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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

GILSON RODRIGUES DE SOUZA


20201024035

TÉCNICAS E MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II


Materiais de uso corrente em Engenharia Civil: principais propriedades mecânicas,
características tecnológicas, métodos de ensaio, especificações e normas;
Aglomerantes: Tipos de aglomerantes; aglomerantes aéreos-minerais; Cimento sorel;
gesso; Cal aérea; cal Hidráulica; Betumes e Asfaltos, CAP, CBUQ etc.

TEÓFILO OTONI - MG
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

TÉCNICAS E MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II


Materiais de uso corrente em Engenharia Civil: principais propriedades mecânicas,
características tecnológicas, métodos de ensaio, especificações e normas;
Aglomerantes: Tipos de aglomerantes; aglomerantes aéreos-minerais; Cimento sorel;
gesso; Cal aérea; cal Hidráulica; Betumes e Asfaltos, CAP, CBUQ etc.

Trabalho apresentado à disciplina:


Técnicas E Materiais De Construção
II, como avaliação parcial para
aprovação nessa disciplina.
Docente: Dr. Stenio Cavalier Cabral
Departamento: Instituto de Ciência
Engenharia e Tecnologia

TEÓFILO OTONI - MG
2021
Sumário
1. INTRODUÇÃO _________________________________________________________________ 4
2. DESENVOLVIMENTO ___________________________________________________________ 4
2.1 OBJETIVO GERAL 4
2.2 METODOLOGIA 4
2.3 PESQUISAS 4
2.4.1 Classificação _____________________________________________________________ 5
2.4.2 Contexto histórico dos materiais _____________________________________________ 6
2.4.3 Propriedades dos materiais __________________________________________________ 8
2.4.4 Escolha de Materiais, Ensaios e Normalizações ________________________________ 11
2.4.5 Métodos de ensaio, especificações e normas ___________________________________ 11
2.4.6 Aglomerantes ___________________________________________________________ 20
2.4.7 Materiais Betuminosos ____________________________________________________ 23
3. REFERÊNCIAS ________________________________________________________________ 26
1. INTRODUÇÃO
Os materiais de construção são definidos como todo e qualquer material utilizado na
construção de uma edificação, desde a locação e infraestrutura da obra até a fase de acabamento,
passando desde um simples prego até os mais conhecidos materiais, como o cimento.
Na construção civil temos materiais que são utilizados há muitos anos da mesma forma,
como o concreto, e outros que evoluem constantemente. E a evolução dos materiais de
construção não é um processo recente, pois teve início desde os povos primitivos, que utilizavam
os materiais assim como os encontravam na natureza, sem qualquer transformação. Com a
evolução do homem surgem necessidades que levam à transformação desses materiais de uma
maneira simplificada, a fim de facilitar seu uso ou de criar novos materiais a partir deles. Assim,
o homem começa a moldar a argila, a cortar a madeira e a lapidar a pedra. Outro exemplo de
evolução foi a descoberta do concreto que surgiu da necessidade do homem de um material
resistente como a pedra, mas de moldagem mais fácil.
Perceba que os materiais continuam evoluindo para satisfazer as necessidades do homem
e de forma cada vez mais rápida, com exigências cada vez maiores quanto a sua qualidade,
durabilidade e custo. Além disso, há um cenário sustentável no qual a produção e o emprego
dos materiais de construção devem considerar a questão ambiental.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1 OBJETIVO GERAL

O principal objetivo desse trabalho é buscar nas literaturas e periódicos os diferentes


tipologias e disposições que compõem e as formas de utilizar materiais de uso corrente em
Engenharia Civil, suas principais propriedades mecânicas, características tecnológicas, métodos
de ensaio, especificações e normas, como também aglomerantes, seus tipos: aglomerantes
aéreos-minerais; Cimento Sorel; gesso; Cal aérea; cal Hidráulica; Betumes e Asfaltos, CAP,
CBUQ etc.

2.2 METODOLOGIA

Durante da realização do curso de Técnicas E Materiais De Construção II , ministradas


remotamente, discorrida pelo Prof. Dr. Stenio Cavalier Cabral, propor-se uma atividade que
aprofundasse no tema: “ Materiais de uso corrente em Engenharia Civil, suas principais
propriedades mecânicas, características tecnológicas, métodos de ensaio, especificações e
normas, como também aglomerantes, seus tipos: aglomerantes aéreos-minerais; Cimento sorel;
gesso; Cal aérea; cal Hidráulica; Betumes e Asfaltos, CAP, CBUQ etc”. Assim partiu-se
pesquisas para as considerações de possíveis tipologias, fazendo-se de uma abordagem
sistemática dos diversos periódicos encontrados, evidenciando suas técnicas utilizadas
referentes para tais procedimentos.

2.3 PESQUISAS

Para Silva (1985), na hora de escolher os materiais que irá utilizar, o responsável técnico
por uma edificação deve analisá-los de acordo com seguintes aspectos:

Condições técnicas
O material deve possuir propriedades que o tornem adequado ao uso que se pretende
fazer dele. Entre essas propriedades estão a resistência, a trabalhabilidade, a durabilidade, a
higiene e a segurança.

Condições econômicas
O material deve satisfazer as necessidades de sua aplicação com um custo reduzido não
só de aquisição, mas de aplicação e de manutenção, visto que muitas obras precisam de serviços
de manutenção depois de concluídas e que da manutenção depende a durabilidade da construção.

Condições estéticas:
O material utilizado deve proporcionar uma aparência agradável e conforto ao ambiente
onde for aplicado.

2.4.1 Classificação

Os materiais estão presentes, em grande escala, no cotidiano do homem desde


vestimenta, transporte, abrigo, comunicação, alimentação, entre outros. O desenvolvimento do
homem se associa à habilidade em identificar e aperfeiçoar os materiais disponíveis para atender
às suas necessidades. Materiais de construção são definidos como qualquer material utilizado
na execução de uma edificação.
Pedra, argila, peles e madeira são exemplos de materiais naturais, os quais eram
utilizados antigamente. Após muitos estudos e experimentos realizados, foram desenvolvidos
vários materiais com características melhores que os materiais naturais, permitindo que o novo
material seja utilizado em diversas situações, às quais os materiais naturais não seriam
apropriados. Os materiais podem ser classificados em 03 (três) classes básicas, são elas: metais,
cerâmicos e polímeros. Essa classificação é baseada principalmente na constituição química e
na estrutura atômica, mas alguns materiais podem ser intermediários dentro dessa classificação,
portanto, em adição a essa classificação, temos as classes dos compósitos, semicondutores e
biomateriais.
Os compósitos são materiais formados por dois ou mais materiais das três classes
básicas, os semicondutores possuem características elétricas específicas e os biomateriais são
materiais compatíveis com os tecidos humanos. Os materiais semicondutores e biomateriais são
considerados materiais avançados.
Os materiais de construção podem ser classificados de acordo com diferentes critérios.
Entre os critérios apresentados por Silva (1985) podemos detacar como principais a classificação
quanto à origem e à função.
Quanto à origem ou modo de obtenção os materiais de construção podem ser
classificados em:
• Naturais: são aqueles encontrados na natureza, prontos para serem utilizados. Em
alguns casos precisam de tratamentos simplificados como uma lavagem ou uma redução de
tamanho para serem utilizados. Como exemplo desse
tipo de material, temos a areia, a pedra e a madeira.
• Artificiais: são os materiais obtidos por processos industriais. Como exemplo, pode-se
citar os tijolos, as telhas e o
aço.
• Combinados: são os materiais obtidos pela combinação entre materiais naturais e
artificiais. Concretos e argamassas são exemplos desse tipo de material.
Quanto à função onde forem empregados, os materiais de construção podem ser
classificados em:
• Materiais de vedação: são aqueles que não têm função estrutural, servindo para isolar
e fechar os ambientes nos quais são empregados, como os tijolos de vedação e os vidros.
• Materiais de proteção: são utilizados para proteger e aumentar a durabilidade e a vida
útil da edificação. Nessa categoria podemos citar as tintas e os produtos de impermeabilização.
• Materiais com função estrutural: são aqueles que suportam as cargas e demais esforços
atuantes na estrutura. A madeira, o aço e o concreto são exemplos de materiais utilizados para
esse fim.

