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WH-Mffap

ajüliilê Uêllililil»
N. 11 V DE ABRIL DB 1844. VOL. I.

tttaMittMh
CaEOaKi-PHIA Aos llehreos devemos as mais antigas noçoe
do geographia sobre os Phenicios, os Egypcios
e os Árabes; depois uos Gregos; os eicriptoa
do Sr. F. IVune» dc Soii-ui. dos outros povos anteriores e de contemporâneos
seus nao chegaram a nós.
Os primeiros historiadores foram poetas, como
o primeiro homem que observou, os primeiros geographos: Moysés, Homero, He-
os lugares siodo. Seis séculos antes de Christo Anaxi-
por precisão ou curiosidade, mandro di a conhecer os nomes du Ásia o da
nasceu a idéa da geo-
toxi que o rodeavam , Europa ; hum século depois Hcrodolo percorro
depois, logo que a terra começou
graphia , que as três parles do inundo conhecidas no seu tem-
o povoar-se, tornou-ío huma necessidade para de Cnido foz hum
os povos errontes. Foi somente porém quan- po e as descreve. Eudoxus
Itinerário Universal; Ephorus do Cumes dà nu-
do os homens se constituíram em sociedades,
se desenvolveu , que o com- morosos pormenores geographicos nas suas obras
quando a civilisação históricas; e o sahio llippocrates, no seu Irti-
mercio tomou extensão, que so tornou cila in-
tado dos Ares, das Águas e dos Lugares, of-
dispensável o pôde receber o nome do sciencio,
ferece-nos a móis antiga obra de geographia
a qual além disso somente devia chegar ao seu Aristóteles,
mais alto ponto quando os homens não traba- physica; depois vem Xenophonto, liie-
lhassem tanto por fazel-a progredir por neces- üiceorcho, Beton e Uiogetes, que todos
ram rápida e particularmente progredir a scten-
sidade, como por orgulho; nobre orgulho , na
cia geographica , e as sciencias em geral.
verdade, imposto por huma vontedo supremo,
creou o gênero humano As nações civilisadas dessa épocha aproveita-
que com huma palavra ram amplamente as numerosas viageas quo
ellas
e para o punir o fez cahir; e quo agora, por aug-
fizeram, os conhecimentos tle toda espécie
meio da intelligencia, lhe permitto approxtmar- do Ale-
montaram, o Eratosllienes, bibliolhecorio
se do seu Crcador. , . . . , tudo até o seu século
tanta xandria , juntando quanto
NSo he de admirar que, depois do hum systema com-
todas as nações dessa sc.cn- so havia aprendido, creou
existência, quando Alguns historiadores gregos
cia se oecuparam, quando já houvo tão jtvulta- plelo de geographia.
assaz aproveitaram das obras do Agatharchidcs
do numero do geographia3 universaes, elemen- Irag-
tem- de Cnide, do qual náo nos ficaram senão
tares, e resumos , tenha cila ha tão pouco o mesmo Hipparcha, esto profundo o
a vemos, e que mantos;
po chegado ao ponto em que sábio astrônomo da escola do Alexandria, que
ainda haja algumas nações cultas da buropa que
foi o primeiro em crear a geographia puramon-
não possuam hum tratado satisfactono de geo- ro-
to astronômica , passa por ter muitas vezes
graphia? , . . ... também ajnntou
babi- corrido a ellas. Marino de Tyr
Assim como a historia dos primeiros csc-rin-
os fragmentos de quo so havia até então
tantes da terra, as noções geographicas perdem- a o formou liurn todo
to sobre geographia,
se no obscuridade do passado; o pela mesma mais que.
completo, do qual não conhecemos
razão que a historia primitiva torna-so huma emfim muitos autores gregos o
alguns extractos;
espécie de tneogonia, a geographia primitiva aqui, nao lia-
latinos, que seria inútil enumerar
torna-se mythologiui e fabulosa. 41
.lll! SCIENCIAS.
»âo traducçõei, t
«HU espaço IM t-M-Wi-h» o m B|rtaaM
a grapbia na lingua portugueza
«t» do Broiil, i8o algum resumo*, nao
li.m*r a dia o* »eu* trabalho*. M UUllMM *•" quanto
ai Árabe* Wttai • de*provido» de toJo o mérito, mas que nau teu,
i«, mmmm Naaaaalat,
i. 0 que H «ige de huma geographia que se
Alnmieid de» uniam aAiia; éamk MMMW
1.1 Bakoui. Ebn deva adoptar no* collegio* e academia* da narau
Kl... Ilaukal. Kdresi, AtH.ul-Fe.l...
He trabalho tao dilücü. que lem duvida nâo
lljloiila. e emli.ii Ien BO wruh» 1.». »H
atlingirao o* primeiro* a perfeição; entretant.,
o» autores grego*, merecem elogio» e alento, jà por abrir bum
5 |.r.*i'...v* a dai» que caminho em que *abem que se hao de aMigai
de modelo. I que elle* con-
que Ih.**. »crvit.tni da sem muito proveito, jà por »aber que o» que
t..iu.ir.i.ii. nao paaeeaa reformar a ajeleeM
lho* «uccedcrem o* tornarão e*quecidoi. Rei.--
rnvlâ ét Alexíiiiln».
o* tacendina* rireaaaa aqui algun* fragmentei das Xocves tlt-
Na idade media, no «eeulo 10.
mtntarei de titcgraphia Astronômica, Pkytica r
,,.,.. ivm a» »ua» viagcn». liierum importante*
verdade, he Política, pelo Sr. Francisco Nune* de Souta,
iaaaaèatlai no norte, porem, n» \i no prelo, afim que o publico delia tenba
s-VmcnU* no »*vulo 15. depois d.vs visgen» de
huma iiloa. satisfeito *e por noisa via posii a
Ciipin. dc Rut-iuqui* l de Marco Polo, quan-
«Io Portugal . etit.o huma da* nuis celebre* na-
mimitv.v contribuir para fazer conhecer a Scui
«xv*. ha iiHiil.v* |lociaaaa descobrimento*, e batata, o* produeto* da intelligencia.
tiaaaiiUir lefo a ioda s Earaaa a gosto das
viagen». que k* entiqueceu com immentos pro- SOBRE 0 C.VRO DOS CORPOS ERRANTI>
entretanto nm- SUSPENSOS NO ESPAÇO*
guma a wien.ru geo|caflwca:
havia ainda spmenUJo, com o* mate-
fuem
i..*.«** |à mvlhiJos . huma geographtâ completa; l.«-_PO Ecruiaato nos coaeos tia Arma >o
•r.o *v»entí jvr i**o fóea premo toda» a* ex- EírAÇO.
'
..vio-açoe* em torno do mundo de Mafalblaa.
ia tiaèa, de i.aveodtsd.. de Vea Naett, de * t'rf-m qut a tem, no ttu prineipie. h
•j-pilberf, ie Cearia;. de Aueoa . -f «terçai»- |
•..-, «o «rio do «•***?•
globo it f?go lulsè*
tuile. d* Cool e outtws; porem Un Um *í nua e que. pelo decurso do tempo, te Toi eifrir.-
«KvicrMt ie Diaaa, de l» Pcjr.use. de Va»- I do. eobnndo-j* por isw ^le bumi camada c*u
«vuvvrr . ie TuraUiU . de KnaerMleta . Frevo- tem au*nneoUÍo à meá;-:
j naata »lida. a qual
ue*. . Dapvrm . it Fotfer < Ae Paaaiail Dar- o esínaiaento penetra o intericr da tem
que
es*, camada ou casei e.terior. cede se atbi**-;
C«t* W sot #f *ckaas iissecirtjw «¦ ta- « tontmer.t« e o* «*»n« . cuja mas» loidi
wnv»» ohne *e eiertto. ta»te ce keeena cem - c«krio . nas épochas r-rimitiias. tods oa trand*
ée ^tv^rapkkii espe****' . e ài y*çem it U-i*. parte do gUo . lera t.-tu»lBi*Bte de 30 a 25
** ri*oo*>. irtsiriKV'»» prerts-*» *.*•*« esta sv:f*- ienes et espe-yjra. e continua a eiafrü-ss-r-s-í
<*a; mas tt.ve» na.- fv*u a»ia cenkoiM ceo- a K>ed>di que dimiuae o foso te*trai: alem
-i-*r-fc.*. <-«k**e**-tar <_t.f ttusiaça sofc leéae o* •inso . a _r-_ssJ fluida, cestiaaaâdo a ir em di-
laàeilea mímiçío. be riaro q«e por teias esta? «*j*ü i
C.vn*.er*Aa wiateràiBK»»*. * pfaçripki» n»? f*st àa ttrra. mis o» meuseutu. * a*»praxt««-
ikeç-Nu a «tm* òt *v«*íeif»o; qattr. podí-ria i.pre- »-í dr sol Eo5er e Haie- jalta» que esta ip-
•wÜt bwa ir.;*.*, íswilo òt erros, de iunar* I -
p.ro\iir.»cât-> pircvts» da re**í«ts*»di de eiiei.
tatoeei l\ir*>m < ec-enca fMfnejtica, .-oi-side- àt hiitf«i niater.i titrrmaavette «oi-til qoe * ¦•'*"*
te*a r. fciíw -y-vcti. <t* »b*.* mas nViade, !*<«• eawaai t>: seo mpvi*»em:o aae»o, e ^oe t
r*f*»e «vario a «*« «vai» ilae çreo òc «perfei- i isso os satf.hte» se a***ro*ãeaasi **» flaaieta*. *
.-.M. rtx-z i.-. karl R..wr, na A - -i-nr.*- i.i,i. atine- j esJís e os r.-iBMtas » s-:. . de taoio qs* p r
iW vastits e rv>«*« e$f»(W- torneiido-a pk.losr- ! esif smimlar
p.k-T)->nie**io a rorrn-U ée Rif^a r...
jf4M»; t ua Yvtr-ri, fria r tvoi nit ? fricct- | «i«t» crura i áa tetrar, í*» r*òa kssa da*
*.íni.mPi*íar* òe
|y# áo íaN-iií tí. e s.nifvi'» saa* revetafies. se aceve-era "í evaí. «indo fft
*h-4rk jir.vvTvss «em .-ilísco ****<*»*>. fw )ísl»e- I tsso a rabir oo sol áepeis co* òere«T«trea« $.-¦
ifc*Rr iji» |v-*.«w*ir«> tr.^*.v:_rt.- b.m esTyic qot
tetmt a ..ííi4.m à*.a ísci. t çcf. por assia •- • -,\ -<«., ,*•-.*» ._ni**i-in: bjsm™ r_f»>«T_ Bi«."t
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Atues, í<«-)Im: Vcir. ar «e rc«n.r.usiníi. j»ft**r-i_ ¦ciiwi* Jo. ¦ .is-stoSoci** z)i.i«..jr*. t i-t*. t rut «*»ri,ri.*-
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* Oatui ht «;»c a Trança àrvr a «*«>m*-iiii _unn.ia_- i^*-o*j»_.fiin-T. r ¦.*>tt.-*i»-ag-*ãrTTO'*ltwii. "_.r-»-ír«**-
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*¦« nii-irfaar moií»-s*i-h«. oor Imm j_í_s. inirB»» ümm
n* e^.*^u^^*l^^s .is r.íf.vos òe «fccffo». ou.-"_ti.«*_ » uasní." no* MMMMCM . nu*
A in*',-; "Mtt. St fiv- | «7u;t**-r--í, -.ai-siBías na-í .-i e-seo; •c«s-.
§n am rftfi.
SCIENCIAS. 317

