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Para não dizer que não falei do amor...

Izaias Resplandes de Sousa

O amor seja não fingido. Romanos 12:9.


A palavra amor é uma das mais usadas em textos, áudios e
outras espécies de manifestações.
Vindo do latim amore, é uma emoção ou sentimento que leva
uma pessoa a desejar o bem a outra pessoa ou a uma coisa.
O amor é um sentimento que me leva a querer e a desejar fazer o
bem para outrem.
Quando eu digo “eu te amo”, estou dizendo que sinto um desejo
de fazer o bem para você. E quando eu digo “eu não te amo mais”, estou
dizendo que eu não quero mais te fazer o bem.
É muito importante que a gente compreenda isso, porque
normalmente, nós vemos relacionamentos acabarem, não só, mas
principalmente os conjugais, porque um dos cônjuges conclui que “o amor
acabou” ou “tudo o que eu sentia por você, acabou”.
Meus queridos…
O amor não desaparece. O que acaba e desaparece é a nossa
vontade de amar o outro, de fazer para ele o que é bom, de ajudá-lo e coisas
assim.
Em todas as variações do amor, seja o eros, seja o phileo, seja o
agape, o significado é sempre o mesmo: querer o bem, querer o melhor,
querer o mais bem-feito, querer o sucesso, querer o crescimento, querer tudo
o que for bom… para outrem.
O amor é, portanto, uma disposição interior, uma decisão, uma
vontade, um querer fazer essencialmente positivo para outrem. Assim, eu
posso amar a qualquer pessoa que eu querer, que eu desejar. Ou posso não
amar ninguém, por não querer isso. Sim, porque o amor não depende do
outro, mas apenas de mim. Não tem nada a ver com eu ser amado por
aquela pessoa a quem amo. O amor é a ida, que às vezes tem volta e às
vezes, não tem. Paulo diz em 1 Coríntios 13:5 que o amor “não busca os
seus interesses”. Aquele que se dispõe a amar, ama simplesmente,
incondicionalmente. O amor não é uma troca, não é uma via de mão dupla.
Não depende de reciprocidade.
A gente pode amar uma pessoa que nos odeia, que quer o nosso
mal, que é nosso desafeto, que trama contra nós o tempo todo. Então,
voltando ao relacionamento conjugal, que está se desfazendo por falta de
amor, é muito importante que a gente compreenda que se há falta de amor,
essa falta é sempre minha e não do outro. Sou eu que não quero amar mais
o outro, sou eu que não quero mais ver o seu dele, sou eu que não quero o
seu bem. Então, se o casamento começou quando o meu desejo de amar
alguém se tornou realidade, ele só vai acabar quando eu decidir que não
quero mais amar aquela pessoa. A culpado do desfazimento não tem nada a
ver com o fim do amor, mas com o fim de uma vontade de amar.
É claro que estamos falando do amor não fingido.
Vejamos algumas das características desse amor verdadeiro,
que, necessariamente, não precisa ser entre um homem e uma mulher.
O amor é fraternal. Romanos 12:10.
A dedicação daquele que ama é semelhante àquela que se
dedica ao irmão, aos pais e familiares. A gente não deixa de ser irmão de
alguém somente porque se desentendeu com ele. A gente fica chateado,
mas, na maioria das vezes, quando o calor do conflito passa, a gente está
pronto para retomar de onde parou e esquecer o conflito. Aquele que ama,
age dessa maneira. Amar, não significa ter concordar em tudo com o outro. A
gente pode amar e discordar do outro em muitos casos, mas nem por isso
deixamos de amar, ou o amar acaba.
Quando a gente ama alguém, a gente honra essa pessoa, dando
para ela a preferência. Romandos 12:10.
Exemplifico.
Quando tivermos que resolver um conflito jurídico, vamos dar a
preferência ao nosso irmão advogado, ao invés de outro advogado; quando
tivermos que consertar o nosso eletrodoméstico, vamos dar a preferência
para o irmão eletrotécnico, em vez de outro técnico; quando precisarmos
construir, vamos dar a preferência para os irmãos construtores (engenheiros,
