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EXMO(A). SR(A). JUIZ(A). FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL


FEDERAL DA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BELO HORIZONTE

THAIS MOTA COELHO DOS SANTOS , inscrito no CPF


126.442.566-07, 18.636.480, residente e domiciliado na Rua Mario
Filho, nº 259, na cidade de Belo Horizonte, 31235180, vem à
presença de Vossa Excelência, com fundamento na Constituição
Federal, ART. 201, e na Lei 8213/91, ART. 42 e 59 da Lei 8213/91,
por seu procurador, propor

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO


Auxílio-Doença - Gravidez de risco

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL


(INSS), autarquia Federal, localizada pelos fundamentos fáticos e
jurídicos que passa a expor:
BREVE SÍNTESE DA DEMANDA

A Autora é segurada vinculada ao RGPS, e durante sua gestação foi


diagnosticada com ________ , o que a acomete a uma gravidez de risco - Vide
atestados e laudos médicos em anexo.

Por estar impedida de trabalhar, a Autora requereu junto ao INSS


auxílio-doença, o que foi negado sob os seguintes argumentos: ________ .

O que deve ser revisto, por cumprir os requisitos legais, quais


sejam:

QUALIDADE DE SEGURADO (art. 11 - 13; 102):


Vínculo ao INSS, uma vez que da última contribuição não
ocorreu a perda da qualidade de segurado, conforme
provas em anexo;

INCAPACIDADE (art. 59; 42; 62 e 86): Doença


________ , confirmando uma GRAVIDEZ DE
RISCO, conforme laudos que junta em anexo

CARÊNCIA (art. 26, II): Dispensa da exigibilidade de


carência pelo estado comprovado de gravidez de risco,
enquadrado no fator de gravidade que merece tratamento
particularizado nos termos do Art. 26, inc. II da Lei 8.213.
Razões pelas quais motivam a presente demanda.

DO DIREITO

Nos termos da Lei nº 8.213/91, para a concessão de benefício por


incapacidade, seria necessária a presença de três requisitos: QUALIDADE DE
SEGURADO (art. 11 - 13; 102), INCAPACIDADE (art. 59; 42; 62 e 86) e
CARÊNCIA (art. 24; 25, I).

Ocorre que, apesar de preencher os dois primeiros requisitos, a


carência exigida não foi atingida, o que não impede à concessão do benefício
pleiteado, vejamos:

Dispõe o art. 26 da lei 8.213/91:

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes


prestações:
(...)
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos
de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença
profissional ou do trabalho, bem como nos casos de
segurado que, após filiar-se ao RGPS, for
acometido de alguma das doenças e afecções
especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da
Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três)
anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação,
mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam
tratamento particularizado; (redação dada pela Lei nº
13.135, de 2015)

Ou seja, pelo teor do inciso II do referido diploma, existe uma


flexibilização à isenção de carência também para os casos pela "especificidade e
gravidade que mereçam tratamento particularizado".

Portanto, diante de uma cláusula genérica que permite a análise


casuística, não há razão para deixar de fora a proteção à maternidade,
especialmente à gestante direito constitucional amplamente reconhecido.

Assim, à luz da proteção constitucional a fim de garantir proteção


a quem estiver em situação excepcionalmente gravosa, tem-se por inarredável o
direito da Autora, em socorrer-se da previdência pela proteção ao bem maior: a
vida que gera em seu ventre.

Em recente decisão sobre o tema, o Juiz Federal, Dr. Bruno Risch


Fagundes de Oliveira ao exaltar a proteção à maternidade como dever das
instituições e operadores do Direito, destaca:

"Com efeito, a Constituição Federal previu,


no capítulo destinado à Previdência Social, a proteção à
maternidade, especialmente à gestante (art. 201,
II), como um dos pilares a serem respeitados pelo
legislador e pelos aplicadores da lei, de forma que,
com mais razão ainda, deve-se prestigiar
interpretação que salvaguarde o interesse de
gestantes em situação de alto risco. Caso contrário,
estar-se-á amparando a possibilidade de exercício de
trabalho em condições suscetíveis à majoração de risco
de problemas graves de saúde ou parto prematuro, o que,
certamente, não foi o desejado pelo Poder Constituinte."
(JFRS 17ª Vara Federal de Porto Alegre - Ação Civil
pública Nº 5051528-83.2017.4.04.7100/RS)

Sobre o tema, inclusive, sobressaem alguns precedentes:

EMENTA:PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA.
CARÊNCIA. GRAVIDEZ DE RISCO. DISPENSA.
Manutenção da sentença que concedeu o auxílio-
doença, pois a dispensa da carência prevista no
artigo 26 da LBPS deve se estender a casos como o
presente em que havia gravidez de risco. (TRF4
5040895-46.2017.4.04.9999, SEXTA TURMA, Relator
JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, juntado aos autos em
26/02/2018)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. CARÊNCIA.


