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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA

CARLOS LEONARDO FIGUEIREDO CUNHA

ASSISTÊNCIA SUPLEMENTAR AOS SERVIDORES PÚBLICOS E MILITARES NO


BRASIL: dos esquemas corporativos tradicionais ao mercado subsidiado

RIO DE JANEIRO
2016
Carlos Leonardo Figueiredo Cunha

ASSISTÊNCIA SUPLEMENTAR AOS SERVIDORES PÚBLICOS E MILITARES NO


BRASIL: dos esquemas corporativos tradicionais ao mercado subsidiado

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como requisito
parcial à obtenção do título de Doutor em Saúde
Coletiva.

Orientadora: Ligia Bahia


Coorientador: Ronir Raggio Luiz

Rio de Janeiro
2016
C972 Cunha, Carlos Leonardo Figueiredo.
Assistência suplementar aos servidores públicos e militares no
Brasil: dos esquemas corporativos tradicionais ao mercado subsidiado /
Carlos Leonardo Figueiredo Cunha. – Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva, 2016.
176 f.; 30 cm.

Orientador: Ligia Bahia

Tese (Doutorado) – UFRJ / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva,


2016.

Referências: f. 118-129.

1. Seguridade social. 2. Setor público. 3. Planos de pré-pagamento


em saúde. I. Ligia Bahia. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. III. Título.

CDD 362
Carlos Leonardo Figueiredo Cunha

ASSISTÊNCIA SUPLEMENTAR AOS SERVIDORES PÚBLICOS E MILITARES NO


BRASIL: dos esquemas corporativos tradicionais ao mercado subsidiado

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como requisito
parcial à obtenção do título de Doutor em Saúde
Coletiva.

Aprovada em

__________________________________________________
Ligia Bahia, Doutora em Saúde Pública, Universidade Federal do Rio de Janeiro

__________________________________________________
Mário César Scheffer, Doutor em Medicina, Universidade de São Paulo

__________________________________________________
Áquilas Nogueira Mendes, Doutor em Ciências Econômicas, Universidade de São Paulo

__________________________________________________
José Gomes Temporão, Doutor em Saúde Coletiva, Fundação Oswaldo Cruz

__________________________________________________
Luís Eugênio Portela Fernandes de Souza, Doutor em Saúde Pública, Universidade Federal da
Bahia

__________________________________________________
Leandro Reis Tavares, Doutor em Cardiologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro
AGRADECIMENTOS

Neste momento específico, de finalização de mais uma etapa, agradeço


sinceramente àqueles que, próximos ou distantes, compartilham desse especial período de
maturação intelectual e pessoal.
Agradeço, então,
Ao Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (IESC/UFRJ) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), que possibilitou os estudos de Doutorado e a realização desta pesquisa.
À minha orientadora, Professora Ligia Bahia, pela acolhida e por ter dado o pontapé
inicial para esta tese, sugerindo seu objeto. E, ainda, pela sua orientação e sua solidez teórica
referente à temática.
Ao Professor Ronir Raggio, pela coorientação, com reflexões interessantes e a
atenção de sempre, o que ajudou a enriquecer este trabalho.
Minha gratidão ao Professor Mário Scheffer, pelo acompanhamento, desde a banca
de qualificação, fazendo constantes apontamentos importantes e recomendações valiosas, todos
de estrutural importância para o trabalho final.
Aos Professores Luís Eugênio Portela, Áquilas Mendes, José Gomes Temporão e
Leandro Tavares, por terem se disponibilizado e aceitado o convite para compor a Banca de
Defesa Pública da Tese e por partilharem desta etapa final comigo.
À Professora Fátima Siliansky, pela atenção na leitura do texto, críticas e
apontamentos no exame de qualificação.
Aos colegas de trabalho do Grupo de Pesquisa do Empresariamento da Saúde
(GPDES/ UFRJ).
Aos Professores Kátia Bloch e Volney Câmara, pela acolhida no Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva/Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ).
À Fátima Gonçalves e Nadja de Oliveira, pela atenção e competência no
atendimento junto à secretaria do programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do
IESC/UFRJ.
Ao bibliotecário Roberto Unger, pela competência e disposição em elucidar dúvidas
referentes às buscas de referências bibliográficas.
Aos alunos da Graduação em Saúde Coletiva do IESC/UFRJ, pela receptividade e
aprendizado nas atividades de prática docente.
Aos companheiros do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes) e da
Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), por tornarem vivos esses espaços em defesa
do sistema público e da Pós-Graduação. Espaços que sustentam os nossos entusiasmos, mesmo
em contextos adversos.
À querida conterrânea Rosy Cunha, sempre disposta a ajudar.
À minha mãe, irmã e familiares pelo amor, ensinamentos, exemplo e apoio em todos
os momentos.
À Olny Freitas, pela assistência psicológica e por me permitir o autoconhecimento,
meu reposicionamento e reedição.
À Rita Lopes e Roseline Costa, pelo olhar atento, pela leitura cuidadosa e valiosas
correções.
Ao Manoel Valente Neto e Hilton Pires, pelas contribuições e orientações no âmbito
do Direito Administrativo.
Aos amigos que, mesmo distantes fisicamente, estiveram sempre próximos e
presentes: Leyna, Sergiane, Bruno, Leonardo e Lúcia.
Aos amigos descobertos no Rio e que tornaram estes anos felizes: Hely, Marcos,
Victor, Luiz, Jéssica, David e Amanda.
RESUMO

CUNHA, Carlos Leonardo Figueiredo. Assistência suplementar aos servidores públicos e


militares no Brasil: dos esquemas corporativos tradicionais ao mercado subsidiado. Rio de
Janeiro, 2016. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, 2016.

Os servidores públicos e suas instituições conformam um dos importantes núcleos de


organização de demandas e ofertas de esquemas assistenciais de saúde no Brasil. Mesmo
após a Constituição de 1988, que instituiu o sistema público de saúde, vêm sendo
estabelecidos de modo crescente marcos institucionais e regulatórios e normas políticas,
que criaram modelos cumulativos públicos de atenção à saúde e esquemas suplementares
destinados a esse público. Este trabalho problematiza a assistência suplementar de
servidores públicos civis e militares no sistema de saúde no Brasil e no mercado de planos
privados do segmento de saúde. A hipótese que orientou a tese é a de que a assistência
suplementar à saúde de servidores públicos civis e militares no país constitui-se num importante
vetor para privatização e organização de demandas e ofertas de planos privados de saúde
segundo um gradiente de maior ou menor proximidade às formas tradicionais de seguro
comercial. Conclui-se que a diversidade de esquemas assistenciais, arranjos institucionais,
modalidades de oferta e prestação de assistência suplementar para o funcionalismo
representam, por um lado, a fragilidade e a incoerência da burocracia pública, que consente
com a privatização da saúde e, por outro, a resistência à adesão aos formatos menos mutualistas,
baseados em cálculos de risco individualizados.

Descritores: Seguridade social. Setor público. Planos privados de saúde.


ABSTRACT

CUNHA, Carlos Leonardo Figueiredo. Assistência suplementar aos servidores públicos e


militares no Brasil: dos esquemas corporativos tradicionais ao mercado subsidiado. Rio de
Janeiro, 2016. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, 2016.

Civil service and its employees make up one of Brazil’s important segments of demand and
supply for health care programs. Even after the Constitution of 1988, which set up the public
health system, there has been an increased establishment of political norms, as well as
regulatory and institutional frameworks, all of which have created cumulative health care
models and supplementary health care schemes aimed at that particular group. This paper
discusses the supplementary assistance for public service employees, both civilian and military,
in Brazil’s health system and in the private health insurance plans segment. The hypothesis that
guided the thesis is that the supplementary health care for civilian and military public servants
in the country constitutes a major vector for privatization and organization of demands and for
private health plans offerings according to a gradient of greater or lesser proximity to traditional
forms of commercial insurance. The conclusion is that the diversity of health assistance
schemes, institutional arrangements, types of offerings and provision of supplementary
assistance to public service employees represent, on the one hand, the fragility and incoherence
of the public bureaucracy, which consents to the privatization of healthcare, and, on the other
hand, the resistance to the adhesion to less mutualist formats, based on individual risk
calculations.

Keywords: Social security. Public sector .Private healthplans.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Demonstrativo dos instrumentos e fontes de pesquisa ............................ 24


Gráfico 1 - Participação do emprego no setor público no total de empregos no Brasil
(1990- 2005)............................................................................................. 28
Gráfico 2 - Participação dos trabalhadores do setor público em diferentes níveis de
governo em alguns países federativos, em 2003 ......................................29
Gráfico 3 - Remunerações dos servidores do governo em geral como percentual do
PIB, em 2006 ........................................................................................... 29
Quadro 2 - Modalidades de planos de saúde no Brasil ..............................................44
Gráfico 4 - Média de clientes de planos de assistência médica por modalidade da
operadora (Brasil - 2011-2015)................................................................ 45
Gráfico 5 - Clientes de planos de assistência médica na modalidade Autogestão (Brasil
- junho/2011- dezembro/2015) ................................................................ 45
Quadro 3 - Bases legais para a regulamentação da assistência à saúde ao servidor
público civil federal ativo, inativo, seus dependentes e pensionistas ......57
Quadro 4 - Esquemas assistenciais oficiais e contratados para servidores públicos
civis e militares por meio de instituições governamentais e entidades
representativas, segundo unidades federativas ........................................69
Quadro 5 - Organizações Militares de Saúde (OMS) ................................................80
Figura 1 - Localização das Organizações Militares de Saúde de nível secundário e
terciário ....................................................................................................81
Figura 2 - Organograma da Diretoria de Saúde da Aeronáutica ............................. 90
Quadro 6 - Síntese dos esquemas assistenciais para agentes públicos federais civis e
militares no Brasil ....................................................................................97
Gráfico 6 - Beneficiários da Geap - Autogestão em Saúde (Brasil - 2011-2016) ......98
Quadro 7 - Principais diferenças entre os planos de saúde ......................................100
LISTA DE SIGLAS

ABRAMGE Associação Brasileira de Medicina de Grupo


ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade
AFPESP Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo
AGU Advocacia Geral da União
AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
AMH Assistência Médico-Hospitalar
AMN Abrigo do Marinheiro
AMS Assistência Multidisciplinar de Saúde
ANAPS Associação Nacional de Servidores da Previdência e Seguridade Social
ANFIP Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil
ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ASSECOR Sindicato Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e
Orçamento
ASSEFAZ Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fazenda
BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
CAHD Centro Ambulatorial Holandeses
CAPESEP Caixa de Previdência e Assistência dos Servidores da Fundação Nacional de
Saúde
CAPs Caixas de Aposentadorias e Pensões
CASPES Caixa de Servidores Públicos do estado do Espírito Santo
CASSEMS Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul
CASSI Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil
CD Censos Demográficos
CEBES Centro Brasileiro de Estudos em Saúde
CEMAL Centro de Medicina Aeroespacial
CEME Central de Medicamentos
CESA Centro de Especialização da Saúde
CFM Conselho Federal de Medicina
CGABEG Casa Gerontológica Brigadeiro Eduardo Gomes
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CMAL Centro de Medicina Aeroespacial
CN Colégio Naval
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social
CNJ Conselho Nacional de Justiça
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
CNTSS Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social
COASAS Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor
CODAP Comissão Diretora da Assistência Patronal
COMAER Comando da Aeronáutica
COMGEP Comando- Geral do Pessoal
CONAD Conselho de Administração
CONFIS Conselho Fiscal
CRI Centro de Recuperação de Itatiaia
CUT Central Única dos Trabalhadores
DASP Departamento do Administrativo do Serviço Público
DATAPREV Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
DEMED Departamento Médico da Câmara dos Deputados
DIAFI Administração e Finanças
DICON Controle de Qualidade
DIREX Diretor Executivo
DIRINT Diretoria de Intendência
DIRSA Diretoria de Saúde
DISER Controle de Serviços
DM Diabetes Mellitus
DOU Diário Oficial da União
DSM Diretoria de Saúde da Marinha
DST Doenças Sexualmente Transmissíveis
EAM Escolas de Aprendizes-Marinheiros
EB Exército Brasileiro
EFOMM Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante
EN Escola Naval
FAP Fundo de Assistência Patronal
FBH Federação Brasileira de Hospitais
FC Fator de Custo
FGV Fundação Getúlio Vargas
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
FIOPREV Instituto Oswaldo Cruz de Seguridade Social
FIOSAÚDE Plano de Assistência Médica dos Servidores da FIOCRUZ
FPAS Previdência e Assistência Social
FS Formações de Saúde
FUNABEM Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
FUNBEN Fundo de Benefícios dos Servidores do Estado do Maranhão
FUNRURAL Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural
FUNSA Fundo de Saúde da Aeronáutica
FUSEx Fundo de Saúde do Exército
FUSMA Fundo de Saúde da Marinha
GAP-RJ Grupamento de Apoio do Rio de Janeiro
GDAMP Gratificação de Desempenho de Atividade Médico-Pericial
GEAP Grupo Executivo de Assistência Patronal
H Cmp Hospital de Campanha
HAAF Hospital de Área dos Afonsos
HABE Hospital de Área de Belém
HACO Hospital de Área de Canoas
HAFPES Hospital da Associação dos Funcionários Públicos do Espírito Santo
HAMN Hospital de Área de Manaus
HARF Hospital de Área de Recife
HAS Hipertensão Arterial
HCA Hospital Central da Aeronáutica
HCE Hospital Central do Exército
HCM Hospital Central da Marinha
HE/AMAN Hospital Escolar da Academia Militar das Agulhas Negras
HFAB Hospital de Força Aérea de Brasília
HFAG Hospital de Força Aérea do Galeão
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
HNMD Hospital Naval Marcílio Dias
HSE Hospital dos Servidores do Estado
HSLZ Hospital São Luís
HSPE Hospital do Servidor Público Estadual
HSPM Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo
IAMSPE Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual
IAPAS Instituto de Assistência Financeira da Previdência e Assistência Social
IAPB Aposentadorias e Pensões dos Bancários
IAPC Aposentadorias e Pensões Existentes dos Comerciários
IAPEP SAÚDE Instituto de Assistência Médico-Ambulatorial e Hospitalar Básica dos
Servidores Públicos do Estado do Piauí
IAPI Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriais
IAPM Aposentadorias e Pensões Existentes dos Marítimos
IAPs Institutos de Aposentadoria e Pensão
IAPTEC Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Empregados em Transportes e
Cargas
IASEP Instituto de Assistência Social do Estado do Pará
IASERJ Instituto de Assistência dos Servidores do estado do Rio de Janeiro
IASS Assistência Integral à Saúde do Servidor da Paraíba
IBEx Instituto de Biologia do Exército
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICA Instrução do Comando da Aeronáutica
ICS Instituto Curitiba de Saúde
IESC Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
IMAE Instituto de Medicina Aeroespacial Brigadeiro Médico Roberto Teixeira
IMAS Instituto de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais de
Goiânia
INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INHOS Indenizações Médico-Hospitalares
INPS Instituto Nacional de Previdência Social
INSS Instituto Nacional de Seguro Social
IPASE Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado
IPE Saúde Instituto de Presidência do Rio Grande do Sul
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPEC Instituto de Previdência do Estado do Ceará
IPESAÚDE Plano de Assistência à Saúde do Estado de Sergipe
IPM Instituto de Previdência do Município
IPSEMG Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais
ISPAGO Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do estado de Goiás
ISSEC Instituto de Saúde dos Servidores do Estado do Ceará
LAQFA Laboratório Químico-Farmacêutico da Aeronáutica
LBA Fundação Legislativa Brasileira de Assistência
LC Luís Carlos Saraiva Neves
LOPS Lei Orgânica da Previdência Social
LQFEx Laboratório Químico-Farmacêutico do Exército
MB Marinha do Brasil
MD Ministério da Defesa
MF Ministério da Fazenda
MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social
MS Ministério da Saúde
MT Ministério dos Transportes
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
MTIC Ministério do Trabalho Industria e Comércio
NPG Associação Nacional de Pós-Graduandos
NUHFASP Núcleo de Hospital de Força Aérea de São Paulo
OAB Ordem dos Advogados do Brasil
OABR Odontoclínicas de Aeronáutica de Brasília
OARF Odontoclínicas de Aeronáutica de Recife
OASD Odontoclínicas de Aeronáutica de Santos Dumont
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OCEx Odontoclínica Central do Exército
OCM Odontoclínica Central da Marinha
OCS Organizações Civis de Saúde
OM Organizações Militares
OMFM Organizações Militares Facilitadoras Médicas
OMH Organizações Militares Hospitalares
OMS Organizações Militares de Saúde
OSA Organizações de Saúde
PABSS Plano de Assistência Básica a Saúde e Social
PAS Programa Auxílio à Saúde Suplementar do Servidor Público Municipal
PASS Assistência à Saúde Suplementar do Servidor Civil do Exercito Brasileiro
PEC Proposta de Emenda à Constituição
PIB Produto Interno Bruto
PLAMTA Plano de Assistência à Saúde dos Servidores Civis e Militares do Piauí
PLANSERV Plano de Saúde do Servidor da Bahia
PLANTE Plano de Saúde dos Servidores do Município de Teresina
PLASA Plano de Saúde da Aeronáutica
PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro
PMGu Postos Médicos de Guarnição
PNAD Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios
PNI Programa Nacional de Imunização
PP Partido Progressista
PREVIC Superintendência Nacional da Previdência Complementar
PRORURAL Programa de Assistência ao Trabalhador Rural
PRÓ-SAÚDE Programa de Assistência à Saúde
PSA Profissionais de Saúde Autônomo
PSDB Partido da Social Democracia Brasileira
PT Pedro Trindade
PT-DF Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal
QCP Quadro de Cargos Previstos
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
RC Marinheiros-Recrutas
RICA Regimentos Internos
RJU Regime Jurídico Único
ROCA Regulamentos de Organizações
SAMMED Sistema de Assistência Médico-Hospitalar aos Militares do Exército, da
Ativa, Inativos, Pensionistas e Seus Dependentes
SARAM Subdiretoria de Aplicação dos Recursos para Assistência Médico-Hospitalar
SAS Sistema de Assistência à Saúde
SASSEPE Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos de Pernambuco
SDLOSP Subdiretoria de Logística e Saúde Operacional
SDPM Subdiretoria de Perícias Médicas
SDTEC Subdiretoria Técnica
SERPRO Serviço Federal de Processamentos de Dados
SERSA Serviços Regionais de Saúde
SIAPE Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos
SIASS Subsistema Integrado de Atenção Integral de Atenção à Saúde do Servidor
SINPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social
SIPEC Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal
SIS Sistema Integrado de Saúde
SISAU Sistema de Saúde da Aeronáutica
SRH Secretaria de Recursos Humanos
SS Assistência Social
SSM Sistema de Saúde da Marinha
STF Supremo Tribunal Federal
SUS Sistema Único de Saúde
TCU Tribunal de Contas da União
TRT/SC Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UISM Unidade Integrada de Saúde Mental
UNACON Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle
UTI Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
2 ANOTAÇÕES METODOLÓGICAS ................................................................................ 22
3 O SERVIDOR PÚBLICO ................................................................................................... 25
3.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO .................................................................................... 25
3.2 PERFIL DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DA ESFERA FEDERAL NO BRASIL ... 26
4 PREVIDÊNCIA, SAÚDE E BENEFICIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS
FEDERAIS .............................................................................................................................. 30
4.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL E POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL .............................. 30
4.2 BENEFÍCIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS .............................................................. 48
5 ESQUEMAS ASSISTENCIAIS DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS E
MILITARES NO BRASIL .................................................................................................... 58
5.1 SERVIDORES CIVIS E MILITARES NOS ESTADOS BRASILEIROS, SUAS
RESPECTIVAS CAPITAIS E NO DISTRITO FEDERAL .................................................... 59
5.2 SERVIDORES DO PODER LEGISLATIVO FEDERAL ................................................ 71
5.2.1 Câmara dos Deputados: Programa de Assistência à Saúde (Pró-Saúde)...................... 71
5.2.2 Senado Federal: Sistema Integrado de Saúde (SIS) ...................................................... 72
5.3 SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO: política de atenção integral à saúde de
magistrados e servidores ........................................................................................................... 74
5.4 MILITARES ....................................................................................................................... 76
5.4.1 Surgimento dos hospitais militares no Brasil .............................................................. 76
5.4.2 Assistência à saúde militar no Brasil ........................................................................... 79
5.4.2.1 O serviço de saúde do Exército .................................................................................... 79
5.4.2.1.1 O sistema SAMMED/FUSEX .................................................................................... 84
5.4.2.1.2 Assistência à Saúde Suplementar do Servidor Civil do Exército Brasileiro
(PASS) ...................................................................................................................................... 85
5.4.2.2 O serviço de saúde da Marinha ................................................................................... 86
5.4.2.3 O serviço de saúde da Aeronáutica ............................................................................. 89
5.4.2.3.1 Plano de Saúde da Aeronáutica (PLASA) .............................................................. 92
5.5 SÍNTESE DOS ESQUEMAS ASSISTENCIAIS PARA AGENTES PÚBLICOS
FEDERAIS CIVIS E MILITARES NO BRASIL .................................................................... 94
6 O CASO DA GEAP ............................................................................................................ 98
6.1 TIPOS DE PLANOS .......................................................................................................... 99
6.2 FATOS PRECURSORES ................................................................................................ 101
6.3 A ORIGEM DA GEAP .................................................................................................... 102
6.4 QUESTIONAMENTOS SOBRE A NATUREZA JURÍDICA INSTITUCIONAL DA
GEAP ...................................................................................................................................... 103
6.5 PROPOSIÇÕES DO LEGISLATIVO.............................................................................. 104
6.6 QUESTIONAMENTOS SOBRE A SOLVÊNCIA DA GEAP ....................................... 106
6.7 SITUAÇÃO ATUAL ....................................................................................................... 106
6.8 VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ...................................................................................... 110
6.9 ESTRUTURA E GESTÃO .............................................................................................. 111
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 114
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 118
APÊNDICES .......................................................................................................................... 130
ANEXOS ................................................................................................................................ 171
17

1 INTRODUÇÃO

A formação de uma burocracia pública no Brasil associa-se a regimes de


contratação, envolvendo benefícios previdenciários e de assistência à saúde diferenciados
daqueles previstos para os trabalhadores do setor privado. Ao longo da história houve
movimentos pendulares em relação às formas de admissão às instituições públicas e à oferta de
benefícios assistenciais para o atendimento à saúde. A diversificação da estrutura produtiva nos
anos 1930 exigiu ações estatais mais diversificadas, especializadas e complexas. No âmbito
federal, a Lei 284, de 1936, considerada um marco na instituição de uma burocracia mais
orgânica, reuniu sob o rótulo do funcionalismo público da União carreiras e quadro de
remuneração para ministérios civis e militares. Seu texto não previu assistência médica para os
servidores, pois menciona somente proteção específica para: “[...] funcionários que, em
effectivo exercício em leprosários, estejam em contacto directo com enfermos, além dos
vencimentos normaes, terão uma percentagem de 30% (trinta por cento), sobre os mesmos
vencimentos.” (BRASIL, 1936).
A criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1938,
estimulou a sistematização das normas para funcionários civis federais, que consolidaram a
admissão por concurso público e estabilidade. Apesar dos estatutos legais, a efetivação de
funcionários interinos, denominados extra-numerários, tornou-se uma das estratégias das
negociações político-partidárias e uma resposta às pressões dos próprios servidores. Seus
regimentos (Decreto Lei 204, de1938) incluíram uma sessão de Assistência Social (SS), à qual
coube adotar medidas relativas a: a) prevenção de acidentes; b) socorros de urgência; c)
higienização dos locais de trabalho; d) incentivos ao cooperativismo; e) estudos de tipologia,
antropometria e psicotécnicos.
O Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União (Decreto-Lei 1713, de 1939),
o primeiro código das relações entre o Estado e seus servidores, delineou um programa de
assistência social voltado ao “aperfeiçoamento físico, intelectual e moral dos funcionários e de
suas famílias”, o qual abrangeu “um plano de assistência, que compreenderá a previdência,
seguro, assistência médico-dentária e hospitalar, sanatórios, colônias de férias e cooperativas”
(Redação original, Art. 219) (BRASIL, 1939).
O código dos funcionários públicos edificou as bases das políticas de pessoal, desde
as consignações e os direitos às licenças e férias até a proibição de sindicatos e greves, mas não
logrou instituir a assistência médica. Nas iniciativas correlatas, também voltadas à proteção
contra os riscos do trabalho, como a criação do Instituto Nacional de Previdência dos
18

Funcionários Públicos em 1926 (Decreto-Lei 5128), posteriormente, em 1934, denominado


Instituto Nacional de Previdência (Decreto 24.563), a atenção à saúde foi consignada como um
benefício possível, mas não obrigatório. Segundo o artigo referente aos socorros médicos: “O
Instituto Nacional de Previdência poderá facultar, em hospital que mantiver na sua sede ou por
socorros médicos, farmacêuticos e dentários a todos os seus contribuintes ou aos beneficiários
que, por morte dêstes, se tiverem habilitado (Redação original)”(BRASIL, 1934).
Em meados dos anos 1940, os servidores da União tinham direito à licença para
tratamento de saúde, mas eram onerados com o pagamento das despesas médicas e hospitalares.
A Comissão Organizadora de Assistência Social aos Servidores do Estado, instituída em 1945,
teve por objetivos organizar o “plano geral de assistência médica e hospitalar e supervisionar o
início do funcionamento das obras do Hospital dos Servidores do Estado (HSE)” (LOPES,
1945).
Alguns governos estaduais instituíram estatutos congêneres e organizaram
instituições previdenciárias, inicialmente voltadas à concessão de pensões, empréstimos e
pecúlio, que incorporaram atribuições de atendimento médico-hospitalar. O Instituto de
Previdência do Estado do Rio Grande do Sul, criado em 1931 (Decreto nº 4.842), absorveu a
Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Funcionários Públicos e a Sociedade Amparo Mútuo
dos Funcionários Públicos Estaduais e Municipais do Rio Grande do Sul. Inicialmente, as
atividades nucleares da instituição incluíam o plano de pensões e seguros de vida e empréstimos
hipotecários aos segurados para aquisição de imóveis e, a seguir, empréstimos pessoais.
A trajetória do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais
(IPSEMG) é similar a da esfera federal. Foi instituído em 1945 (Decreto 1.416), a partir da
Caixa Beneficente (Decreto 6.600, de 1924), que além das funções atinentes à assistência
financeira, possuía cooperativas de alimentos, roupas e farmácia e desenvolvia assistência
médica, ambulatorial e odontológica. Essa norma legal determinou a construção do Hospital de
Base da Previdência, que seria inaugurado nos anos 1970. Em São Paulo, o Hospital próprio do
Instituto dos Servidores iniciou o atendimento em 1961.
Outras instituições previdenciárias estaduais seguiram trilhas marcadas pelos
contextos locais da organização da assistência médica. O Instituto de Previdência do Estado do
Ceará (IPEC), fundado em 1939, adquiriu em 1940 o Sanatório de Messejana, instituição
privada da área de tisiologia com dificuldades econômicas (após a transformação em sanatório
público, tornou-se o atual Hospital de Messejana, que integra a rede estadual do Sistema Único
de Saúde - SUS). O hospital do Instituto dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro foi, até
19

1942, uma instituição privada construída com o apoio de comerciantes portugueses, liderada
pelo médico Pedro Ernesto (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2016).
A assistência médica-hospitalar, como integrante do regime de trabalho dos
servidores, consolidou-se nos anos 1950 com a promulgação do Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis da União (Lei n° 1.711, de 1952). O segundo mandato de Getúlio Vargas,
fortemente caracterizado pelo desenvolvimentismo nacionalista, expresso entre outras
iniciativas, pela lei do salário mínimo e criação do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE) e Petrobras, afirmou a necessidade de uma burocracia pública
profissionalizada. As regras detalharam o concurso público e a estabilidade e revogaram as
sanções relacionadas com a participação sindical e política. No que diz respeito ao plano de
assistência, houve uma separação entre a assistência médica, dentária e hospitalar, sanatório e
creches e aquelas atinentes à previdência, seguro e assistência judiciária (Art. 161). A efetivação
do plano de assistência foi desdobrada segundo os quais “serão reservados, com rigorosa
preferência, aos servidores públicos e suas famílias os serviços das organizações assistências
que lhes forem destinados” e “leis especiais estabelecerão os planos, bem como as condições
de organização e funcionamento dos serviços assistenciais” (Art. 162 e 163) (BRASIL, 1952).
As intenções e experiências de organização da assistência médica para os
servidores, especialmente para os federais, foram designadas por distintos vocábulos adequados
às práticas vigentes. Expressões como socorros, urgências, sanatórios e ambulatórios serviram
para designá-las. A sintaxe duradoura para aludir às formas concretas da oferta da atenção à
saúde dos servidores foi concebida pelo Decreto-Lei 8.450, de 1945, ao promulgar que “a
assistência médica e hospitalar poderá ser prestada diretamente ou mediante contratos
com outras entidades oficiais ou com particulares” (BRASIL, 1945). A existência de benefícios
diferenciados para servidores civis e militares da União foi preservada no processo de debates
e aprovação da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS). O Art. 3º excluiu os “servidores
civis e militares da União, dos Estados, Municípios e dos Territórios bem como das respectivas
autarquias, que estiverem sujeitos a regimes próprios de previdência” (BRASIL, 1960).
A ditadura civil-militar realizou uma radical reforma da administração pública no
final dos anos 60, o Decreto-Lei 200, de 1967, estimulou a descentralização das atribuições do
governo, inclusive para empresas privadas, e a adoção do regime privado de contratação,
inclusive sem concurso público e retrocesso no desenvolvimento das carreiras de administração
pública. No que se refere à saúde, o crescimento econômico, a concentração da renda e a
modernização autoritária incentivaram a privatização e expandiram as alternativas assistenciais
exclusivas para servidores públicos. O reembolso de despesas assistenciais e os contratos com
20

particulares para o atendimento de funcionários, como os do Banco do Brasil, certamente


contribuíram para financiar e interiorizar a oferta privada de médicos, unidades de diagnóstico
e hospitais.
A Constituição de 1988 abriu caminho para a formulação e a aprovação do regime
jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais
(Lei 8.112, de 1990). A premissa que o inspirou foi a necessidade de superar a dualidade de
contratação no serviço público (regime estatutário, previsto pelo Decreto-Lei 1.713, de 1939) e
o regime de emprego ou regime contratual regido pela Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). O Regime Jurídico Único (RJU) anunciou a modernização da burocracia pública, mas
conservou a distinção do atendimento aos servidores. Ironicamente, o RJU pretendeu ser único
no que concerne ao regime de contratação e a fortalecer os direitos de servidores para trabalhar
em um sistema de saúde não único. A interpretação do capítulo da seguridade da Constituição
de 1998 resultou na seguinte redação:
Art. 230: A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua família
compreende assistência médica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica,
prestada pelo Sistema Único de Saúde ou diretamente pelo órgão ou entidade ao qual
estiver vinculado o servidor, ou, ainda, mediante convênio, na forma estabelecida em
regulamento (BRASIL, 1990).
Em 1994, durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, a Constituição foi
alterada, permitindo o retorno da coexistência de mais de um regime para os servidores civis.
Pouco depois, a norma foi questionada por uma interposta por partidos políticos oposicionistas.
Idas e vindas, e especialmente a difusão dos cânones gerencialistas condensados na proposta de
Reforma de Estado, contrários à autonomia e estabilidade dos servidores, contribuíram para o
desprestígio da administração pública. Mesmo que o fato seja reconhecido pela literatura, desde
os anos 1930 a administração pública profissional tem sido um fator decisivo para o papel
estratégico no desenvolvimento econômico brasileiro (GUERZONI FILHO, 1996). Embora o
estabelecimento de uma associação causal entre a rota conturbada de implementação do RJU e
a expansão das coberturas privadas para servidores públicos seja espúrio, é plausível supor que
a degradação da burocracia pública jogue, ainda que passivamente, a favor da privatização e
das estratégias de sobrevivência particularizadas.
No âmbito estrito da saúde, as medidas para fortalecer uma burocracia clássica ou
para reduzi-la não afetaram diretamente a propensão dos servidores federais a assumirem na
prática posicionamentos universalistas, seja porque, em 1952, ou por ocasião da LOPS, essas
concepções não estavam no horizonte político, seja em razão das possíveis reservas sobre o
sucesso do SUS. No entanto, supõe-se que os agentes públicos poderiam contribuir
decisivamente para a reflexão e o aprimoramento do SUS. Esse pressuposto, ou seja, a
21

relevância da burocracia pública para o restabelecimento dos vínculos entre desenvolvimento


econômico, social e saúde, é o fio condutor do estudo sobre a assistência suplementar aos
servidores públicos.
A hipótese que orientou esta tese é a de que a assistência suplementar à saúde de
servidores públicos civis e militares no Brasil constitui-se, simultaneamente, como um
importante vetor para privatização e organização de demandas e ofertas de planos privados de
saúde no Brasil segundo um gradiente de maior ou menor proximidade às formas tradicionais
de seguro comercial. Ou seja, a diversidade de esquemas assistenciais, arranjos institucionais,
modalidades de oferta e prestação de assistência suplementar para o funcionalismo
representam, por um lado, a fragilidade e a incoerência da burocracia pública e, por outro, a
resistência à adesão aos formatos menos mutualistas, baseados em cálculos de risco
individualizados.
Para responder a essas indagações buscou-se sistematizar a evolução histórica e
identificar os principais marcos da oferta de esquemas assistenciais aos servidores públicos e
militares e, a seguir, situar a assistência suplementar de servidores públicos civis e militares no
mercado de planos privados de saúde, ação realizada mediante revisão bibliográfica, entrevista
e compilação e análise da legislação. Esses esforços permitiram elaborar um quadro sinótico,
contendo a descrição dos principais esquemas assistenciais e dos arranjos institucionais e
políticos que dinamizam a assistência suplementar à saúde de servidores públicos civis e
militares no Brasil.
22

2 ANOTAÇÕES METODOLÓGICAS

Este trabalho se apoia em uma revisão bibliográfica e documental normativa


extensa em relação à temática, realizada nos portais de bases de dados tradicionais e nas
bibliotecas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Exército, no período de fevereiro de 2013
a março de 2016, e em Brasília, na sede do Grupo Executivo de Assistência Patronal (Geap) -
Autogestão em Saúde, em outubro de 2014, através dos seguintes documentos: Relatório de
Desempenho da Geap - Autogestão em Saúde, estatutos, atas, decretos de presidências, projetos
de lei e Emenda Constitucional, convênios e contratos, resoluções encontradas na Junta
Comercial, Relatórios de Gestão, dissertações e teses, documentos institucionais e sites.
Também foram utilizados dados derivados de um levantamento amostral referente aos
servidores públicos federais civis e militares, obtidos através de um estudo de base
populacional, transversal, utilizando como base de dados a Pesquisa Nacional por Amostras de
Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos
anos de 1998, 2003 e 2008, e dados oficiais de órgãos nacionais e internacionais do IBGE, do
Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (SIAPE), do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Adicionalmente, para fins de examinar as relações entre as condições de cobertura
de funcionários públicos, foram utilizados microdados da PNAD. O Instituto de Estudos em
Saúde Coletiva/Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ) possui expertise nesse
tipo de análise.
A pesquisa sobre a Geap - Autogestão em Saúde trata-se de um estudo de caso,
constituindo parte de um projeto ampliado, intitulado “Reorganização de Grupos Hospitalares
e Empresas de Planos de Saúde: Repercussões no Complexo Econômico- Industrial da Saúde”,
que sistematizou e aprofundou o conhecimento sobre a inserção dos componentes hospitalares
e empresas de planos e seguros de saúde no complexo econômico industrial da saúde, no
período de fevereiro a outubro de 2014. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
com o Parecer Consubstanciado nº 897.537/2014 (ANEXO A).
Foi realizada, no período de outubro de 2015 a abril de 2016, uma pesquisa em sites
oficiais dos governos estaduais e das capitais brasileiras (secretarias de administração e de
planejamento), além de consultas a colegas de Pós-Graduação da área de Saúde Coletiva, com
o objetivo de identificar os esquemas assistenciais oficiais e contratados nas unidades
23

federativas brasileiras e em suas capitais, para os quais a busca das fontes oficiais não foi
possível.
Trata-se de um estudo exploratório, baseado fundamentalmente na análise
documental e complementado por outras abordagens quantitativas e qualitativas, realizado no
período de agosto de 2012 a julho de 2016.
Foram utilizados os seguintes métodos de pesquisa exploratória: revisão
bibliográfica; pesquisa documental; levantamento, processamento e análise de dados
secundários (bibliográfico, documental, de estatísticas e de pesquisas prévias); entrevistas
semiestruturadas, individuais, utilizando a técnica do informante-chave (Key-informant
technique) (APÊNDICE A); e levantamento de opinião de especialista (Expert-opinion survey)
(quadro 1).

Documentos, materiais, normas legais,


dados para servidores públicos e
Assunto Fontes
coberturas de planos de saúde para
servidores públicos
Boletins Estatísticos de Pessoal e
Informações Organizacionais, do Ministério
do Planejamento, Desenvolvimento e
Sites oficiais do Ministério do
Gestão; Relatório do IPEA- Burocracia e
Informações referentes ao Planejamento, Desenvolvimento
ocupação no setor público brasileiro, 2011;
Perfil do Servidor Público e Gestão, do IPEA, da OCDE e
Relatório da OCDE- Avaliação da gestão de
do IBGE.
recursos humanos no Governo Federal,
2010; Pesquisa Perfil dos estados e
municípios do IBGE, 2014.
Relatório de Desempenho da Geap-
Autogestão em Saúde (2012, 2013), Sites oficiais da Geap -
estatutos (1994, 2007, 2013), atualizado Autogestão em Saúde, da
em 2015), atas, decretos presidenciais, Agência Nacional de Saúde
projetos de lei e Emenda Constitucional, Suplementar (ANS), da
Geap - Autogestão em Saúde convênios e contratos, resoluções Associação Nacional dos
encontradas na Junta Comercial, Auditores Fiscais da Receita
Relatórios de Gestão (2015), dissertações e Federal, do Supremo Tribunal
teses, documentos institucionais, sites. Federal (STF) e Portal da Câmara
Entrevista com informantes- chave (roteiro dos Deputados.
e transcrição anexos).
Sites oficiais dos governos
Manuais dos beneficiários dos esquemas estaduais e capitais brasileiras
Esquemas Assistenciais assistenciais, Guias e Cartilhas dos (secretarias de administração e de
Oficiais e Contratados nas Servidores Públicos Estaduais e planejamento), de Associações
Unidades Federativas Municipais, Diários Oficiais de Estados e de Funcionários Públicos e
Brasileiras e em suas capitais Capitais, Decretos Presidenciais, Leis consultas a colegas da área de
Federais e Estaduais. saúde coletiva, no período de
outubro de 2015 a abril de 2016.
Atos da Mesa da Câmara dos Deputados, Sites Oficiais da Câmara e
Legislativo
Resoluções, Convênios e Contratos. Senado Federal.
Resoluções, Portarias, Convênios e Site Oficial do Conselho
Judiciário
Contratos. Nacional de Justiça (CNJ).
Decretos Presidenciais, emendas Sites oficiais das Forças Armadas
Forças Armadas constitucionais, portarias do Ministério da (Exército, Marinha e
Defesa, relatórios de gestão, trabalhos Aeronáutica).
24

Documentos, materiais, normas legais,


dados para servidores públicos e
Assunto Fontes
coberturas de planos de saúde para
servidores públicos
monográficos e Biblioteca do Exército
Brasileiro.
Condições de Saúde dos Processamento de microdados das
Banco de dados da PNADs, 1998,
Servidores Públicos Civis e Pesquisas Nacionais por Amostras de
2003 e 2008).
Militares Domicílios (PNADs), 1998, 2003 e 2008.
Quadro 1- Demonstrativo dos instrumentos e fontes de pesquisa
25

3 O SERVIDOR PÚBLICO

3.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

A expressão “servidor público” refere-se aos agentes públicos que mantêm


relação funcional com o estado, com vínculo empregatício mediante remuneração paga
pelos cofres públicos (DI PIETRO, 2003).
São servidores públicos os funcionários ocupantes de cargos públicos providos
por concurso, seja em regime estatutário, ou seja, regidos por um estatuto definidor de
direitos e obrigações, ou contratados sob o regime da CLT (TAVARES; ARAÚJO, 2008).
Na condição de agentes públicos administrativos podem ser classificados em
militares, servidores públicos, empregados públicos e agentes temporários (MEIRELLES,
2003).
Trata-se do trabalhador empregado pelo estado nos níveis federal, estadual e
municipal, seja na administração direta, nas autarquias ou em empresas de economia mista
(VENEU, 1990), servidor dos Poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário.
Na Constituição Federal de 1998, a seção II, do capítulo VII, título III, em
consonância com a Emenda Constitucional nº 18/1998, denomina servidores públicos as
pessoas que prestam serviço com vínculo empregatício à administração pública direta,
autarquias e fundações (BRASIL, 1988).
Tanto o conceito de servidor público vigente na Constituição Federal, quanto
naquele do Direito Administrativo, não se contempla o pessoal que possui outros vínculos
de emprego no próprio serviço público, englobando apenas os trabalhadores celetistas e os
estatutários, excluindo o pessoal terceirizado e com outros vínculos tidos como precários
(CARVALHO; CARDOSO JUNIOR; FIGUEIREDO, 2011).
A Constituição Federal (Art.39) adotou para servidores públicos o sistema do
RJU, também conhecido como Estatuto dos Servidores Públicos Federais (Lei nº 8.112, de
11.12.1990). Isso quer dizer que, independentemente de o servidor se encontrar
funcionalmente vinculado à administração pública direta, à autarquia ou fundação pública,
o regime jurídico é o mesmo, previsto em lei da respectiva entidade estatal; enquanto
estados e municípios, por meio de leis específicas, instituíram regimes jurídicos para os
seus servidores públicos (CUNHA JUNIOR, 2012; BRASIL, 1988).
A lei é decorrência direta da Constituição Federal do Brasil, de 1988,
especialmente do seu Art.37, que trata das diversas condições e situações de vínculo com o
26

serviço público, da obrigatoriedade do concurso público, dos procedimentos básicos e


norteadores para o exercício de diversos cargos, assim como descreve o conjunto de direitos
e deveres associados aos seus benefícios e restrições, compondo um código de conduta
universal para o conjunto desses servidores.
No caso dos militares, há uma discussão legal em relação à categorização, pois
eles ganharam categoria própria, tendo sido retirados da categoria genérica de servidores
públicos, conforme a Emenda Constitucional nº 18/98 (BRASIL, 1998a).
Em que pese a definição legal de servidores públicos, empregos públicos e seus
regimes de trabalho, nota-se que na literatura há divergência de classificações, relacionadas
ao objetivo da pesquisa. Por exemplo, a força de trabalho terceirizada que executa s erviços
públicos, dependendo das bases nacionais, pode ou não ser classificada como “empregos
públicos” (CARVALHO; CARDOSO JUNIOR; FIGUEIREDO, 2011). No presente estudo,
será considerado unicamente o emprego formal no serviço público, sendo descartados os
vínculos não celetistas e não estatutários.

