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ENGENHARIA MECÂNICA
UNIDADE II
SUMÁRIO
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qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, do Grupo Ser Educacional.
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TÓPICOS INTEGRADORES III (ENGENHARIA MECÂNICA)
UNIDADE II
Vamos lá!
ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA
Caro (a) aluno (a), no estudo dos transportadores de materiais a granel você vai
conhecer os Transportadores contínuos, os Transportadores com elemento arrastador e
os Transportes sem elemento arrastador.
Vamos começar!
PALAVRAS DO PROFESSOR
Querido (a) aluno (a), esta disciplina não possui um livro-base, portando você deverá
estudar e seguir as orientações dos Guias de Estudos disponibilizados ao longo da
disciplina.
Mais uma vez lhe desejo sucesso, prezado (a) aluno (a)! Vamos iniciar os estudos.
A partir de agora, vamos conhecer um pouco mais sobre os transportadores de materiais a granel. Vamos
entender suas principais utilizações e modelos.
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1.1. Transportadores Contínuos para Graneis – Esteiras Transportadoras
Caro (a) aluno (a), as esteiras transportadoras são utilizadas para o transporte interno ou externo de
materiais a granel. Quando falamos no transporte interno, estamos nos referindo ao transporte interno na
indústria, nas unidades armazenadoras, no transporte de biomassa na geração de energia, entre outros.
Externamente, podem ser usados no transporte de carvão mineral, de minérios, entre outros.
Fig. 02: Unidade Armazenadora para 200.000 Ton. De açúcar demerara a granel.
Fonte: o autor
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Fig. 04: Transportador de esteira subterrâneo
Fonte: o autor
Para entender os Componentes básicos das Esteiras Transportadoras, você precisa conhecer seus
componentes. É importante destacarmos que elas são compostas por uma esteira de borracha contínua
(1), com as extremidades emendadas por vulcanização, montadas em dois tambores extremos de mesmas
dimensões, o motriz (2) e o movido (3).
O acionamento é realizado por conjunto motor e redutor. O eixo de saída do redutor é interligado ao
tambor motriz, que é responsável pela movimentação longitudinal do transportador. Além disso, entre os
dois tambores, existem na parte superior da estrutura de cavaletes, ao longo do transportador, compostos
de roletes de carga (4), que darão o apoio e a forma abaulada (ou reta) da esteira para o transporte a
granel.
No trecho inicial do transportador, onde recebe o carregamento de material (5) a ser transportado, os roletes
de carga são emborrachados (6) para absorver o impacto. Na parte inferior da estrutura do transportador
há suportes com roletes únicos para o apoio inferior da esteira. Esses roletes denominados de roletes de
retorno (7) podem ser planos ou com anéis de borracha, de modo a evitar acúmulo do material no rolete e
promover o desprendimento do material aderido à correia. Para manter a esteira sempre esticada e evitar
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deslizamento no tambor de acionamento, existe um conjunto de tambores (8) para o contrapeso (9), que
é o tensor por gravidade.
Além disso, sobre os Componentes básicos das Esteiras Transportadoras também contam, é importante
destacarmos que:
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Fig. 06: elevador de canecas para materiais a granel
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2019/09/17/20/57/storage-tank-4484540_960_720.jpg
Nas unidades armazenadoras com silos verticais, o transporte para enchimento das células de armazenagem
é realizado através de elevadores de canecas, no transporte vertical. Já o transporte horizontal, na parte
elevada, para enchimento dos silos, realiza-se por transportadores horizontais com tripper.
No elevador de canecas, como apresentado nas figuras 06 e 08, no lado de carga, as canecas estão cheias
de produto. A descarga ocorre devido ao lançamento dos grãos por força centrífuga no giro do tambor
motriz, que são emborrachados. As canecas, já vazias, retornam para novo enchimento. O tambor motriz é
acionado por um conjunto motor e redutor. Caso o acionamento pare de funcionar por, por exemplo, falta
de energia, o lado da correia com as canecas cheias retornaria ao pé do elevador, provocando um grande
acúmulo de produto e prejudicando o reinício da operação. Para evitar o problema, é instalado no eixo do
tambor motriz, no lado oposto ao acionamento, um contra recuo.
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Componente e função:
Em elevadores de grande porte, além do contra recuo, também se instala freio de sapatas eletro hidráulicos
entre o motor e o redutor (lado de menor torque). O freio é intertravado eletricamente com o motor.