annos; pelo mesmo motivo suppoo-so quo o co- Daremos mais hum longo artigo sobre os co-
meta do Encko vuà também a cul.ir no sol. metas, oui quo o autor expõe, no meio do i.i.- -
tt Do que fica exposto resulta que a varie 11 mui conhecidas e contestadas, algumas vb-
central da terra he occupada pelo fogo o ma- n-rvuçoes interessantes e idea* nuvi».
terias cm fusão (*): esta proposição ho conlir-
muda pelo calor da terra, que augmenta , con- nv itaWUaÇiO uoa coaros ttlAsm,
formo os localidades , hum gráo do thermo-
metro por cada VO covudos quo se ganha em « Hum corpo que tem bum peso especifico menor
profundidade, de modo quo meia leguu ubaivo do quo o ..initi/i.lo de hum fluido em quo o mergulham , ho
da sua superbcio a oguo so converte em vapor, por isso i paro cima ate equilibrar-se com
e o enxofre so ocha derretido, d'onde resulta iiunia camada de iguil densidade especilica ; e
o com diUcreutei
-j^= v!a 3 , 5 milhas attsini, se dous balões aereostalieo»
(liSllll gravidade! especificas forem elevados de hum ponto
distante da superfície terrestre o chumbo exis- da terra até certa altura , onde liquem equilibrados
liriu derretido. Alèm destes phenomenos, sabe- com o peso da ulmosphero terrestre, o ahi liquem
ie que existem 303 volcoos (quo servem do res- eslacionorios, ho claro quo, ocompoiihuiido u at-
a terra no seu movimento diurno , o ba-
piradouros ao fogo subterrâneo) , e águas ther- mosphcra
mães em differentes lugares da terra , que pro- Lm mais distante delia so retardara a respeito do
vam tombem o fogo central, logo esta grando mais próximo, o este ainda mais retardará o seu
:
massa do fogo ou csphera vazia occupada pelo ca- movimento relativamente ao ponto donde subiram
lorico, o quo naturalmente devo ser do ligura esphe- esta retarduçoo graduol parece que provém tunto du
rica, julga-se ter (' 2292 — 45 =) 22V7 léguas ri-l.inl ii.i.i do hum corpo que he iinpcllido por
/i**slXtlm)*1*U
"^ \ outro , como porque a densidade d.i ütmnsphera
do diâmetro, c tendo 3j-^ X—~=f augmento cm progressão geoutelrica ú im-didu quo
e quo por isso
5,940,000.000 léguas cúbicos, luz por isso a seupproximn á supt-ilicie da tetra,
terra muito mais lovo, o pôde por conseguinto o b.d.to in na provimu acedera o movimento a res-
conservar-so em equilíbrio no fluido solar, ou mo- poilo do mais distante : logo se a revolução perto-
bo
teria celeste, nello mergulhado os (6304—8940a] dita do ponto da terra ou seu movimento diurno
so- de 23 h. 5ü* OV", o do hul.io mais sen
3GV milhões do léguas cúbicas quo tem do próximo
lidez a camada exterior ou concho da terra; hum pouco maior que esta quantidude, o a do
do mais
do mesmo modo quo o balío aereostatico fluo- mais distunto ainda será maior do que u
tua na atmosphcra, ou se sostém no or por próximo, e assim progressivamente iiugmciitondo da
meio dos mixtos de quo he composto, isto ho, de modo t|iie se losso elevado hum terceiro
periodo;
balão otó o altura da lua , seria a revolução periodi-
quo a terra so equilibra no espaço da mesma
forma quo hum balüo so equilibra na atmos- ca desto de 27 dias, 07 li. , 43* 05".
so « Depois da atmnspliera que cerca a terra , se-
phera terrestre. O quo temos dito do terra terrestre, tendo do
deverá entender dos outros corpos errantes (").» guo-so o captura plnnetitr
Vemos nesta segunda parte, ou neste segun- 212,2 a210,4 semi diâmetros terrestres de raio,
cuja substancia fluida , rodeiando a terra o nconi-
Ho artigo Sobre o gyro dos corpos errantes, que
o autor, depois do expor sobro o o ponhondo-ii no seu movimento de rotação, sostém
geogenio
systema da Escripturo, o do Platto , Swedenborg , a lua no meio do fluido pbtuelar em que está mer-
e girando com elle ao redor do terra;
Linnco, Dolomicu, o outros, que julgam quo gulhada, "esse
de emaUt
hum fluido Mo he, grande oceano matéria
a terra foro no seu estado primitivo que
aura em
utè o vértice tlu sita sombra
aquoso , expõe o syslemo dc Kircher, Descartes, que cai tlu terra em cuja ma-
da terra e kcaiido comtigo a lua
Leibnitz , Buffon , Breislak , o outros, pelo qual ivilit ,
quo dizem ter sido a terra teria celeste está em equilíbrio , u fu tjgrttr m tunto
pareço proponder, de expor u respeito du
no seu principio huma fusiio igneo. Porém nuo tlu terra. O quo acabamos
terrestro tem o mesma applicaçao
trata de hum terceiro systema , quo ho o dos csphera plunetar
os represou- ás csphcras (cujo raio tem do compri-
partidistas do fluido gazoso, de quo planetures
tantos são Hcrschell , Laplace, De Io Méthêrie, mento as sombras dos mesmos planetas), em cujos
fluidos estão mergulhados os sutellites, OS quacs
Vaumons, e alguns philosophos antigos.
do Ka-- sao movidos do mesmo modo que u espliern pia-
(«) " Em 1813 nas minas dt cui-váo tio pedra do- netar terrestre move a lua. »
niirahutto, UH Primia, m dusMivolvcu oapoiituiioaiiientc
lialxo da torra hum fogo tão espantoso , quo . npcziiv do so
daiMar (rrundo copia tio ugua por melo do oombat quo 1105 COMETAS I! SEOS MQV1MKST0J BÇttPTICOS.
ti-abiiiliiit-am do dia e uoito , nao íbi pOHUVel oxtiiigiiil-o. „
fuf suppôr
(•« " A niialoíria tlu terra com os mais planctus
¦ liio elles o ll Intuitos , o niosmo so não póilu dizer dos oomo- «Os cometas sáo huns corpos sensivelmente re-
lus , poi' causa dos difftitntea gtáos do U-nipsi.itut-.t que dondos e opacos como os planetas, e o seu bn-
«oâYem nos iliübi-uutcs 't&K da sua orbita.,,
310 SCIE.VCIAS.

Ihantiiino provem de terem acoinpanhado.de huma seus raios vectoret, te poderi descrever com pouca
:n. ¦>;¦!. u phosphorica, a qual pareço ter pro- liilleremu a sua orbita, ou o tempo empregado em
iltuida do calor solar; descrevel-a, e a épocha em que devem apparecerde
quanto ao traço de luz que
ot acompanha em direcçao opposto, ou quasi novo. que lie aquella em que estão mait próximos
oppoülo ao sol, t.7; prutém da evaporação de todas do teu perihelio ; o como pela terceira lei os qua-
a» parte* liquido, uccasiimudas pelo calor O* sol; dtttdoi du» tempos são entre si como os cubo* das sua*
a para nos convencermos de que esta he a cauta distanciai mediu, ao sol, ou ss áreas descriptat em
dai tuu.l.ii d». fun:etat, iiotcsc que cila vai alar- tempos iguaes nos diferentes orbitas sâo proporrio-
gando i medida que oe tiparta delle, porque a naes it raizes quadradas dos teut parâmetros ; itlo
subida d-* vapores, a senielliunça do fumo, sobe he, que a terra, concluindo o seu período em hum
is avessos da thaiiiiiio ; a thuuima cado vei oe •nno, e o cometa de Eucko cm 3,3 annos, scri o
f-z i: ais aguda, porque quonto ntait sobe mait s
veloz vai ; pelo contrario o fumo, o vopor, quanto icmi-cixo maior da orbita do cometa = v 3,8 ,,ou
in..i» sobe mais se espalha, porque vai mais fraco. = 3..". _ 2,216 ruim da orbita terrestre; e sendo
Chama-se cometa de cauda quando o troço de
a sua excentricidade 0,8.5 portes do mesmo semi-
lut os segue, o que acontece quando elles te
npproxiniom on sul; de barba quando o precede, o eixo, irrii d sua distancia aphelta = 2,216 ¦+¦
que vem a suceeder quando o cometa se afusta (2,216 X os.:.) = 4,089 distancias médias do
ilo sol; c de tabelleira sol i terra: a distancia media do cometa de Biula oo
quando são cercados de
hum resplcmlor. Tumbem se distingue nestes as- sol he = (6,7)! —3,55o, fazendo a distancia
Iros cores dilíerentcs, sem
que saibamos a causa media da terra oo sol = 1 ; e sendo a sua excentri-
destes phenomenos.
• 0-ando o cometa se adia no perihelio , experi- cidade 0,7517 partes do seu semi-eixo, maior será a
titenta hum calor excessivo, o a mossa fluida de sua distancia ptrihelia = 3,555 — í 3,555 X
0,7517) X 24087,3 = 21293 semi-diametros ter-
que se acha cercado se reduz por essa causa a vapo-
rei; e como os vapores oqueos no estado de solidoz restres. Logo também, sabendo-se pela observação
eaea. para o sol, he claro que no estado de vapor são que a distancia pcrihelia do cometa dc llulley , he
repellidos delle, o forma por isso a cuuda do cometa ; de 0,586 portes do raio da orbita terrestre, e o seu
e romo nesla posição o seu núcleo se acha muito período do 75,7 annos, será a sua distancia media
mais levo do que os fluidos solares em que está mer-
ao sol ss ( -JJ J1 X 2,216 ou = ( 75,7)'
«ulhado, se afasta por este motivo acceleradamcntc
il; sol, o toma o nome de cometa barbato, = 17,895; a aphelia = ( 17,895 X - ) —
porque
n traço de luz o precede (tal foi o 0,586 _ 35,20-V , e a excentricidade = 17,895 —
quo se vio em
1813, cujo período, parecc-nos, deve ser de muitos 0,586 _ 17,309 distancias médias do sol i terra :
aimos'; e ú medida que se afasta deste astro os va- e como pela primeira lei de Kepler os raios vectoret
pores aqueos se vão congelando até que chega ao descrevem áreas proporcionais aos tempos, ou as
seu aphclio, onde deve estar gelado atè ao centro, e arcas descriptas por hum mesmo cometa dentro da
pur isso o meis pesado possível; por esta causa prin- parábola , são proporcionaes aos tempos, e jun-
cipia o cometa a cahir para o sol, e a fazer-se cada iamente as arcas descriptas por differentes come-
wi mais leve , porque o calor deste astro vai derre- tas em tempo iguaes são proporcionaes ãs raizes
tendo gradualmento os gelos aqueos, o toma então
quadradas de suas distancias pcrihelias; por isso po-
o nome do caudulo, até que volta outra vez oo demos conhecer em qualquer dia a distancia do co-
po-
rilielm; hc claro que estes dous rápidos movimentos meta oo sol, e a sua anomalia verdadeira. No pro-
reitilineos em ascensão e descensão
para o sol com- blcma inverso , sendo o eixo maior da orbita do
binados com o de rotação da csphera solar obriga o cometa (de 1680) de Júlio César dc 138,102 raios
cometi a descrever huma ellipse mui excêntrica. » da orbita terrestre , será o seu periodo=(G9,051)»

M l'1'.ltiono F. DIMENSÕES DAS ORBITAS C0METABES. — 5752 annos. »

(Continuar-se-hà. )
u Pela segunda lei do Kepler as orbitas dos corpos
errantes tão cllipscs cm cujo
fogo se acha o sol; por
conseguinte, tendo-se três dilTercntes situações de
-mio» Adit.
hum mesmo cometa, ou as dimensões dc trcs de

oO^-O^rf

Is* ''¦:.- r
.«rtWWI»l«U«l«.««m».««MWIIM»»»l»l»*r»» avma»uuiv»»i.iiiiii|,uuin,HUU,,u,wim<."".M."<..i"

