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RIO DE JANEIRO
2016
Carlos Leonardo Figueiredo Cunha
Rio de Janeiro
2016
C972 Cunha, Carlos Leonardo Figueiredo.
Assistência suplementar aos servidores públicos e militares no
Brasil: dos esquemas corporativos tradicionais ao mercado subsidiado /
Carlos Leonardo Figueiredo Cunha. – Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva, 2016.
176 f.; 30 cm.
Referências: f. 118-129.
CDD 362
Carlos Leonardo Figueiredo Cunha
Aprovada em
__________________________________________________
Ligia Bahia, Doutora em Saúde Pública, Universidade Federal do Rio de Janeiro
__________________________________________________
Mário César Scheffer, Doutor em Medicina, Universidade de São Paulo
__________________________________________________
Áquilas Nogueira Mendes, Doutor em Ciências Econômicas, Universidade de São Paulo
__________________________________________________
José Gomes Temporão, Doutor em Saúde Coletiva, Fundação Oswaldo Cruz
__________________________________________________
Luís Eugênio Portela Fernandes de Souza, Doutor em Saúde Pública, Universidade Federal da
Bahia
__________________________________________________
Leandro Reis Tavares, Doutor em Cardiologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro
AGRADECIMENTOS
Civil service and its employees make up one of Brazil’s important segments of demand and
supply for health care programs. Even after the Constitution of 1988, which set up the public
health system, there has been an increased establishment of political norms, as well as
regulatory and institutional frameworks, all of which have created cumulative health care
models and supplementary health care schemes aimed at that particular group. This paper
discusses the supplementary assistance for public service employees, both civilian and military,
in Brazil’s health system and in the private health insurance plans segment. The hypothesis that
guided the thesis is that the supplementary health care for civilian and military public servants
in the country constitutes a major vector for privatization and organization of demands and for
private health plans offerings according to a gradient of greater or lesser proximity to traditional
forms of commercial insurance. The conclusion is that the diversity of health assistance
schemes, institutional arrangements, types of offerings and provision of supplementary
assistance to public service employees represent, on the one hand, the fragility and incoherence
of the public bureaucracy, which consents to the privatization of healthcare, and, on the other
hand, the resistance to the adhesion to less mutualist formats, based on individual risk
calculations.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
2 ANOTAÇÕES METODOLÓGICAS ................................................................................ 22
3 O SERVIDOR PÚBLICO ................................................................................................... 25
3.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO .................................................................................... 25
3.2 PERFIL DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DA ESFERA FEDERAL NO BRASIL ... 26
4 PREVIDÊNCIA, SAÚDE E BENEFICIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS
FEDERAIS .............................................................................................................................. 30
4.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL E POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL .............................. 30
4.2 BENEFÍCIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS .............................................................. 48
5 ESQUEMAS ASSISTENCIAIS DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS E
MILITARES NO BRASIL .................................................................................................... 58
5.1 SERVIDORES CIVIS E MILITARES NOS ESTADOS BRASILEIROS, SUAS
RESPECTIVAS CAPITAIS E NO DISTRITO FEDERAL .................................................... 59
5.2 SERVIDORES DO PODER LEGISLATIVO FEDERAL ................................................ 71
5.2.1 Câmara dos Deputados: Programa de Assistência à Saúde (Pró-Saúde)...................... 71
5.2.2 Senado Federal: Sistema Integrado de Saúde (SIS) ...................................................... 72
5.3 SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO: política de atenção integral à saúde de
magistrados e servidores ........................................................................................................... 74
5.4 MILITARES ....................................................................................................................... 76
5.4.1 Surgimento dos hospitais militares no Brasil .............................................................. 76
5.4.2 Assistência à saúde militar no Brasil ........................................................................... 79
5.4.2.1 O serviço de saúde do Exército .................................................................................... 79
5.4.2.1.1 O sistema SAMMED/FUSEX .................................................................................... 84
5.4.2.1.2 Assistência à Saúde Suplementar do Servidor Civil do Exército Brasileiro
(PASS) ...................................................................................................................................... 85
5.4.2.2 O serviço de saúde da Marinha ................................................................................... 86
5.4.2.3 O serviço de saúde da Aeronáutica ............................................................................. 89
5.4.2.3.1 Plano de Saúde da Aeronáutica (PLASA) .............................................................. 92
5.5 SÍNTESE DOS ESQUEMAS ASSISTENCIAIS PARA AGENTES PÚBLICOS
FEDERAIS CIVIS E MILITARES NO BRASIL .................................................................... 94
6 O CASO DA GEAP ............................................................................................................ 98
6.1 TIPOS DE PLANOS .......................................................................................................... 99
6.2 FATOS PRECURSORES ................................................................................................ 101
6.3 A ORIGEM DA GEAP .................................................................................................... 102
6.4 QUESTIONAMENTOS SOBRE A NATUREZA JURÍDICA INSTITUCIONAL DA
GEAP ...................................................................................................................................... 103
6.5 PROPOSIÇÕES DO LEGISLATIVO.............................................................................. 104
6.6 QUESTIONAMENTOS SOBRE A SOLVÊNCIA DA GEAP ....................................... 106
6.7 SITUAÇÃO ATUAL ....................................................................................................... 106
6.8 VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ...................................................................................... 110
6.9 ESTRUTURA E GESTÃO .............................................................................................. 111
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 114
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 118
APÊNDICES .......................................................................................................................... 130
ANEXOS ................................................................................................................................ 171
17
1 INTRODUÇÃO
1942, uma instituição privada construída com o apoio de comerciantes portugueses, liderada
pelo médico Pedro Ernesto (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2016).
A assistência médica-hospitalar, como integrante do regime de trabalho dos
servidores, consolidou-se nos anos 1950 com a promulgação do Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis da União (Lei n° 1.711, de 1952). O segundo mandato de Getúlio Vargas,
fortemente caracterizado pelo desenvolvimentismo nacionalista, expresso entre outras
iniciativas, pela lei do salário mínimo e criação do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE) e Petrobras, afirmou a necessidade de uma burocracia pública
profissionalizada. As regras detalharam o concurso público e a estabilidade e revogaram as
sanções relacionadas com a participação sindical e política. No que diz respeito ao plano de
assistência, houve uma separação entre a assistência médica, dentária e hospitalar, sanatório e
creches e aquelas atinentes à previdência, seguro e assistência judiciária (Art. 161). A efetivação
do plano de assistência foi desdobrada segundo os quais “serão reservados, com rigorosa
preferência, aos servidores públicos e suas famílias os serviços das organizações assistências
que lhes forem destinados” e “leis especiais estabelecerão os planos, bem como as condições
de organização e funcionamento dos serviços assistenciais” (Art. 162 e 163) (BRASIL, 1952).
As intenções e experiências de organização da assistência médica para os
servidores, especialmente para os federais, foram designadas por distintos vocábulos adequados
às práticas vigentes. Expressões como socorros, urgências, sanatórios e ambulatórios serviram
para designá-las. A sintaxe duradoura para aludir às formas concretas da oferta da atenção à
saúde dos servidores foi concebida pelo Decreto-Lei 8.450, de 1945, ao promulgar que “a
assistência médica e hospitalar poderá ser prestada diretamente ou mediante contratos
com outras entidades oficiais ou com particulares” (BRASIL, 1945). A existência de benefícios
diferenciados para servidores civis e militares da União foi preservada no processo de debates
e aprovação da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS). O Art. 3º excluiu os “servidores
civis e militares da União, dos Estados, Municípios e dos Territórios bem como das respectivas
autarquias, que estiverem sujeitos a regimes próprios de previdência” (BRASIL, 1960).
A ditadura civil-militar realizou uma radical reforma da administração pública no
final dos anos 60, o Decreto-Lei 200, de 1967, estimulou a descentralização das atribuições do
governo, inclusive para empresas privadas, e a adoção do regime privado de contratação,
inclusive sem concurso público e retrocesso no desenvolvimento das carreiras de administração
pública. No que se refere à saúde, o crescimento econômico, a concentração da renda e a
modernização autoritária incentivaram a privatização e expandiram as alternativas assistenciais
exclusivas para servidores públicos. O reembolso de despesas assistenciais e os contratos com
20
2 ANOTAÇÕES METODOLÓGICAS
federativas brasileiras e em suas capitais, para os quais a busca das fontes oficiais não foi
possível.
Trata-se de um estudo exploratório, baseado fundamentalmente na análise
documental e complementado por outras abordagens quantitativas e qualitativas, realizado no
período de agosto de 2012 a julho de 2016.
Foram utilizados os seguintes métodos de pesquisa exploratória: revisão
bibliográfica; pesquisa documental; levantamento, processamento e análise de dados
secundários (bibliográfico, documental, de estatísticas e de pesquisas prévias); entrevistas
semiestruturadas, individuais, utilizando a técnica do informante-chave (Key-informant
technique) (APÊNDICE A); e levantamento de opinião de especialista (Expert-opinion survey)
(quadro 1).
3 O SERVIDOR PÚBLICO
mulheres (46,1%), o que resulta no predomínio dos primeiros em todos os órgãos, exceto
no Ministério da Cultura, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério da
Previdência, Saúde e Turismo (BRASIL, 2015b).
A idade média dos Servidores Públicos Federais Ativos do Poder Executivo, de
45 anos, é relativamente elevada por referência àquela observada para a população em geral
e para trabalhadores do setor privado e de empresas estatais (BRASIL, 2015b).
Em relação à distribuição dos Servidores Públicos Federais Civis do Poder
Executivo nas Unidades da Federação, observa-se um maior quantitativo no estado do Rio
de Janeiro (258.905), seguido do Distrito Federal (178.835) e do estado de Minas Gerais
(104.672). Em contrapartida, o estado do Tocantins é o que possui o menor número de
servidores (5.722). Observando a distribuição em relação às regiões, a Sudeste (36,8%)
possui o maior percentual de servidores, seguida da região Nordeste (21,7%). A região
Norte (10,5%) é a que possui o menor percentual (BRASIL, 2015b).
Como em todos os países membros da OCDE, a gestão da mão de obra pública
no governo federal brasileiro é um reflexo das prioridades nacionais políticas e econômicas
e da cultura administrativa. Nota-se um crescimento de novos cargos no Brasil, nas áreas
de educação, saúde, segurança e infraestrutura (ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2010).
Dentre as tendências recentes de perfil do servidor público federal, destacam-se
a melhora significativa no nível educacional e a profissionalização, em especial, a partir da
obrigatoriedade de contratações mediante concurso público e rejuvenescimento da força de
trabalho, sobretudo em âmbito federal. Verifica-se também que as mulheres constituem
minoria na administração federal, apesar de sua crescente participação, mas são maioria nos
estados e nos municípios, em razão de atuarem, predominantemente, nas áreas de saúde,
assistência social e educação, assumidas em grande parte por estados e municípios
(CARVALHO; CARDOSO JUNIOR; FIGUEIREDO, 2011).
O estudo intitulado “A Avaliação da Gestão de Recursos Humanos no Brasil: Governo
Federal” realizou uma comparação sistemática da situação no Brasil com a experiência dos 31
países membros da OCDE, chegando à conclusão de que em nosso país a totalidade de servidores
públicos (federais, estaduais e municipais) representa um percentual relativamente reduzido de
empregos totais. Sendo que, em 2008, representava de 10 a 11% do emprego total, em comparação
com a média de cerca de 20% da OCDE. Considerando as empresas estatais, o percentual aumenta
28
ligeiramente para 11% a 12%, em comparação à média da OCDE de 22% (gráfico 1). Esse
percentual também é pequeno em comparação com outros países latino-americanos, como
Argentina e Chile (ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO, 2010).
Por meio das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), uma pequena parcela
de trabalhadores brasileiros passou a contar com uma aposentadoria, pensão e assistência à
saúde. No que concerne à saúde, cabia-lhes, além da prestação de benefícios
previdenciários, a assistência médica curativa e o fornecimento de medicamentos, sendo
essa assistência restrita à condição de segurado, com benefícios limitados a três categoriais
profissionais (ferroviários e, posteriormente, portuários e marítimos). A incipiente oferta de
assistência médica privada na época fez com que determinadas caixas criassem serviços de
atendimento médico sob administração própria (BAPTISTA, 2005; MARTINS, 2005;
NOLASCO, 2012).
As CAPs não conseguiam ter uma grande abrangência, pois não atendiam
funcionários de pequenas empresas, devido ao número reduzido destes, não angariando
recursos suficientes para montar e gerir uma caixa de aposentadoria. A assistência era
restrita aos trabalhadores vinculados às empresas com mais de 50 empregados, para as quais
havia a obrigatoriedade de criação das caixas (BAPTISTA, 2005; MARTINS, 2005;
MENICUCCI, 2007).
A provisão dos serviços médicos se dava pela compra de serviços privados,
justificada pela fragmentação do seguro social por empresa, uma vez que era impraticável
a manutenção de serviços próprios, sob ponto de vista de escala. No entanto, esse modelo
serviu de base para a constituição de um primeiro esboço do sistema de proteção social no
Brasil (BAPTISTA, 2005; MARTINS, 2005; MENICUCCI, 2007).
As Políticas de Saúde nesse período foram caracterizadas por dois aspectos
básicos: o primeiro refere-se à sua estreita relação com o modelo econômico vigente e a
clara dicotomia entre as ações de saúde pública e as ações de assistência privada. Nessa
conjuntura, configuram-se dois modelos de intervenção nas questões da saúde: o
sanitarismo campanhista e o curativo-privatista (BERTOLOZZI; GRECCO, 1996).
Em 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas e a implementação de sua estratégia
de buscar a ampliação de suas bases de apoio político junto às classes trabalhadoras e ao
empresariado, é criado um órgão que visava ao relacionamento entre Estado e trabalhadores
e empresários: o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Dentro dessa estratégia, a
expansão dos benefícios previdenciários a outras categoriais de trabalhadores mostrava -se
essencial. Nesse contexto, houve uma reestruturação do sistema de previdência e, assim,
são criados os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs), em 1933, em pleno processo de
industrialização e urbanização do país, abrangendo os trabalhadores operariados e urbanos
33
e não apenas aqueles que pertenciam a um grupo incluído em sua respectiva CAP. Como os
serviços próprios dos institutos não deram conta de oferecer toda a assistência médica,
aumentou a compra de serviços oriundos do setor privado. O Estado respondia em algumas
situações aos movimentos dos trabalhadores, sempre mantendo a lucratividade do setor
industrial e a sua capacidade de acumulação (UNIDAS AUTOGESTÃO EM SAÚDE, 2012;
COTTA et al., 2013; SOUZA, 2013).
Diferentemente das CAPs, esses Institutos de Aposentadoria e Pensão foram
destinados aos trabalhadores da mesma categoria profissional (marítimos, comerciários,
bancários). Embora as condições das prestações, a forma de custeio e a estrutura
administrativa fossem muito semelhantes, existiam entre eles pequenas distinções que
criavam dificuldades na passagem do trabalhador de uma atividade para outra, com
consequência alteração da sua filiação previdenciária (LEITE, 1978).
A gestão dos IAPs passou gradativamente para o controle do Estado, sendo que
o seu presidente era nomeado pelo Presidente da República e os representantes
trabalhadores e patrões indicados pelos sindicatos atrelados ao poder executivo, mudando a
prática de escolha por eleição direta. O financiamento se dava de forma tripartite, com
participação dos empregados, empregadores e Estado, cabendo a este último a centralização
dos recursos financeiros (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986).
