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MOVIMENTO DE CONTAMINANTES NO SOLO

Antônio Thomé, Dr. Eng.


Professor/pesquisador do Programa de Pós Graduação em Infra-estrutura e Meio
Ambiente da UPF.

Alexandre Knop, M.Sc.


Doutorando em Geotecnia e Meio Ambiente – PPGEC/UFRGS

Resumo: O presente artigo apresenta uma Breve Histórico


revisão geral dos fenômenos que regem o
transporte de contaminantes em meios Os estudos sobre os fatores que propiciam o
porosos saturados, bem como as formas transporte de compostos em solos foram
existentes em laboratório para a inicialmente determinados por Slichter
determinação dos parâmetros que controlam (1899), o qual foi o primeiro a reconhecer
a migração dos contaminantes nos solos. que o cálculo de transporte advectivo puro,
empregando uma velocidade de infiltração
Palavras-Chave:Transporte de média, não permite descrever o transporte de
Contaminantes; Solos Contaminados solutos. Na década de 30, a teoria do fluxo
Parâmetros de Transporte. através de meios porosos foi amplamente
desenvolvida na engenharia de petróleo
(Muskat, 1937). O transporte de solutos era
1. INTRODUÇÃO aplicável principalmente no estudo de
intrusão de água marinha em aquíferos
Os fenômenos de transporte em solos podem terrestres. O método de análise consistia
ser definidos como sendo o movimento de geralmente num cálculo advectivo, no qual
determinado composto em meio a uma ou se supunha que o soluto movia-se com a
mais camadas de solo, em ambiente saturado velocidade média da água subterrânea, sem
ou não. A migração destes compostos é ser afetada pelos processos de adsorção,
influenciada por vários fatores, os quais reações cinéticas, etc.
determinam uma maior, menor ou nenhuma Na década de 50, o problema de
movimentação deste no solo. O movimento transporte, em particular em meios porosos,
destes compostos não depende apenas do foi tema de extensa pesquisa no campo da
fluxo do fluido no qual essas substâncias se engenharia química. Assim foi reconhecido
dissolvem, mas também de mecanismos que que o transporte advectivo puro não
por sua vez dependem de processos físicos, descreve completamente a dinâmica dos
químicos e biológicos, aos quais estas solutos. Para entender as características dos
substâncias são submetidas. A compreensão novos fenômenos foram desenvolvidas
desses mecanismos e a análise e modelagem teorias estatísticas e de dispersão
numérica do problema, associadas a hidrodinâmica (Scheidegger, 1954; De
programas de monitoramento de campo, Josselin De Jong, 1958; Saffman, 1959),
permitem a avaliação da migração de semelhantes a teoria da difusão. Ainda mais,
determinados compostos no subsolo e águas obtiveram-se expressões que descrevem o
subterrâneas. processo de adsorção a partir de estudos em
colunas de intercâmbio iônico.
Simultaneamente com estes esforços, solubilidade, co-solvência, volatilidade,
iniciou-se o estudo sobre o destino de pressão de vapor, pH, potencial iônico, DBO
materiais nucleares no subsolo. Foi então (Demanda Bioquímica de Oxigênio), DQO
quando o regime do fluxo subterrâneo foi (Demanda Química de Oxigênio), teor e
considerado como um sistema finura de sólidos em suspensão e a toxidez
hidrodinâmico e físico-químico em (Moncada, 2004).
conjunto, onde alguns aspectos de qualidade Quanto ao meio poroso por onde ocorrerá
de água se determinam como uma seqüência o transporte, destacam-se o teor e tipo de
de processos que ocorrem na trajetória do matéria orgânica, a distribuição
fluxo. Nas décadas seguintes este conceito granulométrica, a mineralogia e teor de
foi aplicado ao estudo da evolução da finos, distribuição de vazios, capacidade de
qualidade da água subterrânea natural e a troca catiônica e o grau de saturação
problemas de contaminação devido a (Moncada, 2004).
materiais não radioativos. Na Figura 1 é apresentado um esquema
Durante os anos 60, a teoria de advecção- ilustrativo dos mecanismos de migração de
dispersão continuou desenvolvendo-se com substâncias contaminantes através de meios
as contribuições de Bear (1961) e outros. porosos.
Ressalta-se a grande disponibilidade de
modelos de cálculo de transporte nos Mecanismos Associados à Migração de Contaminantes pelo Subsolo

últimos anos para o caso de fluxo saturado.


