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UNIDADE I: PRINCIPAIS ETAPAS DE CARACTERIZAÇÃO DE METAIS E PROCESSAMENTO


DIAGRAMA DE FASES Fe-C

DIAGRAMA DE FASES Fe-C

1. Conceitos Básicos.
Fase é a porção homogênea da matéria, em termos de composição química e física. Como
exemplo:
-a água pode ser composta por três fases sólida, líquida e gasosa.
- o Fepuro, pode ser composto por quatro fases:
•Acima de 3070C gás
•1530 - 3070C líquido
•1400 - 1530C sólido (ferrita ) - estrutura CCC**
•910 - 1400C sólido (austenita ) – estrutura CFC
•Abaixo de 910C sólido (ferrita ) – estrutura CCC**
**mesma fase

Os principais tipos de Fases encontrados em metais e ligas do estado sólido são:


- Metal Puro : Ex.: Au, Ag, Cu, Fe (usados na forma natural)
- Solução Sólida : substitucionais (Au+Ag, Cu+Ni) e intersticiais (Fe e C)
- Fases intermediárias: são fases que em geral têm estruturas cristalinas diferentes dos metais
base, e apresentam uma faixa de composição química intermediária.

2-Ligas Ferrosas

Introdução
As ligas metálicas são constituídas basicamente de ligas ferrosas e ligas não ferrosas. As
ligas ferrosas são classificadas em aços e ferros fundidos.
Os aços são essencialmente ligas de Fe-C, e dentre as ligas metálicas são as mais
importantes sob às operações de tratamento térmico, sua estrutura pode sofrer modificações,
acarretando variações em suas propriedades mecânicas, que podem ser de grande significado às
aplicações na engenharia em geral. Além disso, a adição de elementos de liga como Ni, Cr e Mo,
podem melhorar ainda mais as propriedades dos aços.
As principais aplicações das ligas de aço são: construção civil em geral, estruturas de aço,
indústria naval, automobilística, petroquímica, ferroviária, aeroespacial, fabricação de tubos em
geral, ferramentas, máquinas e outras.
Os aços podem ser classificados em aço-carbono e aço-liga. Os aços-carbono são ligas de
Fe-C contendo geralmente de 0,008% a 2,11%peso de carbono e mais certos elementos de liga
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residuais (Mn, Si, P e S), provenientes do processo de fabricação. Os aços-liga são ligas que
contém outros elementos de liga, adicionados propositalmente, ou elementos residuais em teores
acima do que é considerado normal.
Os ferros fundidos (FOFO) são ligas de grande importância do sistema Fe-C e tem sido
cada vez mais usado devido sua versatilidade nos tratamentos térmicos para sua aplicação
industrial. Os ferros fundidos podem ser classificados em ferro fundido cinzento, branco, mesclado,
maleável, nodular e esferoidal.
Os ferros fundidos são empregados em serviços que requerem boa resistência a
compressão, alta dureza e boa resistência ao desgaste.

Nomenclatura
Os aços são classificados comercialmente pelas seguintes instituições:
- AISI (American Iron and Steel Institute);
- SAE (Society of Automotive Engineers).
Comercialmente é muito comum a expressão aço 1020, 1010, 4140, 8620 entre outras. Este
tipo de identificação dos aços é justamente a nomenclatura elaborada pelas instituições acima.
Onde os dois primeiros números correspondem ao tipo de elemento de liga adicionado e dois
últimos números correspondem ao teor de carbono da liga.

Diagrama de Equilíbrio Fe-C


O diagrama de equilíbrio é também chamado de diagrama de fases e fornece importantes
informações no estudo das ligas metálicas, indicando que fases estão presentes e suas
composições para qualquer temperatura, desde a liga esteja em equilíbrio, ou seja, cada fase está
inteiramente saturada, mas não supersaturada com todas as outras fases que estão presentes.
Para estudar o comportamento das ligas metálicas durante o resfriamento a partir do estado
líquido, utiliza-se o diagrama de equilíbrio. A Figura 1 mostra o diagrama de equilíbrio da liga Fe-C,
a abscissa indica a composição de 0,0 até 6,7%peso de C que é a máxima faixa de interesse
prático neste sistema, e a ordenada indica a temperatura.
Apesar de não existirem limites definidos para as composições de aços e ferros fundidos,
convencionalmente considera-se que os aços comerciais incluem as concentrações até 1,4%C e
os ferros fundidos compreendem as ligas entre 2 e 4%C.
O carbono presente na estrutura do FOFO pode estar na forma de carboneto Fe 3C, ou na
forma de carbono livre (grafita). Dos materiais disponíveis em engenharia o FOFO é o de menor
custo por unidade de massa.