É importante ressaltar que, para além da maior cobertura, a grande diferença
entre as CAPs e os IAPs era de que as CAPS foram sociedades civis e juridicamente
autônomas, enquanto os IAPs eram formados como autarquias que funcionavam sob
supervisão do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), o que acarretava uma
maior subordinação de seus recursos ao Estado. Com os IAPs, iniciou-se a construção de
um sistema público de previdência social, limitado em sua abrangência e pressupostos que
mantinham o formato do vínculo contributivo formal do trabalhador para garantia do
benefício (BAPTISTA, 2005).
Nesse contexto, observa-se que, para usufruir do direitos relacionados à
Previdência Social, era necessário ter vínculo formal de trabalho, nos moldes que Santos
(1979) denominou de cidadania regulada.
Em meio à acelerada expansão dos IAPs, ocorre a emergência de institutos de
servidores estaduais, municipais e associação de empregados, como a Caixa de Assistência
dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), criada em 1944, e esquemas assistenciais
34
a unificação dos IAPS e a criação do INPS, com o intuito de centralizar e eliminar a gestão
tripartite das instituições previdenciárias.
A unificação foi legalizada por meio do Decreto-Lei nº 72, de 21 de novembro
de 1966, no qual os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões Existentes dos Marítimos
(IAPM); dos Bancários (IAPB); dos Comerciários (IAPC); dos Empregados de Transportes
e Cargas (Iaptec); e dos Institutos de Aposentadorias e Pensões dos Industriais (Iapis) foram
reunidos no INPS, cujo objetivo era a constituição de um plano único de custeio e
benefícios. A unificação dos Institutos naquele momento culminou na centralização do
poder dos IAPs e no afastamento dos trabalhadores das decisões a serem tomadas, minando
as bases do sindicalismo (GOMES, 2002; MARTINS, 2005; MATTA, 2007; UNIDAS
AUTOGESTÃO EM SAÚDE, 2013).
A uniformização dos regimes abriu caminho para a unificação institucional,
mesmo com a oposição de categorias profissionais mais ricas que prestavam uma boa
assistência aos seus filiados. Esse descontentamento deveu-se, em grande parte, ao fato de
a unificação ter sido feita “por cima” da contribuição dos beneficiados, sendo que os
segurados que pagavam de 3 a 8% dos seus salários aos institutos, com a unificação,
passaram a contribuir com 8%, sem a melhora na assistência (MATTA, 2007).
Ao longo dos anos, outros benefícios e outros segmentos de trabalhadores foram
incorporados. Em 1967, o seguro de acidente de trabalho foi estatizado e passou a integrar
o elenco de benefícios previdenciários. Em 1971, o Programa de Assistência ao Trabalhador
Rural (Prorural) e o Fundo da Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) estabelecem as
bases para que os trabalhadores rurais passassem a receber benefícios previdenciários.
Posteriormente, a partir de 1972 e 1973, por meio de contribuições pagas diretamente ao
INPS, os empregados domésticos e trabalhadores autônomos puderam se vincular à
Previdência Social. O restante da população não inclusa no Regime Previdência Social
poderia obter atendimento à saúde em centros e postos de saúde, hospitais estaduais,
municipais e alguns poucos estabelecimentos federais universitários ou não e em
instituições filantrópicas (BAHIA, 2012).
Nesse contexto, as modificações no processo decisório, mediante pressões no
interior da previdência, implicaram na substituição do clientelismo populista anterior por
uma aparente gestão tecnocrática, supostamente imune a pressões, mas de fato aberta aos
interesses empresariais do setor de saúde (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986; MENICUCCI,
2007). A opção governamental se faz em um cenário com presença de atores e interesses
37
privada dos recursos públicos, favorecendo indiretamente o setor privado (CUNHA, 2007;
GERSCHMAN, 2008).
A expansão das coberturas por planos e seguros de saúde, durante o final da
década de 1980 e na primeira metade da década posterior, coincidiu com a transição
epidemiológica e demográfica e também com o subfinanciamento da saúde pública e a
intensificação de problemas assistenciais, aliados a investimentos de grupos econômicos
não oriundos da área de saúde (BAHIA; SCHEFFER, 2008; RODRIGUES; SANTOS,
2011).
Nessa nova conjuntura, observou-se um aumento de clientes de planos de saúde,
tanto individuais como familiares, e a entrada no mercado de uma parcela da população
vinda da classe média, antes adepta ao pagamento direto de consultas, exames e internações
particulares.
Ademais, vale destacar que o movimento sindical incorporou em suas
negociações coletivas a demanda por melhoria da assistência médico-hospitalar, por meio
de planos e seguros privados de saúde contratados pelas empresas, o que ocasionou a
expansão de planos de saúde coletivos, tanto para empregados do setor privado, quanto para
o funcionalismo público, principalmente na esfera federal (PINA; CASTRO; ANDREAZZI,
2006).
Nesse sentido, ressalta-se que a própria gênese da cultura associativa sindical
brasileira está relacionada à opção das organizações sindicais por planos privados de saúde,
influenciada por uma “cultura de diferenciação”, ocasionando uma resistência destes à
universalização (COSTA, 1995).
Apesar do crescimento da cobertura por planos e seguros de saúde nessa época,
ocorreram casos de negação de coberturas a grupos específicos, como: pacientes com vírus
da imunodeficiência humana (HIV) positivos e gestantes de risco e denúncias de entidades
médicas relacionadas à interferência das empresas de planos e seguros de saúde na
autonomia profissional, aliadas à reação de alguns governos estaduais, que formularam
normas para controle do fluxo de pacientes privados aos estabelecimentos públicos através
do ressarcimento ao SUS, o que delineou uma coalisão representada por diferentes atores e
interesses em prol da necessidade de regulamentação das empresas de planos e seguros de
saúde (ALBUQUERQUE et al., 2008; BAHIA; SCHEFFER, 2008).
Desde os meados da década de 1980, grande parte dos países da América Latina
vinha experimentando mudanças de cunho político, social e econômico, que favoreceram
42
AUTOGESTÃO: empresa que opera planos de assistência à saúde, sem fins lucrativos. Destina-se a
empregados ativos, aposentados, pensionistas, associados e seus dependentes, participantes de empresas,
associações, sindicatos, fundações, caixas de assistência ou entidades de classes profissionais. Podem ser
patrocinadas ou não pelo empregador. Variam conforme a natureza jurídico-institucional da instituição
responsável pela gestão do plano: podem ser entidades paralelas (caixas de assistência, entidades de
previdência fechada, sindicatos e associações) e podem ser gerenciadas pelos departamentos de benefícios ou
de recursos humanos das empresas patrocinadas.
COOPERATIVA MÉDICA: sociedade sem fim lucrativo, conforme o dispositivo da Lei nº 5.764, de 16 de
setembro de 1971. Nessa modalidade, os médicos devem exercer de forma simultânea o papel de sócios e de
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prestadores de serviços, recebendo pagamento tanto pela sua produção individual como mediante a divisão de lucro
obtido pela cooperativa.
COOPERATIVA ODONTOLÓGICA: sociedade sem fins lucrativos, conforme o dispositivo da Lei n º 5. 764,
de 16 de dezembro de 1971, que opera, exclusivamente, planos odontológicos.
FILANTROPIA: os planos de assistência à saúde são comercializados por entidades sem fins lucrativos, geralmente
Santas Casas, que oferecem planos privados de assistência à saúde. O status de filantropia refere-se à mantenedora
do plano. A sua certificação é concedida pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e declarações de
utilidade pública estadual e municipal, conferidas pelos órgãos dos governos municipais e estaduais.
25
10 Filantropia
6,9 7,4 7,2
5,7 6,3
5 Medicina de Grupo
5,4 5,4 5,4 5,5 5,5
1,4 1,4 1,4 1,1 1,1
0 Seguradora Especializada em
2011 2012 2013 2014 2015 Saúde
Ano
6 5,5 5,4 5,4 5,5 5,5 5,5 5,5 5,4 5,4 5,4 5,4 5,5 5,5 5,6 5,5 5,5 5,5 5,5 5,4
Milhões
0
dez/11
dez/12
dez/13
dez/14
dez/15
jun/11
mar/12
jun/12
mar/13
jun/13
mar/14
jun/14
mar/15
jun/15
set/13
set/11
set/12
set/14
set/15
Competência
brasileiro, uma vez que os processos de construção dos sistemas universais de saúde pautaram-
se pela não discriminação de coberturas para os servidores públicos. Além de fragmentar as
ações de assistência, separando-as de outras ações, o benefício de Saúde Suplementar prescreve
a cobertura mínima de procedimentos estabelecidos pela ANS.
Apesar de a Constituição Federal ter estabelecido o Sistema Único de Saúde como
a primeira opção de assistência à saúde para os servidores públicos federais, o Governo Federal
optou por conceder benefício financeiro para custeio parcial de planos e seguros de saúde com
empresas de autogestão, por meio de convênios, ou com a iniciativa privada, por meio de
contratos (SARMENTO; PRAZERES, 2010).
Dessa forma, o servidor que comprova ser portador de plano de saúde recebe
mensalmente um auxílio-saúde de caráter indenizatório, geralmente especificado no
contracheque como “Per Capita Saúde Suplementar”, sendo que os custos adicionais com os
planos de saúde são de responsabilidade exclusiva do servidor.
De acordo com o Ministério do Planejamento, por meio da Portaria Normativa
SRH/MP nº 5, de 11 de outubro de 2010, o auxílio-saúde, também conhecido como assistência
à saúde suplementar ou ressarcimento, será pago aos servidores que possuem planos privados
de saúde, ou seja, sem a comprovação documental de adesão e pagamento do plano de saúde o
servidor não fará jus ao auxílio mencionado. No entanto, existem três formas de comprovação
de pagamento do plano de saúde: débito automático em conta corrente, autogestão e
comprovação documental de pagamento (SILVA, 2016).
No caso de débito automático em conta corrente, a empresa de plano de saúde
conveniada envia, mensalmente, um relatório financeiro ao setor de recursos humanos das
instituições públicas, elencando os nomes de servidores que efetuam os pagamentos dos
respectivos planos.
Na autogestão, o Ministério do Planejamento autoriza a empresa conveniada a
gerenciar a cobrança de plano de saúde por meio de consignação, em folha de pagamento. Nesse
formato de cobrança, uma empresa particular passa a ter acesso ao contracheque do servidor
federal para realizar o desconto em folha, referente ao plano de saúde. Essa modalidade de
cobrança, praticada, por exemplo, pela Geap - Autogestão em Saúde, não exige comprovação
de pagamento no setor de recursos humanos.
No caso da comprovação documental de pagamento, legalmente só haverá
ressarcimento/ auxílio-saúde após a confirmação de pagamento, portanto, os servidores deverão
apresentar os boletos e os comprovantes de pagamento de qualquer empresa de planos de saúde
50
credenciada pela ANS, impreterivelmente, até o 5º dia útil de cada mês, no setor de recursos
humanos. Caso contrário, o auxílio-saúde não será lançado (BRASIL, 2010).
Nesse sentido, o servidor tem direito à assistência à saúde, por meio do acesso direto
ao SUS, através de serviços prestados diretamente pelo órgão ou entidade ao qual está vinculado
(com uma unidade de saúde própria, na maioria dos órgãos públicos), ou por meio de um
convênio (autogestão) ou contrato com planos ou seguros privados de assistência à saúde; ou
ainda pelo ressarcimento, com teto estipulado, ao servidor que opta por plano de saúde
particular, combinando direitos exclusivos com universais (BRANDÃO, 2007; BAHIA;
SCHEFFER, 2010). Assim, o cenário no qual se inscreve a atual política pública de saúde para
servidores federais civis é complexo e multifacetado.
A lógica da privatização dos serviços de saúde é instalada no próprio seio da
administração pública, através da contratação de serviços prestados pela iniciativa privada e
concedendo benefícios (reembolsos e contrapartidas), constituindo-se num paradoxo, pois o
Estado é responsável pela execução de serviços públicos de saúde a toda a população
(BRANDÃO, 2007).
Além do benefício de saúde suplementar concedido ao servidor ativo, aposentado,
seus dependentes e pensionistas e benefícios previdenciários, o servidor público federal possui
auxílios e licenças, dentre eles: auxílio-natalidade, que visa assistir o servidor ou o cônjuge nos
casos de nascimento de filho, pela concessão do valor do menor salário da administração
pública (art. 196 da Lei nº 8.112/1990). No caso de morte do servidor, os dependentes têm
direito à percepção do auxílio-funeral (art. 226 da Lei nº 8.112/1990). Também aos dependentes
legais cabe o direito à pensão vitalícia ou temporária (arts. 215-216 da Lei nº 8.112/1990)
(BRASIL, 1990).
Para a família do servidor ativo que for preso, é possível acessar o auxílio-reclusão
que equivale a dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de prisão, em flagrante
ou preventiva, ou à metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude de condenação,
por sentença definitiva, considerando a pena que não determine a perda de cargo (art. 229 da
Lei 8112/1990) (BRASIL, 1990).
No caso dos servidores acometidos de doença, possuem direito à licença para
tratamento de saúde. Para isso, precisam ser submetidos à perícia médica para avaliação da
condição laborativa, bem como para a homologação da licença (art.202 da Lei nº 8112/1990)
(BRASIL, 1990).
As servidoras têm acesso à licença-gestante de 120 dias, ou 30 dias no caso de
aborto, ou bebê natimorto, sendo que em ambos os casos as servidoras devem passar por perícia
51
médica (art. 207 da Lei nº 8.112/1990). A servidora que adotar uma criança tem direito a receber
a licença-adotante, que, nos casos de crianças até um ano de idade, são 90 dias de licença
remunerada, e quando a criança tem mais de um ano de idade, são 30 dias (art. 207 da Lei nº
8.112/1990). O servidor tem direito à licença-paternidade de 20 dias consecutivos (Decreto nº
8.737, de 3 de maio de 2016) e a servidora, para amamentar o filho de até seis meses de idade,
tem direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada
em dois períodos de meia hora (arts. 212-213 da Lei nº 8.112/1990) (BRASIL, 1990, 2016).
O servidor tem direito à licença por acidente em serviço com remuneração integral,
podendo, caso necessite de tratamento especializado inexistente na rede pública, ser tratado em
instituições privadas à conta de recursos públicos (arts. 211-213 da Lei nº 8.112/1990)
(BRASIL, 1990).
Além dos serviços garantidos na Lei nº 8.112/1990, os servidores públicos têm
acesso a mais benefícios previstos em outras normativas, denominados de assistenciais, como:
auxílios-alimentação, transporte e o auxílio pré-escolar (BRANDÃO, 2007).
Portaria Normativa SRH nº 3, de 30 de junho de 2009, que estabelece orientações aos órgãos e
entidades do SIPEC sobre a assistência à saúde suplementar do servidor ativo, inativo, seus
dependentes e pensionistas (BRASIL, 2009b).
Embora o auxílio seja considerado o modelo de assistência mais conveniente, pois
permite a livre concorrência entre os planos e seguros de saúde, e a tabela socializante de acordo
com a remuneração e a idade seja uma avanço, os valores precisam de correção, visto que estão
defasados em comparação com as tabelas do Legislativo e Judiciário e estão aquém do real
valor de um plano e seguro de saúde com uma cobertura adequada, principalmente para os
servidores com faixa etária mais avançada.
Os servidores públicos federais podem receber atendimento através do auxílio
direto ou por meio da Geap - Autogestão em Saúde, fundação com personalidade jurídica de
direito privado, sem fins lucrativos, qualificada juridicamente como operadora de plano de
saúde, constituindo-se atualmente como a segunda maior organização de autogestão do Brasil,
com 533.965 clientes (GEAP AUGESTÃO EM SAÚDE, 2014).