, -

MVWMMkü-lí-MeU
*
.*¦**».

sobro
WmWÈA grinalda» dos florestas u levam balançando
suas azas; o sabiá gorgeia placidomuntu , a paca
l.ilu
00 percorre o abaulado do monte , e o escomuso
vaga pulo margem desses veios de crvstalliiius uguos,
cmquuntii
VISTE âJIlIaJal DEPOIS. que tao mesquinhos por ohi serpejam ,
enloa suas endeixas de amor o de
quu o curvoeiro
KOMANCF. BKAHU1H1B. esperanço. Du cm quando o um quoinlo hiivu-m-
o Irovlo do orcohuz quu os cchos das montanhas
llilns! tol tüttomorli It-llc csl mn ilcslinéu! repetem du huma manuira assombroso , precedido
LAIUKTta*. dos lalidos dos cuus; os oves su espantam , ho hu-
ma pousa como su parasse a cruuçau; — be o si-
I. lencio da natureza! Pouco depoi. tudo entrou uni
sua ordem; o sabiá prosegue en suus sonoros gor-
otiveni-si-
O RAPTO.
geios , o carvooiro entoou suus cantarei;
dc momento cm momento huns sons compassados .
VVhcro art tliou, lon of my lote ? do machado do lenhadur
oaaUN. são o ruido dos golpes
quo derriba o tronco das arvores ai.nosas.
¦aw pitAZívEis sao as montanhas da Gavia. He Ahi no meio dos florestas su elevav.i como ou-
_W^\ de sobre suas pedras elevados, esses rocho- trás muitas huma tosca choupana du lúcidas ean-
^a_aVdos enormes, quo sobejam as suas encos- nos, barreada e coberta de palhas; ura a chon-
nio
tas , e do torno as suas florestas, quo se descobro pana do Maria , a lilha do carvoeiro , quu
tinha mais que tres repartimentos , buma sala aca-
a immensidade do oceano Atlântico , que se perde
no infinito, là onde so assenta a base azulada da nhoda , o aposento onde dormia , e o cuzinho ;
ahobada do céo o rara vela branqueja , como o algumas gaiolas com pássaro» do local, alguns
atyaty ( 1 ) que esvoaca, azas immoveis, quo registos do santos da sua maior devoção, u rosários,
toscos trastes for-
nem trepidam, de sobro a superficio das águas; pendiam das paredes eshroados;
lá onde se porde o pensamento, cansado de di- mavam toda a sua mobília. No solar dessa i houpa-
vagar... na, era quo cila bumo manluia du olhos litos na
O sol doura com seus raios animadores o fasti- terra pranteava , ao lado dc huma menina quo
e alli, com distrahidamente olhava para as arvores.
gio das montanhas, que fumegam aqui Ahi, sentada, com os cabellos esparsos pelos
as covas dos carvoeiros, coroadas de penedos o restos
de florestas, de matos e de capoeiras; a brisa hombros, os olhos em lagrimas, quu se.'pejavam
corado como a tez.
matutina abana levemente a ramagem dos hos- pelas faces, amorenadas, mas
leques delicada do hum fragrante jambo , hum braço
ques engrinaldados, agita os verdejantes cruzado sobro o e a mão sustentando o ou-
das palmeiras, desço pelas encostas das montanhas, peito
susurra nos valles profundos, o encrespando bran- tro cm quo apoiava o queixo , ello solTria , quu
(lamento a lisura das águas marítimas, vai levar sua dôr era grande , é de voz em quando hum sus-
so lhe dt»-
oo nauta, cansado de respirar a viraçSo impregna- piro quo se doscnlaçava do coração era hum
dos lábios envolto em soluços;
do de sabor marinho, os perfumes das flores agres- prendia ares, e que
suspiro dc saudado quo se perdia nos
tes quo convidam á vida; os pássaros com suas débil c h'.''*'*1
ares como talvez sò fosso respondido pelo vagido
plumas variados em côrcs adejam pólos
huma nuvem do flores que as auras arrancam ás do hum menino.
Hum homem, cujo aspecto representava ter mais
do sessenta annos do idade , trazendo buma varo
(1) Agaivota, assim chamada dos Indianos.
JJO LITTERATURA.

ai a mão, na qual se apoiava quando linha du viu- Maria. que levou o lenço aos olho., nuit p9fa
gar o escabroso da montanha , >e approximou. A oi.ultur nu rost. limpar us lagrimas,
que para
menina correu para elle com hum surriso no* la- e cuja disfarce todavia procurou ; o velho au ta-
!>ios, \ ,-j .- . nu dexlra, e letou a mao a boca Iara , e Por grande e«paço reinou da cboupaoa o
t- loa imprimiu hum beijo. Maria ergueu-se, foi ãileiiciu ii i solidão , onde tudo te ouve. excepto ,
ao aeu encontro. tomou esta mesma uuo, bei- voz humana , alé que hum escravo entrou , e es-
jou-a, inunduiido-ii de buma torrente du lagri- tendeu sobre u ***** hum patino de algodão rui-
mas que se Ilo- desprendeu ¦!¦•» olhos. ticomente trançado , e sobre elle alguma louça gros-
Minha lilha! t-vclamuu elle como quu ad- seira:
mirado. p- ia.- mesa,
Ah, meu | -I, i ou!,3ruui-ui'o, loubarom-mo! Onde nüo tine a rica porcelana ,
dista, ella na maior desesperaçao. .Vm cansa uo< olhos tremulo reflexo
O qu»', ininliu filha? De hurnida colher , do refulgeiile
Ah vós nem vedes que elle aqui n*o vos Britannico saleiro [*};
i.-|_era , para beijar u vossa mao , sorrindo-se pen-
. i.te de meus l.iaços? mas onde fumt-gava o café, cujo aroma suave se
Ile possível ! expandia agradavelmente , emquanto que alguns
Itoubaruiii-iu'o, roubaram-m'o. beijús bronquejavom de sobre a toalha. U velho o
Quando? a menina so assentaram em torno , e Maria con-
Kstu noite passada. servou-se de pè.
—- E como? Tocavam o lim do almoço quando sentiram o
Senti hum ruido, o ciam as portas du cbou- tropel de hum cavallo que mais se approximuv.i.
p.ma que le abatiam aos golpes dos muchados! Alguém >e opproxiina, disse Pedro Kodrigues.
\i vultos que so approxÜBavao do junto tle meu lei- He hum cavalleiro.
Io, e eram os roubudores que m"o vinhuin bu*C*r 1 Vem direito a nossa choupana.
Senti huns vagidos que mo cortavam a alma , o He Caetano, ujuntou o velho se levantando
- ra elle
quo chorava, levado por elles! D.suti- c se dirigindo paru a porta.
nada, louca, furiosa, ergui-me, saltei, corri a He elle mesmo , murmurou ella.
«•'.le*, eis quo dous vultos so lançam sobro mim Quem, minha mui ?
e me rvteui em seus braços de lerro, contra os Teu pai , minha lilha.
quaes lutei em balde. Caetano apeou-so, beijou a mão ao velho.
E
porque não grituste? beijou sua lilbiiiha , apertou sua esposa em seus
Suas niuos me sufTucaram us vozes na braços , e entrou pura o choupana.
pu-
gauta. Descansemos por hum pouco, disse elle se
là depois ? atirando sobre hum tosco assento.
Fugiram , desappareceram , lesando meu li- C emquanto descansas, njunlcu Pedro lio-
1 lio comsigo , e deixando-me u sós com Clara , drigues, eu me v»»u por uhi a lançar huma vista
desconsolada o afflicta. de olhos us minhas covas.
O velho entrou para a choupuna, sentou-se , e E nfio voltais?
conservou-se pentetivo por algum tempo ; depois, Depois, depois, para conversarmos. Pedro
sacudindo a cabeça, ergueu os olhos para Maria, Rodrigues cobrio-se com seu chapeo desabado e st-
que em pé imniovel su conservava a seu lado foi arrimado ao seu bordão.
Nao ba hoje , Não vos
perguntou elle , que deve che- quereii despir, perguntou Maria a
•:ar o teu marido ? Caetano.
Hoje? balbuciou ella, olhando para a pa- Nao, respondeu elle,
que ainda tenho que
rede, onde havia traçado com carvão hum risco ir dar contai n José Feliciano de seus negocio*,
horizontalmente, o cortado por outros perpendi- o para nunca mais metter-me em outros.
çulerci e de difleçonlct tamanhos, uh , ajunlou, I. então
pelo que?
eo perdi a conta! Por motivos
quo depois saberás.
lie hoje ; não ha duvida , e aqui náo houve Poie bem , contar-me-beis, e eu vos escuta-
senão liuina prevenção; Jos* Folieiano bem t'o ha- Tei quando quizerdes, no entanto
podeis almoçar.
via pedido , nao lh'o entrcgaslo , o ello pois lan- Tomarei café;
pouco, o comerei então na
çou mão da violência pura havel-0 ; lembrou-se volta até mais fartar; mas tens hum não sei
què
qUO hoje devo chegar o leu marido, e nao quiz de triste em leu semblante, bom nfio sei que du
que elie viesse te achar com liiiin menino quo, pesado cm tuas palavras, que muito estranhe.
•egunilo todas as probabilidades , não lho podias
,-iprosentar como seu filho.
Hum leve ciirul.re.iinen.o colorio as faces do (*) Qorçdo, opistal»,
LITTERATURA. S9J
E eu sempro nao fui *?
bum ft«| io derramou no mais
Nao, Maria, não, disso elle so profundo d« meu
sorrindo, coração.
»cm duvida saudade* minha»... Sim . eu sei
| ello suspirou, »er»io-o de café e hum mo nl.. que teu» desgosto* pastados
a «gora o roubo de teu lilho, devem-to motivai-
apôs Caetano m-guia caminho da Tijuia montando
grande pezar , porém o «|ue aproveita chorai-..
seu cavallo. Mario coii»ervou-Mj, (riite, alTIicta o •>»nti tao ii.ntimiad.iiiieiite ? E ...to lons abi uu
silenciosa ; apenas lã de u-z em ve» soltava hum nn.ago do coração de envolta com esse fei
gemido, bum gemido terrível que ie desprendia que le
modo o* dias «Io exi»lon«-ia bum
do peito ; era a lembrança cruel de seu lilho pre.»entimcnto qu.-
que te diz que elle he feliz ? Quo alma haverá
lb'o arrancava , a lembrança cruel de seu lilho poi
moi* maligna que *eja
que ouse de fazer mal »
que tanto a atormentava. huma criancinha? E
A" tarde veio seu pai jantar com ella , depoi» quem rouba buma criança
oos cuidado* moternaes »en.io
caiuinharam pelo abaulado du monte, e «e fo- para entregal-a a ou-
tro» cuidados?
ram sentar na relvu sob u copa de huma loran- Iludia madrasta, nau ho assim?
geira ; o ar eslava perfumado de suas flore*; a Embora , antes mil vezes huma madrasta
trepadeira su apoiando sobro seus ,
galhos a ringia quando a mae nao pode dizer sinceramente : « Estu
de seus brandos liames , minlurando seu* rubros he meu filho ! » A honra alardoa-so mai* nas ap-
1 asm ins com as flores simbólicas da virginidode ; parencia», que ...esmo na própria honra; he buma
ahi 11" Im ni raminho , entre o enlace do verdti- «lissimuloçao , mas de
ras floridas , tinha o beija-flof fabricado o seu que se compõe a vida? E
quantas madrasta* nao ba que dao numa boa edu-
ninho de fofas painas , e guarnecido-o exterior- cação.
mente com a casca da arvore , como Se ao menos eu tivesse hum exemplo,.,
quo para
nao ser facilmente conhecido , e ahi mesmo, do Tu o tons em ti mesmo , assa
casulo quo tecera a lagarta so desprendia a bor- que cuidou
do tua infância , essa que mil vezes verteu lagri
boleta como envolta em pintadas e longas roupas, mas por ti, nao era tua mai , mas sim hum.i
dc que pouco a pouco se foi desembaraçando , moça desses arrabaldes; buma iiiaubaa senti cito-
depois ergueu-as como duas pétalas de flores agres- rar, e eras tu , minha lilha , quo jaziasà minha
tes , agitou-as, e levada pelo vento
parecia huma porta.
flor aérea. Là sobre bum galho quo se curva so- Coitada! Nao era minha mai , o morreu
bra a água , se einbala.iça o guará revestido de desgrafadamente por mim I
suas negras penas, contempla sua imagem noervs- 0 desgosto !
tal da água estanque, como se recordando ilas Sim o desgosto , oceasionado
por mim! E
bellas cures que tivera antes. Outra avesinlta nao ainda viver,*, minha ...ai ?
menos interessante , se acolhe a sua pousada de Silencio ! seu nomo , sua existência sao iititii
barro , semelhante a esses edifício» árabes , de abo- segredo.
liadas, e com fôrmas cireulares; entra a E meu
porta, pai?
atravessa o corredor, franqueia a sala ,
pousa
Tu éa minha lilha.
no seu colchão dc mollcs palhinhas , e einquatilo Pobre de num ,
que desde o berço a des-
preside a incuhaç.io da nova prole, estende a gar- graça mo persegue !
ganta pela janella de sua pousada , para escutar E u mim ? Por ventura nasci
para consu-
o amante , que enipoleirado no raminho enche mir meus annos nos rústicos trabalhos e tosco tra-
os ares de seus tiinados ( 1 ). E ella contem- to de canoeiro? Huma demanda!....
plava em silencio , lembrando-se que huma mao Sao
poetados próprios OU herdados que nós
deshuniana cedo llio roubaria essa tao querida pro- pagamos com liuiiia existência de pobres pohrczas.
le ; lembrava-se , e suspirou. Eiiiliin , minha lilha, roguemos a Deos.
Ah sempre a suspirar , disse Pedro Rodri- 'infinita
já que sua misericórdia he , a sua pro-
gties, desde que o sol se eleva até que a noite tecçao para Henrique.
cabe , desde que a noite cabo alé que o sol se Ambos levantaram seus olhos para o céo , e pa-
eleva ! rociam «pie imploravam a protecção divina , no
He que meu peito, lhe vol lou ella , lie co- entanto a noite se adiantava envolta om seúsvéos
mo essas covas quu abi fumogoni dia o noito, de trevas, e o céo so obscurcein com a agglòmu-
que pelo fumo que transpiram dão a conhecer o fo- ração de negras nuvens; a tempestade braman-
go intenso que as devora. do, lá se erguia do infinito das águas, medo-
Sim , mas lu deves
procurar a distracção nha o ameaçadora ; Pedro llodrigues a Maria se
A dislracçüo ? lie o apressaram em deixar esses lugares, o chamaram
pezar, o pezar que como
por Clariln, quo andava B formai- lium rnmaüicte
do flores agrestes, quo soem crescer por toda a par-
( 1 J Joáo de Barros assini chamiulo doa Portuguczos. to enchendo os ares dc sous perfumes exquisitos,
322 LITTERATURA.

