UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

PROBLEMAS RESOLVIDOS DE TESTE E EXAMES

ANTERIORES

TERMODINÂMICA APLICADA I

P.J. Oliveira

Departamento de Engenharia Electromecânica

Maio2010

Nota: usa-se sempre ponto, para fazer a separação decimal, em vez de vírgula.

-1-
 UIVERSIDADE DA BEIRA ITERIOR
CURSO: Engenharias Electromecânica
DISCIPLIA: Termodinâmica Aplicada I

Primeira Lei para sistemas abertos (Cap. 5)

QUESTÃO DE EXAME

Fazer o cálculo energético de uma turbina cujo rendimento isentrópico é ηi = 0.887 .

Existe uma perda de calor pelas paredes (estão a 185º C) igual a 15 % da queda de
entalpia do vapor. Calcular nomeadamente o trabalho específico da turbina, wt e o calor
perdido pela paredes, qw (kJ/kg).

150 b
550 ºC ηi,T=0.887
1

0.065 b 2

-2-
 Resolução
ηi,T=0.887
1
A figura ao lado mostra esquematicamente a turbina. wT
A turbina não é adiabática, havendo uma perda de calor
através das suas paredes.
qw

2
Das tabelas obtém-se a entalpia e entropia no ponto 1, à entrada para a turbina, onde a
pressão é p1 = 150 b e a temperatura T1 = 550 ºC:

h1 = 3445 h kJ/kg, s1 = 6.511 kJ/(kg.K)

O ponto isentrópico à saída da turbina, onde a pressão é p2 = 0.065 b, tem:

s2i = s1 = 6.511 kJ/)kg.K) e p2 i = p2 = 0.065 b.

O seu título de vapor e entalpia são:

s2 i − s f 6.511 − 0.541
x2 i = = = 0.7693
s fg 7.760
e
h2i = h f + x2i h fg = 158 + 0.7693 × 2412 = 2013.6 kJ/kg.

A entalpia do ponto real à saída da turbina é obtida pela definição de rendimento

isentrópico da turbina:

h1 − h2
ηiT = ⇒ h2 = h1 − ηiT ( h1 − h2i ) = 2175.3 kJ/kg.
h1 − h2i

O título de vapor do ponto real de saída da turbina é então:

h2 − h f 2175.3 − 158
x2 i = = = 0.8364
h fg 2412
e a sua entropia:

s2 = s f + x2 s fg = 0.541 + 0.8364 × 7.760 = 7.031 kJ/(kg.K).

Aplicando o balanço de energia a um volume de controlo em torno da turbina (1ª Lei)

temos

h1 = wT + qw + h2 ou seja ⇒ h1 − h2 = wT + qw

-3-
Como o calor perdido é 15% da queda de entalpia, qw = 0.15∆h onde
∆h ≡ h1 − h2 = 1269.7 kJ/kg, a Primeira Lei fica:
∆h = wT + 0.15∆h ⇒ wT = (1 − 0.15) ∆h = 1079.2 kJ/kg.

e o calor perdido pela parede é:

qw = 0.15∆h = 190.4 kJ/kg.

-4-
 UIVERSIDADE DA BEIRA ITERIOR

CURSO: Engenharias Electromecânica

DISCIPLIA: Termodinâmica Aplicada I

Ciclos de Turbina de Gás (Cap. 7)

PROBLEMA

Considere um ciclo TG com regenerador, como mostrado na figura. Calcule o

rendimento térmico do ciclo, a razão de eficácia, a razão de trabalho e o trabalho net.

Dados:
propriedades do ar: c pa = 1.05 kJ/(kg.K); γ a = 1.4
propriedades dos gases: c pg = 1.25 kJ/(kg.K); γ a = 1.33
razão de pressões do compressor: rpC = 4.7
razão de pressões da turbina: rpT = 4.4
rendimento isentrópico do compressor: ηiC = 0.88
rendimento isentrópico da turbina: ηiT = 0.92
eficácia do permutador: ε = 0.79
Nota: calcular entalpias como h = c p (T − Tref ) , com Tref = 25 º C.

