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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

COMPORTAMENTAL
AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL 12 A 24 MESES:
DANTE MONTEIRO PEREIRA (nasc.028/04/2019)
RESPONSÁVEL LEGAL: ÉRIKA BRITO MONTEIRO
24/03/2021 À 15/05/2021

O objetivo da avaliação comportamental psicológica é mapear as


habilidades do paciente, bem como preferências e repertórios sociais
de acordo com sua idade cronológica. A avaliação não diagnostica,
tem como propósito identificar as características comportamentais
gerais do desenvolvimento infantil. Segundo literaturas, a intervenção
precoce auxilia não somente a criança, como toda a família, possibilita
melhor qualidade de vida, desenvolvimento de competências globais
e envolvimento da família no desenvolvimento da criança. 1

Essa avaliação foi realizada em alguns dias aos finais de semana, pela
disponibilidade que a família tinha de comparecer à clínica.

Dante é um menino de dois anos, brasileiro, diagnosticado em janeiro


desse mesmo ano como enquadrado no CID F-84. É filho de mãe
brasileira e pai inglês, atualmente reside com a mãe em São Paulo –
SP e tem contato de maneira remota com o pai. De acordo com DSM -
5, “Autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado
por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos
repetitivos e restritos”. 2

A avaliadora é psicóloga, pós-graduada em intervenção precoce ao


autismo e realizou as sessões em salas fechadas (Av. Brg. Faria Lima,
1461 - 6º andar - Pinheiros, São Paulo – SP), com brinquedos
disponíveis em mesas para avaliar objetivos diversos relacionados ao
desenvolvimento infantil de crianças de até 24 meses de idade, de

1
¹ Cossio, A., Pereira, A. P. S., & Rodriguez, R. (2018). Benefícios da intervenção precoce para a família
de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo. Revista de Educação Especial, 31(60), 9-20. DOI:
10.5902/1984686X28331
2
¹ Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014
acordo com marcos do desenvolvimento infantil do Consenso do
departamento científico de pediatria ambulatorial da sociedade
brasileira de pediatria3 e checklist naturalista de intervenção precoce.

Dante é um menino interessado e curioso diante de novidades e


objetos ao seu entorno. Não chorou em um primeiro contato com a
terapeuta, não recusou andar de mãos dadas, tem boa relação com
pares e aceitou ir para a sala sem a companhia da mãe desde o
primeiro dia da terapia de avaliação.

Dante escolheu alguns materiais de plasticina e um dinossauro azul


como preferências diante de outras opções. Brincou de forma
funcional e adequadamente durante os primeiros 10 minutos, aceitou
um contato breve com a terapeuta que brincou junto e fez trocas de
turnos durante esse período. Após esse tempo, Dante foi procurar
outros materiais para explorar em sala de terapia. Também
apresentou possível ecolalia tardia ao ver um brinquedo específico,
que se estendeu por alguns outros minutos até que a terapeuta
pedisse para produzir um comportamento de mando diferente do
tema da música que ele cantava (essa ecolalia apareceu na segunda e
terceira sessão).

Observações dos marcos de 12 – 24 meses de idade:

Tem comunicação receptiva parcialmente adquirida, responde com


olhar algumas vezes que é chamado pelo nome, pouco interesse em
sons lúdicos, porém, consegue iniciar e encerrar brincadeiras de
acordo com o contexto proposto em terapia. Apresentou alguma
dificuldade em execução de tarefas, pedidos e comandos verbais e

3
¹ Documento científico, Pediatria Ambulatorial - Sociedade Brasileira de Pediatria, Rio de Janeiro/ RJ
(https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/img/documentos/doc_pediatria_ambulatorial.pdf)
diante observação, não compreendeu conceitos espaciais conforme
solicitado.

Produz algumas palavras espontaneamente e produz outras de


acordo com modelo (no caso, foi pedido um comportamento para
tato “ajuda” e ele repetiu algumas vezes dentro do contexto correto),
usa alcance dirigido para conseguir objeto que está distante e tem um
repertório com pelo menos 20 palavras; e por vezes formou frases com
mais de duas palavras (quando pedido). Não apresenta ainda
comportamento verbal vocal para mando; para tato, ocorreram
algumas vezes sob demanda.