Gaet.no; abre, Maria.


e tomando-a pela mão caminharam ; Pedro Bo-
.lnguc»»eguio caminho du »u» clwupana , e sua Ella »u levantou , ferio fogo, acendeu huma
velha torcida da candeia , abrio a porta, e Gaetano en-
tilha entrou com a sua nela na iu. pobre e
nâo jli por bum trou se desenvolvendo do «eu ponebo bumede-
choça . silenciosa . atormentada ,
dou» — »eu Itlho e »ua cido da chuva , e o arremc*»ou tobre huma tri-
pensamento , mai por | bota», e a lançou sobre
mâi! _. . . .. pessa , »acou a íacca da»
a meta.
E a tempestade era terrível! D.»tinguia-»ed.». Pensava que nâo viiihei* hoje.
era
tinetaraente buma linha que dividia o oceano . E entretanto aqui estou.
n rhiivn nno cabia cm catadupa», que »c de*pe- Apanhattus muita chuva?
i.hava da Ponta-grossa com murmúrio , c atravez O poncho m ensopado.
outra
du seus vúos do cristaes »e descortinava a Recolhe»tc» o cavalio à e»lribaria I
immensa dai ogua* marítimas límpidas c
pariu Sim. ma» ainda o nio desarreei, que lal-
refluetindo o sereno ozulado da abohada cele»te,
u humo vela branqueava netse azular , como hum vez ainda saia.
Hoje?
alcvon pousado e immovel sobre ai onda». De E porque nâo ? Por agora estou fat.gado.
momento em momento hum clarão rápido reíran- tenho fome , quero
gia-se nos chuveiro»; litas de hum fogo
avurme- quero descansar olgum tanto ;
lhodocomo cordões dc sangue desprendiam-se das comer alguma cuusa.
Temos hum resio de jantar, disse ella esten-
nuvens , cruzavam-se nos ores , etnmaranhavom-
se nos bosque» e desappareciam ; então troava dendo hum panno sobre a mesa, he hum quar-
do trovão, com hum som de vozhorrendo.cn- to de paca , alguma farinha l hum pouco du
lão rugia arquejo do mar funebremente ; as ar- vinho.
vores, tremulas de horror, com suas frontes des- Caetano sentou-se à mesa , e se pôz a co-
dansavam ao mer como hum faminto. a mais fartar, e a
grenhadas , pareciam gigantes que beber como hum sequioso , a mais não poder.
som do furacão que sibilavo horrivelmente ; os
úchos repetiam uns após outros em cadência in- e sua consorte a seu lado hum pouco distante, o
fernal o cântico da destruição I E o gigante da fixava tristemente.
Approximai-vos, disse elle, que tenho que
gavia, immovel nomeio de suas montanhas, pa-
recia zombar da tempestade. Maria estreitada com dizer-vos.
sua Clarito , orava , prostrada ante huma ima- Eis-me junta a ti , respondeu ella . arras-
cheias tando a banca e se sentando.
gem dc sua devoção ; palavras mysticas , Hc huma historia que vos quero contar.
de uneção se desprendiam de sua boca , e a ti-
Ihinha , abraçada com seu ramo de flores , rc- Ouvil-a-hei com prazer.
orações. Sim , bom he que te distraias de buma mt-
petia palavra por palavra as suas
Era noite e a tempestade ainda durava. Can- lancolia que te pesa sobre os foces c de hum
sada dc esperar por seu esposo , ella se recolheu silencio que te prende os lábios.
¦ seu leito , com sua filha , que jà dormia com Começai.
seu ramo de flores apertado contra o peito. E II.
ahi sobre o leito , ella se poz em joelhos com
.is mios postas, com os olhos erguidos para o eco, HO- COATO.
encommendou sua alma ao Senhor, e pedio a sua
Hcn-
protecção porá seu filho , o seu innoccntinho In vain , iltl , in vain 1
Cxartau.
rique, e depois cahio sobre as palhas do leito
u adormeceu.
Dormia pesado somno; pezado como de hum «Havia na Gavia, disse elle, hum homem ca-
re- sado, mas que a esterilidade de sua mulher lhe
pcsadelio ; pesado, que mais fadiga he que assegurava que nao teria filho algum , de sorte
o dormil-o , quando a despertaram huma.
pousar tan-
pancadas na porto c latir de cães que
depois se que estavam isentos desses incommodos que
aquietaram ; c a chuva cabia ainda saltitando so- ta gente aprecia , oo menos sendo pobres , dc
noromente no sapo da palhoça. tão ricos que eram . se criam felizes, si bem
dc
Quem bate ahi ? que a mulher desejava lá bum dia por outro
ter bum filhinho com quem prodigalisasse cs seus
E o murmúrio da chuva que se despenhava,
o o libillo do vento que possava. carinhos, como se o marido não podesse servir
Hc o vento , disse ella comsigo , se voltan- algumas vezes de criança e divertil-a por alguns
do para o outro lado , como que para dormir de momentos; mas emfim indo elle o huma caça-
novo , mas as pancadas na porta se renovaram. da com alguns companheiros . se daencaminbo-,
Quem bate ahi ? Interrogou ella ainda buma e se perdeu por bumas capoeiras da vizinhança
voz. da cascata da Tijuco . e por abi divagou algumas

,1*5
LITTERATURA. 323

horas era procura de huma piccada que o con- Ou esle ou o du Chvprc!


duzissu a algum descampado ou habitação; ha- E dupoi»? interrogou Maria.
via caminho andado dos trilho» embaiaçadoi, lluvu-mee dui\a-te du RM interromper.
Cuntiuuai , ilii.su cila suspirando, .- Couta-
quando duscobriu hum tloro, por onde o sol ¦!. ¦
vinha enfiando suus raio*, ultiu e duicubriu hum no pn
descampado e viu uo longe buma i-huupuna, u d — £»,(. ,,.-.ii. I , lhe voltou o marido, pode-
mai» peito bum ruguto quu ie escoava (ao agra- ria ter sido adiado por al-ucm.
davel.i.uutu , quo su espalhavam cm suas uguu* as tt — I. i depositaram aqui e com elle ! Quede
flores, as arvores o pei adoa de suas margens, u coincidências !... Pois bem , bradou ulla cum ar-
lá ii'tu»tu roítaiis» , quu hiinia mangueira cobria roga pois bum buma fuço I iu mu nego» o
com sua fmmlusa copa , mino bum zimborio du vuidadu c tua consciência vai ser em bruvu dila-
vurdura , junto du huma pudra quu »u através- i. i . pulo remorso du Inini homicídio ; mo» so
sava .1 torrente, descortinou quu alguum su ba- m'o coiifeSMis quo hc leu lilln,, uu cuidarei deliu,
nliuva u se aproximou ; distinguiu os cabellos us- pois estimava mesmo ler buma criança quu mu
'hu untreteisu, mus buma so, sem mais exemplo...
parsos u longo» que su debruçavam pelocullo,
que ura du bum amoruiiado gracioso-, nau bovio porém lento bu luulilho, já a foca nu garganta,
duvida , era huma moça , liiimu moça quu ao vôl-o quu o degolo.
soltou hum grito du siirprexs , sallou sobru a pu- ., — Perdão , disse elle , perdão, quu tu fui
ilra , tomou o» roupas quu ahi duixára , envol- iiiliel liuiiiii boro ! Nhuina hora. i-m quusoeri-
veu-su rapidoinuntu nullos ¦ procurou occullor-so liquui huma don/ellu ao meu dusvaiio , u lintn aca-
dutroz do tronco du mangueira , du junto uo qual so , hum cncontni ileii-ine esle lilbo.
se elevavam alguma» liriricus quu muis e mais a ti — Desgraçada 1 Como se chama cila?
favoreciam. - — Calbarina.
« O caçador nao excitou nas tentações quu hum a — A lilbo du Joaquim Anlonio ? 1 Dusgroçu-
encontro inesperado lhe suggeriu , u nao ruspui- do , dusgroçoila , desgraçados vós ambos! Poi biun
lando tanta timidez nascida do pundonor, sudi- momento de loucura , por hiitno alienação do
rigiu direito para ulla como huma sulta , dir-se- amor! E entretanto as suspeitas rt-culiirani na
hia quu elle turriu após huma paca , o quanto iunocencia , era quem a duxtra do pai presumiu,
mais ullu se approximava , tanto mais o moço li- n.uscmvao, vingar a honra ilu sua lilba ! Trea
rilava como tabocas balançodus pelo viruçoo do tur- dias u trus noites, semeomur , velando só, á cs-
nou ura culpado , <•
dc. Depois hum gemido doloroso rclunibou nus pero du sua victimo , quu
selvas , o a desgraçoda estava perdida porá todos huma noitu hum roio que porte de hum puni..,-
os dias du sua vida !.. Novu muzes se possorom, e do du arvores , hum grito quu rusoa no- are.,
esse honiu.n, que já so nao lembrava dusso moço, hum vulto quu foge , o lá mais distante hum ca-
du hum iimor gu- daver quo cabe....
quu bum uncontro tornou victimo ,, — Pordão , perdão , clamava elle em joelhos,
rudo n'bum niomunto o n"oulro momento extinclo
e talvez para sempre , o aquém fcllu havia arre- u silencio ! O mal nao lum reniudio , e eu farei
olmo do finado , os-
maçado com deidem hum simples annel , como penitencia , ouvirei missa pulo
lho motivara, sassinodo por minha culpo, u pedirei remissão a
quu para lembrança du desgraça quo
tio abrir buma manhoa a sua porta ouviu huns vagi- Deos de meus peccados.
dos i duscohrio a pouca distancia , sob huns cafezui- Pois bem silencio.! Mas ve u lu acautela
nao somos só nós quu nao ignoramos osso la-
ros , huma criancinha envolvida nliumas baetas. quo
«— Ilu teu filho , bradou-lho a mulher. tnlidadu ; quem lançou ussa criança á nossa porta,
«— Nao, nao, disse elle , querendo aflectar sabe muito bum o que tu és deliu.
tranquillidade , eu o juro por.... « E ao curarem da criança , conheceram que
«t _ Nõo jures atalhou ella , que he todo , des- era huma menina u a hoplisaram com o nome de
do os pés atè a cabeça buma copia tua. Maria. »
« — Isso não prova , e uujuro... M.ria suspirou u Caulono continuou.
«— Nao juros, que ha outras provos quu o « A huma oscravo que criava suu lilbo , a dé-
demonstrara. rum pura a ornamentar , e em quanto ella crus-
« — E quu provos ? tio uso dcscnvolvio , seu poi passava dias cm ora-
a missa todas
« — Olha, disse ulla , o que pende desta titã çoes, noites um penitencias, o ia
— o annel , quo as segundas feiras pela alma do finado.
quo ello traz atada oo pescoço; « Os annos eram idos , quu rápido vai o tom-
tu pertlesto na caçada I »
contados hum n bum os
Maria coroU olhando para hum simples annel, po sem o sentirmos ,
Gaelano co- segundos e marcados pula mão da morto , u n'huma
que ella tinha n'huin do sous dedos; car-
nbeceu essa perturbação , disfarçou porém , c Ian- noite de natal , em quu toda o choupnna do
vociro rctlniu com os l.yrnnos sagrados entoados
çando vinho uo copo virou-o de golpe. vi
321 LITTERATURA.

