Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As reações de oxidação e redução (ou No meio ambiente, tais reações podem ser
reações redox) resultam na mudança da controladas por microorganismos que não
valência dos elementos envolvidos através participam da reação, mas agem como
de ganho ou perda de elétrons. A reação que catalisadores. Estes microorganismos obtêm
resulta na perda de elétrons é chamada energia através da oxidação de compostos
oxidação; o ganho de elétrons é definido orgânicos, hidrogênio ou formas reduzidas
como redução. Toda oxidação é inorgânicas de ferro, nitrogênio e enxofre.
acompanhada de uma redução e vice-versa, Para que estas reações ocorram, são
de maneira que o equilíbrio é sempre necessários receptadores de elétrons, que em
mantido. condições aeróbias pode ser o oxigênio,
enquanto que, em condições anaeróbias, são
nitratos, sulfatos e dióxido de carbono
(Fetter, 1993; Freeze & Cherry, 1979).
Hidrólise
A hidrólise é definida como a reação da oxigênio consumido em reações
substância com moléculas de água. É hidroquímicas e bioquímicas não é reposto
freqüentemente descrita como sendo uma (Freeze & Cherry, 1979; LaGrega et al.,
troca de um grupo aniônico X da substância 1994).
por uma hidroxila (OH–), resultando na
decomposição da substância. Esta reação é
representada da seguinte maneira (Equação Volatilização
10):
A volatilização é um processo de difusão
pelo qual uma substância passa da sua fase
RX + HOH → ROH + HX Equação 10 líquida ou sólida para a gasosa, onde sua
concentração é inicialmente baixa.
Entretanto, ao contrário da difusão em uma
Para a maioria das substâncias, a hidrólise única fase, onde a concentração tende a se
tem um efeito relativamente insignificante uniformizar ao longo de toda a fase, no solo,
em comparação com outros que que consiste de pelo menos três fases
transformam substâncias orgânicas. Porém, (sólida, líquida e gasosa), o equilíbrio é
para substâncias orgânicas cloradas, que não usualmente alcançado a concentrações
são prontamente transformadas pela diferentes em cada fase.
biodegradação, a hidrólise pode ter A quantidade da substância que passa para
importância. A hidrólise de substâncias a fase gasosa depende da sua pressão de
orgânicas cloradas envolve a troca de um vapor, que é uma propriedade física
grupo aniônico X pela hidroxila em um característica. A volatilização ocorre
átomo de carbono. continuamente até que a pressão parcial da
mesma nesta fase seja igual à sua pressão de
vapor. A pressão de vapor de uma
Metabolização substância pura é uma propriedade
intrínseca relacionada com as forças
A metabolização decorre da degradação
coesivas entre as suas moléculas, sendo
biológica (ou biodegradação), que consiste
então função apenas da temperatura.
na transformação de moléculas orgânicas em
outras menores, como conseqüência da A volatilização de uma substância a partir
atividade metabólica de microorganismos da água ou do solo pode ser estimada com
presentes no solo. A energia necessária para base na lei de Henry, que determina que, na
o seu metabolismo é suprida pela condição de equilíbrio, existe uma relação
degradação de substâncias ricas em energia, linear entre a pressão parcial da mesma na
transformando-as em metabolitos de menor fase gasosa imediatamente acima do líquido
energia e, por fim, em CO2 e H2O (Matthess, e a sua fração molar dissolvida no líquido,
1994). As reações envolvidas no processo dada pela equação 11 (Yong et al., 1992;
incluem oxidação, redução, desalogenação, Fetter, 1993).
