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Jean Farhat de Araújo da Silva

João Furtado Barreto Gomyde,


Matheus Guimarães Lima
Graduandos em Geografia- FCT/UNESP Campus de Presidente Prudente - SP

Jeanshark87@hotmail.com
gomydex@hotmail.com
mgl.geopp@gmail.com

RESÍDUOS SÓLIDOS E ANÁLISE DA ÁGUA DE POÇOS


DO ASSENTAMENTO GUARANY/ SANDOVALINA (SP).

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................3

1.2 ÁREA DE ESTUDO......................................................................................5

2. OBJETIVOS...................................................................................................5
2.1 Objetivo
Geral................................................................................................................5
2.2 Objetivos
específicos.......................................................................................................5

3. METODOLOGIA..........................................................................................6

4. RESULTADOS ..............................................................................................6

5. BIBLIOGRAFIA...........................................................................................10

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1. INTRODUÇÃO

Dentre os tantos sintomas que são sentidos como resultados do desenvolvimento


cada vez mais acelerado do sistema capitalista de produção que é potencializado pelo
modelo de globalização atual, destaca-se a questão da exacerbada geração de resíduos,
principalmente no meio urbano, por conta do consumo crescente de mercadorias e
serviços pela população em geral, ainda como destaca Leal, et al (2004)

O provimento desses produtos e serviços envolve processos diversos que


estão associados à exploração de recursos naturais (muitas vezes em
interações insustentáveis); adicionalmente, em muitas das atividades
humanas surgem sobras, às quais chamamos resíduos (e não lixo).
(Leal et all, 2003, p.227)

Além do fator resíduos sólidos, é pertinente relembrar que os recursos hídricos


são de fundamental importância para a sobrevivência humana, tendo em vista que todas
as suas formas de uso são determinantes para a humanidade. Assim, busca-se analisar a
qualidade da água utilizada pelos assentados do Assentamento Guarani, com intuito de
verificar se tal recurso encontra-se em devidas condições de acordo com as necessidades
dos assentados.

O consumo de água de poços artesianos, como é feito no assentamento, exige


cuidados. A análise química da água permite responder a questões como, quais e em que
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níveis as propriedades químicas da água podem ser adversas aos ecossistemas e à saúde
humana (EMBRAPA, 2011).

Desse modo, esse projeto tem por finalidade expor os resultados obtidos da
pesquisa por meio de uma aula expositiva a alunos, filhos de assentados do
Assentamento Guarani.

1.2 ÁREA DE ESTUDO

O município de Sandovalina (Figura 1) localiza-se na região Sudoeste paulista, a


22°27’22” de latitude sul, e 51°45’47” de longitude oeste. O município possui
população estimada de 3.699 habitantes, extensão territorial de 455 km2, taxa de
urbanização de 69,78%, e densidade demográfica aproximada de 8,13 (hab/km2).
(Censo IBGE 2010)

Figura 1 – Localização do município de Sandovalina. Fonte de dados IBGE, 2010.

O Assentamento Guarani possui 66 lotes demarcados com aproximadamente 16


hectares cada, totalizando uma área aproximada de 1 milhão de m2 e uma população

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estimada de 264 habitantes levando em consideração a presença de 4 membros por
família, por lote.

Os resíduos sólidos produzidos na cidade de Sandovalina são transportados por


dois quilômetros (a partir do centro da cidade) e depositados no Assentamento Guarani,
mais precisamente entre os lotes 34 e 37. O lixão dista cerca de 300 metros das casas
mais próximas e 500 metros do curso d’água que forma o balneário de Sandovalina,
sendo separado deste por uma área verde. Com as visitas a campo e os questionários,
será possível observar quais resíduos são depositados e saber a influência que o lixão
exerce nas casas próximas, seja pelo mau-cheiro causado, seja pela transmissão de
doenças e também a contaminação da água dos poços.

“Entre os impactos ambientais negativos que podem ser originados a partir


do lixo urbano produzido estão os efeitos decorrentes da prática de
disposição inadequada de resíduos sólidos em fundos de vale, às margens de
ruas ou cursos d’água. Essas práticas habituais podem provocar, entre outras
coisas, contaminação de corpos d’água, assoreamento, enchentes,
proliferação de vetores transmissores de doenças, tais como cães, gatos, ratos,
baratas, moscas, vermes, entre outros. Some-se a isso a poluição visual, mau
cheiro e contaminação do ambiente.” (MUCELIN e BELLINI, página 113,
2008)

Figura 2 – Demarcação do Assentamento Guarani; lixão e os lotes em que estão localizados os poços
artesianos do Assentamento Guarani. Fonte: Google Earth.

