Você está na página 1de 1

ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLOGICO DAS COMUNIDADES INDIGENAS E

QUILOMBOLAS NO CEARÁ NA PANDEMIA DA COVID-19


Aluno: Nicolas Gustavo Souza Costa
Desde 26 de fevereiro de 2020, com a primeira notificação do novo coronavírus no Brasil,
verifica-se uma acrescência de casos de infecção e óbito pela COVID-19 em comunidades
indígenas e quilombolas.
Devido ao contexto da pandemia, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) suspende ações
assistenciais, cortando entrega de cestas básica em Terras indígenas, de modo a promover
aumento da violência, da desnutrição e, por conseguinte, da vulnerabilidade a COVID-19.
Além disso, o primeiro informe técnico emitido pela SESAI (Secretaria Especial de Saúde
Indígena) sobre medidas de enfretamento, que recomendava o isolamento domiciliar para
indígenas que não necessitassem de hospitalização, potencializava a exposição dos indígenas
ao vírus, já que nas casas compartilhadas, há maior transmissibilidade. Somado a isso, apesar
da restrição de entrada em terras demarcadas, a FUNAI ignorou invasões de garimpeiros e
madeireiros, já que não garantia a medidas de proteção. A portaria que promovia essas
diretrizes encarregava as Coordenações Regionais para avaliação do contato com povos
isolados, contrariando a legislação sobre o assunto. Tratando-se do plano de contingência
elaborado pela SESAI, embora traga medida estabelecidas pela ANVISA, desconsiderava as
especificidades e necessidades de cada população indígena, desobedecendo inclusive o direto
à consulta aos povos. Outras ações problemáticas: SESAI ignorou a importância da testagem,
auxílio emergencial sem políticas para evitar contágio, negação de atendimentos pela SESIA a
indígenas que morem nas cidades, aumento do desmatamento, não execução do orçamento da
FUNAI para o enfretamento da COVID, entre outros fatores desencadeadores.
Esse contexto contribui para concretizar um total de 50488 casos e 729 óbitos em terras
indígenas, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). No Ceará, conforme
dados do IntegraSUS, o número de casos confirmados chega a 2599 com 24 mortes. No dia
19 de abril de 2021, obtém-se um cobertura vacinal de 90% dos povos indígenas do Ceará
(18,8 mil pessoas), sendo que 86,44% desta parcela populacional já receberam o reforço do
imunizante (17,6 mil pessoas). Houve, portanto, diminuição dos casos, porém se mantém a
necessidade de permanecer seguindo os protocolos de segurança, como higienização das
mãos, máscara e distanciamento social.
Quanto as comunidades quilombolas no Ceará, os principais problemas associados à
pandemia do novo coronavírus são desrespeito do seu isolamento social (como é o caso da
comunidade do Batoque em Pacujá (CE) que enfrenta diversos entraves com a rodovia CE
321 que adentra o território), vulnerabilidade social, insegurança alimentar e dificuldades na
chegada de alimentos e produtos de higiene, entre outros aspectos. No Ceará existem em
torno de 70 comunidades quilombolas, sendo 42 delas já certificadas pela Fundação Cultural
Palmares, nos municípios de Tururu, Porteiras, Horizonte, Crateús, Aquiraz, Pacajus, Coreaú /
Moraújo, Quiterianópolis, Tamboril, Tauá, Croata, Araripe, Novo Oriente, Quixadá, Baturité,
Ipueiras, Salitre, Tamboril e Aracati. Segundo a Coordenação Nacional de Articulação das
Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), no Brasil ocorreram 279 óbitos de
quilombolas por COVID-19, com 5431 casos conformados. No estado do Ceará, pelo menos
13 mortes foram registradas. Em relação à imunização contra a COVID-19, 99% da
população quilombola no Ceará já foi vacinada, representando um total de 14.685 pessoas.

Você também pode gostar