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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Instituto de História
Professor: María Verónica Secreto
Disciplina: Seminário em Poder e ideias políticas: História Ambiental do Brasil e da
América Latina
Código: GHT00
Carga Horária: 60 horas
Eixo Cronológico: Contemporânea
Período: 02/2017
Turno: Noturno
 
A  disciplina  propõe  em  primeiro  lugar  apresentar  o  campo  de  estudos  a  partir  do  
debate   sobre   a   mercantilização   da   Natureza.   Se   a   história   ambiental   é   um   campo  
mais   ou   menos   novo,   a   percepção   dos   conflitos   ambientais   distributivos   é   um  
pouco   mais   antiga.   Propomos   começar   abordando   a   questão   da   criação   do  
campo,  sua  delimitação,  objetos,  metodologia,  etc.  
Nos  Estados  Unidos  o  campo  foi  desenvolvido  desde  a  década  de  1970,  aqui  no  
Brasil   os   primeiros   trabalhos   datam   da   década   de   1990,   momento   no   qual   o  
paradigma   cultural   se   impunha   com   grande   força   e   uma   crítica   generalizada   às  
dimensões   materiais   de   existência   colocavam   a   história   ambiental   na   lista   de  
“suspeitas”   de   algum   tipo   de   determinismo.   Isso   explica   em   parte   o   lugar   um  
tanto  relegado  que  tem  tido  dentro  dos  departamento  de  história.  
Ao   lado   da   ecologia   política   e   da   geografia   crítica   a   história   ambiental   tem  
crescido   acompanhando   a   preocupação   da   sociedade   com   as   questões  
ambientais  e  encontrado  um  lugar  de  intercâmbios  frutíferos  na  perspectiva  pós-­‐
colonial.  
Como   parte   de   um   pensamento   crítico   mais   holístico   a   história   ambiental  
também   tem   realizado   uma   releitura   de   autores   “clássicos”   e   achado   neles   as  
percepções   imprescindíveis   para   estarem   na   lista   das   abordagens   ambientais.  
Entram  nessa  lista  autores  como  Rosa  Luxemburgo,  E.P.  Thompson,  etc.  
Por  último  a  disciplina  abordará  um  conjunto  de  conflitos  ambientais  a  partir  das  
perspectivas  histórica,  sociológica,  antropológica  e  política  ambientais.    
 
Modalidade:  o  curso  será  dividido  em  duas  partes,  a  primeira  que  abarcará  dois  
terços   do   mesmo,   estará   articulada   pelas   discussões   e   textos   listados   em   cada  
unidade  temática.  A  segunda  parte  que  ocupará  o  terço  restante  será  destinada  à  
apresentação  de  seminários.  
 
Avaliação:  trabalho  escrito  individual  e  seminário  grupal.  
 
Unidade  1:  História  ambiental:  a  definição  de  um  campo  
BOURDIEU, Pierre. A gênese dos conceitos de habitus e de campo. In: BOURDIEU,
Pierre. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989. p. 59-73.
BOURDIEU, Pierre. O campo Científico. In: Ortiz, Renato (org). Bourdieu.
Sociologia. São Paulo: Ática. Vol. 29, p. 122-155
DRUMMOND, José Augusto. A história ambiental: temas, fontes e linhas de
pesquisa, Estudos Históricos, vol. 4, n. 8, 1991.
PADUA, José Agusto. As bases teóricas da história ambiental, Estudos Avanzados,
vol 24, n. 68, 2010.

  1  
WORSTER, Donald. Para fazer História Ambiental. Revista Estudos Históricos, Rio
de Janeiro, v. 04, n. 08, p. 198-215, 1991.

Unidade 2: O campo se consolida: traduções a produções locais


CROSBY, Alfred W. Imperialismo Ecológico: a expansão biológica da Europa (900
– 1900). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e devastação da Mata Atlântica brasileira.
São Paulo: Companhia da Letras, 1996.
PÁDUA, José Augusto. Um Sopro de Destruição: pensamento político e critica
ambiental no Brasil escravista (1786-1888). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
SCHAMA, Simon. Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

Unidade 3: Releituras de “clássicos” do ponto de vista ambiental


BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo, séculos XV-
XVIII. As estruturas do Cotidiano. Cap. 2 O pão de cada dia. São Paulo: Martins
Fontes, 1997.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. (Segunda Parte: Economia
escravista de agricultura tropical. Séculos XVI e XVII). Rio de Janeiro: Editora
Nacional, 1982.
THOMPSON, E.P. Senhores e caçadores. A origem da lei negra. Rio de Janeiro: Paz
e Terra. 1987
POLANYI, Karl. A grande Transformação. As origens de nossa época. Rio de
Janeiro: Campus, 2000.
HOLANDA, Sergio Buarque de. Monções. São Paulo: Editora Brasiliense, 1976.