Estudos sobre transporte de massa
através de meios porosos foram alvo das Processos Processos
pesquisas de Bear (1972) e Freeze & Cherry Físicos Bio-Físico-Químicos

(1979), os quais discutiram os diferentes


processos envolvidos no transporte.
Na atualidade os temas de pesquisa
Advecção Retardamento ou Degradação ou
concentram-se no estudo de transporte de Dispersão Hidrodinâmica Aceleração Decaimento
solutos em meios fraturados, fluxo em Dispersão Mecânica
Difusão Molecular Adsorsão / Dessorção Óxido-Redução
sistemas multifásicos e o transporte de Precipitação / Dissolução Hidrólise
contaminantes em meios não saturados. Por Troca Iônica Metabolização
Óxido-Redução Volatilização
outro lado, a potência atual dos Co-Solvência
computadores, capazes de realizar elevado Complexação
Ionização
número de operações em curtíssimo tempo, Sorção Biológica
conjuntamente com o emprego de técnicas Filtração

de processamento paralelo permite a


resolução de problemas de grande porte que Figura 1 – Mecanismos associados a
incluem modelos altamente sofisticados migração de contaminantes em solos.
definidos em geometrias tridimensionais que
cobrem grandes áreas territoriais. 2.1 PROCESSOS FÍSICOS

Transporte por Advecção


2. FENÔMENOS DE TRANSPORTE
Denomina-se de advecção o transporte de
O transporte de massa possui três fatores contaminantes devido ao processo de fluxo
principais, quais são: a substância de água no solo. Com o deslocamento da
contaminante, o meio poroso e as condições água, os solutos presentes na mesma se
ambientais. movimentam com uma velocidade que é
As características básicas do igual à velocidade media da água e sem
contaminante que influenciam no transporte alterar sua concentração na solução. A
são a densidade, concentração, polaridade, equação que modela este tipo de transporte é
a equação diferencial do transporte por fluxo, e a retenção de íons e moléculas nas
advecção: superfícies das partículas. Sendo assim,
deve-se usar um coeficiente de Difusão
∂C ∂C Efetiva, D*:
= −v x × Equação 01
∂t ∂x
D* = ω × Do Equação 05
k
vx = × i Equação 02
n onde ω=coeficiente de tortuosidade (Bear,

onde, C=concentração do soluto [g/cm³], 1972).


vx=velocidade de percolação [cm/s],
k=coeficiente de permeabilidade[cm/s], De acordo com Knop (2004), vários
n=porosidade e i=gradiente hidráulico. estudos a respeito do fenômeno de difusão
foram realizados pelo professor Kerry Rowe,
Transporte por gradiente de o qual publicou em 1988 na Canadian
concentração ou Difusão Molecular Geotechnical Journal um artigo
denominado Laboratory determination of
O transporte de contaminantes por Difusão diffusion and distribution coefficients of
Molecular ocorre devido ao gradiente de contaminants using undisturbed clayey soil,
concentração existente em um fluido, o que concebe um equipamento desenvolvido
soluto dissolvido em água desloca-se de com o objetivo de quantificar o fenômeno
uma área de maior concentração para uma do transporte de contaminantes no solo por
área de menor concentração. Este fenômeno difusão. Nos últimos, vários trabalhos de
ocorre independentemente da velocidade do Rowe têm enriquecido o conhecimento em
fluxo. A difusão do soluto é proporcional ao torno do assunto abordado no presente
gradiente de concentração, e pode ser estudo, como por exemplo, publicações com
expressa pela primeira lei de Fick, Barone et al(1988), Crooks et al. (1985) e
Quigley et al (1984).
∂C
F = − Do × Equação 03
∂x
Transporte por Dispersão
onde, F=fluxo de massa de soluto por
unidade de área por unidade de tempo; Segundo Bear (1972) a mistura mecânica é
Do=coeficiente de Difusão [cm²/s]; decorrente da dispersão em canais
∂C/∂x=gradiente de concentração individuais, do desenvolvimento de
[g/cm³/cm]. velocidades médias diferentes em canais
diferentes devido às variações das
O sinal negativo indica que o movimento dimensões dos poros ao longo das linhas de
ocorre das áreas de maior concentração para fluxo e do desvio da trajetória das partículas
as de menor concentração. Para sistemas em decorrência da tortuosidade, reentrâncias
onde a concentração varia com o tempo, e interligações entre os canais, conforme
aplica-se a segunda lei de Fick, Figura 2.
O espalhamento do contaminante na
direção do fluxo da solução é denominado
∂C ∂ 2C
= Do × 2 Equação 04 dispersão longitudinal, já o espalhamento na
∂t ∂x direção perpendicular ao fluxo da solução, é
denominado dispersão transversal. A partir
Nos solos, e em geral nos meios porosos, deste fenômeno são definidos dois
a difusão é menor que em uma solução livre, coeficientes:
isso se deve a tortuosidade das trajetórias de
o Coeficiente de Dispersão mecânica
longitudinal - αLx vx
o Coeficiente de Dispersão mecânica
transversal - αTx vx