3.2 PERFIL DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DA ESFERA FEDERAL NO BRASIL

Existem várias fontes possíveis para dimensionar o funcionalismo público no


Brasil, dentre elas: os Censos Demográficos (CD) e as Pnads, do IBGE, a Relação Anual
de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e o Siape
(CARVALHO; CARDOSO JUNIOR; FIGUEIREDO, 2011).
Para o presente estudo optou-se pela utilização dos dados do Boletim Estatístico
de Pessoal e Informações Organizacionais, gerado através do SIAPE pelo Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, já que cabe ao órgão regular o benefício da assistência
à saúde suplementar dos servidores e seus dependentes.
O número total de Servidores Públicos da Esfera Federal no Brasil em 2015 foi
de 2.004.052, sendo 1.348.248 civis e, o restante, militares (BRASIL, 2015b).
Nesse mesmo ano, aposentados e pensionistas somaram 939.318, evidenciando
uma relação de dependência de praticamente um ativo para cada inativo. Considera ndo o
perfil de escolaridade apenas dos servidores civis ativos do Poder Executivo, verifica -se
uma predominância de servidores com nível superior (48,3%), em relação aos de nível
intermediário (39%) e de nível auxiliar (3,5%) e sem informação (9,2%). Em relação à
distribuição por sexo, há superioridade de proporção de homens (53,9%) em relação às
27

mulheres (46,1%), o que resulta no predomínio dos primeiros em todos os órgãos, exceto
no Ministério da Cultura, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério da
Previdência, Saúde e Turismo (BRASIL, 2015b).
A idade média dos Servidores Públicos Federais Ativos do Poder Executivo, de
45 anos, é relativamente elevada por referência àquela observada para a população em geral
e para trabalhadores do setor privado e de empresas estatais (BRASIL, 2015b).
Em relação à distribuição dos Servidores Públicos Federais Civis do Poder
Executivo nas Unidades da Federação, observa-se um maior quantitativo no estado do Rio
de Janeiro (258.905), seguido do Distrito Federal (178.835) e do estado de Minas Gerais
(104.672). Em contrapartida, o estado do Tocantins é o que possui o menor número de
servidores (5.722). Observando a distribuição em relação às regiões, a Sudeste (36,8%)
possui o maior percentual de servidores, seguida da região Nordeste (21,7%). A região
Norte (10,5%) é a que possui o menor percentual (BRASIL, 2015b).
Como em todos os países membros da OCDE, a gestão da mão de obra pública
no governo federal brasileiro é um reflexo das prioridades nacionais políticas e econômicas
e da cultura administrativa. Nota-se um crescimento de novos cargos no Brasil, nas áreas
de educação, saúde, segurança e infraestrutura (ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2010).
Dentre as tendências recentes de perfil do servidor público federal, destacam-se
a melhora significativa no nível educacional e a profissionalização, em especial, a partir da
obrigatoriedade de contratações mediante concurso público e rejuvenescimento da força de
trabalho, sobretudo em âmbito federal. Verifica-se também que as mulheres constituem
minoria na administração federal, apesar de sua crescente participação, mas são maioria nos
estados e nos municípios, em razão de atuarem, predominantemente, nas áreas de saúde,
assistência social e educação, assumidas em grande parte por estados e municípios
(CARVALHO; CARDOSO JUNIOR; FIGUEIREDO, 2011).
O estudo intitulado “A Avaliação da Gestão de Recursos Humanos no Brasil: Governo
Federal” realizou uma comparação sistemática da situação no Brasil com a experiência dos 31
países membros da OCDE, chegando à conclusão de que em nosso país a totalidade de servidores
públicos (federais, estaduais e municipais) representa um percentual relativamente reduzido de
empregos totais. Sendo que, em 2008, representava de 10 a 11% do emprego total, em comparação
com a média de cerca de 20% da OCDE. Considerando as empresas estatais, o percentual aumenta
28

ligeiramente para 11% a 12%, em comparação à média da OCDE de 22% (gráfico 1). Esse
percentual também é pequeno em comparação com outros países latino-americanos, como
Argentina e Chile (ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO, 2010).

Gráfico 1 - Participação do emprego no setor público no total de empregos no Brasil (1990-


2005)
Fonte: Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (2010, p. 53)

Nesse mesmo estudo, analisando a proporção estratificada de servidores na esfera


federal no Brasil, nota-se ser semelhante a de outros países federativos (diminuiu de 20% para
15%, entre 1990 e 2003 -incluindo as empresas estatais e, provavelmente, permanecendo o
mesmo). Em contrapartida, as despesas de pessoal respondem por 12% do Produto Interno
Bruto (PIB) (empresas públicas excluídas), um valor considerado alto em comparação com
outros países membros, segundo os gráficos 2e 3 (ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICOS, 2010).
29

Gráfico 2 - Participação dos trabalhadores do setor público em diferentes níveis de governo em


alguns países federativos, em 2003
Fonte: Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (2010, p. 60)

Gráfico 3 - Remunerações dos servidores do governo em geral como percentual do PIB, em


2006
Fonte: Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (2010, p. 55)
30

4 PREVIDÊNCIA, SAÚDE E BENEFICIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS


FEDERAIS

4.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL E POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL

As Políticas de Saúde no Brasil, a partir da industrialização, foram


caracterizadas pela segmentação e fragmentação, isto é, pelas suas maiores ou menores
coberturas ou qualidade de acordo com a importância relativa do extrato social atingido. Os
servidores públicos e suas instituições conformaram um dos importantes segmentos de
demandas e ofertas de esquemas assistenciais. No que se refere a uma assistência particular
para os militares, a história é mais longa, pois inicia-se com a vinda da Família Real e sua
corte portuguesa ao Brasil, por meio do Decreto Regencial, datado de 9 de fevereiro de 1808
por Dom João, com o objetivo de organizar, coordenar e uniformizar os serviços dos
cirurgiões e físicos (médicos) do Exército e Armadas Reais, tanto no Brasil quanto nas
colônias africanas e asiáticas (RISSIN, 2010; EXÉRCITO BRASILEIRO, 2014).
A análise da Previdência Social no Brasil, tanto como uma política pública,
quanto como uma ferramenta jurídico-estatal, remete-nos ao histórico de uma longa e árdua
luta travada entre a classe trabalhadora, o proletariado formado pela maioria da população
e a classe dominante, representada pela burguesia, a qual era composta pela minoria da
população detentora dos meios de produção e geração de mais-valia e da exploração à mão
de obra do trabalhador (SOUZA, 2013).
Nesse contexto, a evolução histórica da Previdência Social no Brasil é
caracterizada por modificações contínuas, em relação à estrutura de custeio, organização e
administração dos bens previdenciários, com o repasse de responsabilidades do setor
privado ao Estado (HOMCI, 2009).
Apesar do movimento de Reforma Industrial iniciado na Europa, o cenário
brasileiro era regido por uma monarquia subserviente à Coroa Portuguesa. Havia uma
escassez de fábricas aqui instaladas, diante de uma sociedade escravista. Com o
reconhecimento da liberdade do negro através da abolição da escravatura em 1888 e da
consolidação da Proclamação da República, surgiu a preocupação sobre o que fazer com
um homem livre na sociedade e como manter uma economia unicamente agrícola sem
escravidão. Em meio à industrialização do Brasil em passos lentos, com depósito de créditos
na produção do café, vieram os imigrantes europeus endoculturados politicamente (com
31

conceitos de sindicalismo e lutas proletárias), iniciando movimentos contrários à exploração


do trabalho nas lavouras (SOUZA, 2013).
Em nosso país, a história da Previdência Social teve início em 1888, com a
primeira legislação específica sobre Direito Previdenciário, através do Decreto nº 9.912, de
26 de março de 1888, que regulou o direito à aposentadoria dos empregados dos Correios.
Outra norma, em novembro do mesmo ano, criaria a Caixa de Socorros em cada uma d as
estradas de ferro do império (HOMCI, 2009).
O fato considerado como ponto de partida da Previdência Social propriamente
dita no país é a Lei Elói Chaves (Decreto nº 4.682), de 1923. Ela criou a Caixa de
Aposentadorias e Pensões para empregados e empresas ferroviárias, garantindo aos
trabalhadores benefícios como assistência médica, inclusive aos familiares, medicamentos
a preços especiais, aposentadoria e pensões, constituindo-se como o primeiro sistema amplo
de seguros sociais. No entanto, o fato dessa lei ser considerada um marco legislativo para a
criação da previdência social brasileira é regido a críticas, contestado por alguns estudiosos.
Segundo Homci (2009), outras leis previdenciárias são anteriores (como a nossa primeira
lei acidentária que data de 1919). De acordo com o autor, a afirmação da Lei Elói Chaves
como o marco do nascimento da previdência brasileira busca transformar as conquistas
sociais, logradas com lutas a partir das bases, em benesses estatais. Mas, a controvérsia
ficou sanada em termos oficiais, quando foi estabelecido que o “Dia da Previdência Social”
se comemoraria em 24 de janeiro, data da Lei Elói Chaves, em 1923.
É importante ressaltar que para que essa lei fosse aprovada no Congresso
Nacional, dominado na sua maioria pela oligarquia rural, foi imposta a condição de que esse
benefício não fosse estendido aos trabalhadores rurais, beneficiando somente o operário
urbano (POLIGNANO, 2014).
As Caixas de Aposentadorias e Pensões mantinham a administração e a
responsabilidade pelo sistema previdenciário nas mãos da iniciativa privada, ou seja, eram
organizadas pelas empresas e administradas e financiadas pelas empresas e seus
trabalhadores, em uma espécie de seguro social (HOMCI, 2009).
O Estado era apenas o responsável pela criação das caixas e pela regulamentação
de seu funcionamento. Não contribuía financeiramente e não possuía responsabilidade na
administração. Seu âmbito de ação se restringia à legalização e organização e ao controle à
distância dessas caixas, mediando possíveis conflitos de interesse (OLIVEIRA; TEIXEIRA,
1986).
32

Por meio das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), uma pequena parcela
de trabalhadores brasileiros passou a contar com uma aposentadoria, pensão e assistência à
saúde. No que concerne à saúde, cabia-lhes, além da prestação de benefícios
previdenciários, a assistência médica curativa e o fornecimento de medicamentos, sendo
essa assistência restrita à condição de segurado, com benefícios limitados a três categoriais
profissionais (ferroviários e, posteriormente, portuários e marítimos). A incipiente oferta de
assistência médica privada na época fez com que determinadas caixas criassem serviços de
atendimento médico sob administração própria (BAPTISTA, 2005; MARTINS, 2005;
NOLASCO, 2012).
As CAPs não conseguiam ter uma grande abrangência, pois não atendiam
funcionários de pequenas empresas, devido ao número reduzido destes, não angariando
recursos suficientes para montar e gerir uma caixa de aposentadoria. A assistência era
restrita aos trabalhadores vinculados às empresas com mais de 50 empregados, para as quais
havia a obrigatoriedade de criação das caixas (BAPTISTA, 2005; MARTINS, 2005;
MENICUCCI, 2007).
A provisão dos serviços médicos se dava pela compra de serviços privados,
justificada pela fragmentação do seguro social por empresa, uma vez que era impraticável
a manutenção de serviços próprios, sob ponto de vista de escala. No entanto, esse modelo
serviu de base para a constituição de um primeiro esboço do sistema de proteção social no
Brasil (BAPTISTA, 2005; MARTINS, 2005; MENICUCCI, 2007).
As Políticas de Saúde nesse período foram caracterizadas por dois aspectos
básicos: o primeiro refere-se à sua estreita relação com o modelo econômico vigente e a
clara dicotomia entre as ações de saúde pública e as ações de assistência privada. Nessa
conjuntura, configuram-se dois modelos de intervenção nas questões da saúde: o
sanitarismo campanhista e o curativo-privatista (BERTOLOZZI; GRECCO, 1996).
Em 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas e a implementação de sua estratégia
de buscar a ampliação de suas bases de apoio político junto às classes trabalhadoras e ao
empresariado, é criado um órgão que visava ao relacionamento entre Estado e trabalhadores
e empresários: o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Dentro dessa estratégia, a
expansão dos benefícios previdenciários a outras categoriais de trabalhadores mostrava -se
essencial. Nesse contexto, houve uma reestruturação do sistema de previdência e, assim,
são criados os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs), em 1933, em pleno processo de
industrialização e urbanização do país, abrangendo os trabalhadores operariados e urbanos
33

e não apenas aqueles que pertenciam a um grupo incluído em sua respectiva CAP. Como os
serviços próprios dos institutos não deram conta de oferecer toda a assistência médica,
aumentou a compra de serviços oriundos do setor privado. O Estado respondia em algumas
situações aos movimentos dos trabalhadores, sempre mantendo a lucratividade do setor
industrial e a sua capacidade de acumulação (UNIDAS AUTOGESTÃO EM SAÚDE, 2012;
COTTA et al., 2013; SOUZA, 2013).
Diferentemente das CAPs, esses Institutos de Aposentadoria e Pensão foram
destinados aos trabalhadores da mesma categoria profissional (marítimos, comerciários,
bancários). Embora as condições das prestações, a forma de custeio e a estrutura
administrativa fossem muito semelhantes, existiam entre eles pequenas distinções que
criavam dificuldades na passagem do trabalhador de uma atividade para outra, com
consequência alteração da sua filiação previdenciária (LEITE, 1978).
A gestão dos IAPs passou gradativamente para o controle do Estado, sendo que
o seu presidente era nomeado pelo Presidente da República e os representantes
trabalhadores e patrões indicados pelos sindicatos atrelados ao poder executivo, mudando a
prática de escolha por eleição direta. O financiamento se dava de forma tripartite, com
participação dos empregados, empregadores e Estado, cabendo a este último a centralização
dos recursos financeiros (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986).
É importante ressaltar que, para além da maior cobertura, a grande diferença
entre as CAPs e os IAPs era de que as CAPS foram sociedades civis e juridicamente
autônomas, enquanto os IAPs eram formados como autarquias que funcionavam sob
supervisão do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), o que acarretava uma
maior subordinação de seus recursos ao Estado. Com os IAPs, iniciou-se a construção de
um sistema público de previdência social, limitado em sua abrangência e pressupostos que
mantinham o formato do vínculo contributivo formal do trabalhador para garantia do
benefício (BAPTISTA, 2005).
Nesse contexto, observa-se que, para usufruir do direitos relacionados à
Previdência Social, era necessário ter vínculo formal de trabalho, nos moldes que Santos
(1979) denominou de cidadania regulada.
Em meio à acelerada expansão dos IAPs, ocorre a emergência de institutos de
servidores estaduais, municipais e associação de empregados, como a Caixa de Assistência
dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), criada em 1944, e esquemas assistenciais
34

organizados diretamente por empresas empregadoras que também adotaram o


credenciamento de médicos e hospitais privados (SESTELO; BAHIA, 2014).
No entanto, o caráter fragmentário da assistência à saúde se mantém inalterado.
Cada IAP organizava e oferecia um conjunto de benefícios compatível com a capacidade
contributiva e organizativa de cada categoria profissional, sendo que as categorias mais bem
remuneradas ou de maior importância econômica eram favorecidas com melhores condições
de atendimento. Além da diferenciação da assistência entre os institutos, ocorriam
fragmentações no interior de alguns institutos, com a segregação de esquemas privados de
atendimento para grupo de trabalhadores privilegiados, como exemplo a Assistência
Patronal (atual Geap - Autogestão em Saúde) e a Cassi, esquemas assistenciais de pré-
pagamento, surgido na década de 1940 e ainda hoje existente sob a denominação de planos
de saúde por autogestão (BAPTISTA, 2005; MARTINS, 2005; MENICUCCI, 2007;
SESTELO; BAHIA, 2014).
O fato de instituições e empresas do setor público e privado implantarem
esquemas assistenciais médico-hospitalares para seus servidores culminou com a origem da
assistência supletiva à saúde no Brasil.
O IAPI, que posteriormente deu origem à Geap, tardiamente começou a
incorporar a assistência médica entre seus benefícios, pois era pouco pressionado por uma
categoria ainda frágil politicamente, dado o incipiente desenvolvimento da industrialização
no Brasil até então. No entanto, foi percussor de uma prática desenvolvida entre órgãos
públicos desde a década de 40: a destinação de recursos de seu orçamento para garantir uma
assistência diferenciada para seu quadro de funcionários, justificada pela insuficiente
capacidade instalada dos serviços próprios para o atendimento das demandas e a opção por
um atendimento diferenciado (BAHIA, 2005; MENICUCCI, 2007).
Os regulamentos dos IAPs permitiam que a assistência médica e hospitalar
pudesse ser prestada diretamente ou mediante outras entidades oficiais ou particulares.
Assim, os prestadores privados, por meio da prática liberal da medicina e dos serviços
médicos das empresas empregadoras, complementavam os serviços próprios ou constituíam
a rede assistencial dos IAPs, o que potencializou a construção e as reformas de ampliação
de hospitais particulares, nas décadas de 1950 e 1960, e a inserção dos médicos no mercado
de trabalho (BAHIA, 2005).
Em decorrência da aceleração do crescimento das indústrias no Brasil, o polo da
economia, antes voltado para a agricultura, migrou para os grandes centros urbanos,
35

resultando em um aumento da massa operária e, consequentemente, na expansão


progressiva e acelerada dos serviços de saúde para o atendimento desses trabalhadores,
instaurando a prática de convênios-empresa. O cenário do cuidado passa a ser de grandes
hospitais, com tecnologias tidas como de ponta na época e com a inclusão da lógica de
especialização dos recursos humanos (MATTA, 2007).
Posteriormente, no governo de Juscelino Kubitscheck, caracterizado como
nacional-desenvolvimentista, por meio de uma política econômica com ligação entre o
Estado, a empresa nacional e o capital estrangeiro, a saúde pública obtém modestas
conquistas, enquanto os IAPS fortalecem o modelo de assistência médica curativa aos seus
segurados, na perspectiva de manutenção da força de trabalho saudável para a produção.
Nesse período, algumas empresas insatisfeitas com a atuação dos Institutos começaram a
contratar serviços médicos particulares, que se constituíram ao longo dos anos nas empresas
médicas, ou medicina de grupo, ampliando o modelo médico- assistencial privatista
hegemônico até os anos 80 (LUZ; 1995; AGUIAR, 2011).
Em 26 de agosto de 1960, foi assinada a Lei nº 3807, mais conhecida como
LOPS. Esta Lei uniformizava as normas da previdência para além das categorias
profissionais, estabelecendo para todos os institutos o mesmo plano de prestações, a mesma
forma de custeio, a mesma estrutura administrativa. No entanto, não padronizava o sist ema,
pois não extinguia os IAPs (GURGEL, 2007).
A supracitada Lei possibilitou aos Institutos firmarem convênios para o
atendimento dos segurados, nas localidades onde não houvesse conveniência na
manutenção dos serviços de assistência médica, tornando-se compradores de serviços
privados, com continuidade no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS),
legitimando uma prática já existente. Essas medidas transformaram a Previdência Social no
maior comprador de serviços médicos do país (BAHIA, 1999; MARTINS, 2005;
MENICUCCI, 2007).
Mesmo com a LOPS, com a uniformização de benefícios previdenciários e de
saúde, a fragmentação na assistência não foi resolvida. A assistência continuou
condicionada às disponibilidades financeiras, pois não foi definida uma fon te específica de
financiamento (MENICUCCI, 2007).
O Regime Militar instituído em 1964 conserva, em princípio, a estrutura da
Previdência Social da era Vargas. Posteriormente, no bojo das transformações que estavam
ocorrendo, houve também a reforma da previdência, em 1965. No ano posterior, ocorreram
36

a unificação dos IAPS e a criação do INPS, com o intuito de centralizar e eliminar a gestão
tripartite das instituições previdenciárias.
A unificação foi legalizada por meio do Decreto-Lei nº 72, de 21 de novembro
de 1966, no qual os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões Existentes dos Marítimos
(IAPM); dos Bancários (IAPB); dos Comerciários (IAPC); dos Empregados de Transportes
e Cargas (Iaptec); e dos Institutos de Aposentadorias e Pensões dos Industriais (Iapis) foram
reunidos no INPS, cujo objetivo era a constituição de um plano único de custeio e
benefícios. A unificação dos Institutos naquele momento culminou na centralização do
poder dos IAPs e no afastamento dos trabalhadores das decisões a serem tomadas, minando
as bases do sindicalismo (GOMES, 2002; MARTINS, 2005; MATTA, 2007; UNIDAS
AUTOGESTÃO EM SAÚDE, 2013).
A uniformização dos regimes abriu caminho para a unificação institucional,
mesmo com a oposição de categorias profissionais mais ricas que prestavam uma boa
assistência aos seus filiados. Esse descontentamento deveu-se, em grande parte, ao fato de
a unificação ter sido feita “por cima” da contribuição dos beneficiados, sendo que os
segurados que pagavam de 3 a 8% dos seus salários aos institutos, com a unificação,
passaram a contribuir com 8%, sem a melhora na assistência (MATTA, 2007).
Ao longo dos anos, outros benefícios e outros segmentos de trabalhadores foram
incorporados. Em 1967, o seguro de acidente de trabalho foi estatizado e passou a integrar
o elenco de benefícios previdenciários. Em 1971, o Programa de Assistência ao Trabalhador
Rural (Prorural) e o Fundo da Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) estabelecem as
bases para que os trabalhadores rurais passassem a receber benefícios previdenciários.
Posteriormente, a partir de 1972 e 1973, por meio de contribuições pagas diretamente ao
INPS, os empregados domésticos e trabalhadores autônomos puderam se vincular à
Previdência Social. O restante da população não inclusa no Regime Previdência Social
poderia obter atendimento à saúde em centros e postos de saúde, hospitais estaduais,
municipais e alguns poucos estabelecimentos federais universitários ou não e em
instituições filantrópicas (BAHIA, 2012).
Nesse contexto, as modificações no processo decisório, mediante pressões no
interior da previdência, implicaram na substituição do clientelismo populista anterior por
uma aparente gestão tecnocrática, supostamente imune a pressões, mas de fato aberta aos
interesses empresariais do setor de saúde (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986; MENICUCCI,
2007). A opção governamental se faz em um cenário com presença de atores e interesses
37

setoriais com capacidade diferenciada de pressão, que eram: os proprietários de hospitais e


clínicas credenciadas pelo INPS ou aspirantes a credenciamento; os empresários de grandes
companhias, interessados em ampliar a assistência à saúde de seus empregados de forma
direta ou subsidiada pelo Poder Público; e os proprietários de empresas de medicina de
grupo, voltadas para prestação de serviços médicos para outras empresas (MENICUCCI,
2007).
Com a expansão dos serviços médicos e assistência privada, formam-se
entidades representativas dos hospitais e medicina de grupo que passam a pressionar por
recursos públicos e por medidas que atendessem aos seus interesses, como: Federação
Brasileira de Hospitais Credenciados pela Previdência Social, que se transformou
posteriormente na Federação Brasileira de Hospitais (FBH), e a Associação Brasileira de
Medicina de Grupo (Abramge) (MENICUCCI, 2007).
A participação de atores representantes dos interesses privados na saúde ocorreu
de forma acentuada na esfera pública, por meio de pressões perante os ministros (via formal)
e, ainda, pela distribuição de seus representantes em pontos estratégicos da administração
previdenciária e outros cargos responsáveis pelo desenvolvimento da política de saúde no
país. Caracterizando-se em uma articulação de interesse entre a burocracia pública e a
privada durante o governo militar, sendo conhecida pela expressão “anéis burocráticos”
(CARDOSO, 1979; MENICUCCI, 2007).
Ao absorver um número cada vez maior de assalariados como contribuintes
compulsórios, o INPS passou a mobilizar um volume crescente de recursos, aumentando
progressivamente a participação da assistência médica no conjunto de despesas. No entanto,
observou-se uma superlotação de hospitais, ocasionando filas, demora nos atendimentos,
dentre outros problemas, ocasionando na insatisfação geral dos assegurados (MATTA,
2007; MENICUCCI, 2007).
Com o intuito de reorganizar a Previdência Social e a extensão de ações para
toda a população, buscando a coesão social em meio aos sinais de esgotamento do modelo
econômico e político, foi instituído pelo Regime Militar, em 1977, o Sistema Nacional de
Previdência e Assistência Social (Sinpas), constituindo-se apenas na reformulação
administrativa das entidades de atribuições ligadas à previdência e assistência social,
passando a funcionar de forma sistêmica, sem alteração de direitos e deveres dos
beneficiários e contribuintes da previdência e assistência social ou nos encargos
38

administrativos e financeiros da União e das referidas entidades (LEITE, 1978;


BERTOLOZZI; GRECCO, 1996; BAHIA, 2012).
As duas entidades: INPS e o Funrural concediam benefícios e prestavam
assistência médica e outros serviços às respectivas clientelas. No INPS, os trabalhadores
urbanos e seus dependentes; no Funrural, os trabalhadores e empregadores rurais e seus
dependentes. O Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (Ipase)
também prestava assistência médica aos funcionários públicos federais e seus dependentes
e pagava a estes benefícios em dinheiro, mas não possuía um grande porte como as duas
entidades supracitadas (LEITE, 1978).
Antes do SINPAS, existiam sete entidades filiadas ao Ministério da Previdência
e Assistência Social (MPAS): INPS, Funrural, Ipase, Fundação Legislativa Brasileira de
Assistência (LBA), Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor (Funabem), Central de
Medicamentos (Ceme) e a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
(Dataprev).
Com o Sinpas, cada entidade se encarregava de uma única prestação para todas
as clientelas, ou seja, todas as pessoas que faziam jus a ela; e, ao mesmo tempo, reuniu a
receita das várias entidades no Fundo de Previdência e Assistência Social (FPAS) de
natureza contábil e financeira, dirigido por um colegiado composto pelos presidentes das
entidades, sob a presidência do Ministro da Previdência e Assistência Social (LEITE, 1978;
BERTOLOZZI; GRECCO, 1996).
Por meio da Lei nº 6.439, que instituiu o Sinpas, foram extintas duas das
existentes: o Funrural e o Ipase. E criadas duas entidades: o Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) e o Instituto de Assistência Financeira
da Previdência e Assistência Social (IAPAS). Foram retirados também encargos de
assistência médica e arrecadação de contribuições e transferidos para ele os pagamentos em
dinheiro, antes a cargo do Funrural e Ipase (ESCOREL; TEIXEIRA, 2008).
O INAMPS teve ao seu cargo a prestação de assistência médica aos
trabalhadores urbanos, aos trabalhadores e empregados rurais e aos funcionários públicos
estatutários, bem como aos seus dependentes. Em decorrência, o sistema fica mais oneroso
e o Estado promove uma retirada do financiamento e, consequentemente, vai se
configurando um sistema de assistência à saúde nas empresas, no qual muitas empresas
assumiram a responsabilidade de oferecer a assistência médica, principalmente a
ambulatorial, aos seus empregados. Sem serviços próprios estruturados, algumas
39

contrataram planos de saúde privados, outras investiram na montagem de uma estrutura


própria (BERTOLOZZI; GRECCO, 1996; UNIDAS AUTOGESTÃO EM SAÚDE, 2013).
Para os trabalhadores inseridos nos ramos menos dinâmicos da economia, nas
regiões mais pobres ou no interior do país, destinava-se a assistência pública previdenciária.
Por outro lado, aqueles inseridos em grandes empresas e nas grandes cidades da região
Sudeste passaram a ser cobertos pela assistência empresarial, com ou sem a participação da
Previdência Social, diretamente administrada pela empresa empregadora ou por empresas
ou cooperativas médicas (MENICUCCI, 2007).
Observa-se o Estado financiando os serviços privados, que foram impulsionados
por recursos públicos, por meio da Previdência Social, com ausências de critérios para
compra de serviços de instituições hospitalares privadas, facilitando a corrupção e a compra
de equipamentos de alto custo (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986; ESCOREL; TEIXEIRA,
2008; COTTA et al., 2013).
A política de saúde estabelecida nesse período resultou no baixo
desenvolvimento das capacidades estatais para a produção de saúde compatíveis com o
processo de ampliação crescente da cobertura pública e a consequente dependência
governamental do setor privado, o que tornará o setor público vulnerável às pressões
privadas, prejudicando sua capacidade regulatória, sob forte penetração do capital privado
na burocracia previdenciária, resultando na privatização dos serviços e na expansão de
empresas de planos de saúde (BAHIA, 2005; MENICUCCI, 2007).
Diante de um período de crises no setor, inicia-se uma discussão do modelo de
assistência à saúde até então vigente no país (baseado na medicina de cunho assistencialista,
curativa e individual), realizada por profissionais de saúde, intelectuais, pesquisadores,
representantes da sociedade civil organizada. Denominado Movimento de Reforma
Sanitária, visava à melhoria das condições de vida e de atenção à saúde da população
brasileira e ao exercício do direito pleno de cidadania, buscando uma transformação no setor
de saúde no Brasil (BAPTISTA, 2005; ESCOREL; TEIXEIRA, 2008; COTTA et al., 2013).
Em 1988, foi promulgada a Constituição Cidadã, na qual a Previdência Social
está inserida em um sistema de proteção social mais amplo, juntamente com políticas de
saúde e assistência social, compondo o sistema de seguridade social. Foi aprovado o SUS,
que incorporou a maioria das propostas do movimento da Reforma Sanitária apresentadas
por emenda popular e acompanhada da participação dos segmentos interessados. Além de
estabelecer a atribuição do Estado de assegurar o direito à saúde dos cidadãos pela criação
40

de um sistema nacional público de saúde, garantiu o setor de assistência médico-hospitalar,


permitindo a oferta de serviços de assistência à saúde pela iniciativa privada, sob o controle
do Estado (DELGADO, 2001; CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE,
2007; NOLASCO, 2012).
No entanto, o SUS foi criado em um período de grande instabilidade econômica,
altas taxas de inflação e influências da conjuntura internacional neoliberal, o que, somado
ao recuo dos movimentos sociais, resultou em sérias dificuldades para a regulamentação e
implementação dos seus princípios e diretrizes (PAIM, 2003; AGUIAR, 2011).
O contexto brasileiro nos mostra que diferentemente dos países europeus, o setor
privado de saúde antecede historicamente a formulação do SUS. Ao longo da história,
diversos arranjos de financiamento e provisão dos serviços de saúde foram propostos para
contemplar o sistema público e privado, plantando as bases para um sistema de saúde
extremamente fragmentado (DELGADO, 2001; GERSCHMAN, 2008).
O processo de implementação de um sistema de saúde público e universal
brasileiro se deu de forma tardia, numa conjuntura internacional adversa, tanto no que se
refere ao papel do Estado na provisão de benefícios sociais universais, resultante de direitos
de cidadania social, como nas políticas econômicas baseadas no desenvolvimento nacional,
estas substituídas pela globalização econômica, por tendências neoliberais de liberalização
do mercado (DELGADO, 2001; GERSCHMAN, 2008).
A partir do final dos anos 80, a entrada das seguradoras no mercado dos planos
de saúde e a divulgação de casos de negação de atendimento a pessoas cobertas pelos
esquemas privados, contextualizados pelas mudanças estruturais no mercado de trabalho,
imprimiram uma reorganização das demandas e a oferta da assistência médica suplementar.
A expansão da parcela coberta por planos individuais, constituída pelos segmentos de mai or
renda, mas com vínculos menos formalizados com o mercado de trabalho, os conflitos com
as empresas de plano de saúde e os prestadores de serviços e a presença das seguradoras no
subsegmento não comercial privado de planos de saúde (os planos de autogest ão)
conferiram intensa visibilidade e importância econômica do setor (BAHIA et al., 2002).
Observou-se um crescimento do número de beneficiários de planos de saúde
suplementar e a diminuição de cobertura atribuída às dificuldades do setor público, como:
perda da extensão universal à saúde, as dificuldades no acesso, a falta de avaliação e
controle adequados dos serviços de saúde, aliados à carência de financiamento e à utilização
41

privada dos recursos públicos, favorecendo indiretamente o setor privado (CUNHA, 2007;
GERSCHMAN, 2008).
A expansão das coberturas por planos e seguros de saúde, durante o final da
década de 1980 e na primeira metade da década posterior, coincidiu com a transição
epidemiológica e demográfica e também com o subfinanciamento da saúde pública e a
intensificação de problemas assistenciais, aliados a investimentos de grupos econômicos
não oriundos da área de saúde (BAHIA; SCHEFFER, 2008; RODRIGUES; SANTOS,
2011).
Nessa nova conjuntura, observou-se um aumento de clientes de planos de saúde,
tanto individuais como familiares, e a entrada no mercado de uma parcela da população
vinda da classe média, antes adepta ao pagamento direto de consultas, exames e internações
particulares.
Ademais, vale destacar que o movimento sindical incorporou em suas
negociações coletivas a demanda por melhoria da assistência médico-hospitalar, por meio
de planos e seguros privados de saúde contratados pelas empresas, o que ocasionou a
expansão de planos de saúde coletivos, tanto para empregados do setor privado, quanto para
o funcionalismo público, principalmente na esfera federal (PINA; CASTRO; ANDREAZZI,
2006).
Nesse sentido, ressalta-se que a própria gênese da cultura associativa sindical
brasileira está relacionada à opção das organizações sindicais por planos privados de saúde,
influenciada por uma “cultura de diferenciação”, ocasionando uma resistência destes à
universalização (COSTA, 1995).
Apesar do crescimento da cobertura por planos e seguros de saúde nessa época,
ocorreram casos de negação de coberturas a grupos específicos, como: pacientes com vírus
da imunodeficiência humana (HIV) positivos e gestantes de risco e denúncias de entidades
médicas relacionadas à interferência das empresas de planos e seguros de saúde na
autonomia profissional, aliadas à reação de alguns governos estaduais, que formularam
normas para controle do fluxo de pacientes privados aos estabelecimentos públicos através
do ressarcimento ao SUS, o que delineou uma coalisão representada por diferentes atores e
interesses em prol da necessidade de regulamentação das empresas de planos e seguros de
saúde (ALBUQUERQUE et al., 2008; BAHIA; SCHEFFER, 2008).
Desde os meados da década de 1980, grande parte dos países da América Latina
vinha experimentando mudanças de cunho político, social e econômico, que favoreceram
42

diretamente transformações no campo dos serviços de saúde, em particular o aumento do


setor privado. A dificuldade de acesso e a baixa qualidade do sistema de saúde brasileiro
foram apontadas como fatores determinantes do crescimento dessa modalidade na década
posterior (MÉDICE, 1991; CUNHA, 2007).
Nesse contexto, sob a influência do modelo neoliberal, já existia uma demanda
por atenção privada organizada, devido a alguns movimentos anteriores, como: políticas
prévias indutoras da terceirização da atenção à saúde, por meio do pré-pagamento e compra
de serviços a prestadores privados; benefícios adicionais para a classe trabalhadora, como
saúde e previdência privada fornecidos por grandes empresas estatais e não estatais; custos
crescentes da atenção médica privada e subfinanciamento para saúde pública, aliada a
subsídios fiscais (ANDREAZZI; KORNIS, 2003).
A Constituição Federal de 1988 definiu a saúde como direito de todos e dever
do Estado; atribuiu relevância pública às políticas, ações e serviços de saúde; estabeleceu
os princípios de universalidade, equidade e ainda reconheceu a livre atuação da iniciativa
privada na saúde. Porém, somente após dez anos foi promulgada a Lei 9.656/98, em que os
planos e seguros de saúde privados passaram a ser regulados pelo Estado.
Esta regulação do setor suplementar possui como marcos legais a Lei 9.656/98,
que dispõe sobre a regulamentação das empresas e planos de saúde, e a Lei 9.9601/00, que
criou a ANS como órgão do Ministério da Saúde responsável pela sua regulamentação. A
sua criação representou o início do estabelecimento de uma jurisprudência reguladora das
operadoras de planos privados de assistência médica. Entretanto, permanecem lacunas no
processo regulatório que ainda precisam ser aperfeiçoadas, como: relação público-privada
e a autossuficiência do setor, efetividade e ressarcimento ao SUS, renúncia fiscal, modelo
de atenção à saúde, dentre outras (COSTA et al., 2002; PINTO; SORANZ, 2004; SANTOS,
2006).
A Lei 9.658 inseriu inovações consideradas positivas, porém insuficientes, com
a definição de padrões mínimos de cobertura e estabelecimento de critérios para entrada,
funcionamento e saída de empresas no setor. Também transferiu para o Poder Executivo a
responsabilidade pela regulação e fiscalização das empresas de planos e seguros de saúde,
tanto nos aspectos assistenciais, como naqueles ligados à atividade econômica (BRASIL,
1998b).
No entanto, o marco regulatório da Lei 9.656/98 não é o principal norteador das
decisões do Poder Judiciário. As especificidades dos contratos celebrados entre usuários e
43

empresas de planos e seguros de saúde interferem na qualificação das posições da justiça.


Não raro, o judiciário tem apontado as contradições entre as práticas restritivas da
assistência médica suplementar, o direito à saúde, assegurado pela Constituição e,
principalmente, as garantias contidas no Código de Defesa do Consumidor e no Código
Civil (SCHEFFER, 2006).
A magnitude do mercado da assistência médica suplementar no Brasil é
evidenciada pelos dados oficiais de que 50,8 milhões de pessoas – aproximadamente 25%
da população – são clientes de planos e seguros de saúde privados. As receitas de
contraprestações representaram em 2014 um faturamento de 124,5 bilhões de reais,
conforme informações fornecidas pelas 873 empresas que atuam nesse setor marcado pela
concentração, tanto econômico-empresarial (14 empresas detêm 42% do mercado), quanto
geográfica (70% dos usuários estão na região Sudeste). Tais características expõem tensões
e descompassos entre os princípios que deveriam nortear a conformação do sistema
universal de saúde brasileiro e o desenvolvimento empresarial que gerou um subsistema
heterogêneo e fragmentado, do que se convencionou chamar de “saúde suplementar”
(AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR, 2015).
No mercado de planos de saúde atuam organizações e empresas construídas em
contextos históricos e socioeconômicos distintos, com diversidade jurídico-institucional e
com variações na oferta de produtos, na contratação e na organização da rede prestadora de
serviços e no angariamento de clientela.
As empresas de planos de saúde podem ser classificadas nas seguintes
modalidades (quadro 2):

AUTOGESTÃO: empresa que opera planos de assistência à saúde, sem fins lucrativos. Destina-se a
empregados ativos, aposentados, pensionistas, associados e seus dependentes, participantes de empresas,
associações, sindicatos, fundações, caixas de assistência ou entidades de classes profissionais. Podem ser
patrocinadas ou não pelo empregador. Variam conforme a natureza jurídico-institucional da instituição
responsável pela gestão do plano: podem ser entidades paralelas (caixas de assistência, entidades de
previdência fechada, sindicatos e associações) e podem ser gerenciadas pelos departamentos de benefícios ou
de recursos humanos das empresas patrocinadas.
COOPERATIVA MÉDICA: sociedade sem fim lucrativo, conforme o dispositivo da Lei nº 5.764, de 16 de
setembro de 1971. Nessa modalidade, os médicos devem exercer de forma simultânea o papel de sócios e de
44

prestadores de serviços, recebendo pagamento tanto pela sua produção individual como mediante a divisão de lucro
obtido pela cooperativa.
COOPERATIVA ODONTOLÓGICA: sociedade sem fins lucrativos, conforme o dispositivo da Lei n º 5. 764,
de 16 de dezembro de 1971, que opera, exclusivamente, planos odontológicos.
FILANTROPIA: os planos de assistência à saúde são comercializados por entidades sem fins lucrativos, geralmente
Santas Casas, que oferecem planos privados de assistência à saúde. O status de filantropia refere-se à mantenedora
do plano. A sua certificação é concedida pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e declarações de
utilidade pública estadual e municipal, conferidas pelos órgãos dos governos municipais e estaduais.