Unidade 4: O problema da história ambiental: um perspectiva interdisciplinar


ESCOBAR,   Arturo.   El   lugar   de   la   naturaleza   y   la   naturaleza   del   lugar  
¿globalización  y  postdesarrollo?  In:  LANDER,  Edgardo,  La   colonialidad   del   saber.  
Buenos  Aires:  Clacso.  2005  
LEFF, Enrique. Construindo a História Ambiental da América Latina. Esboços,
Florianópolis, v. 13, p. 11-30, 2005.
MARTINEZ ALIER, Joan. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e
linguagens de valoração. São Paulo: Contexto, 2011.
SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 5ª ed. São Paulo: Editora da USP,
2004.
MALAGODI, Marco Antonio Sampaio. “Geografias do dissenso: sobre conflitos,
justice ambiental e cartografia social no Brasil”. Espaço e Economia Revista
brasileira de geografia econômica, Ano I, Número 1, 2012.

Unidade 5: Problemas de historiografia ambiental


JASSO, Gerardo Morales e HERRERA MONTELONGO, Jessica. Epistemología de
la Historia ambiental a través de una encuesta realizada en el VII Simposio de la
Sociedad Latinoamericana e caribeña de Historia Ambiental. 2004
CORRÊA, Dora Shellard. História Ambiental e a paisagem. HALAC. Belo Horizonte,
volumen II, numero 1, setiembre 2012 – febrero 2013, p. 47-69.

Unidade 6: Objetos globais, objetos locais


DAVIS, Mike. Holocaustos coloniais. Clima, fome e imperialismo na formação do
terceiro mundo. Rio de Janeiro: Record, 2002.

  2  
NEVES, Frederico de Castro. A multidão na História. Saques e outras ações de
massas no Ceará. Relume Dumará. Rio de Janeiro, 2000.
de 1878 no Ceará. Tempo, Vol. 11 No22.
FREYRE, G. A Cana e a Água. In: Nordeste: Aspectos da Influência da Cana sobre a
Vida e a Paisagem do Nordeste do Brasil. 7a ed. Rio de Janeiro: Global, 2004.

Unidade 7: História ambiental e História agrária


CABRAL, Diogo de Carvalho. Na presença da Floresta. Mata Atlântica e História
Colonial. Rio de Janeiro. Garamond, 2014.
FUNES MONZOTE, R. El azúcar y la absoluta libertad de talar los bosques, 1815-
1876. In: De bosque a sabana: Azúcar, deforestación y medio ambiente en Cuba:
1492-1926. Mexico, Siglo XXI Editores, 2004. pp. 213-274.
DEAN, W. A Ferro e Fogo: A História e a Destruição da Mata Atlântica Brasileira.
São Paulo: Companhia das Letras, 1998, Cap. O café desaloja a floresta. pp. 183-205.
SECRETO, María Verónica. Ainda o fio e a rede. Os conflitos em torno da
propriedade no Oeste Paulista. In: Fronteiras em movimento: História comparada
Argentina e Brasil no século XIX, Niterói: Eduff, 2012, pp 151-180

Unidade 8: História e educação ambientais: roteiros para uma história ambiental do


Rio de Janeiro
CARNEIRO, Eder Jurandir. Conflitos ambientais no Estado do Rio de Janeiro:
associativismo e significados sociopolíticos. Revista Rio de Janeiro, n. 16 e 17, 200
SANTOS, Agni Hévea dos. A História Ambiental na paisagem contemporânea do
maciço da Pedra Branca/RJ, Rio de Janeiro, PUC, 2007.

Vídeos
Enrique Leff: Ecologia Política: conflitos socioambientais, ontologia da diversidade e
política da diferença. ECOPOLAT, 2014.

 
Agosto   Setembro   Outubro   Novembro   Dezembro  
    5   7   3       2   5   7  
  17   12   14   10   12   7   9      
22   24   19   21   17   19   14   16      
29   31   26   28   24   26   21   23      
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