onde αL e αT, são o coeficiente de


dispersividade longitudinal e transversal,
respectivamente, e são expressos em
unidades de comprimento.

Figura 3 – Tipo de transporte dominante de


acordo com o número de Peclet adaptado de
Yong (2001), segundo (Moncada, 2004).
Figura 2 – Mecanismos de dispersão ou
mistura mecânica, a) Mecanismos de
dispersão ou mistura mecânica, b) dispersão 2.2 PROCESSOS BIO-FÍSICO-QUÍMICOS
em canais individuais, c) tortuosidade, São processos envolvendo interações bio-
reentrâncias e interligações (Moncada, físico-químicas, muitas das vezes
2004). complexas, de difícil separação em efeitos
exclusivos de ordem física, química ou
Dispersão Hidrodinâmica biológica, que podem propiciar tanto o
retardamento ou aceleração do movimento
Tratando-se de fluxo em meios porosos, o de uma dada substância química através da
processo de Difusão Molecular não pode ser água subterrânea, quanto a degradação desta
separado do processo de Dispersão substância ou o decaimento de efeitos
Mecânica. Estes dois processos se deletérios da mesma ao longo do tempo.
combinam para definir o coeficiente de
Dispersão Hidrodinâmica, Dh,

DhL = α L × vx + D * 2.2.1 Efeitos de Retardamento ou


Equação 06 Aceleração
DhT = α T × vx + D *

onde DhL é o coeficiente de dispersão Adsorção / Dessorção


hidrodinâmica longitudinal, e DhT é o
coeficiente de dispersão hidrodinâmica A adsorção é o processo segundo o qual o
transversal. Ambos são expressos em soluto adere às superfícies dos sólidos
unidade de área por tempo [cm²/s ou m²/s]. devido às forças de atração aí existentes.
Estas forças são decorrentes de cargas
A influência relativa de cada uma destas desequilibradas nas superfícies, resultantes
parcelas na dispersão hidrodinâmica pode de imperfeições ou substituições iônicas na
ser obtida utilizando o número de Peclet, estrutura cristalina dos minerais
conforme observado na Equação 07 e na (substituição isomórfica) ou de quebra de
Figura 3. ligações nas estruturas moleculares,
especialmente nas extremidades (e.g. Freeze
d ×v & Cherry, 1979).
Pe = Equação 07
D*
A adsorção constitui o mecanismo de orgânica. A partição é diferenciada da
retenção mais importante para moléculas adsorção pela distribuição homogênea do
polares e íons. A adsorção por troca iônica é material sorvido ao longo do volume total da
mais lenta que a adsorção molecular fase hidrofóbica (Chiou, 1989). A partição é
(Voyutsky, 1978). De maneira geral, a quantificada por meio do coeficiente de
primeira camada da substância é adsorvida partição octanol-água (Kow), que é uma
por troca iônica e as demais são atraídas por medida da tendência de uma substância a se
forças de Van der Waals (Yong et al.,1992). dissolver preferencialmente na água ou em
um solvente orgânico (octanol). É
A adsorção é o principal mecanismo de
determinado misturando-se a substância
retenção de metais em solução, enquanto
com octanol e água, dois líquidos imiscíveis,
que é apenas um dos mecanismos de
em quantidades iguais. O coeficiente é a
retenção de substâncias orgânicas (LaGrega
razão entre as concentrações no octanol e na
et al., 1994).
água, depois de atingido o equilíbrio
Este processo pode ser reversível, (equação 08 ).
implicando na dessorção de cátions e ânions
Coctanol
em função, por exemplo, de mudanças de K ow = Equação 08
pH. Cagua
Quanto maior for este coeficiente, maior é
Sorção hidrofóbica a tendência da substância a se dissolver no