SEGURADORA ESPECIALIZADA EM SAÚDE: são empresas lucrativas, nacionais ou internacionais,


constituídas a partir do capital nacional e/ou estrangeiro, vinculadas ou não a bancos. Nessa modalidade há a
intermediação financeira de uma entidade seguradora, que cobre ou reembolsa gastos com assistência médica ao
prestador ou segurado, de acordo com condições contratuais.
MEDICINA DE GRUPO: são tipicamente empresas privadas lucrativas. Boa parte dessas empresas contrata
serviços médicos de terceiros ou credencia médicos, hospitais e serviço de diagnóstico e terapêutica.
ODONTOLOGIA DE GRUPO: demais empresas ou entidades que operam, exclusivamente, planos
odontológicos.

Quadro 2 - Modalidades de planos de saúde no Brasil


Fontes: Bahia e Scheffer (2010) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (2015)

As entidades de autogestão possuem 5,5 milhões de clientes, detendo 11% do total


de clientes de planos e seguros de saúde privados do Brasil. Observa-se um crescimento, entre
os anos de 2011-2014, do número de clientes de empresas de Medicina de Grupo, Cooperativa
Médica e Seguradora Especializada em Saúde. No entanto, no ano de 2015 o número de clientes
se estabilizou (gráfico 4). Em relação à modalidade de Autogestão, observa-se uma estabilidade
do número de clientes nos anos estudados (gráfico 5).
45

25

19,0 19,2 Autogestão


20 17,7 18,2
17,1
Número de beneficiários (milhões)

15 16,2 16,5 16,8 17,0 17,1 Cooperativa Médica

10 Filantropia
6,9 7,4 7,2
5,7 6,3

5 Medicina de Grupo
5,4 5,4 5,4 5,5 5,5
1,4 1,4 1,4 1,1 1,1
0 Seguradora Especializada em
2011 2012 2013 2014 2015 Saúde

Ano

Gráfico 4 - Média de clientes de planos de assistência médica por modalidade da operadora


(Brasil - 2011-2015)
Fontes: Agência Nacional de Saúde Suplementar (2015)

6 5,5 5,4 5,4 5,5 5,5 5,5 5,5 5,4 5,4 5,4 5,4 5,5 5,5 5,6 5,5 5,5 5,5 5,5 5,4
Milhões

0
dez/11

dez/12

dez/13

dez/14

dez/15
jun/11

mar/12

jun/12

mar/13

jun/13

mar/14

jun/14

mar/15

jun/15
set/13
set/11

set/12

set/14

set/15

Competência

Gráfico 5 - Clientes de planos de assistência médica na modalidade Autogestão (Brasil -


junho/2011- dezembro/2015)
Fontes: Agência Nacional de Saúde Suplementar (2015)

No âmbito da Administração Federal, encontram-se reconhecidas como


entidades fechadas de autogestão a Geap - Autogestão em Saúde, a Caixa de Previdência e
Assistência dos Servidores da Fundação Nacional de Saúde (Capesep), que atende os
servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o Plano de Assistência dos Servidores
da FIOCRUZ (FioSaúde), que atende os servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
46

a Cassi, que atende os empregados do Banco do Brasil, a Fundação Assistencial dos


Servidores do Ministério da Fazenda (Assefaz), que atende os servidores do Ministério da
Fazenda, entre inúmeras outras no âmbito de empresas públicas, sociedades de economia
mista, fundações e autarquias dos três níveis de Governo (ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DOS AUDITORES-FISCAIS DA RECEITA FEDERAL, 2013).
Nesse contexto, a promulgação de um conjunto de normas e a institucionalização
de benefícios públicos para a aquisição de planos privados de saúde conferiram um outro
status ao atendimento dos servidores públicos. O subsídio à assistência médica-hospitalar
privada a estes servidores e seus dependentes, efetivada mediante o uso de recursos públicos, é
um contrassenso constitucional. A iniquidade também é evidente no caso do abatimento do
imposto da renda bruta, das despesas com a saúde, incentivando indiretamente a crescente
aquisição de planos privados de saúde (VIANNA, 2005; ANDREAZZI; SICSÚ; HOLGUIN,
2008; GADELHA, 2013).
A Geap - Autogestão em Saúde, nova denominação, desde 2014, da Geap
Fundação de Seguridade Social, é uma fundação com personalidade jurídica de direito
privado, sem fins lucrativos, qualificada juridicamente como operadora de plano de saúde,
na modalidade de autogestão multipatrocinada (o custeio dos planos de saúde é viabilizado
por contribuições dos beneficiários ligados a vários órgãos contratantes), com autonomia
patrimonial, administrativa e financeira (GEAP AUTOGESTÃO EM SAÚDE, 2014).
Constitui-se atualmente como a segunda maior organização de autogestão do
Brasil, com mais de 600.000 clientes. Trata-se de uma organização que prevê assistência à
saúde para servidores e empregados públicos federais dos Ministérios, Autarquias e
Fundações Públicas (entre outros órgãos) (GEAP SAÚDE, 2014).
A Cassi possui natureza jurídica de pessoa jurídica de direito privado,
constituída na forma de associação. Trata-se da maior empresa na modalidade de autogestão
em saúde do país, com 717.354 clientes. Destina-se a prover assistência à saúde,
exclusivamente, aos empregados ativos, aposentados, pensionistas ou ex-empregados, bem
como a seus respectivos grupos familiares definidos. Tem o Banco do Brasil como seu
patrocinador (CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO
BRASIL, 2007; AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR, 2013).
As empresas supracitadas possuem estruturas e modelos próprios para o
funcionalismo público, estando ligadas ao histórico da Previdência Social no país. A
segmentação e a fragmentação se preservaram, embora mudanças institucionais na natureza
jurídica e de financiamento tenham ocorrido.
47

Com o crescimento de planos e seguros de saúde, especialmente no final dos anos


80, uma parte destes esquemas assistenciais passaram a ser denominados de autogestão
(BAHIA; SCHEFFER, 2010). O termo autogestão é polissêmico, mas a interpretação mais
abrangente refere-se tanto a esquemas assistenciais organizados por órgão/empresa contratante,
tanto quanto por entidades de representação ou constituídas especialmente para organizações
sem esquemas assistenciais, para trabalhadores de uma determinada organização ou empresa.
Entretanto, a expressão autogestão pode se referir aos institutos estaduais, municipais, serviço
militar, como às organizações que se tornaram privadas ao longo do tempo, como a Geap, e que
são completamente diferentes entre si.
Esse mesmo rótulo que designa modelos organizacionais de financiamento
completamente distintos se consolida mediante a presunção de que órgãos públicos, instituições
públicas, são equivalentes às empresas privadas/ou pela equivalência, por exemplo: é frequente
dizer que a Wolkswagen tem um plano de autogestão, e a natureza é distinta (origens
institucionais são distintas).
Assim, a configuração do sistema de saúde brasileiro é plural no que se refere às
instituições que o compõem, suas fontes de financiamento e as modalidades de atenção à saúde.
Destacam-se esquemas assistenciais, a saber: a) o Sistema Único de Saúde (SUS), universal,
com acesso gratuito no ato do uso e financiado exclusivamente com recursos públicos; b) os
planos e seguros privados de saúde, de vinculação eletiva, financiado com recursos das famílias
e/ou empregadores; c) o segmento de atenção aos servidores públicos civis e militares e seus
dependentes, patrocinados com recursos públicos e dos próprios beneficiários, em geral
atendidos na rede privada; d) os clientes autônomos, de acesso direto mediante pagamento no
ato do atendimento (BAHIA et al., 2002).
Estudos de revisão sobre a produção internacional (KIIL, 2012) e nacional
(SESTELO; SOUZA; BAHIA, 2013), contemplando o Estado da Arte sobre Saúde
Suplementar, sinalizam lacunas de estudos de assistência médica suplementar – planos e
seguros de saúde por categoriais profissionais específicas. A relevância da pesquisa é dada pela
magnitude e pelos enclaves técnicos e políticos envolvidos na assistência suplementar para
servidores públicos.
48

4.2 BENEFÍCIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS

A ausência de uma política de âmbito nacional de saúde para o servidor federal,


organizada em nível central, resultou na criação de serviços de saúde com recursos financeiros,
estruturas físicas, organizacionais e critérios periciais bem diferenciados pelos Ministérios e os
demais órgãos que compõem o Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal (Sipec).
Como exemplo dessa heterogenização, podem-se citar as distorções outrora existentes na
concessão de benefício relacionado à assistência médico-odontológica. Enquanto alguns órgãos
custeavam valores expressivos do benefício, outros não possuíam ações específicas na área de
saúde do servidor.
No intuito de sistematizar uma política de saúde para o servidor público, em 2003
foi criada a Coordenação Geral de Seguridade Social e Benefícios do Servidor, da Secretaria
de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, tendo como
objetivos: a superação das distorções existentes entre os diversos órgãos do Sipec, a
implementação de uma política de atenção à saúde baseada na equidade e na universalidade e
a construção de uma política transversal com diferentes órgãos da Administração Pública
Federal, com diretrizes centrais de natureza normatizadora, mas com a sua implantação
desconcentrada e coletivizada, por meio da gestão participativa. Um dos marcos reguladores da
Política de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal é o Decreto nº 6.833, de 29 de abril
de 2009, publicado no Diário Oficial da União (DOU) de 30 abril de 2009, regulamentando o
Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS), com o objetivo de coordenar e
integrar ações e programas nas áreas de assistência à saúde, perícia oficial, promoção,
prevenção e acompanhamento da saúde dos servidores da administração direta, autárquica e
funcional.
O Subsistema Integrado de Atenção Integral de Atenção à Saúde do Servidor
(Siass) consiste em uma série de estratégias com o objetivo de formulação e implementação da
Política de Atenção à Saúde e Segurança do Servidor (Pass), que vem se estruturando com um
consolidado normativo. Sua organização se organiza por meio de três eixos norteadores:
Promoção e Vigilância em Saúde e Segurança do Trabalho, Perícia Oficial em Saúde e
Assistência Suplementar à Saúde do Servidor (ANDRADE; MARTINS; MACHADO, 2012).
Nessa via, por meio do Siass, vêm ocorrendo a extensão e a tentativa de
padronização de coberturas de planos e seguros privados de saúde para os funcionários públicos
da esfera federal. Tais disposições colidem com os enunciados da Constituição de 1988 e
anunciam, desde o próprio governo federal, a formalização da segmentação do sistema de saúde
49

brasileiro, uma vez que os processos de construção dos sistemas universais de saúde pautaram-
se pela não discriminação de coberturas para os servidores públicos. Além de fragmentar as
ações de assistência, separando-as de outras ações, o benefício de Saúde Suplementar prescreve
a cobertura mínima de procedimentos estabelecidos pela ANS.
Apesar de a Constituição Federal ter estabelecido o Sistema Único de Saúde como
a primeira opção de assistência à saúde para os servidores públicos federais, o Governo Federal
optou por conceder benefício financeiro para custeio parcial de planos e seguros de saúde com
empresas de autogestão, por meio de convênios, ou com a iniciativa privada, por meio de
contratos (SARMENTO; PRAZERES, 2010).
Dessa forma, o servidor que comprova ser portador de plano de saúde recebe
mensalmente um auxílio-saúde de caráter indenizatório, geralmente especificado no
contracheque como “Per Capita Saúde Suplementar”, sendo que os custos adicionais com os
planos de saúde são de responsabilidade exclusiva do servidor.
De acordo com o Ministério do Planejamento, por meio da Portaria Normativa
SRH/MP nº 5, de 11 de outubro de 2010, o auxílio-saúde, também conhecido como assistência
à saúde suplementar ou ressarcimento, será pago aos servidores que possuem planos privados
de saúde, ou seja, sem a comprovação documental de adesão e pagamento do plano de saúde o
servidor não fará jus ao auxílio mencionado. No entanto, existem três formas de comprovação
de pagamento do plano de saúde: débito automático em conta corrente, autogestão e
comprovação documental de pagamento (SILVA, 2016).
No caso de débito automático em conta corrente, a empresa de plano de saúde
conveniada envia, mensalmente, um relatório financeiro ao setor de recursos humanos das
instituições públicas, elencando os nomes de servidores que efetuam os pagamentos dos
respectivos planos.
Na autogestão, o Ministério do Planejamento autoriza a empresa conveniada a
gerenciar a cobrança de plano de saúde por meio de consignação, em folha de pagamento. Nesse
formato de cobrança, uma empresa particular passa a ter acesso ao contracheque do servidor
federal para realizar o desconto em folha, referente ao plano de saúde. Essa modalidade de
cobrança, praticada, por exemplo, pela Geap - Autogestão em Saúde, não exige comprovação
de pagamento no setor de recursos humanos.
No caso da comprovação documental de pagamento, legalmente só haverá
ressarcimento/ auxílio-saúde após a confirmação de pagamento, portanto, os servidores deverão
apresentar os boletos e os comprovantes de pagamento de qualquer empresa de planos de saúde
50

credenciada pela ANS, impreterivelmente, até o 5º dia útil de cada mês, no setor de recursos
humanos. Caso contrário, o auxílio-saúde não será lançado (BRASIL, 2010).
Nesse sentido, o servidor tem direito à assistência à saúde, por meio do acesso direto
ao SUS, através de serviços prestados diretamente pelo órgão ou entidade ao qual está vinculado
(com uma unidade de saúde própria, na maioria dos órgãos públicos), ou por meio de um
convênio (autogestão) ou contrato com planos ou seguros privados de assistência à saúde; ou
ainda pelo ressarcimento, com teto estipulado, ao servidor que opta por plano de saúde
particular, combinando direitos exclusivos com universais (BRANDÃO, 2007; BAHIA;
SCHEFFER, 2010). Assim, o cenário no qual se inscreve a atual política pública de saúde para
servidores federais civis é complexo e multifacetado.
A lógica da privatização dos serviços de saúde é instalada no próprio seio da
administração pública, através da contratação de serviços prestados pela iniciativa privada e
concedendo benefícios (reembolsos e contrapartidas), constituindo-se num paradoxo, pois o
Estado é responsável pela execução de serviços públicos de saúde a toda a população
(BRANDÃO, 2007).
Além do benefício de saúde suplementar concedido ao servidor ativo, aposentado,
seus dependentes e pensionistas e benefícios previdenciários, o servidor público federal possui
auxílios e licenças, dentre eles: auxílio-natalidade, que visa assistir o servidor ou o cônjuge nos
casos de nascimento de filho, pela concessão do valor do menor salário da administração
pública (art. 196 da Lei nº 8.112/1990). No caso de morte do servidor, os dependentes têm
direito à percepção do auxílio-funeral (art. 226 da Lei nº 8.112/1990). Também aos dependentes
legais cabe o direito à pensão vitalícia ou temporária (arts. 215-216 da Lei nº 8.112/1990)
(BRASIL, 1990).
Para a família do servidor ativo que for preso, é possível acessar o auxílio-reclusão
que equivale a dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de prisão, em flagrante
ou preventiva, ou à metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude de condenação,
por sentença definitiva, considerando a pena que não determine a perda de cargo (art. 229 da
Lei 8112/1990) (BRASIL, 1990).
No caso dos servidores acometidos de doença, possuem direito à licença para
tratamento de saúde. Para isso, precisam ser submetidos à perícia médica para avaliação da
condição laborativa, bem como para a homologação da licença (art.202 da Lei nº 8112/1990)
(BRASIL, 1990).
As servidoras têm acesso à licença-gestante de 120 dias, ou 30 dias no caso de
aborto, ou bebê natimorto, sendo que em ambos os casos as servidoras devem passar por perícia
51

médica (art. 207 da Lei nº 8.112/1990). A servidora que adotar uma criança tem direito a receber
a licença-adotante, que, nos casos de crianças até um ano de idade, são 90 dias de licença
remunerada, e quando a criança tem mais de um ano de idade, são 30 dias (art. 207 da Lei nº
8.112/1990). O servidor tem direito à licença-paternidade de 20 dias consecutivos (Decreto nº
8.737, de 3 de maio de 2016) e a servidora, para amamentar o filho de até seis meses de idade,
tem direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada
em dois períodos de meia hora (arts. 212-213 da Lei nº 8.112/1990) (BRASIL, 1990, 2016).
O servidor tem direito à licença por acidente em serviço com remuneração integral,
podendo, caso necessite de tratamento especializado inexistente na rede pública, ser tratado em
instituições privadas à conta de recursos públicos (arts. 211-213 da Lei nº 8.112/1990)
(BRASIL, 1990).
Além dos serviços garantidos na Lei nº 8.112/1990, os servidores públicos têm
acesso a mais benefícios previstos em outras normativas, denominados de assistenciais, como:
auxílios-alimentação, transporte e o auxílio pré-escolar (BRANDÃO, 2007).

4.3 REGULAMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL


FEDERAL ATIVO, INATIVO, SEUS DEPENDENTES E PENSIONISTAS

A normalização do benefício de saúde suplementar ao servidor público teve início


com o Decreto nº 4.978, de 3 de fevereiro de 2004, alterado pelo Decreto presidencial nº 5.010,
de 09 de março de 2004, observando-se o disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
baseado na Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, e na Portaria Normativa nº 1, do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão/Secretaria de Recursos Humanos (SRH), de 27 de
dezembro de 2007, a qual estabelece orientações aos órgãos e entidades do Sipec.
Por meio do Decreto nº 4.978, de 3 de fevereiro de 2004, foi normalizado o
benefício de saúde suplementar, que regulamentou a Lei nº 11.302/2006. Esta Lei deu nova
redação ao Artigo 230, da Lei nº 8.112, de 1990, que trata do RJU dos Servidores Públicos
Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas e Federais. Antes desta alteração não
se previa a possibilidade de o órgão ou a entidade, ao qual o servidor está vinculado, estabelecer
convênio ou contrato, com planos ou seguros privados de assistência à saúde, tornando também
obrigatória às empresas de planos e seguros de saúde a cobertura mínima do rol de
procedimentos em saúde da ANS e a oferta de planos com cobertura e redes credenciadas
diferenciadas.
52

De acordo com o Artigo nº 10 da Portaria Normativa SRH/MP nº 5/2010, a


responsabilidade pelo custeio da assistência à saúde suplementar dos servidores e seus
dependentes é da Administração Pública Federal Direta, de suas autarquias e fundações, no
limite do valor estabelecido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, sendo
condicionado à disponibilidade orçamentária (BRASIL, 2010).
Os beneficiários são servidores ocupantes de cargos efetivos, os inativos, os cargos
comissionados ou de natureza especial e de emprego público, da Administração Pública Federal
Direta, suas autarquias e fundações e dependentes (cônjuge; filhos; enteados e menor sob
guarda, solteiros, até 21 (vinte e um) anos de idade, se inválidos, enquanto durara invalidez;
filhos e enteados, ou sob guarda, entre 21 (vinte e um) e 24 (vinte e quatro) anos de idade,
dependentes economicamente do servidor e estudantes de curso regular reconhecido pelo
Ministério da Educação) e os pensionistas de servidores de órgãos ou entidades do SIPEC.
O servidor poderá aderir a qualquer tempo, desde que cumpra os períodos de
carência estabelecidos no contrato ou convênio firmado (itens 2.4 e 2.5 do Termo de Referência
Básico da Portaria Normativa SRH/ MP nº 5/2010).Poderá também solicitar o ressarcimento do
benefício da assistência à saúde suplementar, desde que o plano contratado pelo servidor esteja
de acordo com o Termo de Referência Básico de Assistência à Saúde, anexo da referida Portaria
(art.26 da Portaria Normativa SRH/MP nº 5/2010) (BRASIL, 2010).
A Portaria Conjunta SRH/SOF/MP nº 1, de 29 de dezembro de 2009, regulamenta
os serviços de saúde suplementar de servidores, dependentes e pensionistas. De acordo com ela,
os serviços podem ser oferecidos diretamente pelo órgão público, por meio de convênio com
empresas de autogestão, por contratos feitos com licitação ou ainda recebendo um auxílio de
caráter indenizatório (BRASIL, 2009a). No entanto, quando o órgão público realiza licitação e
assina um contrato, o servidor não tem direito de pedir o auxílio.
Nesse contexto, o servidor público civil federal pode usufruir do benefício da
assistência à saúde de diversas formas: convênio com empresas de planos de saúde, organizadas
na modalidade de autogestão; contrato com empresas de plano de assistência à saúde, na forma
da Lei nº 8.666/93; serviço prestado diretamente pelo órgão ou entidade; ou auxílio de caráter
indenizatório, por meio de ressarcimento, quando não adotado pelo órgão ou entidade do SIPEC
o contrato, na forma da Lei nº 8.666/93 (art.2º da Portaria Normativa SRH nº 3/2009).
Atualmente, os valores per capita no custeio da assistência à saúde suplementar
estão entre R$ 101,56 e R$ 205,63, variando conforme a idade e a remuneração do servidor
(Portaria nº 8, de 13 de janeiro de 2016). Sendo que quanto mais elevada a faixa etária e menor
a renda, maior é a contrapartida da União. O benefício da saúde suplementar é regido pela
53

Portaria Normativa SRH nº 3, de 30 de junho de 2009, que estabelece orientações aos órgãos e
entidades do SIPEC sobre a assistência à saúde suplementar do servidor ativo, inativo, seus
dependentes e pensionistas (BRASIL, 2009b).
Embora o auxílio seja considerado o modelo de assistência mais conveniente, pois
permite a livre concorrência entre os planos e seguros de saúde, e a tabela socializante de acordo
com a remuneração e a idade seja uma avanço, os valores precisam de correção, visto que estão
defasados em comparação com as tabelas do Legislativo e Judiciário e estão aquém do real
valor de um plano e seguro de saúde com uma cobertura adequada, principalmente para os
servidores com faixa etária mais avançada.
Os servidores públicos federais podem receber atendimento através do auxílio
direto ou por meio da Geap - Autogestão em Saúde, fundação com personalidade jurídica de
direito privado, sem fins lucrativos, qualificada juridicamente como operadora de plano de
saúde, constituindo-se atualmente como a segunda maior organização de autogestão do Brasil,
com 533.965 clientes (GEAP AUGESTÃO EM SAÚDE, 2014).
As empresas estatais possuem seus planos de saúde próprios, como a Cassi, a maior
empresa de autogestão em saúde do Brasil, com mais de 720 mil clientes, e a Assistência
Multidisciplinar de Saúde (AMS), para empregados ativos na Petrobras, aposentados,
pensionistas e seus dependentes.
Apesar de decorridos 18 anos de vigência da legislação sobre a regulação dos planos
e seguros de saúde, ainda observam-se grandes conflitos entre as intenções da ANS, as empresas
de planos e seguros de saúde, os prestadores de serviços e seus consumidores. No quadro 3 são
compiladas as bases legas para regulamentação da assistência à saúde ao servidor público civil
federal ativo, inativo, seus dependentes e pensionistas.
54

Base Legal Objeto Descrição Sumária Disponível em


A assistência à saúde do servidor ativo ou inativo e
de sua família, de responsabilidade do Poder www.planalto.gov.br/ccivil_
Regulamenta o art. 230 da Lei nº 8.112, de 11 de
Decreto nº 4.978, de 3 de Executivo da União, de suas autarquias e fundações, 03/_ato2004-
dezembro de 1990, que dispõe sobre a assistência à
fevereiro de 2004 será prestada mediante convênios com entidades 2006/2004/decreto/d4978.ht
saúde do servidor, e dá outras providências
fechadas de autogestão, sem fins lucrativos, m
assegurando-se a gestão participativa ou contratos.
1º A assistência à saúde do servidor ativo ou inativo
e de sua família, de responsabilidade do Poder
www2.camara.leg.br/legin/f
Dá nova redação ao caput do art. 1º do Decreto nº Executivo da União, de suas autarquias e fundações,
ed/decret/2004/decreto-
Decreto nº 5.010 de 9 de março 4.978, de 3 de fevereiro de 2004, que regulamenta o será prestada mediante: convênios com entidades
5010-9-marco-2004-531134-
de 2004 art. 230 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, fechadas de autogestão, sem fins lucrativos,
publicacaooriginal-12874-
que dispõe sobre a assistência à saúde do servidor assegurando-se a gestão participativa; ou contratos,
pe.html
respeitando o dispositivo da Lei nº 8.666, de 21 de
junho de 1993" (NR)
Altera as Leis nos 10.355, de 26 de dezembro de 2001,
que dispõe sobre a estruturação da Carreira
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo
Previdenciária no âmbito do Instituto Nacional do
ou inativo, e de sua família compreende
Seguro Social - INSS, 10.855, de 1o de abril de 2004,
assistência médica, hospitalar, odontológica,
que dispõe sobre a reestruturação da Carreira
psicológica e farmacêutica, terá como diretriz o
Previdenciária, de que trata a Lei no 10.355, de 26 de
implemento de ações preventivas voltadas para a
dezembro de 2001, instituindo a Carreira do Seguro
Artigo 230 da Lei nº 8.112, de promoção da saúde e será prestada pelo Sistema
Social, 10.876, de 2 de junho de 2004, que cria a
11 de dezembro de 1990, com Único de Saúde-SUS, diretamente pelo órgão ou www.planalto.gov.br/ccivil_
Carreira de Perícia Médica da Previdência Social e
redação dada pela Lei nº entidade ao qual está vinculado o servidor, ou 03/_ato2004-
dispõe sobre a remuneração da Carreira de Supervisor
11.302/ 2006 mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma 2006/2006/Lei/L11302.htm
Médico-Pericial do Quadro de Pessoal do INSS, 10.997,
de auxílio, mediante ressarcimento parcial do
de 15 de dezembro de 2004, que institui a Gratificação
valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e
Específica do Seguro Social - GESS, 8.112, de 11 de
seus dependentes ou pensionistas com planos ou
dezembro de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico
seguros privados de assistência à saúde, na forma
dos servidores públicos civis da União, das Autarquias e
estabelecida em regulamento (Redação dada pela
das Fundações Públicas Federais; e fixa critérios
Lei nº 11.302 de 2006).
temporários para pagamento da Gratificação de
Desempenho de Atividade Médico-Pericial (GDAMP)
55

Base Legal Objeto Descrição Sumária Disponível em


Art. 2º A assistência à saúde dos beneficiários, a
cargo de órgãos e entidades do SIPEC será
prestada pelo Sistema Único de Saúde - SUS e, de
forma complementar, mediante:
Estabelece orientações ao órgãos e entidades do I- convênio com operadoras de plano de
www.docplayer.com.br/196
Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal- assistência à saúde, organizadas na modalidade de
6932-Ministerio-do-
SIPEC sobre a assistência à saúde suplementar do autogestão;
planejamento-orcamento-e-
Portaria Normativa SRH nº 1, servidor ativo, inativo e seus dependentes e II- contrato com operadoras de plano de
gestao-secretaria-de-
de 27 de dezembro de 2007 pensionistas e dá outras providências. assistência à saúde, observado o disposto na Lei
recursos-humanos-portaria-
nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
normativa-no-1-de-27-de-
III- serviço prestado diretamente pelo órgão ou
dezembro-de-2007.html
entidade; ou
IV- auxilio, de caráter indenizatório, por meio de
ressarcimento, exclusivamente quando não
adotado pela administração pública o contido nos
incisos anteriores.
Criado o Subsistema Integrado de Atenção à
Saúde do Servidor Público Federal- SIASS com o
Institui o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde
objetivo de coordenar e integrar ações e
do Servidor Federal - SIASS (ativo, inativo, seus
programas nas áreas de assistência à saúde, www2.camara.leg.br/legin/f
dependentes e pensionistas) e o Comitê Gestor de
Decreto nº 6.883, de 29 de abril pericia oficial, promoção, prevenção e ed/decret/2009/decreto-
Atenção à Saúde do Servidor no âmbito do Sistema
de 2009 acompanhamento da saúde dos servidores da 6833-29-abril-2009-587944-
de Pessoal Civil da Administração Federal- SIPEC,
administração federal direta, autárquica e norma-pe.html
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
fundacional, de acordo com a política de atenção
à saúde e segurança do trabalho do servidor
público federal, estabelecida pelo Governo.
Estabelece orientações aos órgãos e entidades do www.conlegis.planejamento.
Art. 2º A assistência à saúde dos beneficiários, a
Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal- gov.br/conlegis/pesquisaTex
Portaria Normativa SRH nº 3, cargo de órgãos e entidades do SIPEC será
SIPEC sobre a assistência à saúde suplementar do tual/atoNormativoDetalhesP
de 30 de julho de 2009 prestada pelo Sistema Único de Saúde - SUS e, de
servidor ativo, inativo e seus dependentes e ub.htm?id=6734&tipoUrl=li
forma complementar, mediante:
pensionistas e dá outras providências. nk
56

Base Legal Objeto Descrição Sumária Disponível em


I- convênio com operadoras de plano de
assistência à saúde, organizadas na modalidade de
autogestão;
II- contrato com operadoras de plano de
assistência à saúde, observado o disposto na Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
III- serviço prestado diretamente pelo órgão ou
entidade; ou
IV- auxílio, de caráter indenizatório, por meio de
ressarcimento, quando não adotado pelo órgão ou
entidade do SIPEC.
Determina valor pago pelo governo federal como
reembolso nos planos de saúde dos servidores
públicos federais e seus dependentes.
Estabelece os valores de participação da União no
Portaria Conjunta SOF/ SRH/ Exclui dos critérios estabelecidos, o Ministério
custeio de assistência à saúde suplementar do www.sintet.ufu.br/novosvalo
MP nº 1, de 29 de dezembro de das Relações Exteriores, no que tange a planos de
servidor e demais beneficiários de que trata a Portaria ressaudesuplementar.htm
2009 saúde contratados para atender aos servidores no
Normativa SRH nº 3, de 30 de julho de 2009
exterior, e o Banco Central no Brasil. Expõe
como anexo, os valores per capita para custeio da
assistência à saúde suplementar
Art. 2º A assistência à saúde dos beneficiários, a
cargo de órgãos e entidades do SIPEC, será
prestada pelo Sistema Único de Saúde - SUS e, de
Estabelece orientações aos órgãos e entidades do
forma complementar, mediante: www.conlegis.planejamento.
Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal-
Portaria Normativa SRH nº 5, I- convênio com operadoras de plano de gov.br/conlegis/legislacao/at
SIPEC sobre a assistência à saúde suplementar do
de 11 de outubro de 2010 assistência à saúde, organizadas na modalidade de oNormativoDetalhesPub.ht
servidor ativo, inativo e seus dependentes e
autogestão; m?id=8154
pensionistas e dá outras providências.
II- contrato com operadoras de plano de
assistência à saúde, observado o disposto na Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
57

Base Legal Objeto Descrição Sumária Disponível em


III- serviço prestado diretamente pelo órgão ou
entidade; ou
IV- auxílio, de caráter indenizatório, por meio de
ressarcimento.§ 2º A celebração de convênios
com operadoras de plano de assistência à saúde
organizadas na modalidade de autogestão
somente é cabível entre órgão e a entidade por ele
patrocinada.
Reajusta o valor pago pelo governo federal como
Revoga a Portaria Conjunta SOF/ SRH /MP nº 1, de
reembolso nos planos de saúde dos servidores
29 de dezembro de 2009) - dispõe sobre os
públicos federais e seus dependentes. Exclui dos
procedimentos adotados nos órgãos e entidades do www.conlegis.planejamento.
critérios estabelecidos, o Ministério das Relações
Portaria nº 625, de 21 de SIPEC, relativos à participação da União no custeio gov.br/conlegis/legislacao/at
Exteriores, no que tange a planos de saúde
dezembro de 2012 da assistência à saúde suplementar do servidor e oNormativoDetalhesPub.ht
contratados para atender aos servidores no
demais beneficiários de que trata a Portaria m?id=9329
exterior, e o Banco Central no Brasil. Expõe
Normativa SRH nº 5, de 11 de outubro de 2010.
como anexo, os valores per capita para custeio da
assistência à saúde suplementar.
Art 1º Os procedimentos adotados pelos órgãos e
Revoga a Portaria entidades do Sistema de Pessoal Civil da
nº 625, de 21 de dezembro de 2012- Administração Federal-SIPEC, relativos à
Dispõe sobre os procedimentos adotados nos órgãos e participação da União no custeio da assistência à www.jusbrasil.com.br/diario
Portaria nº 8, de 13 de janeiro
entidades do SIPEC, relativos à participação da saúde suplementar do servidor e de beneficiários s/107084202/dou-secao-1-
de 2016
União no custeio da assistência à saúde suplementar de que trata a Portaria SRH nº 5, de 11 de outubro 14-01-2016-pg-57
do servidor e demais beneficiários de 2010, deverão observar, a partir de 1º de
janeiro de 2016, os valores per capta constantes
do anexo dessa portaria.
Quadro 3 - Bases legais para a regulamentação da assistência à saúde ao servidor público civil federal ativo, inativo, seus dependentes e
pensionistas
58

5 ESQUEMAS ASSISTENCIAIS DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS E


MILITARES NO BRASIL

O serviço público civil e militar é responsável por uma parcela importante dos
postos de trabalho no Brasil. O servidor público civil é um agente público que atua em diferentes
instâncias ou órgãos das esferas administrativas municipal, estadual ou federal. Enquanto os
militares exercem suas atividades nos órgãos de defesa do país, como a marinha, exército ou
aeronáutica.
Como todo trabalhador, servidores civis e militares demandam cuidados de saúde
típicos do contexto socioeconômico, demográfico e epidemiológico da sociedade em que estão
inseridos. Contudo, a atenção a essas demandas não vem sendo organizada de modo semelhante
a que vem sendo ofertada a outros trabalhadores. Isso porque, historicamente no Brasil, o direito
à saúde esteve associado ao contrato formal de trabalho (carteira assinada), com serviços de
saúde restritos a determinadas categorias de servidores. Após a constituição de 1988, houve a
institucionalização de um sistema de atenção à saúde universal que não condicionava seu acesso
e uso mediante o tipo de vínculo de trabalho. Contudo, mesmo após esse novo período, de modo
crescente vêm sendo estabelecidos quadros institucionais e regulatórios que criaram modelos
duplicados de atenção à saúde e esquemas suplementares de serviços de saúde para esse
público.
Nesse cenário, os servidores possuem uma gama de direitos diferenciados do
restante dos trabalhadores. Os Servidores Públicos Civis e Militares no Brasil possuem, de
modo complementar, a dupla garantia ao acesso à assistência à saúde. Por um lado, têm o direito
à saúde constituída no acesso ao SUS, por outro, por meio dos serviços prestados diretamente
pelo órgão ou entidade ao qual estão vinculados, o que ocorre a partir da contratação de serviços
de saúde prestados pela iniciativa privada ou concessão de benefícios (reembolsos e
contrapartidas) instituídos por convênios, contratos ou adesão aos planos de saúde ofertados a
esses trabalhadores. Os incentivos para vinculação a planos privados de saúde refletem-se na
cobertura crescente para servidores públicos. Logo, esses grupos de trabalhadores têm, sobre
outros brasileiros, a vantagem de poder combinar direitos exclusivos com universais, o que os
tornam dos importantes segmentos de demandas e necessidades em saúde e de oferta de
esquemas assistenciais no país.
Entre as principais lacunas do conhecimento sobre o mercado de assistência
suplementar, destaca-se a segmentação de suas clientelas na proliferação de esquemas
59

assistenciais, variados quanto aos padrões de financiamento e cobertura de esquemas


assistenciais, nas unidades federativas brasileiras.