2.4.2 Contexto histórico dos materiais

A utilização do aço iniciou-se na época em que o homem descobriu o forno e aprendeu


a fundir metais tradicionais, como cobre, ferro, ouro, entre outros. Na fabricação dos metais
fundidos, não havia um controle de teor de carbono e impurezas incorporadas ao produto final
interferindo na qualidade do aço. Em 1856, Bessemer solucionou essas questões e permitiu a
produção do aço em larga escala. Os metais possuem uma estrutura atômica bastante ordenada,
a qual é responsável pelas características dos metais. Metal pode ser caracterizado pelas
seguintes propriedades: alta dureza, grande resistência mecânica, elevada plasticidade e alta
condutibilidade térmica e elétrica. Os metais, devido às suas propriedades, são um dos grupos
mais importantes entre os materiais de construção.
Existem diversos instrumentos em que os metais podem ser utilizados, como
automóveis, ferramentas, máquinas, utensílios domésticos e estruturas. Na lição 3 deste material
didático vamos estudar mais sobre os metais
Figura 1 – Materiais metálicos

A argila foi um dos primeiros materiais manipulados pelo homem. Inicialmente era
comum o seu uso em utensílios domésticos, ao longo do tempo foi ampliando a sua utilização
e, por operação, de queima foi possível tornar a argila um material mais resistente, constituindo,
assim, o marco inicial da cerâmica. Os vidros são classificados como materiais cerâmicos
também por constituir propriedades similares às argilas. Na composição química dos materiais
cerâmicos é comum a presença de sílica, alumina, magnésia ou cal. Essa classe de materiais é a
mais empregada nas construções, está presente em quase todas as etapas de uma construção.
Alguns exemplos desse material são tijolos, cal, vidros, argamassas, cimentos, louças sanitárias,
telhas, entre outros. A figura 2 mostra a utilização de materiais cerâmicos em construção.
Figura 2 – Telhas cerâmicas

Os polímeros são compostos por grande número de cadeias moleculares que podem
dobrar, enrolar e contorcer. Os responsáveis por uma grande quantidade de características
importantes dos polímeros, incluindo os grandes alongamentos elásticos exibidos pelas
borrachas, são essas espirais e entrelaces moleculares aleatórios. Os polímeros são
classificados:
• Polímeros naturais: os quais são derivados de plantas e animais e têm sido
usados há muitos séculos; e
• Polímeros sintéticos: os quais foram criados depois de muitas tentativas para
melhorar as propriedades dos polímeros naturais, e podem ser produzidos a baixo custo.
Alguns exemplos de polímeros naturais são madeira, couro, feltro, cortiça e óleo, e
incluem também proteínas, enzimas, amidos e a celulose, os quais são importantes para os
processos biológicos e fisiológicos nas plantas e animais. Na construção civil, os polímeros
naturais são utilizados como madeira para estrutura e vedação, o couro para vedação, o feltro
para forração, a cortiça para isolação e o óleo para lubrificação. Alguns exemplos de polímeros
sintéticos são os plásticos, borrachas e fibras, e esses polímeros permitem uma variedade cada
vez maior de materiais para suas aplicações.
Figura 3 – Garrafas plásticas

Materiais compósitos são compostos por dois ou mais materiais individuais buscando-
se utilizar o melhor desempenho de cada material. São formados pela matriz, um material
aglutinante, que permite a transmissão de esforços e pelo reforço, que é um material que, em
geral, na forma filamentar, resiste aos esforços. Um exemplo desses materiais são as fibras de
vidro, que são embutidas dentro de um material polimérico para exibir uma combinação das
melhores características de cada um dos materiais componentes. A fibra de vidro adquire
resistência mecânica e o polímero adquire flexibilidade, da mesma forma ocorre nas estruturas
de concreto armado, em que o concreto adquire resistência mecânica e o aço adquire
flexibilidade
Os semicondutores possuem propriedades similares às das cerâmicas, por isso são
consideradas como uma subclasse dos materiais cerâmicos. Existem propriedades elétricas, que
são intermediárias entre os condutores elétricos e os isolantes. Além disso, a presença de átomos
de impurezas interfere nas características elétricas destes materiais. A invenção desse material
revolucionou totalmente a eletrônica e as indústrias de computadores ao longo das três últimas
décadas. Biomaterial é qualquer material ou combinações de materiais para suprir a falta de um
órgão ausente ou para restaurar uma função comprometida no corpo humano, mas esses
materiais não podem produzir substâncias tóxicas e devem ser compatíveis com o tecido do
corpo, ou seja, não causar rejeição.

2.4.3 Propriedades dos materiais

Os materiais de construção estão constantemente submetidos a solicitações como cargas,


peso próprio, açao do vento, entre outros, que chamamos de esforços. Dependendo da forma
como os esforços se aplicam a um corpo, recebe uma donominação. Os principais esforços aos
quais os materias podem ser submetidos são:
• Compressão: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva a um
“encurtamento” do objeto na direção em que está aplicado.
• Tração: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva o objeto a
sofrer um alongamento na direção em que o esforço é aplicado.
• Flexão: esforço que provoca uma deformação na direção perpendicular ao qual e
aplicado.
• Torção: esforço aplicado no sentido da rotação do material.
• Cisalhamento: esforço que provoca a ruptura por cisalhamento

Propriedade mecânica
Quando pensamos em propriedades mecânicas, associamos à capacidade de um material
resistir à força que lhe é imposta. O comportamento do material quando sujeito a esforços
mecânicos define as propriedades mecânicas, pois estas estão associadas à sua capacidade de
resistir ou transmitir esses esforços aplicados sem fragmentar e sem se deformar de forma não
controlável. As solicitações como cargas, peso próprio, ação do vento, entre outras, que
chamamos de esforços mecânicos, constantemente submetem os materiais de construção.
Existem alguns comportamentos que os materiais apresentam, quanto à deformação, quando
solicitados a um esforço, que podem ser elásticos ou plásticos. O comportamento elástico é
quando aplica uma tensão no material e ele deforma, seguido da remoção desse carregamento,
e ocorre a recuperação da sua estrutura inicial, ou seja, é quando a tensão e deformação são
proporcionais, como demonstra a figura 4.