ver homem de bem . eil-o que deixa tua choupana,


por diversas pessoas, que ahi concorriam para sua* terra* , sua* covo* de carvão, sua esposa ,
hum presépio toscamente levantado n'bum canto
esuu lilhiuli» . e M vai a longe* terra» te em-
da tala , hum malvado procurava toJoi us meios do africano* buçoes.
do seducçâo paru illudir huma menina. moreno pregar no trafico
« E durante a sua oust-ncia , etta , que era
e tao bella , tao simples como etut flore* tem
sua i-oni]uiiiheira , c»su que era mai dc.ua lilliit.
nome do sua pátria . que dcs_.brot.hjm reacendeu-
tes depeifumes Conseguiu ultiubil-a o hum car- a que b.tvia resitlidn una intento* do malvado
te deixuva levor dc
rumuiliuo, onde pendiam ot rouxo* marluio* e quu a pretendeu seduzil-a ,
sua* per*iiuçiH-*, esquecia-so dc seu esposo , como
ns pomos vetdes e umarello*, e que Ikava a pouca ú valia do* mortos ou
se »¦:'•• livetio baixado
iliítuii.ia. mu* seu* esforço* fórum baldm*. «|ue ja
nao tivi-s.i' hum dio de .ollar pura pedir-lhe con-
es*a menina, cm cujo» olho* brilhava a viva-
cidade da mocidade , to bem quo inexperiente . Ia de seu procedimento, a linha hum anno de-
todau
era ainda muito custa e cândida para te deixar !• i hum lilho. O boato te etpalhou por
como o clarão da lempestude j aquclla que
levar do tua* promessas, e vér-se depois d.-sumpa- parte
rada e infeliz sobre a terra . sem urrimo . e tt.1- a educara como suu filha, concebeu tamanha pai-
ludu com o ferrete da doshonro, que a enver- xao , que íuecumbio dentro em tres dias a buma
lebre violenta ; mus o remorso do crime nâo a
gonhaste ao* olho* do mundo. continua a ter en-
tt Bico o poderoso , temido entro o* pequenos, pertegue , o pai de teu filho
como todos es*es tyramio* • ambicioso* senhores, Irada na sua coso , e hum dia , eil-o que eeftta
muito altivo e de vir, porque o* dia* estavam contado* , e huma
quo por ubi formigam , cro ello
saj-az para recuar outo a impossibilidade delevur manhãa eis que essa mulher pérfida acorda des-
cabem
com seus intento* por diante, por mai* torpe* portada pelo ruido de suas porta*, que
sobre esse oos golpe* do muebodo , pelos gritos de seu lilh"
que fossem , e pois jurou para logo
peito que palpitava de innoeencia c tingelez , que lhe roubam.
dia viria em teria seu otriuinpho. it E esse homem que sabia do ludo quanto se
que quo por
a sua demora
« Elle o jurou , e assim havia de ser. Tinha passavo em sua choupana durante
longínqua* tio costa, pedi» em suas
ello por administruJor de suas Urras i hum es- por paragens
trangeiro , natural do Ccrenza , na Calábria , o oroçoes o maldição do céo para José Folieiano a
quem prometleua sua protecção ,
terras ediobei- jurava morte a sua esposa.
io se quizes.e fazer a felicidade de huma me- a E esse homem , sou eu , Maria ! ¦ Dizia elle
nina, que era lilha de hum carvoeiro , que elle concluindo a sua fatal historiu, se erguendo se
faca , e arrastando por
esliiuavu por sua honradez, pois era homem que precipitando sobre a sua
hum braço a misern esposa , c esse homem sou
jú tinha tido muito de seu , c que depois firam
na miséria , e cuja mulher era muito da olTeiçao eu ! »
de sua consorte. Nascido n'huni paiz do indigen- Perdão ! exclamou cila.
cius o pobro Celebre* viu pela vez primeira a E essa mulher é* tu !
felicidade so lha surrir benigna na terra eslran- Perdão, cm nome de Deos, perdão! Km
xeira , lembrou-se do seu pai, de sua mãi e ir- vão , ali, em vao eu luetei, mas fui vencida :
ínãosinhos que deixava nas mais pobres pobrezas, gritei, mas aquém me soecorrer ? Achei-me a
e chorou , e chorou porque o Celebrei com a sós com esse bomem terrível !.,. Tua vingança para
sua alma de bronze tem lambem seus senlimen- ello , que não paro mim !
tos de homem ; eeceiton pois a suu protecção , Pura elle ¦ maldição do céo, a minha praga
recebeu huma velha choupana para a sua morada, no furor do minha paixão; Deos mo vingará!
humas braças de terra para lavrar o a mão des- Pura li a morte, a minha dosafíronta !
sa menina, que se lhe prometida . por sua com- Perdão ! perdão ! bradou ella , levantando
panheiia. os olhos para o céo , c querendo ajoelhar-se , mas
« Por algum tempo viveu ello feliz, no seio dfl repente , por hum movimento rápido se preci-
tio sua família , se vendo retratado nas feições pitou, se deaembaraçando de seu assassino , no
do huma lilhinlia que Deos lho deu, dez mezes aposento, sobre a cama dé sua lilhinlia. Gaelano
depois de seu consórcio , cultivando suas terras, tomou a candea, soguio-a . ah , ella se abraçava
derrubando capoeiras, o formando suas covas de com Clnritn, ban li ando-a com suas lagrimas; mas
carvão ; vivia assim , quando buma manhãa re- o implacável Celebrei tinha alçado o seu punhal
cebeu num recado daquelle de cujas terras fora e deixado cahir sobre o collo de sua esposa.
administrador o aquém era lao obrigado , que Hum grito de_liorror, hum ai de morte , re-
o chamava á sua presença , para lhe oommuni- tuinbou por-toda a choupana. Caetano saccava o
car noticias de maior interesse. ferro tinto do sangue ainda fumante , quando i
« Ello o jurou e assim havia de ser , embora filha despeitando , abriu os olhinhos, e hum sor-
se tivessem passado lautos mezes! Na boa fé dos riso lhe roçou as faces, estendeu o braço para ello
..•~—»,.

LITTERATURA. 325
• como lhe oITcrtuudo o raintilhele de dores. Seus moço que dava signaes do vida c quo (ora
pelas
cabellos se eriçaram, elle gelou-to tudo, e a ondas regeitodo , hum leme, hum .Metro. cubos,
comida se lhe escapou da mao e apagou-te. tilbous u:in iv.mi a praia... Dizia-se que tinia ., [,,.
Pouco depois so ouviu o trotar do hum cavallo, pularão e passageiros, de que esse moçutu/iti parte,
e o latir de coes. Elle havia to perdido entre aa havia perecido.
trevos da noite, como hum relâmpago , e a tem» Quulro iliii, cinco dias su passaram c ainda o
potade tinha soltado o seu ulliiuo bramido. naulragio era n a.sumpto dus conversações entru
todos os babitantea a em todos as elonpanas. Cada
lll. qual so upre.suvo em contar a seus hospedes aa
promiscuidutles de tao tleplorovel ocouleeimenlo .
tivn: nxia iir.roiv o ao viuiiilunte se perguntava—Ji sobeis do nau-
fragio? — Bra a novidade du tempo, que corria
E liar» longr., de boea em hora adornado dos atavios dut imogi-
£ li .11 longo il- ('Ura , coittu Imiti .orilio ,
Buiuíujo nações por onde passava. O moço hnv iti tornado ,'t
o LOUCA. vida c se restabelecia, quando buma tarda. Pedro
Itotlrigites encostado a seu bustao , conduzido por
Vinte annos!... Que longo espaço para rápidos sua esposa, e acompanhado de Clarit.i, que ea-
¦ suecessivos mudanças do tempo ! Como a esses miiihuva descalça, o cuja physioiiomia linha hum
guerreiros que moços e robustos partiam pura a ndo sei qua do bellcza e tle simplicidade que en-
Palestina o quuudo voltavam vinham cançados e cantava , desceram os Íngremes trilhos das inon-
cobertos de aaaa . que perguntavam — onde esti tauhas com o maior cuidado, e foram bater ••
meu pai?— I'. lhe mostravam hum túmulo ; quo porta du ebonpani a visitar o naufrago.
— D lhes
perguntavam : — onde esti minha mui .' (HTereceruni-llie bum assento o elle so assentou
mostravam outro túmulo , quu pergut.tuvum : — eom a sua esposa e u sua neta ao lado do moço.
ondo he a minha casa? E lhes mostravam buma Vinda me visitar?
perguntou elle.
arvore , assim a quantos so nao poderá respon- He verdade, meu lillm , sou humano o com-
der da mesma fôrma, se iguaes interrogações diri- padeço-me tios náufragos; u todos eu fecharia a
gissem uos habitantes da Ouviu! Vinte turnos eram porlu ile minlia pulhoçu , menos a hum nuufra-
idos, vinte annos tinham se sepultado na eterni- gudo.
dade do passudo , e ji nem vestígios existiam tlu K algum dia já naufrag.isle?
chnupaiiii dessa infeliz Maria, a filha do car- Nunca subi do Itio do Janeiro.
voeiro; so alguém, que tinha ouvido prontin- Feliz homem I Nunca se entregou B hum edi-
ciar seu nome ; narrar suas desgraças c derramado licio errante , fabricado pelas mãos dos homens,
huma lagrima por ella, perguntava , pela sua e arremessado as ondas, que rege hum aceno de
choupana, huma mao apontava para húmus ca- Deos , e que em vão espirito humano intenta
poeiras. encadcal-as ao jugo de seus doniinios; dando leis
Subsistiu todavia a choupana do velho Pedro Ro- á terra a pondo freio aos mares. A tempestade
drigues, vinte vezes deteriorada pelu mao do tem- he o aceno do Ueos, e contra ella, o que apro-
po, vinte vezes reparada pelu mao do homem , veila oppõr barreiras?
até que se nnniquillasse de toda , e , ou outra so He assim meu filho , disse o velho , e se ca-
iilevanlasse em seu lugar , ou huina capoeira. Ahi, lou , o vendo que o moço nada mais dizia , pro-
sobro osoliir tio albergue , foi que vinte annos de- seguia E donde vinheis?
pois da cataslrnplio do Muria , que Clarila viu re- Da Bahia, donde partimos u'liuina lerça
bentar sobro a cosia hum medonho furacão, cujo feira.
sopro submergiu diversos embarcações o deteriorou N'huma terça feira ! Dia aziago para os mu-
outras; foi ahi que ella viu hum navio impellido ri li mos.
Bom aziago! Ainda não havíamos perdido p
pelo furaeflo , vnrur-so pela terra e fazer-se peda-
ços que os vagulhoes arrebataram como presas terra tle vista , quo jú o sanguo do homicida inun-
quo lho pertenciam; caBIndo em joelhos, seus dava o convés do bergantim.
olhos so ergueram para o cio , o ella subiu sua Alguma desordem ?
alma a Deos pedindo pelos náufragos ; breve po-- Dous marinheiros , se insultando, puiaram
rôrá a noilo intimidou os ares do suas trovas, e de suas facas e so atiraram hum contra o outro ; foi
ella nada mais pode ver ; consolou-so com orar, em vao que se buscou nparlal-os; em Iim hum
ao lado de seu velho avô , e Catharina sua esposa. delles cahio sem vida , ferido a toda a faca, perto du
O dia seguinte ainda não bruxulcava no horizonte clavicula do lado direito , entre u primeira c n su-
se precipilou
e ji os habitantes da Gavia, corriam à praia , lá gõnda cosfella verdadeira, e o outro
onde osso ribeiro que se revolvo em seu leito de nas ondas, que subverteram. A essa scena de horror,
lodo entra no mar, onde so perde , para ver hum o mestre bradou com hum som de voz terrível :
o2o LITTERATURA