5.1 SERVIDORES CIVIS E MILITARES NOS ESTADOS BRASILEIROS, SUAS


RESPECTIVAS CAPITAIS E NO DISTRITO FEDERAL

Os servidores públicos compõem um corpo estável, burocrático e tecnocrático,


regulado em âmbito federal pelo Regime Jurídico Único, também conhecido como Estatuto dos
Servidores Públicos Federais. No entanto, mesmo antes do advento da Constituição Federal de
1998, formularam-se estatutos estaduais e municipais para os servidores públicos, com suas
especificidades. Mas, de qualquer forma, foram adequados aos princípios gerais estabelecidos
pela Carta Magna e pela subsequente Lei nº 8.112, de 1990.
Segundo o documento “Perfil dos Estados e Municípios Brasileiros 2014”,
desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015), o Brasil possui 6,2
milhões de servidores públicos municipais e 3,1 milhões de servidores públicos estaduais.
Algumas características entre os dois segmentos são comuns, com a maior proporção de
estatutários sobre o restante dos vínculos estabelecidos pela estrutura de vínculos
empregatícios, embora tenha-se observado um crescimento nos estados de servidores sem
vínculos. Já o aumento da escolaridade tem sido apontado como um dos pontos positivos, tanto
para os servidores estaduais, como para os municipais.
Nesse tópico, é examinada a distribuição dos esquemas assistenciais e contratados
diretamente por meio de entidades representativas para servidores públicos, nos 26 estados
brasileiros, em suas respectivas capitais e no Distrito Federal.
Os dados foram coletados em sites oficiais dos governos estaduais e das capitais
brasileiras (secretarias de administração e de planejamento), por meio de consultas a colegas da
área de Saúde Coletiva, e compilados e organizados no quadro 4.
60

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Programa de
Assistência à Saúde
dos servidores
públicos civil e Ressarcimento parcial
Governo do estado de www.rondonia.ro.gov
RONDÔNIA Reembolso militar, ativos e ___________ do plano de saúde 30.000 beneficiários
Rondônia .br
pensionistas do (50,00 reais)
estado de Rondônia -
Unimed Ji Paraná e
Dental Norte
Contrato Contratos com
Prefeitura Municipal de www.portovelho.ro.g
PORTO VELHO profissionais liberais ___________ ___________ 17.232 beneficiários
Porto Velho ov.br
da saúde
Governo do estado do _______ Sistema Único de 35.294 servidores
ACRE ___________ ___________ www.ac.gov.br
Acre Saúde (SUS) usuários
Prefeitura Municipal de ______ Sistema Único de 18.549 servidores www.riobranco.ac.go
RIO BRANCO ___________ ___________
Rio Branco Saúde (SUS) usuários v.br/prefeitura/
Governo do estado de _______ Sistema Único de 84.912 servidores www.amazonas.am.g
AMAZONAS ___________ ___________
Manaus Saúde (SUS) usuários ov.br
Manaus MED
(Serviço de
Assistência à Saúde 2% servidor
Prefeitura Municipal de www.manausmed.ma
MANAUS Autogestão dos Servidores 4% celetista 2% 42.583 beneficiários
Manaus naus.am.gov.br/
Públicos do Não tem coparticipação
Município de
Manaus)
Governo do estado de ______ Sistema Único de 16.979 servidores
RORAIMA ___________ ___________ www.portal.rr.gov.br
Roraima Saúde (SUS) usuários
Prefeitura Municipal de _____ Sistema Único de 11.278 servidores www.boavista.rr.gov.
BOA VISTA ___________ ___________
Boa Vista Saúde (SUS) usuários br
Contribuição de 6% para o
Instituto de
grupo familiar dos
Governo do estado do Assistência Social
PARÁ Autogestão servidores ativos e 6% 256.000 beneficiários www.iasep.pa.gov.br
Pará do Estado do Pará
inativos e dos pensionistas
(IASEP)
Não tem coparticipação
Plano de Assistência
Básica a Saúde e Desconto de 6% na folha
Social (PABSS)- de pagamento www.ipamb.com.br/p
BELÉM Prefeitura de Belém Autogestão 2% 46.0000 beneficiários
Belém, ligado ao Não tem cobertura para agina/assistencia
Instituto de órteses e próteses
Assistência e
61

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Previdência do
município de Belém
Governo do estado do _____ 28.457 servidores
AMAPÁ SUS ___________ ___________ www.amapa.gov.br
Amapá usuários
Prefeitura Municipal de _____ 13.947 servidores www.
MACAPÁ SUS ___________ ___________
Macapá usuários macapa.ap.gov.br/
6 % de desconto sobre o
Plansaúde – Plano de correspondente subsídio
Saúde dos ou remuneração, é
Governo do estado do Contrato Servidores do reduzida para 4% quando www.secad.to.gov.br
TOCANTINS 15% 89.000 beneficiários
Tocantins Governo do não inscrever dependente.
Tocantins (Unimed Tem Coparticipação de 15
Centro-Oeste) a 20% para exames e
cirurgias.
Programa Auxílio à
Saúde Suplementar Serão levados em conta a
do Servidor Público faixa etária, salarial,
Prefeitura Municipal de Municipal (PAS) escolha de atendimento do www.palmas.to.gov.b
PALMAS Contrato ___________ ___________
Palmas (Convênio da plano em âmbito regional r
Prefeitura Municipal e nacional e ainda a
e Aliança modalidade.
Seguradora)
Fundo de Benefícios
dos Servidores do
estado do Maranhão
Desconto de 3% contra-
Governo do estado (Funben) /
MARANHÃO Autogestão cheque e mais 1% para ___________ 80.000 beneficiários www.ma.gov.br
Maranhão Hospital São Luís
cada dependente.
(HSLZ), Centro
Ambulatorial
Holandeses (CAHD)
Prefeitura Municipal de ______ 29.113 servidores www.saoluis.ma.gov.
SÃO LUÍS SUS ___________ ___________
São Luís usuários br
Instituto de Desconto em
Assistência e contracheque de 2,8% da
Previdência do remuneração do servidor
Governo do estado do Estado do Piauí até o limite de 10 salários 160.000 beneficiários
PIAUÍ Autogestão Não informado www.iaspi.pi.gov.br/
Piauí (IAPEP SAÚDE) mínimos deduzidos no 180. 251 beneficiários
(assistência médico- imposto de renda e
ambulatorial e Previdência mais
hospitalar básica) / coparticipação de 10%
62

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Plano de Assistência para cada procedimento
à Saúde dos realizado.
Servidores Civis e
Militares do Piauí
(Plamta) - criado
com a finalidade de
complementar e
suplementar a
assistência médico-
hospitalar-
objetivando oferecer
aos seus associados e
dependentes uma
cobertura financeira
nas hospitalizações. /
IAPEP Saúde
Suplementar: é
destinado aos
dependentes não
vinculados
economicamente aos
segurados, cujo
pagamento é feito
através de
contribuições por
faixa etária-
possibilita a
realização de
consultas eletivas e
exames laboratoriais.
Instituto de
Previdência do
Município de
3% de remuneração do
Teresina- Plano de
servidor, para titulares e www.
Prefeitura Municipal de Saúde dos
TERESINA Autogestão dependentes. ___________ 47 mil beneficiários ipmt.teresina.pi.gov.b
Teresina Servidores do
Coparticipação de 10% r
Município de
para consultas, exames.
Teresina (Plante)
(internações e
cirurgias) e
63

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Assistência à Saúde
(consultas e
exames).
Instituto de Saúde
dos Servidores do
estado do Ceará Não tem desconto no www.issec.ce.gov.br/
Governo do estado do (Issec)/ Aliança salário para a assistência à 100% (integral)
CEARÁ Autogestão/ Contrato 140.246 beneficiários
Ceará Administradora de saúde, somente para a ___________
Benefícios –Sul previdência.
América, Unimed,
HAPVIDA
Programa de Saúde Desconto de 2% no salário
Prefeitura Municipal de do Instituto de do servidor. Não tem 85.000.000 www.fortaleza.ce.gov
FORTALEZA Autogestão 4%
Fortaleza Previdência do coparticipação para beneficiários .br
Município (IPM) consultas e exames.
RIO GRANDE DO Governo do estado do 55.690 servidores
_______ SUS ___________ ___________ www.rn.gov.br
NORTE Rio Grande do Norte usuários
Prefeitura Municipal de 23.025 servidores
NATAL SUS ___________ ___________ www. natal.rn.gov.br
Natal usuários
Instituto de
Assistência Integral
à Saúde do Servidor
da Paraíba (IASS)/
Governo do estado da Aliança
PARAÍBA Autogestão / Contrato _____________ 100% (integral) 87.694 beneficiários www.iass.pb.gov.br
Paraíba Administradora de
Benefícios Unimed
Norte Nordeste,
HAPVIDA e
OdontoGroup
Pagamento direto com
desconto de 30 a 38% de
Prefeitura Municipal de www.joaopessoa.pb.g
JOÃO PESSOA Contrato Unimed acordo com a idade e a ___________ Não informado
João Pessoa ov.br
modalidade do plano
escolhida pelo servidor.
Sistema de Desconto no contra-
Assistência à Saúde cheque (variando com
Governo do estado de dos Servidores a idade) www.irh.pe.gov.br
PERNAMBUCO Autogestão Não informado 190.000 beneficiários
Pernambuco Públicos de (0-17 anos) - 4,5%
Pernambuco (18- 29 anos) - 4,6 %
(Sassepe). (30- 39 anos) - 4,9%
64

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
(50- 59 anos)- 5,1 %
> 60 anos- 5,2%
Não existe co-
participação
Desconto de 4,6 %
www2.recife.pe.gov.b
independente da faixa
r/pagina/reciprev-
Prefeitura Municipal do etária. 21.822 mil
RECIFE Autogestão Saúde Recife Não informado saude-recife
Recife Dependentes- (1- 2,5%, beneficiários
dependendo da faixa
etária)
Desconto de acordo com o
Governo do estado do http://www.ipasealsau
Autogestão vencimento e não varia
Alagoas de.al.gov.br/
ALAGOAS IPASEAL Saúde com a idade. Não informado 13.000 beneficiários
Coparticipação de 15%
para consultas e exames
Prefeitura Municipal de ______ 26.048 servidores www.maceio.al.gov.b
MACEIÓ SUS ___________ ___________
Maceió usuários r
125.000 beneficiários
4% de desconto na folha (atende o
Plano de Assistência
de pagamento do servidor, funcionalismo www.ipesaude.se.gov
Governo do estado de à Saúde do Estado
SERGIPE Autogestão não tem coparticipação em 4% estadual e uma .br
Sergipe de Sergipe –
consultas, exames e pequena parte de
(Ipesaúde)
cirurgias servidores municipais
da capital)
4% de desconto na folha
125.000 beneficiários
de pagamento do servidor,
Prefeitura Municipal de (incluindo os www.aracaju.se.gov.b
ARACAJÚ Autogestão Ipesaúde não tem coparticipação em 4%
Aracajú servidores estaduais- r
consultas, exames e
em maior quantidade).
cirurgias
Desconto de 9% no
contra-cheque (de acordo
www.portaldoservido
com a renda).
Autogestão Plano de Saúde do r.ba.gov.br
Governo do estado da Cota de 12 consultas ao
BAHIA Servidor da Bahia ___________ 465.000 beneficiários
Bahia mês.
(Planserv)
A coparticipação não
ultrapassa 30 reais por
mês.
65

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Os valores serão
descontados em folha. Os
funcionários que têm
acima de 59 anos e que
recebem apenas um salário
mínimo terão o plano
100% custeado pela
prefeitura. Em relação aos Pagamento de 40% a
Prefeitura Municipal de HAPVIDA, www.salvador.ba.gov
SALVADOR Contrato outros servidores, a 100% do Plano de 39.000 beneficiários
Salvador PRODENT .br
prefeitura paga 60% do Saúde
benefício. Para o plano
odontológico,
independentemente da
empresa, Hap Vida ou
Prodent, o funcionário terá
um custo de R$ 9,90 reais.

3,2% do salário do
servidor, com
Plano de Saúde do
coparticipação em exames.
Instituto de
Os serviços profissionais,
Governo do estado de Previdência dos www.ipsemg.mg.gov.
MINAS GERAIS Autogestão medicamentos, órteses, 1,60% 853.718 beneficiários
Minas Gerais Servidores do estado br
próteses e exames
de Minas Gerais
realizados durante a
(Ipsemg)
internação não são
coparticipados.
Pagamento Direto (débito
na Conta Corrente do
Banco do Brasil ou boleto)
Associação dos Unimed BH/ Vitallis
Coparticipação: Consultas:
Servidores Municipais Planos
BELO 24,02 reais
da Prefeitura de Belo Contrato Odontológicos: ___________ 14.500 beneficiários www.assemp.org.br
HORIZONTE Exames simples: 7,25
Horizonte (ASSEMP) Metlife, Uniodonto e
reais
Odontoprev
Exames especiais: 24,02
reais

Caixa de Servidores Desconto em folha de


ESPÍRITO Governo do estado do Públicos do estado pagamento do servidor 5.000 beneficiários / www.caspes.org.br
Autogestão/ Contrato Não informado
SANTO Espírito Santo do Espírito Santo estadual (o valor varia de 8.135 beneficiários www.hafpes.com
(Caspes), parceiros: acordo com a faixa etária e
66

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Associação dos Saúde Quality, o plano entre 110,00-
Funcionários Públicos do Pame, MedSênior/ 120,00 reais / 5% da
estado do Espírito Santo Unimed/ Bradesco, remuneração contida nos
SulAmérica contra-cheque ou
Hospital da comprovantes de
Associação dos pagamento
Funcionários
Públicos do Espírito
Santo (Hafpes)

Pagamento por boleto


Caspes,
bancário (o valor varia de www.vitoria.es.gov.br
parceiros:Unimed
VITÓRIA Prefeitura de Vitória Autogestão/ Contrato acordo com a faixa etária e Não Informado 5.000 beneficiários /servidor/plano-de-
Vitória e Samp
o plano entre 110,00- saude
Assistência Médica.
120,00 reais).
Instituto de
Assistência dos
Servidores do estado
Não existe mais o
do Rio de Janeiro
desconto na folha do
(Iaserj)/ 460.000 beneficiários
Governo do estado do servidor. www.iaserj.rj.gov.br
RIO DE JANEIRO Aliança 100% (ativos, inativos e
Rio de Janeiro Autogestão/ Contrato Pagamento direto ao plano www.aliancaadm.com
(ESTADO) Administradora de ___________ pensionistas) /50.000
de saúde - desconto: 15 a .br/govrio
Benefícios de Saúde: beneficiários
30 % (dependendo da
SulAmérica/ Amil,
faixa etária).
Unimed RIO/ Uni
Sempre Odonto,
Assim Saúde Dental.
www.rio.rj.gov.br/we
Prefeitura Municipal do 2% de desconto na folha b/previrio/plano-de-
RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro -Plano de de pagamento, 23.884 beneficiários/ saude
Contrato CABERJ/ ASSIM Não informado
(CAPITAL) Saúde do Servidor independente da faixa Não informado www.caberj.com.br
Municipal (PSSM) etária http://www.assim.co
m.br/
Instituto de Desconto de 2% na folha
Governo do estado de
Assistência Médica do servidor estadual (varia
São Paulo / 1.300.000 www.iamspe.sp.gov.b
ao Servidor Público de 1- 3% sobre os 17% da arrecadação
SÃO PAULO Associação dos beneficiários/ 240.000 r
Autogestão/ Contrato Estadual (Iamspe)- vencimentos, conforme o total do Estado
(ESTADO) Funcionários Públicos do beneficiários www.afpesp.org.br
Hospital do Servidor cargo ocupado pelo /___________
estado de São Paulo
Público Estadual Servidor, ou conforme sua
(AFPESP)/
(HSPE)/ situação laboral, seja
67

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Qualicorp- Servidor Ativo,
(SulAmérica/ Aposentado ou
Bradesco/ Golden Pensionista.
Cross, Amil, Pagamento Direto
LINCX)
www.prefeitura.sp.go
Hospital do Servidor Desconto de 5 % na folha
v.br/cidade/secretarias
SÃO PAULO Prefeitura de São Paulo Público Municipal do servidor
Autogestão Não informado 200.000 beneficiários /saude/hospital_do_se
(CAPITAL) de São Paulo (coparticipação nos
rvidor_publico_munic
(HSPM) medicamentos).
ipal/
Não há desconto.
Sistema de
Governo do estado do Coparticipação em www.sas.pr.gov.br
PARANÁ Autogestão Assistência à Saúde Não informado 433.000 beneficiários
Paraná internações, consultas e
(SAS)
exames
Desconto de 3,14% no
Prefeitura Municipal de Instituto Curitiba de contra-cheque. www.ics.curitiba.org.
CURITIBA Autogestão Não informado 80.000 beneficiários
Curitiba Saúde (ICS) Coparticipação de 30% br
nos procedimentos
Desconto de 4,5% no
contra-cheque. A
coparticipação é um
percentual de até 30%
aplicado sobre o valor
total exibido nas tabelas.
Nos atendimentos
realizados em regime de
internação (mais de 12
horas), serão cobrados
SANTA Governo do estado de Santa Catarina R$171,38 (cento e setenta www.scsaude.sea.sc.g
Autogestão 4,5% 172.000 beneficiários
CATARINA Santa Catarina Saúde e um reais e trinta e oito ov.br
centavos) ao dia, com
limite de 6 dias, ou seja,
qualquer internação de 6
ou mais dias terá cobrança
máxima de R$1.028,32
(um mil, vinte e oito reais
e trinta e dois
centavos). Nesse valor
estão incluídos os
procedimentos ou
68

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
cirurgias, exames,
materiais e medicamentos
realizados ou utilizados
durante o período de
internação.
Para procedimentos
realizados em regime
ambulatorial ou em
hospital-dia (até 12 horas),
existe o limitador de R$
205,72 (duzentos e cinco
reais e setenta e dois
Prefeitura Municipal de Santa Catarina centavos). Se o valor do www.scsaude.sea.sc.g
FLORIANÓPOLIS Autogestão 4,5% 172.000 beneficiários
Florianópolis Saúde procedimento ultrapassar ov.br
o limitador, o valor pago
pelo segurado é de
apenas R$ 205,72
(duzentos e cinco reais e
setenta e dois
centavos) por
procedimento.
3,10% na folha de
pagamento, com
1.1000.000 de
Governo do estado do coparticipação em
beneficiários,
Rio Grande do Sul / Instituto de consultas e exames,
incluindo servidores www.ipe.rs.gov.br
RIO GRANDE DO Associação dos Presidência do Rio variando de acordo com o 3,10%/
Autogestão civis e militares www.vertesaude.com.
SUL Funcionários Públicos do Grande do Sul (IPE salário/ Pagamento direto, ___________
estaduais e seus br
Rio Grande do Sul- Saúde) / Verte Saúde com desconto na folha ou
dependentes. / 12.000
(AFPERGS) boleto bancário.
beneficiários
Coparticipação (consultas
com especialistas)
Pagamento direto pelo
funcionário (variando o
Associação dos
Hospital Porto valor de acordo com a http://www.afmpa.org
PORTO ALEGRE Funcionários Municipais Autogestão ___________ 5.000 beneficiários
Alegre faixa etária). .br/default.aspx
de Porto Alegre (AFM)
Coparticipação em
cirurgias e anestesia
Caixa de Assistência 15% sobre o salário bruto 180.000 beneficiários,
MATO GROSSO Governo do estado do http://www.cassems.c
Autogestão dos Servidores do do servidor. Possui 31% entre titulares e
DO SUL Mato Grosso do Sul om.br
Estado de Mato coparticipação em dependentes.
69

INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Grosso do Sul consultas, exames e
(Cassems) internações.
15% sobre o salário bruto
do servidor. Possui 180.000 beneficiários,
CAMPO Prefeitura Municipal de http://www.cassems.c
Autogestão (CASSEMS coparticipação em 31% entre titulares e
GRANDE Campo Grande om.br
consultas, exames e dependentes.
internações.
Instituto de Desconto na folha de
Assistência à Saúde pagamento de acordo com
Governo do estado de do Servidor do a faixa etária. Tem www.matogrossosaud
MATO GROSSO Autogestão Não informado 24.000 beneficiários
Mato Grosso Estado de Mato coparticipação em e.mt.gov.br
Grosso-Mato Grosso qualquer procedimento -
Saúde (MT Saúde) 30 % do valor
25.892 servidores www.cuiaba.mt.gov.b
CUIABÁ Prefeitura de Cuiabá ________ SUS ___________ ___________
usuários r
De 6,81% (ISPAGO
Básico a 12,48% ISPAGO
Instituto de Essencial).
Assistência dos Contribuição é de 30% do
Governo do estado de www3.ispago.go.gov.
GOIÁS Autogestão Servidores Públicos valor do procedimento, Não informado 600.000 beneficiários
Goiás br
do estado de Goiás conforme a tabela do
(ISPAGO) ISPAGO; e há cobrança
de 15% para exames de
diagnósticos por imagem
Instituto de Desconto de 4% contra-
Assistência à Saúde cheque (exames, consultas
e Social dos e cirurgias). www4.goiania.go.gov
GOIÂNIA Prefeitura de Goiânia Autogestão 4% 85.000 beneficiários
Servidores Coparticipação varia de .br
Municipais de acordo com o
Goiânia (IMAS) procedimento.
Unimed Centro-
Associação dos Oeste, Unimed
Pagamento Direto na folha 200,00 reais de ajuda http://www.aspgdf.or
DISTRITO Servidores Públicos do Central Nacional/
Contrato/ Reembolso de pagamento. de custo para plano de 136.668 clientes g.br/index.php/conve
FEDERAL Governo do Distrito OdontoPrev/ Med
saúde nios
Federal (ASPGDF) Life/ Premium
Saúde/Abraps Saúde
Quadro 4- Esquemas assistenciais oficiais e contratados para servidores públicos civis e militares por meio de instituições governamentais e
entidades representativas, segundo unidades federativas
70

Considerando as informações coletadas e processadas, podem-se agregar as


modalidades assistenciais para os servidores públicos estaduais e municipais, quanto ao seu
financiamento e formas de prestação de serviços:
a) Em relação ao seu financiamento:
- Instituições de previdência e assistência aos servidores estaduais e municipais
administradas por instituições públicas da esfera estadual ou municipal, tendo
como base de financiamento a contribuição obrigatória dos empregados, com
ou sem coparticipação, e uma estrutura física constituída por serviços de
saúde próprios e/ou hospitais ou médicos credenciados;
- Os planos e seguros privados de saúde coletivos, financiados pelos próprios
servidores, por meio de convênio com as suas associações representativas,
cuja base física está constituída por hospitais e médicos credenciados e/ou
médicos assalariados e hospitais próprios ou ainda por médicos
cooperativados, sócios dessas empresas;
- O Distrito Federal e Rondônia fornecem ajuda de custo para pagamento do
plano e seguro de saúde pelo servidor.
b) Em relação à prestação de serviços:
- Presença de convênios entre Governos Estaduais e Prefeituras com
Administradoras de Benefícios de Saúde que comercializam planos e seguros
de saúde;
- Presença de convênios entre Governos Estaduais e Prefeituras diretamente
com planos e seguros de saúde com coparticipação em consultas, exames e
internações;
- Nos estados do Acre, Amapá, Rio Grande do Norte e Roraima, não foram
identificados esquemas assistenciais exclusivos para servidores públicos ou
convênios entre os governos estaduais e municipais com Administradoras de
Benefícios de Saúde e planos e seguros de saúde. Os servidores são atendidos
pelo SUS;
- Em Porto Velho, capital de Roraima, foram identificados contratos com
profissionais liberais de saúde para atendimento de seus servidores;
- Os estados de Santa Catarina, Pernambuco e Paraná declaram possuir um
sistema de saúde, apesar de limitação ao financiar a demanda por planos
privados de servidores, sem nenhuma interferência na regulação da oferta.
71

Verificou-se uma diversidade de tipos de esquemas assistenciais, com a preservação


da assistência por meio de Institutos de Assistência denominados de Autogestão, em
consonância com a terceirização e privatização dos serviços, por meio da compra direta de
planos de saúde privados, contratos com profissionais liberais e reembolso. A Amil, maior
empresa de planos de saúde do Brasil, com o maior número de clientes, não se destaca na
assistência a servidores públicos no país. Observa-se um grande protagonismo das
Administradoras de Benefícios de Saúde (Aliança e Qualicorp), na comercialização de planos
e seguros de saúde.

5.2 SERVIDORES DO PODER LEGISLATIVO FEDERAL

5.2.1 Câmara dos Deputados: Programa de Assistência à Saúde (Pró-Saúde)

O Programa de Assistência à Saúde (Pró-Saúde) dos Servidores da Câmara dos


Deputados, foi instituído pelo Ato da Mesa nº 72, de 1993, é regido pelo Ato da Mesa nº 75, de
7 de fevereiro de 2006. Tem por objetivo proporcionar assistência médica complementar aos
servidores e Deputados da Câmara dos Deputados e seus dependentes (CÂMARA DOS
DEPUTADOS, 2006).
A sua prestação de serviços ocorre por meio de instituições públicas ou privadas,
contratados ou de livre-escolha do beneficiário, com participação financeira do titular, por meio
do Convênio 2005/151.4 celebrado entre a Câmara dos Deputados e a Caixa Econômica
Federal, entidade fechada de autogestão de assistência à saúde (Caixa Saúde).
O Pró-Saúde presta assistência à saúde em todo território nacional, por meio da rede
credenciada da Caixa Econômica Federal, com contribuição mensal de R$ 322,00 para
servidores e Deputados da Câmara dos Deputados e seus dependentes. Além disso, também é
paga a participação de 25% sobre o valor da despesa médica realizada, chamada usualmente de
fator moderador de uso (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2006).
O Deputado poderá inscrever-se no Pró–Saúde facultativamente, no prazo de 60 (sessenta
dias), mediante requerimento, a partir da posse, e, posteriormente, aplicar-se-á os prazos de carência
previstos no art.19 do Regulamento do Pró-Saúde e Ato da Mesa nº 75, de 7 de fevereiro de 2006
(CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2006). Caso, se licencie, poderá continuar contribuindo e
utilizando o plano de saúde. O suplente no exercício do mandato também tem direito, desde
que contribua. Mas, se não estiver no mandato, perde o direito. Os ex-deputados titulares podem
72

continuar participando do programa de saúde, mas passam a pagar uma contribuição não
subsidiada, atualmente no valor de R$ 1.110,16.
Os serviços previstos no programa são: médico-hospitalar, odontologia, fisioterapia,
fonoaudióloga, psicologia, medica hospitalar (home care) e psiquiatria.
Além da Assistência pelo Pró-Saúde, o parlamentar conta com serviços prestado pelo
Departamento Médico da Câmara dos Deputados (Demed) que pode ser utilizado pelos seus
familiares, inclusos como dependentes no seu Imposto de Renda. Além disso, recebe o
reembolso de despesas médico-hospitalares que não puderam ser prestadas pelo Demed.
O reembolso é concedido a critério da Mesa Diretora e condicionado à disponibilidade
de dotação orçamentária no orçamento da Câmara ou do Fundo Rotativo da Casa. São despesas
reembolsáveis: atendimento ambulatorial ou hospitalar, incluindo quimioterapia e radioterapia;
exames complementares de diagnóstico; assistência domiciliar; assistência prestada por
médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas
ocupacionais; remoção para outro centro clinico, quando caracterizada a emergência ou a
urgência e a inexistência de condições técnicas locais; órteses e próteses; assistência
odontológicas.
Não são reembolsadas despesas com acompanhantes, passagens, telefones, serviços
extras de caráter pessoal e outras não relacionadas ao atendimento à saúde, como tratamento de
cirurgias experimentais; medicamentos não registrados na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa); tratamentos estéticos de qualquer natureza; aparelhos de apoio à locomoção,
óculos, lentes de contato; e atendimento por profissionais não inscritos nos órgãos
fiscalizadores da respectiva profissão.
Atualmente a Câmara dos Deputados possui um Contrato com a Sociedade
Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês (nº 2012/255), vigência até 27 de março de
2017. Por meio do Termo de Acordo com a Aliança Seguradora (nº 098/2012), os ocupantes
de cargos de Secretário Parlamentar e de Natureza Especial (Comissionado) podem aderir a um
plano privado coletivo empresarial.

5.2.2 Senado Federal: Sistema Integrado de Saúde (SIS)

O Sistema Integrado de Saúde (SIS) é regido pela Resolução nº 35, de 2012, que
dispõe sobre o seu regulamento. Tem por finalidade proporcionar aos servidores ativos e
inativos do Senado Federal e a seus dependentes, bem como aos titulares de pensões instituídas
por morte dos servidores efetivos do Senado Federal, ativos e inativos.
73

O SIS presta assistência à saúde em todo território nacional, por meio da rede
credenciada da Caixa Econômica Federal, com contribuição variando de acordo com a faixa
etária e vinculação, entre 112,00 a 336,00 reais, conforme a tabela 1.

Tabela 1 - Valores da mensalidade do SIS por faixa etária

Mensalidade do SIS por faixa etária

Vinculação 0 a 18 19 a 22 23 a 26 27 a 30 31 a 34 35 a 38 39 a 42 43 a 46 47 a 50 51 a 54 55 a 58 >= 59

Titular 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00

Cônjuge 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00

Companheiro (a) 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00

Filho (a) 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00

Enteado(a) 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00

Mãe / Pai 168,00 168,00 173,04 179,76 188,16 198,24 211,68 226,80 243,60 262,08 283,92 336,00
Madrasta /
168,00 168,00 173,04 179,76 188,16 198,24 211,68 226,80 243,60 262,08 283,92 336,00
Padrasto
Irmão (ã) 168,00 168,00 173,04 179,76 188,16 198,24 211,68 226,80 243,60 262,08 283,92 336,00

Guarda judicial 168,00 168,00 173,04 179,76 188,16 198,24 211,68 226,80 243,60 262,08 283,92 336,00
Fonte: Brasil (2015d)

Com participação financeira dos beneficiários variando de acordo a categoria do usuário,


entre 15% a 30% sobre o valor da despesa médica realizada (conforme quadro demonstrativo
abaixo), em serviços prestados por instituições públicas e privadas credenciadas pelo SIS, por
profissionais liberais e instituições públicas e privadas de escolha dos beneficiários, não
credenciadas pelo SIS e por serviços de internação domiciliar (home care) (tabela 2).

Tabela 2 - Demonstrativo do SIS referente à participação dos usuários

LIMITE DE
COMPOSIÇÃO PARTICIPAÇÃO LIMITES DE
FAIXA DESCONTO EM
DOS USUÁRIOS NAS DESPESAS PARTICIPAÇÃO
FOLHA
01 PENSIONISTA 15% 706,91 212,07
02 AUXILIAR 20% 706,91 212,07
03 TÉCNICO 25% 942,55 282,77
04 ANALISTA 30% 1.178,19 353,46
ASSESSORES E
05 SECRETÁRIO 30% 1.178,19 353,46
PARLAMENTAR
Fonte: Dados retirados de arquivo interno do Senado, em 2016
74

O Plano de Assistência à Saúde do SIS consistem também em serviços próprios,


prestados pela Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor (Coasas), sem ônus ao servidor.
O Senado Federal possui convênio coma Caixa Econômica Federal (nº 0008.2012),
entidade fechada de autogestão de assistência à saúde (Caixa Saúde) e contrato com a Sociedade
Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês (nº 174/2011), vigente até 09 de julho de 2016
e com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira- Hospital Albert Einstein (n° 174/2011) com
vigência até 12 de dezembro de 2016.
O seu financiamento se dá com recursos da União, alocados ao Senado Federal na
lei orçamentária anual, correspondente a, pelo menos, 3,5% da dotação consignada na lei
orçamentária anual para sua despesa total com pessoal e encargos e por um Fundo de Reserva,
formado pelas seguintes receitas: contribuições mensais dos beneficiários, participação
financeira dos beneficiários nas despesas realizadas pelo SIS em seu benefício, receitas de
aplicações financeiras, taxas e multas cobradas dos beneficiários e doações e transferências
recebidas. As despesas são pagas integralmente com recursos públicos mediante ressarcimento
das despesas ou pagamento direto ao prestador de serviço. Essas despesas são sustentadas pelo
orçamento da União na sua totalidade, pois os assistidos não recolhem qualquer contribuição
que desonere parcialmente o Ente Federal no financiamento do sistema em referência.
Atualmente a assistência à saúde prestada aos senadores, cônjuges e dependentes é
orientada pelo Ato da Comissão Diretora nº 17, de 2014, que altera o Ato da Comissão Diretora
nº 1995. Até então, para os Senadores, ex-senadores, suplentes que assumiram o cargo e seus
cônjuges e dependentes, a assistência à saúde era vitalícia, desde que tenha desempenhado o
exercício ininterrupto de 180 dias. A partir do Ato da Comissão Diretora nº 17, de 2014, o
senadores e seus dependentes, bem como os ex-senadores e seus cônjuges que não solicitarem
expressamente sua exclusão, ficam responsáveis pelo pagamento de contribuições mensais para
o custeio da assistência à saúde, nos mesmos valores definidos nas tabelas aplicáveis aos
beneficiários do SIS, que serão deduzidos dos proventos do senador, ex- senador ou do cônjuge
pensionista

5.3 SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO: política de atenção integral à saúde de


magistrados e servidores

Criado em 2004, na chamada “Reforma do Judiciário”, o CNJ tem como principal


função controlar a atuação administrativa e financeira do Judiciário. Por meio da emissão da
Instrução Normativa nº 8, de 2 de julho de 2012, foi regulamentada pelo mesmo, a assistência
75

à saúde na forma de auxílio para os seus servidores efetivos, bem como de seus dependentes e
pensionistas, e dos Conselheiros, Juízes Auxiliares, servidores ocupantes exclusivamente de
cargos em comissão, requisitados, cedidos e seus dependentes; mediante ressarcimento parcial
de despesas com planos privados de assistência à saúde médica e/ou odontológica, de livre
escolha e responsabilidade do beneficiário, conforme a tabela 3:

Tabela 3 -Demonstrativo dos valores do auxílio-saúde por faixa etária

FAIXA ETÁRIA VALOR-TETO INDIVIDUAL


Até 18 anos 180,03
19 a 23 anos 252,90
24 a 28 anos 265,92
29 a 33 anos 284,34
34 a 38 anos 302,70
39 a 43 anos 327,99
44 a 48 anos 440,99
49 a 53 anos 538,35
54 a 58 anos 633,23
A partir de 59 anos 1.079,93
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (2012)

Em 15 de outubro de 2015, por meio da Resolução n° 207, foi instituída a Política


de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, com o objetivo
de definir princípios, diretrizes, estratégias e parâmetros para a implementação, em caráter
permanente de programas, projetos e ações institucionais voltadas à promoção e à preservação
da saúde física e mental de magistrados e servidores e instituir e monitorar a Rede de Atenção
à Saúde formada pelo Comitê Gestor Nacional e por comitês locais, no intuito de compartilhar
experiências e a uniformização de critérios, procedimentos e prontuários, respeitando as
peculiaridades locais.
A supracitada resolução veio uniformizar a assistência aos magistrados e
servidores, bem como os seus dependentes, com uma abordagem mais participativa na gestão.
As diretrizes incluem estrutura e orçamento adequados, diálogos entre os tribunais e com
instituições externas, produção e compartilhamento de informações e ações para a educação em
saúde. Segundo a resolução, os tribunais e Conselho de Justiça podem realizar convênios entre
si e entre instituições públicas para viabilizar a contratação de planos de saúde em comum.
76

Respeitadas as realidades locais, os tribunais devem manter em caráter emergencial e, de forma


indireta, prestar assistência por meio de planos ou auxilio de saúde. Padrões mínimos de
cobertura poderão ser fixados pelo CNJ, bem como critérios de coparticipação. Cada equipe
das unidades de saúde deverão ter, no mínimo, servidores de medicina, enfermagem, psicologia
e serviço social. Quanto aos não servidores, a resolução prevê que os tribunais podem fazer
constar de editais de licitação para contratação de serviços terceirizados a necessidade da
empresa contratada oferecer plano de saúde aos respectivos trabalhadores. (CONSELHO
NACIONAL DE JUSTIÇA, 2015).
Posteriormente, foi emitida uma nova Instrução Normativa nº 39, de 4 de março de
2016, explicitando o pagamento do auxílio-saúde, calculado à base de 80% (oitenta por cento)
do valor efetivamente pago pelo beneficiário titular e dependente econômico, considerando os
limites citados a soma das duas despesas efetuadas com planos privados de assistência à saúde
médica e odontológico, caso sejam contratados distintos (CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA, 2016). Ressalta ainda que a atualização dos limites do auxílio-saúde será
estabelecida pelo Diretor-Geral, observando o intervalo mínimo de 1 (um) ano, de acordo com
a disponibilidade orçamentária.
Em março de 2016, foi sugerido ao plenário pelo Comitê Gestor de Atenção Integral
à Saúde dos Magistrados e Servidores do Poder Judiciário (criado pela Portaria nº 6 de 19 de
janeiro de 2016) que aprove uma resolução para orientar os tribunais a adotarem o modelo de
autogestão na assistência à saúde de magistrados e servidores, considerando o seu menor custo
em relação as empresas de planos de saúde comerciais.

5.4 MILITARES

5.4.1 Surgimento dos hospitais militares no Brasil

Desde a colonização até a instalação do império no Brasil, não existia nenhum


modelo de atenção à saúde da população instituído (SILVA, 2007). O atendimento médico era
restrito às camadas mais altas da população, nas cidades maiores. A partir de 1808, foram
criadas as primeiras instâncias na área de saúde pública, tendo como atividades a habilitação e
a fiscalização dos registros daqueles profissionais que se dedicavam à arte da cura (médicos,
cirurgiões, farmacêuticos, parteiras, sangradores etc.) e a fiscalização de navios para a profilaxia
de novas doenças nas cidades costeiras (ESCOREL; TEIXEIRA, 2008; RISSIN, 2010).
77

Nesse contexto, a organização política do império era gerida por um regime de


governo unitário e centralizador, incapaz de dar continuidade e eficiência à transmissão e à
execução, a distância, de determinados comandos centrais. As ações de saúde estavam limitadas
ao controle sanitário mínimo da capital do império, tendência que se alongou por quase um
século (SILVA, 2007).
Na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, ocorreu a chegada dos primeiros
médicos à colônia, acompanhados de tropas militares. Em decorrência da longa distância entre
Brasil e Portugal, vários oficiais e soldados aqui desembarcavam debilitados e emagrecidos,
necessitando de atendimento. Havia uma grande preocupação em manter as boas condições
físicas do contingente de soldados, reduzindo ao mínimo as necessidades de reposição humana
e, portanto, de treinamento (PASSOS; BARREIA, 2003).
Assim, os soldados e os marinheiros portugueses eram atendidos por uma
assistência precária, realizada por religiosos que viviam nas Casas de Misericórdia,
denotando a clara necessidade da criação de um hospital militar para garantir a higidez da
tropa que fazia a defesa do território nacional (PASSOS; BARREIRA, 2003).
Com um número crescente de soldados doentes oriundos de novas tropas, o
Conselho Ultramarino concedeu ajuda financeira, mas que não atendeu às demandas da
Santa Casa de Misericórdia, resultando na suspensão do atendimento. Diante dessa situação,
o Rei D. Pedro II, em 21 de março de 1702, determinava ao Governador e Capitão-General-
Artur de Sá e Menezes (1697-1702) que construísse um hospital com as dimensões
necessárias. Apesar da solicitação, a construção não foi realizada, permanecendo a Casa de
Misericórdia a manter o atendimento com a ajuda financeira do governo (RISSIN, 2010).
Em meio aos preparativos para a vinda da família real ao Brasil, surgiu a
necessidade da organização de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte ao
poder que se instalava na cidade do Rio de Janeiro. No entanto, foi preservado o mesmo
cenário anterior em relação ao problema da saúde dos militares, que, à época, eram
recolhidos impropriamente, em pequenas casas situadas na Rua dos Quartéis da Armada,
no Morro de São Bento. As construções existentes no local foram remodeladas e
transformadas em Enfermaria Militar, que na verdade não passava de um depósito de
doentes (RISSIN, 2010).
Em 17 de novembro de 1766, assume o Vice-Rei, D. Antônio Rolim de Moura
Tavares, o Conde de Azambuja. Sob sua ordem foram feitas reparações no ex-Colégio dos
78

Jesuítas, alojando os militares enfermos oriundos da enfermaria existente no Morro de São


Bento (RISSIN, 2010). O local foi chamado de Hospital Real e Ultramar, primeiro nome
dado ao Hospital Central do Exército (SILVA, 1996).
Posteriormente, com a vinda da Família Real e sua corte portuguesa para o
Brasil, foi emitido um Decreto Regencial, datado de 09 de fevereiro de 1808 por Dom João,
com o objetivo de organizar, coordenar e uniformizar os serviços dos cirurgiões e físicos
(médicos) do Exército e Armadas Reais, tanto no Brasil quanto nas colônias africanas e
asiáticas, nomeando o Frei Custódio de Campos de Oliveira como Cirurgião-Mor dos
Exércitos e Armadas Reais em todos os domínios ultramarinos e, por consequência, criando
a repartição do Cirurgião- Mor, embrião da atual Diretoria de Saúde do Exército. O referido
Decreto Regencial originou também a Diretoria de Saúde da Marinha e resultou no
nascimento do ensino médico e farmacêutico e da indústria farmacêutica no Brasil (RISSIN,
2010; EXÉRCITO BRASILEIRO, 2014).
Nessa época, os médicos militares tinham a incumbência de tratar os doentes,
mas não estava entre suas atribuições participar da gestão econômica e da direção dos
hospitais. Por meio do decreto de 22 de março de 1821, Dom João VI determinou que a
direção administrativa dos hospitais passasse a ser atribuição dos médicos, tendo em vista
que frei Custódio de Campos e Oliveira havia partido para Portugal naquele ano (SILVA,
1958).
No período de permanência da Família Real portuguesa no Brasil, foram criadas
a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica no Hospital Real Militar da Corte (hoje Hospital
Central do Exército), e da Botica Real Militar (hoje Laboratório Químico-Farmacêutico do
Exército), junto ao Hospital Real Militar, ambos na cidade do Rio de Janeiro.
Concomitantemente, por sugestão do Dr. José Correa Picanço, Cirurgião-Mor do Reino,
criou-se, em Salvador, a Escola de Cirurgia no Hospital Real Militar daquela cidade, atual
Hospital Geral de Salvador. Posteriormente, a citada escola se transformou em Academia
Médico Cirúrgica e, em 03 de outubro de 1832, recebeu a denominação de Faculdade de
Medicina da Bahia, sendo considerada a primeira escola de medicina do Brasil (EXÉRCITO
BRASILEIRO, 2014).
A organização autônoma e independente do corpo de saúde do Exército foi
regulamentada pelo decreto nº 601, de 19 de abril de 1849. Antes deste decreto, o serviço
79

de saúde era unificado das Forças Armadas, que na época eram o Exército e a Real Armada
(Marinha do Brasil) (ROSA, 2013).
A Diretoria de Saúde (Repartição do Cirurgião-Mor do Exército/1808) é o Órgão
Técnico-Normativo Central do Serviço de Saúde do Exército, e tendo como órgãos
executores de suas ações, em todo o território nacional, os Hospitais Militares, as
Policlínicas Militares, os Postos Médicos de Guarnição (PMGu) e as Seções de Saúde das
Organizações Militares. Existe uma parceria entre os integrantes do Serviço de Saúde do
Exército e os órgãos vinculados ao Ministério da Saúde, para a efetivação de importantes
programas, entre os quais, o Programa Nacional de Imunização (PNI) e o Projeto Sentinela,
cujo objetivo é traçar e diagnosticar o perfil epidemiológico das doenças sexualmente
transmissíveis/vírus da imunodeficiência adquirida (DST/AIDS) na população jovem
masculina (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2014).

5.4.2 Assistência à saúde militar no Brasil

5.4.2.1 O serviço de saúde do Exército

A estrutura organizacional do Exército Brasileiro possui um sistema hierárquico


bastante rígido, com subordinações bem definidas e forte verticalização no seu organograma, o
que repercute na organização e na execução dos seus serviços de saúde (FERRO; RAMOS,
2011).
Seus serviços são organizados em redes, utilizando o modelo tecno-assistencial
piramidal, no qual no primeiro nível estão as unidades de saúde que atendem a população que
da sua área de cobertura, sendo, responsáveis pela atenção primária à saúde. Dentro do Exército,
compreendem esse nível as Formações de Saúde (FS). Essas formações são subunidades
localizadas nos quartéis do Exército e geralmente são compostas por um oficial médico, um
oficial dentista, técnicos em enfermagem e padioleiros, sendo responsáveis pelo apoio de saúde
imediato aos integrantes do quartel e também pelos procedimentos de controle sanitário da tropa
e triagens dos casos de tratamento especializado, em segundo e terceiro níveis de atenção.
No segundo plano da pirâmide, encontramos serviços de atenção secundária, como
aqueles de apoio diagnóstico e terapêutico, ambulatoriais, alguns de urgência e emergência,
procedimentos e pequenas cirurgias e perícias médicas em primeira instância. No Exército, esse
80

nível é ocupado por Policlínicas Militares e Postos Médicos de Guarnição, localizados em


pontos com maior concentração de Organizações Militares. No terceiro nível da pirâmide estão
os serviços hospitalares de maior complexidade, casos que necessitem de internação ou
tratamento cirúrgico. Os Hospitais Militares são as Organizações de Saúde de terceiro nível no
Exército (quadro 5) (ROSA, 2013).