Figura 4 – Comportamento elástico e plástico de um material


O comportamento plástico é quando não ocorre a recuperação da estrutura inicial quando
é aplicada e retirada uma determinada tensão, mas ocorre uma recuperação parcial da estrutura
inicial, e a figura 4 representa esse comportamento. A ductilidade é o grau de deformação
plástica suportado até a fratura, ou seja, é a capacidade de absorver grande quantidade de energia
até a fratura. Uma característica do material dúctil é suportar elevada deformação, e geralmente
são materiais com baixo teor de carbono. Quando o material tem a capacidade de absorver pouca
energia até a fratura, é denominado material frágil. Os materiais frágeis são materiais que se
rompem com baixa deformação. A figura 5 mostra um comportamento de material frágil e
dúctil.
Figura 5 – Comportamento elástico e plástico de um material

Os materiais podem ter comportamentos quanto à tenacidade e à resiliência também. A


tenacidade é a capacidade de absorver energia antes da ruptura, é representada pela área sob a
curva tensão x deformação mostrada na Figura 6, diferindo-se da resistência à tração, que é a
medida de tensão necessária para o material romper. E resiliência, representada na Figura 6, é a
capacidade de absorver energia quando a ruptura ocorre no estado elástico, ou seja, é a
capacidade do material de absorver energia quando este é deformado elasticamente.
Figura 6 – Comportamento tenaz e resiliente
Dureza: definida como resistência à penetração. Quanto mais duro um material, dizemos
que ele é mais resistente à abrasão. É medida em diferentes escalas, como, por exemplo, Mohs,
Brinell (teste com esferas de aço), Vickers (utiliza uma pirâmide de diamante com 136º entre as
faces opostas - usada quando os materiais não podem ser medidos com a anterior) , Rockwell
(dispositivo de medida, aprimorado por Wilson em 1920). A medida para Brinell é HB.
Na escala Mohs, a dureza é definida como resistência ao risco (quanto um material
riscará outro apenas se, e somente se, sua dureza for menor
Figura 7 – Escala Mohs

Algumas outras propriedades mecânicas:

Carga (F): força externa aplicada em um determinado material; carregamento;


Tensão (Sigma): resistência interna a uma força externa, por unidade de área. Até
rompimento; (Fck. Res. Característica do Concreto - MPa , ou KgF/cm³)
Deformação (Épsilon): variação de uma dimensão, por unidade da mesma dimensão,
quando submetido a um esforço - pode ser reversível, permanente ou instantânea; Existem dois
tipos de deformação: específica e elástica (a última causa variação de volume - que logo é
reestabelecido com a retirada da carga).
Tensão de tração: Esforços de dentro para fora;
Tensão de compressão: Esforços de fora para dentro;
Deformação lenta, ou fluência, é uma deformação plástica que ocorre em um material
sob tensão constante ou praticamente constante em função do tempo. Essas propriedades sofrem
influência significativa com variações na temperatura. É uma deformação crescente e
irreversível.
Relaxação: a redução da tensão de um corpo de prova com o tempo, quando a
deformação é mantida constante a uma certa temperatura. Um exemplo é na utilização de aços
de protensão.
Fadiga: observado em materiais com estado de tensão bem abaixo da tensão de ruptura,
gerado pela formação e propagação de microfissuras.
Impacto: capacidade de um material absorver energia tanto por deformação elástica
como por deformação plástica. É associada a uma carga instantânea de curta duração. A ruptura
ocorre se for muito rápida a propagação das fissuras. O impacto nos EUA é estudado utilizando-
se o ensaio Charpy/Izod, no qual o corpo de prova é disposto horizontalmente e recebe a carga
aplicada de um martelo pendular liberado de uma altura h.

2.4.4 Escolha de Materiais, Ensaios e Normalizações

No exercício de sua profissão, o engenheiro se depara com vários materiais que deve
escolher para obter, com a melhor relação Custo x Benefício, a solução para um dado problema
ou obra.
A escolha implica em determinar as propriedades requeridas para cada caso com a
finalidade de, então, eleger os materiais que apresentem estas propriedades pelo menor custo,
levando em consideração o custo global, incluindo-se as despesas necessárias de manutenção e
uso até o fim da vida útil do objeto em questão.
O custo global deve atender:
1. Resistencia do material
2. Durabilidade
3. Desempenho estrutural
4. Menor impacto ambiental
A escolha do material deve ser definida na fase de projeto, pois muitas vezes o material
interfere no desenvolvimento do projeto arquitetônico. Ex: Alvenaria Estrutural, Pré-
moldados...
A escolha de uma classe de resistência característica (fck) mais elevada no projeto de
estrutura de concreto permite que se obtenham seções mais esbeltas, de menor massa e carga
nas fundações da construção.
Materiais e o meio ambiente
Não existe material de construção que não cause impacto ambiental.
Vivemos em um mundo feito por materiais de construção, cercados por concreto, aço,
alumino, cal, gesso, rochas naturais, vidros, plásticos, zinco, cobre, cerâmicas, etc.
O concreto de cimento Portland é o material artificial de maior consumo pelo homem.
Atualmente, materiais abundantes como areia e argila já estão escassos em locais próximos de
grandes e médias cidades.
As cerâmicas, cimento, aço, alumínio, zinco, gesso e cobre são produzidas por
calcinação. A energia térmica é, na maioria das vezes, conseguida pela queima de derivados de
petróleo, gás ou carvão.

2.4.5 Métodos de ensaio, especificações e normas

Ensaios Mecânicos

Servem para se conhecer as características dos materiais de modo a poder projetar


componentes de tal maneira que, quando em serviço as deformações não sejam excessivas e não
causem fratura. O comportamento mecânico de um material reflete a relação entre a sua resposta
ou deformação a uma carga ou força aplicada. Vamos então entender as deformações.

Deformação Elástica

Deformação não é permanente, o que significa que quando a carga é liberada, a peça
retorna à sua forma original •Processo no qual tensão e deformação são proporcionais
A deformação elástica é resultado de um pequeno alongamento ou contração da célula
cristalina na direção da tensão (tração ou compressão) aplicada.
Gráfico da tensão x deformação resulta em uma relação linear. A inclinação deste
segmento corresponde ao módulo de elasticidade E. Como observa na figura 8 abaixo:
Figura 8 – Gráfico da tensão x deformação

Quanto maior o módulo, mais rígido será o material ou menor será a deformação elástica
O módulo do aço é cerca de 3 vezes maior que o correspondente para as ligas de
alumínio, ou seja, quanto maior o módulo de elasticidade, menor a deformação elástica
resultante. Módulo de elasticidade é a rigidez ou uma resistência do material à deformação
elástica O módulo de elasticidade é dependente da temperatura, com o aumento da temperatura,
o módulo de elasticidade tende a diminuir, como vemos na figura 9 e na figura 10.
Figura 9 – Gráfico da temperatura x modulo de elasticidade

Figura 10 – Valores típicos dos módulos de elasticidade a diferentes temperaturas

Deformação Plástica
Para a maioria dos materiais metálicos, o regime elástico persiste apenas até deformações
de aproximadamente 0,005. À medida que o material é deformado além, desse ponto, a tensão
não é mais proporcional à deformação (lei de Hooke) e ocorre uma deformação permanente não
recuperável, a deformação plástica.
A deformação plástica corresponde à quebra de ligações com os átomos vizinhos
originais e em seguida formação de novas ligações. A deformação ocorre mediante um processo
de escorregamento, que envolve o movimento de discordâncias.