Dados: T1 = 30 º C; p1 = 1 b; T3 = 1150 º C; p y = 1 b.

qin
T3=1150ºC
x B 3
wnet
C T

2
T1=30ºC
1 4
p1=1 b
y
X Regenerador
py=1 b

-5-
 Resolução

Diagrama T-s:

p2
T
p1
T3 3

x 4
2 y

T1
1

Pressão à entrada do compressor p1 = 1 b

Pressão à saída do compressor: p2 = rpC p1 = 4.7 b
( γ a −1)/ γ a
Razão de temperaturas isentrópicas no compressor: ρ pC = rpC = 4.70.4/1.4 = 1.5561
Temperatura à entrada do compressor: T1 = 30 º C = 303 K.
Temperatura à saída do compressor:

 ρ −1   1.5561 − 1 
T2 = T1 1 + pC  = 303 1 +  = 494.5 K =221.5º C.
 ηiC   0.88 

(γ −1)/ γ g
Razão de temperaturas isentrópicas na turbina: ρ pT = rpT g = 4.40.33/1.33 = 1.4443
Temperatura à entrada da turbina: T1 = 1150 º C = 1423 K.
Temperatura à saída da turbina:

  1    1 
T4 = T3 1 − ηiT 1 −   = 1423  1 − 0.92 1 −   = 1020.3 K =747.3º C.
  ρ    1.4443  
  pT 

Como a temperatura à saída da turbina é superior à temperatura à saída do compressor,

faz sentido usar o permutador. A energia térmica dos gases quentes no ponto 4 servirá
para aquecer o ar comprimido no ponto 2, antes de este ser enviado para a câmara de
combustão.
Definição do rendimento do permutador:
T −T
ε= x 2 Tx = T2 + ε (T4 − T2 )
T4 − T2
Temperatura do ar à saída do permutador: Tx = 494.5 + 0.79 (1020.3 − 494.5 ) = 909.9 K
⇒ Tx = 636.9 º C.
Balanço energético ao permutador:

-6-
 c pa
c pa ( Tx − T2 ) = c pg (T4 − Ty ) ⇒ Ty = T4 − (Tx − T2 )
c pg
Temperatura dos gases à saída do permutador:
1.05
Ty = 1020.3 − ( 909.9 − 494.5 ) = 671.4 K = 398.4º C.
1.25
Trabalho específico para o compressor: wC = c pa (T2 − T1 ) = 201.08 kJ/kg.
Trabalho específico da turbina: wT = c pg (T3 − T4 ) = 503.38 kJ/kg.
Trabalho específico net: wnet = wT − wC = 302.3 kJ/kg.
Calor para a câmara de combustão: qin = c pg (T3 − Tref ) − c pa (Tx − Tref ) = 763.76 kJ/kg.
Calor rejeitado para ambiente: qout = c pg (Ty − Tref ) − c pa (T1 − Tref ) = 461.50 kJ/kg.
Balanço energético global: qin = wnet + qout = 302.3 + 461.5 = 763.8 kJ/kg (correcto).

Razão de trabalhos: rw = wnet / wT = 302.3 / 503.38 = 60.05 %

Rendimento do ciclo: ηCy = wnet / qin = 302.3 / 763.76 = 39.58 %.

-7-
 UIVERSIDADE DA BEIRA ITERIOR

CURSO: Engenharias Electromecânica

DISCIPLIA: Termodinâmica Aplicada I

Ciclos de potência de vapor (Cap. 6)

PROBLEMA

Para o ciclo de vapor com sobre-aquecimento e regeneração representado na figura

abaixo, calcule as entalpias em todos os pontos, a fracção de vapor extraído da turbina
y , o trabalho net wnet , o calor fornecido qin , o calor extraído qout , o rendimento do
ciclo ηCy , o consumo específico de vapor ssc, e a razão de eficácia ri .

A pressão de extracção ( p2 ) deve ser escolhida de forma a maximizar o rendimento,

podendo o seu valor ser arredondado para o mais próximo existente na tabela. O
trabalho da bomba pode ser desprezado.

100b ηiT,AP= ηiT,BP=

500ºC 1 0.92 0.90 3
0.05b
wnet
Turbina
Caldeira Condensador
y
qin 2
qout
4

6 5
Bomba
Pré-aquecedor
(tipo fechado)
7 8
liq. sat. Válvula

-8-
 Resolução

Trata-se de um ciclo de vapor regenerativo com pré-aquecedor de tipo fechado.

O diagrama T-s é mostrado na figura seguinte:

T pe
1 pi
9

6 7 y 2 pc
5
4 8 3

s
Cálculo das entalpias nos vários pontos

Para p1 = 100 b e T1 = 500 º C, as tabelas dão: h1 = 3373 kJ/kg e s1 = 6.596 kJ/(kg.K).