As empresas estatais possuem seus planos de saúde próprios, como a Cassi, a maior
empresa de autogestão em saúde do Brasil, com mais de 720 mil clientes, e a Assistência
Multidisciplinar de Saúde (AMS), para empregados ativos na Petrobras, aposentados,
pensionistas e seus dependentes.
Apesar de decorridos 18 anos de vigência da legislação sobre a regulação dos planos
e seguros de saúde, ainda observam-se grandes conflitos entre as intenções da ANS, as empresas
de planos e seguros de saúde, os prestadores de serviços e seus consumidores. No quadro 3 são
compiladas as bases legas para regulamentação da assistência à saúde ao servidor público civil
federal ativo, inativo, seus dependentes e pensionistas.
54
O serviço público civil e militar é responsável por uma parcela importante dos
postos de trabalho no Brasil. O servidor público civil é um agente público que atua em diferentes
instâncias ou órgãos das esferas administrativas municipal, estadual ou federal. Enquanto os
militares exercem suas atividades nos órgãos de defesa do país, como a marinha, exército ou
aeronáutica.
Como todo trabalhador, servidores civis e militares demandam cuidados de saúde
típicos do contexto socioeconômico, demográfico e epidemiológico da sociedade em que estão
inseridos. Contudo, a atenção a essas demandas não vem sendo organizada de modo semelhante
a que vem sendo ofertada a outros trabalhadores. Isso porque, historicamente no Brasil, o direito
à saúde esteve associado ao contrato formal de trabalho (carteira assinada), com serviços de
saúde restritos a determinadas categorias de servidores. Após a constituição de 1988, houve a
institucionalização de um sistema de atenção à saúde universal que não condicionava seu acesso
e uso mediante o tipo de vínculo de trabalho. Contudo, mesmo após esse novo período, de modo
crescente vêm sendo estabelecidos quadros institucionais e regulatórios que criaram modelos
duplicados de atenção à saúde e esquemas suplementares de serviços de saúde para esse
público.
Nesse cenário, os servidores possuem uma gama de direitos diferenciados do
restante dos trabalhadores. Os Servidores Públicos Civis e Militares no Brasil possuem, de
modo complementar, a dupla garantia ao acesso à assistência à saúde. Por um lado, têm o direito
à saúde constituída no acesso ao SUS, por outro, por meio dos serviços prestados diretamente
pelo órgão ou entidade ao qual estão vinculados, o que ocorre a partir da contratação de serviços
de saúde prestados pela iniciativa privada ou concessão de benefícios (reembolsos e
contrapartidas) instituídos por convênios, contratos ou adesão aos planos de saúde ofertados a
esses trabalhadores. Os incentivos para vinculação a planos privados de saúde refletem-se na
cobertura crescente para servidores públicos. Logo, esses grupos de trabalhadores têm, sobre
outros brasileiros, a vantagem de poder combinar direitos exclusivos com universais, o que os
tornam dos importantes segmentos de demandas e necessidades em saúde e de oferta de
esquemas assistenciais no país.
Entre as principais lacunas do conhecimento sobre o mercado de assistência
suplementar, destaca-se a segmentação de suas clientelas na proliferação de esquemas
59
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Programa de
Assistência à Saúde
dos servidores
públicos civil e Ressarcimento parcial
Governo do estado de www.rondonia.ro.gov
RONDÔNIA Reembolso militar, ativos e ___________ do plano de saúde 30.000 beneficiários
Rondônia .br
pensionistas do (50,00 reais)
estado de Rondônia -
Unimed Ji Paraná e
Dental Norte
Contrato Contratos com
Prefeitura Municipal de www.portovelho.ro.g
PORTO VELHO profissionais liberais ___________ ___________ 17.232 beneficiários
Porto Velho ov.br
da saúde
Governo do estado do _______ Sistema Único de 35.294 servidores
ACRE ___________ ___________ www.ac.gov.br
Acre Saúde (SUS) usuários
Prefeitura Municipal de ______ Sistema Único de 18.549 servidores www.riobranco.ac.go
RIO BRANCO ___________ ___________
Rio Branco Saúde (SUS) usuários v.br/prefeitura/
Governo do estado de _______ Sistema Único de 84.912 servidores www.amazonas.am.g
AMAZONAS ___________ ___________
Manaus Saúde (SUS) usuários ov.br
Manaus MED
(Serviço de
Assistência à Saúde 2% servidor
Prefeitura Municipal de www.manausmed.ma
MANAUS Autogestão dos Servidores 4% celetista 2% 42.583 beneficiários
Manaus naus.am.gov.br/
Públicos do Não tem coparticipação
Município de
Manaus)
Governo do estado de ______ Sistema Único de 16.979 servidores
RORAIMA ___________ ___________ www.portal.rr.gov.br
Roraima Saúde (SUS) usuários
Prefeitura Municipal de _____ Sistema Único de 11.278 servidores www.boavista.rr.gov.
BOA VISTA ___________ ___________
Boa Vista Saúde (SUS) usuários br
Contribuição de 6% para o
Instituto de
grupo familiar dos
Governo do estado do Assistência Social
PARÁ Autogestão servidores ativos e 6% 256.000 beneficiários www.iasep.pa.gov.br
Pará do Estado do Pará
inativos e dos pensionistas
(IASEP)
Não tem coparticipação
Plano de Assistência
Básica a Saúde e Desconto de 6% na folha
Social (PABSS)- de pagamento www.ipamb.com.br/p
BELÉM Prefeitura de Belém Autogestão 2% 46.0000 beneficiários
Belém, ligado ao Não tem cobertura para agina/assistencia
Instituto de órteses e próteses
Assistência e
61
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Previdência do
município de Belém
Governo do estado do _____ 28.457 servidores
AMAPÁ SUS ___________ ___________ www.amapa.gov.br
Amapá usuários
Prefeitura Municipal de _____ 13.947 servidores www.
MACAPÁ SUS ___________ ___________
Macapá usuários macapa.ap.gov.br/
6 % de desconto sobre o
Plansaúde – Plano de correspondente subsídio
Saúde dos ou remuneração, é
Governo do estado do Contrato Servidores do reduzida para 4% quando www.secad.to.gov.br
TOCANTINS 15% 89.000 beneficiários
Tocantins Governo do não inscrever dependente.
Tocantins (Unimed Tem Coparticipação de 15
Centro-Oeste) a 20% para exames e
cirurgias.
Programa Auxílio à
Saúde Suplementar Serão levados em conta a
do Servidor Público faixa etária, salarial,
Prefeitura Municipal de Municipal (PAS) escolha de atendimento do www.palmas.to.gov.b
PALMAS Contrato ___________ ___________
Palmas (Convênio da plano em âmbito regional r
Prefeitura Municipal e nacional e ainda a
e Aliança modalidade.
Seguradora)
Fundo de Benefícios
dos Servidores do
estado do Maranhão
Desconto de 3% contra-
Governo do estado (Funben) /
MARANHÃO Autogestão cheque e mais 1% para ___________ 80.000 beneficiários www.ma.gov.br
Maranhão Hospital São Luís
cada dependente.
(HSLZ), Centro
Ambulatorial
Holandeses (CAHD)
Prefeitura Municipal de ______ 29.113 servidores www.saoluis.ma.gov.
SÃO LUÍS SUS ___________ ___________
São Luís usuários br
Instituto de Desconto em
Assistência e contracheque de 2,8% da
Previdência do remuneração do servidor
Governo do estado do Estado do Piauí até o limite de 10 salários 160.000 beneficiários
PIAUÍ Autogestão Não informado www.iaspi.pi.gov.br/
Piauí (IAPEP SAÚDE) mínimos deduzidos no 180. 251 beneficiários
(assistência médico- imposto de renda e
ambulatorial e Previdência mais
hospitalar básica) / coparticipação de 10%
62
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Plano de Assistência para cada procedimento
à Saúde dos realizado.
Servidores Civis e
Militares do Piauí
(Plamta) - criado
com a finalidade de
complementar e
suplementar a
assistência médico-
hospitalar-
objetivando oferecer
aos seus associados e
dependentes uma
cobertura financeira
nas hospitalizações. /
IAPEP Saúde
Suplementar: é
destinado aos
dependentes não
vinculados
economicamente aos
segurados, cujo
pagamento é feito
através de
contribuições por
faixa etária-
possibilita a
realização de
consultas eletivas e
exames laboratoriais.
Instituto de
Previdência do
Município de
3% de remuneração do
Teresina- Plano de
servidor, para titulares e www.
Prefeitura Municipal de Saúde dos
TERESINA Autogestão dependentes. ___________ 47 mil beneficiários ipmt.teresina.pi.gov.b
Teresina Servidores do
Coparticipação de 10% r
Município de
para consultas, exames.
Teresina (Plante)
(internações e
cirurgias) e
63
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Assistência à Saúde
(consultas e
exames).
Instituto de Saúde
dos Servidores do
estado do Ceará Não tem desconto no www.issec.ce.gov.br/
Governo do estado do (Issec)/ Aliança salário para a assistência à 100% (integral)
CEARÁ Autogestão/ Contrato 140.246 beneficiários
Ceará Administradora de saúde, somente para a ___________
Benefícios –Sul previdência.
América, Unimed,
HAPVIDA
Programa de Saúde Desconto de 2% no salário
Prefeitura Municipal de do Instituto de do servidor. Não tem 85.000.000 www.fortaleza.ce.gov
FORTALEZA Autogestão 4%
Fortaleza Previdência do coparticipação para beneficiários .br
Município (IPM) consultas e exames.
RIO GRANDE DO Governo do estado do 55.690 servidores
_______ SUS ___________ ___________ www.rn.gov.br
NORTE Rio Grande do Norte usuários
Prefeitura Municipal de 23.025 servidores
NATAL SUS ___________ ___________ www. natal.rn.gov.br
Natal usuários
Instituto de
Assistência Integral
à Saúde do Servidor
da Paraíba (IASS)/
Governo do estado da Aliança
PARAÍBA Autogestão / Contrato _____________ 100% (integral) 87.694 beneficiários www.iass.pb.gov.br
Paraíba Administradora de
Benefícios Unimed
Norte Nordeste,
HAPVIDA e
OdontoGroup
Pagamento direto com
desconto de 30 a 38% de
Prefeitura Municipal de www.joaopessoa.pb.g
JOÃO PESSOA Contrato Unimed acordo com a idade e a ___________ Não informado
João Pessoa ov.br
modalidade do plano
escolhida pelo servidor.
Sistema de Desconto no contra-
Assistência à Saúde cheque (variando com
Governo do estado de dos Servidores a idade) www.irh.pe.gov.br
PERNAMBUCO Autogestão Não informado 190.000 beneficiários
Pernambuco Públicos de (0-17 anos) - 4,5%
Pernambuco (18- 29 anos) - 4,6 %
(Sassepe). (30- 39 anos) - 4,9%
64
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
(50- 59 anos)- 5,1 %
> 60 anos- 5,2%
Não existe co-
participação
Desconto de 4,6 %
www2.recife.pe.gov.b
independente da faixa
r/pagina/reciprev-
Prefeitura Municipal do etária. 21.822 mil
RECIFE Autogestão Saúde Recife Não informado saude-recife
Recife Dependentes- (1- 2,5%, beneficiários
dependendo da faixa
etária)
Desconto de acordo com o
Governo do estado do http://www.ipasealsau
Autogestão vencimento e não varia
Alagoas de.al.gov.br/
ALAGOAS IPASEAL Saúde com a idade. Não informado 13.000 beneficiários
Coparticipação de 15%
para consultas e exames
Prefeitura Municipal de ______ 26.048 servidores www.maceio.al.gov.b
MACEIÓ SUS ___________ ___________
Maceió usuários r
125.000 beneficiários
4% de desconto na folha (atende o
Plano de Assistência
de pagamento do servidor, funcionalismo www.ipesaude.se.gov
Governo do estado de à Saúde do Estado
SERGIPE Autogestão não tem coparticipação em 4% estadual e uma .br
Sergipe de Sergipe –
consultas, exames e pequena parte de
(Ipesaúde)
cirurgias servidores municipais
da capital)
4% de desconto na folha
125.000 beneficiários
de pagamento do servidor,
Prefeitura Municipal de (incluindo os www.aracaju.se.gov.b
ARACAJÚ Autogestão Ipesaúde não tem coparticipação em 4%
Aracajú servidores estaduais- r
consultas, exames e
em maior quantidade).
cirurgias
Desconto de 9% no
contra-cheque (de acordo
www.portaldoservido
com a renda).
Autogestão Plano de Saúde do r.ba.gov.br
Governo do estado da Cota de 12 consultas ao
BAHIA Servidor da Bahia ___________ 465.000 beneficiários
Bahia mês.
(Planserv)
A coparticipação não
ultrapassa 30 reais por
mês.
65
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Os valores serão
descontados em folha. Os
funcionários que têm
acima de 59 anos e que
recebem apenas um salário
mínimo terão o plano
100% custeado pela
prefeitura. Em relação aos Pagamento de 40% a
Prefeitura Municipal de HAPVIDA, www.salvador.ba.gov
SALVADOR Contrato outros servidores, a 100% do Plano de 39.000 beneficiários
Salvador PRODENT .br
prefeitura paga 60% do Saúde
benefício. Para o plano
odontológico,
independentemente da
empresa, Hap Vida ou
Prodent, o funcionário terá
um custo de R$ 9,90 reais.
3,2% do salário do
servidor, com
Plano de Saúde do
coparticipação em exames.
Instituto de
Os serviços profissionais,
Governo do estado de Previdência dos www.ipsemg.mg.gov.
MINAS GERAIS Autogestão medicamentos, órteses, 1,60% 853.718 beneficiários
Minas Gerais Servidores do estado br
próteses e exames
de Minas Gerais
realizados durante a
(Ipsemg)
internação não são
coparticipados.
Pagamento Direto (débito
na Conta Corrente do
Banco do Brasil ou boleto)
Associação dos Unimed BH/ Vitallis
Coparticipação: Consultas:
Servidores Municipais Planos
BELO 24,02 reais
da Prefeitura de Belo Contrato Odontológicos: ___________ 14.500 beneficiários www.assemp.org.br
HORIZONTE Exames simples: 7,25
Horizonte (ASSEMP) Metlife, Uniodonto e
reais
Odontoprev
Exames especiais: 24,02
reais
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Associação dos Saúde Quality, o plano entre 110,00-
Funcionários Públicos do Pame, MedSênior/ 120,00 reais / 5% da
estado do Espírito Santo Unimed/ Bradesco, remuneração contida nos
SulAmérica contra-cheque ou
Hospital da comprovantes de
Associação dos pagamento
Funcionários
Públicos do Espírito
Santo (Hafpes)
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Qualicorp- Servidor Ativo,
(SulAmérica/ Aposentado ou
Bradesco/ Golden Pensionista.
Cross, Amil, Pagamento Direto
LINCX)
www.prefeitura.sp.go
Hospital do Servidor Desconto de 5 % na folha
v.br/cidade/secretarias
SÃO PAULO Prefeitura de São Paulo Público Municipal do servidor
Autogestão Não informado 200.000 beneficiários /saude/hospital_do_se
(CAPITAL) de São Paulo (coparticipação nos
rvidor_publico_munic
(HSPM) medicamentos).
ipal/
Não há desconto.
Sistema de
Governo do estado do Coparticipação em www.sas.pr.gov.br
PARANÁ Autogestão Assistência à Saúde Não informado 433.000 beneficiários
Paraná internações, consultas e
(SAS)
exames
Desconto de 3,14% no
Prefeitura Municipal de Instituto Curitiba de contra-cheque. www.ics.curitiba.org.
CURITIBA Autogestão Não informado 80.000 beneficiários
Curitiba Saúde (ICS) Coparticipação de 30% br
nos procedimentos
Desconto de 4,5% no
contra-cheque. A
coparticipação é um
percentual de até 30%
aplicado sobre o valor
total exibido nas tabelas.