Ensaios mecânicos dos materiais

Os engenheiros de qualquer especialidade devem compreender como as várias


propriedades mecânicas são medidas e o que elas representam. Essas propriedades são
necessárias ao projeto de estruturas ou componentes que utilizem materiais predeterminados, a
fim de que não ocorram níveis inaceitáveis de deformação e/ou falhas em serviço, ou o
encarecimento do produto em função do superdimensionamento de componentes.
Qualquer projeto de engenharia, especificamente o projeto de um componente mecânico,
requer para a sua viabilização um vasto conhecimento das características, propriedades e
comportamento dos materiais disponíveis.
As propriedades mecânicas dos materiais são verificadas pela execução de ensaios
cuidadosamente programados, que reproduzem o mais fielmente possível as condições de
serviço. Dentre os fatores a serem considerados nos ensaios incluem-se a natureza da carga
aplicada, a duração de aplicação dessa carga e as condições ambientais. A carga pode ser de
tração, compressão ou cisalhamento, e a sua magnitude pode ser constante ao longo do tempo
ou então flutuar continuamente. O tempo de aplicação pode ser de apenas uma fração de segundo
ou pode se estender por um período de muitos anos. Dentro das condições ambientais destaca-
se a temperatura como fator de grande importância.
As propriedades mecânicas e seu comportamento sob determinadas condições de
esforços são os objetivos de várias pessoas e grupos que possuem interesses diferentes, tais
como: produtores e consumidores de materiais, instituições de pesquisa, agências
governamentais, dentre outros. Por conseguinte, é imprescindível que exista alguma
consistência na maneira de conduzir os ensaios e na interpretação de seus resultados, a qual é
obtida por meio do uso de técnicas de ensaio padronizadas. Essa normalização é fundamental,
por exemplo, para que se estabeleça uma linguagem comum entre fornecedores e usuários dos
materiais, pois é prática normal a realização de ensaios de recebimento dos materiais, a partir
de uma amostragem estatística representativa do volume recebido.
O estabelecimento e a publicação dessas normas padrões são freqüentemente
coordenados por sociedades profissionais, como a Sociedade Americana para Ensaios e
Materiais (ASTM – American Society for Testing and Materials), que é a organização mais ativa
nos Estados Unidos (CALLISTER, 2002) e de larga aceitação no Brasil. No Brasil, a entidade
responsável pelas normas padrões é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Os engenheiros de estruturas têm como função determinar as tensões e distribuição de
tensão nos componentes sujeitos as cargas bem definidas, utilizando para tal, técnicas
experimentais de ensaio e/ou por meio de análises teóricas e matemáticas de tensão. Os
engenheiros de materiais e os engenheiros metalúrgicos, por sua vez, preocupam-se com a
produção e fabricação de materiais para atender as exigências de serviços conforme previsto
pelas análises de tensão, o que envolve necessariamente uma compreensão das relações entre a
microestrutura dos materiais e as suas propriedades.
Os ensaios dos materiais podem ser classificados quanto à integridade geométrica e
dimensional da peça ou componente ou quanto à velocidade de aplicação da carga.
a) Quanto à integridade geométrica e dimensional da peça ou componente os ensaios
podem ser de dois tipos:

• Destrutivos: quando após executados provocam a inutilização parcial ou total da


peças (tração, dureza, fadiga etc.);
• Não-destrutivos: quando após executados não comprometem a integridade da peça
(raios X, ultra-som etc.).

b) Quanto à velocidade de aplicação da carga, os ensaios podem ser:

• Estáticos: quando a carga é aplicada de maneira suficientemente lenta, induzindo a


uma sucessão de estados de equilíbrio, caracterizando um processo quase-estático.
Nessa categoria têm-se os ensaios tração, compressão, flexão, torção e dureza.
• Dinâmicos: quando a carga é aplicada rapidamente ou ciclicamente. Nesse têm-se os
ensaios de fadiga e de impacto.
• Carga constante: quando a carga é aplicada durante um longo período, que é o caso do
ensaio de fluência.
Os ensaios anteriormente mencionados objetivam verificar a conduta dos componentes
ou materiais sujeitos a esforços específicos e os limites físicos desses tipos de esforços nas
estruturas e na estabilidade, além de determinar as características mecânicas inerentes a tais
componentes ou ao material envolvido. Existem outros testes, denominados ensaios de
fabricação, que objetivam determinar a conduta dos materiais envolvidos diretamente na
fabricação, em geral nos processos que envolvem a conformação mecânica de chapas, tiras,
tubos e outros, e por meio desses resultados, determinar ou alterar os processos e os
equipamentos envolvidos. Os chamados ensaios de fabricação, portanto, não avaliam as
propriedades mecânicas, mas apenas fornecem indicações do comportamento do material
quando submetido a um processo de fabricação (estampagem, dobramento, embutimento etc.);

Ensaio de Tração

Um dos ensaios mecânicos de tensão-deformação mais usados é executado sobre carga


de tração. O ensaio de tração consiste na aplicação gradativa de carga de tração uniaxial nas
extremidades de um corpo de prova especificado, conforme mostra a Figura 11.
Figura 11 – Desenho esquemático de um corpo de prova submetido à carga de tração.

Neste tipo de ensaio mede-se a variação no comprimento (l) como função da carga (F)
aplicada.
O ensaio de tração é padronizado por normas técnicas, entre elas a NBR-6152 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, e a ASTM E 8M da American Society for
Testing and Materials – ASTM, ambas para materiais metálicos.
O resultado de um ensaio de tração é registrado na forma de um gráfico ou diagrama
relacionando a carga em função do alongamento. Como as características cargadeformação são
dependentes do tamanho da amostra (quanto maior a área da seção reta do corpo de prova, maior
a carga para produzir o mesmo alongamento), utiliza-se a normalização da carga e do
alongamento de acordo com os seus parâmetros de tensão de engenharia e deformação de
engenharia, para minimizar os fatores geométricos.
O ensaio de tração pode ser utilizado para avaliar diversas propriedades mecânicas dos
materiais de grande importância em projetos de máquinas e equipamentos mecânicos; é também
bastante utilizado como teste para o controle das especificações da matériaprima fornecida.
Sua ampla utilização na indústria de componentes mecânicos deve-se à vantagem de
fornecer dados quantitativos das características mecânicas dos materiais, como: limite de
resistência à tração (σu), limite de escoamento (σe), módulo de elasticidade (E), módulo de
resiliência (Ur), módulo de tenacidade (Ut), ductilidade (AL% ou AS%), coeficiente de
encruamento (n) e coeficiente de resistência (k).