O ponto 9 corresponde a líquido saturado a 100b, h9 = 1408 kJ/kg.
O ponto 4 corresponde a líquido saturado a 0.05 b: h4 = h5 = 138 kJ/kg.
O ponto 5 tem a mesma entalpia do 4 por se desprezar o efeito da bomba de água.

h9 − h4
Optimização da regeneração: ∆h = = 635 kJ/kg.
2
Assim, em primeira aproximação a entalpia de 6 é: h6 = h5 + ∆h = 773 kJ/kg.
Para se evitarem interpolações, aproxima-se a pressão do ponto 7 (igual à pressão do
ponto 2, a pressão de extracção) por:

p7 = p2 = 10 b

Que dá um valor de h f o mais perto possível do valor de h6 determinado acima. Por

isso as entalpias correctas do ponto 7, 6 e 8 são: h6 = h7 = h8 = 763 kJ/kg, onde se tem
h7 = h8 devido ao balanço energético na válvula.

Evolução ao longo da turbina de alta pressão:

Ponto 2 isentrópico: s2 i = s1 = 6.596 kJ/(kg.K) e p2 = 10 b.
Por interpolação na tabela vem: h2i = 2782.7 kJ/kg.
Usando a definição do rendimento isentrópico da turbina de alta pressão:
h2 = h1 − ηiT , AP ( h1 − h2i ) = 2829.9 kJ/kg.
Da tabela: s2 = 6.695 kJ/(kg.K).

-9-
Evolução ao longo da turbina de baixa pressão:
Ponto 3 isentrópico: s3i = s2 = 6.695 kJ/(kg.K) e p3 = 0.05 b.
O título de vapor dá x3i = 0.7854
e a entalpia h2i = 2401.1 kJ/kg.
Usando a definição do rendimento isentrópico da turbina de baixa pressão:
h3 = h2 − ηiT , BP ( h2 − h3i ) = 2120 kJ/kg.
e o respectivo título x3 = 0.818 (deveria ser maior para evitar erosão).

Balanços energéticos:

h6 − h5
Ao pré-aquecedor: y ( h2 − h7 ) = h6 − h5 , y= = 0.3024
h2 − h7
Esta é a fracção de caudal extraída na turbina para a regeneração.

À turbina: wnet = wT = h1 − h2 + (1 − y )( h2 − h3 ) = 1038.3 kJ/kg.

À caldeira: qin = h1 − h6 = 2610 kJ/kg.

Ao condensador: (1 − y ) h3 + yh8 = qout + h4
⇒ qout = h3 − h4 − y ( h3 − h8 ) = 1571.6 kJ/kg.

Verificação do balanço global: qin = qout + wnet = 1571.6 + 1038.3 = 2610 kJ/kg (correcto)

wnet
Rendimento do ciclo: ηCy = = 39.78 % .
qin
3600
Consumo específico de vapor: ssc = = 3.467 kg/kWh.
wnet

Cálculo do ciclo ideal correspondente:

No ciclo ideal h2 = h2 i = 2782.7 kJ/kg, e h3 = h3ii = 2010.8 kJ/kg, onde s3ii = s1 = 6.596
kJ/(kg.K), que dá x3ii = 0.7729 . Assim, a fracção de caudal extraído é agora:
h −h
yi = 6 5 = 0.3094
h2i − h7
O calor que entra é o mesmo e o trabalho net é agora: wnet ,i = 1123.3 kJ/kg, pelo que
ηid = 43.04 %. Finalmente, a razão de eficácia vem:
ηCy
ri = = 92.43 %.
ηid

- 10 -
 UIVERSIDADE DA BEIRA ITERIOR

CURSO: Engenharia do Papel

DISCIPLIA: Termodinâmica Aplicada
EXAME: 1º frequência
AO LECTIVO: 3º DATA: 9 Junho 2003

1) Para um ciclo de vapor que funciona segundo o esquema representado em baixo,

calcular:
(a) fazer diagrama T-s
(b) entalpias em todos os pontos
(c) trabalho net ( wnet ), calor fornecido ( qin ) e calor rejeitado ( qout );
(d) rendimento do ciclo, ηCy
(e) razão de eficácia, ri

450º C
1 60 b
ηiT=0.86

2 0.05 b
Turbina

Caldeira Condensador

Bomba água

4 3

2) Um ciclo de turbina de gás funciona segundo o esquema anexo. As entalpias

devem ser calculadas como h = c p (T − Tref ) com Tref = 20 º C. Assumir que o
fluido de trabalho é ar até à câmara de combustão e gases a jusante. As
propriedades do ar são γ a = 1.4 , c pa = 1.02 kJ/(kg.K), e dos gases γ a = 1.35 ,
c pa = 1.13 kJ/(kg.K).
(a) Desenhar diagrama T-s
(b) Calcular temperaturas nos vários pontos (º C)
(c) Calcular wnet , qin , qout (kJ/kg)
(d) Rendimento do ciclo
6.0 b
6.5 b 1150º C
2 B 3
ηiC=0.86 ηiT=0.91
C T