Nos atendimentos
realizados em regime de
internação (mais de 12
horas), serão cobrados
SANTA Governo do estado de Santa Catarina R$171,38 (cento e setenta www.scsaude.sea.sc.g
Autogestão 4,5% 172.000 beneficiários
CATARINA Santa Catarina Saúde e um reais e trinta e oito ov.br
centavos) ao dia, com
limite de 6 dias, ou seja,
qualquer internação de 6
ou mais dias terá cobrança
máxima de R$1.028,32
(um mil, vinte e oito reais
e trinta e dois
centavos). Nesse valor
estão incluídos os
procedimentos ou
68
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
cirurgias, exames,
materiais e medicamentos
realizados ou utilizados
durante o período de
internação.
Para procedimentos
realizados em regime
ambulatorial ou em
hospital-dia (até 12 horas),
existe o limitador de R$
205,72 (duzentos e cinco
reais e setenta e dois
Prefeitura Municipal de Santa Catarina centavos). Se o valor do www.scsaude.sea.sc.g
FLORIANÓPOLIS Autogestão 4,5% 172.000 beneficiários
Florianópolis Saúde procedimento ultrapassar ov.br
o limitador, o valor pago
pelo segurado é de
apenas R$ 205,72
(duzentos e cinco reais e
setenta e dois
centavos) por
procedimento.
3,10% na folha de
pagamento, com
1.1000.000 de
Governo do estado do coparticipação em
beneficiários,
Rio Grande do Sul / Instituto de consultas e exames,
incluindo servidores www.ipe.rs.gov.br
RIO GRANDE DO Associação dos Presidência do Rio variando de acordo com o 3,10%/
Autogestão civis e militares www.vertesaude.com.
SUL Funcionários Públicos do Grande do Sul (IPE salário/ Pagamento direto, ___________
estaduais e seus br
Rio Grande do Sul- Saúde) / Verte Saúde com desconto na folha ou
dependentes. / 12.000
(AFPERGS) boleto bancário.
beneficiários
Coparticipação (consultas
com especialistas)
Pagamento direto pelo
funcionário (variando o
Associação dos
Hospital Porto valor de acordo com a http://www.afmpa.org
PORTO ALEGRE Funcionários Municipais Autogestão ___________ 5.000 beneficiários
Alegre faixa etária). .br/default.aspx
de Porto Alegre (AFM)
Coparticipação em
cirurgias e anestesia
Caixa de Assistência 15% sobre o salário bruto 180.000 beneficiários,
MATO GROSSO Governo do estado do http://www.cassems.c
Autogestão dos Servidores do do servidor. Possui 31% entre titulares e
DO SUL Mato Grosso do Sul om.br
Estado de Mato coparticipação em dependentes.
69
INSTITUIÇÕES
GOVERNAMENTAIS MODALIDADE, ESQUEMAS NÚMERO DE
ESTADO/ E ORGANIZAÇÕES MECANISMO DE ASSISTENCIAIS DESCONTO/ FATOR CONTRAPARTIDA SERVIDORES E
FONTE DE BUSCA
CAPITAL DE SERVIDORES VIABILIZAR A OFICIAIS E MODERADOR DO GOVERNO SEUS
PUBLICOS ASSISTÊNCIA CONTRATADOS DEPENDENTES
CONTRATANTES
Grosso do Sul consultas, exames e
(Cassems) internações.
15% sobre o salário bruto
do servidor. Possui 180.000 beneficiários,
CAMPO Prefeitura Municipal de http://www.cassems.c
Autogestão (CASSEMS coparticipação em 31% entre titulares e
GRANDE Campo Grande om.br
consultas, exames e dependentes.
internações.
Instituto de Desconto na folha de
Assistência à Saúde pagamento de acordo com
Governo do estado de do Servidor do a faixa etária. Tem www.matogrossosaud
MATO GROSSO Autogestão Não informado 24.000 beneficiários
Mato Grosso Estado de Mato coparticipação em e.mt.gov.br
Grosso-Mato Grosso qualquer procedimento -
Saúde (MT Saúde) 30 % do valor
25.892 servidores www.cuiaba.mt.gov.b
CUIABÁ Prefeitura de Cuiabá ________ SUS ___________ ___________
usuários r
De 6,81% (ISPAGO
Básico a 12,48% ISPAGO
Instituto de Essencial).
Assistência dos Contribuição é de 30% do
Governo do estado de www3.ispago.go.gov.
GOIÁS Autogestão Servidores Públicos valor do procedimento, Não informado 600.000 beneficiários
Goiás br
do estado de Goiás conforme a tabela do
(ISPAGO) ISPAGO; e há cobrança
de 15% para exames de
diagnósticos por imagem
Instituto de Desconto de 4% contra-
Assistência à Saúde cheque (exames, consultas
e Social dos e cirurgias). www4.goiania.go.gov
GOIÂNIA Prefeitura de Goiânia Autogestão 4% 85.000 beneficiários
Servidores Coparticipação varia de .br
Municipais de acordo com o
Goiânia (IMAS) procedimento.
Unimed Centro-
Associação dos Oeste, Unimed
Pagamento Direto na folha 200,00 reais de ajuda http://www.aspgdf.or
DISTRITO Servidores Públicos do Central Nacional/
Contrato/ Reembolso de pagamento. de custo para plano de 136.668 clientes g.br/index.php/conve
FEDERAL Governo do Distrito OdontoPrev/ Med
saúde nios
Federal (ASPGDF) Life/ Premium
Saúde/Abraps Saúde
Quadro 4- Esquemas assistenciais oficiais e contratados para servidores públicos civis e militares por meio de instituições governamentais e
entidades representativas, segundo unidades federativas
70
continuar participando do programa de saúde, mas passam a pagar uma contribuição não
subsidiada, atualmente no valor de R$ 1.110,16.
Os serviços previstos no programa são: médico-hospitalar, odontologia, fisioterapia,
fonoaudióloga, psicologia, medica hospitalar (home care) e psiquiatria.
Além da Assistência pelo Pró-Saúde, o parlamentar conta com serviços prestado pelo
Departamento Médico da Câmara dos Deputados (Demed) que pode ser utilizado pelos seus
familiares, inclusos como dependentes no seu Imposto de Renda. Além disso, recebe o
reembolso de despesas médico-hospitalares que não puderam ser prestadas pelo Demed.
O reembolso é concedido a critério da Mesa Diretora e condicionado à disponibilidade
de dotação orçamentária no orçamento da Câmara ou do Fundo Rotativo da Casa. São despesas
reembolsáveis: atendimento ambulatorial ou hospitalar, incluindo quimioterapia e radioterapia;
exames complementares de diagnóstico; assistência domiciliar; assistência prestada por
médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas
ocupacionais; remoção para outro centro clinico, quando caracterizada a emergência ou a
urgência e a inexistência de condições técnicas locais; órteses e próteses; assistência
odontológicas.
Não são reembolsadas despesas com acompanhantes, passagens, telefones, serviços
extras de caráter pessoal e outras não relacionadas ao atendimento à saúde, como tratamento de
cirurgias experimentais; medicamentos não registrados na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa); tratamentos estéticos de qualquer natureza; aparelhos de apoio à locomoção,
óculos, lentes de contato; e atendimento por profissionais não inscritos nos órgãos
fiscalizadores da respectiva profissão.
Atualmente a Câmara dos Deputados possui um Contrato com a Sociedade
Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês (nº 2012/255), vigência até 27 de março de
2017. Por meio do Termo de Acordo com a Aliança Seguradora (nº 098/2012), os ocupantes
de cargos de Secretário Parlamentar e de Natureza Especial (Comissionado) podem aderir a um
plano privado coletivo empresarial.
O Sistema Integrado de Saúde (SIS) é regido pela Resolução nº 35, de 2012, que
dispõe sobre o seu regulamento. Tem por finalidade proporcionar aos servidores ativos e
inativos do Senado Federal e a seus dependentes, bem como aos titulares de pensões instituídas
por morte dos servidores efetivos do Senado Federal, ativos e inativos.
73
O SIS presta assistência à saúde em todo território nacional, por meio da rede
credenciada da Caixa Econômica Federal, com contribuição variando de acordo com a faixa
etária e vinculação, entre 112,00 a 336,00 reais, conforme a tabela 1.
Vinculação 0 a 18 19 a 22 23 a 26 27 a 30 31 a 34 35 a 38 39 a 42 43 a 46 47 a 50 51 a 54 55 a 58 >= 59
Titular 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00
Cônjuge 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00
Companheiro (a) 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00
Filho (a) 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00
Enteado(a) 112,00 112,00 115,36 119,84 125,44 132,16 141,12 151,20 162,40 174,72 189,28 224,00
Mãe / Pai 168,00 168,00 173,04 179,76 188,16 198,24 211,68 226,80 243,60 262,08 283,92 336,00
Madrasta /
168,00 168,00 173,04 179,76 188,16 198,24 211,68 226,80 243,60 262,08 283,92 336,00
Padrasto
Irmão (ã) 168,00 168,00 173,04 179,76 188,16 198,24 211,68 226,80 243,60 262,08 283,92 336,00
Guarda judicial 168,00 168,00 173,04 179,76 188,16 198,24 211,68 226,80 243,60 262,08 283,92 336,00
Fonte: Brasil (2015d)
LIMITE DE
COMPOSIÇÃO PARTICIPAÇÃO LIMITES DE
FAIXA DESCONTO EM
DOS USUÁRIOS NAS DESPESAS PARTICIPAÇÃO
FOLHA
01 PENSIONISTA 15% 706,91 212,07
02 AUXILIAR 20% 706,91 212,07
03 TÉCNICO 25% 942,55 282,77
04 ANALISTA 30% 1.178,19 353,46
ASSESSORES E
05 SECRETÁRIO 30% 1.178,19 353,46
PARLAMENTAR
Fonte: Dados retirados de arquivo interno do Senado, em 2016
74
à saúde na forma de auxílio para os seus servidores efetivos, bem como de seus dependentes e
pensionistas, e dos Conselheiros, Juízes Auxiliares, servidores ocupantes exclusivamente de
cargos em comissão, requisitados, cedidos e seus dependentes; mediante ressarcimento parcial
de despesas com planos privados de assistência à saúde médica e/ou odontológica, de livre
escolha e responsabilidade do beneficiário, conforme a tabela 3:
5.4 MILITARES
de saúde era unificado das Forças Armadas, que na época eram o Exército e a Real Armada
(Marinha do Brasil) (ROSA, 2013).
A Diretoria de Saúde (Repartição do Cirurgião-Mor do Exército/1808) é o Órgão
Técnico-Normativo Central do Serviço de Saúde do Exército, e tendo como órgãos
executores de suas ações, em todo o território nacional, os Hospitais Militares, as
Policlínicas Militares, os Postos Médicos de Guarnição (PMGu) e as Seções de Saúde das
Organizações Militares. Existe uma parceria entre os integrantes do Serviço de Saúde do
Exército e os órgãos vinculados ao Ministério da Saúde, para a efetivação de importantes
programas, entre os quais, o Programa Nacional de Imunização (PNI) e o Projeto Sentinela,
cujo objetivo é traçar e diagnosticar o perfil epidemiológico das doenças sexualmente
transmissíveis/vírus da imunodeficiência adquirida (DST/AIDS) na população jovem
masculina (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2014).
Nível de Quantidade
Organização Militar Atuação
Atendimento Existente
Corpos de tropa,
Formações de Saúde 545 Apoio (arsenais,
Nível Primário (FS) depósitos, escolas,
outros)
Postos Médicos de Ambulatorial,
28
Guarnição (PMGu) instalados em
locais de maior
Nível Secundário
concentração de
Policlínicas Militares 04
organizações
militares.
Hospitais Militares de
07
Área Internação
Nível Terciário Hospitais Gerais 06 Tratamentos
Hospitais de Cirúrgicos
11
Guarnição
Quadro 5 - Organizações Militares de Saúde (OMS)
Fonte: Rosa (2013)
5.5 SÍNTESE DOS ESQUEMAS ASSISTENCIAIS PARA AGENTES PÚBLICOS FEDERAIS CIVIS E MILITARES NO BRASIL
6 O CASO DA GEAP
600000
535372 533965
565597 560477 558584
500000 547290
Número de beneficiários GEAP
400000
300000
200000
100000
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016
Ano
Planos de Saúde GEAP Referência GEAP Essencial GEAP Clássico GEAP Saúde
Ambulatorial e Ambulatorial e Ambulatorial e Ambulatorial e
Segmentação: Hospitalar com Hospitalar com Hospitalar com Hospitalar com
Obstetrícia Obstetrícia Obstetrícia Obstetrícia
Enfermaria e
Acomodação: Enfermaria Enfermaria Apartamento
Apartamento
Rol da ANS +
Odontologia: Sem odontologia Rol da ANS Rol da ANS
próteses
Unidade de
Terapia
Sem UTI volante Sem UTI volante Sem UTI volante Com UTI volante
Intensiva (UTI)
Volante:
Promoção e
Promoção e Prevenção +
Programas: Promoção e Prevenção Promoção e Prevenção
Prevenção Programas de
Assistência Social
Ambulatorial
Ambulatorial Até R$ 190,00, a
Ambulatorial
Até R$ 190,00, a participação é de 30%
Até R$ 190,00, a
participação é de 30% em cada
participação é de 30%
em cada procedimento.
em cada procedimento.
procedimento. A partir de R$ 190,01,
A partir de R$ 190,01,
Ambulatorial A partir de R$ 190,01, a participação é de
a participação é de
Até R$ 190,00, a a participação é de 15% em cada
15% em cada
participação é de 30% 15% em cada procedimento.
procedimento.
em cada procedimento. Hospitalar
Hospitalar
procedimento. Hospitalar Internação em
Internação em
A partir de R$ 190,01, Internação enfermaria- ISENTO.
enfermaria- ISENTO.
a participação é de psiquiátrica- 30% Internação
Internação
15% em cada Internação em psiquiátrica- 30%
psiquiátrica- 30%
procedimento. apartamento e UTI- Internação em
Internação em UTI-
Hospitalar Critério: para cada R$ apartamento e UTI-
Critério: para cada R$
Internação em 100,00 de despesa, Critério: para cada R$
100,00 de despesa,
enfermaria- ISENTO. serão cobrados R$ 100,00 de despesa,
Participação serão cobrados R$
Internação 10,00 de serão cobrados R$
10,00 de
psiquiátrica- 30% coparticipação até o 10,00 de
coparticipação até o
Internação em UTI- limite de R$ 1.260,00, coparticipação até o
limite de R$ 1.260,00,
Critério: para cada R$ independentemente se limite de R$ 1.260,00,
independentemente se
100,00 de despesa, a despesa ultrapassar independentemente se
a despesa ultrapassar
serão cobrados R$ R$ 12.500,01. a despesa ultrapassar
R$ 12.500,01.
10,00 de Odontologia R$ 12.500,01.
Odontologia
coparticipação até o Isentos- Odontologia
Isentos- Procedimentos
limite de R$ 1.260,00, Procedimentos de Isentos-
de prevenção
independentemente se prevenção Procedimentos de
40% - Demais
a despesa ultrapassar 40% - Demais prevenção
procedimentos.
R$ 12.500,01. procedimentos. 40% - Demais
40%- Clareamento
40%- Clareamento procedimentos.
Dental (acima de 17
Dental (acima de 17 40%- Clareamento
anos para dentes
anos para dentes Dental (acima de 17
naturais).
naturais). anos para dentes
30% - Consulta.
30% - Consulta. naturais).
30% - Consulta.
