9YFLSB e
46/19.5YFLSB, de 23.09.2020, no processo n.º 44/19.1YFLSB, a que fora apensado o processo n.º
54/19.6YFLSB, e de 16.12.2020, no processo n.º 11/20.0YFLSB, acessíveis em
https://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/).
[12] Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo, vol. ii, 10.ª ed., reimpressão, 2013,
Almedina, pp. 818 a 820.
[13] Mário Esteves de Oliveira / Rodrigo Esteves de Oliveira, Código de Processo nos Tribunais
Administrativos – volume i e Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, Almedina, 2006,
pág.123.
[14] António Cadilha, «Os poderes de pronúncia jurisdicionais na ação de condenação à prática de
ato devido e os limites funcionais da justiça administrativa», AA.VV., Estudos em homenagem ao
Prof. Doutor Sérvulo Correia. Volume ii, Coimbra, Coimbra Editora, 2010, pp. 167 e 168.
www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/77ba481070756fb0802587b400344fa3?OpenDocument 57/58
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[15] Raquel Carvalho, Comentário ao Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores Que Exercem
Funções Públicas, Lisboa, Universidade Católica Editora, 2012, p. 131; Paulo Veiga e Moura /
Cátia Arrimar, Comentários à Lei Geral do trabalho em Funções Públicas, 1.º volume, artigos 1.º
a 240.º, 2014, Coimbra Editora, p. 597; aludindo a um «princípio de oportunidade temperado ou
“discricionariedade vinculada”», vide Ana Fernanda Neves, O Direito Disciplinar da Função
Pública, volume ii, 2007, dissertação de doutoramento, inédito, disponível e acessível para consulta
online na presente data in https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/164/2/ulsd054618_td_vol_2.pdf,
pp. 352 e passim.
[16] Ac. do STA de 08.06.2000, proc. n.º 41 879.
[17] Duarte Rodrigues da Silva, «Notas sobre o Contencioso Administrativo Disciplinar», in
AA.VV., O Regime Disciplinar dos Trabalhadores em Funções Públicas, Advogados e
Magistrados Judiciais, coord. de Pedro Fernández Sánchez e Luís M. Alves, edição do Conselho
Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados e da Editora da Associação Académica da Faculdade
de Direito de Lisboa, 2020, p. 71.
[18] Maria Francisca Portocarrero, «Aferição judicial ab extra da legalidade do exercício
administrativo discricionário», Cadernos de Justiça Administrativa, n.º 66, 2007, Braga, Centro de
Estudos Jurídicos do Minho, p. 34.
[19] Hoc sensu, vide, na doutrina, Mário Aroso de Almeida / Carlos Alberto Fernandes Cadilha
(Comentário ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos, 4.ª edição revista, 2017,
Coimbra, Almedina, pág. 490) e Mário Esteves de Oliveira / Rodrigo Esteves de Oliveira (op. cit.,
pág. 125).
[20] Vejam-se os Acórdãos de:
i. 12-12-2002 (processo n.º 4269/01), 27-10-2009 (processos n.ºs 21/09.8YFLSB e
364/09.0YFLSB), 16-11-2010 (processo n.º 451/09.5YFLSB), 16-12-2010 (processo n.º
9/10.6YFLSB), 15-12-2011 (proc. n.º 87/11.0YFLSB), 05-06-2012 (processo n.º 127/11.3YFLSB),
19-09-2012 (processo n.º 10/12.5YFLSB), 18-10-2012 (proc. n.º 125/11.7YFLSB), 21-11-2012
(processo n.º 66/12.0YFLSB), 11-12-2012 (processo n.º 61/12.0YFLSB), 20-03-2013 (proc. n.º
96/13.5YFLSB), 21-03-2013 (processo n.º 15/12.6YFLSB), 26-06-2013 (processos n.ºs
132/12.2YFLSB e 149/11.4YFLSB), 15-10-2013 (processos n.ºs 30/13.2YFLSB e 44/13.2YFLSB)
[todos acessíveis em “Sumários do Contencioso”, em www.stj.pt];
ii. 26-02-2014 (proc. n.º 2/13.2YFLSB), 09-07-2014 (proc. n.º 57/13.4YFLSB), 16-12-2014
(proc. n.º 49/14.6YFLSB), 24-02-2015 (proc. n.º 50/14.0YFLSB), 22-02-2017 (processo n.º
10/16.6YFLSB), 30-03-2017 (processo n.º 73/16.4YFLSB), de 22-01-2019 (processos n.ºs
65/18.9YFLSB e 77/18.2YFLSB) e 10-12-2019 (processo n.º 2/19.3YFLSB), disponíveis em
http://www.dgsi.pt/jstj;
iii. 30-06-2020 (processos n.ºs 3/20.9YFLSB e 46/19.5YFLSB) e 23-09-2020 (proc. n.º
44/19.1YFLSB, a que fora apensado o processo n.º 54/19.6YFLSB), e ainda de 16-12-2020, no
processo n.º 11/20.0YFLSB acessíveis em https:// https://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli
[21] Raquel Carvalho, op. cit., pp. 90 e 91.
[22] Veiga e Moura / Arrimar, op. cit., pág. 597.
[23] Ana Fernanda Neves, O Direito…, ii, cit., pp. 150 e 151, exposição posteriormente
aprofundada a pp. 447 a 453.
[24] Jorge Reis Novais, Os Princípios Constitucionais Estruturantes da República Portuguesa,
reimpressão, Coimbra, Coimbra Editora, 2011, p. 168.
[25] Jorge Miranda / Jorge Pereira da Silva, «Artigo 18.º», in AAVV, Constituição Portuguesa
Anotada, Tomo i, 2.ª edição, coordenação de Jorge Miranda / Rui Medeiros, 2010, pp. 374 e 375.
[26] José Joaquim Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7.ª edição,
13.ª reimpressão, Coimbra, Almedina, 2013, p. 270.
[27] Reis Novais, op. cit., pág. 181.
[28] Manuel Leal-Henriques, Procedimento Disciplinar. Função pública. Outros Estatutos. Regime
de Férias, Faltas e Licenças, 4.ª edição, 2002, Lisboa, Rei dos Livros, pp. 118-119.
[29] Luís Vasconcelos Abreu, Para o Estudo do Procedimento Disciplinar no Direito
Administrativo Português Vigente: As Relações com o Processo Penal, Almedina, 1993, p. 43.
[30] Ana Fernanda Neves, Direito Disciplinar…, ii, cit., pp. 513-514.
[31] Idem, ibidem.
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