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CBI of Miami
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Descobrindo a Função do Comportamento
Lucelmo Lacerda
Uma frase pode definir bem o espírito deste tema: “Sem reforço não há
comportamento”, com exceção ao comportamento respondente. Se isto é verdade,
sempre que uma pessoa emite qualquer comportamento, há algum reforçador que
o mantém, por mais estranho que possa parecer.
Vejamos o caso de crianças com autismo que batem a cabeça na parede com
bastante força. Provavelmente sua tendência é dizer “Este comportamento é
diferente, ele é punitivo, ele não tem reforçador, mas é porque ele tem autismo”,
Ledo engano... Vamos voltar à frase “Sem reforço não há comportamento”, observe
que, ao fim da frase, não tem uma ressalva do tipo “a não ser que seja uma pessoa
com autismo” (a exceção colocada é sobre o comportamento respondente, ou
reflexo, que é uma lista bem específica de comportamentos muito mais simples,
como salivar ou dilatar a pupila). Então, se a criança bate a cabeça na parede, há
sim, algum reforçador. A dificuldade é descobrir qual é este reforçador e este é o
objetivo da Análise Funcional.
Muitas vezes, uma entrevista com os pais de uma criança pode ajudar e até
revelar uma boa hipótese sobre qual seja a função de um certo comportamento.
Acontece, no entanto, muitas vezes, de os pais terem todas as informações
necessárias para saberem a função do comportamento, mas não terem ainda
descoberto a função com exatidão. Isso acontece porque o senso comum é
mentalista e a estes pais foi ensinado que a forma como uma pessoa se comporta
“está no sangue”, “puxou o pai” ou “cada cabeça, uma sentença” ou, ainda, “isso é
coisa do autismo”. Daí que esta nova perspectiva teórica, a da Análise do
Comportamento, pode ajudar estes pais a simplesmente juntarem os pontos. Mas
nem sempre isso funciona.
As 7 dimensões da ABA
Se você faz qualquer processo de ensino para pessoas com TEA, já deve ter
percebido de que muito do que aqui já foi dito coincide com o que você faz e deve
estar se perguntando coisas como “Então já trabalho baseado em ABA?” ou ainda
“Se isso eu já faço, porque estou fazendo este curso?” (espero que não esta última
pergunta). Explico que, na verdade, simplifiquei bastante o que seja a ABA, porque
ainda estamos no começo do curso, ainda tem muito mais pela frente, mas isso não
quer dizer que você não esteja no caminho. Normalmente, só é necessário
incrementar o que já se faz para que isso seja “baseado em ABA”.
Neste caso, eu diria que esta pessoa está quase lá, basta um empurrãozinho
para que ela trabalhe “baseado em ABA” e isso está escrito neste módulo porque
têm tudo a ver com as dimensões apresentadas, pois este é o cerne desta ciência.
Vou elencar aqui resumidamente as 7 dimensões da ABA, que são justamente o
que esta pessoa precisaria fazer para melhorar sua prática, torná-la mais eficaz e
poder dizer que ela é “baseada em ABA”.
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1ª - DIMENSÃO APLICADA – é preciso que a intervenção tenha como objetivo
uma mudança de comportamento realmente significativa para o sujeito. Sem
nenhuma dúvida, o ensino de imitação é simplesmente fundamental. Esta
dimensão já está sendo atendida por esta pessoa. Não dá para fazer uma pesquisa
que se diga de ABA só por curiosidade científica (como é possível na Análise
Experimental do Comportamento) é necessário melhorar a vida humana.
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Se ele se baseia na literatura científica, vai descobrir que para ensinar
imitação motora fina (colocar a mão no nariz está nesta categoria), a criança
precisa, antes, ter aprendido uma série de coisas, como controle instrucional e
imitação motora grossa, então esta pessoa vai avaliar, antes do começo do ensino,
se estas outras habilidades estão presentes.
Se ele se basear na literatura, ele irá dar ajuda quando necessário. Se este
educador recorre à literatura científica, vai ver que embora frases como “A gente
aprende é pelo erro” sejam clássicos dos pais da velha guarda, as evidências
demonstram o contrário, o ideal é uma aprendizagem sem erros, o erro desmotiva.
Então, ao ensinar imitação, existe uma hierarquia de ajudas a serem dadas à
criança até ela atingir a autonomia, para que ela erre o mínimo possível.
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