4
1
1.1 b
1b, 23ºC

- 11 -
 Resolução

1- Ciclo TV
a)
Diagrama T-s:
T
pe
TSA 1

Te pc
4
Tc
3 2

b)
Cálculo das entalpias nos vários pontos
Ponto 1:
Para p1 = 60 b e T1 = 450 º C, as tabelas dão: h1 = 3301 kJ/kg e s1 = 6.719 kJ/(kg.K).
Ponto 2:
O ponto 2i (isentrópico) tem p2 = 0.05 b e s2 i = s1 = 6.719 kJ/(kg.K);
s2 i − s f
x2 i = = 0.7884
s fg
h2i = h f + x2 i h fg = 2048.4 kJ/kg.
A entalpia do ponto 2 real vem da definição do rendimento isentrópico:
h −h
ηiT = 1 2 ⇒ h2 = h1 − ηiT ( h1 − h2i ) = 2223.8 kJ/kg.
h1 − h2i

O ponto 3 corresponde a líquido saturado a 0.05 b: h3 = 138 kJ/kg.

O ponto 4 tem a mesma entalpia do 3 por se desprezar o efeito da bomba de água:
h4 = 138 kJ/kg

c)
Desprezando o trabalho da bomba, tem-se:
wnet = wT = h1 − h2 = 1077.2 kJ/kg.
Calores trocados:
qin = h1 − h4 = 3163 kJ/kg
qout = h2 − h3 = 2085.8 kJ/kg
Verificar balanço global: qin = wnet + qout = 1077.2 + 2085.8 = 3163 kJ/kg (correcto).

d)
Rendimento térmico do ciclo:

- 12 -
 wnet
ηCy = = 34.06 % (valor razoável)
qin
e)
Para o ciclo ideal o único ponto diferente é o ponto 2, que terá uma entalpia igual à do
ponto 2i acima. Assim:
wnet ,i = wTi = h1 − h2i = 1252.6 kJ/kg.
wnet ,i
ηid = = 39.60 %
qin
e
ηCy
ri = = 0.86 %
ηid
Verifica-se que a razão de eficácia para este ciclo é igual ao rendimento isentrópico da
turbina, o que pode demonstrado facilmente.

2-
a) Diagrama T-s:

6.5 b p2 1b
T
6b p1
T3 3
1.1b

4
2

T1
1

s
b)
Pressão à entrada do compressor p1 = 1 b
Pressão à saída do compressor: p2 = 6.5 b ⇒ rpC = p2 / p1 = 6.5
( γ a −1) / γ a
Razão de temperaturas isentrópicas no compressor: ρ pC = rpC = 6.50.4 /1.4 = 1.7071
Temperatura à entrada do compressor: T1 = 23 º C = 296 K.
Temperatura à saída do compressor:

 ρ −1   1.7071 − 1 
T2 = T1 1 + pC  = 296 1 +  = 539.4 K = 266.4º C.
 ηiC   0.86 

Razão de pressões na turbina: rpT = p3 / p4 = 6 /1.1 = 5.454

(γ −1) / γ g
Razão de temperaturas isentrópicas na turbina: ρ pT = rpT g = 5.4540.35 /1.35 = 1.5524
Temperatura à entrada da turbina: T3 = 1150 º C = 1423 K.

- 13 -
Temperatura à saída da turbina:

  1    1 
T4 = T3 1 − ηiT 1 −   = 1423  1 − 0.91 1 −   = 962.2 K = 689.2º C.
  ρ    1.5524  
  pT 
c)
Trabalho específico para o compressor: wC = c pa (T2 − T1 ) = 248.3 kJ/kg.
Trabalho específico da turbina: wT = c pg (T3 − T4 ) = 520.7 kJ/kg.
Trabalho específico net: wnet = wT − wC = 272.4 kJ/kg.
Calor para a câmara de combustão: qin = c pg (T3 − Tref ) − c pa (T2 − Tref ) = 1025.6 kJ/kg.
Calor rejeitado para ambiente: qout = c pg (T4 − Tref ) − c pa (T1 − Tref ) = 753.1 kJ/kg.
Verificar o balanço energético global:
qin = wnet + qout = 272.4 + 753.1 = 1025.5 kJ/kg (correcto).

d)
Rendimento do ciclo: ηCy = wnet / qin = 272.4 /1025.6 = 26.6 %.