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Estes limites foram estabelecidos em função de duas diferenças fundamentais entre aços e
ferro fundidos; ou seja, menor ponto de fusão dos ferros fundidos e possibilidade de deformação a
quente dos aços.
O diagrama da Fig.1 mostra a grande variação do ponto de fusão com o aumento do teor de
C; aços fundem em temperaturas superiores a 1500C, de modo que os equipamentos para a
sua fabricação são mais caros, enquanto que o ponto de fusão dos ferros fundidos varia entre
1147C a 1350C.
Na Figura 1, a região acima da linha “liquidus”, corresponde à região de estabilidade da fase
líquida e a região abaixo da linha “solidus”, corresponde à região de estabilidade da fase sólida,
entre as duas regiões há uma área bifásica, onde existem as duas fases.

Figura 1 Diagrama de equilíbrio Fe-C

Terminologia para o sistema Fe-C


Austenita – , estrutura cfc com limite de solubilidade de 2,06%C a 1147C, não ferromagnética.
É a forma mais estável do ferro puro a temperaturas entre 910 e 1400 oC. A solubilidade do C na
austenita atinge o máximo de 2,06%C a 1147oC e então decresce a 0,8%C a 723oC. Os átomos de
C estão dissolvidos intersticialmente, mas em maior quantidade maior do que numa estrutura ccc
(base da endurecibilidade da maioria dos aços).

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Ferrita – , é uma solução sólida intersticial de C em ferro , apresenta estrutura ccc


(configuração estrutural do ferro puro a tempertura ambiente), puro com limite de
solubilidade muito baixo, no máximo 0,025%C a 723C e 0,008%C a 0oC, ferromagnético
a temperaturas inferiores a 770oC. A ferrita é muito macia e dúctil, com limite de
resistência menor que 310MPa e densidade 7,88g/cm3.
Cementita – é um composto intermetálico de carbeto de ferro Fe3C. Apresenta uma estrutura
ortorrômbica (12 átomos de Fe e 4 de C por célula unitária), contém 6,7%C(93,3%Fe) e
sua densidade é 7,6g/cm3. Comparando a austenita e ferrita, a austenita é muito dura e
apresenta maior limite de resistência, entretanto é muito frágil.
Eutético – reação a 1147C, Liq →  + Fe3C; 4,3%C. A estrutura do eutético é chamada de
Ledeburita e é formada por pequenos globulos de austenita num fundo de cementita.
Eutetóide – reação a 723C,  →  + Fe3C, ou a liga cuja composição é a da austenita na reação
ou seja 0,8%C; o aço eutetóide ou a estrutura lamelar resultante da reação.
Perlita – a estrutura lamelar com 2 fases distintas resultante da reação eutetóide num
resfriamento relativamente lento.

Acm – linha de máxima solubilidade do carbono na austenita.

A3 – linha entre a ferrita e a austenita

A2 – linha a 768C, mostrando a transformação magnética da ferrita.

A1 - linha horizontal representando a reação eutetóide.

ponto A: ponto de fusão do ferro puro (1538 ºC);

linha liquidus: acima desta o material se encontra na fase líquida;

linha solidus: abaixo desta o material está no estado sólido.