Ensaio de Dureza

A dureza é a resistência que um material apresenta ao risco ou a formação de uma marca


permanente, quando pressionado por outro material ou marcadores padronizados.
Os métodos mais aplicados em engenharia utilizam penetradores com formatos
padronizados e que são pressionados na superfície do material sob condições específicas de pré-
carga e carga, causando inicialmente deformação elástica e em seguida deformação plástica.
A área da marca superficial formada ou a sua profundidade (dependendo do tipo de
dureza) são medidas e correlacionadas com um valor numérico que representa a dureza do
material. Esta correlação é baseada na tensão de que o penetrador necessita para vencer a
resistência da superfície do material.
Portanto, o ensaio de dureza consiste na impressão de uma pequena marca na superfície
da peça, pela aplicação de pressão com uma ponta de penetração.
Esse ensaio é amplamente utilizado na indústria de componentes mecânicos, tratamentos
superficiais, vidros e laminados, devido à vantagem de fornecer dados quantitativos das
características de resistência à deformação permanente das peças produzidas.
Existem vários tipos de ensaios de dureza: dureza por risco, dureza por rebote e dureza
por penetração.

Dureza ao risco

É pouco utilizado nos materiais metálicos; sua aplicação é maior no campo da


mineralogia. Baseia-se no relacionamento do material analisado com outros materiais na sua
capacidade de riscar e ser riscado. A dureza Mohs é o tipo de ensaio por risco mais conhecido,
consistindo em uma escala de 10 minerais padrões organizados por sua capacidade de riscar um
aos outros.
Nesse caso, o diamante é o mineral mais duro, pois ele risca todos os outros minerais da
escala e, portanto, apresenta dureza ao risco 10.
A maioria dos metais situa-se entre os valores 4 e 8 da escala Mohs. Esse tipo de dureza,
portanto, não serve para definir adequadamente a dureza dos materiais metálicos.

Dureza por rebote

É um ensaio dinâmico cuja impressão na superfície do material é causada pela queda


livre de um êmbolo com uma ponta padronizada de diamante.
Nos ensaios desse tipo, o valor da dureza é proporcional à energia necessária para
deformar o material, e é representada pela altura alcançada no rebote do êmbolo.
Em materiais dúcteis, o êmbolo alcançará uma altura de rebote menor, pois esses
materiais consumirão mais energia na deformação do corpo de prova, indicando,
conseqüentemente, uma dureza mais baixa.
Dentre esses métodos, a dureza Shore é a mais destacada. Ela utiliza uma barra de aço
com peso de 0,250 kgf (2,5 N) com uma ponta arredondada de diamante, a qual é colocada
dentro de um tubo de vidro que apresenta uma escala graduada de 0 a 140. A barra de aço é
liberada de uma altura padrão (256 mm), e a altura do rebote, após o choque com a superfície
do material, é considerada a dureza deste. A Figura 12 mostra o esboço de um equipamento para
medir a dureza Shore.
Figura 12 – Esboço de um equipamento para medir a dureza Shore (Adaptada de
GARCIA, 2000).

As principais vantagens do ensaio de dureza Shore em relação a outros tipos de ensaios


são:
• O equipamento é leve e portátil, adequado, portanto, à determinação da dureza de peças
grandes e ensaios de campo;
• A marca superficial deixada no material pelo ensaio é pequena, o que é indicado no
levantamento de peças acabadas;
• Pode ser realizado em condições adversas, como altas temperaturas, por exemplo.
Os cuidados a serem tomados quando da realização desse ensaio é manter a superfície
do material limpa e lisa e o tubo de queda em posição vertical e perpendicular à superfície.

Dureza por penetração

Dentro desse tipo de dureza existem várias modalidades, como:

Dureza Brinell esse método consiste em comprimir uma esfera de aço temperado ou de
carboneto de tungstênio na superfície do material ensaiado, gerando uma calota esférica ou
mossa, A norma brasileira para a realização do ensaio é a NBR-6294, e a norma internacional
mais utilizada no país é a ASTM E10.
Dureza Rockwell é baseado na profundidade de impressão causada por um penetrador
sob a ação de uma carga como indicador da medida de dureza. Diferente, portanto da dureza
Brinell que leva em conta a área de impressão. A norma brasileira para esse ensaio é a NBR-
6671, e a norma internacional mais utilizada no país é a ASTM E18.
Dureza Vickers é semelhante ao método Brinell, pois também relaciona a carga aplicada
com a área superficial da impressão. Porém a forma da impressão é a de um losango regular,
cujas diagonais devem ser medidas por um microscópio acoplado à máquina de teste. A norma
brasileira para esse método de ensaio é a NBR-6672.
Microdureza é um ensaio que produz uma impressão microscópica e se utiliza de
penetradores de diamante e cargas menores que 1 kgf.

Ensaio de Compressão

É a aplicação de carga compressiva uniaxial em um corpo de prova (Figura 13). A


resposta fornecida deste tipo de ensaio é dada pela deformação linear obtida pela medida da
distância entre as placas que comprimem o corpo de prova, em função da carga de compressão
aplicada em cada instante.
Figura 13 – Ensaio de compressão: (a) metal dúctil; (b) metal frágil.

É basicamente utilizado nas indústrias de construção civil e de materiais cerâmicos; além


disso, fornece resultados de análise estatística, permitindo quantificar o comportamento
mecânico do concreto, da madeira, dos compósitos e de materiais frágeis.
Para os metais, o emprego do ensaio de compressão não é freqüente, pois a determinação
das propriedades mecânicos por esse ensaio é dificultada pelos seguintes fatores: existência de
atrito entre o corpo de prova e as placas compressivas da máquina; possibilidade de flambagem
do corpo durante o ensaio; dificuldade de medida dos valores numéricos do ensaio; além de
outros que provocam a indução considerável de erros.
Os resultados numéricos obtidos no ensaio de compressão são similares aos obtidos no
ensaio de tração, e também são influenciados pelas mesmas variáveis, ou seja: temperatura,
velocidade de deformação, anisotropia do material, tamanho de grão, porcentagem de impurezas
e condições ambientais. Todavia, a utilização nas indústrias de construção civil (ensaios no
concreto) deve levar em conta o teor de água contido nos corpos de prova.
Até a tensão de escoamento, o material comporta-se elasticamente, a partir daí iniciase
a deformação plástica. Com o avanço da deformação plástica o material endurece
(encruamento), durante a qual se verifica um aumento do diâmetro da seção transversal do corpo
de prova.
Dos principais cuidados que devem ser observados na realização do ensaio material,
ressalta-se o dimensionamento do corpo de prova, que deve obedecer a uma relação
comprimento/seção transversal adequada para resistir à flexão e à flambagem.
Tal como no ensaio de tração, no ensaio de compressão pode-se determinar as
propriedades referentes à zona elástica, onde é seguida a lei de Hooke. Geralmente, as
propriedades mais medidas são os limites de proporcionalidade e de escoamento e o módulo de
elasticidade.
Os materiais frágeis são geralmente fracos em condições de tração, devido a presença de
trincas submicroscópicas, as quais tendem a propagar-se com as tensões de tração, com
orientação perpendicular ao eixo de aplicação da carga. Por outro lado, esses materiais são
resistentes à compressão, como por exemplo, o concreto e o ferro fundido cinzento.
A NBR 5739:2018 é a norma que especifica o método de ensaio para a determinação da
resistência à compressão de corpos de prova cilíndricos de concreto moldados conforme a
ABNT NBR 5738 e testemunhos extraídos conforme a ABNT NBR 7680-1.