- 14 -
 UIVERSIDADE DA BEIRA ITERIOR
CURSO: Engenharia Electromecânica e EPGI
DISCIPLINA: Energética I
EXAME : 1º Exame
ANO LECTIVO: 5º DATA: 2 Fevereiro 2005

1) Para o ciclo de TG representado abaixo, do tipo (CBTRT)i, onde as propriedades do

ar são c pa = 1.1 kJ/kg.K e γ a = 1.4 , e dos produtos de combustão c pg = 1.3 kJ/kg.K e
γ g = 1.32 , com entalpias calculadas como h = c p (T − Tref ) ( Tref = 25 ° C), calcular ou
fazer:
(a) Diagrama T-s
(b) Temperaturas nos vários pontos
(c) Pressão de reaquecimento para trabalho máximo
(c) Trabalho net
(d) Rendimento global do ciclo e razão de trabalhos.
1050º C 1050º C
4 R 5
2 B 3
0.96 0.96 ηB=ηR=0.96
ηi= T
C T
∆pB=0.12 b
0.84 0.92 0.90
rpC=4 ∆pR=0.10 b
6
1 1.1 b
1b, 18ºC

2) Um hotel precisa de 2.3 MW de electricidade, para uma razão de cogeração de

λd = 3.2 , e funciona 5500 h/ano. O vapor de processo para o calor útil deve ser
produzido a 3 b e retorna como líquido saturado a 1 b. Os valores para a produção
energética convencional são: electricidade, ηC = 0.36 ; YE = 16 esc/kWh (0.08 E/kWh);
caldeira, PCI = 42 MJ/kg; YF = 68 esc/kg (0.34 E/kg); η B = 0.86 . Pretende-se utilizar
um esquema de cogeração baseado em TV de contrapressão, tal como representado
abaixo. O combustível para a caldeira do ciclo tem PCI ′ = 44 MJ/kg e custa
YF′ = 62 esc/kg (0.31 E/kg). Fazer ou calcular:
(a) Diagrama T-s
(b) Entalpias nos vários pontos (desprezar bomba)
(c) Factor de cogeração do esquema e explicar como vai ser ajustado à procura
(d) Caudal de vapor no ciclo
(e) FESR, EUF e rendimento do esquema global
(f) Poupança anual em energia (contos/ano)
(g) O que faria se o factor de cogeração da procura passasse para λd = 5.5 ? Calcular
novo FESR.
400º C
1 30 b
ηiT=0.884

2
Turbina

Caldeira
Permutador
(F)CG
(Qu)CG
Bomba água
η'B=0.91

4 3

- 15 -
 Resolução

1- Ciclo TG

a)Diagrama T-s

p2
T pi p1
3 5

4 6

b) Temperaturas nos vários pontos

Pressão à entrada do compressor p1 = 1 b
Pressão à saída do compressor: rpC = p2 / p1 = 4 ⇒ p2 = 4 b
( γ a −1)/ γ a
Razão de temperaturas isentrópicas no compressor: ρ pC = rpC = 40.4/1.4 = 1.4860
Temperatura à entrada do compressor: T1 = 18 º C = 291 K.
Temperatura à saída do compressor:

 ρ −1   1.4860 − 1 
T2 = T1 1 + pC  = 2911 +  = 459.4 K =186.4º C.
 ηiC   0.84 

Pressão à entrada da 1ª turbina p3 = p2 − ∆pB = 4 − 0.12 = 3.88 b

Pressão à saída da 2ª turbina p6 = 1.1 b

Pressão intermédia para maximizar trabalho da turbina,

pi = p4 = p3 p6 = 3.88 × 1.1 = 2.066 b

Pressão à entrada da 2ª turbina p5 = p4 − ∆pR = 2.066 − 0.10 = 1.966 b

Razão de pressões da 1ª turbina: rpT 1 = p3 / p4 = 3.88 / 2.066 = 1.8781
Razão de pressões da 2ª turbina: rpT 2 = p5 / p6 = 1.966 / 1.1 = 1.7873
Razão de temperaturas isentrópicas na 1ª turbina:
(γ −1)/ γ
ρ pT 1 = rpT g1 g = 1.87810.32/1.32 = 1.1651
Temperatura à entrada da turbina: T3 = 1050 º C = 1323 K.
Temperatura à saída da 1ª turbina:

- 16 -
   1    1 
T4 = T3 1 − ηiT 1 1 −   = 1323 1 − 0.92 1 −   = 1150.6 K =877.6º C.
  ρ    1.1651  
  pT 1 

Razão de temperaturas isentrópicas na 2ª turbina:

(γ −1)/ γ
ρ pT 2 = rpT g2 g = 1.78730.32/1.32 = 1.1512
Temperatura à entrada da 2ª turbina (re-aquecimento completo):
T5 = T3 = 1050 º C = 1323 K.
Temperatura à saída da 2ª turbina:

  1    1 
T6 = T5 1 − ηiT 2 1 −   = 1323 1 − 0.90 1 −   = 1166.6 K =893.6º C.
   