Microestruturas de equilíbrio do sistema Fe-C


O diagrama apresentado para o sistema Fe-Fe3C não pode ser chamado de diagrama de
equilíbrio uma vez que este termo implicaria em não ocorrer mudanças estruturais com o tempo.
Entretanto, mesmo ligas, Fe-Fe3C relativamente puras sofrem mudanças estruturais com o tempo
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e, por exemplo, um aço 0,08%C com baixo teor de silício se mantido vários anos a 650C ou
700C (o que pode ocorrer num sistema de destilação de óleo), se transformará em ferrita+grafita
a partir da microestrutura original, que são as fases verdadeiramente de equilíbrio para este
sistema. Deste modo podemos concluir que carboneto de ferro é sempre uma fase meta-estável.
De acordo com o diagrama de fases Fe-C, os aços podem ser classificados da seguinte
forma: aços eutetóides, aços hipoeutetóide e aços hipereutetóides.
Os aços eutetóides possuem a mesma composição do ponto eutetóide (0,8% C) e sua
estrutura corresponde a uma mistura de duas fases que é formada a partir da transformação
austenítica abaixo de 723 ºC. Esta estrutura é conhecida como perlita e é formada por lamelas
alternadas de ferrita e cementita. De acordo com a regra da alavanca perlita possui 12% de
cementita e 88% de ferrita.
Os aços hipoeutetóides têm em sua composição química um teor de carbono menor que
0,8%. A sua estrutura característica é uma matriz ferrítica com perlita. Nos aços hipereutetóides o
teor de carbono varia de 0,8% até 2,11% e a sua estrutura é formada por uma matriz perlítica com
cementita.
Apesar da ocorrência de somente 2 fases a temperatura ambiente (ferrita e cementita),
entre 0,007 e 6,7%C, a aparência estrutural das diferentes ligas dependerá do estado de
agregação da ferrita e do carboneto e as seguintes microestruturas podem ser diferenciadas em
ligas resfriadas lentamente:

%peso C microestrutura
0-0,007 ferrita
0,007-0,025 ferrita com cementita precipitada finamente, geralmente invisivel
0,025-0,8 ferrita + perlita
0,8 perlita
0,8-2,06 perlita + cementita precipitada da austenita

A Fig.2 apresenta de maneira esquemática as mudanças microestruturais que ocorrem


durante o resfriamento lento de diversas ligas Fe-C, e que resultam nas microestruturas
apresentadas acima. Podemos começar descrevendo de maneira simples o que ocorre durante o
resfriamento de um aço hipoeutetóide. A transformação do ferro  em ferro  se desdobra em 2
etapas: uma gradual e outra brusca e completa. Como o ferro  forma solução sólida pouco
extensa com o carbono (ferrita), esta, a medida que vai aparecendo, se isola ou precipita, de
preferência junto aos contornos de grão de austenita. Tende assim a formar um invólucro contínuo
ao redor de cada grão de austenita bem como em torno das inclusões. Em consequência dessa

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separação do Fe-, o teor de carbono da austenita remanescente vai aumentando até atingir
0,8%, o que ocorre a 723C. Porém a austenita com 0,8%C ao passar por 723C se transforma em
perlita (o mecanismo será discutido posteriormente) e, portanto os aços hipoeutetóides serão
constituídos de perlita + ferrita.
Nos aços hipereutetóides a precipitação do carbono ocorre na forma de Fe3C, nos
contornos de grãos de austenita para onde o carbono em excesso se dirige por difusão (Fig.2).
Enquanto o esfriamento continua, a precipitação prossegue gradualmente até a temperatura de
723C e em consequência, o teor de carbono da austenita remanescente diminui gradativamente
até 0,8%. A 723C a austenita com 0,8%C transforma-se, de acordo com a reação eutetóide, em
perlita. Portanto os aços hipereutetóides serão constituidos de perlita envolvidos por uma camada
de cementita.
Para os aços com 0,8% de carbono a única transformação que ocorre é a transformação
eutetóide resultante em uma estrutura totalmente perlítica.

Figura 2-Representação esquemática das mudanças microestruturais que ocorrem no sistema Fe-
C
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Referências Bibliográficas
1)Askeland,D.R.;Phule,P.P.Ciênciaeengenhariadosmateriais.SãoPaulo:CENGAGE,2008

2)CallisterJr.,W.D.Fundamentosdaciênciaeengenhariademateriais.RiodeJaneiro:LTCEditora,2006

3)CallisterJr.,W.D.Ciênciaeengenhariademateriais.RiodeJaneiro:LTCEditora,2008

4)Shackelford,J.E.Ciênciadosmateriais.SãoPaulo:PrenticeHall,2008

5)Smith,W.Hashemi,J.Fundamentos de EngenhariaeCiênciadosMateriais–MacGrawHill

6)Colpaert,Hubertus.MetalografiadosProdutosSiderúrgicosComuns-Editora:
EDGARDBLUCHER,2008

7)PMT2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP–2012-Departamento de


Engenharia Metalúrgica e de Materiais- USP.

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