Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: HISTÓRIA E CONEXÕES ATLÂNTICAS PROFESSOR: LUIZ COUCEIRO
PROGRAMA DE DISCIPLINA (60h): ESCRAVIZAÇÃO DE AFRICANO-AMERICANOS NA PERSPECTIVA GLOBAL
– 2022.2
DIA E HORÁRIO: QUINTA-FEIRA, DAS 14h ATÉ 17h

1. EMENTA, OBJETIVOS E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: Africanos escravizados e seus descendentes


construíram múltiplas maneiras de significar as dimensões de existência nas Américas e no Caribe, com
graus de semelhança e diferença nas suas experiências. Foram ações embebidas nas dinâmicas de cenários
oceânicos, que alimentaram formas de articulação entre as pessoas neles envolvidos, complexas
personagens atuando nas redes de relações tensas e violentas dos registros jurídicos e econômicos de
escravização. De opção do capitalismo mercantil, no século XVI, passando por elemento central na formação
do capitalismo industrial em escala global, principalmente atlântica, no XVIII e no XIX, a escravização de
africanos e africano-americanos deve ser entendida em contextos locais e mundiais. Essa disciplina visa
compreender os alicerces históricos dos processos de exploração dos escravizados e como eles significaram
as suas experiências no Novo Mundo, em relação aos outros agentes com eles envolvidos. Para tanto,
lidaremos com trabalhos de investigação na historiografia nacional e internacional sobre contextos
atlânticos, procurando observar o diálogo entre elementos mais gerais nas formas sociais escravistas e como
as pessoas as vivenciaram. Buscaremos compreender a natureza das fontes investigadas, as teorias, os
métodos e conceitos que os autores lançaram mão para dar conta de seus questionamentos que
possibilitaram multifacetadas perspectivas historiográficas de caráter global.

2. METODOLOGIA: Aulas presenciais a partir de leituras dos textos selecionados.

3. AMBIENTE DE APRENDIZAGEM E DE COMUNICAÇÃO: Aulas presenciais na sala do PPGHIS UFMA, reuniões


na mesma, ou via Google Meet ou, ainda WhatsApp.

4. AVALIAÇÃO: Cada alunx fará um artigo que será enviado por e-mail (luiz.couceiro@ufma.br) em data
estipulada com a turma no início da disciplina, com as especificações de formatação previamente enviadas
pelo professor. No texto, o estudante de pós-graduação deverá explorar tanto definições teóricas e
conceituais dxs autorxs, como usá-las para analisar parte do material de investigação de sua dissertação de
mestrado ou tese de doutorado. Serão fornecidas três opções, em bom tempo.

5. ROTEIRO DAS AULAS COM BIBLIOGRAFIA CORRESPONDENTE:

Aulas 1 e 2 (15 e 22 de SETEMBRO): Apresentação da disciplina e discussões conceituais centrais


BLACKBURN, Robin. 2003. A Construção do escravismo no Novo Mundo: do Barroco ao Moderno (1492-
1800). Rio de Janeiro: Record. (Introdução. Escravidão e modernidade, p.13-44)
MARQUESE, Rafael de Bivar. 2019. A história global da escravidão atlântica: balanços e perspectivas.
Esboços: histórias em contextos globais, v.26, n.41, p.14-41, jan./abr.
LEITURAS COMPLEMENTARES:
SOLOW, Barbara. 1987. Capitalism and slavery in the exceedingly long run. In: SOLOW, Barbara & ENGERMAN,
Stanley (eds.). 1987. British capitalism & Caribbean slavery. Cambridge: Cambridge University Press, p.51-77.
MORGAN, Philip D. 1988. Task and gang systems: the organization of labor on New World Plantations. In:
INNES, Stephen (ed.). Work and labor in Early America. Chapel Hill: University of North Carolina Press, p.189-
220.
2

Aula 3 (29 de SETEMBRO): O conceito de cultura para compreender contextos de escravização africano-
americana
MINTZ, Sidney; PRICE, Richard. 2003. O nascimento da cultura afro-americana: uma perspectiva antropológica.
Rio de Janeiro: Pallas, UCAM. (Livro inteiro)
LEITURAS COMPLEMENTARES:
MORGAN, Philip. 1998. Slave counterpoint: black cultures in the eighteenth Century Chesapeake & Lowcountry.
Chapel Hill: University of North Carolina Press. (Two plantation worlds, p.27-101)
MORRIS, Christopher. 1998. The articulation of two words: the master-slave relationship reconsidered.
The Journal of American History, v.85, n.3, dec., p.982-1007.

Aulas 4 e 05 (06 e 13 de OUTUBRO): Escravidão e capitalismo industrial


TOMICH, Dale W. 2011. 3. A “segunda escravidão”. In: Pelo prisma da escravidão: trabalho, capital e
economia mundial. São Paulo: EdUSP, p.81-97.
BRANDON, Pepijn. 2017. Capitalismo y esclavitud: nuevas perspectivas a partir de debates norteamericanos.
Rey Desnudo, Año V, No. 10, Otoño, p.172-191.
LEITURA COMPLEMENTAR:
INIKORI, Joseph E. 1987. Slavery and the development of industrial capitalism in England. In: SOLOW,
BARBARA L. & ENGERMAN, Stanley L. (eds.). British capitalism and Caribbean slavery: the legacy of Eric
Williams. New York, New Rochelle, Melbourne, Sydney: Cambridge University Press, p.79-101.