Nível de Quantidade
Organização Militar Atuação
Atendimento Existente
Corpos de tropa,
Formações de Saúde 545 Apoio (arsenais,
Nível Primário (FS) depósitos, escolas,
outros)
Postos Médicos de Ambulatorial,
28
Guarnição (PMGu) instalados em
locais de maior
Nível Secundário
concentração de
Policlínicas Militares 04
organizações
militares.
Hospitais Militares de
07
Área Internação
Nível Terciário Hospitais Gerais 06 Tratamentos
Hospitais de Cirúrgicos
11
Guarnição
Quadro 5 - Organizações Militares de Saúde (OMS)
Fonte: Rosa (2013)

A figura 1 apresenta a distribuição das OMS no território brasileiro nos níveis


secundário e terciário (ROSA, 2013).
81

Figura 1 - Localização das Organizações Militares de Saúde de nível secundário e terciário


Fonte: Rosa (2013)
82

Observa-se uma concentração de unidades de saúde na região sudeste em


detrimento da região Nordeste, que possui apenas uma unidade de saúde por estado. Amapá e
Tocantins não possuem nenhuma OMS.
As especificidades de atendimento de cada tipo de OMS são descritas a seguir
(MARRONI, 2008):
a) Hospital Geral Tipo I
Hospital de médio porte que, em princípio, está localizado em sede de Comando de
RM e se destina à assistência médico-hospitalar de pacientes oriundos da sua e de outras
guarnições, oferecendo serviços mais especializados que um hospital de guarnição, de acordo
com a disponibilidade técnica definida em seu Quadro de Cargos Previstos (QCP).
b) Hospital Geral Tipo II
Hospital de médio porte, com características de maior complexidade de assistência
médico-hospitalar e potencial de atendimento a um número maior de usuários, que o hospital
geral do tipo I, de acordo com a disponibilidade técnica definida em seu QCP.
c) Hospital Geral Tipo III
Hospital de médio ou grande porte, destinado a constituir-se em centro de
referência, coordenação e integração do serviço médico-hospitalar de uma RM, devendo estar
capacitado a prestar assistência especializada, diferenciada, a pacientes encaminhados de outros
hospitais do Sistema de Saúde do Exército. Essas OMS poderão desenvolver atividades de
ensino em sua área de ação, dentro de suas possibilidades técnico-profissionais.
d) Hospital de Guarnição Tipo I
Hospital de pequeno porte destinado a servir à população de determinada guarnição
militar, prestando assistência ambulatorial e de hospitalização, no mínimo, nas áreas básicas
de: Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia, Ginecologia, Obstetrícia, Emergência e de outras
especialidades, de acordo com a disponibilidade técnica definida em seu QCP.
e) Hospital de Guarnição Tipo II
Hospital de pequeno porte destinado a servir à população de determinada guarnição
militar e a pacientes encaminhados de outras guarnições, nas áreas básicas de: Clínica Médica,
Pediatria, Cirurgia, Ginecologia, Obstetrícia, Emergência e de outras especialidades, de acordo
com a disponibilidade técnica definida em seu QCP.
f) Hospital de Guarnição Tipo III
Hospital de pequeno ou médio porte destinado a servir à população de determinada
guarnição militar sede de grande número de Organizações Militares (OM), caracterizada por
expressivo efetivo de usuários do Sistema de Assistência Médico-Hospitalar aos Militares do
83

Exército, da Ativa, Inativos, Pensionistas e seus Dependentes (Sammed) e pacientes


encaminhados de outras guarnições, nas áreas básicas de: Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia,
Ginecologia, Obstetrícia, Emergência e de outras especialidades, de acordo com a
disponibilidade técnica definida em seu QCP.
g) Policlínica Militar Tipo I
Estabelecimento de Saúde destinado à assistência ambulatorial, para o atendimento
a pacientes de sua guarnição, com serviços médicos especializados.
h) Policlínica Militar Tipo II
Estabelecimento de Saúde destinado à assistência ambulatorial, para o atendimento
a pacientes de sua e de outras guarnições, com serviços especializados de maior complexidade
que os desenvolvidos nas policlínicas de tipo I.
i) Posto Médico de Guarnição Tipo I
Estabelecimento de Saúde destinado à assistência ambulatorial, para o atendimento
a pacientes de sua guarnição, de acordo com as possibilidades de seu QCP e estrutura sumária
instalada em OM.
j) Posto Médico de Guarnição Tipo II
Estabelecimento de Saúde destinado à assistência ambulatorial, para o atendimento
a pacientes de sua guarnição, de acordo com o QCP específico para o tipo de atendimento a ser
desenvolvido e estrutura sumária instalada em OM.
k) Posto Médico de Guarnição Tipo III
Estabelecimento de Saúde destinado à assistência ambulatorial, para o atendimento
a pacientes de sua guarnição, de acordo com o QCP específico para o tipo de atendimento a ser
desenvolvido, com estrutura completa em instalações próprias, que podem evoluir,
modularmente, para policlínica ou hospital de guarnição.
l) OMS Especiais
- Hospital Central do Exército (HCE);
- Centro de Recuperação de Itatiaia (CRI);
- Laboratório Químico-Farmacêutico do Exército (LQFEx);
- Instituto de Biologia do Exército (IBEx);
- Hospital Escolar da Academia Militar das Agulhas Negras (HE/AMAN);
- Odontoclínica Central do Exército (OCEx);
- Hospital de Campanha (H Cmp).
84

5.4.2.1.1O sistema SAMMED/FUSEX

Em 1974, com o Decreto Presidencial nº 73.787, foram aprovadas as condições de


atendimento e indenizações para a assistência médico-hospitalar ao militar e seus dependentes,
um marco para a criação, em 1978, dos dois pilares do atual serviço de saúde do Exército, o
Sammed e o Fundo de Saúde do Exército (FusEx).
O Sammed é financiado com recursos provenientes da união e, o FusEx, com
recursos provenientes de desconto no salário dos militares. Os recursos do FusEx são destinados
aos militares e aos seus dependentes. Já os recursos do Sammed são destinados aos militares
em ano de serviço militar obrigatório, aos alunos de escola de formação militar, e para
atendimentos de saúde provenientes de atos de serviço. Ambas as fontes de recursos financiam
os atendimentos nos hospitais próprios do Exército e em entidades vinculadas.
O Sammed atende cerca de 750 mil beneficiários distribuídos em todo o território
nacional. Dentre esses atendidos, 570 mil também são beneficiários do FusEx (EXÉRCITO
BRASILEIRO, 2015).
Os recursos financeiros que sustentam o Sammed são decorrentes de:
I - Dotações orçamentárias, consignadas no Orçamento da União através de
propostas anuais dos Ministérios Militares, constituídas de:
a) recursos financeiros previstos com base no produto do fator de custos de
atendimento médico-hospitalar pelo número de militares, da ativa e na inatividade,
e de seus dependentes;
b) recursos financeiros específicos para o custeio de convênios e contratos;
c) outros recursos que visem à assistência médico-hospitalar (BRASIL, 1986).
O fator de custo estabelece normas, condições de atendimento e indenizações para
a assistência médico-hospitalar ao militar e seus dependentes. De acordo com Artigo 3º do
Decreto 92.512, tem seu conceito apresentado da seguinte forma:
XIX - Fator de Custo de Atendimento Médico-Hospitalar é o valor estipulado por
militar das Forças Armadas - da ativa ou da inatividade - e por dependente dos
militares, fixado pelo Ministro Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, que
servirá de base para o cálculo de dotação orçamentária destinada à assistência
médico-hospitalar (BRASIL, 1986).
O cálculo do montante dos recursos financeiros oriundos do fator de custo também
está especificado no Decreto nº 92.512/86, em seu Artigo 12º:
I - para os militares, em função do produto dos efetivos militares da ativa e na
inatividade, computados em 31 de dezembro do ano anterior, pelo valor do Fator de
Custo de Atendimento Médico-Hospitalar fixado para o militar;
II - para o dependente dos militares, em função do produto do número de
dependentes dos militares (da ativa, na inatividade e falecidos), computados em 31
de dezembro do ano anterior, pelo valor do Fator de Custos de Atendimento
Médico- Hospitalar fixado para o dependente (BRASIL, 1986)
85

O FusEx possui a finalidade de complementar os recursos financeiros necessários


para o bom funcionamento do Sammed, tanto com o atendimento dentro das OMS quanto
com os custos de encaminhamento dos pacientes para entidades vinculadas fora do sistema.
Esse Fundo é gerido por 169 Unidades Gestoras, localizadas dentro de Organizações Militares
de Saúde ou dentro de quartéis. Nessas unidades os usuários têm seu atendimento prestado
pelo Sammed ampliado por meio de encaminhamentos para uma rede de aproximadamente
3.325 Organizações Civis de Saúde (OCS) e 2.285 Profissionais de Saúde Autônomos (PSA),
contratados, conveniados ou credenciados (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2015).
O FusEx possui características que o diferenciam de demais planos de saúde no
mercado, como:
a) inexistência de carência;
b) não possui limite de prazo para internações hospitalares;
c) não possui limite de prazo para internações em UTI;
d) possui ampla cobertura de procedimentos;
e) não restringe novas tecnologias, desde que necessárias e aprovadas pela
Associação Médica Brasileira;
f) proporciona atendimento odontológico;
g) fornece órteses, próteses não odontológicas e artigos correlatos;
h) fornece, em muitos casos, medicamentos de alto custo;
i) tem baixo valor de contribuição, em comparação com os planos de saúde,
principalmente para os menores graus hierárquicos;
j) perdoa a dívida de titulares falecidos ou a que extrapole a capacidade de
pagamento do beneficiário;
k) possibilita atendimento no exterior, em casos específicos;
l) proporciona evacuação terrestre e aeromédica;
m) não onera o usuário com aumentos das contribuições decorrentes das mudanças
de faixa etária (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2007, p. 1-2).
Todo militar do efetivo profissional do Exército tem descontado em seu
contracheque, 3% de seu soldo de contribuição obrigatória para esse benefício.

5.4.2.1.2 Assistência à Saúde Suplementar do Servidor Civil do Exército Brasileiro (PASS)

Criada através da Portaria nº 422, de 19 de junho de 2008, a Assistência


Suplementar do Servidor Civil do Exército Brasileiro, é uma prestação de assistência à saúde
suplementar do Servidor Civil, criada e administrada pelo Exército Brasileiro especialmente
para seus servidores civis ativos, na inatividade, dependentes e pensionistas. Contempla
assistência médica ambulatorial e hospitalar, odontológica, fisioterápica, psicológica,
farmacêutica, partos e tratamentos com cobertura no padrão mínimo da ANS.
O atendimento é prestado exclusivamente no Brasil, prioritariamente, nas OM e
OMS. Na impossibilidade do atendimento nas OM/OMS, a estas caberá proporcioná-lo por
86

intermédio de encaminhamentos, a OCS e PSA, contratados/credenciados pelo Exército


Brasileiro (EB).
São beneficiários titulares da PASS:
I – na qualidade de servidor, os inativos e os ocupantes de cargo efetivo, de cargo
comissionado ou de natureza especial e de contrato temporário, na forma da Lei nº
8.745, de 09 de dezembro de 1993, lotado no EB e inscrito na PASS;
II - pensionistas de servidor civil (mesmo que não tenha sido inscrito na PASS
antes do falecimento do servidor civil) (BRASIL, 2008, p. 7).
Os beneficiários da PASS contribuem mensalmente com uma cota fixa, de acordo
com sua faixa etária e independentemente de sua remuneração.

5.4.2.2 O serviço de saúde da Marinha

A Diretoria de Saúde da Marinha (DSM) é o Órgão Técnico responsável pelo


planejamento, organização, coordenação e controle das atividades de saúde no âmbito da
Marinha do Brasil (MB). Tais atividades são organizadas constituindo um sistema,
denominado Sistema de Saúde da Marinha (SSM), formando um conjunto de recursos
humanos, financeiros, tecnológicos, físicos e de informações, no intuito de prover o
desempenho de suas atividades, em cumprimento à Política de Saúde e Diretrizes emanadas
da Administração Naval. O Subsistema Assistencial é o responsável pela prestação de
Assistência Médico-Hospitalar (AMH) aos usuários do SSM (MARINHA DO BRASIL,
2009).
O Sistema de Saúde da Marinha obedece a um modelo de autogestão e possui uma
rede nacional de Organizações Militares Hospitalares (OMH) e Organizações Militares
Facilitadoras Médicas (OMFM). Os hospitais são os responsáveis pela execução da
assistência militar hospitalar nos Distritos Navais onde estão localizados. Nos locais em que
não existe um hospital naval, as OMFM administram a assistência à saúde em sua área de
abrangência e realizam o encaminhamento do usuário aos pontos de atendimento médico-
odontológico próprios da Marinha do Brasil ou à rede beneficiada. A estrutura de saúde da
Aeronáutica e do Exército é utilizada, de acordo com a necessidade e o interesse da instituição
e dos usuários, num tratado de reciprocidade entre as Forças Armadas (MARINHA DO
BRASIL, 2008).
O modelo atual de assistência é dividido em dois níveis principais: Atenção Básica
e Atenção Especializada. A Atenção Básica é entendida como o primeiro nível de assistência,
executada pelas unidades: Ambulatório de Hospitais Distritais, Ambulatórios Navais,
Departamentos e Divisões de Saúde das OM e Ambulatório do Hospital Central da Marinha
87

(HCM). A Atenção Especializada, anteriormente classificada como nível secundário e


terciário, destina-se aos casos que necessitam de hospitalização e tratamentos com recursos
de média e alta complexidade. Compreende: Hospitais Navais Distritais, Policlínicas Navais
e Odontoclínica Central da Marinha (OCM). Na Atenção de Alta Complexidade estão o
Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD) e a Unidade Integrada de Saúde Mental (Uism)
(MARINHA DO BRASIL, 2008).
Nas regiões fora da área de abrangência do HNMD, as OMH e OMFM mantêm
contrato com uma rede credenciada (MARINHA DO BRASIL, 2009).
Os recursos para financiamento da assistência à saúde dos usuários do Serviço de
Saúde da Marinha são provenientes de três fontes definidas: a primeira é denominada de Fator
de Custo (FC), que se refere à obrigação legal do Estado, proveniente de recursos federais. A
segunda e maior parte é composta pela contribuição mensal obrigatória do usuário, de caráter
complementar e previsto em lei. Essa parcela constitui o Fundo de Saúde da Marinha (Fusma),
que obedece a um sistema tipo mutualista, sendo a contribuição direta, descontada em
contracheque (MARINHA DO BRASIL, 2009).
A terceira parte refere-se às receitas provenientes de indenizações médico-
hospitalares (Inhos), caracterizando-se a coparticipação, ou seja, o pagamento feito quando o
usuário é atendido nas OMH e OMFM. As tabelas de custo dos procedimentos são
preestabelecidas pelo Ministério da Defesa (MD) (MARINHA DO BRASIL, 2009).
O SSM, além de serviços médicos provê atendimento nas áreas de odontologia,
fisioterapia, farmácia e nutrição (MARINHA DO BRASIL, 2009).
Alguns procedimentos não são cobertos:
a) Modalidades de tratamento médico não reconhecidas pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM), como: tratamentos ortomoleculares, cromoterapia,
aromaterapia, shiatsu e estéticos (iontoforese, hidrolipoclasia,
intradermoterapia, carboxiterapia etc.);
b) Cirurgia plástica estética;
c) Despesas não relacionadas com tratamento previamente autorizado;
d) Exames, medicamentos e outros procedimentos que visem à pesquisa científica
ou tratamentos não reconhecidos legalmente em território nacional;
e) Exames ou tratamentos realizados em entidades não autorizadas, sem prévia
indicação pelo SSM;
f) Tratamentos clínicos ou cirúrgicos experimentais;
g) Tratamentos clínicos ou cirúrgicos não éticos; e
88

h) Acomodações acima do padrão previsto.


São considerados usuários do Sistema de Saúde da Marinha: militares,
pensionistas e dependentes, conforme definidos no Estatuto dos Militares. Os alunos do
Colégio Naval (CN), os Aspirantes da Escola Naval (EN), os alunos da Escola de Formação
de Oficiais da Marinha Mercante (Efomm), os alunos das Escolas de Aprendizes-Marinheiros
(EAM), os ex-Combatentes da MB e os Marinheiros-Recrutas (RC) constituem casos
específicos e não se enquadram nos itens acima, sendo denominados Usuários Especiais
(MARINHA DO BRASIL, 2009).
Apesar de prestar uma atenção multiprofissional, de acordo com o Regulamento
para a Diretoria de Saúde da Marinha, as funções de diretor e vice- diretor só devem ser
exercidas por profissionais médicos (Oficial General da ativa do Quadro de Médicos),
restando aos demais profissionais da área de saúde, patentes inferiores (MARINHA DO
BRASIL, 2008).
O Abrigo do Marinheiro (AMN) é uma associação sem fins lucrativos, ligada à
Marinha do Brasil, destinada a buscar benefícios ao corpo naval. Através de um convênio
firmado com o Comando de Operações Navais, desde a sua fundação em 1919, está presente
em ações navais em todo o território nacional (AMN-ABRIGO DO MARINHEIRO, 2015a).
Sua matriz fica no Rio de Janeiro, onde se concentram cerca de 70% da Força
Naval brasileira. As demais unidades estão localizadas em Distritos Navais e Comandos fora
da área do Rio de Janeiro, sendo constituídas por Departamentos Regionais do AMN, que
também atuam em atividades de esporte, cultura e lazer para Oficiais, Praças, Servidores Civis
e Pensionistas e seus respectivos dependentes (AMN-ABRIGO DO MARINHEIRO, 2015a).
Em março de 2014, o Abrigo do Marinheiro firmou contrato com a Qualicorp para
prestação de serviço de Assistência Médica e Hospitalar para a corporação naval e seus
dependentes. Os associados do AMN podem aderir a um plano coletivo por adesão da Unimed
Rio, SulAmérica, Golden Cross ou ASSIM Saúde (AMN-ABRIGO DO MARINHEIRO,
2015b).
89

5.4.2.3 O serviço de saúde da Aeronáutica

A Diretoria de Saúde (Dirsa), Organização do Comando da Aeronáutica


(Comaer), prevista pelo Decreto nº. 6.834, de 30 de abril de 2009, com finalidades e
atribuições determinadas pela Portaria nº 1592/GC3, de 25 de setembro de 2014, é
diretamente subordinada ao Comando- Geral do Pessoal (Comgep) e tem sede na capital do
estado do Rio de Janeiro (BRASIL, 2015a).
As competências da Dirsa são (BRASIL, 2015a):
a) dirigir, planejar, coordenar, fiscalizar, supervisionar tecnicamente e controlar
as atividades do Sistema;
b) elaborar as orientações normativas para as atividades do Sistema;
c) compatibilizar as atividades do Sistema com os objetivos da Política de Pessoal
do Comaer;
d) fiscalizar especificamente o desempenho dos elos do Sistema;
e) coordenar o planejamento e a elaboração das propostas orçamentárias anuais e
plurianuais necessárias à execução das atividades do Sistema;
f) padronizar procedimentos, equipamentos e material de saúde, bem como
instalações médico-hospitalares, componentes do Sistema;
g) controlar e distribuir o suprimento de material de saúde, bem como de itens
especiais aos elos do Sistema de Saúde da Aeronáutica (Sisau);
h) planejar, coordenar, supervisionar e controlar cursos técnicos de especialização
ou de aperfeiçoamento do pessoal de saúde, visando à melhoria da qualificação
profissional no Sistema;
i) manter atenção permanente ao desenvolvimento e à atualização de técnicas na
área da saúde, visando à sua adoção para o aperfeiçoamento do Sistema;
j) realizar a ligação e a cooperação com os setores de saúde do Ministério da
Defesa e das demais Forças Armadas em ações coordenadas de saúde;
k) cultivar a ligação com Serviços de Saúde de Organizações estranhas ao
Comaer, nas áreas de Medicina, Odontologia e Farmácia e de pesquisas em
saúde com fins de atualização.
A Dirsa tem a seguinte estrutura básica, segundo a figura 2 (BRASIL, 2015a):
a) Direção;
b) Subdiretoria de Aplicação dos Recursos para Assistência Médico-Hospitalar
(Saram);
90

c) Subdiretoria Técnica (SDTEC);


d) Subdiretoria de Logística e Saúde Operacional (SDLOSP);
e) Subdiretoria de Perícias Médicas (SDPM).

Figura 2 - Organograma da Diretoria de Saúde da Aeronáutica


Fonte: Brasil (2015a)

Subordinam-se diretamente ao Diretor de Saúde (BRASIL, 2015a):


a) Hospital Central da Aeronáutica (HCA);
b) Centro de Medicina Aeroespacial (CMAL);
c) Centro de Especialização da Saúde (Cesa);
d) Laboratório Químico-Farmacêutico da Aeronáutica (LAQFA).
O Hospital Central da Aeronáutica é o Órgão de Serviço e Saúde que tem por
finalidade, prover assistência médico-hospitalar e executar a medicina especializada que
ultrapasse as possibilidades dos demais hospitais regionais.
A Diretoria da Saúde é administrada por um Oficial General do Quadro de Oficiais
Médicos da Aeronáutica, da Ativa, do posto de Brigadeiro, assim como o HCA, CMAL,
CESA e LAQFA e as subdiretorias.
Os Chefes das Divisões das Subdiretorias são Oficiais Superiores do Quadro de
Oficiais Médicos da Aeronáutica, da Ativa, do posto de Coronel. Os militares das demais
profissões da saúde, com formação superior, podem exercer a chefia das Divisões de Apoio
e de Pessoal (DIRETORIA DE SAÚDE, 2015).
O Serviço de Saúde da Aeronáutica abrange programas de medicina preventiva,
atendimento médico de urgência e emergência, internações terapêuticas de alta complexidade
e reabilitação. Também oferece serviços, como: Odontologia, Farmácia Hospitalar e
Industrial, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e
Psicologia (DIRETORIA DE SAÚDE, 2015).
Os recursos para o financiamento da assistência à saúde dos militares da
Aeronáutica e seus dependentes são provenientes de duas fontes bem definidas. A primeira
se refere à obrigação legal do Estado e é proveniente dos cofres da União Federal. A outra
91

é composta pela sua contribuição mensal obrigatória (militares e pensionistas), denominada


de complementar. A contribuição é direta, descontada em contracheque. Esta parcela
constitui o Fundo de Saúde da Aeronáutica (Funsa), que obedece ao sistema mutualista
(GUIA..., 2006).
Nessa parcela também é computada a coparticipação. Em linhas gerais, o custo
do atendimento é financiado pelo Funsa (80%) e pelo usuário (20%), com base em tabelas
preestabelecidas.
Não estão sujeitos à coparticipação (GUIA..., 2006):
a) Militares cuja assistência à saúde é custeada integralmente pelo Estado (Fator
de custo);
b) Casos de acidente em serviço;
c) Casos de doença profissional;
d) Inspeção por Junta de Saúde, realizada por interesse da administração;
e) O militar da ativa e da inatividade, quando hospitalizado em Organização de
Saúde da Aeronáutica.
O Sisau, na figura de seu órgão central, a Dirsa, é responsável pelo
gerenciamento e execução de todo ciclo técnico/administrativo do controle psicofísico do
pessoal de voo e de terra, da manutenção psicofísica do pessoal de voo, do preparo e
emprego do pessoal de saúde nas missões de natureza aeromédica e de busca e salvamento,
da manutenção complementar de saúde do pessoal da aeronáutica e de seus dependentes, da
aplicação dos recursos destinados ao custeio da assistência médico-hospitalar do pessoal da
aeronáutica e de seus dependentes, da manutenção do material de saúde, da fabricação e da
distribuição de especialidades farmacêuticas, entre outros.
Para tanto, está estruturado em quatro escalões de atendimento à saúde,
compostos por Organizações de Saúde (OSA), subordinadas técnica e/ou
administrativamente à Dirsa, com missão e atividades definidas em legislações próprias do
Comando de Aeronáutica (Regulamentos de Organizações (Roca), Regimentos Internos
(Rica) e Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) 160-18/2007), conforme descrito a
seguir:
4º Escalão, composto de 4 (quatro) OSA (Hospitais de Força Aérea), Hospital de
Força Aérea do Galeão (HFAG), Hospital Central da Aeronáutica (HCA),
Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB) e o Núcleo de Hospital de Força
Aérea de São Paulo (NuHFASP); e
3º Escalão, composto de 6 (seis) OSA (Hospitais de Área), Hospital de Área dos
Afonsos (HAAF), Hospital de Área de Belém (Habe), Hospital de Área de Canoas
92

(HACO), Hospital de Área de Manaus (HAMN), Hospital de Área de


Recife(HARF); e7 (sete) Unidades Especiais de Saúde, o Centro de Medicina
Aeroespacial (Cemal), a Casa Gerontológica Brigadeiro Eduardo Gomes
(CGABEG), o Instituto de Medicina Aeroespacial Brigadeiro Médico Roberto
Teixeira (IMAE), o LAQFA, e as Odontoclínicas de Aeronáutica de Brasília
(OABR), Santos Dumont (OASD) e de Recife (OARF).Organizações de Saúde
subordinadas tecnicamente à DIRSA e administrativamente às Organizações
Militares do Comaer, instaladas em Unidades Aéreas, Bases Aéreas, Parques de
Material Aeronáutico, Escolas de Formação e outras OM do Comaer:
2º Escalão, composto de 46 (quarenta e seis) Estruturas de Saúde (Posto Médico,
Esquadrilha de Saúde, Esquadrão de Saúde, Seção de Saúde, Subdivisão de Saúde,
Divisão de Saúde ou Hospital de Base); e
1º Escalão, composto de 48 (quarenta e oito) Estruturas de Saúde (Seção
Aeromédica ou Dispensário Médico, operados pelos Elementos Executivos, os
Médicos-de-esquadrão, incorporados em todas as Unidades Aéreas da FAB).
Serviços Regionais de Saúde (Sersa):Cada um dos Sers aestá localizado em um
dos 7 (sete) Comandos Aéreos Regionais e funcionam como elos de ligação com
a DIRSA (BRASIL, 2015a, p. 19).
O Sisau tem como missão básica prestar assistência de saúde aos militares do
Comando da Aeronáutica da ativa, da inatividade, pensionistas e aos dependentes, todos
obrigatoriamente cadastrados na Saram (BRASIL, 2015a).
Dentre os órgãos externos, possuem apoio do Serviço Federal de
Processamentos de Dados (Serpro), que faz as certificações digitais dos pregoeiros e do
Agente Diretor, do Ministério do Planejamento, principalmente com a ferramenta do Pregão
Eletrônico no Comprasnet; a Secretaria de Educação Superior, do Ministério da Educação,
referente aos processos de Residências Médicas; a Anvisa; os Comandos Militares da
Marinha e do Exército: Hospital das Forças Armadas, no atendimento médico: a Advocacia
Geral da União; e as empresas contratadas, vencedoras dos processos licitatórios, que
fornecem os itens necessários ao funcionamento do sistema (BRASIL, 2015a).
O Sisau também se vale da estrutura de apoio à saúde da Marinha e do Exército,
de acordo com a necessidade e o interesse da instituição e dos usuários, num tratado de
reciprocidade entre as forças.

5.4.2.3.1 Plano de Saúde da Aeronáutica (PLASA)

Em 2001, o Comando da Aeronáutica, por intermédio da Diretoria de


Intendência (Dirint), no intuito de prestar assistência médico-hospitalar de Diagnóstico e
Terapia, e Assistência Odontológica Complementar ao seu pessoal civil e militar,
dependentes e pensionistas, firmou Contrato Coletivo com a Unimed.
Além das modalidades estabelecidas pela Unimed aos planos gerais (Alfa, Beta,
Delta e Omega), em 2014 foi incrementada mais uma modalidade, denominada Plasinha
93

(Beta Ambulatorial), com coberturas de consultas e exames, sem coberturas de internações.


(UNIMEDRIO, 2015).
Em outubro de 2012, a empresa Hapvida venceu um processo licitatório, por
meio de um pregão eletrônico, realizado pela Diretoria de Saúde da Aeronáutica, através da
SARAM, e executado pelo Grupamento de Apoio do Rio de Janeiro (GAP-RJ). A empresa
foi contratada no intuito de viabilizar, para cerca de 284 mil clientes, uma rede de hospitais,
clínicas, serviços, laboratórios e demais prestadores nos diversos estados do país, quando
osmilitares da Força Aérea Brasileira e seus dependentes não puderem ser atendidos com
recursos próprios das Organizações de Saúde da Aeronáutica (SINDICATO DAS
INDÚSTRIAS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO, 2014).
Outro contrato identificado com empresas de plano de saúde foi feito com a
Gama Saúde, da modalidade de Medicina de Grupo, especializada na administração de
planos de saúde por pós-pagamento para empresas (custo operacional) e na oferta, ou
aluguel, de rede assistencial de maneira complementar para operadoras comerciais de
mercado (seguradoras e medicinas de grupo), e para autogestões públicas e privadas. Trata-
se de uma empresa ligada à MetLife, uma companhia internacional com atuação em seguros
de vida, capitalização, acidentes pessoais e benefícios a colaboradores de empresa, servindo
a 90 milhões de clientes em mais de 50 países (GAMA SAÚDE, 2015).
94

5.5 SÍNTESE DOS ESQUEMAS ASSISTENCIAIS PARA AGENTES PÚBLICOS FEDERAIS CIVIS E MILITARES NO BRASIL

Segmento do Modalidade, mecanismo de Base legal - Marco Legal - Principais


Organização da assistência
Funcionalismo viabilizar a assistência características
Decreto 4.978 de 03 de fevereiro de 2004
(Normaliza o benefício de saúde suplementar) -
Regulamenta o art. 230 da Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990, que dispõe sobre a assistência à
saúde do servidor, e dá outras providências
(BRASIL, 2004a).

Decreto nº 5.010 de 9 de março de 2004- Dá nova


redação ao caput do art. 1º do Decreto nº 4.978, de 3
Por meio de um convênio (autogestão) ou
de fevereiro de 2004, que regulamenta o art. 230 da
contrato com planos ou seguros privados de
Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe
assistência à saúde; ou ainda pelo
sobre a assistência à saúde do servidor (BRASIL,
ressarcimento, com teto estipulado, ao
2004b).
1. Convênios com entidades servidor que opta por plano de saúde
Servidores Públicos fechadas (autogestão) particular;
Lei nº 11.302/2006- deu nova redação ao Artigo.
Civis Federais 2. Contrato Através de serviços prestados diretamente
230, da Lei nº 8112, de 1990, que trata do Regime
3. Reembolso pelo órgão ou entidade ao qual está
Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da
vinculado (com uma unidade de saúde
União, das Autarquias e das Fundações Públicas e
própria na maioria dos órgãos públicos);
Federais (RJU) - Art. 230. A assistência à saúde do
Acesso direto ao Sistema Único de Saúde
servidor, ativo ou inativo, e de sua família
(SUS).
compreende assistência médica, hospitalar,
odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como
diretriz o implemento de ações preventivas voltadas
para a promoção da saúde e será prestada pelo
Sistema Único de Saúde- SUS, diretamente pelo
órgão ou entidade ao qual está vinculado o servidor,
ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma
de auxilio, mediante ressarcimento parcial do valor
despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus
95

Segmento do Modalidade, mecanismo de Base legal - Marco Legal - Principais


Organização da assistência
Funcionalismo viabilizar a assistência características
dependentes ou pensionistas com planos ou seguros
privados de assistência à saúde, na forma
estabelecida em regulamento (BRASIL, 2006).
Portaria Conjunta SRH/ SOF/ MP nº 01, 29 de
dezembro de 2009- regulamenta os serviços de
saúde suplementar de servidores, dependentes e
pensionistas. O servidor público civil federal pode
usufruir do benefício da assistência à saúde de
diversas formas: convênio com empresas de planos
de saúde, organizadas na modalidade de autogestão;
contrato com empresas de plano de assistência à
saúde, na forma da Lei nº 8.666/93; serviço prestado
diretamente pelo órgão ou entidade; ou auxilio de
caráter indenizatório, por meio de ressarcimento,
quando não adotado pelo órgão ou entidade do
SIPEC o contrato, na forma da Lei nº 8.666/93 (art.2º
da Portaria Normativa SRH nº 3/2009) (BRASIL,
2009a).
Outros segmentos do funcionalismo público civil e militar
Legislativo
1. Convênio Reembolso de despesas com saúde à critério Ato da Mesa nº 72 de 1993- institui o Pró-Saúde.
2. Reembolso de despesas da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados; Ato da Mesa nº 75, de 07 de fevereiro de 2006- regi
com saúde oriundas de Adesão a um plano privado coletivo o Pró-Saúde.
atendimento com empresarial por meio da Aliança Seguradora Convênio 2005/151.4 celebrado entre a Câmara dos
profissionais liberais aos ocupantes de cargos de Secretário Deputados e a Caixa Econômica Federal
Câmara dos
credenciados, contratados ou Parlamentar e de Natureza Especial Documento de criação do DEMED, convênio com a
Deputados (Pró-
de livre escolha do (Comissionado); Caixa Econômica Federal.
Saúde)
beneficiário. Convênio com a Saúde Caixa; Contrato com a Sociedade Beneficente de Senhoras
3. Pagamento direto ao Através de serviços prestados diretamente Hospital Sírio Libanês (nº 2012/255, vigência: até
prestador de serviço. pelo Departamento Médico da Câmara dos 27/03/2017).
4. Contrato Deputados (DEMED); Termo de Acordo com a Aliança Seguradora (nº
098/2012).
96

Segmento do Modalidade, mecanismo de Base legal - Marco Legal - Principais


Organização da assistência
Funcionalismo viabilizar a assistência características
Acesso direto ao Sistema Único de Saúde
(SUS).
Resolução nº 35, de 2012- Dispõe sobre o
Regulamento do Sistema Integrado de Saúde
Ato da Comissão Diretora nº 17, de 2014- Altera o
1. Convênio Ato da Comissão Diretora nº 9, de 1995, que dispõe
2. Reembolso de despesas Reembolso de despesas ou pagamento direto sobre à assistência à saúde prestada aos senadores e
com saúde oriundas de ao prestador de serviço à critério da seus dependentes e aos seus cônjuges.
atendimento com Comissão Diretora do Senado Federal; Convênio celebrado entre o Senado Federal e a
Senado Federal profissionais liberais Convênio coma Saúde Caixa; Caixa Econômica Federal, objetivando a mútua
(Sistema Integrado de credenciados, contratados ou Através de serviços prestados diretamente cooperação para a execução e aprimoramento da
Saúde- SIS) de livre escolha do pela Coordenação de Atenção à Saúde do rede de credenciados da Caixa para o Saúde Caixa
beneficiário. Servidor (COASAS);; (nº 0008.2012).
3. Pagamento direto ao Acesso direto ao Sistema Único de Saúde Contrato com a Sociedade Beneficente de Senhoras
prestador de serviço. (SUS). Hospital Sírio Libanês (nº 174/2011, vigência: até
4. Contrato 09/07/2016).
Contrato com a Sociedade Beneficente Israelita
Brasileira- Hospital Albert Einstein (n° 174/2011,
vigência: até 12/12/2016).
Judiciário
Pelo auxílio- saúde (assistência indireta);
Conselho Nacional de Instruções Normativas nº 8, de 2 de julho de 2012 e
Através de serviços prestados diretamente
Justiça (CNJ) - nº 39, de 4 de março de 2016,- Regulamentam, no
1. Convênio pelas unidades internas de saúde dos
Política de Atenção âmbito do Conselho Nacional de Justiça, a
2. Contrato tribunais, contrato com planos ou seguros
Integral à Saúde de assistência à saúde na forma de auxílio.
3. Reembolso (auxílio- privados de assistência à saúde ou convênio
Magistrados e Resolução n° 207 de 15/10/2015-institui a Política
saúde). com autogestões em saúde;
Servidores do Poder de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e
Acesso direto ao Sistema Único de Saúde
Judiciário) Servidores do Poder Judiciário.
(SUS).
Militares
Por meio de um convênio (autogestão) para Decreto Presidencial nº 73.787 de 1974- foram
Exército 1.Convênios (autogestão) servidores inativos e os ocupantes de cargo aprovadas as condições de atendimento e
efetivo, de cargo comissionado ou de
97

Segmento do Modalidade, mecanismo de Base legal - Marco Legal - Principais


Organização da assistência
Funcionalismo viabilizar a assistência características
natureza especial e de contrato temporário e indenizações para a assistência médico-hospitalar
pensionistas; ao militar e seus dependentes.
Através de serviços prestados diretamente Portaria nº 422, de 19 de junho de 2008-Institui a
pelo Serviço de Saúde do Exército; Assistência Suplementar do Servidor Civil do
Acesso direto ao Sistema Único de Saúde Exército Brasileiro (autogestão), para servidores
(SUS). inativos e os ocupantes de cargo efetivo, de cargo
comissionado ou de natureza especial e de contrato
temporário e pensionistas.
Adesão a um plano privado coletivo
Portaria nº 330/ MB, de 25 de Setembro de 2009-
empresarial por meio de contrato entre a
aprova o Regulamento para o Fundo de Saúde da
Associação Abrigo do Marinheiro e a
Marinha.
1. Convênios com entidades Qualicorp (UNIMED Rio, Sul América,
Manual do Usuário do Sistema de Saúde da
Marinha fechadas (autogestão) Golden Cross ou Assim Saúde);
Marinha- 2009.
2. Contrato Serviços prestados diretamente pelo Serviço
Contrato nº AMN-002/2014, celebrado entre o
de Saúde da Marinha;
Abrigo do Marinheiro (AMN) e a Qualicorp
Acesso direto ao Sistema Único de Saúde
Administradora de Benefícios S/ A.
(SUS).
Portaria nº 1592/GC3, de 25 de Setembro de 2014-
aprova a reedição do Regulamento da Diretoria de
Por meio de contrato com a UNIMED,
Saúde da Aeronáutica.
1. Convênios com entidades HapVida e Gama Saúde;
Relatório de Gestão do Exercício de 2014 da
fechadas (autogestão) Diretamente pelo Serviço de Saúde da
Aeronáutica Diretoria de Saúde da Aeronáutica.
2. Contrato (Plano de Saúde Aeronáutica;
Contrato entre Aeronáutica e as empresas de planos
da Aeronáutica- PLASA) Acesso direto ao Sistema Único de Saúde
de saúde: UNIMED (revogado em 30/06/2016),
(SUS).
HapVida (revogado em 30/08/2012) e Gama Saúde
(revogado em 31/08/2012).
Quadro 6 - Síntese dos esquemas assistenciais para agentes públicos federais civis e militares no Brasil
98

6 O CASO DA GEAP

A Geap - Autogestão em Saúde, nova denominação, desde 2014, da Geap- Fundação


de Seguridade Social, é uma fundação com personalidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, qualificada juridicamente como operadora de plano de saúde, na modalidade de
autogestão multipatrocinada (o custeio dos planos de saúde é viabilizado por contribuições dos
beneficiários ligados a vários órgãos contratantes), com autonomia patrimonial, administrativa e
financeira (GEAP AUTOGESTÃO EM SAÚDE, 2014).
Constitui-se atualmente como a segunda maior organização de autogestão do Brasil,
com mais de 500.000 clientes. Trata-se de uma organização que prevê assistência à saúde para
servidores e empregados públicos federais dos Ministérios, Autarquias e Fundações Públicas
(entre outros órgãos). Além da sede, situada em Brasília, a Geap tem unidades nas 26 capitais
e no Distrito Federal, atuando no Brasil por meio de seus 1.600 empregados, estando presente
em 1.145 municípios brasileiros. A cobertura assistencial é realizada por meio de uma rede
credenciada, contratada com aproximadamente 23 mil prestadores de serviços, incluindo
médicos e hospitais em todo o país que oferecem os serviços cobertos pelos planos (gráfico 6)
(GEAP SAÚDE, 2014).

600000
535372 533965
565597 560477 558584
500000 547290
Número de beneficiários GEAP

400000

300000

200000

100000

0
2011 2012 2013 2014 2015 2016
Ano

Gráfico 6 - Beneficiários da Geap - Autogestão em Saúde (Brasil - 2011-2016)


Fonte: Criado por Carlos Leonardo Cunha baseado em dados da ANS (2016)
99

Os planos administrados pela Geap são de assistência médico-hospitalar, na


modalidade de contratação coletiva empresarial. Podem aderir, mediante convênios, a planos
de saúde administrados pela Geap, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, assim como
suas respectivas autarquias e fundações de direito público. Mediante custeio total ou parcial dos
serviços oferecidos, podem ser usuários ou beneficiários os servidores ou empregados, ativos –
e seus grupos familiares - ou aposentados, desses órgãos patrocinadores (GEAP
AUTOGESTÃO EM SAÚDE, 2014).
Atualmente, a Geap Saúde possui mais de 100 órgãos patrocinadores em sua
carteira, ligados ao Legislativo, Executivo, Judiciário e Autarquias. Além desses, também
fazem parte da carteira a Dataprev e o Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina
(TRT/SC), único órgão do Poder Judiciário (GEAP SAÚDE, 2014).
Os cinco principais órgãos que possuem convênio com a Geap para prestação de
serviços de assistência à saúde são: Ministério da Saúde (MS), Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), Ministério dos Transportes (MT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
Ministério da Fazenda (MF) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
No âmbito da Administração Federal, além da Geap, encontram-se reconhecidas
como entidades fechadas de autogestão a Capesep, que atende os servidores da Funasa, o
Instituto Oswaldo Cruz de Seguridade Social (FioSaúde), que atende os servidores da Fiocruz,
a Cassi, que atende os empregados do Banco do Brasil, a Assefaz, que atende os servidores do
Ministério da Fazenda, entre inúmeras outras no âmbito de empresas públicas, sociedades de
economia mista, fundações e autarquias dos três níveis de Governo (ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2013).