solvente orgânico. Em outras palavras, este
A sorção hidrofóbica é um mecanismo coeficiente é uma medida do quão
típico de retenção de substâncias orgânicas hidrofóbico é o composto (Fetter, 1993).
(especialmente compostos orgânicos O coeficiente Kow é correlacionado com o
apolares) na matéria orgânica do solo. É grau de solubilidade na água (Sw) para
caracterizada pelo processo de partição, i.e. muitos compostos orgânicos. Em geral,
distribuição da substância entre duas fases hidrocarbonetos têm baixa solubilidade em
(no caso, a solução e a matéria orgânica do água e apresentam altos valores de Kow.
solo) por dissolução exclusivamente (Yong Substâncias que sofrem ionização ou que se
et al., 1992; Hasset & Banwart, 1989; associam em solução podem apresentar
LaGrega et al., 1994; Yiacoumi & Tien, valores não usuais de Kow.
1994; Chiou et al., 1979).
Da mesma maneira, podem-se definir
A matéria orgânica do solo age como um coeficientes de partição no carbono orgânico
meio solubilizante para as substâncias (Koc) ou na matéria orgânica do solo
dissolvidas na água, e é funcional e (Kom). Como o peso da matéria orgânica é
conceitualmente análoga a um solvente maior do que o do carbono orgânico
orgânico como octanol, por exemplo (Chiou (segundo um fator aproximado de 1,724), o
et al., 1983). Os compostos orgânicos coeficiente Koc é maior do que Kom para
neutros, por terem mais afinidade com um uma dada substância. Estes valores são
solvente orgânico, passam da fase aquosa relacionados pela equação 09 (Fetter, 1993).
para a fase orgânica (é solubilizado na fase
orgânica). Quanto menos polar for o
composto, maior será a sua tendência a ser Koc = 1,724 Kom Equação 09
particionado na fase orgânica, também
chamada fase hidrofóbica, a partir da água,
que é um solvente polar (Mingelgrin & Precipitação / Dissolução
Gerstl, 1983). Equivalentemente, compostos
menos solúveis em água têm maior A precipitação consiste no desprendimento
tendência a serem sorvidos na matéria de substâncias inicialmente em solução, que
ocorre quando a sua concentração na ânion ou molécula polar, chamado ligante.
solução excede o seu grau de solubilidade e O arranjo metal-ligante é neutro e é
o excesso sai de solução (precipita). A denominado complexo, no qual os ligantes
precipitação é o processo inverso da envolvem o metal (LaGrega et al., 1994;
dissolução. É um processo reversível, ou Fetter, 1993). A ligação formada pode ser
seja, se a concentração chegar a valores covalente ou eletrostática (Fetter, 1993). Em
menores que o grau de solubilidade, pode geral, os complexos formados com ligantes
ocorrer dissolução da substância precipitada. inorgânicos são mais fracos que os formados
Este processo é fortemente afetado pela com ligantes orgânicos (Yong et al., 1992).
temperatura e pH.
A complexação aumenta a mobilidade
Pode ocorrer dissolução na água do potencial de um metal, pois o complexo
produto livre ou de formas sólidas de formado é mais solúvel que o cátion
substâncias, por exemplo, através de metálico, além de o complexo envolver o
lixiviação. Os produtos são mais comumente que seriam íons metálicos livres, diminuindo
cátions ou ânions inorgânicos ou moléculas assim as oportunidades de adsorção e
orgânicas polares ou apolares (LaGrega et precipitação destes íons (LaGrega et al.,
al., 1994). Uma vez que há aumento da 1994).
concentração do soluto, o seu transporte é
facilitado.
Ionização