IMPUGNAÇÃO NO RECURSO DE FUNDAMENTO NÃO
UTILIZADO NA SENTENÇA. GRAVIDEZ DE ALTO
RISCO. INEXIGIBILIDADE DE CARÊNCIA. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO.(...) 2 -
O "quadro de gestação de alto risco exime a
segurada da Previdência Social da necessidade do
cumprimento do período de carência para a
concessão do benefício de auxílio-doença'
(5000846-63.2013.404.7004, Turma Regional de
Uniformização da 4ª Região, Relatora Luciane Merlin
Clève Kravetz, juntado aos autos em 20/06/2014) 2.
Incidente provido. (5006699-24.2012.404.7122, TURMA
REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO,
Relator JOSÉ ANTONIO SAVARIS, juntado aos autos em
14/10/2014). 3 - Recurso parcialmente conhecido e
desprovido. (TRF-4 - RECURSO CÍVEL:
50181894620164047205 SC 5018189-46.2016.404.7205,
Relator: LUÍSA HICKEL GAMBA, Data de Julgamento:
10/10/2017, PRIMEIRA TURMA RECURSAL DE SC)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. REMESSA


OFICIAL. CONHECIMENTO. SEGURADA GRÁVIDA.
COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA GESTAÇÃO.
CARÊNCIA. DISPENSA. ART. 26, II DA LEI 8.213/91.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ATUALIZAÇÃO
MONETÁRIA. ADEQUAÇÃO. CUSTAS. ISENÇÃO. (...) II.
Considerando-se que a gestante tem proteção
previdenciária especial garantida pela
Constituição Federal, não pode ser-lhe exigida a
carência para a concessão de auxílio-doença, em
se tratando de complicações decorrentes de seu
estado. Em tal hipótese, verifica-se a presença de fator
que confere "especificidade e gravidade" e que recomenda
o "tratamento particularizado", consoante previsto no
inciso II do artigo 26 da Lei 8.213/91. Precedente da 3ª
Seção. III. Adequados os critérios de atualização
monetária. IV. O INSS é isento do pagamento de custas
processuais quando demandado no Foro Federal e na
Justiça Estadual do Rio Grande do Sul. (TRF4, AC
0012953-95.2015.4.04.9999, QUINTA TURMA, Relator
ROGERIO FAVRETO, D.E. 09/03/2016)

Razões pelas quais, sendo suficientes e bastante para que seja


deferida a concessão do auxílio-doença.

TUTELA DE URGÊNCIA
Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo."

No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados,


vejamos:

DA PROBABILIDADE DO DIREITO: Como ficou


perfeitamente demonstrado, o direto do Autor é caracterizado pela
demonstração inequívoca da veracidade dos argumentos exordiais, uma vez que
com as provas documentais juntadas em anexo é possível confirmar que todos
os requisitos estão preenchidos, sendo iminente a necessidade da obtenção da
tutela, deve o magistrado deferir antecipadamente o objeto postulado.

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para


aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há


racionalidade em obrigar o autor a esperar o tempo
necessário à produção da provas dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se
desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à
prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente o
beneficia." (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de
Urgência e Tutela da Evidência. Editora RT, 2017. p.284)

DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO: Trata-se


de benefício de caráter alimentar que garante a digna sobrevivência
do Autor.
Assim, é cristalino o risco de ineficácia do provimento final da lide,
exatamente por estar a parte Autora desprovida de qualquer fonte
de renda e, por consequência, de manter a digna subsistência, o que já
vem sendo reconhecido em caráter liminar pelos tribunais:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE


INTRUMENTO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-
DOENÇA. REQUISITOS PREENCHIDOS. TUTELA
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA DEFERIDA.
Evidenciados nos autos a probabilidade do direito
e o perigo de dano, deve ser deferida a tutela de
urgência, determinando-se a imediata
reimplantação do benefício de auxílio-doença em
favor da parte agravante. (TRF4, AG 5072526-
32.2017.4.04.0000, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR
DE SC, Relator CELSO KIPPER, juntado aos autos em
28/05/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DOS