6.1 TIPOS DE PLANOS

Os planos de saúde da Geap são ofertados de forma contributiva para os servidores


públicos. São eles: GeapReferência, GeapEssencial, GeapClássico e GeapSaúde. Entre as
vantagens e os benefícios oferecidos, destacam-se atendimento nacional, programas e políticas
de atenção à saúde com consultas sem coparticipação, conforme regulamento (quadro 7).
100

Planos de Saúde GEAP Referência GEAP Essencial GEAP Clássico GEAP Saúde
Ambulatorial e Ambulatorial e Ambulatorial e Ambulatorial e
Segmentação: Hospitalar com Hospitalar com Hospitalar com Hospitalar com
Obstetrícia Obstetrícia Obstetrícia Obstetrícia

Enfermaria e
Acomodação: Enfermaria Enfermaria Apartamento
Apartamento

Rol da ANS + vários


Rol da ANS + Rol da ANS +
outros procedimentos,
Cobertura: Rol da ANS transplante de fígado e transplante de fígado e
incluindo todos os
coração coração
tipos de transplante

24 horas para 24 horas para 24 horas para


24 horas para Urgência
Urgência e Urgência e Urgência e
e Emergência;
Emergência; Emergência; Emergência;
300 dias para partos a
Carência: 300 dias para partos a 300 dias para partos a 270 dias para partos a
termos;
termos; termos; termos;
180 dias para demais
120 dias para demais 180 dias para demais 90 dias para demais
procedimentos.
procedimentos. procedimentos. procedimentos.

Rol da ANS +
Odontologia: Sem odontologia Rol da ANS Rol da ANS
próteses

Unidade de
Terapia
Sem UTI volante Sem UTI volante Sem UTI volante Com UTI volante
Intensiva (UTI)
Volante:

Promoção e
Promoção e Prevenção +
Programas: Promoção e Prevenção Promoção e Prevenção
Prevenção Programas de
Assistência Social

Ambulatorial
Ambulatorial Até R$ 190,00, a
Ambulatorial
Até R$ 190,00, a participação é de 30%
Até R$ 190,00, a
participação é de 30% em cada
participação é de 30%
em cada procedimento.
em cada procedimento.
procedimento. A partir de R$ 190,01,
A partir de R$ 190,01,
Ambulatorial A partir de R$ 190,01, a participação é de
a participação é de
Até R$ 190,00, a a participação é de 15% em cada
15% em cada
participação é de 30% 15% em cada procedimento.
procedimento.
em cada procedimento. Hospitalar
Hospitalar
procedimento. Hospitalar Internação em
Internação em
A partir de R$ 190,01, Internação enfermaria- ISENTO.
enfermaria- ISENTO.
a participação é de psiquiátrica- 30% Internação
Internação
15% em cada Internação em psiquiátrica- 30%
psiquiátrica- 30%
procedimento. apartamento e UTI- Internação em
Internação em UTI-
Hospitalar Critério: para cada R$ apartamento e UTI-
Critério: para cada R$
Internação em 100,00 de despesa, Critério: para cada R$
100,00 de despesa,
enfermaria- ISENTO. serão cobrados R$ 100,00 de despesa,
Participação serão cobrados R$
Internação 10,00 de serão cobrados R$
10,00 de
psiquiátrica- 30% coparticipação até o 10,00 de
coparticipação até o
Internação em UTI- limite de R$ 1.260,00, coparticipação até o
limite de R$ 1.260,00,
Critério: para cada R$ independentemente se limite de R$ 1.260,00,
independentemente se
100,00 de despesa, a despesa ultrapassar independentemente se
a despesa ultrapassar
serão cobrados R$ R$ 12.500,01. a despesa ultrapassar
R$ 12.500,01.
10,00 de Odontologia R$ 12.500,01.
Odontologia
coparticipação até o Isentos- Odontologia
Isentos- Procedimentos
limite de R$ 1.260,00, Procedimentos de Isentos-
de prevenção
independentemente se prevenção Procedimentos de
40% - Demais
a despesa ultrapassar 40% - Demais prevenção
procedimentos.
R$ 12.500,01. procedimentos. 40% - Demais
40%- Clareamento
40%- Clareamento procedimentos.
Dental (acima de 17
Dental (acima de 17 40%- Clareamento
anos para dentes
anos para dentes Dental (acima de 17
naturais).
naturais). anos para dentes
30% - Consulta.
30% - Consulta. naturais).
30% - Consulta.
Quadro 7 - Principais diferenças entre os planos de saúde
Fonte: GEAP Saúde (2015)
101

6.2 FATOS PRECURSORES

Alguns marcos da assistência médica a servidores podem ser considerados


precursores do esquema corporativo dirigido a servidores federais. Em 1945, por meio da
Resolução nº 185 do Iapi, autarquia federal criada para gerir a previdência dos empregados da
indústria, instituiu-se a Assistência Patronal aos funcionários dessa autarquia, autorizando a
concessão de assistência aos seus funcionários. Posteriormente, em 1949, a Assistência Patronal
era reconhecida em ato normativo editado pelo Presidente Eurico Dutra, no art.19 do Decreto
nº 27.644, de 28 de dezembro de 1949, que dispunha sobre a organização do quadro de pessoal
do Iapi, estipulando a 3% da dotação orçamentária de pessoal (GEAP AUTOGESTÃO EM
SAÚDE, 2005).
No entanto, a não extensão de imediato desse direito aos funcionários dos demais
institutos de aposentadoria e pensão resultou em uma crescente insatisfação, até que, com a
unificação de todos os Institutos de Previdência pelo Decreto-Lei nº 72, de 21/11/1966, que
criou o INPS, a Assistência Patronal foi estendida a todos os servidores estatutários da nova
autarquia.
Em 1973, a Lei Orgânica da Previdência Social foi alterada por meio da Lei nº
5.890, de 8 de junho de 1973, passando a prever o custeio da Assistência Patronal assegurada
aos servidores da Previdência Social mediante o desconto do percentual de 2% dos seus
rendimentos (BRASIL, 1973). Nesse contexto, a Assistência Patronal deixa de ser
exclusivamente patronal, passando a ser contributiva. Tais recursos passaram a ser destinados
a um fundo específico, constituído por força do artigo 441 do Decreto nº 72.771, de 1973,
denominado Fundo de Assistência Patronal (FAP). Assim, caberia a cobertura de planos de
saúde e assistência social destinados aos servidores estatutários.
Com a criação do Sinpas por meio da Lei nº 6.439, de 1º de setembro de 1977, sob
a orientação, coordenação e controle do MPAS, a Assistência Patronal foi estendida a todos os
servidores do regime trabalhista e demais entidades do Sinpas.
Em 1983, a Assistência Patronal desvinculou-se da administração do Sinpas, tendo
em vista que havia sido regulamentada a Comissão Diretora da Assistência Patronal (Codap),
por meio da Portaria nº 3.167, de 10 de junho. Essa comissão era integrada por um representante
do MPAS, na qualidade de Diretor Administrativo, e um representante de cada entidade do
Sinpas, sob a supervisão do Diretor Geral do Departamento de Pessoal do MPAS, para dirigir
e controlar as atividades do Sistema de Assistência Patronal, atribuindo ao Iapas a gestão
financeira do Fundo de Assistência Patronal.
102

6.3 A ORIGEM DA GEAP

Devido ao aumento do número de segurados e recursos administrados, fez-se


necessária a gestão da Assistência Patronal dentro de novos padrões. Nesse contexto, em 15 de
março de 1989, a Portaria MPAS nº 4.431 instituiu o Geap, com a finalidade de gerir o Fundo
de Assistência Patronal (FAP) e garantir o custeio de despesas com assistência médica,
odontológica e social aos servidores ativos e inativos das entidades do Sinpas e respectivos
dependentes. Em 16 de junho do decorrente ano, essa finalidade foi alterada incluindo todos os
servidores ativos e inativos e seus respectivos dependentes do MPAS e dos órgãos ou entidades
que, desvinculados do sistema Sinpas por força de lei, manifestassem expressamente sua
vontade de permanecer vinculados aos programas de Assistência Patronal.
No ano posterior, foi alterada a organização da Assistência Patronal, que passou,
mediante escritura pública, a se constituir como uma fundação de direito privado, a Geap –
Fundação de Seguridade Social, com a aprovação de seus Estatutos – DOU nº 50, de 14 de
março de 1990 (GEAP GESTÃO EM SAÚDE, 2005). A partir de então, a Geap deixou de ser
órgão público, supervisionado diretamente pela direção geral do Departamento de Pessoal do
Ministério da Previdência e Assistência Social, adquirindo natureza de entidade de direito
privado, constituída sob a forma de fundação e reconhecida como Entidade Fechada de
Previdência Privada, na forma da Lei nº 6.435, de 1977, considerando o imperativo legal e a
existência de plano de pecúlio previdenciário por ele administrado.
Em 1990, essa Fundação de Direito Privado atuava originalmente em quatro
patrocinadoras de quatro órgãos públicos: Ministério da Previdência e da Saúde, Dataprev e
INSS. Ao longo da década de 90, outros órgãos e entidades vinculados à Administração Pública
Federal realizaram convênio com a Geap, como Ministério da Justiça, Departamento da Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal, Imprensa Nacional, Ministério da Saúde, Ministério das
Minas e Energia, Universidade Federal de Sergipe e Ministério do Trabalho, totalizando 19
órgãos e entidades, não mais estando restrita aos que compunham o SINPAS, quando de sua
criação (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS DA RECEITA
FEDERAL DO BRASIL, 2013).
Posteriormente, em 3 de fevereiro de 2004, foi editado o Decreto nº 4.978, destinado
a regulamentar o art. 230 da Lei nº 8.112, de 1990, prevendo que a assistência à saúde dos
servidores públicos federais poderia ser prestada “por intermédio de convênios a serem
firmados com entidades fechadas de autogestão, sem fins lucrativos, assegurando-lhe a gestão
participativa”, cabendo-lhe o custeio dessa assistência aos servidores à União, suas autarquias
103

e fundações (BRASIL, 1990). No mesmo ano, em 9 de março, no Governo Lula foi publicado,
no DOU, o Decreto n° 5.010, dando uma nova redação ao caput do artigo 1º do Decreto nº
4.978. Ele diz no seu Art. I que a assistência à saúde do servidor ativo ou inativo e de sua
família, de responsabilidade do poder público e das suas autarquias e fundações, será prestada
mediante convênios com entidades fechadas de autogestão sem fins lucrativos, assegurando-se
a gestão participativa (BRASIL, 2004).
Essa nova redação ampliou o leque de alternativas posto à disposição da
Administração, atendendo, contudo, ao dispositivo na Lei nº 8.112, de 1990, que já previa,
desde a vigência da Lei nº 9.527, que a assistência ao servidor poderia ser prestada pelo SUS
ou diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou ainda, mediante
convênio ou contrato, na forma estabelecida em regulamento.

6.4 QUESTIONAMENTOS SOBRE A NATUREZA JURÍDICA INSTITUCIONAL DA


GEAP

Em 1995, os convênios passaram a ser questionados em ação movida pela Golden


Cross, no entanto, o Tribunal de Contas da União (TCU) julgou legais e regulares os convênios
de adesão que estavam sendo questionados, significando que a Fundação continuaria prestando
assistência à saúde dos servidores ativos, inativos, pensionistas e dependentes dos órgãos que
instituíram a Fundação (patrocinadores originais): MS, MPS, INSS e Dataprev.
As demais 30 entidades conveniadas, vinculadas à Fundação, foram consideradas
não detentoras da condição de legitimas patrocinadoras, por não serem da origem da patronal.
Por essa razão, o TCU autorizou em caráter excepcional a subsistência dos convênios já
firmados até o fim de suas respectivas vigências, sem possibilidade de renovação ou aditamento
dos mesmos.
A GEAP, por sua história e natureza jurídica, não estava qualificada como
autogestão até então e, assim, não se enquadrava no artigo 1º do Decreto Presidencial nº
5.010/04, de 10 de março, que afirma: os órgãos do Governo Federal poderão oferecer
assistência à saúde aos servidores mediante convênio, por meio de autogestões sem fins
lucrativos, ou mediante contrato, em conformidade com a Lei 8.666, das licitações (BRASIL,
2004). Assim, concluiu o TCU que a Geap não poderia firmar, sem licitação, convênios de
adesão para prestação de serviços de assistência à saúde com órgãos outros que não fossem seus
patrocinadores originais ou seus sucessores legais.
104

Em 8 de dezembro 2004, a ANS publicou comunicado tornando público e oficial o


entendimento consolidado pela Diretoria Colegiada reconhecendo a Geap, regularmente
registrada na Agência, como operadora de planos privados de assistência à saúde e classificada
na modalidade de autogestão. A Geap foi a primeira empresa de planos de saúde no país a obter
registro concedido pela ANS.
No ano posterior, a ANS publicou a Resolução Normativa nº 137, em 14 de
novembro de 2006, dispondo sobre as entidades de autogestão no âmbito do setor de assistência
suplementar, implantando novas regras que foram incorporadas pela Geap. Com isso, o TCU
passou a admitir a possibilidade de os órgãos/entidades da administração pública firmarem
convênio com a GEAP.
No entanto, em 2009, ao julgar um recurso interposto pela empresa Amil
Assistência Médica Internacional Ltda., que a exemplo da Golden Cross alegou a
dissimilaridade de realizar convênio sem licitação, o TCU voltou na decisão: deixou de admitir
a possibilidade de a GEAP fazer convênio sem licitação (ESCORSIM, 2010).
Diante da complexidade e controvérsia, ao apreciar, em agosto de 2012, consulta
formulada pelo Ministro de Estado da Fazenda, entendeu o TCU, como conveniente, autorizar
a manutenção do convênio de adesão nº 01/2007, firmado por aquele órgão com a Geap-
Fundação de Seguridade Social, até o julgamento de mérito ser proferido pelo STF.
Destaca-se, nas constantes mudanças de interpretação do TCU, o forte lobby e ações
impetradas de Planos e Seguros de Saúde contra a Geap, sendo obstáculo da mudança de
interpretação do TCU que, quando adotado nos termos do mencionado Acórdão nº 137/2008,
foi rapidamente revista.

6.5 PROPOSIÇÕES DO LEGISLATIVO

Apesar da instabilidade jurídica no período, a Geap, a partir da década de 90 até os


dias atuais, vem se expandindo com vários convênios sem licitação. Em 2014 a Geap possuía
convênio com cerca de 132 órgãos, atendendo mais de 601 mil assistidos (GEAP SAÚDE,
2014).
Argumentos contrários a essa expansão apontavam a sua ilegalidade, uma vez que
a Constituição Federal, na Lei 8.666/93 (que institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências), e as decisões do Tribunal de Contas da União
e do Supremo Tribunal Federal não concordavam com a formalização desses ajustes por meio
de convênios, considerando que apenas por meio de lei a União poderia instituir ou figurar
105

como fundadora de uma entidade. Nessa linha, estaria viabilizando uma forma de contratação
direta, sem prévia licitação. Agravante ainda o fato de apenas quatro entidades participarem de
seus órgãos de gestão, descaracterizando uma autogestão, visto haver grande número de
patrocinadoras e a possibilidade de outras mais aderirem, conforme seu estatuto.
No sentido de dirimir as dúvidas de ordem jurídico-constitucional apontadas pelo
TCU e STF, em 6 de novembro de 2012, o Deputado Roberto Policarpo (Partido dos
Trabalhadores do Distrito Federal – PT/DF) apresentou à Câmara dos Deputados, por sugestão
da Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) nº 214, de 2012, que incluía um novo parágrafo ao art. 199 da
Constituição Federal. O art. 199, que trata da assistência à saúde pela iniciativa privada, já
estabelece que as instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema
único de saúde, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos (POLICARPO, 2012).
O novo parágrafo 5º estabelece que
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão, observados os
limites fixados nos termos da lei de diretrizes orçamentárias, firmar, dispensada a
licitação, convênios ou contratos com entidades fechadas de autogestão em saúde
constituídas para prestar serviços complementares de assistência à saúde para os
respectivos servidores, bem como aportar recursos para o seu custeio, na qualidade de
patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá
exceder a do segurado (POLICARPO, 2012, p. 1).
Com essa hipótese de dispensa de licitação inserida no próprio texto constitucional,
estaria definitivamente afastada qualquer dúvida quanto à possibilidade da firmatura de
convênios ou contratos, desde que realizados com entidades fechadas de autogestão criadas
para prestar serviços de assistência à saúde “para os respectivos servidores”. Ou seja, servidores
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, sem adentrar, porém, na
conceituação ou nos requisitos para que uma entidade seja considerada “fechada” ou de
“autogestão em saúde”, matéria que continuaria a ser disciplinada por meio das normas legais
e infralegais correspondentes.
E, na sequência, em 19 de abril de 2013, a Deputada Erika Kokay (PT-DF)
apresentou o Projeto de Lei nº 5.265, de 2013, que, igualmente, visa atender às peculiaridades
das entidades fechadas de autogestão multipatrocinada, por meio da inclusão, no art. 24 da Lei
nº 8.666, de 1993, de novo inciso, instituindo como hipótese de dispensa de licitação:
XXXIII - para a celebração de contrato ou convênio de prestação de serviços de
assistência à saúde suplementar aos seus servidores, por órgão ou entidade da
administração pública direta, autárquica e fundacional, com entidades, sem fins
lucrativos, que administram planos de saúde de autogestão, que tenham sido criadas
para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado (KOKAY, 2013, p. 1).
106

A proposta tem escopo menor que a PEC nº 214/2012, pois atenderia apenas a
entidades criadas até 1993 (data da vigência da Lei nº 8.666), vedando, assim, o mesmo
tratamento a entidades criadas após essa data, sem definir a natureza da entidade, mas sim dos
planos de saúde que administrem, e desde que o preço contratado seja compatível com o
praticado no mercado.
Observa-se que ambas as iniciativas se complementam e visam, de plano, a afastar
quaisquer dúvidas ou questionamentos quanto à possibilidade futura de serem entidades como
a GEAP, contratadas ou conveniadas sem licitação, como também validar e recepcionar os atos
administrativos já praticados e em vigor, ainda que provisoriamente.

6.6 QUESTIONAMENTOS SOBRE A SOLVÊNCIA DA GEAP

Devido ao aumento de sua sinistralidade, no dia 27 de março de 2013 foi instituído


um regime de Direção Fiscal pela ANS, sob o acompanhamento especial dessa agência, através
de uma intervenção direta, com o bloqueio dos bens de todos os seus diretores, incluindo
daqueles que deixaram os cargos a partir de março de 2012. A Geap ficou sob esse regime até
outubro do decorrente ano, devido ao seu patrimônio líquido negativo e à insuficiência de ativos
garantidores, pondo em risco a continuidade e a qualidade do atendimento à saúde.
Durante a Direção Fiscal, foi implementada uma série de medidas com o intuito de
buscar o saneamento completo das grandes anormalidades administrativas, econômicas e
financeiras, como o pagamento de prestadores de serviços e a contratação de novos prestadores
para garantir a assistência aos beneficiários.
Por recomendação da Superintendência Nacional da Previdência Complementar
(Previc) e devido às exigências impostas pela Justiça (STJ e TCU) com o acompanhamento da
ANS, a empresa passou por readequações, sendo recomendada a cisão, ou seja, a separação
dessa instituição em duas instituições, cada uma focando seu negócio. A fundação, que até
outubro de 2013 chamava-se Geap - Fundação de Seguridade Social, foi extinta e teve suas
atividades (saúde e previdência) segregadas, originando a criação de duas instituições
independentes, a Geap- Autogestão em Saúde, responsável pela administração dos planos de
saúde, e a Fundação Geap Previdência, responsável pela gestão dos planos de previdência.
O antigo Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) foi aproveitado para a
GEAP Saúde, surgindo a GEAP Saúde em novos moldes, com outro estatuto e um diferente
modelo de operacionalização com o governo federal.
6.7 SITUAÇÃO ATUAL
107

Em setembro de 2013 foi instituído um novo estatuto, que permite à empresa firmar
convênio com o Ministério do Planejamento e no qual o mesmo aparece como o único
patrocinador, estendendo esses convênios a estados e municípios. Posteriormente, em outubro
de 2013, foi assinado um Decreto Presidencial, no qual, seu Art. 3, permite-se- à entidade de
direito privado ser contratada sem licitação.
O convênio garantiu a ampliação da rede de atendimento da instituição de 83 para
132 órgãos da Administração Pública, de novembro de 2013, até janeiro de 2014. Nesse
período, 42 órgãos aderiram à Geap após Convênio Único, como: ministérios, institutos,
agências, secretarias e fundações (ANEXO B).
Esse Decreto Presidencial pretendeu um ar de legalidade, no entanto, contraria o
que prevê a Constituição Federal, na Lei 8.666/93 (que institui normas para licitações e
contratos da Administração Pública e dá outras providências), e as decisões do Tribunal de
Contas da União e do Supremo Tribunal Federal, que consideram ilegais a formalização desses
ajustes por meio de convênios.
Em contrapartida, foi emitida, em janeiro de 2014, uma liminar do STF,
respaldando o TCU, suspendendo a oferta de Planos de Saúde para servidores aposentados e
pensionistas da União, sob a alegação de que apenas por meio de lei a União poderia instituir
ou figurar como a fundadora de uma entidade, do contrário, estaria viabilizando uma forma de
contratação direta sem aviso prévio. A cautelar foi proferida na Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 5.086, ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) (BRASIL, 2015c).
Na visão do Tribunal de Contas da União, da Procuradoria Geral da República e do
Supremo Tribunal Federal, a GEAP é uma entidade de direito privado e, por isso, a ela é
permitido fazer convênios com seus patrocinadores originais. A relação com qualquer outro
órgão, portanto, é caracterizada como prestação de serviço por terceiros e deveria ser objeto de
licitação.
De acordo com a liminar, os funcionários ligados aos 42 órgãos conveniados após
a instituição do Decreto poderiam permanecer na autogestão GEAP, limitando a não adesão de
novos clientes (BRASIL, 2015c).
Em abril de 2014, foi apresentado um requerimento de autoria do Deputado Federal
Nilson Leitão, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) do Mato Grosso, solicitando
à Comissão Mista de Orçamento, para votação, um debate com a Ministra do Planejamento,
Miriam Belchior, sobre o decreto presidencial supracitado que autoriza a contratação direta da
108

Geap, sem licitação, por órgãos do Executivo. Em outro requerimento, o então Deputado
convidou representantes do TCU e da Geap a participarem do debate com a Ministra de
Planejamento. Observa-se uma tensão, na qual o Poder Executivo, desde o primeiro governo
Lula, fortalece a GEAP, através do Decreto Presidencial nº 5.010 de nove de março de 2004, e
uma contraposição advinda dos poderes Legislativo e Judiciário.
Posteriormente, em 28 de julho de 2015, em meio à votação do processo de
afastamento da Presidente da República Dilma Rouseff, o estatuto da empresa foi atualizado,
no intuito de democratizar a gestão administrativa, possibilitando a eleição de um representante
dos beneficiários à presidência do Conselho de Administração (Conad). A Geap passou a ser
presidida por um representante dos beneficiários dos planos de autogestão (Irineu Messias de
Araújo, servidor público federal do Ministério da Previdência Social, representando a
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social/Central Única dos
Trabalhadores (CNTSS/ CUT) e Luiz Carlos Braga, representando a Anfip, respectivamente
como presidente e vice-presidente do Conad) (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS
TRABALHADORES EM SEGURIDADE SOCIAL, 2016).
Até então, a instância máxima da administração da GEAP era presidida por um dos
conselheiros indicados pelo Governo Federal, ou seja, um representante das instituições
públicas conveniadas à Geap, tidas como patrocinadoras. Na prática, os beneficiários passaram
a ter o voto de minerva sobre as decisões do colegiado que valida, fiscaliza e monitora em
última instância a carteira, através de seu representante, em votações em que o consenso não
era possível entre os membros do Conselho de Administração (composto por três beneficiários
e três representantes do Governo Federal) da empresa.
Por meio de uma auditoria externa internacional, foi detectado um grave
desencontro entre os dois últimos balanços financeiros e contábeis da empresa (2013/2014),
devido ao não provisionamento de recursos para custas judiciais, prática estabelecida por anos
na empresa e que passou a ser registrada nos balanços feitos pela sua gestão a partir de então.
Essa soma de desinformações contábeis foi determinante para a instituição de um novo Regime
de Direção Fiscal pela ANS, no dia 19 de outubro de 2015, em vigência até os dias atuais
(CORREIO BRAZILIENSE, 2016b).
Sob alegação do crescimento expressivo das despesas médico-hospitalares, o
cumprimento das reservas técnicas estabelecidas pela ANS e a projeção de despesas com a
judicialização dos serviços, pautados em um estudo contábil que apontou a necessidade de um
reajuste das mensalidades, por meio da Resolução/Geap/Conad nº 99, de 17 de novembro de
2015 foi realizado um incremento de 37,55% (trinta e sete vírgula cinquenta e cinco por cento)
109

na parcela não patronal. Em contrapartida, houve provimentos judiciais por parte de entidades
representativas dos beneficiários, contra o percentual instituído com a supracitada resolução.
O primeiro órgão a se manifestar em janeiro de 2016 foi a Associação Nacional de
Servidores da Previdência e Seguridade Social (Anaps), entrando com um processo e
questionando o reajuste. O reajuste foi suspenso a este grupo de funcionários públicos.
Posteriormente, em março do decorrente ano, o Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de
Finanças e Controle (Unacon Sindical) ajuizou uma nova ação, sob alegação de que “apenas a
contribuição paga pelos segurados foi reajustada em índices tão elevados, diferentemente da
custeada pela Administração, que sofreu um aumento muito inferior”. Posteriormente, o
Sindicato Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor Sindical)
foi contemplado com a ação. No entanto, os provimentos judiciais não abarcaram servidores
integrantes de outras carreiras, pois têm efeitos apenas interpartes (CORREIO BRAZILIENSE,
2016a).
Houve uma proposta, pelo Conad, de um reajuste único de 20% para todos os
beneficiários, na tentativa de garantir que os atuais beneficiários se mantivessem na carteira
geapeana, tendo em vista que 40 % dos beneficiários possuem mais de 60 anos e não
conseguiriam aderir a outros planos de saúde em valores atuais praticados pelo mercado
(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DA PREVIDÊNCIA E DA
SEGURIDADE SOCIAL, 2016).
Sob ordem judicial, o Presidente do Conad, por meio da Resolução/Geap/Conad nº
129, de 3 de junho de 2016, aprovou redução do índice de 37,55% para 20% na mensalidade
de apenas alguns assistidos, representado por um pequeno número de entidades que tinham
adicionado judicialmente a GEAP para obter a redução dos percentuais de reajuste aplicados
aos beneficiários por eles representados, mas contemplando mais de 100 mil beneficiários com
a redução do percentual de reajuste. Os demais beneficiários não foram contemplados e
continuaram arcando com o reajuste de 37,55%.
A Advocacia Geral da União (AGU) impetrou um mandato de segurança contra a
decisão. Foi argumentado que o reajuste de 37,55% não só estava respaldado por estudo
contábil, como também havia sido definido em plano de saneamento entregue à ANS. O não
reajuste representaria uma queda de arrecadação da entidade na ordem de R$ 50 milhões
mensais, o que colocaria a Geap em risco de falência. Além disso, a Resolução Normativa da
ANS, nº 195, de 14 de julho de 2009, no seu artigo 20, não permite o estabelecimento de
custeios distintos para um mesmo plano de saúde, vedando o reajuste diferenciado
(ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO, 2016).
110

No dia 18 de maio de 2016, o recém-empossado Ministro Chefe da Casa Civil


Eliseu Padilha encaminhou um ofício à Geap, determinando a anulação das deliberações do
Conad que permitiram a atualização do estatuto da empresa, indicando o nome da presidência
do colegiado. Ato posteriormente legitimado pela Juíza Federal Kátia Balbino de Carvalho
Ferreira, em 14 de junho de 2016, a qual deferiu liminar favorável à ação do governo, na qual
foi destituído o atual presidente do Conad/Geap, Irineu Messias de Araújo, representante da
CNTSS, e nomeado em seu lugar Laércio Roberto Lemos de Souza, funcionário do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Foi revogada a Resolução nº 129/2016, que deu
início à revisão do reajuste dos planos da GEAP de 37,55% para 20%. (ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2016).
O novo presidente do Conselho de Administração da GEAP demitiu toda a diretoria
executiva, assessores da empresa e gerência executiva dos estados, totalizando mais de 70
demissões (CORREIO BRAZILIENSE, 2016b).

6.8 VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

a) Infraestrutura Material
A receita da Geap se forma a partir da venda de seus serviços (Planos de Saúde,
99,5 %, e Exames Ocupacionais, 0,5 %).
Pela composição do custeio dos planos da Geap, os beneficiários (servidores
públicos) arcam com aproximadamente 70% do total do valor arrecado em um ano e o
patrocinador (União), com 30%. Sendo este percentual variável de acordo com cada faixa etária
e faixa de remuneração dos servidores públicos.
b) Patrimônio Imobiliário
A Geap possui dois imóveis próprios: a sede em Brasília, uma torre de quatro
andares, que comporta cerca de 600 funcionários administrativos (entre callcenter e gerências
da sede), situada em um shopping center em uma área nobre da cidade. Além deste, a Geap
possui também um imóvel em Vitória-ES, onde funcionou a gerência local.
O patrimônio supracitado vale aproximadamente 15 milhões de reais.
c) Número de empregados diretos deste grupo econômico
São 1.730 funcionários diretos espalhados entre sede (cerca de 600 funcionários) e
gerências regionais.
d) Principais fornecedores dos seguintes produtos/serviços da(s) empresa(s) deste
grupo econômico
111

A Geap possui equipe médica própria nas Gerências Regionais, Call Center
próprio, com cerca de 400 funcionários situados na sede em Brasília.
Possui uma Assessoria de Comunicação própria, que contrata empresa de
consultoria, de acordo com a necessidade estratégica da organização, sendo contratada
atualmente a empresa Rohde e Carvalho de Porto Alegre. Conta com a consultoria da empresa
Comunicarte de Brasília, nos processos de treinamento e capacitação dos funcionários.
A Geap possui em sua estrutura organizacional uma equipe própria de Auditoria
Interna, além da auditoria externa (Baker &Tilly). Quanto à auditoria médica, cada gerência
regional possui uma estrutura de médicos auditores de acordo com o volume de atendimento da
Geap, em cada estado.
Possui também uma equipe de contabilidade própria em sua estrutura
organizacional. A auditoria nas demonstrações contábeis da empresa é feita por empresa
externa, a auditoria Baker & Tilly, como também jurídica, dentro de sua estrutura
organizacional. Alguns pareceres externos e/ou auditorias jurídicas são contratados.
A partir de dezembro de 2013, a Geap Autogestão em Saúde passou a centrar
esforços para a elaboração do seu Planejamento Estratégico, ao identificar os novos cenários de
oportunidades em que a organização encontra-se inserida, frente ao desafio de gestão do
Convênio Único e a cisão de atividades da antiga Fundação de Seguridade Social.

6.9 ESTRUTURA E GESTÃO

A Geap, por se constituir em uma empresa na modalidade de autogestão, deve


obrigatoriamente ter em seus conselhos deliberativos representantes dos beneficiários e de seus
mantenedores/patrocinadores.
A gestão participativa da Geap é assegurada pelo Conad, integrado por seis
membros titulares e seis suplentes, e pelo Conselho Fiscal (Confis), constituído por quatro
membros titulares e respectivos suplentes. A composição do Conad e do Confis é paritária,
formada entre representantes dos patrocinadores e representantes eleitos pelos beneficiários
titulares dos planos.
Já a Diretoria Executiva é composta por quatro diretores: Diretor Executivo (Direx),
de Administração e Finanças (Diafi), de Controle de Qualidade (Dicon) e de Serviços (Diser).
Além disso, a Geap também conta com gerências regionais nos 27 estados e no Distrito Federal.
O grupo representativo dos beneficiários eleitos em março de 2014, com assentos
no Conad e Confis, tem como bandeiras e compromissos: ampliar a rede credenciada, expandir
112

o rol de procedimentos cobertos e negociar o aumento da contribuição do percapita do governo


para 50%, ficando os outros 50% com os trabalhadores (atualmente, o governo paga cerca de
30% e, o servidor, 70%), acabando com a coparticipação.
Sendo a Geap uma empresa de Autogestão em Saúde, vinculada a patrocinadoras
de órgãos públicos federais, observa-se ao logo de sua história indícios de nomeações por
critério político-partidário para a sua direção e composição dos seus conselhos. Em outubro de
2013, o Conad deu posse à Diretoria Executiva responsável pela administração da Fundação. A
Diretoria Executiva passou a ser compostapor pessoas filiadas do Partido dos Trabalhadores,
com alguns assentos de pessoas não eleitas no Legislativo na região Nordeste.
Como processo de afastamento da Presidente da República Dilma Rouseff, os
novos membros do Conad foram designados pelo governo interino, sendo indicados pelo
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e Partido Progressista (PP). O atual
presidente do Conad, Laércio Roberto Lemos de Souza, foi subsecretário de Planejamento,
Orçamento e Administração do Ministério das Cidades no último governo petista e está sendo
investigado pelo TCU, por pedaladas fiscais.
A Geap possui uma dinâmica empresarial singular. A dubiedade- entidade privada
sustentada com recursos públicos, mantém-lhe ativa no mercado, mesmo que seu desempenho
possa ser considerado negativo.
Apesar de se constituírem uma empresa de autogestão em saúde, em muitos casos,
o servidor público da área tem predileção de atendimento por uma empresa de plano particular,
constituindo-se o fato em um paradoxo.
Observam-se ao longo de sua trajetória denúncias de desvio de recursos e não
pagamento de fornecedores. Estes fatores levam à sua instabilidade, o que ocasionou
recentemente a instituição de um regime de Direção Fiscal pela ANS, devido ao seu patrimônio
líquido negativo e à insuficiência de ativos garantidores, no intuito de contornar anormalidades
administrativas, econômicas e financeiras, com o pagamento de prestadores de serviços e
contratação de novos prestadores de serviços para garantir a assistências de seus usuários
(AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR, 2013).
Ainda que normas recentes tenham retirado sua exclusividade de atuação, a GEAP
ainda ocupa uma posição de destaque na comercialização de planos de saúde para servidores
públicos em determinadas unidades da federação.
A questão da assistência médica dos servidores e particularmente da GEAP sucinta
outras discussões na relação público-privada, como o aparelhamento de instituições públicas
113

para fins políticos partidários e pagamentos de planos de assistência à saúde para servidores
públicos, à luz de um sistema universal constitucional.
O estudo de caso da Geap contribui para a discussão das controversas relações entre
o público e o privado no sistema de saúde brasileiro.
114

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A trajetória da conformação de uma burocracia pública orgânica está entremeada


pela instituição de regimes de proteção social diferenciados daqueles direcionados aos
trabalhadores do setor privado. No Brasil, as características próprias do trabalho no serviço
público, estabilidade e concurso público desdobraram-se em regimes jurídicos que estenderam
aos benefícios previdenciários o estatuto da estabilidade, com a integralidade da remuneração
durante a aposentadoria. Preservar-se-iam, assim, a autonomia e a dedicação exclusiva de
servidores públicos, que não teriam como acumular patrimônio ao longo das carreiras. Dessa
singularidade do plano do contrato de trabalho do servidor público não derivam, naturalmente,
direitos à assistência médica particularizada. Especialmente porque saúde e previdência se
constituíram, após a Constituição de 1988, em políticas específicas executadas por instituições
públicas distintas.
Embora o foco deste estudo não tenha sido a realização de um levantamento
histórico exaustivo sobre o processo de debate e aprovação do Regime Jurídico Único em 1990,
é plausível supor que a inclusão dos benefícios de assistência médica, inclusive por meio de
serviços contratados no setor privado, tenha se orientado pela atualização de normas pretéritas
de estatutos do funcionalismo, principalmente o de 1952. Assim, acepções seminais da
Constituição de 1988, como seguridade social, direito à saúde e SUS, teriam sido
reinterpretadas, submetidas a um processo de ajuste. Na versão original do RJU, o SUS é
consignado como a primeira opção para atenção à saúde do servidor. Mas a concepção de saúde
expressa no documento é disciplinar - discrimina a assistência médica, odontológica,
psicológica e farmacêutica - e não supera os marcos previdenciários tradicionais da organização
privada da oferta.
Observa-se que, entre 1990 e 2007, as normas legais que regulamentam a atenção
à saúde dos servidores públicos da União incorporam termos utilizados pelo mercado privado
de planos de saúde, como: autogestão, contratos e operadoras. A expansão das coberturas dos
servidores públicos por planos privados implicou mudanças na legislação. De um padrão
convenial passou-se aos contratos privados, realizados, inicialmente, fundamentados nas
modalidades mutualistas (desconto em folha e pagamento pelo empregador), para as da
individualização do risco (pagamento de valores definidos pelo governo) e para a adesão a
planos comercializados por empresas privadas. Assim, apesar de a Constituição Federal ter
estabelecido o Sistema Único de Saúde como a primeira opção de atenção à saúde para os
servidores públicos, houve mudanças profundas na legislação. No que tange à saúde, o status
115

dos servidores públicos foi alterado. De aliados e construtores do SUS, transformaram-se


oficialmente em consumidores individuais de planos de saúde.
Esses processos de mudança afetaram não apenas o funcionamento cotidiano de
sindicatos e associações de servidores públicos (muitos dos quais criaram diretorias de
assistência à saúde e sediam atividades de corretagem de planos privados de saúde), mas
também a manutenção das instituições hospitalares erigidas pelos institutos de previdência de
servidores estaduais. Segundo Antônio Carlos Duarte Moreira, Presidente da Associação
dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (Afpesp), entidade que impulsionou a
construção do IAMSP nos anos 1960:
O SUS, modelo universal, não consegue atender à demanda e quem pensa na saúde
da família, hoje, pode deixar boa parte do orçamento nas mensalidades dos planos de
saúde. [...] Algumas categorias estão deixando de contribuir para o Iamspe, porque
pagam planos de saúde privados (ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS
PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2016).
As tensões, portanto, não se resumem à oposição entre o SUS e os esquemas
assistenciais privados, mas também entre os últimos e as modalidades mutualistas. Nesse
sentido, observam-se nuances distintivas entre as autogestões das empresas estatais e a Geap.
Enquanto as das estatais conservaram as formas de financiamento originais (forte participação
da empresa e desconto igual para os empregados - pagamento proporcional ao salário), a GEAP
adotou parte dos critérios dos cálculos individualizados do risco, como a cobrança diferenciada
por faixa etária. A perenidade das autogestões, especialmente de estatais, contrasta com
anúncios de insolvência e encerramento de algumas empresas comerciais e reafirma a lógica
mutualista. No Brasil, o fato de os planos de saúde para trabalhadores de determinadas estatais
serem mais abrangentes do que a maioria dos comerciais impõe tensões adicionais, tanto aos
servidores públicos que passam a dispor de benefícios assistenciais muito diferenciados, quanto
para a concorrência no setor.
A diferenciação dos benefícios que envolvem atenção à saúde para servidores
públicos pode ocorrer no interior de cada instituição, mediante a compra de planos privados ou
a oferta pela própria empresa empregadora ou sindicatos/associações de planos diferenciados
por preços e abrangência da rede credenciada ou entre órgãos públicos. Os esquemas
assistenciais à saúde dos servidores de órgãos do Legislativo e Judiciário são muito mais
generosos do que aqueles ofertados para os do Poder Executivo. Magistrados e membros do
Congresso Nacional têm acesso a hospitais privados considerados de alta excelência, por meio
de contratos próprios ou repasses elevados para pagamento de planos de saúde caros. A
prodigalidade dos esquemas assistenciais para os servidores de órgãos do Poder Legislativo e
Judiciário não se estende às instituições do Poder Executivo, mas as fontes de financiamento
116

são as mesmas. Esse padrão de diferenciação e financiamento multiplica-se em estados e


municípios.
Como são os fundos públicos que nutrem diretamente os esquemas assistenciais
para servidores públicos da União, estados e municípios e, diretamente ou indiretamente, os das
empresas estatais, a diferenciação dos esquemas assistenciais resulta do acionamento de
estratégias particularizadas. Consequentemente, existe uma miríade de normas e uma profusão
de departamentos e coordenações que buscam ordená-los. São notórios o uso e o abuso do termo
sistema para designá-los, o que possivelmente naturaliza as regras de distinção entre cargos,
carreiras e patentes. Por sua vez, a geração de normas, jurisprudência e nichos institucionais
especializados na atenção à saúde dos servidores induz articulações políticas internas e
externas. Essas interfaces políticas são mais visíveis na Geap, mas estão presentes com maior
ou menor intensidade no cotidiano das atividades que envolvem o gerenciamento de esquemas
assistenciais a servidores públicos. Logo, a confluência entre as ações de organização das
demandas assistenciais e a política pode potencializar ou não as alternativas comerciais
privadas.
Certamente, as demandas por atenção à saúde de servidores públicos, encaradas
como mercado para planos de saúde, foram canalizadas para determinadas empresas, que por
seu turno expandiram-se ao atendê-las. Essas articulações que podem envolver partidos
políticos, entidades sindicais, corretoras e empresas de planos de saúde politizam a atividade
de compra e venda de planos de saúde. A aproximação entre proprietários de empresas do setor
privado assistencial e autoridades governamentais é notória. A forte presença das empresas
comerciais nas arenas de negociação de esquemas assistenciais para servidores públicos
impediu a tentativa de conceder exclusividade à Geap. A interpretação predominante foi a de
que a Geap teria que concorrer para a obtenção de novos contratos e convênios, embora a
equiparação da Geap às empresas comerciais seja contestada por entidades sindicais.
Entre as empresas que se destacam no atendimento às demandas por planos de
saúde para servidores públicos desponta a Caixa Saúde. A comercialização de planos de saúde
por um banco público para servidores públicos vem sendo apresentada como mais uma
atividade de apoio ao funcionalismo, análoga aos créditos consignados e empréstimos para a
aquisição de automóveis e casa própria. A conformação de um circuito financeiro público-
público, totalmente apartado das necessidades de saúde e da rede assistencial pública
envolvendo a saúde, sinaliza a perspectiva da sinergia entre órgãos públicos e privatização. O
fluxo de recursos, apesar de iniciar e ser processado no público, seria alocado em empresas de
planos e, destas, em unidades assistenciais privadas.
117

A participação de bancos públicos no mercado de planos de saúde torna o diagrama


de interesses e representações políticas ainda mais complexo. Não se trata apenas de considerar
as contradições entre a agenda de reivindicações estatizantes de parcela considerável de
sindicatos e associações de servidores e o consentimento passivo aos planos privados e, sim,
políticas públicas que naturalizam a mercadorização da saúde, não só como área com
mercadorias passíveis de acumulação, mas literalmente como ativo financeiro. O debate não se
resume à oposição entre o público e o privado, mas requer a identificação e a problematização
do público-privado. Instituições e fundo público revertidos à privatização.
Nesse sentido, o presente estudo joga luzes sobre as relações entre o público e o
privado, por um lado mais explícitas do que aquelas já mapeadas por pesquisas sobre deduções
e isenções fiscais e ressarcimento ao SUS e, por outro, menos decantadas. Os esforços para
mapear os esquemas assistenciais para agentes públicos permitiram vislumbrar um mercado
com dimensões significativas e conexões políticas extra-mercado exuberantes. Seu principal
mérito é o de ter delineado um panorama extenso das coberturas assistenciais para servidores
públicos. No entanto, os esforços para processar informações dispersas e as poucas referências
sobre o tema em uma reflexão, que dialogue com o conhecimento nacional e internacional,
ainda não foram realizados. O reconhecimento desses limites acompanha um compromisso de
conferir, a esta tese, o caráter de ponto de partida, e de seguir aprimorando a reflexão sobre o
tema.
118

REFERÊNCIAS

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130

APÊNDICES
131

APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM EXECUTIVOS DAS EMPRESAS DE


PLANOS E SEGUROS DE SAÚDE

Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fiotec)


Coordenação: Laís Silveira Costa

ANEXO

Roteiro de entrevista com executivos das empresas de planos e seguros de saúde. Projeto
“Reorganização de Grupos Hospitalares e Empresas
de Planos de Saúde: Repercussões no Complexo
Econômico-Industrial da Saúde”

(Ligação do gravador, leitura e assinatura do


Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)

BLOCO 1: TRAJETÓRIA DO EXECUTIVO, DESAFIOS, MISSÃO DAEMPRESA E


LOCALIZAÇÃO NO SISTEMA DE SAÚDE

1. O que motivou sua participação na (nome da empresa)?


2. Antes da atual função você já havia trabalhado em outro ramo do setor privado? Em
outra empresa de planos de saúde? Em outra empresa do setor saúde?
3. Quais eram os problemas principais/ os desafios da (nome da empresa) quando você
chegou?
4. O que mudou ao longo do tempo e quais os principais desafios e pontos de pauta atuais?
5. O grupo possui programa de medicamentos? Quais?
6. Como definiria a missão da empresa?
132

BLOCO 2: RELAÇÃO DO GRUPO ECONÔMICO COM OUTRAS EMPRESAS DO


SETOR, USUÁRIOS PRESTADORES E ÓRGÃO REGULADOR
1. Qual é a participação da empresa no mercado de planos e seguros de saúde privados?
Qual a relação com outras empresas do setor? Participa de alguma entidade
representativa do setor saúde? E do setor empresarial/industrial em geral?
2. Como analisa a atuação da ANS? Qual a relação da empresa com a ANS?
3. Qual sua opinião sobre a atual regulamentação dos planos de saúde?