Quadro 7 - Principais diferenças entre os planos de saúde
Fonte: GEAP Saúde (2015)
101
e fundações (BRASIL, 1990). No mesmo ano, em 9 de março, no Governo Lula foi publicado,
no DOU, o Decreto n° 5.010, dando uma nova redação ao caput do artigo 1º do Decreto nº
4.978. Ele diz no seu Art. I que a assistência à saúde do servidor ativo ou inativo e de sua
família, de responsabilidade do poder público e das suas autarquias e fundações, será prestada
mediante convênios com entidades fechadas de autogestão sem fins lucrativos, assegurando-se
a gestão participativa (BRASIL, 2004).
Essa nova redação ampliou o leque de alternativas posto à disposição da
Administração, atendendo, contudo, ao dispositivo na Lei nº 8.112, de 1990, que já previa,
desde a vigência da Lei nº 9.527, que a assistência ao servidor poderia ser prestada pelo SUS
ou diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou ainda, mediante
convênio ou contrato, na forma estabelecida em regulamento.
como fundadora de uma entidade. Nessa linha, estaria viabilizando uma forma de contratação
direta, sem prévia licitação. Agravante ainda o fato de apenas quatro entidades participarem de
seus órgãos de gestão, descaracterizando uma autogestão, visto haver grande número de
patrocinadoras e a possibilidade de outras mais aderirem, conforme seu estatuto.
No sentido de dirimir as dúvidas de ordem jurídico-constitucional apontadas pelo
TCU e STF, em 6 de novembro de 2012, o Deputado Roberto Policarpo (Partido dos
Trabalhadores do Distrito Federal – PT/DF) apresentou à Câmara dos Deputados, por sugestão
da Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) nº 214, de 2012, que incluía um novo parágrafo ao art. 199 da
Constituição Federal. O art. 199, que trata da assistência à saúde pela iniciativa privada, já
estabelece que as instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema
único de saúde, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos (POLICARPO, 2012).
O novo parágrafo 5º estabelece que
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão, observados os
limites fixados nos termos da lei de diretrizes orçamentárias, firmar, dispensada a
licitação, convênios ou contratos com entidades fechadas de autogestão em saúde
constituídas para prestar serviços complementares de assistência à saúde para os
respectivos servidores, bem como aportar recursos para o seu custeio, na qualidade de
patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá
exceder a do segurado (POLICARPO, 2012, p. 1).
Com essa hipótese de dispensa de licitação inserida no próprio texto constitucional,
estaria definitivamente afastada qualquer dúvida quanto à possibilidade da firmatura de
convênios ou contratos, desde que realizados com entidades fechadas de autogestão criadas
para prestar serviços de assistência à saúde “para os respectivos servidores”. Ou seja, servidores
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, sem adentrar, porém, na
conceituação ou nos requisitos para que uma entidade seja considerada “fechada” ou de
“autogestão em saúde”, matéria que continuaria a ser disciplinada por meio das normas legais
e infralegais correspondentes.
E, na sequência, em 19 de abril de 2013, a Deputada Erika Kokay (PT-DF)
apresentou o Projeto de Lei nº 5.265, de 2013, que, igualmente, visa atender às peculiaridades
das entidades fechadas de autogestão multipatrocinada, por meio da inclusão, no art. 24 da Lei
nº 8.666, de 1993, de novo inciso, instituindo como hipótese de dispensa de licitação:
XXXIII - para a celebração de contrato ou convênio de prestação de serviços de
assistência à saúde suplementar aos seus servidores, por órgão ou entidade da
administração pública direta, autárquica e fundacional, com entidades, sem fins
lucrativos, que administram planos de saúde de autogestão, que tenham sido criadas
para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado (KOKAY, 2013, p. 1).
106
A proposta tem escopo menor que a PEC nº 214/2012, pois atenderia apenas a
entidades criadas até 1993 (data da vigência da Lei nº 8.666), vedando, assim, o mesmo
tratamento a entidades criadas após essa data, sem definir a natureza da entidade, mas sim dos
planos de saúde que administrem, e desde que o preço contratado seja compatível com o
praticado no mercado.
Observa-se que ambas as iniciativas se complementam e visam, de plano, a afastar
quaisquer dúvidas ou questionamentos quanto à possibilidade futura de serem entidades como
a GEAP, contratadas ou conveniadas sem licitação, como também validar e recepcionar os atos
administrativos já praticados e em vigor, ainda que provisoriamente.
Em setembro de 2013 foi instituído um novo estatuto, que permite à empresa firmar
convênio com o Ministério do Planejamento e no qual o mesmo aparece como o único
patrocinador, estendendo esses convênios a estados e municípios. Posteriormente, em outubro
de 2013, foi assinado um Decreto Presidencial, no qual, seu Art. 3, permite-se- à entidade de
direito privado ser contratada sem licitação.
O convênio garantiu a ampliação da rede de atendimento da instituição de 83 para
132 órgãos da Administração Pública, de novembro de 2013, até janeiro de 2014. Nesse
período, 42 órgãos aderiram à Geap após Convênio Único, como: ministérios, institutos,
agências, secretarias e fundações (ANEXO B).
Esse Decreto Presidencial pretendeu um ar de legalidade, no entanto, contraria o
que prevê a Constituição Federal, na Lei 8.666/93 (que institui normas para licitações e
contratos da Administração Pública e dá outras providências), e as decisões do Tribunal de
Contas da União e do Supremo Tribunal Federal, que consideram ilegais a formalização desses
ajustes por meio de convênios.
Em contrapartida, foi emitida, em janeiro de 2014, uma liminar do STF,
respaldando o TCU, suspendendo a oferta de Planos de Saúde para servidores aposentados e
pensionistas da União, sob a alegação de que apenas por meio de lei a União poderia instituir
ou figurar como a fundadora de uma entidade, do contrário, estaria viabilizando uma forma de
contratação direta sem aviso prévio. A cautelar foi proferida na Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 5.086, ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) (BRASIL, 2015c).
Na visão do Tribunal de Contas da União, da Procuradoria Geral da República e do
Supremo Tribunal Federal, a GEAP é uma entidade de direito privado e, por isso, a ela é
permitido fazer convênios com seus patrocinadores originais. A relação com qualquer outro
órgão, portanto, é caracterizada como prestação de serviço por terceiros e deveria ser objeto de
licitação.
De acordo com a liminar, os funcionários ligados aos 42 órgãos conveniados após
a instituição do Decreto poderiam permanecer na autogestão GEAP, limitando a não adesão de
novos clientes (BRASIL, 2015c).
Em abril de 2014, foi apresentado um requerimento de autoria do Deputado Federal
Nilson Leitão, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) do Mato Grosso, solicitando
à Comissão Mista de Orçamento, para votação, um debate com a Ministra do Planejamento,
Miriam Belchior, sobre o decreto presidencial supracitado que autoriza a contratação direta da
108
Geap, sem licitação, por órgãos do Executivo. Em outro requerimento, o então Deputado
convidou representantes do TCU e da Geap a participarem do debate com a Ministra de
Planejamento. Observa-se uma tensão, na qual o Poder Executivo, desde o primeiro governo
Lula, fortalece a GEAP, através do Decreto Presidencial nº 5.010 de nove de março de 2004, e
uma contraposição advinda dos poderes Legislativo e Judiciário.
Posteriormente, em 28 de julho de 2015, em meio à votação do processo de
afastamento da Presidente da República Dilma Rouseff, o estatuto da empresa foi atualizado,
no intuito de democratizar a gestão administrativa, possibilitando a eleição de um representante
dos beneficiários à presidência do Conselho de Administração (Conad). A Geap passou a ser
presidida por um representante dos beneficiários dos planos de autogestão (Irineu Messias de
Araújo, servidor público federal do Ministério da Previdência Social, representando a
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social/Central Única dos
Trabalhadores (CNTSS/ CUT) e Luiz Carlos Braga, representando a Anfip, respectivamente
como presidente e vice-presidente do Conad) (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS
TRABALHADORES EM SEGURIDADE SOCIAL, 2016).
Até então, a instância máxima da administração da GEAP era presidida por um dos
conselheiros indicados pelo Governo Federal, ou seja, um representante das instituições
públicas conveniadas à Geap, tidas como patrocinadoras. Na prática, os beneficiários passaram
a ter o voto de minerva sobre as decisões do colegiado que valida, fiscaliza e monitora em
última instância a carteira, através de seu representante, em votações em que o consenso não
era possível entre os membros do Conselho de Administração (composto por três beneficiários
e três representantes do Governo Federal) da empresa.
Por meio de uma auditoria externa internacional, foi detectado um grave
desencontro entre os dois últimos balanços financeiros e contábeis da empresa (2013/2014),
devido ao não provisionamento de recursos para custas judiciais, prática estabelecida por anos
na empresa e que passou a ser registrada nos balanços feitos pela sua gestão a partir de então.
Essa soma de desinformações contábeis foi determinante para a instituição de um novo Regime
de Direção Fiscal pela ANS, no dia 19 de outubro de 2015, em vigência até os dias atuais
(CORREIO BRAZILIENSE, 2016b).
Sob alegação do crescimento expressivo das despesas médico-hospitalares, o
cumprimento das reservas técnicas estabelecidas pela ANS e a projeção de despesas com a
judicialização dos serviços, pautados em um estudo contábil que apontou a necessidade de um
reajuste das mensalidades, por meio da Resolução/Geap/Conad nº 99, de 17 de novembro de
2015 foi realizado um incremento de 37,55% (trinta e sete vírgula cinquenta e cinco por cento)
109
na parcela não patronal. Em contrapartida, houve provimentos judiciais por parte de entidades
representativas dos beneficiários, contra o percentual instituído com a supracitada resolução.
O primeiro órgão a se manifestar em janeiro de 2016 foi a Associação Nacional de
Servidores da Previdência e Seguridade Social (Anaps), entrando com um processo e
questionando o reajuste. O reajuste foi suspenso a este grupo de funcionários públicos.
Posteriormente, em março do decorrente ano, o Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de
Finanças e Controle (Unacon Sindical) ajuizou uma nova ação, sob alegação de que “apenas a
contribuição paga pelos segurados foi reajustada em índices tão elevados, diferentemente da
custeada pela Administração, que sofreu um aumento muito inferior”. Posteriormente, o
Sindicato Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor Sindical)
foi contemplado com a ação. No entanto, os provimentos judiciais não abarcaram servidores
integrantes de outras carreiras, pois têm efeitos apenas interpartes (CORREIO BRAZILIENSE,
2016a).
Houve uma proposta, pelo Conad, de um reajuste único de 20% para todos os
beneficiários, na tentativa de garantir que os atuais beneficiários se mantivessem na carteira
geapeana, tendo em vista que 40 % dos beneficiários possuem mais de 60 anos e não
conseguiriam aderir a outros planos de saúde em valores atuais praticados pelo mercado
(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DA PREVIDÊNCIA E DA
SEGURIDADE SOCIAL, 2016).
Sob ordem judicial, o Presidente do Conad, por meio da Resolução/Geap/Conad nº
129, de 3 de junho de 2016, aprovou redução do índice de 37,55% para 20% na mensalidade
de apenas alguns assistidos, representado por um pequeno número de entidades que tinham
adicionado judicialmente a GEAP para obter a redução dos percentuais de reajuste aplicados
aos beneficiários por eles representados, mas contemplando mais de 100 mil beneficiários com
a redução do percentual de reajuste. Os demais beneficiários não foram contemplados e
continuaram arcando com o reajuste de 37,55%.
A Advocacia Geral da União (AGU) impetrou um mandato de segurança contra a
decisão. Foi argumentado que o reajuste de 37,55% não só estava respaldado por estudo
contábil, como também havia sido definido em plano de saneamento entregue à ANS. O não
reajuste representaria uma queda de arrecadação da entidade na ordem de R$ 50 milhões
mensais, o que colocaria a Geap em risco de falência. Além disso, a Resolução Normativa da
ANS, nº 195, de 14 de julho de 2009, no seu artigo 20, não permite o estabelecimento de
custeios distintos para um mesmo plano de saúde, vedando o reajuste diferenciado
(ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO, 2016).
110
a) Infraestrutura Material
A receita da Geap se forma a partir da venda de seus serviços (Planos de Saúde,
99,5 %, e Exames Ocupacionais, 0,5 %).
Pela composição do custeio dos planos da Geap, os beneficiários (servidores
públicos) arcam com aproximadamente 70% do total do valor arrecado em um ano e o
patrocinador (União), com 30%. Sendo este percentual variável de acordo com cada faixa etária
e faixa de remuneração dos servidores públicos.
b) Patrimônio Imobiliário
A Geap possui dois imóveis próprios: a sede em Brasília, uma torre de quatro
andares, que comporta cerca de 600 funcionários administrativos (entre callcenter e gerências
da sede), situada em um shopping center em uma área nobre da cidade. Além deste, a Geap
possui também um imóvel em Vitória-ES, onde funcionou a gerência local.
O patrimônio supracitado vale aproximadamente 15 milhões de reais.
c) Número de empregados diretos deste grupo econômico
São 1.730 funcionários diretos espalhados entre sede (cerca de 600 funcionários) e
gerências regionais.
d) Principais fornecedores dos seguintes produtos/serviços da(s) empresa(s) deste
grupo econômico
111
A Geap possui equipe médica própria nas Gerências Regionais, Call Center
próprio, com cerca de 400 funcionários situados na sede em Brasília.
Possui uma Assessoria de Comunicação própria, que contrata empresa de
consultoria, de acordo com a necessidade estratégica da organização, sendo contratada
atualmente a empresa Rohde e Carvalho de Porto Alegre. Conta com a consultoria da empresa
Comunicarte de Brasília, nos processos de treinamento e capacitação dos funcionários.
A Geap possui em sua estrutura organizacional uma equipe própria de Auditoria
Interna, além da auditoria externa (Baker &Tilly). Quanto à auditoria médica, cada gerência
regional possui uma estrutura de médicos auditores de acordo com o volume de atendimento da
Geap, em cada estado.
Possui também uma equipe de contabilidade própria em sua estrutura
organizacional. A auditoria nas demonstrações contábeis da empresa é feita por empresa
externa, a auditoria Baker & Tilly, como também jurídica, dentro de sua estrutura
organizacional. Alguns pareceres externos e/ou auditorias jurídicas são contratados.
A partir de dezembro de 2013, a Geap Autogestão em Saúde passou a centrar
esforços para a elaboração do seu Planejamento Estratégico, ao identificar os novos cenários de
oportunidades em que a organização encontra-se inserida, frente ao desafio de gestão do
Convênio Único e a cisão de atividades da antiga Fundação de Seguridade Social.
para fins políticos partidários e pagamentos de planos de assistência à saúde para servidores
públicos, à luz de um sistema universal constitucional.
O estudo de caso da Geap contribui para a discussão das controversas relações entre
o público e o privado no sistema de saúde brasileiro.
114
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO. Decisão que ameaçava plano de saúde de 600 mil
servidores e familiares é derrubada. Disponível em:
<http://www.agu.gov.br/page/content/detail/id_conteudo/418804/>. Acesso em: 25 jun. 2016.
ANDREAZZI, M. F. S.; KORNIS, J. E. M. Papel das reformas dos anos 90 na demanda por
seguros privados de saúde no Brasil: consensos e dissensos. Cadernos de Saúde Coletiva,
Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 201-229, 2003.
BAHIA, L. et al. Segmentação da demanda dos planos e seguros privados de saúde: uma
análise das informações da PNAD/98. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4,
p. 671-686, 2002.
BAHIA, L.; SCHEFFER, M. Planos e seguros de saúde: o que todos devem saber da
assistência médica suplementar no Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2010.