Aula 7 (20 de OUTUBRO): Revoluções globais e escravidão – São Domingos/Haiti


HAZAREESSINGH, Sudhir. 2021. O maior revolucionário das américas: a vida épica de Toussaint Louverture. São
Paulo: Companhia das Letras (páginas a escolher)
SOARES, Carlos Eugênio Líbano e GOMES, Flávio dos Santos. 2002. Sedições, haitianismo e conexões no Brasil:
outras margens do Atlântico negro. Novos Estudos CEBRAP, n.63, julho, p.131-144.
LEITURAS COMPLEMENTARES:
FICK, Carolyn. 1990. Camponeses e soldados negros na Revolução de Saint-Domingue: reações iniciais à
liberdade na Província do Sul (1793-1794). In: KRANTZ, Frederick (org.). 1990. A outra história: ideologia e
protesto popular do século XVII a XIX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p.211-226.
GIRARD, Philippe. 2019. Making freedom work: the long transition from slavery to freedom during the Haitian
Revolution. Slavery & Abolition, 40:1, p.87-108.

Aula 8 (27 de OUTUBRO): Mais reflexões sobre o caso de São Domingos/Haiti


TROUILLOT, Michael-Rolph. 2016. Silenciando o passado: poder e a produção da história. Curitiba: Huya
Editorial. (Capítulos a escolher)

Aula 09 (03 DE NOVEMBRO): Capitalismo inglês e moralidades laborais escravistas – o caso de Demerara
COSTA, Emilia Viotti da. 1998 (1994). Coroas de glórias, lágrimas de sangue: a rebelião dos escravos de
Demerara em 1823. São Paulo: Companhia das Letras. (Capítulos a escolher)
LEITURA COMPLEMENTAR:
KAY, Marvin L. Michael & CARY, Lorin Lee. 1985. They are indeed the constant plague of their tyrants: slave
defense of a moral economy in Colonial North Caroline, 1748-1772. Slavery & Abolition, v.6, n.3, dec., p.37-56.
3

Aula 10 (10 DE NOVEMBRO): Traficantes no comércio transatlântico e interprovincial de escravizados


REDIKER, Marcus. 2022. Escapando da escravidão pelo mar na véspera da Guerra Civil Americana: uma história
do trabalho. Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 14, p.1-18.
COSTA, Flávia; GOMES, Flávio. 2022. Dos tripulantes da história: o africano Duarte José Martins da Costa entre
a “rede miúda” do tráfico atlântico (Rio de Janeiro-Angola-Recife-Benim, séc. XIX). Afro-Ásia, v. 65, p.203-245.
LEITURA COMPLEMENTAR:
PIRES, Maria de Fátima N. 2017. Travessias a caminho tráfico interprovincial de escravos, Bahia e São Paulo
(1850-1880). África(s), Revista do Programa de Pós-Graduação em estudos africanos, povos indígenas e
culturas negras - PPGEAFIN, v.4, p.63-78

Aula 11 (17 de NOVEMBRO): Escravidão e produção global de comodite: açúcar


MILLER, Joseph C. 1997. O Atlântico escravista: açúcar, escravos e engenhos. Afro-Ásia, 19-20, p.9-36.

LEITURAS COMPLEMENTARES ATÉ O FINAL DA DISCIPLINA:


KNIGHT, Frederick. 2006. In an ocean of blue: West African indigo workers in the Atlantic World to 1800. In:
GOMEZ, Michael (ed.). Diasporic Africa: a reader. New York and London: New York University Press, p.28-44.
TOMICH, Dale W. 2014. Commodity frontiers, conjuncture and crisis: the remaking of the Caribbean sugar
industry, 1783-1866. In: LAVINA, Javier & ZEUSKE, Michael (eds.). 2014. The second slavery: mass slaveries and
modernity in the Americas and in the Atlantic Basin. Zurich, Berlin: LTI Verlag, p.143-164.
GRAHAM, Aaron. 2018. Technology, slavery and the Falmouth Water Company of Jamaica, 1799–1805.
Slavery & Abolition, 39:2, p.315-332

Aula 12 (24 de NOVEMBRO): Escravidão e produção global de comodite: algodão


DUPLESSIS, Robert. 2010. Mercadorias globais, consumidores locais: têxteis no mundo Atlântico nos séculos
XVII e XVIII. Afro-Ásia, 41, p.9-55.

Aula 13 (01 de DEZEMBRO): Escravidão e produção global de comodite: marfim


LÚZIO, Jorge.; SANTOS, Vanicléia S. 2017. O marfim na economia colonial portuguesa do Índico no século XVII:
interações comerciais e práticas artísticas. In: SANTOS, Vanicléa Silva (Org.). O marfim no mundo moderno:
comércio, circulação, fé e status social (séculos XV-XIX). Curitiba: Prismas, v. 01, p. 107-122.
ALVES, Rogéria Cristina. 2018. Marfins na rota atlântica: a circulação do marfim entre Luanda, costa brasileira e
Lisboa, (1724-1826). In: SANTOS, Vanicléia Silva; PAIVA, Eduardo França, GOMES, Renné Lommez. (Orgs). O
comércio de marfim no mundo atlântico: circulação e produção (séculos XV a XIX). Belo Horizonte: Clio, p.96-
130.

Aula 14 (15 DE DEZEMBRO): Escravidão e produção global de comodite: café


MARQUESE, Rafael de Bivar. 2011. Capitalismo, escravidão e a economia cafeeira do Brasil no longo século XIX.
O texto (parte de um projeto mais amplo financiado pelo CNPq) foi originalmente apresentado à Conferência
Internacional New Perspectives on the Life and Work of Eric Williams, realizada em 24 e 25 de setembro de
2011 no St. Catherine’s College, Oxford University, Inglaterra.

Você também pode gostar