hidrólise e clivagem de anel, entre outras
Pi
(Fetter, 1993; Kuhn & Suflita, 1989; Hi = Equação 11
LaGrega et al., 1994). Xi
Quando os microorganismos requerem onde,
oxigênio para o seu metabolismo, a
biodegradação é dita aeróbia; do contrário, é Pi = pressão parcial da substância
chamada anaeróbia. No subsolo, é de se (geralmente expressa em atm);
esperar que os processos anaeróbios sejam Xi = fração molar da substância na
predominantes, pois a água subterrânea está fase líquida (mol / m3 de água);
isolada da atmosfera, de maneira que o
Hi = constante de Henry (atm / mol / A transferência da substância para a fase
3
m de água). sólida durante o fluxo provoca redução da
velocidade da frente de contaminação em
A lei de Henry é válida quando a
relação à velocidade do fluido, resultando
substância é pouco solúvel, a fase gasosa
em um fenômeno denominado retardamento
pode ser considerada ideal, a substância não
da frente de contaminação. Isto é ilustrado
reage com o solvente ou com outras
simplificadamente na curva breakthrough da
substâncias dissolvidas. A constante de
Figura 5.
proporcionalidade da lei de Henry pode
também ser expressa como um coeficiente
de partição ar-água (Yong et al., 1992;
Fetter, 1993), descrita na Equação 12.
Cv
Hi = Equação 12
Ca
onde:
Cv = concentração da substância na fase de
vapor;
Ca = concentração da substância na fase Figura 5 – Curva Breakthrough (Moncada,
líquida. 2004).
R −1
kd = n Equação 20
Figura 10 – Determinação do fator de
Gs
retardamento R, para Pe < 50 (Shackelford,
onde:
1994)
R = fator de retardamento;
Gs = massa específica aparente seca do solo;
3.1.3 Coeficiente de Dispersividade (α)
n = porosidade;
Utilizando a relação entre a difusão, e a
dispersão mecânica, é possível obter os
valores do coeficiente de dispersividade (α) 4. CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS
e de Difusão molecular (D*), a partir de DOS AUTORES
ensaios de Coluna.
Este trabalho apresentou, em linhas
Dh = α × vx + D * Equação 19 gerais, a base teórica que aborda o
transporte de contaminantes nos solos. Pode
Segundo Fontoura et al. (1987), para isto se observar que a este fenômeno é complexo
é necessário executar ensaios com diferentes e depende de um número grande de
valores de gradientes hidráulicos e, por variáveis para ser simulado com
regressão linear, determinar os coeficientes confiabilidade. Um destaque que os autores
(Figura 11). julgam apropriado é a de que deve-se fazer
uso da tecnologia e dos conhecimentos ja
adquiridos quanto aos fenômenos que
tangem o transporte de contaminantes em DOMENICO, P. A., F. W. SCHWARTZ.
solos, para que uma correta intervenção seja (1991). Physical and chemical
executada. Pesquisas desta natureza estão hydrogeology. Wiley.
em desenvolvimento em todo o mundo FONTOURA, S. A. B.; DE CAMPOS e
acadêmico, sendo o número de publicações T. M. P.; NOBRE, M. M. M. (1987) –
desta natureza em grande crescimento. Migração de poluentes através de
meios porosos. In: Simpósio sobre
Agradecimentos Barragens de Rejeitos e Disposição
de Resíduos Industriais e de
Os autores agradecem ao CNPq e Mineração. Novembro. p.39– 60.
FAPERGS pelo respaldo financeiro para o FREEZE, R.A.; CHERRY, J.A. (1979)
desenvolvimento de pesquisas nesta área no Groundwater. Prentice-Hall,
PPGEng-UPF e no PPGEC-UFRGS. Englewood Cliffs, NJ. 604p.
KNOP, A. (2004) Estudo dos
fenômenos de transporte em solos.
Referências Bibliográficas Relatório redigido para a disciplina
Novos Materiais Geotécnicos, curso
BARONE, F.; YANFUL, E.K.; de doutoramento PPGEC/UFRGS.
QUIGLEY, R.M.; ROWE, R.K. 19p.
(1988) Effect of multiple KNOP, A. (2005) Comportamento de
contaminant migration on diffusion liners atacados quimicamente.
and adsorption of some domestic Exame de Qualificacao de doutorado
waste contaminants in a natural PPGEC/UFRGS, 145p.
clayey soil. Geotechnical Research KOVÁCS, W.D.; R.D. HOLTZ (1981).