Co-Solvência Ácidos orgânicos podem doar


elétrons em soluções aquosas, tornando-se
Consiste na dissolução da substância ânions, o que aumenta significativamente a
em mais de um solvente. Ocorre em geral sua mobilidade na água (LaGrega et al.,
com substâncias orgânicas como resultado 1994).
da introdução de certa quantidade de um
Ácidos e bases fracas, muitas vezes, têm
solvente orgânico na subsuperfície. A
constantes de dissociação que afetam
presença de solventes promove um aumento
profundamente o seu grau de ionização
da interação entre o soluto e o solvente que
dentro da faixa normal de variação do pH
ocorre juntamente com a água. A mistura
dos solos, fazendo necessário considerar as
resultante pode aumentar dramaticamente a
características de sorção das formas ionizada
mobilidade de substâncias em comparação
e não ionizada (Bewick, 1994).
com o caso em que o solvente é a água pura.
Em particular, a solubilidade de uma
substância orgânica pode aumentar e a Filtração
capacidade de sorção do solo pode diminuir.
A introdução de solventes na água na faixa Além de substâncias dissolvidas, a água
de 20% ou mais em termos de volume pode subterrânea contaminada muitas vezes
aumentar a solubilidade de compostos contém partículas em suspensão, que podem
hidrofóbicos em mais de uma ordem de ser o próprio poluente, como bactérias ou pó
grandeza (LaGrega et al., 1994). pouco solúvel, ou conter substâncias
poluentes sorvidas, como no caso de metais
ou compostos orgânicos sorvidos em grãos
Complexação de argila ou matéria orgânica coloidal
(Domenico & Schwartz, 1991).
A formação de complexos (também
As partículas de maior interesse para o
denominada complexação ou quelação)
estudo do transporte são as que estão na
consiste na formação de uma ligação
faixa de dimensões de colóides (diâmetros
coordenada entre um cátion metálico e um
equivalentes entre 10-9 e 10-6m), por
possuírem maior mobilidade através da
malha de poros do solo. As dimensões das
partículas em soluções coloidais são
consideravelmente maiores que as
dimensões de moléculas em soluções
verdadeiras (Voyutsky, 1978).
Quando a água, ao se infiltrar no solo, já
contém partículas em suspensão, parte do
material suspenso fica retido na superfície,
pois as partículas maiores que a abertura dos
poros não conseguem penetrar no solo
(Domenico & Schwartz, 1990). Forma-se
assim uma membrana de alta resistividade,
que dificulta tanto a percolação quanto a
entrada de partículas finas no solo (Kovács
et al., 1981). Este fenômeno está
esquematizado na figura 4a.
As partículas que conseguem
penetrar transportadas pela água infiltrante
podem ser retidas ao longo da trajetória de
fluxo no interior do meio poroso, como está
ilustrado na figura 4.b.

Figura 4 – Efeitos de filtração ou processos


2.2.2 Efeitos de Degradação ou
que limitam a migração de partículas, a)
Decaimento
formação de membrana superficial, b)
retenção no interior da malha de poros
Óxido / Redução

As reações de oxidação e redução (ou No meio ambiente, tais reações podem ser
reações redox) resultam na mudança da controladas por microorganismos que não
valência dos elementos envolvidos através participam da reação, mas agem como
de ganho ou perda de elétrons. A reação que catalisadores. Estes microorganismos obtêm
resulta na perda de elétrons é chamada energia através da oxidação de compostos
oxidação; o ganho de elétrons é definido orgânicos, hidrogênio ou formas reduzidas
como redução. Toda oxidação é inorgânicas de ferro, nitrogênio e enxofre.
acompanhada de uma redução e vice-versa, Para que estas reações ocorram, são
de maneira que o equilíbrio é sempre necessários receptadores de elétrons, que em
mantido. condições aeróbias pode ser o oxigênio,
enquanto que, em condições anaeróbias, são
nitratos, sulfatos e dióxido de carbono
(Fetter, 1993; Freeze & Cherry, 1979).