______. Planos e seguros privados de saúde. In: GIOVANELLA, L. et al. (Orgs.). Políticas e
sistema de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008. p. 507-543.
______. Decreto nº 24.563, de 3 de julho de 1934. Organiza sob novos moldes o Instituto de
Previdência Funcionários Públicos da União, dando-lhe outra nominação, e regula os serviços
a seu cargo. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-
24563-3-julho-1934-515208-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 10 mar. 2015.
______. Decreto nº 4.978, de 3 de fevereiro de 2004. Regulamenta o art. 230 da Lei nº 8.112,
de 11 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a assistência à saúde do servidor, e dá outras
providências. Brasília, DF, 2004a. Disponível em:
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Nacional do Seguro Social - INSS, 10.855, de 1o de abril de 2004, que dispõe sobre a
reestruturação da Carreira Previdenciária, de que trata a Lei no 10.355, de 26 de dezembro de
2001, instituindo a Carreira do Seguro Social, 10.876, de 2 de junho de 2004, que cria a
Carreira de Perícia Médica da Previdência Social e dispõe sobre a remuneração da Carreira de
Supervisor Médico-Pericial do Quadro de Pessoal do INSS, 10.997, de 15 de dezembro de
2004, que institui a Gratificação Específica do Seguro Social - GESS, 8.112, de 11 de
dezembro de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União,
das Autarquias e das Fundações Públicas Federais; e fixa critérios temporários para
pagamento da Gratificação de Desempenho de Atividade Médico-Pericial - GDAMP.
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2006/2006/Lei/L11302.htm>. Acesso em: 15 mar. 2016.
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129
APÊNDICES
131
ANEXO
Roteiro de entrevista com executivos das empresas de planos e seguros de saúde. Projeto
“Reorganização de Grupos Hospitalares e Empresas
de Planos de Saúde: Repercussões no Complexo
Econômico-Industrial da Saúde”
Obrigado por sua especial atenção ao ler o documento que se segue. Na qualidade de
(diretor(a), presidente ou representante) da empresa ________________________________, o
Senhor(a), por meio deste, está sendo convidado a participar de uma pesquisa.
Caso concorde em conceder a entrevista, segue abaixo proposta das condições em que
o Senhor(a) aceitaria ser entrevistado:
1. O Senhor(a) é livre para, a qualquer momento, recusar-se a responder às perguntas
que possam lhe ocasionar eventuais constrangimentos de qualquer natureza;
2. O Senhor(a) dispõe de todo o direito de cancelar sua participação na pesquisa a
qualquer momento e não necessitando para isso apresentação de qualquer
justificativas;
3. Suas opiniões/dados/informações serão exclusivamente utilizadas para os objetivos
específicos desta pesquisa e da produção científica em geral.
4. Caso o Senhor(a) assim o desejar, será informado de todos os resultados obtidos pela
pesquisa, independentemente do fato de mudar seu consentimento em participar do
estudo;
5. Em qualquer etapa do estudo, o Senhor(a) terá acesso aos profissionais responsáveis
pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O pesquisador principal é a
135
Dra. Laís Silveira Costa que pode ser encontrada no endereço: rua Cardoso Junior
142 – Laranjeiras – Rio de Janeiro, CEP-22245-000.Email: achelais@hotmail.com.
Eu, ___________________________________________________________
(presidente, diretor ou representante) da Empresa ____________________________ declaro
ter sido suficientemente informado a respeito das condições em que farei entrevista para a
pesquisa “Reorganização de Grupos Hospitalares e Empresas de Planos de Saúde:
Repercussões no Complexo Econômico-Industrial da Saúde” pelo presente termo de
consentimento, estando para mim suficientemente claros os objetivos do estudo, tomei a decisão
de participar dele consciente dos procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos,
as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Esclareço que esta minha participação é isenta de quaisquer despesas de minha parte ou
da empresa que represento. Em se tratando aqui de uma concordância voluntária, reitero que
meu consentimento não é definitivo e que poderei cancelá-lo a qualquer momento, antes ou
durante a realização do referido estudo.
Considerando as condições acima definidas, subscrevo o presente termo de consentimento
reiterando minha concordância em ser voluntário da pesquisa.
_________________________
137
[...]
[PT] Desde janeiro que estou na sede em Brasília, na direção, fazendo assessoria
de planejamento. Em suma, a principal atividade que fazemos é a coordenação do planejamento
estratégico da GEAP como um todo, a nível nacional, com todas as gerências e a interface, não
só entre as gerências da diretoria, como também, com as gerências estaduais, que são as
representações da GEAP nos estados. E dentro do mercado de saúde, já trabalho, três para
quatro anos, algum tempo trabalhei em planos de saúde privados antes de vir para a GEAP,
então tenho uma certa noção das diferenças de uma autogestão para um plano privado com fins
lucrativos, e é isso. Estou bastante disponível para contribuir com o trabalho de vocês.
(Entrevistador) Gostaríamos de ouvir um pouco da história da fundação GEAP e
saber como o senhor chegou a ser Diretor Executivo?
[LC] A GEAP vai completar agora dia 29 de setembro, 69 anos. Nós temos um
material [impresso] já feito. Vai estar lá um histórico muito mais completo, um documento
oficial mesmo da GEAP, e eu acho que seria interessante a gente pegar um tempo para falar um
pouco a partir dessa minha chegada. Eu na realidade cheguei na GEAP em 1995. Quando eu
fui convidado para trabalhar como auditor médico da GEAP. De 1995 a 2002, eu trabalhava
como auditor, fazendo auditoria de contas, perícias médicas e, em 2002, houve uma intervenção
na GEAP e o diretor da GEAP Pernambuco, eu era auditor médico na Gerência do estado de
Pernambuco. E houve uma intervenção na Gerência estadual, por determinação do Poder
138
[LC] Porque separando daria uma formatação, uma “cara”, daria uma estruturação
de fato do que é Previdência, Seguro e Pecúlio. Uma das características da GEAP Previdência
é ter um grande volume de peculistas e um valor muito grande, beirando uns três bilhões de
reais. Eu não tenho valor, porque hoje estou focado só na saúde e em definir o negócio de saúde
suplementar. Porque como havia essa mistura, isso gerava transtornos grandes no sentido de
gestão financeira, de gestão dos próprios negócios, a representatividade da empresa, porque
misturava a representação Seguridade/Previdência com saúde, então, com essa separação,
cisão, se deu um formato mais preciso do que é cada coisa. Eu particularmente acho que foi
muito importante e decisivo para o momento que a GEAP Saúde vive. Então, no dia 18 de
outubro tomou posse o Conselho de Administração novo, provisório, que foi indicado pelo
Governo, seus membros, conselhos de seis conselheiros titulares e seis suplentes, que tinham,
a missão de continuar organizando a instituição e, ao mesmo tempo, preparar o momento de
uma eleição da representação dos beneficiados, dos servidores. Essa eleição ocorreu em março.
Em março [de 2014] nós tivemos a eleição, tudo isso está documentado no site. No site vocês
podem encontrar e, se precisar, a gente também disponibiliza, e foram eleitos três representantes
dos servidores com seus três suplentes e o governo indicou os três representantes dos órgãos,
um representante da União (eu vou explicar porque isso), do Ministério do Planejamento e
Ministério da Saúde e três suplentes (INSS e Planejamento). Isso tudo está lá no site
explicadinho. E ai abriu esse conselho eleito, legitimado, tomou posse e com mandato de três
anos no Conselho de Administração que é a instância máxima da instituição. Em conjunto com
a eleição do Conselho de Administração, (CONAD), foram eleitos os membros do Conselho
Fiscal. Dois membros titulares e dois suplentes, e o Governo indicou dois titulares e dois
suplentes. A paridade da representação Governo/União, porque a União custeia a GEAP, há um
custeio, há um repasse financeiro do Governo para a GEAP e dos beneficiários que pagam
mensalmente o valor do seu plano.
(Entrevistador) Quer seja a União ou sejam os órgãos, ela está definida dessa
maneira?
[LC] Tem o estatuto que está lá também no site. Em dezembro, no início de
dezembro de 2013, a Presidenta Dilma assina o Decreto, publica o Decreto, no qual ela institui
a União como patrocinadora de planos de saúde do convênio com a GEAP. Então, o Decreto
está lá no site.
O Decreto dizia o seguinte: todos os Órgãos da Administração Direta ou Indireta e
fundações da União podem fazer convênio com a GEAP, para que a GEAP ofereça seus planos
aos servidores e os servidores optem (isso é um detalhe importante), é uma opção que o servidor
140
tem. Isso é muito importante, porque há uma confusão colocada no mercado de que foi uma
obrigação dos servidores irem para a GEAP. Esse ruído foi do mercado, mas não. Abre-se a
possibilidade como convênio único do servidor público, que ele faça a opção de entrar na GEAP
ou ele possa ter a opção de escolher qualquer outro plano.
Até antes do Decreto, não se podiam fazer convênios com Órgãos Públicos porque
havia um impedimento. Quando houve o Decreto, abri-se a janela para fazer convênios com
órgãos, fundações e autarquias no guarda-chuva da União. Nesse período de dezembro a 28 de
fevereiro, muitos órgãos procuraram a GEAP. (Universidades, Autarquias) Antes do Decreto,
nós tínhamos cerca de 86 órgãos conveniados, depois do Decreto, nós incluímos mais 100.
Chegamos a ter quase 190 órgãos conveniados. A maioria sob, embaixo desse guarda-chuva da
União, um Convênio Único, Decreto da Presidente. Quando foi em fevereiro a OAB entrou
com a ADIN no Supremo Tribunal Federal, questionando o Convênio Único. É uma questão
que está sendo debatida, discutida no âmbito jurídico entre o governo, a União e a OAB.A
GEAP ficou como “o marisco na rocha”, entre “o mar e a rocha”. A GEAP não tem nenhuma
interferência nesse processo, ela está oferecendo um produto. Tem que deixar muito claro que
é um conflito entre União e OAB. Evidentemente que a OAB fez isso provocada por algum ator
social interessado, algum agente social interessado na questão do mercado, uma disputa de
mercado. Por que a OAB não tem plano de saúde. Ela compra, ela paga o plano de saúde de
várias Unimeds e outras operadoras.
O Ministro [do STF] Lewandowski, ele solta, ele assina, esqueci o termo jurídico,
uma liminar, um documento jurídico dizendo o seguinte: quem fez o convênio até o dia 28
permanece conveniado, a partir do dia 28, nenhum órgão, nenhum outro órgão pode fazer
convênio com a GEAP e tem que aguardar o julgamento do pleno no STF. Por isso, a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não fez o convênio com a GEAP. Deu o dia
28, a partir daí a GEAP estava tendo diálogo, negociação, quando veio a posição do Ministro e
impediu a entrada, como a Marinha, Aeronáutica e outros e outros órgãos. A Fluminense entrou,
a Universidade Federal Fluminense. Então, é, por isso que vocês não estão vendo essa
movimentação da GEAP na UFRJ. Como não houve convênio, nós vamos ter que concentrar
todo o trabalho, todo esforço, diálogo com os órgãos que estão conveniados. Mas eu espero que
a gente consiga, a União, melhor dizendo, consiga explicar no Supremo que não é aquilo que a
OAB propõe, que o Supremo libere que a gente vai claro, evidente buscar um entendimento
com a reitoria da UFRJ.
Quando foi dia 18 de outubro, nós fomos indicados para assumir a Diretoria
Executiva da GEAP, eu assumi, fui aprovado pelo CONAD, pelo Conselho, e montei a minha
141
diretoria. Desde a intervenção quando eu cheguei lá, nós, junto com o interventor, começamos
a estreitar o diálogo e aproximar as nossas atividades com a ANS. Por quê? Porque
infelizmente, anteriormente havia um entendimento ruim e eu mesmo lá em Pernambuco como
Gerente Estadual, eu tinha a leitura que não tinha uma, não havia uma sintonia. E quando eu
digo a sintonia, é no sentido de a GEAP então cumprir e seguir os normativos da ANS, pois já
falhavam nisso. Então, assim que houve a intervenção, assim que nós assumimos a diretoria,
nós abrimos todos os canais de diálogo com a ANS. Primeiro, para entender a ANS. Porque a
gente tinha uma dificuldade de entender a ANS, por conta de como era trabalhado isso dentro
da instituição. E segundo, para demonstrar à ANS que a partir daquele momento, e aí a gente
também demonstrou à ANS, que a nova diretoria da GEAP queria primeiro cumprir os
normativos da ANS, e segundo, dialogar no sentido de contribuir no aperfeiçoamento dos
documentos legais, das ferramentas de regulação, porque também nós tínhamos críticas, para
algumas críticas propositivas. No sentido de algumas ações da ANS.
Com o decorrer do tempo e das várias mesas de negociações, de diálogos com a
ANS, hoje a gente tem um canal muito bom e diálogo transparente, a gente se entende hoje.
Amanhã vem uma equipe da GEAP aqui na ANS discutindo as questões das DIOPS
[Documento de Informações Periódicas das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde], das
notificações que a ANS faz, que a gente tem dúvida e que a gente acha também um pouquinho
injusto, uns fatores de multiplicação e de determinação do peso de avaliação da operadora pela
DIOPS são subjetivas e temos que entender melhor. Então, para vocês verem como a gente está
em um nível muito elevado de diálogo. Mas, entendendo sempre que a agência é realmente o
órgão regulador, é um órgão que nós temos que seguir e acompanhar suas deliberações.
(Entrevistador) A GEAP tem programas de medicamentos?
[LC] Tem, nós temos duas ações nessa área.
[PT] Programa de auxílio financeiro para aquisição de remédios de alto custo e
quimioterápico.
[LC] Quimioterápico domiciliar, que foi implantado agora. Nós estamos ampliando
e qualificando. Deixa eu falar do primeiro, da aquisição de medicamentos: o beneficiário
compra o medicamento e apresenta a nota fiscal na GEAP e a GEAP restitui 50% do valor.
Existe uma relação de medicamentos, que são medicamentos caros.
O outro é o quimioterápico domiciliar. A gente já tem, inclusive ontem tivemos a
reunião da diretoria, reavaliando todo o processo, e nós temos disponibilizada essa medicação
quimioterápica, tem um rol de drogas e tem uma empresa que fornece esse quimioterápico para
os nossos beneficiários.
142
avistava lá no interior, aqui no Rio, no sertão, no Nordeste, na Amazônia, e precisava ter o seu
problema resolvido. Então, essas quatro, são as quatro maiores dificuldades que nós
encontramos. Para isso a gente fez o quê? Nós assumimos a direção e construímos o nosso
planejamento estratégico. Ele tem quatro eixos principais, quatro objetivos principais que
justamente vão tentar resolver esses quatro desafios.
(Entrevistador) Existe um documento do planejamento estratégico?
[LC] Existe. Ele foi construído coletivo, houve uma visita aos estados, junto com
outro assessor. Isso foi construído em 12 estados, até chegar no nível central. Do nível central,
depois a gente sistematizou. Fizemos um encontro nacional de gestores. Todos os gestores da
instituição. Validamos, aprovamos e levamos para o Conselho de Administração,
apresentamos, e o conselho deliberou e aprovou o planejamento estratégico. Ele é um
planejamento validado pelo CONAD, com todos os gestores da casa e todos os gestores da casa
assinaram o termo de responsabilidade e compromisso com o planejamento estratégico. Agora
em dezembro nós vamos fazer o encontro, para realinhar o planejamento para 2015, porque ele
é 2014/2015. Ele é bienal.
(Entrevistador) Como é que o senhor vê hoje, em relação as atividades da GEAP,
a regulamentação dos planos de saúde?
