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FLASH REPORT #01

BUILDING INTEGRATED PHOTOVOLTAICS – A produção


de Energia Como Parte Integrada da Concepção
Arquitectónica
Vinicios BRITO
Faculdade de Arquitetura da ULisboa – MIARQ 2021_22
Turma: 5 E

RESUMO
A continua exploração dos recursos energéticos provenientes da terra tem
levado a cabo um movimento de reação aos efeitos colaterais e os negativos
impactos que estes têm sobre o nosso ecossistema. Por isso tornou-se necessário
criar novas formas e estabelecer novas estratégias para reverter este processo.
Deste modo, procurar tirar proveito das fontes limpas de criação de energia
tornou-se numa das maiores demandas do século XXI, de modo a promover a
qualidade de vida e a sustentabilidade dos nossos edifícios, das nossas cidades e,
por conseguinte, do nosso planeta.
Assim, a disciplina da Arquitectura tem um papel fundamental na procura
pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento das novas técnicas e tecnologias aliadas á
qualidade construtiva da nossa envolvente e dos espaços que habitamos.

PALAVRAS-CHAVE: Arquitectura, Energia Solar, Tecnologia, Building Integrated Photovoltaics.

1. CONTEXTO ENERGÉTICO E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

O século XXI, distingue-se como um tempo de mudança. A sociedade tornou-se consciente do


inevitável caminhar das suas ações, até então imponderadas, e temas tais como as alterações
climáticas tornaram-se cada vez mais evidentes e discutidas, procurando, por um lado medir o seu
impacto atual, e por outro definir estratégias para mitigar os seus efeitos.

Paralelamente a essa definição de estratégias, tornou-se cada vez mais crescente a


necessidade de suprimir as necessidades das sociedades atuais, cada vez mais ligadas ao
desenvolvimento tecnológico, que por sua vez são consumidores significativos de energia, que, por
conseguinte, esse mesmo consumo representa uma parcela considerável da pegada ecológica no
planeta.

Deste modo, a demanda pela reversão deste processo manifestou-se através da aliança da
tecnologia á produção de energia limpa, provenientes de fontes renováveis num movimento reacionário
à indústria e aos consequentes impactos negativos da utilização de combustíveis fósseis, sobre o
nosso ecossistema.

Assim, a produção de energia limpa e os diferentes meios desenvolvidos para a sua captação,
armazenamento e aproveitamento estabeleceram um novo paradigma para o desenvolvimento
sustentável do nosso planeta. Como, não obstante, a disciplina da Arquitectura tornou-se num cadinho
experimental voltado para a aplicação da sustentabilidade numa perspetiva prática, na qual é possível
observar e analisar em tempo real o desempenho e aplicabilidade das soluções projetadas e assimilar

as suas variações diacríticas e sincrónicas tanto a nível do objeto arquitectónico, quanto da sua relação
com os utilizadores.

Um dos exemplos das tecnologias desenvolvidas para a captação e geração de energia limpa
trata-se dos painéis fotovoltaicos. Criados para converter a energia da luz solar para criar uma
diferença de potencial elétrico, produzindo uma corrente elétrica contínua.

Esta fonte de energia representa, hoje, em Portugal 3,9% de um total de 66,5% da energia
renovável consumida (Fonte: APREN), sendo a mais adoptada para aplicações em menor escala como
residências, edifícios de equipamento, prédios etc., procurando a longo prazo aumentar a eficiência
energética do edifício e reduzir os gastos de consumo.

Porém, a introdução a posteriori de painéis fotovoltaicos, acabam por não representar um


aproveitamento significativo quer das capacidades dos equipamentos, quer das potencialidades do
local e do próprio edifício. Isto deve-se principalmente ao facto de os painéis serem instalados em
áreas inutilizadas dos edifícios, como coberturas, terraços ou telhados, por conseguinte a sua
aplicação, de modo a extrair mais satisfatoriamente, pode interferir com a qualidade estética global da
edificação ou, até mesmo, não ser a suficiente face as condições locais, devido á limitação espacial
adjacente aos espaços destinados á sua instalação.

Por isso, de maneira a procurar estabelecer uma simbiose entre o desenho arquitectónico e os
novos ideais de sustentabilidade energética, evidencia-se indispensável elaborar soluções integradas
destes elementos e a própria arquitectura, que resultem num melhor aproveitamento das condições de
exposição e posicionamento alinhados ao desenho arquitectónico, tornando a obra e a eficiência em
elementos indissociáveis.

2. BUILDING INTEGRATED PHOTOVOLTAICS

Na sequência do pensamento acima explicitado, referindo a procura por soluções integradas


entre a arquitectura e painéis fotovoltaicos, surge como desenvolvimento da mesma o Building
Integrated Photovoltaics (BIPV), solução esta que procura a integração de fotovoltaicos no processo de
concepção de edifícios ainda em fase de projeto.