  ρ pT 2     1.1512  

c)
A pressão de re-aquecimento para trabalho máximo deve ser a raiz quadrada do produto
das pressões abaixo e acima, pi = p4 = p3 p6 = 2.066 b (ver alínea anterior).
Nota: devido à perda de pressão (perda de carga) no re-aquecedor, e ao facto dos
rendimentos isentrópicos das duas turbinas serem diferentes, neste caso a razão de
pressões de cada turbina não é igual à raiz quadrada da razão de pressões total, isto é:
rpT 2 ≠ rp ,total .
Tem-se rp.total = p3 / p6 = 3.88 / 1.1 = 3.5273 ; e rpT .total = 1.8781 = rpT 1 ≠ rpT 2 . Por sua
vez, isto implica que T4 ≠ T6 , como se viu acima.

d) Balanços e trabalho net

Trabalho específico para o compressor: wC = c pa (T2 − T1 ) = 185.2 kJ/kg.
Trabalho específico da 1ª turbina: wT 1 = c pg (T3 − T4 ) = 224.1 kJ/kg.
Trabalho específico da 2ª turbina: wT 2 = c pg (T5 − T6 ) = 203.3 kJ/kg.
Trabalho específico das turbinas: wT = wT 1 + wT 2 = 427.4 kJ/kg.
Trabalho específico net: wnet = wT − wC = 242.2 kJ/kg.

e) Rendimento global do ciclo

c pg (T3 − Tref ) − c pa (T2 − Tref ) = 1203.1 kJ/kg.
Calor para a câmara de combustão: (qin ) B =
ηB
c pg (T5 − T4 )
Calor para o reaquecedor: (qin ) R = = 233.4 kJ/kg.
ηR
Calor total introduzido: (qin )tot = (qin ) B + (qin ) R = 1203.1 + 233.4 = 1436.5 kJ/kg.

wnet 242.2
Rendimento global do ciclo: ηCy = = = 16.86 %.
(qin )tot 1436.5

Verificação:

- 17 -
Calor rejeitado para ambiente: qout = c pg (T6 − Tref ) − c pa (T1 − Tref ) = 1136.9 kJ/kg.
Verificar o balanço energético global:
qin = wnet + qout = 242.2 + 1136.9 = 1379.1 kJ/kg,
(qin )tot = qin / η B = 1436.5 kJ/kg. (correcto)

2- Ciclo TV com cogeração

a) Diagrama T-s:

T 30 b

qin 1 wnet 3 b
1b

4 2

3
qu

b) Entalpias nos vários pontos

Ponto 1- Para p1 = 30 b e T1 = 400 º C, as tabelas dão:
h1 = 3231 kJ/kg e s1 = 6.921 kJ/(kg.K).

Ponto 2- O ponto 2i (isentrópico) tem p2 = 3 b e s2i = s1 = 6.921 kJ/(kg.K);

s2 i − s f 6.921 − 1.672
x2 i = = = 0.9865
s fg 5.321
h2i = h f + x2i h fg = 561 + x2 i 2164 = 2695.7 kJ/kg.

A entalpia do ponto 2 real vem da definição do rendimento isentrópico (ηiT = 0.884 ):

h −h
ηiT = 1 2 ⇒ h2 = h1 − ηiT ( h1 − h2i ) = 2757.8 kJ/kg.
h1 − h2i
Vê-se das Tabelas que o ponto 2 está ligeiramente sobreaquecido.

O ponto 3 corresponde a líquido saturado a 1 b: h3 = 417 kJ/kg.

O ponto 4 tem a mesma entalpia do 3 por se desprezar o efeito da bomba de água:
h4 = 417 kJ/kg

c) Factor de cogeração e forma de ajustar a central de cogeração à procura energética

Trabalho net produzido pelo esquema de cogeração: ( wnet )CG = h1 − h2 = 473.2 kJ/kg.
Calor útil produzido pelo esquema de cogeração: (qu )CG = h2 − h3 = 2340.8 kJ/kg.