Report GEOT-5-88, Geotechnical An Introduction to Geotechnical
Research Centre, The University of Engineering. Prentice Hall,
Western Ontario, London. Barron. Englewood Cliffs, New Jersey, NJ.
BEAR, J. (1961) On the tensor form of KUHN, E.P.; SUFLITA, J.M. (1989)
dispersion. Journal of Geophysical Microbial degradation of nitrogen,
Research, 66, p.1185 – 1197. oxygen and sulfur heterocyclic
BEAR, J. (1972) Dynamics of fluids in compounds under anaerobic
porous media. New York: Dover conditions: Studies with aquifer
Publications, 764 p. samples. Environ. Toxicol. Chem.8:
CHIOU, C.T.; PETERS, L.J.; FREED, 1149–1158
V.H. (1979). A physical concept of LAGREGA, M.D., BUCKINGHAM,
soil-water equilibria for nonionic P.L.; EVANS, J.C. (1994).
organic compounds. Science Stabilisation and solidification.
206:831-832 Hazardous Waste Management,
CORDAZZO, J. (2000) Modelagem e McGraw-Hill, pp. 641-704.
simulação numérica do
derramamento de gasolina MONCADA, M.P.H. (2004). Estudo em
acrescida de álcool em águas laboratório de características de
subterrâneas. Dissertação (Mestrado colapso e transporte de solutos
em Engenharia). UFSC, Florianópolis, associadas à infiltração de licor
108p. cáustico em um solo laterítico.
DE JOSELIN DE JONG, G. (1958) Dissertação (Mestrado em
Longitudinal and tansverse dffusion Engenharia). Programa de Pós-
in granular deposits. Trans., Am. Graduação em Engenharia Civil do
Geoph. Union, 39, 1, 67. Departamento de Engenharia Civil da
PUCRJ. Rio de Janeiro, 190p
MUSKAT, M. (1937) The flow of YONG, N. R.; MOHAMED A. M. O.;
homogeneous fluids through porous WARKENTIN, B. P. (1992) -
media. Ann Arbor, Michigan, J.W. Principles of contaminant transport in
Edwards, Inc. soils. Elsevier. 1992. p. 327.
QUIGLEY, R.M.; CROOKS, V.E.; YIACOUMI, S. TIEN, C., (1994). A
FERNANDEZ, F. Engineered Clay model of organic solute uptake from
Liners: An overview report. Proc. aqueous solutions by soils. Water
Seminar on Design and Construction Resources Research, 30, 2, 571-
of Municipal and Industrial Waste 580.
Disposal Facilities. Canadian
Geotechnical Society and
Consulting Engineers of Ontario,
Toronto, pp. 115-134, 1984.
OGATA, A.; BANKS, R.B. (1961). A
Solution of the Differential Equation
of Longitudinal in Porous Media, U.S.
Geological Survey Professional
Paper 411-A.
SAFFMAN, P.G. (1959) A theory of
dispersion in a porous medium.
Journal of Fluid Mechanics, 6, n°3,
p.321-349.
SHACKELFORD, C. D. (1991)
Laboratory diffusion testing for waste
disposal – A review. Journal of
Contaminant Hydrology. n. 7, p.177-
217.
SHACKELFORD, C.D.; GLADE, M.J.
(1994) Constant-flow and constant-
gradient permeability tests on sand-
bentonite-fly ash mixtures. In:
Hydraulic conductivity and waste
contaminant transport in soil,
Philadelphia. Proceedings... ASTM
STP 1142, ASTM, 1994. p. 521-545.
SHACKELFORD, C.D.; DANIEL, D.
(1991) Diffusion in satured soils –
Part II. Journal of Geotechnical
Engineering. Vol. 117, 485-506.
SCHEIDEGGER, A. E. (1954) Statistical
Hydrodynamics in Porous Media.
Journal of Applied Physics, 25, 8,
994-1001.
SLICHTER, C.S. (1899) Theoretical
investigation of the motion of
ground waters. U.S. Geology Survey,
19th, Ann. Rept, pt.2, p.295.
VOYUTSKY, S. (1978) Colloid
Chemistry; Mir Pub., Moscou,
Russian, p 186.