Hidrólise
A hidrólise é definida como a reação da oxigênio consumido em reações
substância com moléculas de água. É hidroquímicas e bioquímicas não é reposto
freqüentemente descrita como sendo uma (Freeze & Cherry, 1979; LaGrega et al.,
troca de um grupo aniônico X da substância 1994).
por uma hidroxila (OH–), resultando na
decomposição da substância. Esta reação é
representada da seguinte maneira (Equação Volatilização
10):
A volatilização é um processo de difusão
pelo qual uma substância passa da sua fase
RX + HOH → ROH + HX Equação 10 líquida ou sólida para a gasosa, onde sua
concentração é inicialmente baixa.
Entretanto, ao contrário da difusão em uma
Para a maioria das substâncias, a hidrólise única fase, onde a concentração tende a se
tem um efeito relativamente insignificante uniformizar ao longo de toda a fase, no solo,
em comparação com outros que que consiste de pelo menos três fases
transformam substâncias orgânicas. Porém, (sólida, líquida e gasosa), o equilíbrio é
para substâncias orgânicas cloradas, que não usualmente alcançado a concentrações
são prontamente transformadas pela diferentes em cada fase.
biodegradação, a hidrólise pode ter A quantidade da substância que passa para
importância. A hidrólise de substâncias a fase gasosa depende da sua pressão de
orgânicas cloradas envolve a troca de um vapor, que é uma propriedade física
grupo aniônico X pela hidroxila em um característica. A volatilização ocorre
átomo de carbono. continuamente até que a pressão parcial da
mesma nesta fase seja igual à sua pressão de
vapor. A pressão de vapor de uma
Metabolização substância pura é uma propriedade
intrínseca relacionada com as forças
A metabolização decorre da degradação
coesivas entre as suas moléculas, sendo
biológica (ou biodegradação), que consiste
então função apenas da temperatura.
na transformação de moléculas orgânicas em
outras menores, como conseqüência da A volatilização de uma substância a partir
atividade metabólica de microorganismos da água ou do solo pode ser estimada com
presentes no solo. A energia necessária para base na lei de Henry, que determina que, na
o seu metabolismo é suprida pela condição de equilíbrio, existe uma relação
degradação de substâncias ricas em energia, linear entre a pressão parcial da mesma na
transformando-as em metabolitos de menor fase gasosa imediatamente acima do líquido
energia e, por fim, em CO2 e H2O (Matthess, e a sua fração molar dissolvida no líquido,
1994). As reações envolvidas no processo dada pela equação 11 (Yong et al., 1992;
incluem oxidação, redução, desalogenação, Fetter, 1993).
hidrólise e clivagem de anel, entre outras
Pi
(Fetter, 1993; Kuhn & Suflita, 1989; Hi = Equação 11
LaGrega et al., 1994). Xi
Quando os microorganismos requerem onde,
oxigênio para o seu metabolismo, a
biodegradação é dita aeróbia; do contrário, é Pi = pressão parcial da substância
chamada anaeróbia. No subsolo, é de se (geralmente expressa em atm);
esperar que os processos anaeróbios sejam Xi = fração molar da substância na
predominantes, pois a água subterrânea está fase líquida (mol / m3 de água);
isolada da atmosfera, de maneira que o
Hi = constante de Henry (atm / mol / A transferência da substância para a fase
3
m de água). sólida durante o fluxo provoca redução da
velocidade da frente de contaminação em
A lei de Henry é válida quando a
relação à velocidade do fluido, resultando
substância é pouco solúvel, a fase gasosa
em um fenômeno denominado retardamento
pode ser considerada ideal, a substância não
da frente de contaminação. Isto é ilustrado
reage com o solvente ou com outras
simplificadamente na curva breakthrough da
substâncias dissolvidas. A constante de
Figura 5.
proporcionalidade da lei de Henry pode
também ser expressa como um coeficiente
de partição ar-água (Yong et al., 1992;
Fetter, 1993), descrita na Equação 12.
Cv
Hi = Equação 12
Ca
onde:
Cv = concentração da substância na fase de
vapor;
Ca = concentração da substância na fase Figura 5 – Curva Breakthrough (Moncada,
líquida. 2004).

