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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE-FURG

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA INFORMAÇÃO


DISCIPLINA: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA II
PROFESSOR: JUAREZ JOSÉ RODRIGUES FUÃO
CURSO: HISTÓRIA LICENCIATURA

Fernanda rocha
fernandarochazunino@gmail.com

IMBRICAÇÕES DO FIM DA 2° GUERRA MUNDIAL

A História da Segunda guerra Mundial carrega consigo uma série de


interpretações baseadas em contradições ou negações dependendo da origem de sua
historiografia, por vezes de maneira maniqueísta acusa vilões e indica heróis salvadores
do “ mundo democrático”, escondendo sob um véu ideológico suas reais motivações e
decisões, essas nem sempre tomadas a partir de um consenso. As próprias alianças na
fase inicial da guerra, por volta de 1940 (e mesmo mais tarde como o caso da Romênia),
não se mostravam sólidas e bem acertadas, inclusive se alternavam com facilidade
dependendo do jogo de interesses das principais nações envolvidas divididas entre os
países do Eixo e os chamados “Aliados”, que a princípio tinham como interesse em
comum impedir o avanço do comunismo e posteriormente o fascismo hitleriano.
Até 1941, ano que ficou marcado pelo ataque de Pearl Harbor , a posição dos
Estados Unidos em relação a sua participação no conflito era ambígua, segundo
Osvaldo Coggiola em “ Segunda Guerra Mundial, um balanço histórico” na política
os Estados unidos defendiam suas bases democráticas e mantinham uma posição de
apaziguamento que se mostrava totalmente dúbia, como foi com o caso da guerra contra
o Japão e as primeiras movimentações de campanha da Alemanha nazista, nesse sentido
se mantiveram em cima do muro afinal lhes era conveniente, conforme expõe Osvaldo,
os democratas ocidentais contra ou a favor das ideologias do nazi-fascismo “estavam
dispostos a dele se servir” sem nenhum preconceito, para derrotar o comunismo e a
União soviética (COGGIOLA.1995), o que já desmente por si a falácia repetida de
uma luta entre o fascismo versus a democracia considerando que

Nesta visão, era uma grande mentira a palavra- de- ordem de uma guerra da
democracia contra o fascismo. Como se os operários tivessem esquecido que
foi o governo britânico que ajudou Hitler e seu bando de carrascos a se
apropriar do poder! As democracias imperialistas são na realidade as maiores
aristocracias da História [...] A democracia americana repousa sobre o
domínio das riquezas enormes de todo um continente.
(COGGIOLA. 1995.pág 39).

Como principal potência imperialista mundial, os país Ianque se manteve neutro


na guerra (por algum tempo devido a interesses na Ásia). Para os aliados o perigo da
contrarrevolução superava suas ideologias e a fim de barrar as revoluções iniciadas lá
em 1917, o nazismo lhes foi providencial no momento em que tomou a decisão de
invadir os enormes territórios da Rússia. Ainda conforme o autor supracitado: “Essa
política é comumente analisada hoje como produto da “cegueira” dos governantes
democráticos acerca das verdadeiras intenções do terceiro Reich” (COGGIOLA.1995,
pág. 40).
As próprias alianças da frente imperialista ocidental eram instáveis e não tão
claras, como o caso da França e suas tendências apoiadoras ao fascismo,

A socialdemocracia francesa teve desse modo responsabilidade direta no


desaparecimento da República e na sua substituição pelo regime fascistizante
de Vichy. Esse “golpe de estado legal” foi organizado com o consentimento e
até participação da maior parte dos seus dirigentes [...] A anarquia e o “perigo
vermelho” eram as obsessões de Pétain e dos altos mandos militares. Mais
tarde, Laval, chefe do governo de Vichy, estendeu essa doutrina a toda a
Europa: “Desejo a vitória da Alemanha porque, sem ela, o bolchevismo
amanhã estaria em toda parte”. (COGGIOLA.2015, pág.66).

A aliança militar entre URSS e o Reino Unido só se deu em julho de 1940,


considerando eventos anteriores como a quebra do acordo secreto com a Alemanha, que
se comprometiam a “ trocar” técnicas de treinamento militar, “ um pacto que permitiu a
preparação da máquina alemã de guerra (parte da qual era treinada na própria União
Soviética”. (COGGIOLA. 1995, pág,108).
Pode-se dizer que posteriormente a traição por parte de Hitler, as atitudes dos
russos em relação aos alemães eram complexas visto que as primeiras propagandas de
guerra durante a aliança de Stalin e Hitler, tiveram êxito no convencimento de que os
trabalhadores comuns do país germânico eram simpáticos ao Estado dos trabalhadores,
o povo de fato não estava convencido de que no momento em que a Alemanha adentrou
a Rússia eram inimigos de guerra, coube ao departamento de propaganda soviético
denunciar as atrocidades e inflamar o povo contra os nazistas, fato esse que nos aponta
para as mudanças no cenário visto os jogos políticos .
A grande virada no cenário da 2° guerra mundial foi a derrota do exército
alemão em Stalingrado em 1942, que desestruturou o poder militar alemão e estremeceu
as bases de Hitler frente a sua figura hegemônica no conflito até então, provocando uma
crise moral no país. A esta altura uma série de greves e levantes populares vinham
ocorrendo pelo mundo, EUA, França, Itália e na própria Alemanha, algumas dirigidas
pelos Partidos Comunistas (PC).
Os imperialistas já tinham consciência sobre a necessidade de evitar a derrota
dos nazistas pelas mãos revolucionária. Segundo Coggielo essas movimentações
grevistas mobilizam a contrarrevolução, sua colaboração foi importantíssima para com a
queda dos nazismos do poder não acendesse a revolução proletária na Alemanha, com o
auxílio da política de colaboração de Stalin para com os imperialismos aliados, foi
decisiva para acabar com a ameaçadora e proeminente guerra civil contra o capitalismo.
A “ Desnazificação” dos países invadidos serviu muito bem como poeira para
encobrir as inteções por detrás da popularização dos acordos antirrevolucionários
assegurando o sistema capitalista (democrático) ou totalitário e minimizando os
julgamentos aos crimes de guerra de todos os envolvidos no pós-guerra.

REFERÊNCIAS:

-COGGIOLA, Osvaldo. A Segunda Guerra Mundial: Causas, Estrutura, Consequências.


2015.

- COGGIOLA, Osvaldo. Natureza da Segunda Guerra Mundial. In: Segunda Guerra


Mundial: um balanço histórico. (org. Osvaldo Coggiola). São Paulo: Xamã-USP, 1995.
p. 37-57

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