— Agouro! Agouro! —Perdemos a Bahia de vista, e vo» prometto trazer buina para destruir tanta in-
credul.dade.
.- quando começávamos o enxergar o Cigonte aue Diz elle que alagaria fabrico o casulo , que
dorme, bum tufão que rebenta nos impelle sobre
do casulo salte o borboleta , que bo o próprio lu-
o costa 1
B sois notural do Bahia ? garta que abi se desenvolve,
Vi'- alii nao ha novidade nenhuma, oceres-
Rio: eu nasci nestas DOBUMM, a cujas lui-
centou huin dentre, cujas brancas lho alvejavam
das me regeitaram os ondas como morto.
— E fosso poi:» a cabeça.
Nenhuma, exclamaram todos a uum tempo.
Ah seu nome he hum segredo.
E vossa mai ? p,,ij «im , continuava o outro nenhuma ,
nao creio he que essa borboleta
—Nunca me n-uberom dizer seu nome ou nâo porém o qu'eu
dias depois se torne n'hum beija-flor!
ne quizeram. Que! disse o velho, será possível que eu
Tanto mvslerio envolve o vosso nascimento.
ou- ainda nio visse similhante phenoineno , pois olha.;
«Sei apenas que nasci neslas montanhas,
náo he de hontem que datam as minhas ca-
vi dizer o noine de meu pai. mos jurei nao divul- que
o vi e se o ver, náo o nimbadas pelos mattos ; que me digaes que vis-
gil-o , nem eu mesmo nuncu tes hum d.- cafezeiro transformado em hum
«nnhecerei; sei que he rico pois delle recebi bu- galho
bicho . creio, quo o vi eu , mas borboletas cn.
mi educoçao , que nao he das peiores, e ainda con-
tlnuo o receber huma mezuda por Mia conto; e beijo-flor, bofe que , náo meu amigo.
hum Aposto eu , que tombem negareis que o
t-tianto a minha moi... ha bum mvsterio ,
anda em terra tao senhor dc si como
mistério profundo que cm vúo lenho sondado... con.boatà
n'ogua , nao he assim ?
Sem duvido sou filho de alguma personagem illus-
mo Acreditamos, voltou-lhe outro, e pelo que
Ire pelo seu nosciniento , mas não sei porquo
Oro depois da borboleta-beija-flor , que ba
desdenharão de maneira que nao conheço meus nüo ?
mais de admirar.... llizadas estrondosas cobriram
ascendentes , pois que fui roubado cm tenra idade
o voz do ultimo qucfallava; o outro desconfian-
a minha mai. retirou.
E como vos chamais ? do pegou em seu chapeo e se
Vamos ao café , ao café , bradaram alguns,
Henrique.
Henrique 1 repetiu o velho opoiando-sc cm correndo paro huma menina que trazia algumas
seu bastão c querendo se erguer, Henrique ! vasilhas com café , que se apressaram cm tomar.
Por ventura meconheceis? Emfim o tempo havia corrido e a noite já se
Hum momento, meu lilho, hum momento aproximava , quando Pedro Rodrigues dando por
a sós comvosco e sabereis tudo. linda o sua entrevista pedio ás pessoas quo se ha-
De vós? viam retirado que entrassem. Henrique apertou
Sim de mim , que para estes lugares vim cm a ingênua Clarila em seus braços, lhe impri-
faces.
minha mocidade, e que tempos vai isso ! Olhai ; niindo ternamente hum beijo nas
oitenta e cinco annos hao passado subre minha ca- Teu irmão, minha filha, disse o velho.
Ah , be este, meu avô , voltou cila , aper-
beca,
Que longa idade I tondo-o mais e mais em seus braços , aquelle de
Vós sabeis o nome de vosso pai , pois bem, quem tantas vezes me fallasteis? Oh meu irmão!
ver- Quantas c quantas vezes não repeti teu nome
por elle conhecereis que nao vos direi senão
dades; mas antes de começarmos a nossa pratica com as lagrimas nos olhos , o a dòr nocoraçilo!
a sós, convém que me digais, se tendes noticia E talvez esses instantes , ojuntou elle, fos-
de bum cordãosinho de ouro com bum signo sal- sem aquelles em que meu coração cahia desu-
mão , com que fostes roubado. bito n'luiin abatimento de tristeza e soltava bum
blStal disse Henrique abrindo a camisa e suspiro involuntário ; era hum écho que repetia,
deixando ver bum cordão com bum signo, que era huma corda que ferida dava o mesmo som!
lhe pendia do pescoço: vós sabeis de tudo ! O velho lançou a sua bençam a Henrique, e
Henrique abraçou o velho octagenario e pedio se retirou ; hum negro de tenra idade , cami-
n todos quantos o rodeavam que lhe concedessem nhava ante Pedro Rodrigues , CalbarÜM e Cia-
huma hora de conferência quedesojavatercom elle , rita. com huma vciaacceza , levando huma mão
e todos so retiraram para o terreiro, onde comer- com os dedos cerrados adiante para que'a nao
savam alguns roceiros assentados ou cm pó. apagasse o bafo da noite , o por algum tempo
Ora o esta , dizia hum delles, quer este lio- se vio essa luz ora desappareccr ora appàrecer
inem , minhas senhoras donas , lazer nos acre- por entre a folhagem dos arvoredos , como huma
ditar cousas impossíveis e até hoje ainda não estrella que se some , que surge entre o vóo das
vistas. nuvens, para depois desappareccr de toda. E as-
Não vistas? Dou-vos minha palavra que vi . sim todas as tardes hião visitar o joven Henri-
LITTERATURA. 327