Ensaio de Impacto

Durante a Segunda Guerra Mundial, o fenômeno da fratura frágil despertou a atenção de


projetistas e engenheiros metalúrgicos devido à alta incidência desse tipo de fratura em
estruturas soldadas de aço de navios e tanques de guerra.
Alguns navios partiam-se ao meio, mesmo que não estivessem em mar aberto e
turbulento, apesar de serem construídos de aços-liga que apresentavam razoável ductilidade,
conforme ensaios de tração realizados à temperatura ambiente.
A incidência desse tipo de fratura ocorria nos meses de inverno, e problemas semelhantes
já haviam sido relatados em linhas de tubulações de petróleo, vasos de pressão e pontes de
estrutura metálica. Todos esses problemas motivaram a implantação de programas de pesquisas
que determinassem as causas dessas falhas em serviço e indicassem providências para impedir
futuras ocorrências.
Foi observado que três fatores principais contribuem para o surgimento da fratura frágil
em materiais que são normalmente dúcteis à temperatura ambiente: a existência de um estado
triaxial de tensões, as baixas temperaturas e a taxa de deformação elevada.
Esses três fatores não precisam necessariamente atuar ao mesmo tempo para produzir a
fratura frágil. Estados triaxiais de tensão que ocorrem em entalhes, juntamente com baixas
temperaturas, foram responsáveis por muitas situações de fratura frágil em serviço; entretanto,
como esses efeitos são acentuados sob altas taxas de aplicação de carga, diversos tipos de
ensaios de impacto passaram a ser usados na determinação da susceptibilidade de materiais à
fratura frágil.
O ensaio de impacto é um ensaio dinâmico empregado para a análise da fratura
frágil de materiais. É largamente utilizado nas indústrias naval e bélica e, em particular,
nas construções que deverão suportar baixas temperaturas.
O resultado do ensaio é representado por uma medida da energia absorvida pelo
corpo de prova, não fornecendo indicações seguras sobre o comportamento de toda uma
estrutura em condições de serviço. Entretanto, permite a observação de diferenças de
comportamento entre materiais, as quais não são observadas em um ensaio de tração.
Os tipos padronizados de ensaios de impacto mais amplamente utilizados são: Charpy e
Izod. Em ambos, o corpo de prova tem o formato de uma barra de seção transversal quadrada,
na qual é usinado um entalhe.
O equipamento de ensaio e os tipos de corpo de prova são apresentados na Figura 14.

Figura 14 – Representação esquemática: (a) equipamento de ensaio; (b) corpos de


prova Charpy e Izod (GARCIA, 2000).
A carga é aplicada pelo impacto de um martelo pendular, que é liberado a partir de uma
posição padronizada e uma altura fixada (Hq). Após o pêndulo ser liberado, sua ponta choca-se
e fratura o corpo de prova no entalhe, que atua como um concentrador de tensões. O pêndulo
continua seu movimento após o choque, até uma altura menor que a anterior (hr). A energia
absorvida no impacto é determinada pela diferença entre as alturas Hq e hr , ambas medidas na
escala do equipamento.
Os requisitos essenciais para a realização do ensaio são:
• Corpo de prova padronizado;
• Suporte rígido no qual o corpo de prova é apoiado (Charpy) ou engastado (Izod);
• Pêndulo com massa conhecida solto de uma altura suficiente para fraturar totalmente o
corpo de prova;
• Um dispositivo de escala para medir as alturas antes e depois do impacto do pêndulo.
As diferenças fundamentais entre os ensaios Charpy e Izod residem na forma em que o corpo
de prova é montado (horizontal-biapoiado ou vertical-engastado), e na face do entalhe,
localizada ou não na região do impacto (Figura 14-b).
Variáveis como o tamanho e a forma do corpo de prova e a profundidade e configuração
do entalhe influenciam o resultado dos testes. As energias de impacto são de interesse no aspecto
comparativo entre diferentes materiais; entretanto, seus valores absolutos isoladamente não
representam informação quantitativa das características dos materiais.

Ensaio de Fadiga

A American Society for Testing and Materials, por meio da norma ASTM E1823 (2002),
define a fadiga como sendo um processo de alteração estrutural permanente, progressivo e
localizado, que ocorre em um material sujeito a condições que produzem tensões e deformações
cíclicas em um ponto ou em vários pontos, e que podem culminar em trincas ou fratura completa
após um número suficiente de ciclos.
Diz-se que o processo é progressivo, pois ele se verifica durante certo período de tempo
ou uso do material – no que pese algumas fraturas ocorrerem bruscamente, os mecanismos
envolvidos na ruptura do material podem estar presentes desde o início de serviço da peça ou
estrutura –, e localizado, pois tem início em pequenas áreas do componente mecânico ou
elemento estrutural, onde existem tensões e deformações elevadas, variações bruscas de
geometria (concentração de tensões), tensões residuais, imperfeições do material e diferenciais
de temperatura.
A fratura por fadiga sempre se inicia com uma pequena trinca, que sob aplicações
repetidas de tensão aumenta de tamanho. À medida que a trinca cresce, a seção transversal
resistente da peça diminui, resultando em um aumento de tensão na seção. Finalmente, é atingido
o ponto onde a seção resistente remanescente não é mais capaz de suportar a carga aplicada e a
peça ou componente fratura. Portanto, para que haja fadiga é necessário que uma trinca seja
nucleada em uma determinada região do material e que se propague, podendo conduzir a uma
ruptura final.
O ensaio mais simples de ser realizado é o ensaio de fadiga por flexão rotativa (Figura
15), que simula o estado de tensão em um corpo de prova rotativo submetido a cargas
transversais. Este ensaio consiste em submeter um corpo de prova de seção circular a um esforço
de flexão simples ou pura, que gira a uma velocidade constante. Em vista disso, todas as fibras
do corpo de prova, exceto a neutra, são sucessivamente tracionadas e comprimidas.

Figura 15- Máquina de flexão rotativa utilizada no ensaio de fadiga (GARCIA et al.,
2000).

A carga que atua no corpo de prova pode ser aplicada de dois modos distintos (CAZAUD
et al., 1969):
1- O corpo de prova é fixo por uma de suas extremidades, enquanto a outra fica em
balanço e recebe a carga estática que provoca a flexão. Neste caso, o momento fletor
varia linearmente com a distância à secção considerada do eixo de aplicação da
carga.
2- O corpo de prova é fixo nas suas extremidades e a carga é aplicada no centro.