A constante de Henry é função da A grandeza que quantifica este fenômeno


temperatura. é o fator de retardamento, R, que é a razão
entre a velocidade do fluido percolante e a
velocidade da frente de contaminação. O
Sorção fator de retardamento pode ser obtido a
partir de Ensaios de Coluna.
Os processos de interação entre solo e o O fator de retardamento é usado para
contaminante que merecem maior atenção avaliar a capacidade de retenção do solo; é
são os que resultam na acumulação deste no uma característica do solo em relação a uma
solo, pela sua transferência do fluido para a determinada substância e depende da
fase sólida, onde fica retido. A retenção de atividade do solo, da concentração inicial da
substâncias é referida genericamente como substância na solução contaminada, do pH
sorção, termo que não leva em consideração da solução, da temperatura e da velocidade
a natureza do processo (Hasset & Banwart, de percolação, entre outros fatores.
1989).
Naturalmente, a habilidade do solo em
reter substâncias é limitada. Assim sendo, se 3. DETERMINAÇÃO DOS
a fonte de contaminação tiver alimentação PARÂMETROS FÍSICOS DE
contínua, a taxa de retenção tende a diminuir TRANSPORTE EM LABORATÓRIO
com o tempo, podendo chegar a se anular.
Neste ponto, diz-se que o solo atingiu sua 3.1 Determinação do coeficiente de
capacidade de retenção. A quantidade da Difusão Molecular Efetivo (D*) e
substância que permanece dissolvida na Dispersão Hidrodinâmica (Dh)
água percolante aumenta à medida que a
quantidade acumulada no solo se aproxima Em geral, os métodos utilizados para medir
da sua capacidade de retenção (Yong et al., o coeficiente de Difusão Efetivo podem ser
1992). agrupados em duas categorias, os que
utilizam o regime permanente e os que
utilizam o regime transiente,
correspondendo esta classificação ao tipo de
equação de transporte utilizada na análise
dos dados para determinar D*. As
metodologias existentes para determinação
em laboratório dos parâmetros físicos de
transporte são: Método do Regime
Permanente, Método do Time-Lag e Método
de Coluna. A seguir, é apresentada a
metodologia do Ensaio de Coluna.
Figura 6 – Curvas de breakthough, quando
D*<<Dh (Shackelford, 1991).
Método de coluna – Fonte com
concentracao constante
Procedimento
o Medir o comprimento (L), a área
transversal (A) e a porosidade (n) da
amostra;
o A condição de fluxo em regime
permanente deve ser estabelecida;
o Depois de atingida a condição de regime
permanente, a solução no reservatório de
entrada (em geral, água) deve ser trocada Figura 7 – Curvas de break-though, quando
pela solução de interesse; D*=Dh (Shackelford, 1991)
o A concentração e o volume percolado
são medidos no decorrer do ensaio; Uma variante para calcular o coeficiente
o Plotar os valores de concentração Dh, no Ensaio de Coluna é apresentada por
relativa (C/Co) versus volume de poros Azevedo et al. (2002), quando o segundo
percolado (V/Vv) ou a curva break- membro da solução de Ogata & Banks pode
trough; ser desprezado, ficando a solução
o Calcular Dh ajustando a solução teórica simplificada,
de Ogata e Banks (1970) aos dados
experimentais, e:
C 1 ⎡ ( x − v' x t ) ⎤
D* = Dh − α × v x Equação 13 = erfc ⎢ ⎥ Equação 14
C0 2 ⎣ 2 D' t ⎦
Vantagens De acordo com Ogata e Banks, o
o O método é aplicável quando existe um segundo termo pode ser desprezado com um
componente advectivo do fluxo ( v x ), erro menor que 5 % quando ( v x /Dh) for
situação similar à existente em campo. maior que 135 e com erro menor que 3%
o É um método que vem sendo usado há quando ( v x /Dh) for maior que 500.
bastante tempo.
Em outras palavras, o segundo termo
Desvantagens pode ser desprezado quando o transporte é
o Se a velocidade de percolação não é predominantemente advectivo.
pequena, o coeficiente D* deve ser Para esta situação de transporte
separado do coeficiente Dh. advectivo, é possível obter o valor de Dh da
o Se a velocidade de percolação é baixa, a curva característica de transporte ou curva
duração do ensaio pode ser excessiva. de break-trough, se a tangente, b, da curva
experimental C/Co vs V/Vv no ponto
C/Co=0,5 é conhecida usando a Equação 15.
Este coeficiente pode ser determinado por
vx × L Ensaios de Coluna ou mediante Ensaios de
Dh = Equação 15 Equilíbrio em Lote. Em geral é preferível o
4 ×π × R 2 × b2 ensaio de Coluna, porque permite ter
condições similares de densidade e de
Quando não é possível desprezar o porosidade do solo mais similares às
segundo termo da solução de Ogata, ou seja, condições de campo.
quando o transporte não é puramente A determinação do valor de R pode ser
advectivo, é possível calcular o valor de D* feita diretamente a partir da curva
pela seguinte equação sugerida por característica de transporte ou Curva break-
Shackelford (1994), through. Segundo Shackelford (1994) de
acordo ao tipo de transporte predominante,
C ⎛ R× L ⎞ varia o procedimento para obter R.
= erfc⎜ ⎟ Equação 16
C0 ⎝ 2 D * ×R × t ⎠ Um parâmetro que auxilia na
determinação do tipo de transporte
considerando que para x=L, v’x=0. predominante é o número de Peclet (Pe),
definido para o ensaio de coluna como,
Shackelfodd & Daniel (1991) concluíram
ser desprezível o efeito do teor de umidade, vx L
grau de compactação e mineralogia sobre o Pe = Equação 17
Dh
valor de D* calculado para contaminantes
inorgânicos. O valor de D* depende muito
onde L é a altura ou comprimento da coluna
mais dos fatores físico-químicos da solução.
de solo.
Pode-se vislumbrar a partir do formato da
curva breakthough quais os mecanismos de
Para números de Peclet maiores ou iguais
transporte de contaminantes mais
a 50, ou seja, fluxo predominantemente
significantes, conforme Figura 8.
advectivo, o fator de retardamento é dado
pela seguinte equação:
Alimentação contínua com
soluto com concentração C
V (C = 0,5C0 )
R= Equação 18
Ponto de medidas de C (t) Vv
Direção do fluxo
C/Co C/Co Adveção
ou seja, igual ao valor de V/Vv quando a
Adveção
+ concentração relativa é igual a 0,5 (Figura
Dispersão
8).
t1 t t3<t1<t2 t3 t
C/Co C/Co Adveção
+ Com velocidades baixas de fluxo, ou
Advecção +
atenuação
Dispersão domínio do transporte por difusão, R não é
+
t2 t t4
t Atenuação igual a V/Vv para C/Co=0,5, como mostra
Shackelford (1994). Nestes casos o fator de
Figura 8 – Variação C/Co versus tempo, retardamento é igual à área sobre a curva
considerando os fenômenos de transporte. característica de transporte, entre C/Co=0 a
C/Co=1, como está indicado na Figura 10.