que, o assim Iodas a* noite» voltavam para a va a supporlar o pezo de oitenta .- cinco anno»
ili.uip.iiia , alé que o moço »e restabelecendo , do existência táo cheia de de*go*to» . .'¦... ,\ ,,,.
o* veio visitar, protestando quo todas a» vezes alguns mezes so haviam decorrido e ainda Hen-
que pudesse vin.i á liana para vél-o». rique nao havia voltado para vil-o visitar que de»-
ti velho o abençoou , e elle montando bum de o dia de sua partida não houve saber mau
luzido cavallo seguio o caminho da corte ; Clarita delle ; apenas Clarita o vinha vér , quando lhe
na janella , que descobria looge , com a cabeça era dado , e distrahil-o de suas meditações que
apoiada no braço , alongava os olbos pelo* trilho* já nao eram deste mundo , o interromper o lio du
e via de quando em quando , lá entre a rama- suas orações ; o suas palavras eram de consola-
gem dus arvores, quo ruun.roj.tva o vento , hum çao para o octagenario, quo lhe retribuía com
vulto que balançando se auzentava mais e mai*, conselhos cheios da experiência do huma longa vi-
o depoi* sumiu-se , seus olhos se ulçaram para o da, o das virtudes praticadas om emenda deer-
céo , e ella suspirou. Era hum suspiro de amor ros que a idade fogosa da tnocidade Ibe ori-
e do saudade I ginára.
— Se elle nao fosso meu irmão I murmurou Huma noito , a sós com sua esposa l bum velho
ella. negro , que ainda o servia ou para melhor dizer
E o cavallo de Henrique caminhava , ora des- ambos se prestavam mutuo* soecorros , orava Pe-
«elido esses trilhos arripiodos de soltos penedos, dro Itodrigues , todo compenetrodo do idéias su-
ora subindo , c em breve se achou na Boavista. blimes, que ainda rolavam na sua fria imagina-
Ahi sobre esse alto , donde tudo be bcllo egran- ção, sua alma divagando pelo infinito se iiifui.-
do, rico e magesloso , divisou a cidade do llio dia em myslicas o melancólicas incdilaçoes , quan-
de Janeiro , com suas torres , com seus edilicios do de repente ouvio fora da choupanu c a pouca
do diflerentes fôrmas , mas mesquinha e peque- distancia vozes confuzas quo so trocavam , ruido
na no meio do grandioso expectaculo da natu- I de armas que no embale retiniam ; tremulo , che-
reza quo so desdobra com tanta pompa ; aqui o gou-sc á porta , se apoiando no seu Itastao o se dis-
rochedo enorme, coroado de nuvens coloridas pe- tinguio na diaphana escuridão da noite bum gru-
los últimos raios do astro do dia , lá huma ca- po cujo* vultos so moviam como que se lutassem
deia prodigiosa dc montanhas do pincaros mais ou roíihidamente ; depois sentio trotar de cavallo e
monos elevados quo a orgaos se assemelhai., o d'abi a pouco viu que hu... cavalleiro , que im-t-
tia o cavallo sobro ellcs , entrava na luta. Era
quo so estendem como huma phalange de gi-
gantes , sob esse pavilhão immenso, essa abo- em vai. quo elle os pretendia apasiguar aparlan-
bada de saphyra , cujas nuvens so eiisanefam , e do-os; hum já estava por terra o quatro ainda
so tingem de rubro com a luz do sol do occidcntc, sobro ello procuravam suffocal-o.
tendo a seus pés essas ondas azuladas de hum mar Quotro contra hum , bradou elle sacando
de ouro , que como huma campina so dilata , huma pistola dos coldres o cngatilhando-a ligei-
surrindo-sc ao beijar da brisa vespertina , mas seus ramento , quatro contra hum , he a mais infa-
olhos se voltara... para mo dc todas as cobardias I Ou morrer pela bala
ou separar-vos !
o cimo da Govia alcantilada , E hum raio partiu sobre o grupo ; ao estam-
com o
Só de vento , de raios e do chuva pido do trovão o cavallo so ergue, joga
cavalleiro e desapparoco ; e hum gemido se des-
Habitado (1 )
li-
prende do meio dos vultos que se dispersam
duas condo hum
que elle hia perder do vista , se voltaram c prostrodo.
lagrimas de saudade e de amor lhe desceram pelas Podro llodrigues , suo esposa e o velho negr.u,
faces. em pé na porta da choupana tiritavam de medo,
— Se ella não fosso minha irmãa! murmurou so persignavam , e rosavam.
Quem és tu , bradou o cavalleiro se oppro-
elle , e perdeu a Gavia de vista.
tam
Alguns mezes so haviam decorrido , Pedro Bo- ximando daquelle quo tinha salvado , que
denododamente lutova braço a braço contra qua-
drigues so havia separado de sua neta, que elle
entrou em luta tao
tanto estimava , e que entretanto era preciso resi- tro ? Nunca homem tão sò
desigual !
gnar-se a ajunlar mais este desgosto aos que já sof- Ah , respondeo elle com voz de quem ago-
fréra , vivia pois na companhia dessa Catliarina,
cuja affronta reparava , e quo era sua insepara- nisava ; estou todo coberto de feridas , que me
vel amiga ; no oceaso da vida , a fortuna lhe fez esfaquearam a se fartar ! Chegastcs tarde , cavai-
deparar com essa alma carilativa, que o ajuda- leiro, para me salvar a vida, chegastes cedo,
porém, para me salvar a alma c cuvirdes o mi-
nha confissão, e communical-a depois a algum
no mi-
1) Al do Amujo Pu.to.Alegi-c, sacerdote que me absolva. Mcttei o mão
;.28 LITTEUATORA.
VI Ali «!.*'*.
nha algibeira do lado eiquerdo e tirae algum
huma* nussas para
inucoe* para mandir ducr farta **t**S*S de P-ri* pek tkt. Frnn-iiwo Primo dc
minha salvação. .
Híiii/A Autuar, .ilu-inl de ariillierin do exercito br»-
O catalleiro ajoelbou-ie junto do ferido, que
deu começo à tua confitfáo. *il. Ir».
Eu »ou , disse elle, Caetano o calibrei....
•_-. t-i.t. vnoo nos de bastante interesse para o
Caetano I Gietano o calibrei! exclamou o
acabamos de re-
cavalleiro, que eu talvasii) e»e homem! Tu
è* Qtj|'|>"l.li.'.i liuim ta, que
menino fui mkw nlii-r de Paris. passamos .i transcrevel-a poi
i....:...., ah, e eu jou nquelle que
extenso na.MiNFnvv Biiasii.ik.nse, esperando que
roubado da tua cboupana ! Tu és Gaetano , o a»-
•*s«ino da filha do cirvociro , oh minha pobre seu author, vislo o lim puma a damos à Iui,
mli.... relevará o tornarmos a todos patente , aquillo que
Que! v6i loi» devera* Henrique? Desgra- a nós so era destinado. A *un exoctidflo escrupu-
lusa fallando dos lugares que visitou, o interesse
vado, o assassinastes a vosso pr»prio pai! suas descripçoes e noticias cheias
A meu pai ? interrogou elle atterrado. que -e eneontr.i nas
Sim , vede aquelle cadáver prn.trodo pelo de particularidades curiosas , 8 úteis reflexões àcer-
tiro de pistola que sobre elle disparas.es, heJosò aa dos progressos a industria dos paizes por elle
a favorável im-
Feliciano ! percurridos, justificam plenamente
E Caetano se revolvia, se voltando sobre si pressão que em nós produziu n primeira leitura
mesmo, rolando pela lerra , agarnmdo-so às er- desta cortu. O Sr. Aguiar, seu author , depois de
vas debatendo-se ciun as anciã» da morte. ter cursado os sete annos dacademia militar desta
Estou vingado! bradou elle soltando o ul- corte , e de ter com muito louvor da seus dignos
foi por delibe-
timo arranco. professores concluído seus estudos,
Meu pai , meu pai ! Eu assassinei meu pai! raçilo tia assembléa provincial da Bahia aperfeiçoar-
clamava o misero filho sobraçairdo o cadáver de se cm França em alguns dos importantes ramos da
José Feliciano, innundudo dc sangue, com bum engenharia civil, e nela pequena amostra , que
accento de dor e de desespero que comuiovia. nesta oceasião damos de sua penna, liem se ve quão
Sim teu pai , gritou com voi tremula e acertada foi a escolha daquella patriótica assembléa.
rouca, bum vulto que traiia huma candeia,eu- Sigam outras o seu exemplo que com isto faraó hum
jo pallido clarão bru.uleava augmentando ohor- grande serviço ao nosso Brasil.
ror dessas scenas de sangue , sim teu pai , que As viagens pelos paizes onde os letras tem mais
dizer tem
se tinha cazado ha dous mezes com tua irm.al progredido, e onde a civilisação por assim
Justiça de Deos chegado ao apogeo da suo sao o melhor a
grande ! exclamou Henri- grandeza
o indispensável complemento de educação para todo
que cahindo desmaiado a seus pés.
o homem que se destina á espinhosa carreira dus
sciencias; e ellas nunca deixam de muito apro-
veitar, quando as pessoas que as emprehendem .
No dia 2 de julho desse anno, huma senho- iniciadas nos arcanos scientilicos , vão possuídas do
ra accompanhando hum velho quo se arrastava a nobre desejo de estudar com o que podem pacifica-
cada passo que movia , o seguida tle outra mais mente alTrontar os perigos e incommodos a ellas
moça e coberta de dó, paravam ante bum eu- inherentes. O Sr. Aguiar achava-se nestas circums-
biculo da Santa Casa da Misericórdia o contem- tnncias, e por isso o paiz pôde contar, que quando
plavam tristemente bum joven quo ahi estava en- elle á pátria voltar , lhe prestará valiosos serviços,
carcerado. serviços tanto mais importantes quanto serão feitos
Ah ! ah I ah I exclamou elle , eu matei meu na especialidade , de que entre nòs ha alguma falta
pai 1 E huma gargalhada terrível se desprendia de homens habilitados. Passemos a carta.
do seus lábios. Dr. M.
Pobre Henrique , disso a moça enxugando
huma lagrima , está doudo ! Illm. Sr. Dr. Emílio J. da Silva Maia.
Doudo ! doudo sem mais esperança de sal-
val-o , ajuntava o velho com magoa , e para sem- Paris, 22 de Novembro de 1843.
pre doudo!....
J. Norberto de S. S. Penso que mandei dizer a V. S. que eu devia sa-
hir de Paris em maio do corrente anno. Com elTeito
deixei esta capital em fins desse mez, dirigindo-me a
-Oj-iJlS— , ,'•¦¦ Dijon com o lim de vèr as obras que executavam-se
perto dessa cidade para reparar os damnos causados
em huma estrada por hum considerável desaba-
n tn
I . *l«i T.ÍJ.iA 3J9