Dante tem boa interação social, aceita contato físico, tem interesse
nos pares diante de rotinas sociais sensoriais, dança, senta-se em uma
cadeira por mais 5 minutos, responde parcialmente a cumprimentos e
saudações. Também apresentou excelente resultado no tema
Imitação diante das atividades propostas, assim como teve boa
desenvoltura em atividades de cognição e partilha sorrisos durante
atividades reforçadoras e jogos sensoriais.

Para jogos de representação, teve dificuldade em distinção em


correlacionar itens por tema, porém brinca de maneira independente
e maior parte das vezes, parcialmente funcional.

Em motricidade fina, o paciente teve dificuldades na execução de


grande parte dos itens, e motricidade grossa teve resultados
satisfatórios, apenas alguma dificuldade para se equilibrar em
situações que envolviam alternância dos pés. Poucos momentos
observados de comportamentos inadequados, porém apresentou
inflexibilidade na troca de atividade uma vez que ele teve acesso a um
brinquedo considerado por ele, extremamente reforçador.

Dante parece ter pouca autonomia nos itens de independência e


higiene pessoal em casa e outros contextos extra clínica, diante dados
coletados com a mãe.
Gráfico 01 – 12 a 18 meses;

CR – Comunicação Receptiva

CE – Comunicação Expressiva

CS – Competências Sociais

IM – Imitação

CO – Cognição

JO – Jogo

MF- Motricidade Fina

MG – Motricidade Grossa

IP – Independência Pessoal

12 - 18 MESES:
esperado Dante

CR
100
IP 80 CE
60
40
MG 20 CS
0

MF IM

JO CO
Gráfico 02 – 18 a 24 meses;

CR – Comunicação Receptiva

CE – Comunicação Expressiva

CO-AC – Comportamentos de Atenção Conjunta

CS – Competências Sociais

IM – Imitação

CO – Cognição

JO – Jogo

MF- Motricidade Fina

MG – Motricidade Grossa

IP – Independência Pessoal

18 - 24 MESES:
esperado Dante

CR
100
IP 80 CE

60
40
MG CO - AC
20
0

MF CS

JO IM

CO
Conclusão:

Dante apresenta atrasos em relação à algumas esferas do


desenvolvimento de acordo com a avaliação feita no “currículo de
intervenção precoce para crianças pequenas com autismo”. De fato,
algumas áreas têm maior atraso que outras, porém vale lembrar que
tanto no desenvolvimento de crianças neurotípicas quanto atípicas,
essas demarcações não desenvolvem de maneira igual, tampouco
linear. É importante dar atenção aos pontos em que há uma diferença
maior nos gráficos, tal como Motricidade Fina, Independência pessoal
e Comunicação Expressiva; todavia, cada competência deve ser
avaliada como importante e imprescindível durante o processo de
intervenção psicoterapêutica.

Outra ressalva é, a intervenção precoce é importante nesse momento,


pois com o passar dos anos, as taxas globais do desenvolvimento
variam na mesma proporção em relação ao tempo e esses dados já
não serão mais os mesmos, nem de mesmo valor. Além da
intervenção comportamental psicológica para acompanhamento dos
objetivos em relação aos marcos do desenvolvimento, sugiro uma
reavaliação a partir de 14/11/2021. “O objetivo da intervenção precoce é
procurar reduzir ao máximo os efeitos dos fatores de risco ou da
deficiência existentes, no desenvolvimento da criança, assentando no
pressuposto de que quanto mais precocemente forem iniciadas as
intervenções, mais longe se pode atenuar as limitações funcionais de
origem”. 4 Estudos apontam que quanto mais recente a intervenção
comportamental é feita, melhores oportunidades de desenvolvimento
a criança têm. 5 Dante é uma criança pequena que possivelmente terá

4
¹ A intervenção precoce no autismo e trissomia 21 : orientações para boas práticas de intervenção
(http://hdl.handle.net/10316/14233)
5
¹ Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - American Psychiatric Association
(APA). Psychiatric Diagnosis and the Diagnostic Statistical Manual of Mental Disorders. (Fifth Edition -
DSM-V). Fact Sheet. 2013
resultados positivos e significativos diante da intervenção precoce
pela Análise do Comportamento Aplicada, e intervenção
comportamental é um benefício para crianças em desenvolvimento,
com atrasos ou não.

São Paulo, 15 de maio de 2021;

Luana Miranda Neves

Psicóloga – CRP 06/163128

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