EFEITOS DA TUTELA BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
DEMONSTRADOS OS REQUISITOS LEGAIS
NECESSÁRIOS À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. TUTELA
ANTECIPADA CONCEDIDA. 1. A tutela antecipada, via de
regra, deve ser concedida após a oitiva da parte contrária.
Contudo, a sua concessão inaudita altera parte não é
vedada em nosso ordenamento jurídico e pode ser deferida
nos casos em que o juiz verificar que o prazo de resposta
possa implicar em risco de perecimento do direito
invocado, como é a hipótese de deferimento de benefício
previdenciário do qual a parte necessite para sobreviver. 2.
A antecipação da tutela é medida excepcional, pois
realizada mediante cognição sumária. Desta forma, a fim
de evitar a ocorrência de prejuízos à parte que sofre
antecipadamente os efeitos da tutela, o Juízo deve buscar
aplicar tal medida com parcimônia, restringindo-a apenas
àqueles casos em que se verifique a verossimilhança da
alegação e a urgência da medida, sob pena de dano
irreparável ou de difícil reparação. 3. O benefício
previdenciário do auxílio-doença é regido pelo art. 59 da
Lei nº 8.213/91. Da leitura do aludido artigo conclui-se
que, para fazer jus ao benefício pleiteado, deverá a parte
autora satisfazer cumulativamente os requisitos
mencionados: incapacidade e carência, quando for o caso;
qualidade de segurado e não ser portador da doença
incapacitante ao ingressar no RGPS. 4. Presente a
verossimilhança nas alegações autorais e não
havendo nos autos comprovação de que a parte
autora possua renda suficiente para prover sua
própria subsistência, restando evidenciada a
presença do periculum in mora no caso concreto
(STJ, 1ª Turma, AgRG na MC 20209, Rel. Min.
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 13.6.2014), a
tutela antecipada deve ser concedida. 5. Agravo de
instrumento provido. O benefício do auxílio-doença
deverá ser concedido e mantido até o julgamento de
mérito pelo Juízo a quo (art. 60, § 8º e parágrafo único, da
Lei 8.213/91). (TRF2, Agravo de Instrumento 0001178-
59.2018.4.02.0000, Relator(a): ROGERIO TOBIAS DE
CARVALHO, 2ª TURMA ESPECIALIZADA, Julgado em:
30/07/2018, Disponibilizado em: 02/08/2018)

APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDENCIÁRIO. INCAPACIDADE


LABORAL. PARCIAL E PERMANENTE DEMONSTRADA.
POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO. AUXÍLIO-
DOENÇA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. MANUAL
DE CÁLCULOS NA JUSTIÇA FEDERAL. LEI Nº
11.960/2009. INVERSÃO DO ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA.
TUTELA ANTECIPADA. IMPLANTAÇÃO
IMEDIATA DO BENEFÍCIO. 1. Trata-se de pedido de
restabelecimento de auxílio-doença, com conversão em
aposentadoria por invalidez. 2. Laudo médico pericial
indica a existência de incapacidade laboral parcial
e permanente, com restrição para a atividade
habitual. Auxílio-doença restabelecido. 3. Inviável a
concessão de aposentadoria por invalidez. Ausência de
incapacidade total e permanente. 4. Juros e correção
monetária de acordo com os critérios do Manual de
Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça
Federal, naquilo que não conflitar como o disposto na Lei
nº 11.960/2009. 5. Inversão do ônus da sucumbência. 6.
Prestação de caráter alimentar. Implantação imediata
do benefício. Tutela antecipada concedida. 7.
Apelação da parte autora parcialmente provida, para
conceder o benefício previdenciário de auxilio-doença.
(TRF-3 - AC: 00003703720174039999 SP, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO DOMINGUES,
Data de Julgamento: 24/04/2017, SÉTIMA TURMA, Data
de Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:05/05/2017)

Portanto, devida a imediata concessão do benefício ao Autor.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, REQUER a Vossa Excelência:

1. A concessão do benefício da Justiça Gratuita, por ser a Autora pobre na


acepção legal do termo, nos termos do art. 98 do Código de Processo
Civil;
2. Que seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela, para determinar a
concessão imediata do auxílio-doença;

3. A citação do Réu, para, querendo, responder a presente ação;

4. Ao final, seja julgado totalmente procedente o pedido para:

5. Condenar a ré para conceder imediatamente o benefício de AUXÍLIO-


DOENÇA, uma vez que comprovado seu direito;

6. Requer ainda, a condenação à Ré ao pagamento retroativo dos valores


devidos da data do requerimento, ou seja ________ , devidamente
atualizado;

7. A produção de todos os meios de prova, principalmente a pericial, cujos


quesitos serão apresentados oportunamente;

8. Manifesta o desinteresse na audiência conciliatória, nos termos do Art.


319, inc. VII do CPC;

Por fim, RENUNCIA expressamente aos valores porventura deferidos


excedentes a 60 (sessenta) salários mínimos, razão pela qual opta por este
juizado especial, conforme declaração expressa em anexo.

Dá-se à causa o valor R$ ________ .


Nestes Termos, Pede Deferimento

________ , ________

________ OAB/ ________

Anexos:

1. Procuração

2. RG e CPF do Autor

3. Comprovante de residência

4. Protocolo do pedido administrativo

5. Carteira de trabalho

6. Documentos médicos

7. Declaração carimbada e assinada do empregador

8. Demais documentos

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