3.1.2 Fator de Retardamento (R)


Figura 9 – Determinação do fator de
retardamento (R), para Pe > 50 Figura 11 – Relação entre a Dispersão
Hidrodinâmica e a velocidade média
O primeiro método equivale a calcular o (Fontoura et al., 1987).
fator de retardamento considerando só o
primeiro termo da solução de Ogata & 3.1.4 Coeficiente de Distribuição (kd)
Banks. O segundo método equivale a
calculá-lo considerando a solução completa. O coeficiente de distribuição (kd) pode
ser definido como sendo uma medida da
afinidade do contaminante com um
determinado solo. Considerando-se uma
relação linear entre a massa absorvida por
unidade de massa de sólidos e a
concentração da substância que permanece
em solução, depois de atingido o equilíbrio,
estando o solo saturado, tem-se:

R −1
kd = n Equação 20
Figura 10 – Determinação do fator de
Gs
retardamento R, para Pe < 50 (Shackelford,
onde:
1994)
R = fator de retardamento;
Gs = massa específica aparente seca do solo;
3.1.3 Coeficiente de Dispersividade (α)
n = porosidade;
Utilizando a relação entre a difusão, e a
dispersão mecânica, é possível obter os
valores do coeficiente de dispersividade (α) 4. CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS
e de Difusão molecular (D*), a partir de DOS AUTORES
ensaios de Coluna.
Este trabalho apresentou, em linhas
Dh = α × vx + D * Equação 19 gerais, a base teórica que aborda o
transporte de contaminantes nos solos. Pode
Segundo Fontoura et al. (1987), para isto se observar que a este fenômeno é complexo
é necessário executar ensaios com diferentes e depende de um número grande de
valores de gradientes hidráulicos e, por variáveis para ser simulado com
regressão linear, determinar os coeficientes confiabilidade. Um destaque que os autores
(Figura 11). julgam apropriado é a de que deve-se fazer
uso da tecnologia e dos conhecimentos ja
adquiridos quanto aos fenômenos que
tangem o transporte de contaminantes em DOMENICO, P. A., F. W. SCHWARTZ.
solos, para que uma correta intervenção seja (1991). Physical and chemical
executada. Pesquisas desta natureza estão hydrogeology. Wiley.
em desenvolvimento em todo o mundo FONTOURA, S. A. B.; DE CAMPOS e
acadêmico, sendo o número de publicações T. M. P.; NOBRE, M. M. M. (1987) –
desta natureza em grande crescimento. Migração de poluentes através de
meios porosos. In: Simpósio sobre
Agradecimentos Barragens de Rejeitos e Disposição
de Resíduos Industriais e de
Os autores agradecem ao CNPq e Mineração. Novembro. p.39– 60.
FAPERGS pelo respaldo financeiro para o FREEZE, R.A.; CHERRY, J.A. (1979)
desenvolvimento de pesquisas nesta área no Groundwater. Prentice-Hall,
PPGEng-UPF e no PPGEC-UFRGS. Englewood Cliffs, NJ. 604p.
KNOP, A. (2004) Estudo dos
fenômenos de transporte em solos.
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