Ele permanece livre enquanto o motor estiver ligado. Desligando o motor, as sapatas atuam parando o
sistema.
Além dos elevadores de canecas que utilizam correia de borracha (entre tambores) para fixar as canecas,
como visto, existem os elevadores em que as canecas são fixadas e se movimentam através de correntes
e rodas dentadas motriz e movida.
Esse tipo de transportador é muito empregado na movimentação de materiais a granel na indústria, para a
alimentação de matérias-primas em máquinas e equipamentos. É também muito popular na agroindústria
no transporte de grãos. Ele pode realizar o transporte horizontal, inclinado e vertical.
Os transportadores helicoidais são compostos por um tubo; um helicoide, com eixo longitudinal acionado
por um sistema motorredutor, ou quando mais simples, com motor e polias e correias de transmissão. Há
uma calha na parte inicial de abastecimento de grãos e um bico de descarga na outra extremidade.
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1.4. Transportador contínuo para granéis – Transportador de Arrasto (Hedler)
O Redler é utilizado no transporte de grãos (milho, trigo), de areia, cimento, cinzas em caldeiras, entre
outros. É fechado, evitando poeira para o ambiente. São versáteis e podem ser montados ao nível do piso,
inclinado ou elevado.
Caro (a) aluno (a), na movimentação de graneis, como em qualquer atividade, a segurança das pessoas
e das instalações deve ter prioridade. A poeira originada da movimentação de carga é extremamente
perigosa, pois pode ocasionar deflagração e explosão, caso esteja em um ambiente confinado. Nestas
condições, qualquer centelha, que pode ser o contato de uma peça metálica numa estrutura, por exemplo,
um parafuso, pode ocasionar uma deflagração e, caso não haja condições da liberação dos gases, pode
ocorrer uma explosão. Devido a isso, casos de acidentes graves com perdas humanas e materiais já
ocorrem em instalações armazenadoras e na indústria.
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VEJA O VÍDEO!
Peço agora a você, prezado (a) aluno (a) que, para uma melhor
compreensão da movimentação de carga a granel, que assista
aos vídeos indicados abaixo:
Para o dimensionamento dos transportadores de correia, como foi visto no Item 1.1., algumas informações
são de fundamental importância:
1. Material a ser transportado: tipo, peso específico, granulometria, teor de umidade, temperatura,
abrasividade, capacidade de escoamento, ângulo de repouso;
2. Capacidade de transporte (toneladas/hora);
3. Definições de percurso na planta de instalação: definição da extensão do transportador para determinar
a distância entre os tambores extremos (motriz e movido); posicionamento horizontal, em aclive ou
declive, e altura necessária;
4. Condições operacionais: regime de funcionamento (contínuo, intermitente); condições ambientais
(abrigado, exposto a intempéries, entre outros);
5. Outras características necessárias: esteira reversível; transportador fixo com ponto de descarga
lateral móvel; transportador móvel.
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1.6.1.1. Características do material a ser transportado
Peso Inclinação
Ângulo de
Material Específico Máxima
Repouso (θ)
kg/m3 (ϕ)
Areia seca 1400 - 1800 35o 16o – 18o
Escória de carvão de pedra 700 35o 20o
Cimento Portland 1600 39o 20o – 23o
Minério de ferro 1600 - 3200 35o 18o – 200
Cinza seca de carvão tamanho ½” e abaixo 600 40o 20o – 25o
Trigo 700 a 800 28o 12o
Soja integral 700 a 800 21o – 28o 12o – 16o
Café grãos 400 25o 10o – 15o
Fonte: dados do Manual de Transportadores Contínuos – Faço
A capacidade de transporte (CT) depende da área da seção transversal da esteira transportadora (S), da
velocidade da esteira (v), e do peso específico do material (ρ).
A área (S) é o resultado da adição da área trapezoidal com a área circular, que dependem da largura da
correia (L), do número de rolos, da inclinação dos rolos extremos (α) e do ângulo de repouso do material
na correia (θ), conforme tabela 01.
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À distância padrão do material à borda da correia é (x), em polegadas, é dada por:
Q = QTabelado × v × K Eq.02
Onde v é a velocidade em m/s (ver tabela 02). Qtabelado você encontra na tabela 03 para transportadores
com 03 roletes iguais e velocidade da esteira de 1m/s. K é o fator de correção da capacidade devido ao
ângulo de repouso (θ), ver tabela 03.