[LC] Primeiro, eu entendo que o processo de regulamentação e acompanhamento
é fundamental, porque tem que haver uma sistematização dessa área, senão cada um vai fazer
o que quer e daqui a pouco está um [...], então não dá para ser na vontade de cada um. Eu penso
que o desenho que está colocado hoje, não é equânime. Ele precisa ter esse balizador da
equidade, porque uma coisa é você regular uma operadora minimamente posicionada no
mercado como lucrativa e outra coisa é regular quem não é lucrativa, quem é sem fins
lucrativos. Porque quem não é, quem não tem lucro, ou seja, quem não visa o lucro, todo recurso
é devolvido para o seu beneficiário na forma de produtos e ações de atenção integral à saúde, é
essa a nossa missão hoje. Inclusive, só para complementar sobre como isso é tão diferente, o
governo federal abriu a possibilidade de convênios de empresas para realizarem os exames
periódicos de servidores, e a GEAP oferece esse produto para os órgãos e uma das nossas
diretrizes nesse sentido, é que todo valor arrecadado pela GEAP com exame periódico
ocupacional, ele tem que ser devolvido para os órgãos sob as formas de ações de promoção de
saúde. Então, é o que mostra que é uma operadora sem fins lucrativos. Você arrecada um
produto e faz a devolutiva com ações e estratégias de promoção em saúde. A gente instituiu
isso agora. Com esse novo momento da GEAP.
144
[PT] A diferença na verdade que eu acho que talvez seja a mais expressiva dessa
relação de regulação de um plano de autogestão, operadora de autogestão e de um plano
privado, é que diferentemente de um plano privado a gente não tem como segmentar, escolher
onde a gente vai atuar, pelo custo de mercado, pela dificuldade logística. Se tiver um
beneficiário da GEAP, alguém com direito à GEAP no interior do Amazonas, um só, a gente
tem responsabilidade pela missão da empresa, pelo perfil dela de atender esse único que estiver
lá. Tem que contratar o hospital, tem que fazer uma estrutura de saúde, por mais que sequer
exista. Então, diferentemente de um plano de saúde privado, que faz uma análise de viabilidade
financeira, de mercadológica, enfim, se o mercado está muito caro, mercado de São Paulo está
caro, eu tiro minha ação de lá e foco no Rio. A UNIMED está em queda, então eu vou
aproveitar. A GEAP não tem condição e nem interesse de fazer isso. Hoje a ANS está com o
perfil de ter, ela ainda está aprimorando uma série de normativas, uma série de questões que
vão contemplar este tipo de diferenciação entre as operadoras.
[LC] E tem aquela questão muito clara da seletividade, seleção, como eu já falei
anteriormente. A gente não discrimina idoso. Idoso na GEAP, a nossa faixa de cobrança de
mensalidades vai até 59 anos, a partir de 59 anos é um valor só. Então nós temos hoje 600
beneficiários com mais de 100 anos. Nós temos uma beneficiária no Amapá com 113 anos e
aqui no Rio também. A nossa equipe está aqui também para entrevistar esses centenários e a
gente vai fazer um trabalho com eles.
[PT] Só no Rio tem 120 [centenários].
[LC] Se você for somar os acima de 90 vai para mais de 1.500. A gente já está
desenvolvendo algumas atividades junto a essa população. Um zelo maior, um cuidado maior
com eles. Isso para nós é uma joia!
(Entrevistador) A questão dos 59 anos ocorre após 2004?
[LC]É, eu preciso checar isso aí. Porque a GEAP, anteriormente, ela trabalhava
com o desconto do percentual de salário.
(Entrevistador) As faixas de vocês eram uma só no contrato?
[PT] Não! É que cruzavam duas informações. Você tinha a faixa salarial e a faixa
etária. Então, cuidar de planos é uma tabela em que você vai cruzando tudo isso. Hoje em dia
não tem. O valor do plano é de acordo com a faixa etária, inclusive é como a própria ANS
define 59 anos é a última faixa. Já são oito faixas.
[LC] E os outros valores são bem menores.
145
buscando consultorias, por conta de que tem áreas que nós entendemos que precisam de
consultores como é o caso dessa modelagem da atenção integral à saúde.
(Entrevistador) Onde fica a Central de Atendimento?
[LC] Dentro da estrutura da GEAP, na sede em Brasília.
(Entrevistador) Isso significa que a pessoa daqui do Rio telefona e cai lá em
Brasília?
[LC]Cai lá, 0800. Tudo nosso!
(Entrevistador) Como é que vocês veem a perspectiva daqui para frente, no
horizonte de quatro, cinco, seis anos?
[LC] O cenário financeiro está resolvido para nós. O passivo que tínhamos já
resolvemos na rede, tínhamos um passivo alto, nós já equilibramos, já conseguimos atender à
resolução da ANS referente à reserva técnica. Nós já temos a reserva técnica garantida, estamos
superavitários. Ainda não é o superávit dos sonhos, mas falta pouco para que nos dê condições
para avançar mais, de implementar mais. Contratar, por exemplo serviços mais complexos.
Apesar que essa não é a prioridade nossa agora. A prioridade é implantar e implementar a
atenção primária na GEAP, que não existe.
(Entrevistador) Poderia explicar melhor como seria a estratégia de parcerias,
inclusive com o SUS, com vistas à atenção primária?
[LC] O modelo de assistência da GEAP é um modelo curativo, é um modelo focado
na urgência e a nossa porta de entrada hoje ainda é a urgência o que é, ir para a morte! No
sentido institucional. Não se sustenta uma operadora de planos de saúde focada na urgência e
curativo. Nós estamos elaborando nossa proposta, nós iniciamos com os nossos profissionais
internos, que têm informação na área e experiência. Já elaboramos um modelo piloto e agora a
gente está trazendo, agregando um consultor para aperfeiçoar aquilo que a gente pensou e
elaborou. Então, a ideia nossa é que em 2015 a gente possa já estar implementando esse modelo.
Esse modelo pretende ir para dentro dos domicílios e dentro dos ambientes do trabalho, ou seja,
levar a atenção para o domicílio e para o ambiente do trabalho. Nós já estamos fazendo isso de
uma forma pontual, não sistematizando como um modelo. Mesmo pontual está dando um
excelente resultado. Os servidores públicos estão satisfeitos, vendo a GEAP no seu órgão
disponibilizando psicólogo, disponibilizando cardiologista, um eco, um clínico geral. A gente
já está fazendo algumas experiências.
Laboratórios pequenos para ver como é a receptividade principalmente e a
satisfação que isso dá para o nosso [beneficiário], então, a gente entende que quando o modelo
estiver pronto e fizer realmente o seu papel, vai ser um...
147
(Entrevistador) Mas, nesse caso, no domicílio seria essa parceria com o SUS?
[LC] Não, as equipes serão nossas. As parcerias seriam em termos do diálogo e
disponibilidades de informações, não de profissionais. Aliás, os profissionais terão que ser da
GEAP.
[PT] É um intercâmbio de informações, da parte técnica.
[LC] Por sinal na elaboração do piloto desse projeto, nós já tivemos a participação
do Ministério da Saúde, a equipe profissional especialista do Ministério da Saúde foi lá, fez
todo um debate com o nosso grupo técnico, tivemos a participação de outros profissionais,
tivemos a participação de uma médica da família com uma experiência de coordenar a equipe,
fez uma discussão com o nosso pessoal e a coisa está indo, está andando, saímos da fase
embrionária para a fase fetal.
(Entrevistador) Com a chegada do capital estrangeiro, compra da Amil pela
United Health, vocês estão usando isso como variável para construção do cenário futuro ou
não?
[LC] Sim! Porque o que se coloca hoje para o servidor público é ele fazer opções,
ou melhor, ele ter opções de escolha de planos de saúde. Então, nós sabemos, por exemplo, que
existem corretoras de planos de saúde que estão oferecendo planos para os servidores e eles
podem tanto tirar beneficiários da GEAP, desses planos, como podem também chegar primeiro
no servidor e trazê-lo para o plano e a gente só chegar depois e não ter mais [...] ou ter que fazer
um esforço muito grande para trazê-lo, para tirá-lo [...] Aí é o mercado. Sensibilizá-lo do que a
GEAP é mais barata, a GEAP está oferecendo outros produtos, e ele sair do plano privado e vir
para o plano da GEAP. Assim, a gente avalia isso. E sabemos que tem corretoras fortíssimas
fazendo este trabalho.
(Entrevistador) Vocês têm alguma estratégia para atuar, para se proteger? Ou
essa é apenas uma variável?
[LC] Temos! O fortalecimento da rede. A qualificação da nossa rede. Temos
absoluta certeza de que com a implementação da atenção primária, isso vai dar um salto muito
grande de qualidade em termos, não só de qualidade, mas de estar muito mais perto do servidor.
muito forte no servidor público. Agora, o servidor público com menos de 50anos. Saudável!
Sem doenças preexistentes!
(Entrevistador) E o tamanho do mercado? Vocês acham que está bom? Está
grande? Qual a sua opinião sobre o ressarcimento ao SUS?
[LC] Nós fazemos o ressarcimento ao SUS por posicionamento em direção da
empresa, nós entendemos que devemos fazer o ressarcimento porque se ele não foi atendido na
rede, foi atendido no SUS e usou os recursos, os insumos, por que não fazer o ressarcimento?
A gente só precisa discutir um pouquinho o valor da tabela, ela é pesada. Mas, quanto a isso a
gente já pratica. E é uma posição de diretoria, do conselho de fazer esse ressarcimento.
(Entrevistador) Vocês acham que o mercado de planos de saúde é grande, ele é
pequeno, deveria ter este tamanho, deveria ser menor, deveria ser maior?
[LC] Aí, é muito complexo. Eu sou defensor do SUS, eu participei da construção
do SUS e eu acho que o tamanho do mercado e como o mercado flui depende muito de como o
SUS se apresenta, se comporta. Então, penso que o SUS tem avançado, mas se nós tivéssemos
avançado mais, com certeza este mercado não estaria desse tamanho que ele está. Então para
nós, quanto mais o SUS melhorar e atingir as suas metas e seus objetivos, para nós é um sucesso.
Acho que tem muita operadora no mercado, demais! De todo tamanho, para todo gosto, para
todos os interesses. Eu acho que ele vai além do que deveria.
[PT] É interessante resgatar o histórico da própria ANS. Até então, até a ANS ser
criada, até na verdade ela evoluir para os mecanismos de controle, regulação. A redução que se
teve com o período histórico dessa criação, a quantidade de planos de saúde que se tinha e o
que ficou, chegou a reduzir a quase um quinto, a um décimo, um número bastante expressivo.
Isso até como sugestão resgatar a história da própria ANS, nesse comparativo. Acho que
qualifica o mercado de certa forma, como o Luís Carlos estava falando, de a gente ter muitas
operadoras até certo ponto oportunistas ou, enfim, não tão estruturadas, mas que vão de
encontro à característica do setor. Fazendo um comparativo por exemplo com a ANAC
[Agência Nacional de Aviação Civil], por exemplo, tinha uma segmentação no mercado de
companhias aéreas VARIG, VASP, a Transbrasil quebrou, agora entrou a GOL, a Azul, ter uma
quantidade X de empresas é importante, porque você consegue ter um nível de competitividade,
o preço vai ficar estabilizado, mas em contrapartida também pode ter esta outra situação que é
o que acontecia no cenário dos planos de saúde até 1998, 1999. Enfim antes dos anos 2000 foi
quando a ANS foi criada. O tamanho do mercado é muito complexo, além dessa situação de ser
dever do Estado, na Constituição, oferecer acesso à saúde ao cidadão brasileiro, é uma
responsabilidade, mas também a mesma Constituição permite que o cidadão tenha a escolha de
150
quem vai tratar dele. O Estado oferece, mas se eu quiser uma terceira opção eu também tenho.
É muito complexo!
(Entrevistador) Como vocês avaliam a política fiscal de dedução de gastos com
plano de saúde para pessoa física? E o subsídio para empresas de planos de saúde, benefício
fiscal? E as linhas de créditos do BNDES para empresa do setor?
[LC] É uma questão que precisa ser aprimorada, mas o que nós entendemos e
pensamos é que, nessa questão em que entram a questão fiscal, benefícios, tem que ser uma
ação em que, se aprimore também a atenção primária. Porque o que a gente vê é uma atenção
que se dá para se construir mais a alta complexidade. Então, o foco tem que ser invertido, nós
temos muitos tomógrafos e equipamentos centralizados em áreas [...]
Fim da gravação.
RESUMO
Os servidores públicos e suas instituições conformam um dos importantes segmentos de
demandas e ofertas de esquemas assistenciais de saúde no Brasil. Mesmo após a
Constituição de 1988, que instituiu o sistema público de saúde, vêm sendo estabelecidos de
modo crescente quadros institucionais, regulatórios e normas políticas que criaram modelos
duplicados de atenção à saúde e esquemas suplementares de serviços de saúde destinados a
esse público. Objetiva-se neste trabalho comparar as mudanças nos padrões de cobertura
dos planos de saúde entre servidores públicos, militares e demais trabalhadores no Brasil e
verificar se a vinculação a planos de saúde por esses grupos populacionais repercute nas
respectivas prevalências autorreferidas de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes
Mellitus (DM) no país. Para isso, utilizou-se a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios
(PNADs) dos anos de 1998, 2003 e 2008. Foi realizado também um estudo descritivo dos
trabalhadores do setor público (federal, estadual, municipal ou militar) e, para comparação, dos
outros trabalhadores, com 18 anos ou mais, e investigada a posse de plano privado de saúde e
sua relação com as morbidades referidas, ou seja, Diabetes Mellitus (DM) e Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS). Ao longo dos anos de estudo, os servidores públicos civis e militares
do Brasil apresentaram elevada e crescente proporção de adesão aos planos de saúde em relação
aos demais trabalhadores. Observa-se que as prevalências dessas duas condições de saúde
sempre foram maiores entre os servidores com planos de saúde, sugerindo a associação entre
planos de saúde e a maior prevalência de HAS e DM entre os trabalhadores civis. Essa política
dar um status diferenciado aos servidores públicos e militares, no que se refere ao acesso aos
serviços de saúde, reflete-se nas prevalências autorreferidas das morbidades estudadas. Em
contrapartida, favorece as iniquidades em saúde diante de um sistema público promulgado
constitucionalmente.
152
ABSTRACT
Civil service and its employees make up one of Brazil’s most important segments of demand
and supply for health care programs. Even after the Constitution of 1988, which set up the
public health system, there has been an increased establishment of political norms, as well as
regulatory and institutional frameworks, all of which have created duplicate health care models
and supplementary health care schemes to that particular group. The aim is to compare changes
in coverage patterns from health insurance plans among public servants, the military and other
employees in Brazil and to verify if the purchase of health plans by these groups is reflected in
their self-reported prevalence of Systemic Hypertension (SH) and diabetes mellitus (DM) in
Brazil. The 1998, 2003 and 2008 editions of the National Household Sample Survey (PNAD)
were used. We carried out a descriptive study of employees in the public sector (federal, state,
municipal or military), and for comparison purposes, other workers aged 18 or more; and
investigated health insurance ownership and its relation to the reported morbidities – Diabetes
Mellitus (DM) and Systemic Hypertension (SH). Over the years of the study, Brazil’s public
service employees, both civilian and military, have presented a high and increasing proportion
of health insurance purchase compared to other workers. The study observed that the prevalence
of these two conditions were always higher among employees with health insurance, suggesting
an association of health plans with higher prevalence of SH and DM among civilian workers.
This policy grants a peculiar status to public servants and the military as regards access to
healthcare services, and reflects itself on the self-reported prevalence of the morbidities studied.