Nestes tipos de ensaios, as tensões que atuam sobre cada fibra do corpo de prova variam
senoidalmente em função do tempo, com um valor médio nulo; cada revolução corresponde a
um período ou a um ciclo do esforço

2.4.6 Aglomerantes

Os aglomerantes são definidos como produtos empregados na construção civil para fixar
ou aglomerar outros materiais entre si. Geralmente são materiais em forma de pó, também
chamados de pulverulentos que, misturados com a água, formam uma pasta capaz de endurecer
por simples secagem ou devido à ocorrência de reações químicas. Existem alguns termos para
definir a mistura de um aglomerante com materiais específicos. Entre os mais conhecidos
podemos citar:
• PASTA = MISTURA DE AGLOMERANTE + ÁGUA
•ARGAMASSA = MISTURA DE AGLOMERANTE + AGREGADO MÍUDO +
ÁGUA
•CONCRETO = AGLOMERANTE + AGREGADO MÍUDO + AGREGADO
GRAÚDO + ÁGUA

De acordo com alguns dos principais autores na área de materiais de construção


(Petrucci, Silva) os aglomerantes podem ser divididos em diferentes classes de acordo com sua
composição e mecanismo de endurecimento. O figura 16, abaixo apresenta de forma resumida
a classificação dos aglomerantes, seguida de uma descrição mais detalhada do significado de
cada termo com base nos autores citados.
Figura 16 - Classificação dos aglomerantes

De acordo com o mecanismo de endurecimento, os aglomerantes podem ser classificados


em:
• AGLOMERANTES QUIMICAMENTE INERTES: seu endurecimento ocorre devido
à secagem do material. A argila é um exemplo de aglomerante inerte.
• AGLOMERANTES QUIMICAMENTE ATIVOS: seu endurecimento se dá por meio
de reações químicas. É o caso da cal e do cimento.
• Os aglomerantes quimicamente ativos são subdivididos em dois grupos:
• AGLOMERANTES AÉREOS: são aqueles que conservam suas propriedades e
processam seu endurecimento somente na presença de ar. Como exemplo deste tipo de
aglomerante, temos o gesso e a cal.
• AGLOMERANTES HIDRÁULICOS: caracterizados por conservarem suas
propriedades em presença de ar e água, mas seu endurecimento ocorre sob influência exclusiva
da água. O cimento é o principal aglomerante hidráulico utilizado na construção civil.

Gesso

O gesso é um aglomerante obtido a partir da eliminação parcial ou total da água de


cristalização contida em uma rocha natural chamada gipsita, que ocorre na natureza em camadas
estratificadas. A obtenção ocorre por meio de 3 etapas: a extração da rocha, a diminuição de
tamanho da mesma por processos de trituração e a queima do material. A última etapa também
é conhecida como calcinação e consiste em expor a rocha a temperaturas que podem variar de
100 a 300ºC, obtendo como resultado o gesso com desprendimento de vapor d’água. De acordo
com a temperatura de queima podem resultar diferentes tipos de produtos.
Normalmente, o gesso possui tempo de pega entre 15 e 20 minutos. A temperatura da
água funciona como acelerador de pega e a quantidade como retardador, ou seja, quanto maior
a temperatura da água, mais rápido o material reage e quanto maior a quantidade de água, mais
lentamente ocorrem as reações. Quanto maior a quantidade de água adicionada, maior a
porosidade e menor a resistência.
O gesso, como material de construção, é um pó branco, de elevada finura,
comercializado principalmente em sacos de 50 kg, com o nome de gesso, estuque ou gesso-
molde. Algumas empresas fornecem embalagens de 1kg, 20 kg e 40 kg. No Brasil, o gesso é um
material relativamente escasso, sendo pouco empregado como aglomerante e mais utilizado em
fins ornamentais.
Possui, ainda, boa aderência a tijolos, pedra e ferro, mas é desaconselhável seu uso em
superfícies metálicas pelo risco de corrosão. Por outro lado, não possui boa aderência a
superfícies de madeira. Apresenta excelentes propriedades de isolamento térmico, acústico e
impermeabilidade do ar.
É utilizado principalmente como material de acabamento em interiores, para obtenção
de superfícies lisas, podendo substituir a massa corrida e a massa fina. Nesse caso, pode ser
utilizado puro (apenas misturado com água) ou em misturas com areias, sob forma de
argamassas. Atualmente, o gesso é empregado em larga escala no formato de placas, as
chamadas paredes leves ou drywall.
Essas placas são utilizadas em forros, divisórias, para dar acabamento em uma parede de
alvenaria bruta ou em mal estado, ou para melhorar os índices de vedações térmicos ou acústicos
do ambiente em que for empregado. Por ser um aglomerante aéreo, não se presta para a aplicação
em ambientes externos devido à baixa resistência em presença da água.

Cal aérea

A cal é obtida a partir da calcinação da rocha calcária, composta principalmente por


óxidos de cálcio e pequenas quantidades de impurezas como óxidos de magnésio, sílica, óxidos
de ferro e óxidos de alumínio. O processo de fabricação consiste resumidamente na extração da
rocha e queima (calcinação).
A cal é utilizada na composição de argamassas sendo misturada em proporções
adequadas com cimento e areia. Segundo Oliveira (2008), as argamassas de cal têm consistência
mais ou menos plástica e endurecem por recombinação do hidróxido com o gás carbônico (CO2)
do ar, reconstituindo o carbonato original, cujos cristais formados ligam de maneira permanente
os grãos do agregado utilizado. Dessa forma, o endurecimento das argamassas de cal se processa
de fora para dentro, exigindo certa porosidade que permita a evaporação da água e a penetração
do gás carbônico.
A cal hidratada difere da virgem por seu processo de hidratação ser feito em usina. A cal
viva é moída e pulverizada e o material moído é misturado com uma quantidade exata de água.
Após, a cal hidratada é separada da não hidratada e de impurezas, por processos diversos.
A cal hidratada possui como vantagens a maior facilidade de manuseio, transporte a
armazenamento, além de maior segurança, principalmente quanto a queimaduras, pois o produto
encontra-se pronto para ser usado, eliminando as operações de extinção e envelhecimento.
Oliveira (2008) aponta como desvantagens da cal hidratada o menor rendimento, a menor
capacidade de sustentação da areia e o fato de as misturas, onde é empregada, resultarem em
argamassas menos trabalháveis.
A cal hidratada pode ser encontrada em diversas embalagens: 8kg, 20kg, 25kg ou 40kg.
Normalmente estão disponíveis no mercado três tipos de material:
• CH – I : Cal hidratada especial (tipo I);
• CH – II : Cal hidratada comum (tipo II);
• CH – III : Cal hidratada com carbonatos (tipo III)
Na construção civil, a cal é utilizada principalmente em argamassas de assentamento e
revestimento, pinturas, misturas asfálticas, estabilização de solos, fabricação de blocos sílico-
calcários, indústria metalúrgica, etc. A adição de cal às argamassas proporciona melhorias em
muitas características da mistura. O uso da cal propicia o aumento de trabalhabilidade da
mistura, o que também contribui para tornar as argamassas mais econômicas pela possibilidade
de aumento na quantidade de agregados. O custo reduzido da cal também contribui para tornar
seu uso atrativo.
O uso de cal nas argamassas também aumenta a retenção de água, o que melhora a
aderência entre os elementos da construção, pois a argamassa cede água gradativamente para os
elementos onde é empregada. Outra contribuição da cal nas argamassas é a redução do fenômeno
de retração, que é a diminuição de volume capaz de gerar o aparecimento de fissuras. Os
revestimentos feitos de argamassa de cal e areia devem ser executados em camadas finas, com
intervalo de aproximadamente 10 dias entre uma camada e outra para possibilitar o
endurecimento completo do material.
As pinturas à base de cal possuem propriedades fungicidas e bactericidas. Além disso, a
cal pode ser utilizada para a separação da escória, que é um resíduo da fabricação de aço para a
construção civil.
Em obra deve-se evitar o recebimento da cal quando a embalagem estiver danificada e
quando o material não deve ficar estocado por longos períodos. O produto deve ser armazenado
em pilhas de, no máximo, 20 sacos, em local fechado e sobre estrados ou chapas de madeira.
Em resumo é de acordo com a figura 17.
Figura 17 – Resumo de especificações de aglomerantes aéreos