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A expansão do agrohidronegócio na região do pontal do Paranapanema com o
cultivo principalmente da cana de açucar, traz consigo o uso abusivo de insumos
agrícolas que por sua vez, acabam contaminando recursos naturais como a água, por
exemplo, que é infiltrada no solo e posteriormente nos aquíferos. Assim, há um risco
não somente voltado ao meio ambiente, mas também a população em geral, que acaba
consumindo alimentos agrícolas banhados a agrotóxicos que hora encontram-se
concentrados nos alimentos, assim como na água contaminada coletada dos poços
artesianos.
Dentre os alimentos contaminados pelos agrotóxicos de maneira geral destacam-
se a cana de açúcar, o milho, a mandioca, a soja, o algodão e o morango. E dependendo
do insumo utilizado no cultivo, as conseqüências podem variar desde sintomas que
demonstram doenças de intoxicação aguda, como sintomas que indicam doenças por
intoxicação crônica.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

• Expor os resultados da pesquisa aos alunos de instituições públicas de ensino do


Assentamento Guarani, por meio de uma aula expositiva.

2.2 Objetivos Específicos:

• Analisar a influência da presença de um lixão no Assentamento Guarani e seus


desdobramentos para a saúde da população.
• Realizar a análise química da qualidade da água consumida pelos habitantes do
assentamento.
3. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do trabalho foi necessário realizar uma revisão


bibliográfica sobre os temas de gestão de resíduos sólidos, qualidade dos recursos
hídricos, impactos ambientais e educação ambiental.

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Foi realizada uma maquete composta por duas garrafas pet, contendo em uma
delas areia e água, e na outra areia e coca cola. Com o intuito de enfatizar aos alunos o
processo de infiltração de por um lado, a água no solo, e do outro o chorume
evidenciando a diferença de odor e cor desses líquidos para o conhecimento e
compreensão dos alunos. Foi realizado um trabalho de campo com o intuito de
evidenciar os aspectos presentes na realidade dos assentados em relação aos impactos
socioambientais gerados pelo manejo inadequado dos resíduos sólidos bem como sua
deposição, e verificar a qualidade da água utilizada dos mesmos, através de
procedimentos específicos sobre a análise química. Foi realizada uma entrevista a uma
assentada que vive próximo ao lixão para saber quais impactos são gerados pela
presença do mesmo em tal localidade.

Para a análise química da água ,foram coletados frascos de amostras de água nos
lotes 11 e 66; duas amostras da caixa d’água residencial (Torneira) e uma amostra
diretamente do poço artesiano. As amostras de água foram levadas à Central de
Monitoramente e Análise de água da Unoeste – Universidade do oeste paulista
(laboratório) para que fossem submetidas a uma análise físico-química e outra
bacteriológica.
4. RESULTADOS
A partir do estudo realizado foi possível observar que a presença do lixão no
assentamento prejudica a população com a emissão de odor causando desconforto para
os assentados mais próximos; também gera a acumulação de sacolas plásticas que
acabam sendo engolidas por animais dos assentados (vacas), prejudicando assim a
saúde dos mesmos, levando a um prejuízo financeiro ao proprietário. A figura 3
demonstra a situação do aterro em valas presente no assentamento, enquanto a figura 4
demonstra a maquete do modelo de infiltração apresentada aos alunos.

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Figura 3 - Aterro em valas do município de Sandovalina. Fonte: Trabalho de campo (16/11/2013)

Figura 4 – Maquete sobre o processo de infiltração da água e do chorume no solo. Fonte: Jean Farhat e
João Gomyde.

Sobre a análise química da água presente nos poços artesianos foi possível
constatar a presença de clorofórmios totais nas amostras coletas, e um Ph ácido, que
Segundo a PORTARIA 2.914/2011 são índices que não se enquadram no padrão
adequado de qualidade da água para o consumo humano. No entanto, não foi encontrada
nenhuma bactéria ou nada que pudesse ser nocivo à saúde da população. De maneira
geral a água encontra-se em estado adequado para o consumo humano segundo a Profa.
Dr.a Renata Ribeiro.