Este sistema, responde a duas vertentes funcionais aquando da sua aplicação: enquanto “pele
do edifício”, na medida em que substitui os materiais convencionais utilizados na elaboração de
fachadas; e como gerador de energia, respondendo com eficiência á sua função primordial de
produção de energia limpa.

A susceptibilidade da aplicação do sistema BIPV, centra-se na poupança de custos e


materiais para a construção convencional. Por isso, a sua inclusão reduz o custo do fotovoltaíco em si
mesmo e o seu ciclo de vida é potencializado. Como consequência deste pensamento de integração a
priori é também reduzido gastos ligados a mão de obra e sistemas de montagem e fixação requeridos
pelos painéis solares isolados.

Evidentemente, mesmo optando por estes sistemas integrados, no qual é possível manter o
controlo da qualidade do desenho estético do edifício, existem alguns condicionantes que devem ser
tidos em consideração de modo a obter o melhor resultado possível, tanto da aplicação do sistema
quanto da sua capacidade de geração de energia. Isto pelo facto da sua utilização maior ser em
edifícios desenvolvidos em altura, a impossibilidade de satisfazer a inclinação necessária das células

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fotovoltaicas para maior captação de energia solar (aproximadamente 30º), deve ser compensada com
a dispersão dos painéis numa área significativa de ocupação da fachada, se for o caso, ou optar por
alinhar o sistema em paralelo em elementos tais como palas e brise-soleil.

2.1. VIDRO SOLAR

Num continuo pensamento e desenvolvimento de técnicas que permitam alinhar a eficiência


energética dos edifícios às questões projectais de design a tecnologia permite ir ainda mais além do
que os painéis fotovoltaicos convencionais, os até mesmo no desenvolvimento ainda mais aprofundado
das soluções BIPV supra citadas.

E é nesse desenvolvimento aprofundado que encontramos uma das mais recentes soluções
para a integração dos sistemas fotovoltaico na arquitectura, criando uma ligação ténue entre os
materiais convencionais e estas novas vertentes.

O vidro solar é parte integrante das tecnologias BIPV e é desenhado para substituir o vidro
comum por um sistema que o torne (ao vidro) um elemento gerador de energia eficiente.

O ponto positivo deste novo “material” é que, ao contrário dos painéis fotovoltaicos de uso recorrente,
este faz parte da própria estrutura construída.

Atualmente existem dois tipos de vidro solar. O primeiro é produzido em módulos de filme fino
e apresenta uma coloração alaranjada pelo facto de ser produzido com recurso a silicone amorfo,
possibilitando um nível de transparência que ronda os 20%; o segundo, de aparência escura ou quase
negra, atingindo os 50% de transparência. Ambos podem ser utilizados em elementos construtivos tais
como, fachadas, claraboias ou em conjunto com janelas convencionais de modo a equilibrar a
incidência solar no interior dos edifícios.

Tal como nos já conhecidos painéis fotovoltaicos, o vidro solar tem como finalidade a captação
e transformação da energia solar em energia útil que possa ser utilizada por todos no dia-a-dia.
Contudo o virão solar não apresenta características visíveis significativas, podendo, a olho nu,
indiferenciar-se de um vidro comum. Isto deve-se, á utilização de células transparentes feitas de
materiais semicondutores. Neste caso, estas células são introduzidas entre duas lâminas de vidro,
permitindo a incidência solar através do material ao mesmo tempo que gera energia da mesma fonte.
Por sua vez a condução elétrica é executada através de fios inseridos no vidro. Os níveis de
transparência estão diretamente ligados com a quantidade e espaçamento entre as células, ou seja,
quanto maior a eficiência do vidro, menor a quantidade de luz atravessada.

3. APLICAÇÕES EM PROJETO

Tendo em conta as vastas potencialidades do vidro solar. Este demonstra-se uma tecnologia
aliada á qualidade do desenvolvimento de propostas arquitectónicas que, por conseguinte, potencializa
decisões voltadas para a qualidade e eficiência energética dos edifícios.

Deste modo estas soluções ajudam a melhor não só a qualidade de vida dos utilizadores a curto prazo,
como permitem reduzir o impacto ambiental da construção durante o seu tempo expectável de vida.

No desenvolvimento da proposta para a disciplina de Laboratório de Projecto, tendo em


consideração os factores positivos do terreno de implantação da proposta, que define-se pela excelente

exposição solar com a possibilidade de ter fachadas principais voltadas a sul, e a desobstrução da
envolvente por não estar rodeada por outras edificações de altura significativa, permite pensar em
soluções de integração deste elemento no desenho arquitectónico do objeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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