Tabela 02: velocidades máximas recomendadas (v) para materiais a granel em m/s
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Tabela 03: Capacidade Volumétrica de transportadores (Qtabelado) em m3/h a 1,0 m/s
Ângulo
(θ)
24” 30” 36” 42” 48” 54” 60”
Roletes repouso
material
θ 00 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 210 220 230 240
K 1,00 1,00 0,99 0,98 0,97 0,95 0,93 0,91 0,89 0,85 0,81 0,78 0,76 0,73 0,71
Fonte: dados do Manual de Transportadores Contínuos – Faço.
A capacidade de carga (CT) é dada em função da Capacidade volumétrica (Q) e o peso específico do
material transportador (ρ), pela expressão:
CT = Q × ρ Eq. 03
VISITE A PÁGINA
Excelente leitura!
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PRATICANDO
Resolução:
CT = Q × ρ
Q = QTabelado × v × K
Pela tabela 01: trigo Ângulo de Repouso (θ) = 280; ρ = 700 a 800, adotemos o Valor
intermediário de ρ = 750 Kg/m3.
Pela tabela 02, com esteira de 42” de largura, é recomendada uma velocidade de v
= 4,1m/s.
Pela tabela 03, considerando 3 roletes iguais, ângulo de repouso do material de 28o e
largura da correia de 42”, temos:
Como na tabela 03 não tem ângulo de 280, mas tem de 250 e 300, podemos fazer uma
interpolação através da seguinte regra:
Através da tabela 04, encontramos o valor de K realizando uma extrapolação pela regra
abaixo:
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1.6.1.3. Acionamento de esteira transportadora
O cálculo da força exercida pelo material (Pm) em todo o comprimento (C) em [m] função da capacidade de
transporte (CT) em [ton/h], e da velocidade em m/min é dado pela expressão:
Kgf = 9,81N
Você deve estar lembrado (a) de que no Guia de Estudos da Unidade 1, analisamos as forças de atrito que
se opõem ao movimento giratório. Conforme podemos verificar na fig. 11, existem forças de atrito na parte
de carga da esteira (superior) e de retorno (inferior) da correia. Veja:
1) No lado de carga a força de atrito (Fatc) será em função do peso da correia (Pe) e do material transportado
(Pm), do peso de todos os roletes (Pr), do diâmetro do rolete (d) em [mm] e seu contato com a esteira (x),
que depende da tensão da esteira. No Sistema Internacional, devemos considerar todos os pesos como
força peso em kgf.
2) No lado de retorno (inferior), as forças de atrito ocorrem devido à força peso (em kgf) da esteira sobre
os roletes de retorno e seus rolamentos:
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μrr = coeficiente de atrito de roletes com rolamentos. Como no item 2.2.3.e equação 16, do Guia 1,
considerar μrr = 0,01.
3) Cálculo da força necessária para a flexão da correia no entorno dos tambores extremos (motriz e
movido): De acordo com o manual da associação Americana dos Fabricantes de Transportadores (CEMA),
considera Fflexão = 41 kgf para os dois tambores, tomando como base uma correia de 84 polegadas. Para
correias de largura inferior (L) em polegadas, a diminuição da força pode ser adotada como proporcional,
então teremos:
Além das forças que se opõem ao movimento já citadas, existem também as forças para vencer os atritos
em cada raspador (FatR); força para acionamento de cada tambor dos tripper (FacT), e força de atrito sobre
a esteira das guias laterais (FatG).
4.1) De acordo com o Manual da CEMA, a força para vencer o atrito em cada raspador é uma função direta
com a largura da esteira (L):
4.2) As forças para acionamento de cada tambor dos tripper (FacT) são apresentadas na tabela 05, em
função da largura da esteira:
Largura da
16” 20” 24” 30” 36” 42” 48” 54” 60” 72” 84”
correia (L) [in]
FacT 22,7 37,7 49,8 63,4 67,9 72,5 77,0 81,5 86,1 95,3 104,5
Fonte: CEMA
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4.3) A força de atrito das guias laterais (FatG) é função do comprimento das guias laterais (LG) em [m] e da
largura da correia (L) em [in]:
4.4) O total das outras forças que atuam no movimento do transportador (FOF) é o somatório das forças
mostradas nos subitens de 4.1 a 4.3:
Kgf = 9,81N
5) A força de tração para um transportador horizontal (Fth) é dada através das forças mostradas nos
subitens de 1,2 ,3 e 4.4:
6.1) A força de elevação do material (Fe) é diretamente proporcional ao seu peso (Pm) e a altura de elevação
(h) em [m], e inversamente proporcional a distância entre os tambores extremos, que é comprimento do
transportador (C). É dada pela expressão:
h
Fe = Pm × = [kgf ] Eq.14
C
6.2) A força de tração para um transportador em aclive (Fta) é dada pela expressão:
PTotal se refere ao somatório dos pesos e das massas do material da esteira e dos roletes; ta é o tempo de
aceleração em [s] para atingir v [m/min].