Cal hidráulica

A cal hidráulica é construída por silicatos aluminatos de cálcio que hidratando se


endurecem na água ou no ar e também por óxido de cálcio - pelo menos 3% que vai endurecer
por carbonatação.
Utilizam assim clica em aplicar ações idênticas às do cimento, que não exijam
resistências mecânicas elevadas como sejam em argamassas (pobres).
Argamassas de revestimento
argamassas para reboco de parede
argamassa para alvenaria

Cimento Sorel

O cimento sorel ou magnésia sorel, é um aglomerante muito resistente, obtido pela


reação do óxido de magnésio e cloreto de magnésio. O preparo desse tipo de argamassa inicia-
se pela obtenção do magnésio. Isso é feito em fábricas, por calcinação do carbonato de
magnésio, seguido de pulverização. O produto é misturado com a solução de cloreto, obtendo-
se a argamassa. Para a formação do compósito, essa argamassa é misturada à madeira a fim de
se formar um painel ou placas de absorção de som e isolamento térmico.
Cimento de oxicloreto, dá pega em menos de 24 horas e está curado em 4 meses.

2.4.7 Materiais Betuminosos

Entre os materiais de grande emprego na construção civil estão os chamados materiais


betuminosos, como o asfalto, os alcatrões, os óleos graxos. Eles são materiais de uso
preponderante em pavimentações rodoviárias e em impermeabilizações. Também são usados
em pinturas e isolamentos elétricos.
Materiais betuminosos são aqueles materiais compostos essencialmente de betume.
Betume é o nome dado às misturas complexas de hidrocarbonetos pesados,
frequentemente acompanhada de seus derivados não metálicos. Ele pode ter origem natural
(encontrado em minas) ou pirogênica (pode ser obtido pelo aquecimento do petróleo ou outros
materiais orgânicos) e caracteriza-se principalmente por uma força adesiva intensa, pela
repelência à água e por ser inteiramente solúvel no dissulfeto de carbono. Normalmente em
estado sólido, também pode eventualmente se apresentar no estado líquido ou pastoso.
Os materiais betuminosos podem ser divididos unicamente em dois grandes grupos:
asfalto e alcatrão.

Asfalto

São materiais em que o betume está misturado com argilas, siltes, areias, impurezas
minerais ou orgânicas, etc. Pode-se dizer que os asfaltos são misturas de betume de origem
mineral com solos. Podem ser obtidos de jazidas naturais, rochas asfálticas e asfaltos nativos,
ou por processos industriais de destilação do petróleo de base asfáltica ou semi-asfáltica. Possui
as seguintes características:
• consistência sólida ou semi-sólida à temperatura ambiente;
• cor preta ou parda escura;
• cheiro de óleo queimado;
• massa específica de 1kg/dm³;
• funde, geralmente, pela ação do calor.

A ABNT designa os cimentos asfálticos de petróleo pelas letras CAP (Cimento Asfáltico
de Petróleo), seguidas de dois números que se referem ao valor da penetração, como seguem: •
segundo sua viscosidade absoluta a 60º C (em poises):
O CAP 7: = 700 a 1500 poises;
CAP 20: = 2000 a 3500 poises;
o CAP 40: = 4000 a 8000 poises.
• Segundo sua penetração a 25º C (em mm):
o CAP 30 /45
o CAP 50 /70
o CAP 85 /100
o CAP 150 /200
O CAP é um material quase totalmente solúvel em benzeno, tricloroetileno ou em
bissulfeto de carbono, propriedade utilizada como um dos requisitos de especificações.

A maior aplicação dos materiais betuminosos dentro da indústria da construção civil está
na pavimentação rodoviária. Podendo ser executados os seguintes tipos.
Pavimento asfáltico: constituído por agregado aglutinado por asfaltos; o asfalto serve
como aglomerante e impermeabilizante e o agregado confere resistência mecânica.
Areia-asfalto: constituído por areia e asfalto.
Concreto asfáltico: constituído por agregado graúdo, agregado miúdo e asfalto; é o
melhor revestimento asfáltico, com grande estabilidade, resistência e durabilidade.
Solo asfalto: mistura de asfalto com solo natural, não é apropriado para tráfego.
Como não poderia deixar de ser, é muito grande o emprego de materiais betuminosos
em impermeabilizações, tanto os asfaltos de qualquer tipo, como seus produtos derivados, são
aproveitados nas formas mais variadas.
As normas brasileiras estabelecem, para a impermeabilização, o uso de três tipos de
asfalto, que são:
Tipo I: para impermeabilização de fundações, seu ponto de amolecimento deve ficar
entre 60 e 75°C e a penetração em 25-40.
Tipo II: para uso em fundações ou coberturas, seu ponto de amolecimento deve ficar
entre 75 e 95 °C e a penetração em 20-35.
Tipo III: para uso exclusivo na impermeabilização de cobertura, seu ponto de
amolecimento fica entre 95 e 105°C e a penetração em 15-25.
As Normas para ensaios de materiais betuminosos são:
3. REFERÊNCIAS

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais –


Vol I e II. (Edição Ibracon).

MEHTA, P. K; MONTEIRO, P. CONCRETO – Estrutura, Propriedades e Materiais. Editora


PINI (1994) ou Edição IBRACON (edição revisada em 2008).

OLIVEIRA. H.M. Aglomerantes. In: BAUER, L.F.A (Org). Materiais de Construção I. 5 ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2008. p. 11 – 34.

PETRUCCI, E. G. R. Materiais de Construção. Porto Alegre: Globo, 1975.

SILVA, Moema Ribas. Materiais de Construção. São Paulo: PINI, 1985.

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