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RESULTADOS FÍSICO - QUÍMICOS (LOTE 11)

PARÂMETRO RESULTADO Valor Máximo Permitido

(PORTARIA 2.914/2011)

Alcalinidade Total 3,00 250,00

Cor 2,80 15,00

Cloretos 5,00 250,00

Dureza Total 8,00 500,00

Ferro 0,09 0,30

Nitrato 0,80 10,00

Nitrito 0,02 1,00

pH 5,11 6 a 9,5

Sólidos totais 100,0 1000,00


Dissolvidos 0

Turbidez 1,00 5,00

Quadro 1: Resultados Físico-químicos da água coletada no lote 66. Fonte: André Turin Santana.

RESULTADOS BACTERIOLÓGICOS (LOTE 11)

PARÂMETRO RESULTADO Valor Máximo Permitido


(PORTARIA 2.914/2011)

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Coliformes totais Presente Ausência

Escherichia coli Ausente Ausência

Quadro 2: Resultados Bacteriológicos da água coletada no lote 66. Fonte: André Turin Santana.

RESULTADOS FÍSICO - QUÍMICOS (LOTE 66)

PARÂMETRO RESULTADO Valor Máximo Permitido

(PORTARIA 2.914/2011)

Alcalinidade Total 3,00 250,00

Cor 1,60 15,00

Cloretos 4,00 250,00

Dureza Total 10,00 500,00

Ferro 0,12 0,30

Nitrato 1,90 10,00

Nitrito 0,02 1,00

pH 5,19 6 a 9,5

Sólidos totais Dissolvidos 115,00 1000,00

Turbidez 1,00 5,00

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Quadro 3: Resultados Físico-químicos da água coletada no lote 66. Fonte: André Turin Santana.

RESULTADOS BACTERIOLÓGICOS (LOTE 66)

PARÂMETRO RESULTADO Valor Máximo Permitido

(PORTARIA 2.914/2011)

Coliformes totais Presente Ausência

Escherichia coli Ausente Ausência

Quadro 4: Resultados Bacteriológicos da água coletada no lote 66. Fonte: André Turin Santana.

Após a realização das análises foi possível pensar algumas causas para os resultados
obtidos. No poço pode ser que tenha ocorrido falta de infra-estrutura em sua construção
ou infiltração de água superficial que fosse responsável pela presença de coliformes na
água; na caixa d’ água falta de higiene e tratamento da água; Já o pH é característico da
água da região, por conta da acidez do solo.

Algumas possíveis soluções para estes problemas foram sugeridas da seguinte


maneira: para a desinfecção pode ser usado o cloro. E a quantidade deve ser calculada
para que ao final tenha uma quantidade segura de cloro residual na água. Em relação ao
pH, o resultado não traz riscos a saúde humana, o maior problema é a corrosão das
tubulações que é provocada por pH baixo. Neste caso, sugere-se aplicar cal hidratada
ou carbonato de sódio para correção da alcalinidade.

6. BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Ministério da Saúde, PORTARIA Nº 2.914, 2011.

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução nº 357, de 2005. Coleção de leis da


República Federativa do Brasil, Brasília, DF, p. 58-63, 17 de Março, 2005.

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CARNEIRO, F F; et al. Dossiê ABRASCO –Um alerta sobre os impactos dos
agrotóxicos na saúde. ABRASCO, Rio de Janeiro, abril de 2012. 1ª Parte. 98p.

THOMAZ JR, Antonio. O Agrohidronegócio no centro das disputas territoriais e de


classe no brasil do século XXI. Tese (Livre Docência em Geografia) – Faculdade de
Ciência e Tecnologia/UNESP, Presidente Prudente, 2009.

LEAL, A. C, et all. Resíduos Sólidos no Pontal do Paranapanema. Presidente


Prudente: Centelha, 2004.

MUCELIN, C. A.; BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no


ecossistema urbano. Sociedade e Natureza, v. 20, 111-124. Uberlândia, jun. 2008

UNOESTE. Divisão de Saneamento Básico. Boletim informativo de análise de água


Nº 1834/13 e Nº 1835/13

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