BLOCO 3: CAPITAL E DIVERSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES


1. A empresa tem relação comercial/de sociedade com outros ramos empresariais da
saúde, a exemplo de hospitais, empresas farmacêuticas e de equipamentos/insumos?
2. Como avalia a diversificação de atividades por parte de empresas de planos de saúde?
A sua empresa diversifica ou pretende diversificar atividades?
3. Como avalia a chegada do capital estrangeiro no setor? Sua empresa pretende abrir-se
para o capital estrangeiro?
4. Como avalia as compras, aquisições e fusões no setor? Sua empresa está aberta a
compra/venda, fusões?
5. Como avalia o movimento do setor de verticalização, investimento em rede própria?
Sua empresa pretende investir na verticalização?
6. Qual a origem/composição do capital da empresa? A empresa prevê mudanças na
composição do capital?

BLOCO 4: LOCALIZAÇÃO NO SISTEMA DE SAÚDE/RELAÇÃO COM O SETOR


PÚBLICO
1. Qual é a inserção da empresa no setor de assistência suplementar?
2. Qual é a inserção da empresa e do setor de planos de saúde em geral no sistema de saúde
brasileiro?
3. A empresa possui alguma atuação no setor público?
4. O mercado de planos tem um tamanho ideal, deveria ser reduzido ou deve crescer? Por
quê?
5. Qual sua opinião sobre o ressarcimento ao SUS?
6. Como avalia a política fiscal de dedução de gastos com plano de saúde para pessoa
física?
7. Como avalia subsídios e isenções às empresas de planos de saúde?
8. Como avalia a atuação do BNDES junto às empresas de planos de saúde?
133

BLOCO 5: ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO E INVESTIMENTO


1. Como você avalia o mercado atual e quais serão os nichos de expansão?
2. Quais serão as estratégias de expansão no setor privado? E no setor público?
3. Como você prevê a futura cobertura de medicamentos para pacientes ambulatoriais?
4. Você acredita que haverá uma intensificação dos investimentos estrangeiros no setor?
E dos investimentos nacionais?
5. Como acha que será o futuro do sistema de saúde brasileiro?
6. Qual será a inserção desta empresa no futuro sistema de saúde brasileiro?
134

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Obrigado por sua especial atenção ao ler o documento que se segue. Na qualidade de
(diretor(a), presidente ou representante) da empresa ________________________________, o
Senhor(a), por meio deste, está sendo convidado a participar de uma pesquisa.

O presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é parte integrante do estudo


intitulado “Reorganização de Grupos Hospitalares e Empresas de Planos de Saúde:
Repercussões no Complexo Econômico-Industrial da Saúde” que tem por objetivo principal
levantar dados, informações, conhecer o perfil, a opinião e a inserção no mercado de empresas
que atuam na área da saúde, entre elas os planos de saúde e os grupos hospitalares.

Caso concorde em conceder a entrevista, segue abaixo proposta das condições em que
o Senhor(a) aceitaria ser entrevistado:
1. O Senhor(a) é livre para, a qualquer momento, recusar-se a responder às perguntas
que possam lhe ocasionar eventuais constrangimentos de qualquer natureza;
2. O Senhor(a) dispõe de todo o direito de cancelar sua participação na pesquisa a
qualquer momento e não necessitando para isso apresentação de qualquer
justificativas;
3. Suas opiniões/dados/informações serão exclusivamente utilizadas para os objetivos
específicos desta pesquisa e da produção científica em geral.
4. Caso o Senhor(a) assim o desejar, será informado de todos os resultados obtidos pela
pesquisa, independentemente do fato de mudar seu consentimento em participar do
estudo;
5. Em qualquer etapa do estudo, o Senhor(a) terá acesso aos profissionais responsáveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O pesquisador principal é a
135

Dra. Laís Silveira Costa que pode ser encontrada no endereço: rua Cardoso Junior
142 – Laranjeiras – Rio de Janeiro, CEP-22245-000.Email: achelais@hotmail.com.

Se o Senhor(a) desejar fazer alguma consideração ou solicitar esclarecimentos sobre


questões éticas da pesquisa, poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva Endereço: Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
sala 15. Av. Horácio Macedo s/n, antiga Praça Jorge Machado Moreira, próximo à
Prefeitura, Cidade Universitária – Ilha do Fundão/Rio de Janeiro – RJ - CEP:21941-598.
Tels: (21) 3938-9293 ou 3938-9331 -www.iesc.ufrj.br; webmaster@iesc.ufrj.br

Feitos os esclarecimentos e estabelecidas as condições acima descritas, na página


seguinte encontra-se o termo de consentimento propriamente dito a ser pelo Senhor(a) assinado
(rubricando também esta página), caso concorde em ser entrevistado para esta pesquisa.

Agradecemos sua valiosa contribuição!


136

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, ___________________________________________________________
(presidente, diretor ou representante) da Empresa ____________________________ declaro
ter sido suficientemente informado a respeito das condições em que farei entrevista para a
pesquisa “Reorganização de Grupos Hospitalares e Empresas de Planos de Saúde:
Repercussões no Complexo Econômico-Industrial da Saúde” pelo presente termo de
consentimento, estando para mim suficientemente claros os objetivos do estudo, tomei a decisão
de participar dele consciente dos procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos,
as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Esclareço que esta minha participação é isenta de quaisquer despesas de minha parte ou
da empresa que represento. Em se tratando aqui de uma concordância voluntária, reitero que
meu consentimento não é definitivo e que poderei cancelá-lo a qualquer momento, antes ou
durante a realização do referido estudo.
Considerando as condições acima definidas, subscrevo o presente termo de consentimento
reiterando minha concordância em ser voluntário da pesquisa.

Local, data, assinatura.

_________________________
137

APÊNDICE C - TRANSCRIÇÃO DAENTREVISTA COM DIRIGENTES DA GEAP


AUTOGESTÃO EM SAÚDE

FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (Fiotec)

COORDENAÇÃO: LAÍS SILVEIRA COSTA

Entrevista com executivos das empresas de planos e seguros de saúde (Geap-


Autogestão em Saúde).
Projeto “Reorganização de Grupos Hospitalares e Empresas de Planos de Saúde:
Repercussões no Complexo Econômico-Industrial da Saúde”
Transcrição de entrevista realizada com LUÍS CARLOS SARAIVA NEVES
[LC](DIRETOR EXECUTIVO-GEAP)e PEDRO TRINDADE [PT](ASSESSOR DE
PLANEJAMENTO- GEAP)no dia 18 de outubro de 2014.

[...]
[PT] Desde janeiro que estou na sede em Brasília, na direção, fazendo assessoria
de planejamento. Em suma, a principal atividade que fazemos é a coordenação do planejamento
estratégico da GEAP como um todo, a nível nacional, com todas as gerências e a interface, não
só entre as gerências da diretoria, como também, com as gerências estaduais, que são as
representações da GEAP nos estados. E dentro do mercado de saúde, já trabalho, três para
quatro anos, algum tempo trabalhei em planos de saúde privados antes de vir para a GEAP,
então tenho uma certa noção das diferenças de uma autogestão para um plano privado com fins
lucrativos, e é isso. Estou bastante disponível para contribuir com o trabalho de vocês.
(Entrevistador) Gostaríamos de ouvir um pouco da história da fundação GEAP e
saber como o senhor chegou a ser Diretor Executivo?
[LC] A GEAP vai completar agora dia 29 de setembro, 69 anos. Nós temos um
material [impresso] já feito. Vai estar lá um histórico muito mais completo, um documento
oficial mesmo da GEAP, e eu acho que seria interessante a gente pegar um tempo para falar um
pouco a partir dessa minha chegada. Eu na realidade cheguei na GEAP em 1995. Quando eu
fui convidado para trabalhar como auditor médico da GEAP. De 1995 a 2002, eu trabalhava
como auditor, fazendo auditoria de contas, perícias médicas e, em 2002, houve uma intervenção
na GEAP e o diretor da GEAP Pernambuco, eu era auditor médico na Gerência do estado de
Pernambuco. E houve uma intervenção na Gerência estadual, por determinação do Poder
138

Executivo da época e nesse período de intervenção, o interventor, me convidou para assumir a


Superintendência Estadual de Pernambuco. De 2002 a março de 2013, eu trabalhei como
superintendente do estado de Pernambuco. Depois a nomenclatura foi para Gerente Regional,
Gerente Estadual, então, foi quando eu ascendi a um cargo de gestão, eu sai de auditor para
gerente. Quando foi agora, em março de 2013, por volta da situação que a GEAP se encontrava.
Nós vimos saírem notícias nos jornais, televisão, a GEAP estava com o passivo financeiro muito
grande no mercado, passando por uma crise de governança, por conta de problemas do nível do
conselho deliberativo, estância máxima, e também no nível de diretoria e por conta desse
desalinhamento de gestão, o Governo Federal através da PREVIC [Órgão da Previdência
denominado Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC]. Tem um
detalhe: [é que] a GEAP, até outubro do ano passado, tinha uma natureza no seu estatuto, nos
seus documentos, um vínculo com a Previdência e o órgão regulador da Previdência é a
PREVIC. Então, através da PREVIC, a GEAP sofreu uma intervenção e a Agência Nacional de
Saúde [Suplementar]. É que a GEAP tem essa dupla face: a face da Previdência e a face da
Saúde [Suplementar], os dois negócios, vamos dizer assim. E por conta desse negócio da Saúde
Suplementar, a ANS também fez uma ação de direção fiscal na Fundação de Seguridade Social
- GEAP. Esse era o nome que tinha a instituição. Essa intervenção começou no dia 27 de março
de 2013 e eu fui, convidado, convocado, fui chamado pelo Governo para assessorar o
interventor, porque o interventor veio do setor bancário. Um profissional técnico do setor
bancário não conhecia o negócio da saúde, conhecia muito bem o negócio da Previdência. E aí
o governo precisava de alguém para acompanhar as ações e todo o trabalho na área da saúde.
Me chamou, eu fui para Brasília e fiquei assessorando o interventor focado no negócio, nas
atividades da Saúde Suplementar. Montei uma equipe e aí, a partir desse momento, nós
começamos a fazer todas as ações e mudanças na área da Assistência à Saúde. A GEAP sempre
trabalhou com este conceito de Assistência à Saúde. Nós agora estamos mudando para o
conceito de Atenção Integral à Saúde. Lá na frente a gente vai entender um pouquinho dessa
mudança. A intervenção foi até outubro de 2013, do dia 27 de março até 18 de outubro de 2013,
e um dos objetivos também da intervenção, além de fazer uma readequação da instituição, era
também promover a cisão dos negócios, separar a Previdência da Saúde. No site da GEAP
vocês irão encontrar tanto os documentos referentes à GEAP Previdência, que é uma nova
empresa, com um novo CNPJ, e GEAP Autogestão em Saúde que manteve o CNPJ da origem
da GEAP. Então, são duas estruturas, duas empresas separadas. Hoje o que acontece ainda é o
compartilhamento de algumas atividades.
(Entrevistador) Por que o objetivo era separar os negócios?
139

[LC] Porque separando daria uma formatação, uma “cara”, daria uma estruturação
de fato do que é Previdência, Seguro e Pecúlio. Uma das características da GEAP Previdência
é ter um grande volume de peculistas e um valor muito grande, beirando uns três bilhões de
reais. Eu não tenho valor, porque hoje estou focado só na saúde e em definir o negócio de saúde
suplementar. Porque como havia essa mistura, isso gerava transtornos grandes no sentido de
gestão financeira, de gestão dos próprios negócios, a representatividade da empresa, porque
misturava a representação Seguridade/Previdência com saúde, então, com essa separação,
cisão, se deu um formato mais preciso do que é cada coisa. Eu particularmente acho que foi
muito importante e decisivo para o momento que a GEAP Saúde vive. Então, no dia 18 de
outubro tomou posse o Conselho de Administração novo, provisório, que foi indicado pelo
Governo, seus membros, conselhos de seis conselheiros titulares e seis suplentes, que tinham,
a missão de continuar organizando a instituição e, ao mesmo tempo, preparar o momento de
uma eleição da representação dos beneficiados, dos servidores. Essa eleição ocorreu em março.
Em março [de 2014] nós tivemos a eleição, tudo isso está documentado no site. No site vocês
podem encontrar e, se precisar, a gente também disponibiliza, e foram eleitos três representantes
dos servidores com seus três suplentes e o governo indicou os três representantes dos órgãos,
um representante da União (eu vou explicar porque isso), do Ministério do Planejamento e
Ministério da Saúde e três suplentes (INSS e Planejamento). Isso tudo está lá no site
explicadinho. E ai abriu esse conselho eleito, legitimado, tomou posse e com mandato de três
anos no Conselho de Administração que é a instância máxima da instituição. Em conjunto com
a eleição do Conselho de Administração, (CONAD), foram eleitos os membros do Conselho
Fiscal. Dois membros titulares e dois suplentes, e o Governo indicou dois titulares e dois
suplentes. A paridade da representação Governo/União, porque a União custeia a GEAP, há um
custeio, há um repasse financeiro do Governo para a GEAP e dos beneficiários que pagam
mensalmente o valor do seu plano.
(Entrevistador) Quer seja a União ou sejam os órgãos, ela está definida dessa
maneira?
[LC] Tem o estatuto que está lá também no site. Em dezembro, no início de
dezembro de 2013, a Presidenta Dilma assina o Decreto, publica o Decreto, no qual ela institui
a União como patrocinadora de planos de saúde do convênio com a GEAP. Então, o Decreto
está lá no site.
O Decreto dizia o seguinte: todos os Órgãos da Administração Direta ou Indireta e
fundações da União podem fazer convênio com a GEAP, para que a GEAP ofereça seus planos
aos servidores e os servidores optem (isso é um detalhe importante), é uma opção que o servidor
140

tem. Isso é muito importante, porque há uma confusão colocada no mercado de que foi uma
obrigação dos servidores irem para a GEAP. Esse ruído foi do mercado, mas não. Abre-se a
possibilidade como convênio único do servidor público, que ele faça a opção de entrar na GEAP
ou ele possa ter a opção de escolher qualquer outro plano.
Até antes do Decreto, não se podiam fazer convênios com Órgãos Públicos porque
havia um impedimento. Quando houve o Decreto, abri-se a janela para fazer convênios com
órgãos, fundações e autarquias no guarda-chuva da União. Nesse período de dezembro a 28 de
fevereiro, muitos órgãos procuraram a GEAP. (Universidades, Autarquias) Antes do Decreto,
nós tínhamos cerca de 86 órgãos conveniados, depois do Decreto, nós incluímos mais 100.
Chegamos a ter quase 190 órgãos conveniados. A maioria sob, embaixo desse guarda-chuva da
União, um Convênio Único, Decreto da Presidente. Quando foi em fevereiro a OAB entrou
com a ADIN no Supremo Tribunal Federal, questionando o Convênio Único. É uma questão
que está sendo debatida, discutida no âmbito jurídico entre o governo, a União e a OAB.A
GEAP ficou como “o marisco na rocha”, entre “o mar e a rocha”. A GEAP não tem nenhuma
interferência nesse processo, ela está oferecendo um produto. Tem que deixar muito claro que
é um conflito entre União e OAB. Evidentemente que a OAB fez isso provocada por algum ator
social interessado, algum agente social interessado na questão do mercado, uma disputa de
mercado. Por que a OAB não tem plano de saúde. Ela compra, ela paga o plano de saúde de
várias Unimeds e outras operadoras.
O Ministro [do STF] Lewandowski, ele solta, ele assina, esqueci o termo jurídico,
uma liminar, um documento jurídico dizendo o seguinte: quem fez o convênio até o dia 28
permanece conveniado, a partir do dia 28, nenhum órgão, nenhum outro órgão pode fazer
convênio com a GEAP e tem que aguardar o julgamento do pleno no STF. Por isso, a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não fez o convênio com a GEAP. Deu o dia
28, a partir daí a GEAP estava tendo diálogo, negociação, quando veio a posição do Ministro e
impediu a entrada, como a Marinha, Aeronáutica e outros e outros órgãos. A Fluminense entrou,
a Universidade Federal Fluminense. Então, é, por isso que vocês não estão vendo essa
movimentação da GEAP na UFRJ. Como não houve convênio, nós vamos ter que concentrar
todo o trabalho, todo esforço, diálogo com os órgãos que estão conveniados. Mas eu espero que
a gente consiga, a União, melhor dizendo, consiga explicar no Supremo que não é aquilo que a
OAB propõe, que o Supremo libere que a gente vai claro, evidente buscar um entendimento
com a reitoria da UFRJ.
Quando foi dia 18 de outubro, nós fomos indicados para assumir a Diretoria
Executiva da GEAP, eu assumi, fui aprovado pelo CONAD, pelo Conselho, e montei a minha
141

diretoria. Desde a intervenção quando eu cheguei lá, nós, junto com o interventor, começamos
a estreitar o diálogo e aproximar as nossas atividades com a ANS. Por quê? Porque
infelizmente, anteriormente havia um entendimento ruim e eu mesmo lá em Pernambuco como
Gerente Estadual, eu tinha a leitura que não tinha uma, não havia uma sintonia. E quando eu
digo a sintonia, é no sentido de a GEAP então cumprir e seguir os normativos da ANS, pois já
falhavam nisso. Então, assim que houve a intervenção, assim que nós assumimos a diretoria,
nós abrimos todos os canais de diálogo com a ANS. Primeiro, para entender a ANS. Porque a
gente tinha uma dificuldade de entender a ANS, por conta de como era trabalhado isso dentro
da instituição. E segundo, para demonstrar à ANS que a partir daquele momento, e aí a gente
também demonstrou à ANS, que a nova diretoria da GEAP queria primeiro cumprir os
normativos da ANS, e segundo, dialogar no sentido de contribuir no aperfeiçoamento dos
documentos legais, das ferramentas de regulação, porque também nós tínhamos críticas, para
algumas críticas propositivas. No sentido de algumas ações da ANS.
Com o decorrer do tempo e das várias mesas de negociações, de diálogos com a
ANS, hoje a gente tem um canal muito bom e diálogo transparente, a gente se entende hoje.
Amanhã vem uma equipe da GEAP aqui na ANS discutindo as questões das DIOPS
[Documento de Informações Periódicas das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde], das
notificações que a ANS faz, que a gente tem dúvida e que a gente acha também um pouquinho
injusto, uns fatores de multiplicação e de determinação do peso de avaliação da operadora pela
DIOPS são subjetivas e temos que entender melhor. Então, para vocês verem como a gente está
em um nível muito elevado de diálogo. Mas, entendendo sempre que a agência é realmente o
órgão regulador, é um órgão que nós temos que seguir e acompanhar suas deliberações.
(Entrevistador) A GEAP tem programas de medicamentos?
[LC] Tem, nós temos duas ações nessa área.
[PT] Programa de auxílio financeiro para aquisição de remédios de alto custo e
quimioterápico.
[LC] Quimioterápico domiciliar, que foi implantado agora. Nós estamos ampliando
e qualificando. Deixa eu falar do primeiro, da aquisição de medicamentos: o beneficiário
compra o medicamento e apresenta a nota fiscal na GEAP e a GEAP restitui 50% do valor.
Existe uma relação de medicamentos, que são medicamentos caros.
O outro é o quimioterápico domiciliar. A gente já tem, inclusive ontem tivemos a
reunião da diretoria, reavaliando todo o processo, e nós temos disponibilizada essa medicação
quimioterápica, tem um rol de drogas e tem uma empresa que fornece esse quimioterápico para
os nossos beneficiários.
142

(Entrevistador) Qual é a empresa fornecedora?


[LC] É a LIG MED.
(Entrevistador) É para todo o Brasil?
[LC]É, para todo o Brasil. Só que agora nós estamos aperfeiçoando, porque o Brasil
é um continente. Então, nós vamos contratar outras empresas para a gente poder dar conta das
regiões mais distantes, Nordeste, Amazônia. Porque se eu não me engano essa empresa é do
Rio Grande do Sul. A gente quer ter uma oferta maior de serviços.
(Entrevistador) Quais eram os problemas principais e/ou desafios da GEAP
quando você chegou? E agora?
[LC] O principal desafio naquele momento em que houve a intervenção e até o
momento é a sustentabilidade da empresa. A sustentabilidade financeira. Em dezembro de
2012, a GEAP tinha um passivo muito alto no mercado e isso era publicado aos quatro ventos.
E esse foi um dos motivos principais para ter ocorrido a intervenção. Então, esse foi um dos
principais desafios nossos, principais dificuldades. E, a outra, foi a questão do modelo de
assistência à saúde (falava assim na época) que é um modelo totalmente [...], até a ANS fez
uma análise desse modelo e apontou para direção na época que esse modelo fatalmente levaria
a GEAP para a falência, era um modelo onde não entravam jovens, se permanência uma
população muito grande de idosos e o que era também atraído para entrar na GEAP era uma
população idosa. Agora, eu queria abrir um parêntese (a missão da GEAP é universal, ela é
igual ao SUS, ela não descrimina idoso, não descrimina portadores de doenças preexistentes,
ou seja, ela absorve, ela acolhe qualquer servidor ou seu familiar que venha fazer parte do
mercado chamado carteira. Na população que é atendida pela GEAP. O outro desafio era
resgatar a credibilidade da GEAP no mercado, porque o mercado já não estava mais acreditando
na viabilidade da GEAP e não acreditava inclusive que a GEAP pudesse cumprir com os seus
contratos, com seus acordos. O outro [desafio], a própria governança, governança interna da
empresa.

(Entrevistador) Você poderia detalhar um pouquinho para a gente?


[LC] O modelo de governança, era um modelo muito centralizado em Brasília.
Muito centralizado, muito concentrado, muito concentrado no nível central. Por exemplo: tinha
um procedimento simples que para ser autorizado, tinha que passar por uma regulação no nível
central e isso gerava uma espera do beneficiário, e o que gera a espera e não atende à
expectativa, gera insatisfação e isso gera reclamação, que gera multa. E nós fomos multados
muito por causa desse modelo muito centralizado em resolver aquilo que o beneficiário não
143

avistava lá no interior, aqui no Rio, no sertão, no Nordeste, na Amazônia, e precisava ter o seu
problema resolvido. Então, essas quatro, são as quatro maiores dificuldades que nós
encontramos. Para isso a gente fez o quê? Nós assumimos a direção e construímos o nosso
planejamento estratégico. Ele tem quatro eixos principais, quatro objetivos principais que
justamente vão tentar resolver esses quatro desafios.
(Entrevistador) Existe um documento do planejamento estratégico?
[LC] Existe. Ele foi construído coletivo, houve uma visita aos estados, junto com
outro assessor. Isso foi construído em 12 estados, até chegar no nível central. Do nível central,
depois a gente sistematizou. Fizemos um encontro nacional de gestores. Todos os gestores da
instituição. Validamos, aprovamos e levamos para o Conselho de Administração,
apresentamos, e o conselho deliberou e aprovou o planejamento estratégico. Ele é um
planejamento validado pelo CONAD, com todos os gestores da casa e todos os gestores da casa
assinaram o termo de responsabilidade e compromisso com o planejamento estratégico. Agora
em dezembro nós vamos fazer o encontro, para realinhar o planejamento para 2015, porque ele
é 2014/2015. Ele é bienal.
(Entrevistador) Como é que o senhor vê hoje, em relação as atividades da GEAP,
a regulamentação dos planos de saúde?
[LC] Primeiro, eu entendo que o processo de regulamentação e acompanhamento
é fundamental, porque tem que haver uma sistematização dessa área, senão cada um vai fazer
o que quer e daqui a pouco está um [...], então não dá para ser na vontade de cada um. Eu penso
que o desenho que está colocado hoje, não é equânime. Ele precisa ter esse balizador da
equidade, porque uma coisa é você regular uma operadora minimamente posicionada no
mercado como lucrativa e outra coisa é regular quem não é lucrativa, quem é sem fins
lucrativos. Porque quem não é, quem não tem lucro, ou seja, quem não visa o lucro, todo recurso
é devolvido para o seu beneficiário na forma de produtos e ações de atenção integral à saúde, é
essa a nossa missão hoje. Inclusive, só para complementar sobre como isso é tão diferente, o
governo federal abriu a possibilidade de convênios de empresas para realizarem os exames
periódicos de servidores, e a GEAP oferece esse produto para os órgãos e uma das nossas
diretrizes nesse sentido, é que todo valor arrecadado pela GEAP com exame periódico
ocupacional, ele tem que ser devolvido para os órgãos sob as formas de ações de promoção de
saúde. Então, é o que mostra que é uma operadora sem fins lucrativos. Você arrecada um
produto e faz a devolutiva com ações e estratégias de promoção em saúde. A gente instituiu
isso agora. Com esse novo momento da GEAP.
144

[PT] A diferença na verdade que eu acho que talvez seja a mais expressiva dessa
relação de regulação de um plano de autogestão, operadora de autogestão e de um plano
privado, é que diferentemente de um plano privado a gente não tem como segmentar, escolher
onde a gente vai atuar, pelo custo de mercado, pela dificuldade logística. Se tiver um
beneficiário da GEAP, alguém com direito à GEAP no interior do Amazonas, um só, a gente
tem responsabilidade pela missão da empresa, pelo perfil dela de atender esse único que estiver
lá. Tem que contratar o hospital, tem que fazer uma estrutura de saúde, por mais que sequer
exista. Então, diferentemente de um plano de saúde privado, que faz uma análise de viabilidade
financeira, de mercadológica, enfim, se o mercado está muito caro, mercado de São Paulo está
caro, eu tiro minha ação de lá e foco no Rio. A UNIMED está em queda, então eu vou
aproveitar. A GEAP não tem condição e nem interesse de fazer isso. Hoje a ANS está com o
perfil de ter, ela ainda está aprimorando uma série de normativas, uma série de questões que
vão contemplar este tipo de diferenciação entre as operadoras.
[LC] E tem aquela questão muito clara da seletividade, seleção, como eu já falei
anteriormente. A gente não discrimina idoso. Idoso na GEAP, a nossa faixa de cobrança de
mensalidades vai até 59 anos, a partir de 59 anos é um valor só. Então nós temos hoje 600
beneficiários com mais de 100 anos. Nós temos uma beneficiária no Amapá com 113 anos e
aqui no Rio também. A nossa equipe está aqui também para entrevistar esses centenários e a
gente vai fazer um trabalho com eles.
[PT] Só no Rio tem 120 [centenários].
[LC] Se você for somar os acima de 90 vai para mais de 1.500. A gente já está
desenvolvendo algumas atividades junto a essa população. Um zelo maior, um cuidado maior
com eles. Isso para nós é uma joia!
(Entrevistador) A questão dos 59 anos ocorre após 2004?
[LC]É, eu preciso checar isso aí. Porque a GEAP, anteriormente, ela trabalhava
com o desconto do percentual de salário.
(Entrevistador) As faixas de vocês eram uma só no contrato?
[PT] Não! É que cruzavam duas informações. Você tinha a faixa salarial e a faixa
etária. Então, cuidar de planos é uma tabela em que você vai cruzando tudo isso. Hoje em dia
não tem. O valor do plano é de acordo com a faixa etária, inclusive é como a própria ANS
define 59 anos é a última faixa. Já são oito faixas.
[LC] E os outros valores são bem menores.
145

(Entrevistador) Em relação à participação no mercado, que tipo de relações você


tem com empresas de outro setor? Existe alguma participação representativa? Alguma
participação em financiamento de pesquisa? Tem alguma participação em outras empresas?
[LC] A GEAP é uma empresa de autogestão e ela está situada justamente nessa
fatia do mercado da saúde suplementar, nas autogestões. Ela faz parte das Unidas. Ela é a
segunda maior autogestão. Nós dois temos 605.000 beneficiários e, na Unidas, a GEAP ocupa
o cargo de Diretoria Técnica, em que sou eu o titular entre os executivos. A Diretoria Técnica
na Unidas. Esse é o único vínculo que nós temos com alguma outra entidade em termos de
cargo. No mercado como um todo, nós somos a 12ª maior, no todo, no bolo total das
instituições. E com relação a esse investimento, nós não temos investimento externo. Nós não
fazemos este tipo de investimento. Até porque a GEAP tem todo um escopo de estatuto, de
composição como empresa que delimita muito esta questão de como atuar. Nós podemos fazer
parcerias, a gente vai buscar isso. Com esse novo modelo que a gente está implementando de
atenção integral à saúde, priorizando a atenção primária. Então a gente, em 2015, vai com
certeza buscar parcerias com o SUS, com as prefeituras, até por conta dessa situação que o
Pedro [Trindade] coloca de que em algumas regiões do país, como a nossa capilaridade de
beneficiários é muito grande, nós vamos ter cidades com dois beneficiários da GEAP. Eu andei
muito o Sertão do Nordeste, quando eu era gerente de Pernambuco. Eu visitei todas as cidades
onde tinha beneficiários da GEAP, então muitas vezes tinha um beneficiário que morava nas
cidades do sertão, e para ser atendido tinha que se deslocar 300 km, para ter um atendimento
odontológico bom, para ter um atendimento de um cardiologista tinha que sair da cidade, até
mesmo para outro estado. A gente sabe que nos interiores, nos sertões, o que conta muito é a
distância. Então, ele saía de Pernambuco para ser atendido no Ceará. Tem um caso muito
específico lá, que é o de Juazeiro e Petrolina, boa parte dos beneficiários da GEAP da Bahia
que moram em Juazeiro vão buscar assistência na rede da GEAP em Petrolina, porque o plano
é nacional. É só cruzar a ponte e ir para Petrolina. Por quê? Porque a cidade de Petrolina tem
ofertas melhores de serviço. Lá nós temos neurocirurgiões, cardiologistas, cirurgia cardíaca. E
Juazeiro não tem. Pelo menos até então quando eu estava lá. Então essas parcerias são possíveis,
agora o financiamento não.Agora uma característica que a GEAP tem é que muitos dos produtos
são elaborados internamente, muitos dos recursos nossos. Por exemplo, nós temos uma Central
de Atendimento, com quase 400 funcionários que faz todo o trabalho do Call Center.
A nossa TI é própria, o desenvolvimento dos nossos softwares são todos elaborados,
desenvolvidos internamente. A comunicação também. Agora em algumas áreas a gente já está
146

buscando consultorias, por conta de que tem áreas que nós entendemos que precisam de
consultores como é o caso dessa modelagem da atenção integral à saúde.
(Entrevistador) Onde fica a Central de Atendimento?
[LC] Dentro da estrutura da GEAP, na sede em Brasília.
(Entrevistador) Isso significa que a pessoa daqui do Rio telefona e cai lá em
Brasília?
[LC]Cai lá, 0800. Tudo nosso!
(Entrevistador) Como é que vocês veem a perspectiva daqui para frente, no
horizonte de quatro, cinco, seis anos?
[LC] O cenário financeiro está resolvido para nós. O passivo que tínhamos já
resolvemos na rede, tínhamos um passivo alto, nós já equilibramos, já conseguimos atender à
resolução da ANS referente à reserva técnica. Nós já temos a reserva técnica garantida, estamos
superavitários. Ainda não é o superávit dos sonhos, mas falta pouco para que nos dê condições
para avançar mais, de implementar mais. Contratar, por exemplo serviços mais complexos.
Apesar que essa não é a prioridade nossa agora. A prioridade é implantar e implementar a
atenção primária na GEAP, que não existe.
(Entrevistador) Poderia explicar melhor como seria a estratégia de parcerias,
inclusive com o SUS, com vistas à atenção primária?
[LC] O modelo de assistência da GEAP é um modelo curativo, é um modelo focado
na urgência e a nossa porta de entrada hoje ainda é a urgência o que é, ir para a morte! No
sentido institucional. Não se sustenta uma operadora de planos de saúde focada na urgência e
curativo. Nós estamos elaborando nossa proposta, nós iniciamos com os nossos profissionais
internos, que têm informação na área e experiência. Já elaboramos um modelo piloto e agora a
gente está trazendo, agregando um consultor para aperfeiçoar aquilo que a gente pensou e
elaborou. Então, a ideia nossa é que em 2015 a gente possa já estar implementando esse modelo.
Esse modelo pretende ir para dentro dos domicílios e dentro dos ambientes do trabalho, ou seja,
levar a atenção para o domicílio e para o ambiente do trabalho. Nós já estamos fazendo isso de
uma forma pontual, não sistematizando como um modelo. Mesmo pontual está dando um
excelente resultado. Os servidores públicos estão satisfeitos, vendo a GEAP no seu órgão
disponibilizando psicólogo, disponibilizando cardiologista, um eco, um clínico geral. A gente
já está fazendo algumas experiências.
Laboratórios pequenos para ver como é a receptividade principalmente e a
satisfação que isso dá para o nosso [beneficiário], então, a gente entende que quando o modelo
estiver pronto e fizer realmente o seu papel, vai ser um...
147

(Entrevistador) Mas, nesse caso, no domicílio seria essa parceria com o SUS?
[LC] Não, as equipes serão nossas. As parcerias seriam em termos do diálogo e
disponibilidades de informações, não de profissionais. Aliás, os profissionais terão que ser da
GEAP.
[PT] É um intercâmbio de informações, da parte técnica.
[LC] Por sinal na elaboração do piloto desse projeto, nós já tivemos a participação
do Ministério da Saúde, a equipe profissional especialista do Ministério da Saúde foi lá, fez
todo um debate com o nosso grupo técnico, tivemos a participação de outros profissionais,
tivemos a participação de uma médica da família com uma experiência de coordenar a equipe,
fez uma discussão com o nosso pessoal e a coisa está indo, está andando, saímos da fase
embrionária para a fase fetal.
(Entrevistador) Com a chegada do capital estrangeiro, compra da Amil pela
United Health, vocês estão usando isso como variável para construção do cenário futuro ou
não?
[LC] Sim! Porque o que se coloca hoje para o servidor público é ele fazer opções,
ou melhor, ele ter opções de escolha de planos de saúde. Então, nós sabemos, por exemplo, que
existem corretoras de planos de saúde que estão oferecendo planos para os servidores e eles
podem tanto tirar beneficiários da GEAP, desses planos, como podem também chegar primeiro
no servidor e trazê-lo para o plano e a gente só chegar depois e não ter mais [...] ou ter que fazer
um esforço muito grande para trazê-lo, para tirá-lo [...] Aí é o mercado. Sensibilizá-lo do que a
GEAP é mais barata, a GEAP está oferecendo outros produtos, e ele sair do plano privado e vir
para o plano da GEAP. Assim, a gente avalia isso. E sabemos que tem corretoras fortíssimas
fazendo este trabalho.
(Entrevistador) Vocês têm alguma estratégia para atuar, para se proteger? Ou
essa é apenas uma variável?
[LC] Temos! O fortalecimento da rede. A qualificação da nossa rede. Temos
absoluta certeza de que com a implementação da atenção primária, isso vai dar um salto muito
grande de qualidade em termos, não só de qualidade, mas de estar muito mais perto do servidor.

(Entrevistador) Vocês passariam a ter rede própria?