- 18 -
Factor de cogeração do esquema de TV contra-pressão:
(q )
λCG = u CG = 4.947
( wnet )CG

Como λd = 3.2 , temos λd < λCG e existem 2 hipóteses de ajuste:

Qɺ Qɺ
1º Ajustar calor útil: u < u ⇒ Wɺ > Wɺ CG
Wɺ Wɺ CG

Vai ser preciso comprar alguma electricidade à rede: Wɺ ′ = Wɺ − WɺCG .

Qɺ u ( )
Qɺ u
2º Ajustar electricidade:
Wɺ
<
Wɺ
CG
( )
⇒ Qɺ u
CG
> Qɺ u
Neste caso seria necessário rejeitar calor, o que não parece vantajoso à partida.

Portanto o melhor será ajustar o esquema de cogeração ao calor útil e comprar parte da
electricidade à rede.

d) Ajustar o ciclo TV de contra-pressão (o esquema CG) ao calor útil:

Qɺ u = mɺ v (qu )CG = mɺ v ( h2 − h3 )

O calor útil é obtido da definição do factor de cogeração da procura:

Qɺ
λd = ɺu Qɺ u = λdWɺ = 3.2 × 2.3 = 7.36 MW.
W

O caudal de vapor de processo, que circula no ciclo TV, é portanto:

Qɺ u
⇒ mɺ v = = 3.1442 kg/s
( h2 − h3 )
(e) O esquema de cogeração global é o seguinte:

Qu=7.36 MW
FCG
ηCG
F'CG WCG W=2.3 MW
F'E
ηC
W'

Repare-se que algum combustível adicional tem de ser gasto pela central da rede, FɺE′ ,
para produzir a potência eléctrica adicional, Wɺ ′ .

A potência eléctrica produzida pela central de cogeração (pelo ciclo de contra-pressão)

é:
Wɺ CG = mɺ v ( wnet )CG = mɺ v ( h1 − h2 ) = 1488 kW = 1.488 MW.

pelo que a potência eléctrica adicional proveniente da rede vem:

Wɺ ′ = W/ɺ − WɺCG = 2.3 − 1.488 = 0.812 MW

- 19 -
.
A potência térmica do combustível fornecido à central de cogeração calcula-se de:
mɺ ( h − h )
FɺCG = v 1 4 = 9723 kW = 9.723 MW
η B′
e o rendimento global da central CG é:
Wɺ
ηCG = ɺCG = 15.30 %.
FCG

Do esquema energético dado acima obtêm-se os restantes fluxos, usando as definições

dos rendimentos:
Wɺ ′ 0.812
FɺE′ = = = 2.255 MW
ηC 0.36
′ = FɺCG + FɺE′ = 9.723 + 2.255 = 11.978 MW
FɺCG

O consumo energético do esquema de produção convencional de referência, que serve

para produzir a mesma electricidade e calor útil, calcula-se de:
Wɺ Qɺ u 2.3 7.36
Fɺref = + = + = 14.947 MW.
ηC η B 0.36 0.86

Os parâmetros de desempenho da central global de cogeração, isto é o esquema de

cogeração em si mais a central da rede, tal como mostrado dentro do bloco a linha
interrompida vermelha na figura anterior, são:

Factor de poupança da energia do combustível:

Fɺ ′
( FESR )′ = 1 − ɺCG = 19.86 %
Fref
Factor de utilização da energia:
Wɺ + Qɺ 9.66
( EUF )′ = ɺ ′ u = = 80.65 %
FCG 11.978
Rendimento global:
Wɺ
(η0 )′ = ɺ ′ = 19.20 %
FCG
O EUF indica que só cerca de 20% da energia contida no combustível é perdida,
enquanto o rendimento global é relativamente baixo porque o calor útil produzido é
cerca de 3 vezes superior à electricidade produzida. O parâmetro com um significado
mais relevante é o FESR da central global: diz-nos que se irá poupar cerca de 20% em
energia primária quando se passa do esquema convencional para o esquema de
cogeração. Ou seja, do ponto de vista puramente energético, faz todo o sentido fazer-se
essa mudança.