arquitetos, pedreiros, serventes, carpinteiros, eletricistas e outros
profissionais); quando tivermos que comprar os mantimentos para a nossa
casa, vamos dar a preferência para a mercearia ou o mercado do irmão; nos
remédios, a farmácia do irmão. Por que nós damos preferência a outras
pessoas e não àqueles irmãos que nós dizemos amar? A verdade é que
achamos que não faz diferença, ou então, porque o irmão é mais careiro, ou
fica mais longe de nossa casa, etc, etc e etc.
Sabe, queridos, nós podemos dar a desculpa que quisermos: eu
comprei uma junta de bois, eu casei, tenho que ir em um funeral…
Desculpas para praticarmos o amor fingido, nunca vão faltar. Mas, se
quisermos praticar o amor verdadeiro, não fingido, então está na hora de
começarmos a dar a nossa preferência aos irmãos.
Quem ama, cuida. Romanos 12:11.
Cuida da mulher, cuida do marido, cuida do irmão, cuida, cuida,
cuida… Se somos lentos em cuidar das pessoas a quem dizemos amar,
provavelmente estamos indo para as fileiras dos fingidos e precisamos rever
nossa posição, ver onde foi que nos desviamos e retomar outra vez o
caminho.
O amor tudo crê e tudo suporta! Coríntios 13:7
Claro que estamos falando do amor verdadeiro e não de um amor
fingido.
Vamos exemplificar. Se meu filho comete um erro grave, o que eu
faço? Ajudo ele a reparar o erro, ou coloco ele para fora de casa e não quero
mais saber dele? Normalmente, a gente sempre está pronto para ajudar a
reparar o erro, ainda que haja algumas pessoas que pensam diferente e não
vamos confrontá-las agora. Se minha mãe, pai, cônjuge ou filho fica doente
não é certo que vou mover céus e terras, vou me humilhar (se preciso for) e
pedir ajuda para cuidar deles enquanto viverem, ao invés de deixá-los morrer
à míngua. E a gente faz isso, irmãos, não é porque eles merecem (às vezes
merecem, às vezes não, isso não vem ao caso). A gente faz porque amamos
eles. Quem ama cuida, meus que nunca foi e nem venha a ser cuidado pelo
ser amado. A gente ama porque quer amar. Só por isso.
Quem ama, suporta. A gente sabe que não é fácil engolir certos
sapos, mas quando a gente decide amar alguém, seja um filho, seja um
cônjuge, seja um pai ou uma mãe, a gente está pronto para engolir a
azeitona com caroço e tudo e suportar, sem condições, crendo que é
possível uma transformação, uma mudança, uma melhora no quadro. Quem
ama, crê.
E para encerrar, não podemos deixar de fora o amor de Deus por
nós. Ele não me amou porque eu o amei.
Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter
Cristo morrido por nós quando nós ainda éramos pecadores. Romanos 5:8.
Deus não levou em conta se o amávamos ou não. Ele
simplesmente nos amou. E continuará amando até o fim, porque Deus crê
que o homem que ele criou pode se transformar de novo em um homem
“muito bom’, como era no princípio. Deus é capaz de suportar nossa
grosseria, nosso desamor, nossa falta de interesse por ele, nossa
agressividade e qualquer outra coisa. Quem ama, suporta. Deus nos ama e
nos suporta.
O amor de Deus não é fingido e ele gostaria muito que o nosso
amor também não fosse fingido. O amor de Deus é verdadeiro e ele gostaria
que o nosso amor também fosse verdadeiro.
Não é possível amar a Deus e odiar seu irmão, salvo através do
amor fingido. Se tenho qualquer coisa contra o meu irmão, preciso resolver
isso e não simplesmente me afastar dele. O amor verdadeiro não é
fundamentado na hipocrisia. Eu sei que é difícil não ficar irritado com certas
coisas que as pessoas a quem amamos fazem, mas não podemos deixar de
amá-las por conta disso. Devemos ter fé, suportar e crer que as coisas vão
se resolver.
Para encerrar…
Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por
obra e em verdade. 1 João 3:18.
Deus nos abençoe!

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