On the other hand, it favors health inequities in a public system constitutionally enacted.
Introdução
Métodos
População de estudo
cinco anos, que fornece algumas informações acerca da saúde da população brasileira.Nesse
estudo, foram selecionados os trabalhadores do setor público (federal, estadual, municipal ou
militar) e também, para comparação, os outros trabalhadores, com 18 anos ou mais, na semana
de referência para coleta da amostra. Foram entrevistados 133.811, 158.290 e 175.944
indivíduos em 1998, 2003 e 2008, respectivamente.
Variáveis estudadas
Análise estatística
Resultados
trabalhadores, com exceção para os militares, ficando estável e bem inferior aos demais.
Verificou-se também que os servidores civis referiram-se mais à HAS do que os demais
trabalhadores, em todos os anos. Essas prevalências foram sempre maiores entre servidores
estaduais ou municipais do que entre os de vínculo federal. Já para DM, também se verificou o
crescimento ao longo dos anos estudados da prevalência autorreferida dessa morbidade, que
praticamente duplicou entre 1998 e 2008. A prevalência entre os servidores civis e outros
trabalhadores foi praticamente a mesma em todos os anos, chegando a aproximadamente 3,5%,
em 2008. No entanto, embora tenha crescido entre os militares, a referência de DM é
aproximadamente a metade dos demais servidores e trabalhadores estudados.
Por fim, a Tabela 3 refere-se à prevalência autorreferida de HAS e DM, segundo a
posse de plano de saúde, dos trabalhadores em estudo nos anos 1998, 2003 e 2008. Verificou-
se que a HAS e o DM foram mais referidos em todas as categoriais de trabalhadores com posse
de planos de saúde do que sem plano, nos três anos de análise. Entre os outros trabalhadores,
as prevalências foram praticamente as mesmas entre os que estão vinculados ou não ao plano
de saúde. A prevalência da HAS, em todos os anos, foi maior entre os servidores estaduais ou
municipais que possuem plano de saúde, variando de 13,0%, em 1998, a 17,6%, em 2008. No
último ano, maiores prevalências foram encontradas entre os servidores estaduais ou municipais
(4%) e federais (3,8%), com plano de saúde.
Discussão
acionadas estratégias corporativas e políticas para conceder benefício financeiro para o custeio
parcial de planos e seguros de saúde com empresas de autogestão, por meio de convênios, ou
com a iniciativa privada, por meio de contratos.
Nesse sentido, os servidores públicos federais têm a opção de aderir a uma
autogestão, caso o órgão ao qual ele esteja vinculado for patrocinador, ou contratar diretamente
um plano e seguro de saúde privado, por meio de convênio com suas associações
representativas, no qual é ressarcido pelo Estado de parte do valor pago (variando de acordo
com a idade e a faixa de remuneração) (SARMENTO; PRAZERES, 2010; BAHIA;
SCHEFFER, 2010). Já os servidores públicos estaduais e municipais possuem instituições de
previdência e assistência administradas por instituições públicas da esfera estadual ou
municipal, tendo como base de financiamento a contribuição obrigatória dos empregados, com
ou sem coparticipação. Podem contratar planos e seguros privados de saúde coletivos,
financiados pelos mesmos, por meio de convênio com suas associações representativas ou por
intermédio de Administradoras de Benefícios de Saúde e planos e seguros de saúde, ou serem
atendidos por profissionais liberais contratados pelo Estado.
No caso dos militares, além de possuírem um sistema exclusivo de saúde, podem
contratar planos e seguros privados de saúde coletivos, financiados pelos mesmos, por meio de
convênio com suas associações representativas ou diretamente com órgão ao qual estão
vinculados. Esse acesso diferenciado à saúde, com o estímulo do poder público, traz a esses
servidores vantagens suplementares no acesso a serviços, ações e equipamentos de saúde, além
do oferecido pelo SUS, o que permite a eles maior atenção aos seus problemas e necessidades
de saúde, podendo alterar o padrão de distribuição de doenças crônicas (BAHIA, L. et al, 2002).
Assim, a lógica da privatização dos serviços de saúde foi instalada no próprio centro
da administração pública, através da contratação de serviços de saúde prestados pela iniciativa
privada e concedendo benefícios (reembolsos e contrapartidas), constituindo-se num paradoxo,
pois o Estado é responsável pela execução de serviços públicos de saúde a toda a população
(BRANDÃO, 2007).
Foi observado um importante e crescente gradiente da prevalência de HAS e DM
no Brasil, sendo visível o aumento independentemente da vinculação a plano de saúde. A
hipertensão teve, em todos os anos e grupos de estudo, maiores prevalências que a DM. Em
geral, a diferença entre essas prevalências foi cinco vezes maior. Diversos trabalhos
demonstram que esse padrão de crescente prevalência de condições crônicas no Brasil é
esperado, dadas as transformações epidemiológica, demográfica e nutricional que o país vem
experimentando ao longo das últimas décadas (BARRETO; CARMO, 2007; SCHIMIDT et al.,
161
2011). Essas morbidades situam-se entre os principais problemas de saúde global e representam
uma ameaça à saúde e ao desenvolvimento humano e, por isso, tornaram-se a principal
prioridade na área da saúde no Brasil (MALTA et al., 2014; SCHIMIDT et al., 2011). Contudo,
observa-se que as prevalências dessas duas condições de saúde sempre foram maiores entre os
servidores que têm planos de saúde, sugerindo a associação entre planos de saúde e a maior
prevalência de HAS e DM entre os trabalhadores civis.
Em virtude de o presente estudo tratar de prevalência autorreferida, o fato de relatar
mais doença poderia ocorrer devido ao maior acesso aos serviços de saúde e, portanto, maior
conhecimento sobre sua condição de morbidade. Verificou-se que, em geral, pessoas vinculadas
a planos de saúde referiram-se mais a doenças do que o restante da população. O fato de estar
vinculado a plano parece influenciar esse padrão observado, uma vez que favorece o uso de
serviços de saúde (diagnóstico, consultas e tratamento) e pode permitir maior detecção precoce
dessas morbidades, em relação aos demais servidores sem plano de saúde (NOVAIS;
MARTINS, 2016; KILL, 2012). Além disso, indivíduos que têm conhecimento de seus riscos
e condições de saúde a priori podem procurar, por este motivo, obter planos privados de saúde,
fenômeno conhecido como seleção adversa (BAHIA, L. et al, 2002; KILL, 2012; BAHIA;
SOUZA, 2014). Esse acesso suplementar impacta na identificação de doenças e faz com que os
beneficiários de planos de saúde façam mais consultas e procurem mais serviços de saúde
(KILL, 2012; BAHIA; SOUZA, 2014).
Por outro lado, militares representaram o grupo de trabalhadores mais saudáveis e
de menor prevalência das duas morbidades investigadas. Em virtude das características
inerentes de seleção dos sujeitos que compõem as forças armadas, esses resultados indicam que
essa população, por ser mais jovem e presumidamente realizar maior atividade física, inerente
às características da prática militar, tende a ter menor prevalência de HAS e DM.
Já os outros trabalhadores, mesmo com posse de plano de saúde, apresentaram
prevalência dessas doenças menor do que os demais grupos de trabalhadores na mesma
condição. Esse cenário observado pode estar associado ao padrão dos planos consumidos por
essa população.
Cabe ressaltar que os resultados deste estudo estão sujeitos ao viés do trabalhador
saudável, que apresenta prevalências de doenças menores do que o restante da população, pois
indivíduos mais saudáveis contratados para trabalhar nas empresas tendem, portanto, a
apresentar condições de saúde melhores do que os não trabalhadores (WERNECK,2004). Em
estudo realizado nas capitais brasileiras, utilizando HAS autorreferida, encontrou-se uma
prevalência de 23,9% em toda a população acima de 18 anos, em 2008 (Andrade et al., 2014).
162
Na PNAD 2008, a prevalência de HAS autorreferida foi de 19,9% e de Diabetes foi de 5,1%,
em toda a população, maiores do que o encontrado entre os trabalhadores selecionados para
este estudo. Entretanto, por se tratar de prevalência autorreferida, a proporção de pessoas que
tiveram diagnóstico prévio e se declaram doentes pode estar refletindo indiretamente no acesso
aos serviços de saúde. Ainda assim, esses resultados são relevantes, principalmente por se tratar
da avaliação das morbidades e plano de saúde ao longo do tempo.
Essa pesquisa demonstra que a frequência de vinculação com plano de saúde foi
elevada e ainda continua a crescer no Brasil entre os trabalhadores civis e militares. E, ainda,
que essa proporção é muito maior que nos demais trabalhadores, sugerindo que as ações
governamentais têm obtido êxito em estimular a aquisição de planos de saúde como forma de
garantir cobertura de saúde a esses grupos. Essa maior posse de plano de saúde tem estimulado
essa população a usar serviços de saúde e a identificar a presença de morbidades, favorecendo
o conhecimento do seu estado de saúde.
Essa política de dar um status diferenciado aos servidores públicos e militares, no
que se refere ao acesso aos serviços de saúde, reflete-se nas prevalências autorreferidas das
morbidades estudadas. Em contrapartida, favorece as iniquidades em saúde, diante de um
sistema público promulgado constitucionalmente. Logo, essa pesquisa aponta a necessidade de
rediscutir o modelo de assistência ao servidor público e militar, especialmente em relação ao
financiamento e provisão de serviços. O estudo contribui para a discussão das controversas
relações entre o mix público e o privado no sistema de saúde brasileiro e para uma agenda
ampliada de pesquisas sobre reformas políticas com impactos na saúde.
Colaboradores
CLF Cunha e BLCA Oliveira trabalharam na escrita, na revisão e na redação final do artigo.
JPL Moreira trabalhou na escrita, na construção das figuras e tabelas, na revisão e na redação
final do artigo. L Bahia e RR Luiz trabalharam na concepção, na escrita e na revisão final do
artigo.
163
Referências
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análise das informações da PNAD/98. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4,
p. 671-686, 2002.
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assistência médica suplementar no Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2010.
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the empirical evidence. Health Policy, Limerick, v. 106, n. 1, p. 60-75, 2012.
LUZ, M. T. Natural, racional, social: razão médica e racionalidade científica moderna. Rio
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MALTA, D.C. et al. Mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil e suas
regiões, 2000 a 2011. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, DF, v. 23, n. 4, p. 599-
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MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 28. ed, São Paulo: Malheiros, 2003.
MOREIRA, J. P.L. et al. A saúde dos trabalhadores da atividade rural no Brasil. Cad. Saúde
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POSSAS, C. A. Saúde e trabalho: a crise da previdência social. Rio de Janeiro: Graal, 1981.
Tabela 1: Características socioeconômicas e demográficas dos servidores públicos (federais, estaduais, municipais, militares) e outros trabalhadores no Brasil nos
anos de 1998, 2003 e 2008.
Área do trabalho
1998 2003 2008
Características demográficas
Estaduais ou O utros Estaduais ou O utros Estaduais ou O utros
Federais Militares Federais Militares Federais Militares
municipais trabalhadores municipais trabalhadores municipais trabalhadores
Sexo
Masculino 65,9% 41,8% 97,4% 47,9% 58,3% 40,6% 98,5% 61,1% 56,6% 39,8% 96,9% 59,9%
Feminino 34,1% 58,2% 2,6% 52,1% 41,7% 59,4% 1,5% 38,9% 43,4% 60,2% 3,1% 40,1%
Faixa etária
18 a 39 anos 53,0% 57,2% 86,0% 62,2% 45,1% 51,9% 85,0% 61,1% 41,6% 48,0% 82,0% 58,2%
40 a 59 anos 45,0% 39,7% 13,5% 31,3% 51,9% 44,2% 14,3% 32,5% 53,7% 47,7% 17,3% 34,9%
≥ 60 anos 2,0% 3,1% 0,5% 6,5% 3,0% 3,9% 0,7% 6,4% 4,7% 4,3% 0,7% 6,9%
Região metropolitana
Região metropolitana 34,3% 26,8% 52,0% 31,9% 48,5% 27,6% 52,6% 31,5% 51,7% 25,3% 49,6% 32,3%
Fora de região metropolitana 65,7% 73,2% 48,0% 68,1% 51,5% 72,4% 47,4% 68,5% 48,3% 74,7% 50,4% 67,7%
Faixa de rendimento mensal de todas as fontes
Sem rendimento até 1 salário mínimo 24,5% 14,5% 8,5% 47,6% 4,2% 14,6% 16,6% 32,6% 5,2% 16,1% 11,9% 33,4%
De 1 a 5 salários mínimos 24,1% 53,1% 36,9% 37,5% 40,2% 62,0% 44,9% 55,3% 45,4% 64,5% 56,4% 56,7%
> 5 salários mínimos 51,4% 32,4% 54,6% 14,9% 55,6% 23,4% 38,5% 12,1% 49,4% 19,4% 31,7% 9,9%
Proporção de rendimento mensal do trabalho
principal em relação ao rendimento por todas as
fontes
Renda de todas as fontes = renda principal 68,3% 77,9% 91,7% 78,5% 80,8% 76,5% 93,5% 77,3% 82,6% 75,9% 94,3% 77,8%
Entre 99,9% e 50% 15,2% 15,5% 7,1% 8,7% 14,9% 17,3% 5,9% 9,7% 13,3% 18,2% 4,8% 10,3%
< 50% 16,5% 6,6% 1,2% 12,8% 4,3% 6,2% 0,6% 13,0% 4,1% 5,9% 0,9% 11,9%
Anos de estudo
Sem instrução ou menos de 1 ano de estudo 19,4% 5,5% 0,0% 16,1% 0,4% 3,5% 0,0% 11,2% 0,6% 2,4% 0,2% 8,9%
1 a 7 anos de estudo 17,9% 23,5% 9,0% 45,9% 5,2% 16,8% 6,6% 41,4% 3,6% 12,1% 5,8% 33,9%
≥ 8 anos de estudo 62,7% 70,7% 90,5% 37,7% 94,3% 79,5% 93,4% 47,2% 95,7% 85,3% 94,0% 57,0%
Não determinado 0,1% 0,4% 0,5% 0,3% 0,1% 0,3% - 0,2% 0,1% 0,1% - 0,2%
*A faixa de rendimento por salários mínimos foi calculada utilizando o valor do salário nos respectivos anos. 1998=R$130,00, 2003=R$240,00, 2008=R$415,00
167
Tabela 2: Prevalência autorreferida de posse de plano de saúde dos servidores públicos e de outros
trabalhadores, nos anos de 1998, 2003 e 2008.
Tabela 3: Prevalência autorreferida de Hipertensão Arterial Sistêmica e de Diabetes Mellitus dos servidores
públicos e de outros trabalhadores, segundo posse de plano de saúde,nos anos de 1998, 2003 e 2008.
20%
18%
15,6% 16,3%
16%
13,6% 14,3% 13,9%
14%
12,6% 12,7%
11,9%
12%
9,9% 1998
10%
2003
8%
2008
6%
3,4% 3,5% 3,5%
4%
2%
0%
Federal Estadual/Municipal Militar Outros
trabalhadores
Figura 1: Prevalência autorreferida de Hipertensão Arterial Sistêmica dos servidores públicos e de outros
trabalhadores, nos anos de 1998, 2003 e 2008.
170
5%
4%
3,6%
3,5%
3%
3%
2,5%
2,4% 1998
2,2%
2,1%
1,8% 1,7% 2003
2%
1,4%
2008
1%
,7%
,1%
0%
Federal Estadual/Municipal Militar Outros
trabalhadores
Figura 2: Prevalência autorreferida de Diabetes Mellitus dos servidores públicos e de outros trabalhadores,
nos anos de 1998, 2003 e 2008.
171
ANEXOS
172