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8) Momento de Torção (torque)
É o produto do somatório das forças de tração (Fth ou Fta) e de aceleração (fa) pelo raio do tambor de
acionamento, ou seja:
Podendo ser escritas com diâmetro do tambor em [mm] e Mt [kgf.m], pela expressão:
9) Número de rotações
O número de rotações como função da velocidade da esteira (v) em [m/min] e do diâmetro do tambor de
acionamento (Dtambor ) em [mm], é dada por:
v × 1000
n= (RPM )
π × Diâmetro Eq. 19
10) Potência para movimentação de Máquina e Equipamento
Como foi estudado na seção 2.4.1. do Guia de Estudos da Unidade 1, através das equações 22 e 23, temos:
PRATICANDO
Dados:
Comprimento do transportador: 50 m;
N0 de raspadores: 3;
Comprimento de guias laterais: 2 m de cada lado no trecho de carregamento;
Sem tripper;
Largura da esteira: 24”;
Diâmetro dos tambores extremos: 400mm;
Velocidade de transporte: 180m/min;
Tempo de aceleração, partindo do repouso até atingir a velocidade: 6 segundos;
Capacidade de transporte: 250 ton/h;
Peso da esteira: 700 kgf;
Peso dos roletes: 400 kgf;
Diâmetro dos roletes: 101,6 mm;
μer = 0,01 - coeficiente de atrito de roletes com rolamentos;
x = 4 mm – roletes e esteira.
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1) Cálculo do Peso do material: pela eq.06, temos:
2.1) Cálculo da Força de atrito do lado de carga. Com a equação 17, temos:
2.2) Cálculo da Força de atrito no lado de retorno (inferior). Através da eq. 08:
4.1) Cálculo da força para vencer o atrito em cada raspador, considerando 3 raspadores,
pela eq. 10, tem-se:
FatR = 1,4 × L ⇒ FatR = 3raspadores × 1,4 × 24 " ⇒ FatR ≅ 101kgf [kgf ]
4.2) Cálculo da Força de atrito das guias laterais, considerando: 2 m de cada lado no
trecho de carregamento, temos 4 m de guias. Pela eq.11, encontramos:
4.3) Total das outras forças. Da eq.12, como não há tripper, encontramos:
FOF = FatR + FacT + FatG ⇒ FOF = 7 kgf + 0 + 45 FOF = 52 [kgf ]
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6) Cálculo da Força de aceleração (Fa). Com a eq.16, considerando o tempo de aceleração
de 6 s, encontramos:
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1) O Peso do material (Pm), calculado pelo manual de transportadores contínuos da FAÇO e da CEMA, é
a função da quantidade das canecas carregadas (q), capacidade de cada caneca em dm3 ou litro (c) e o
peso específico do material (γ):
O Peso do material (Pm) também pode ser calculado em função da Capacidade de Carga (CT) em [ton/h], da
altura do elevador (h) em [m], e da velocidade (v) em [m/s] de transporte:
2) O Momento de Torção (Mt) é dado em função do peso do material (Pm), da altura do elevador (h) de dos
diâmetros do tambor motriz (D1) e do tambor movido (D1), por:
3) A rotação (n) em [RPM] no tambor motriz é dada em função da velocidade da correia (v) em [m/s] e do
diâmetro do tambor motriz (D1) em [m], pela expressão:
v × 60
n= = [rpm]
π × D1
4) A potência de acionamento no eixo de entrada do redutor/eixo do motor é dada pela Eq. 20:
M ×n
P= = [CV ] 1 kW = 0,736 x CV Eq. 26
716,2 × η
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PRATICANDO
Dados:
Capacidade de carga:150 t/h;
Altura do elevador: 50 m;
Velocidade de transporte: 3,5 m/s;
Diâmetro tambor de acionamento: 0,80m;
Diâmetro do tambor inferior: 0,80 mm;
ηredutor = 97% = 0,97
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PALAVRAS DO PROFESSOR
Prezado aluno (a), neste segundo Guia de Estudos você foi apresentado (a) os meios
de Transportes de materiais a granel.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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