[LC] Não, ainda não. A GEAP ainda não está vislumbrando, pelo menos nesse
momento, a rede própria. O que a gente vislumbra em médio prazo, não de imediato, porque
nós estamos no ano zero. Saindo de um momento muito turbulento, muito ruim. O que a gente
148

vislumbra no segundo momento é a possibilidade de abrirmos as nossas policlínicas. Depois


que a gente estruturar a atenção primária a gente vai partir para a média complexidade.
(Entrevistador) Estruturar a atenção primária, como assim? Contratando
pessoal?
[LC] Contratando pessoal.
(Entrevistador) Assalariado?
[LC] Estamos avaliando como vai ser. Se vão ser serviços ou pessoas próprias ou
profissionais próprios. É que está em uma fase muito inicial.
Estamos descobrindo essas coisas e avaliando no mercado. Porque vai ser uma
tomada de decisão muito importante, ou seja, a gente vai mudar totalmente o conteúdo.
(Entrevistador) Esta questão de ver esse movimento, conjunto na área de saúde
de aquisições, de investimentos em setores diferentes da área de saúde. Isso afeta as atividades
de vocês a longo prazo? Pode fazer com que vocês sejam obrigados a rever o planejamento?
[LC] O problema para nós desse tipo de movimento é que, muitas vezes gera
possibilidades de os concorrentes oferecerem melhores serviços, porque infelizmente a nossa
população olha a complexidade. Você vê uma cidade como Recife, ali na região da [Avenida]
Agamenon Magalhães, só ali tem dez ressonâncias magnéticas e agora dois Pet Scans. Quando
esses grupos chegam [...] o Grupo D’Or comprou três hospitais de uma vez só em Recife.
Comprou o Prontolinda, o São Marcos e o Hospital Esperança. Três hospitais grandes. Nós
temos uma relação boa com eles lá. Temos essa relação bem tranquila. Mas, nesse ponto é que
eles dão um grande salto, com este tipo de serviço. Agora, por outro lado, nós tínhamos o nosso
lado forte, o nosso preço, aí eu estou falando em termo de mercado mesmo. Nossos preços são
bem competitivos e a GEAP oferece alguns produtos, algumas vantagens que eles não
oferecem. O nosso GEAP Saúde amplia o rol da ANS, ele vai além do rol que a ANS preconiza.
Com um preço competitivo de plano. E [tem] a nossa capilaridade. Que nós somos um plano
nacional. Recentemente nós temos o AFD e o TFD, o atendimento fora do domicílio. Por
exemplo, estou hoje aqui no Rio, posso sair daqui meio doente e ir para um hospital, ser
atendido fora do meu domicílio, mas pode ter a necessidade de alguém ir para outro estado e
ter que internar com urgência, fazer uma cirurgia cardíaca e mora lá no interior da Paraíba, de
Pernambuco, e precisa ser transferido para Recife ou para São Paulo, para o Rio e a GEAP
disponibiliza a transferência e o acompanhamento. É o programa que nós temos chamado TFD.
O familiar acompanha, fica em hotel, tudo custeado pela GEAP. Então, esses plus que a GEAP
é que nos dão um pouco de força para fazer o embate no mercado com esse tipo de empresa
mais rica, mais forte. E os que estão chegando de fora. Porque realmente eles têm um olhar
149

muito forte no servidor público. Agora, o servidor público com menos de 50anos. Saudável!
Sem doenças preexistentes!
(Entrevistador) E o tamanho do mercado? Vocês acham que está bom? Está
grande? Qual a sua opinião sobre o ressarcimento ao SUS?
[LC] Nós fazemos o ressarcimento ao SUS por posicionamento em direção da
empresa, nós entendemos que devemos fazer o ressarcimento porque se ele não foi atendido na
rede, foi atendido no SUS e usou os recursos, os insumos, por que não fazer o ressarcimento?
A gente só precisa discutir um pouquinho o valor da tabela, ela é pesada. Mas, quanto a isso a
gente já pratica. E é uma posição de diretoria, do conselho de fazer esse ressarcimento.
(Entrevistador) Vocês acham que o mercado de planos de saúde é grande, ele é
pequeno, deveria ter este tamanho, deveria ser menor, deveria ser maior?
[LC] Aí, é muito complexo. Eu sou defensor do SUS, eu participei da construção
do SUS e eu acho que o tamanho do mercado e como o mercado flui depende muito de como o
SUS se apresenta, se comporta. Então, penso que o SUS tem avançado, mas se nós tivéssemos
avançado mais, com certeza este mercado não estaria desse tamanho que ele está. Então para
nós, quanto mais o SUS melhorar e atingir as suas metas e seus objetivos, para nós é um sucesso.
Acho que tem muita operadora no mercado, demais! De todo tamanho, para todo gosto, para
todos os interesses. Eu acho que ele vai além do que deveria.
[PT] É interessante resgatar o histórico da própria ANS. Até então, até a ANS ser
criada, até na verdade ela evoluir para os mecanismos de controle, regulação. A redução que se
teve com o período histórico dessa criação, a quantidade de planos de saúde que se tinha e o
que ficou, chegou a reduzir a quase um quinto, a um décimo, um número bastante expressivo.
Isso até como sugestão resgatar a história da própria ANS, nesse comparativo. Acho que
qualifica o mercado de certa forma, como o Luís Carlos estava falando, de a gente ter muitas
operadoras até certo ponto oportunistas ou, enfim, não tão estruturadas, mas que vão de
encontro à característica do setor. Fazendo um comparativo por exemplo com a ANAC
[Agência Nacional de Aviação Civil], por exemplo, tinha uma segmentação no mercado de
companhias aéreas VARIG, VASP, a Transbrasil quebrou, agora entrou a GOL, a Azul, ter uma
quantidade X de empresas é importante, porque você consegue ter um nível de competitividade,
o preço vai ficar estabilizado, mas em contrapartida também pode ter esta outra situação que é
o que acontecia no cenário dos planos de saúde até 1998, 1999. Enfim antes dos anos 2000 foi
quando a ANS foi criada. O tamanho do mercado é muito complexo, além dessa situação de ser
dever do Estado, na Constituição, oferecer acesso à saúde ao cidadão brasileiro, é uma
responsabilidade, mas também a mesma Constituição permite que o cidadão tenha a escolha de
150

quem vai tratar dele. O Estado oferece, mas se eu quiser uma terceira opção eu também tenho.
É muito complexo!
(Entrevistador) Como vocês avaliam a política fiscal de dedução de gastos com
plano de saúde para pessoa física? E o subsídio para empresas de planos de saúde, benefício
fiscal? E as linhas de créditos do BNDES para empresa do setor?
[LC] É uma questão que precisa ser aprimorada, mas o que nós entendemos e
pensamos é que, nessa questão em que entram a questão fiscal, benefícios, tem que ser uma
ação em que, se aprimore também a atenção primária. Porque o que a gente vê é uma atenção
que se dá para se construir mais a alta complexidade. Então, o foco tem que ser invertido, nós
temos muitos tomógrafos e equipamentos centralizados em áreas [...]

Fim da gravação.

Transcrição CLC/Revisão e edição JAFS


151

APÊNDICE D - ARTIGO: PLANOS PRIVADOS DE SAÚDE E A SAÚDE DOS


SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS E MILITARES NO BRASIL

PLANOS PRIVADOS DE SAÚDE E A SAÚDE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS


E MILITARES NO BRASIL

Carlos Leonardo Figueiredo Cunha


Bruno Luciano Carneiro Alves de Oliveira
Jessica Pronestino de Lima Moreira
Ligia Bahia
Ronir Raggio Luiz

RESUMO
Os servidores públicos e suas instituições conformam um dos importantes segmentos de
demandas e ofertas de esquemas assistenciais de saúde no Brasil. Mesmo após a
Constituição de 1988, que instituiu o sistema público de saúde, vêm sendo estabelecidos de
modo crescente quadros institucionais, regulatórios e normas políticas que criaram modelos
duplicados de atenção à saúde e esquemas suplementares de serviços de saúde destinados a
esse público. Objetiva-se neste trabalho comparar as mudanças nos padrões de cobertura
dos planos de saúde entre servidores públicos, militares e demais trabalhadores no Brasil e
verificar se a vinculação a planos de saúde por esses grupos populacionais repercute nas
respectivas prevalências autorreferidas de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes
Mellitus (DM) no país. Para isso, utilizou-se a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios
(PNADs) dos anos de 1998, 2003 e 2008. Foi realizado também um estudo descritivo dos
trabalhadores do setor público (federal, estadual, municipal ou militar) e, para comparação, dos
outros trabalhadores, com 18 anos ou mais, e investigada a posse de plano privado de saúde e
sua relação com as morbidades referidas, ou seja, Diabetes Mellitus (DM) e Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS). Ao longo dos anos de estudo, os servidores públicos civis e militares
do Brasil apresentaram elevada e crescente proporção de adesão aos planos de saúde em relação
aos demais trabalhadores. Observa-se que as prevalências dessas duas condições de saúde
sempre foram maiores entre os servidores com planos de saúde, sugerindo a associação entre
planos de saúde e a maior prevalência de HAS e DM entre os trabalhadores civis. Essa política
dar um status diferenciado aos servidores públicos e militares, no que se refere ao acesso aos
serviços de saúde, reflete-se nas prevalências autorreferidas das morbidades estudadas. Em
contrapartida, favorece as iniquidades em saúde diante de um sistema público promulgado
constitucionalmente.
152

Descritores: Seguridade Social. Setor Público. Planos privados de saúde.

ABSTRACT

Civil service and its employees make up one of Brazil’s most important segments of demand
and supply for health care programs. Even after the Constitution of 1988, which set up the
public health system, there has been an increased establishment of political norms, as well as
regulatory and institutional frameworks, all of which have created duplicate health care models
and supplementary health care schemes to that particular group. The aim is to compare changes
in coverage patterns from health insurance plans among public servants, the military and other
employees in Brazil and to verify if the purchase of health plans by these groups is reflected in
their self-reported prevalence of Systemic Hypertension (SH) and diabetes mellitus (DM) in
Brazil. The 1998, 2003 and 2008 editions of the National Household Sample Survey (PNAD)
were used. We carried out a descriptive study of employees in the public sector (federal, state,
municipal or military), and for comparison purposes, other workers aged 18 or more; and
investigated health insurance ownership and its relation to the reported morbidities – Diabetes
Mellitus (DM) and Systemic Hypertension (SH). Over the years of the study, Brazil’s public
service employees, both civilian and military, have presented a high and increasing proportion
of health insurance purchase compared to other workers. The study observed that the prevalence
of these two conditions were always higher among employees with health insurance, suggesting
an association of health plans with higher prevalence of SH and DM among civilian workers.
This policy grants a peculiar status to public servants and the military as regards access to
healthcare services, and reflects itself on the self-reported prevalence of the morbidities studied.
On the other hand, it favors health inequities in a public system constitutionally enacted.

Key words: Social Security. Public Sector. Private health plans.


153

Introdução

As alternativas privadas para prover assistência médica-hospitalar a segmentos


populacionais específicos têm sido objeto de investigação da saúde coletiva desde os
trabalhos de Cecília Donnangelo (1976) e Hésio Cordeiro (1984). O tema, ainda que sob
uma indireta, também integra a área denominada “saúde dos trabalhadores”, campo que
conecta a saúde, a atenção à saúde e o trabalho. As características associadas ao trabalho
são um dos principais determinantes sociais das condições de saúde, da qualidade de vida e
do bem-estar de indivíduos e populações (SANTANA; DIAS; SILVA, 2014; MOREIRA et
al., 2015). Em diferentes contextos socioeconômicos, a diversidade de padrões de
morbidade e mortalidade é condicionada por variados fatores sociais, econômicos,
tecnológicos, organizacionais e políticos relacionados ao tipo de inserção no trabalho e
dependentes das condições de vida e saúde presentes nas sociedades em que os trabalhadores
estão inseridos (DIAS; LAUAR, 2012; SANTANA; DIAS; SILVA, 2014; MOREIRA et al.,
2015).
A população trabalhadora no Brasil caracteriza-se por apresentar grande
diversidade socioeconômica, demográfica e de tipo de inserção na atividade laboral. Dados do
IBGE demonstram que a população economicamente ativa no país, composta pelas pessoas de
10 a 64 anos de idade, vem crescendo ao longo da última década (IBGE, 2000; IBGE, 2011).
Em 2000 eram 126.983.332 de pessoas, já em 2010, esse grupo populacional alcançou o número
de 147.908.789, representando um incremento de 16% (IBGE, 2000; IBGE, 2011). Esses
trabalhadores inserem-se numa diversidade de ambientes e setores da atividade laboral, tanto
no setor público, quanto no setor privado ou informal. Ao longo da história, parte da oferta
da assistência médica-hospitalar adequou-se à segmentação do mercado de trabalho
(POSSAS, 1981; LUZ, 1988). Esse padrão persiste, apesar dos esforços para implementar
políticas de saúde universais.
Os servidores públicos e suas instituições conformam um dos importantes
segmentos de demandas e ofertas de esquemas assistenciais de saúde no Brasil. O servidor
público civil é um agente público que atua em diferentes instâncias ou órgãos das esferas
administrativas municipal, estadual ou federal; enquanto os militares exercem suas
atividades nos órgãos de defesa do país, como a marinha, exército ou aeronáutica
(MEIRELLES, 2003; CARVALHO; CARDOSO JUNIOR; FIGUEIREDO, 2011).
154

Dados do Siape demonstram que o número desses servidores cresceu e tem


representado cerca de 10% da população brasileira ao longo dos últimos anos. Em 1998,
representavam 1.844.427 pessoas, passando para 1.703.407 em 2003 e atingindo um total
de 1.910.030 servidores em 2008; sendo que, nesse período, a proporção de servidores civis
diminui (69,4% em 1998, 63,1% em 2003, 60,4% em 2008) e a dos militares só aumentou
(30,6% em 1998, 36,9% em 2003, 39,6% em 2008) (BRASIL, 2015b).
Como todo trabalhador, esses servidores civis e militares requerem cuidados à
saúde que são típicos do contexto socioeconômico, demográfico e epidemiológico da
sociedade em que estão inseridos. Contudo, a resposta a essas necessidades não vem sendo
organizada de modo semelhante a que vem sendo ofertada a outros tipos de trabalhadores
no país. Isso porque, historicamente no Brasil, o direito à saúde esteve associado ao contrato
formal de trabalho (carteira assinada) com serviços de saúde restritos a determinadas
categorias de servidores (SANTOS, 1979; MENICUCCI, 2007). Após a constituição de
1988, houve a institucionalização de um sistema de atenção à saúde universal, que não
condicionava seu acesso e uso mediado pelo tipo de vínculo de trabalho. No entanto, mesmo
após esse novo período, de modo crescente vêm sendo estabelecidos quadros institucionais,
regulatórios e normas políticas que criaram modelos duplicados de atenção à saúde e
esquemas suplementares de serviços de saúde destinados a esse público (BRANDÃO, 2007;
BAHIA; SCHEFFER, 2010).
Nesse cenário, esses servidores possuem uma gama de direitos diferenciados do
restante dos trabalhadores. Os Servidores Públicos Civis e Militares no Brasil têm o direito
à saúde mediante o acesso da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e por meio dos serviços
prestados diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estão vinculados, o que ocorre a partir
da contratação de serviços de saúde prestados pela iniciativa privada ou pela concessão de
benefícios (reembolsos e contrapartidas) instituídos por convênios, contratos ou adesão aos
planos de saúde ofertados a esses trabalhadores (BRANDÃO, 2007; SARMENTO;
PRAZERES, 2010). A partir da segunda metade dos anos 2000, foram acionadas políticas
de incentivo para servidores contratarem, de modo crescente, planos de saúde. Assim, esses
grupos de trabalhadores consolidaram a vantagem de poder combinar direitos exclusivos
com universais e se tornaram alvo relevante para a expansão de esquemas assistenciais
privados no país (BAHIA et al., 2002; BRANDÃO, 2007).
O padrão segmentado dos esquemas assistenciais para servidores públicos foi
oficializado pela promulgação de um conjunto de normas e pela institucionalização de
155

benefícios públicos (Decreto 4.978, de 03 de fevereiro de 2004, Lei nº 11.302/2006, Portaria


Conjunta SRH/ SOF/ MP nº 01, de 29 de dezembro de 2009) para a aquisição de planos privados
de saúde, conferindo um estatuto formal para a assistência privada à saúde de servidores
públicos. O subsídio à assistência médica-hospitalar privada a esses servidores e seus
dependentes, efetivada mediante o uso de recursos públicos, é um contrassenso constitucional.
A iniquidade também é evidente no caso do abatimento do imposto da renda bruta, das despesas
com a saúde, incentivando indiretamente a crescente aquisição de planos privados de saúde
(VIANNA, 2005; ANDREAZZI; SICSÚ; HOLGUIN, 2008; GADELHA, 2013).
Estudos sinalizam que, no Sistema de Saúde Brasileiro, os planos privados de
assistência à saúde são um vetor de geração de desigualdades sociais no acesso e na utilização
de serviços de saúde, pois garantem acesso e utilização de ações assistenciais apenas para uma
parcela específica da população brasileira. Ou seja, para pessoas de maior renda familiar, de
cor branca, com maior nível de escolaridade, inseridas em determinados ramos da atividade do
mercado de trabalho, moradores de capitais/regiões metropolitanas nas regiões Sul ou Sudeste
do Brasil (PINTO; SORANZ, 2004; BAHIA et al., 2006; AZEVEDO et al., 2015). Dessa forma,
esse acesso desigual a serviços e ações de saúde pode potencializar diferenças nos níveis de
saúde e nos perfis de morbidades entre esses servidores, demais trabalhadores e em relação à
população geral do país.
Considerando as relações entre saúde e sistema de saúde, mais especificamente
redes de saúde, acesso e utilização de ações assistenciais, e saúde e trabalho, este artigo tem
como objetivo comparar as mudanças nos padrões de cobertura dos planos de saúde entre
servidores públicos, militares e demais trabalhadores no Brasil, que vêm ocorrendo nos anos
de 1998, 2003 e 2008. E ainda verificar se a vinculação a planos de saúde por esses grupos
populacionais repercute nas respectivas prevalências autorreferidas de Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM) no Brasil.

Métodos

População de estudo

Foram utilizados neste trabalho os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de


Domicílios (PNAD). Trata-se de um estudo de base populacional, realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos anos de 1998, 2003 e 2008. Adicionalmente
às informações básicas anuais, a pesquisa disponibiliza ainda um Suplemento Saúde a cada
156

cinco anos, que fornece algumas informações acerca da saúde da população brasileira.Nesse
estudo, foram selecionados os trabalhadores do setor público (federal, estadual, municipal ou
militar) e também, para comparação, os outros trabalhadores, com 18 anos ou mais, na semana
de referência para coleta da amostra. Foram entrevistados 133.811, 158.290 e 175.944
indivíduos em 1998, 2003 e 2008, respectivamente.

Variáveis estudadas

A variável “Tem direito a algum plano de saúde, médico ou odontológico,


particular, de empresa ou órgão público” foi categorizada em apenas duas categorias: Sim ou
Não.
Foram analisadas as variáveis demográficas, como: idade, sexo, área censitária do
domicílio de residência (região metropolitana ou fora da região metropolitana), anos de estudo
e morbidades autorreferidas, como Diabetes Mellitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica
(HAS).
A variável rendimento mensal de todas as fontes foi considerada a partir de três
faixas de rendimento: sem rendimento, de 1- 5 e maior que 5. Adicionalmente, foi criada a
variável Proporção do rendimento principal no rendimento total por todas as fontes, que
equivale à razão entre o rendimento mensal do trabalho principal e o rendimento mensal por
todas as fontes, categorizada em três níveis: Renda mensal do trabalho principal igual à renda
por todas as fontes, Rendimento mensal do trabalho principal entre 0,99 a 0,50 do rendimento
mensal por todas as fontes e Rendimento mensal do trabalho principal equivalente a menos
que 0,50 do rendimento mensal por todas as fontes.
Foram considerados, como trabalhadores do serviço público, aqueles que possuíam
o trabalho principal ou secundário em uma das instâncias: Federal, Estadual, Municipal ou
Militar. Os funcionários públicos estaduais e municipais foram agrupados em uma única
categoria, por se assemelharem em características de assistência ao servidor. Na categoria
Outros trabalhadores foram incluídas as pessoas que trabalharam na semana de referência ou
estiveram afastadas temporariamente do trabalho remunerado que tinham na semana de
referência e que não exerciam atividade no serviço público.
157

Análise estatística

Considerando o esquema amostral complexo na PNAD, que combina métodos de


amostragem tradicionais, como a estratificação e a conglomeração, com probabilidades
desiguais de seleção em dois ou três estágios – dependendo se os municípios selecionados são
ou não autorrepresentativos. Os municípios autorrepresentativos são pertencentes às regiões
metropolitanas ou a municípios grandes em termos populacionais, os quais foram incluídos na
amostra, com certeza. Já entre os não autorrepresentativos foi selecionada uma amostra. Foram
apresentadas as proporções de características demográficas, como a área do emprego (Federal,
Estadual ou Municipal, Militar ou outros trabalhadores), para os três anos selecionados.
Na sequência, foram apresentadas as proporções de posse de plano de saúde, por
área do emprego, no período analisado. Foram mostradas graficamente as prevalências
autorreferidas de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Melittus para os quatro grupos de
trabalhadores, nos anos de 1998, 2003 e 2008. Embora a morbidade autorreferida não seja
considerada um diagnóstico efetivo e preciso, ela pode sinalizar a necessidade de assistência a
um grupo de indivíduos com essas doenças crônicas, que demandam cuidados contínuos.
Posteriormente, foram apresentadas essas mesmas prevalências, estratificadas por posse de
plano de saúde.

Resultados

A Tabela 1 mostra a distribuição das características socioeconômicas e


demográficas dos servidores públicos (federais, estaduais, municipais, militares) e outros
trabalhadores no Brasil, nos anos de 1998, 2003 e 2008. Observaram-se diferenças importantes
na composição desses grupos de trabalhadores, segundo essas características. Em geral, em
todos os anos de análise, homens representam a maioria da mão de obra que compõe essas
categorias de trabalhadores, sobretudo entre militares. Mas, entre os servidores públicos
estaduais ou municipais, nos três períodos, nota-se um percentual superior de sexo feminino
(cerca de 60%). A composição etária é predominantemente jovem em todos os grupos de estudo
e em todos os anos de análise. Embora venham crescendo os percentuais nas quatro categorias
de trabalhadores na faixa de idade de 40 a 59 anos, a maioria da população em todos os anos de
estudo foi de 18 a 39 anos, principalmente entre os militares (mais de 80%). Porém, entre os
servidores federais, a faixa etária de 40 a 59 anos foi predominante em 2003 (51,9%) e em 2008
(53,7%). A localização do trabalho dos indivíduos que compõem essas quatro categorias de
158

análise foi predominantemente fora da região metropolitana, em todos os anos avaliados.


Entretanto, os militares atuavam principalmente em regiões metropolitanas, nesse mesmo
período.
Ao longo dos três anos, verificou-se que a proporção de rendimento > 5 Salários
Mínimos (SM), obtido com o trabalho, vem caindo nos quatro grupos de trabalhadores e
aumentando na faixa de 1 a 5 SM. Contudo, a maioria dos servidores públicos federais tem
rendimento superior a 5 SM (em torno de 50%), e estaduais, municipais e militares têm maior
proporção entre 1 a 5 SM. Por outro lado, a proporção de baixos rendimentos até 1 SM tem
permanecido ainda elevada (acima de 32,6%) entre os outros tipos de trabalhadores. Em todos
os anos analisados e em todas as quatro categorias profissionais, o rendimento obtido com essa
função representou quase a totalidade da proporção do rendimento obtido por esses
trabalhadores, ou seja, representou quase a única fonte de renda desses trabalhadores. Esses
percentuais foram altos e permaneceram elevados ao longo dos anos, sobretudo entre militares
(sempre > 91,0%), porém, os servidores municipais ou estaduais foram os que menos possuíam
apenas o emprego público como fonte de renda (em torno de 76%), nos três anos. Baixos níveis
de escolaridade até 8 anos de estudo predominaram em outros tipos de trabalhadores, com
exceção do ano de 2008. Entre todos os servidores públicos civis e militares foi observado que
a maioria possui acima de 8 anos de estudo e a proporção de indivíduos nessa classe foi
aumentando ao longo dos anos, chegando a 95,7%, entre os servidores federais, 85,3%, entre
os servidores públicos estaduais ou municipais, e 94%, entre os militares, em 2008 (Tabela 1).
A Tabela 2 apresentou a prevalência autorreferida de posse de plano de saúde dos
servidores públicos civis, militares e de outros trabalhadores nos anos de 1998, 2003 e 2008.
Verificou-se que a maioria dos servidores públicos referiu a posse de plano de saúde, com
proporções acima de 70% nos três anos, enquanto que para os outros trabalhadores essa
proporção cresceu, mas nunca foi maior que 26,6%. Observou-se o crescimento linear da posse
de plano de saúde entre os servidores federais. Já entre os servidores estaduais ou municipais e
militares, a tendência foi de estabilização entre os anos estudados, entretanto, com diferenças
nas prevalências de posse de plano de saúde entre esses trabalhadores, pois a posse de plano de
saúde foi em torno de 50% para os servidores estaduais ou municipais e de 70% entre os
militares.
As Figuras 1 e 2 apresentaram, respectivamente, a prevalência autorreferida de
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e de Diabetes Mellitus (DM) dos servidores públicos e
dos outros trabalhadores para os anos de 1998, 2003 e 2008. Observou-se uma tendência
crescente da prevalência da HAS ao longo dos anos estudados, entre todas as categorias de
159

trabalhadores, com exceção para os militares, ficando estável e bem inferior aos demais.
Verificou-se também que os servidores civis referiram-se mais à HAS do que os demais
trabalhadores, em todos os anos. Essas prevalências foram sempre maiores entre servidores
estaduais ou municipais do que entre os de vínculo federal. Já para DM, também se verificou o
crescimento ao longo dos anos estudados da prevalência autorreferida dessa morbidade, que
praticamente duplicou entre 1998 e 2008. A prevalência entre os servidores civis e outros
trabalhadores foi praticamente a mesma em todos os anos, chegando a aproximadamente 3,5%,
em 2008. No entanto, embora tenha crescido entre os militares, a referência de DM é
aproximadamente a metade dos demais servidores e trabalhadores estudados.
Por fim, a Tabela 3 refere-se à prevalência autorreferida de HAS e DM, segundo a
posse de plano de saúde, dos trabalhadores em estudo nos anos 1998, 2003 e 2008. Verificou-
se que a HAS e o DM foram mais referidos em todas as categoriais de trabalhadores com posse
de planos de saúde do que sem plano, nos três anos de análise. Entre os outros trabalhadores,
as prevalências foram praticamente as mesmas entre os que estão vinculados ou não ao plano
de saúde. A prevalência da HAS, em todos os anos, foi maior entre os servidores estaduais ou
municipais que possuem plano de saúde, variando de 13,0%, em 1998, a 17,6%, em 2008. No
último ano, maiores prevalências foram encontradas entre os servidores estaduais ou municipais
(4%) e federais (3,8%), com plano de saúde.

Discussão

Os resultados deste estudo revelam que entre a população trabalhadora do Brasil há


importantes diferenças socioeconômicas e demográficas, estando os servidores públicos civis e
militares em melhor situação social e econômica do que os demais trabalhadores do país.
Ao longo dos anos de estudo, os servidores públicos civis e militares do Brasil
apresentaram elevada e crescente proporção de adesão aos planos de saúde, sendo que em
relação aos demais trabalhadores essa frequência foi cerca de três vezes maior, impulsionada
pela promulgação de um conjunto de normas administrativas (decretos presidenciais, portarias
ministeriais e resoluções legislativas). Esse perfil de vinculação a planos de saúde sugere os
impactos dos estímulos diretos ou de coparticipação realizados pela administração pública
brasileira para que seus servidores se vinculem e mantenham a filiação aos planos de saúde.
Assim, os servidores civis e militares constituem um grupo diferenciado dentro da
população de trabalhadores no país. Apesar da Constituição Federal ter estabelecido o Sistema
Único de Saúde como a primeira opção de assistência à saúde para os servidores públicos, foram
160

acionadas estratégias corporativas e políticas para conceder benefício financeiro para o custeio
parcial de planos e seguros de saúde com empresas de autogestão, por meio de convênios, ou
com a iniciativa privada, por meio de contratos.
Nesse sentido, os servidores públicos federais têm a opção de aderir a uma
autogestão, caso o órgão ao qual ele esteja vinculado for patrocinador, ou contratar diretamente
um plano e seguro de saúde privado, por meio de convênio com suas associações
representativas, no qual é ressarcido pelo Estado de parte do valor pago (variando de acordo
com a idade e a faixa de remuneração) (SARMENTO; PRAZERES, 2010; BAHIA;
SCHEFFER, 2010). Já os servidores públicos estaduais e municipais possuem instituições de
previdência e assistência administradas por instituições públicas da esfera estadual ou
municipal, tendo como base de financiamento a contribuição obrigatória dos empregados, com
ou sem coparticipação. Podem contratar planos e seguros privados de saúde coletivos,
financiados pelos mesmos, por meio de convênio com suas associações representativas ou por
intermédio de Administradoras de Benefícios de Saúde e planos e seguros de saúde, ou serem
atendidos por profissionais liberais contratados pelo Estado.
No caso dos militares, além de possuírem um sistema exclusivo de saúde, podem
contratar planos e seguros privados de saúde coletivos, financiados pelos mesmos, por meio de
convênio com suas associações representativas ou diretamente com órgão ao qual estão
vinculados. Esse acesso diferenciado à saúde, com o estímulo do poder público, traz a esses
servidores vantagens suplementares no acesso a serviços, ações e equipamentos de saúde, além
do oferecido pelo SUS, o que permite a eles maior atenção aos seus problemas e necessidades
de saúde, podendo alterar o padrão de distribuição de doenças crônicas (BAHIA, L. et al, 2002).
Assim, a lógica da privatização dos serviços de saúde foi instalada no próprio centro
da administração pública, através da contratação de serviços de saúde prestados pela iniciativa
privada e concedendo benefícios (reembolsos e contrapartidas), constituindo-se num paradoxo,
pois o Estado é responsável pela execução de serviços públicos de saúde a toda a população
(BRANDÃO, 2007).
Foi observado um importante e crescente gradiente da prevalência de HAS e DM
no Brasil, sendo visível o aumento independentemente da vinculação a plano de saúde. A
hipertensão teve, em todos os anos e grupos de estudo, maiores prevalências que a DM. Em
geral, a diferença entre essas prevalências foi cinco vezes maior. Diversos trabalhos
demonstram que esse padrão de crescente prevalência de condições crônicas no Brasil é
esperado, dadas as transformações epidemiológica, demográfica e nutricional que o país vem
experimentando ao longo das últimas décadas (BARRETO; CARMO, 2007; SCHIMIDT et al.,
161

2011). Essas morbidades situam-se entre os principais problemas de saúde global e representam
uma ameaça à saúde e ao desenvolvimento humano e, por isso, tornaram-se a principal
prioridade na área da saúde no Brasil (MALTA et al., 2014; SCHIMIDT et al., 2011). Contudo,
observa-se que as prevalências dessas duas condições de saúde sempre foram maiores entre os
servidores que têm planos de saúde, sugerindo a associação entre planos de saúde e a maior
prevalência de HAS e DM entre os trabalhadores civis.
Em virtude de o presente estudo tratar de prevalência autorreferida, o fato de relatar
mais doença poderia ocorrer devido ao maior acesso aos serviços de saúde e, portanto, maior
conhecimento sobre sua condição de morbidade. Verificou-se que, em geral, pessoas vinculadas
a planos de saúde referiram-se mais a doenças do que o restante da população. O fato de estar
vinculado a plano parece influenciar esse padrão observado, uma vez que favorece o uso de
serviços de saúde (diagnóstico, consultas e tratamento) e pode permitir maior detecção precoce
dessas morbidades, em relação aos demais servidores sem plano de saúde (NOVAIS;
MARTINS, 2016; KILL, 2012). Além disso, indivíduos que têm conhecimento de seus riscos
e condições de saúde a priori podem procurar, por este motivo, obter planos privados de saúde,
fenômeno conhecido como seleção adversa (BAHIA, L. et al, 2002; KILL, 2012; BAHIA;
SOUZA, 2014). Esse acesso suplementar impacta na identificação de doenças e faz com que os
beneficiários de planos de saúde façam mais consultas e procurem mais serviços de saúde
(KILL, 2012; BAHIA; SOUZA, 2014).
Por outro lado, militares representaram o grupo de trabalhadores mais saudáveis e
de menor prevalência das duas morbidades investigadas. Em virtude das características
inerentes de seleção dos sujeitos que compõem as forças armadas, esses resultados indicam que
essa população, por ser mais jovem e presumidamente realizar maior atividade física, inerente
às características da prática militar, tende a ter menor prevalência de HAS e DM.
Já os outros trabalhadores, mesmo com posse de plano de saúde, apresentaram
prevalência dessas doenças menor do que os demais grupos de trabalhadores na mesma
condição. Esse cenário observado pode estar associado ao padrão dos planos consumidos por
essa população.
Cabe ressaltar que os resultados deste estudo estão sujeitos ao viés do trabalhador
saudável, que apresenta prevalências de doenças menores do que o restante da população, pois
indivíduos mais saudáveis contratados para trabalhar nas empresas tendem, portanto, a
apresentar condições de saúde melhores do que os não trabalhadores (WERNECK,2004). Em
estudo realizado nas capitais brasileiras, utilizando HAS autorreferida, encontrou-se uma
prevalência de 23,9% em toda a população acima de 18 anos, em 2008 (Andrade et al., 2014).
162

Na PNAD 2008, a prevalência de HAS autorreferida foi de 19,9% e de Diabetes foi de 5,1%,
em toda a população, maiores do que o encontrado entre os trabalhadores selecionados para
este estudo. Entretanto, por se tratar de prevalência autorreferida, a proporção de pessoas que
tiveram diagnóstico prévio e se declaram doentes pode estar refletindo indiretamente no acesso
aos serviços de saúde. Ainda assim, esses resultados são relevantes, principalmente por se tratar
da avaliação das morbidades e plano de saúde ao longo do tempo.
Essa pesquisa demonstra que a frequência de vinculação com plano de saúde foi
elevada e ainda continua a crescer no Brasil entre os trabalhadores civis e militares. E, ainda,
que essa proporção é muito maior que nos demais trabalhadores, sugerindo que as ações
governamentais têm obtido êxito em estimular a aquisição de planos de saúde como forma de
garantir cobertura de saúde a esses grupos. Essa maior posse de plano de saúde tem estimulado
essa população a usar serviços de saúde e a identificar a presença de morbidades, favorecendo
o conhecimento do seu estado de saúde.
Essa política de dar um status diferenciado aos servidores públicos e militares, no
que se refere ao acesso aos serviços de saúde, reflete-se nas prevalências autorreferidas das
morbidades estudadas. Em contrapartida, favorece as iniquidades em saúde, diante de um
sistema público promulgado constitucionalmente. Logo, essa pesquisa aponta a necessidade de
rediscutir o modelo de assistência ao servidor público e militar, especialmente em relação ao
financiamento e provisão de serviços. O estudo contribui para a discussão das controversas
relações entre o mix público e o privado no sistema de saúde brasileiro e para uma agenda
ampliada de pesquisas sobre reformas políticas com impactos na saúde.

Colaboradores

CLF Cunha e BLCA Oliveira trabalharam na escrita, na revisão e na redação final do artigo.
JPL Moreira trabalhou na escrita, na construção das figuras e tabelas, na revisão e na redação
final do artigo. L Bahia e RR Luiz trabalharam na concepção, na escrita e na revisão final do
artigo.
163

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2004. p. 33-55.
166

Tabela 1: Características socioeconômicas e demográficas dos servidores públicos (federais, estaduais, municipais, militares) e outros trabalhadores no Brasil nos
anos de 1998, 2003 e 2008.
Área do trabalho
1998 2003 2008
Características demográficas
Estaduais ou O utros Estaduais ou O utros Estaduais ou O utros
Federais Militares Federais Militares Federais Militares
municipais trabalhadores municipais trabalhadores municipais trabalhadores

Sexo
Masculino 65,9% 41,8% 97,4% 47,9% 58,3% 40,6% 98,5% 61,1% 56,6% 39,8% 96,9% 59,9%
Feminino 34,1% 58,2% 2,6% 52,1% 41,7% 59,4% 1,5% 38,9% 43,4% 60,2% 3,1% 40,1%
Faixa etária
18 a 39 anos 53,0% 57,2% 86,0% 62,2% 45,1% 51,9% 85,0% 61,1% 41,6% 48,0% 82,0% 58,2%
40 a 59 anos 45,0% 39,7% 13,5% 31,3% 51,9% 44,2% 14,3% 32,5% 53,7% 47,7% 17,3% 34,9%
≥ 60 anos 2,0% 3,1% 0,5% 6,5% 3,0% 3,9% 0,7% 6,4% 4,7% 4,3% 0,7% 6,9%
Região metropolitana
Região metropolitana 34,3% 26,8% 52,0% 31,9% 48,5% 27,6% 52,6% 31,5% 51,7% 25,3% 49,6% 32,3%
Fora de região metropolitana 65,7% 73,2% 48,0% 68,1% 51,5% 72,4% 47,4% 68,5% 48,3% 74,7% 50,4% 67,7%
Faixa de rendimento mensal de todas as fontes
Sem rendimento até 1 salário mínimo 24,5% 14,5% 8,5% 47,6% 4,2% 14,6% 16,6% 32,6% 5,2% 16,1% 11,9% 33,4%
De 1 a 5 salários mínimos 24,1% 53,1% 36,9% 37,5% 40,2% 62,0% 44,9% 55,3% 45,4% 64,5% 56,4% 56,7%
> 5 salários mínimos 51,4% 32,4% 54,6% 14,9% 55,6% 23,4% 38,5% 12,1% 49,4% 19,4% 31,7% 9,9%
Proporção de rendimento mensal do trabalho
principal em relação ao rendimento por todas as
fontes
Renda de todas as fontes = renda principal 68,3% 77,9% 91,7% 78,5% 80,8% 76,5% 93,5% 77,3% 82,6% 75,9% 94,3% 77,8%
Entre 99,9% e 50% 15,2% 15,5% 7,1% 8,7% 14,9% 17,3% 5,9% 9,7% 13,3% 18,2% 4,8% 10,3%
< 50% 16,5% 6,6% 1,2% 12,8% 4,3% 6,2% 0,6% 13,0% 4,1% 5,9% 0,9% 11,9%
Anos de estudo
Sem instrução ou menos de 1 ano de estudo 19,4% 5,5% 0,0% 16,1% 0,4% 3,5% 0,0% 11,2% 0,6% 2,4% 0,2% 8,9%
1 a 7 anos de estudo 17,9% 23,5% 9,0% 45,9% 5,2% 16,8% 6,6% 41,4% 3,6% 12,1% 5,8% 33,9%
≥ 8 anos de estudo 62,7% 70,7% 90,5% 37,7% 94,3% 79,5% 93,4% 47,2% 95,7% 85,3% 94,0% 57,0%
Não determinado 0,1% 0,4% 0,5% 0,3% 0,1% 0,3% - 0,2% 0,1% 0,1% - 0,2%

*A faixa de rendimento por salários mínimos foi calculada utilizando o valor do salário nos respectivos anos. 1998=R$130,00, 2003=R$240,00, 2008=R$415,00
167

Tabela 2: Prevalência autorreferida de posse de plano de saúde dos servidores públicos e de outros
trabalhadores, nos anos de 1998, 2003 e 2008.

Posse de plano de saúde


Área do trabalho
1998 2003 2008
Federais 56,5% 80,3% 80,7%
Estaduais ou municipais 52,9% 52,2% 50,9%
Militares 74,2% 70,0% 73,7%
Outros trabalhadores 23,8% 24,6% 26,6%
168

Tabela 3: Prevalência autorreferida de Hipertensão Arterial Sistêmica e de Diabetes Mellitus dos servidores
públicos e de outros trabalhadores, segundo posse de plano de saúde,nos anos de 1998, 2003 e 2008.

Hipertensão Arterial Diabetes Mellitus


Posse de plano de saúde, Sistêmica autorreferida autorreferida
segundo área do trabalho
1998 2003 2008 1998 2003 2008
Federais
Sim 11,0% 14,6% 16,7% 2,5% 2,7% 3,8%
Não 8,6% 9,3% 10,6% 0,8% 2,0% 2,3%
Estaduais ou municipais
Sim 13,0% 14,9% 17,6% 2,2% 2,7% 4,0%
Não 12,2% 13,6% 14,9% 1,9% 2,1% 3,3%
Militares
Sim 4,1% 3,0% 4,7% 0,2% 0,6% 1,9%
Não 1,5% 4,6% 0,3% - 0,9% -
O utros trabalhadores
Sim 12,0% 12,9% 13,6% 2,1% 2,6% 3,3%
Não 11,8% 12,6% 14,0% 1,6% 2,1% 2,9%
169

20%

18%
15,6% 16,3%
16%
13,6% 14,3% 13,9%
14%
12,6% 12,7%
11,9%
12%
9,9% 1998
10%
2003
8%
2008
6%
3,4% 3,5% 3,5%
4%

2%

0%
Federal Estadual/Municipal Militar Outros
trabalhadores

Figura 1: Prevalência autorreferida de Hipertensão Arterial Sistêmica dos servidores públicos e de outros
trabalhadores, nos anos de 1998, 2003 e 2008.
170

5%

4%
3,6%
3,5%

3%
3%
2,5%
2,4% 1998
2,2%
2,1%
1,8% 1,7% 2003
2%
1,4%
2008

1%
,7%

,1%
0%
Federal Estadual/Municipal Militar Outros
trabalhadores

Figura 2: Prevalência autorreferida de Diabetes Mellitus dos servidores públicos e de outros trabalhadores,
nos anos de 1998, 2003 e 2008.
171

ANEXOS
172

ANEXO A - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA


173
174
175

ANEXO B - DESCRIÇÃO NOMINAL DOS 42 ÓRGÃOS QUE ADERIRAM A GEAP APÓS


CONVENIO ÚNICO

1. Agência Brasileira de Inteligência (Abin)


2. Agência Espacial Brasileira (AEB)
3. Advocacia-Geral da União (AGU)
4. Agência Nacional de Águas (ANA)
5. Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
6. Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
7. Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
8. Controladoria Geral da União (CGU)
9. Comando da Marinha (Commar)
10. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)
11. Comando da Aeronáutica (Comaer)
12. Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs)
13. Fundação Escola Nacional de Administração Pública (Enap)
14. Fundação Biblioteca Nacional (FBN)
15. Fundação Alexandre Gusmão (Funag)
16. Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
17. Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj)
18. Fundação GEAPPREVIDÊNCIA (Geapprev)
19. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam)
20. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – Campus São
Gabriel da Cachoeira (Ifam/CSGC)
21. Instituto Federal Catarinense (Ifcatarina)
22. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (Ifma)
23. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC)
24. Instituto Federal do Sertão Pernambucano (Ifsertaope)
25. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
26. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
27. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
28. Ministério da Defesa (MD)
29. Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (MD/Censipa)
176

30. Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)


31. Ministério da Educação (MEC)
32. Ministério da Cultura (Minc)
33. Ministério do Meio Ambiente (MMA)
34. Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA)
35. Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (SAC/PR)
36. Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP)
37. Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República (SMPE/PR)
38. Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco)
39. Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
40. Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa)
41. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
42. Fundação Universidade Federal de Rondônia (Unir)

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