(f) Custos energéticos em dinheiro

Vejamos agora se do ponto de vista financeiro é também vantajoso fazer a mudança do
esquema convencional para o esquema de cogeração.
Os custos energéticos envolvidos no esquema convencional são os envolvidos com a
compra da electricidade da rede:

- 20 -
 CE = WT
ɺ Y = 2.3 × 5.5 × 16 = 202.4 mil contos/ano,
h E

e com a compra do combustível para a caldeira convencional:

Qɺ u 7.36
CF = Th 3.6YF = 5.5 × 3.6 × 68 = 274.3 mil contos/ano.
η B PCI 0.86 × 42

O custo total convencional é portanto:

CC = CE + CF = 202.4 + 274.3 = 476.7 mil contos/ano

Já para o esquema de cogeração global, os custos energéticos são os envolvidos com a

compra do combustível para a caldeira da central de cogeração:
Fɺ 9.723
CF = CG Th 3.6YF′ = 5.5 × 3.6 × 62 = 271.3 mil contos/ano,
PCI ′ 44

e com a compra da electricidade adicional à rede:

CE′ = Wɺ ′ThYE = 0.812 × 5.5 × 16 = 71.5 mil contos/ano.

O que dá um custo total para a central de cogeração de:

′ = CF + CE′ = 271.3 + 71.5 = 342.7 mil contos/ano.
CCG

Portanto consegue-se uma poupança substancial em dinheiro quando se passa do

esquema convencional para o esquema de cogeração:
′ = 134 mil contos/ano
Poupança = CC − CCG

(g) O que fazer quando λd = 5.5 ?

Nesta situação o factor de cogeração da procura é superior ao da central de cogeração
( λCG = 4.947 ):

Qɺ u (Qɺ u )CG
λd > λCG ⇒ >
Wɺ WɺCG

Existem duas hipóteses para se fazer o ajuste:

i- Ajustar o calor útil Qɺ u e vender alguma electricidade à rede:
Qɺ u Qɺ
> u ⇒ WɺCG > Wɺ
Wɺ Wɺ CG

ii- Ajustar a electricidade e produzir algum calor útil numa caldeira

convencional:
Qɺ u (Qɺ u )CG
> ⇒ Qɺ u > (Qɺ u )CG
Wɺ Wɺ

À partida a hipótese (i) deve ser vantajosa, mas nada é dito sobre a possibilidade de
vender electricidade à rede.

- 21 -
Vamos analisar separadamente as duas hipóteses:
Qu
FCG
ηCG
F'CG WCG W
F'E
ηC
W'

Esquema para hipótese (i).

i- Electricidade da procura, Wɺ = 2.3 MW

Calor útil da procura, Qɺ u = λdWɺ = 12.65 MW

Qɺ u
Caudal de vapor no ciclo CG ajustado a Qɺ u , mɺ v = = 5.4041 kg/s
h2 − h3
Electricidade produzida pelo ciclo CG, Wɺ CG = mɺ v ( h1 − h2 ) = 2.557 MW
Wɺ
Energia do combustível ciclo CG, FɺCG = CG = 16.712 MW
ηCG
Electricidade vendida à rede: Wɺ ′ = WɺCG − Wɺ = 257 kW
Correspondente energia de combustível poupada pela rede:
FɺE′ = Wɺ ′ / ηC = 714 kW
Energia de combustível total: Fɺ ′ = Fɺ − Fɺ ′ ≅ 16.0 MW
CG CG E
Energia de combustível de referência (esquema convencional):
Wɺ Qɺ u 2.3 12.65
Fɺref = + = + = 21.1 MW
ηC η B 0.36 0.86
FESR da central global: ( FESR )′ = 1 − Fɺ ′ / Fɺ = 24.16 %.
CG ref

W
FCG
ηCG
F'CG
(Qu)CG Qu
F'H
ηB
Q'u

Esquema para hipótese (ii)

ii- Ajustar a electricidade (ver esquema acima), Wɺ CG = Wɺ

Wɺ
Caudal de vapor: mɺ v = = 4.860 kg/s
h1 − h2
Calor útil produzido pela CG, (Qɺ u )CG = mɺ v (h2 − h3 ) = 11.38 MW

- 22 -
 Wɺ
Energia de combustível para central CG, FɺCG = CG = 15.03 MW
ηCG
Calor adicional produzido na caldeira convencional,
Qɺ u′ = Qɺ u − (Qɺ u )CG = 1272 kW
Q′
Energia de combustível para essa caldeira, FH′ = u ≅ 1.48 MW
ηB
Energia de combustível para esquema global,
′ = FɺCG + FɺH′ = 15.03 + 1.48 = 16.51 MW
FɺCG
FESR do esquema global de cogeração: ( FESR )′ = 1 − FɺCG′ / Fɺref = 21.75 %

Como se vê, a poupança em combustível dada pela opção (i) é maior e por isso essa
opção seria preferível, caso seja possível vender electricidade à rede.

- 23 -