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HISTÓRIA DA AMÉRICA II
Monitora: Janille Campos (Tradução)
Carta
aos
espanhóis
americanos
Juan
Pablo
Viscardo
y
Guzmán
(1792)
Irmãos e Compatriotas:
entanto, apesar dos progressos de uma doutrina tão impactante, toda a história da
Espanha testifica constantemente contra sua verdade e legitimidade.
A conservação sobre os direitos naturais e, sobretudo, a liberdade e segurança das
pessoas e suas posses, é incontestavelmente a pedra fundamental a toda sociedade
humana, de qualquer maneira que esteja combinada. É pois uma obrigação
indispensável de toda sociedade, ou do governo que a representa, não somente respeitar,
mas também proteger de forma eficaz os direitos de cada indivíduo.
Queridos irmãos e compatriotas, se não há entre vocês quem não conheça e sinta suas
queixas mais intensas que eu poderia explicá-la, o ardor que se manifesta em vossas
almas, os grandes exemplos de vossos antepassados, e vossa valiosa ousadia, os
prescreve a única resolução que convém a honra que haveis herdado, que estimais e que
fazes vossa vaidade. O mesmo governo da Espanha os tem indicado a esta resolução,
considerando-os sempre um povo diferente dos espanhóis europeus, e esta diferença os
impõe a escravidão. Tentaremos por nossa parte ser um povo diferente; renunciemos a
um governo, cujo afastamento tão grande não pode procurar, ainda que em parte das
vantagens que todo homem deve esperar da sociedade que é membro; a este governo
que, longe de cumprir com sua indispensável obrigação de proteger a liberdade e
segurança de nossas pessoas e propriedades, tem posto o maior empenho em destruí-las,
e no lugar de esforçar-se a fazê-los felizes, acumula sobre nós toda espécie de
calamidades.
Por fim, abaixo qualquer aspecto que seja vista nossa independência da Espanha, se
verá que todos nossos deveres nos obrigam a terminá-la. Devemos fazê-lo por gratidão a
nossos maiores, que não pouparam seu sangue e seu suor, para que o teatro de sua glória
ou de seus trabalhos, não se converta em nossa miserável escravidão. Devemos a nós
mesmos a obrigação indispensável de conservar os direitos naturais, recebidos do nosso
Criador, direitos preciosos que não somos donos de desfazer e que não podemos ser
tomados sem injustiça, sob qualquer pretexto que seja; o homem pode renunciar a sua
razão ou pode esta ser arrancada à força? A liberdade pessoal não lhe pertence menos
do que a razão. O livre uso dos mesmos direitos é a herança inestimável que devemos
deixar a nossa posteridade.
Animados de um motivo tão grande e tão justo, podemos com confiança dirigirmos ao
princípio eterno da ordem da justiça, implorar em nossas humildes orações sua divina
assistência, e com a esperança de ser ouvido, consolarmos de antemão de nossas
desgraças.
Quantos se afastaram da opressão ou da miséria, virão a enriquecer com sua indústria,
com seus conhecimentos, e a reparar nossa população debilitada! Dessa maneira, a
América reunirá as extremidades da terra, e seus habitantes serão unidos pelo interesse
comum de uma só grande família de irmãos.