ineiitii tle tert.ii Yittitei 1—.1-. trabalhos e .i •¦II. - .1-- loja de rasa , de quu o conuuercio ttt tenha to-
sisli algum teiii|iii. Uijon , como V. S. sabe, be hoje mudo posse , todos os andares á res de terra suo
a capital do departamento ila Gosta d Ouro. Sua convertidos em magníficos armazéns. O |ti\o nos
historia passada he rica de brilhantes recordações, homens e nas mulheres he grande: em lim Ue-
8 1I1 Ibe huma grande aura tle respeito e veneração. sançon lu* Paris em miniatura. Gíivuium ripta no
Ao .uitii|ii.irni ella olTerece ainda preciosos vesti- espaço que lhe deixam as forlificaçoes , e nao po-
gios da sua anti;* 1 pompu. Górte dot, poderosos detido acedei*-*), ella vc-se ohrgadu a aproveitar
duques tio llorgotihii , ellu foi o theatro de glorio- todo o terreno interior para alojar os seus habitantes
sas -.-i-uas. Hoje uintla ti f.i/ein notável o seu amor a nuo podendo crescer em superlicie , auguientu em
pelas sciencins, o grande numero de homens emi- altura.
tientes ijne tem produzido , u sumpttiosiilaile de Assim nilo vè-SS dentro du cidade praça alguma
ulguns monumentos t|ite aimlu restam-lhe dos considerável , nem passeio publico de ulgtiuiu ex-
seus belltis tempos, e u magnificência de outros tensão: e as cisas sao ordinariamente de muitos
cuias suo regulurmenle cons-
que modernamente tem levantado u utilidade pu- undures. Todus us
lilici. Fntrc os primeiros contam-se; o palácio dos truidus em pedra de cantaria, o qna da ú tida-
listados, residência tios antigos soberanos tia lim - do, aspecto severo e bum ur tle solidez e fortu-
¦¦min , e corresponde com a sua cathegoria de prn-
que hoje contém a casa dn câmara , huma len que
sala de concertos, hum rico iiiuseo , huma escola ça do guerra. O espaço sobre que M assentada
de desenho , e outras repartições tio serviço pu- a cidade tem a fórum de huiua ferradura da ca-
blico ; o palácio du Justiça , que aimlu nuo mu- vallo ; o rio Doubs cinge-u ü roda , deixando só-
dou ile destino; o tlu Prefeitura ; alguns templos mente Imitiu espécie de isthnio que he oecupado
inontunhu tle calcário compacto ,
gothii-os ; o o ((invento dos Cartuchos, de que hoje por hutiiit itltu
so restam hum soberbo pedestal de huma cruz e sobre que Vuuban fez construir huma considera-
Intuía portudu, e que eedeo o seu lugar 11 huitiu vel cidadella , que he Imitia dus suas melhores
casa de alienados. Fntrc os edifícios modernos no- producções, segundo dizem. Fora dos muros en-
as margens do rio
Iam SU O jardim dus plantas com seu gabinete tle eontruo-se magníficos passeios;
apresentao tis inuis deliciosas vistas. Figu-
historia nuturul; 0 museo qoa occtipu hum dos Doubs
salões do palácio dos Estudos; o theatro ; bellas re-se hum rio , que vai deslizando irunqiiillainen-
estabelecidos sobre te entro duas altas cudeius de montanhas, todus
praças; lindíssimos passeios da cultura do homem,
os baluartes que antigamente defendiam u cidade; verilejunles, todus animadas
com seu formoso reser- deixando de vez em quando npparecer huniases-
ea distribuição dasaguns,
vatorio a bonitos chafarizes: obras todas tle bus- pecies de coroas, áridas, escalvadas pontas do
rochedo serve-lhes de núcleo e que do es-
tanto mérito tanto pelu solidez eom que foram feitas que
nellas a espaço expassao a camada tle terra vege-
como pelo gosto artístico que reina. paço
terft a imagem do agradável
Desta cidatle eu segui para 11 tle Grny , onde ta] que o veste; S
oflerecem us bordas tio rio Doubs.
chamova-nm o desejo de Vêr dous subterrâneos que passeio qne
a hum canal tle Fssa continua suecessão de aridez e fertilidade,
perto abriam-se paru tlttr passagem freqüentes ilhas negras o nuas espulhudasno
derivarão que faziam no rio Saone. Grtiy he pe- essas
situada as mar- meio desse oceano de verdura formam hum ya-
quena, mas mui agrudaveltnente os olhos, üs edifi-
Bahia , em riado quadro que embevece
gens desse rio ; divide-se , como a nossa cios notáveis de Besançon suo entre os antigos
cidade alta e cidade baixa ; namiellu existem a tempo dos romanos,
castello hum arco de triumpho do
caso da câmara, edilicio antiouissimo , e o tio mundo li-
estes dominadores
dos tempos feudues. Na cidade baixa estão o ce- huma porta que rochedo dur
zeram abrir utruvez hum para pas-
lebre moinho de trigo de Mr. Tramoy , os cães so-
sagem a hum magnífico aquedueto , a ealhedral
bro o Saone, ü a bomba movida por vapor que le-
e alguns outros templos, a casa da câmara; en-
vantn a agun deste rio para alimentar as fontes da
tre os mais modernos , n cidadella , a igreja du
cidade alto. Achei muito singular a maneira por-
baixa com a alta; lar- Magdalcna, a de S. Pedro , duas fortalezas so-
que communica o cidade a cidade , 01
esta communicação bre duas montanhas , que dominam
gas escadas de pedra estabelecem os ciies , huma ponto suspensa , as tu-
hum lugar hc pos- quartéis,
por dilTercntes pontos; e só por lhas, e hum arsenal. Percorri outras cidades me-
sivel aos cavollos e carros a subida. do departamento de Doubs, afim
nos importantes
Deixei o departamento do alto Saone, a que
ir o do Doubs, para de visitar dilTercntes estradas e obras que executa-
Grav pertence, para para no tle Jura que
immediata- vam-sc. He nesso departamento e
a capital do qual fiz-mo transportar aceadas c bellas estradas,
bem edi- cu vi as mais
mente. Cesançon he huma cidade muito
numero das fortes da Fran- Achando-mctão perto da Suissa, niio pude resia-
licada, e no praças celebre paiz. Dt-
A actividode tira tentação de ir ver esse tão
ca oecupa hum dos primeiros lugares. onde estive dous dias . o de
nao ha rigi-me A Neuchutcl,
do seu commercio a torna muito viva:
330 LITTERATURA.
e quedi-
ma* muito bem i-uiu o «»*trepito prolongado do trováo ,
que gostei muito. Cidade pequena, ne, vidindo-se na «|U«'da om infinita» partícula* formam
situada a» Iwrda» do lago a que dà m-u do viajante impeliu.-
ao longe ao» olhos illudid»»
a sua industria torna-a conhecida de todo o mun- es*a* cascata» lançam-**- .om
abriam vt» torrentes ! E que
do. Abi vi hum magnífico subterrâneo que
a tanta violência de iininen»a» altura» , b vai.tai.do
atravez de huma montanha |*tra dar pa**agein
dam- em roda huma .«oi ira humida , refleetindo a* bri-
huma torrente qu«- vinha antigamente causar
Serriere» . levantada lhant«-s cores «Io uno iri»! E e»»e» lugos, como
no* h cidade. A .ponte d<-
mesa* de cristal , encaixilbado* |>or verdV-
no tempo da domina...!» franceza . he hum nm- liuidas
e»tão colunas »obre que véem-s • espalhada» mil
numenlo odinirav.l O gvmnasio . onde teu- jante*
isio •«.ii-anla , tudo arrebata ; tudo
nidos o collegio cantonal , o muico , o gabinete aldeias! Tudo
o atlractivo de maravilhosa novidade , Uni»
de historia natural I a bibliotluH-a; a ca*a da t.-m
..imara, e <> ràe» sobre o lago merecem a at- lie poético e exalta a imaginação de qualquer ho-
o* oditicio» antigo» ha mom seja , quanto mai* a de hum brasileiro.
tençflo do viajante. Entre que
Acabada a minha visita, voltei a Berim pai.,
aintla a «athedral, o palácio dos antigo» prin-
o tomar a diligencia de 1'riburgo. E»ta cidade to-
cipes, e alguma* casa» particulares. Alrave»»ei
e o de Bienc em hum ban o da devota annuncia-se ao longe pelo grande nu-
lago do Neuchatel
do vapor , e desta pequena riilade legui para moro «Io suas elevadas torres. De grande di»lan-
cant.io mai» cia na p»trada dc Berne, avistam-»e a» grimpa»
lane. E»ta «idade he a capital do ,
considerável da Suissa, A regularidade dos »eus do suas igrejas, entre as quaes sobr'elcva-se a 4a
edilicio», o oceio das suas ruas, a bolleza dos seus «•athedral. A famosa ponte suspensa , buiita oulra
arredores, dáo-lbe huma graça «íue torna-se mais mais curta , porém mais alta , que fez-se ao la-
agradável pela mistura quo tem «le gravidade. Por do desta , o instituto do» jesuítas , as tom» d.,
cathedral, que são as mais elevadas de toda a
qualquer parle por onde entre-se na cidade , en-
lontram-se magnífico* passeios, dispostos ás ve- Suissa , a porta Borguillon, eonstruitla entro éoat
zp» em ziguezague sobre os taludes de altasition- precipícios, os orgaos da cathedral fabricado»
tanhas, e sumptuosas portas que dão ingresso para polo Mooser , e de «pie tira os mais admiráveis
o interior. Dentro notam-se a cathedral, o ter- sons bum bal.ilissimo organista , a erini.la tlu Ma-
rapiVn.. que aiha-se perio desta, e de que go- gdalena , cavada em bum rochedo ás margens do
za-so da mais linda vista da cadeia dos Alpes, rio Sarine a duas léguas de Friburgo , eis o que
os passeios sobre os baluartes, o celleiro publi- nesta cidade attrahe a curiosidade dos viajantes.
co . o inuseo , a bibliotheca , o Cassino ou salla Satisfeita a minha , tratei de passar-mo para Lau-
tle concertos, a igreja do Espirito Santo , o hospi- sanna , com o fim da vér buma grande ponte de
lai, a casa de oorrerção o a torre «Io relógio. Perto pedra , composta de dilTerentes andares de arca-
«lesta cidade existe a celebre instituição agrícola do das, que alii estava por terminar-se. Essa ma-
Sr. Felenherg que fui visitar; e no numero das gnilica obra portanto , a cathedral , que he a mais
suas obras publicas em construcção admirei a gi- linda da Suissa e entre os edilicio» gotbicos bum

gantesca ponte que executa-se sobre o rio Aar. dos de melhor gosto que existem na Europa , o
Deixei Berne para ir ao Oberland , que ainda seu terrapleno que olha para a cadeia dos Alpes,
pertence ao mesmo cantao. Ilealmente lie a cou- os bellos passeios , a casa de correcção , o museo
sa mais magestosa que pódc imaginar-se. Altas o o celleiro publico , exigiram-me bum ilia , que
montanha» todas cobertas de golos perpétuos, no de boa vontade consagrei-lbes. Desci do Lausan-
meio valles fertilissimos, do outro lado prados na para ir tomar em Ouchy a meia legoa pouco
abundantíssimo! , vivilicados por mil rebanhos, móis ou menos o barco de vapor. que em frente
semeados tle mil cabanas , eis o Oberland. Esla desta villa pára a fim de receber os passageiros da-
jur.cçao da esterilidade a da rica vegetação, em quella citlade. Segui para Genebra pelo lago Le-
frente huma da outra , sobresalta o espectador. man. A fama deste lago be bem merecida. Elh'
E esses picos gelados, que topetáo nos céos, que e o de Lucerna monopolisão a reputação de mais
at Inibem o prendem ns nuvens, as quaes ora ai- pittorescos da Suissa. Por minha parte eu não
vissimas , ora acinzentadas vao-lhes augnieiitar a contesto-lhe esse renome , a acho muito bem jus-
¦illura
, ou figuram turbilhões de fumo vomitados titicados todos esses títulos; apezar do que tahez
por hum vulcão ! E esses niilheíros de luzidias não seja acceito meu juizo por falta de conheci-
o gigantescas novilhas, que agitando as grande» mento tias rasoes de todos os outros rcclniiiaii-
campainhas que lhes pendem dos pescoços, açor- tes, .Mas ao menos posso aíTirmar
que para mim
dão os ecos multiplicados das montanhas! E es- o lago de Genebra ou Leman ho mais liiulo que
ses pastores, quo com a .rompa dos Alpes mo- os de Neuchatel, de Biene , de Tlmne , de Bri-
atilam saudosos o meigos sons, que repercutem- enz, e que o Maior; os quaes todos vi e atra-
sò mil vozes nesses elevados cumes que circulão o vessei. Deixei Genebra , onde sete dias foram-me
üorisbntoj E essas avalanchas, que precipitam-se necessários para vér as suas três pontes suspensas
LITTERATU.A. 391

o chão , us paredi-i | o teclo. Os


n dos Bergues , a ilha de Rousseau , o n.es, o que revestem
o museo , a moveis corrtt«|H.ndem u tSU\ gi-nt-m dt- ornato. A*
observatório, o jardim bolannico,
e meias que servem nesta nn-
l.ililitilht..1, o conservatório botannici-, 0 oliscr- cadeiras , sopltás
de páo. muito bem
i.ilorio , os duas casas dc correcção , ns fortifica- dor suo formados dc varinhas
os -misscío* ; Co- uparad.ts e dis|M.«.las engenhosamente.
çoe*, a cothedrol, o hospilol ,
muge , cidutlosinha que licu-lhe u buitiu legou ; Bcgrcssei |H-lo mesmo caminho que linha frito
Muuricio , pequena cidade quo
|'t«rney onde vC-se o i-usaciii tiue morou Voltai- poro vir ; mas em S.
" elle man- tomou o nome do chefe do legião Thebonn , que
re, e templo uu antes capella que
dos romanos ahi foi morto com todos
dou construir e sobre cujo frontispicio lé-M oinda no (empo
seus soldodos ordem do imperador Maiimianu
Deo trexit Yoltaire; Coppot, celebre pelo es- por
oo* deuses do
uldeiu vi- nao pôde obrigal-os a sacrificar
lado de iitudume de Stuel; Saconnex , que
de seguir pela
sinli.i, donde guza-sc de hum Itello ponto de vis- Boina , mudei de rumo e em lugar
margem esquerda do logo , por onde havia vin-
ta , e descobre-se porleitumonlc o monte branco.
o objecto do mi- do , dirigi-mo pela direita a Villeneuve , que
A estrudu do Simplon tornou-se
do logo oopotla
nl... curiosidodo , o poro contentol-a parti poro ocha-se situada na circundado
Brigue , onde ella começo. Daqui segui a pó, à em que está Genebra. A pequeno distancia des-
legoas su villu entra o Hhodano no lago , ahi depõe lo-
percorri toda aquella estrada que tem 14 o sedimento de vem curregodo , e vai so-
e entrei em Domo dOssola com dous dias de do que
cidade ituliu- hir cloro e límpido uo pó de Coimbra. Em Vil-
marcha. Domo d'Ossola , pequena
no vapor o desembarquei em
na ho o termo du estrada de Simplon. Abi eu leneuve metti-mo
Vevey cidade à borda dn lago , muito
achavu-me a sete legoas de Baveno e do logo- , pequeno
maior. Alugei portanto hum carro que levou-me freqüentada pelos viajantes por causa das bellas
«quellu villu, que he situuda à borda deste lago vistas que
apresenta , o pelas recordações que ei-
em cita aos conhecem a Nova Heloísa de Bous-
o defronte dus tres ilhas Borromeas. Metti-me que
morava Clara. Apezar do máo
seau ; era lá quo
bum bote e liz-me transportar á lsola-bollo , que o alcfinni
lie occupada toda pelo sumptuoso palácio do con-
tempo quo fazia, e que limitava-me
do da vista eu comtudo fazer huma idea
tie de Borroineo. Pareceo-mo visitar a mansão ,
do
pudo
deve desdobrar-
* . ilha levan- aproximodo rico panorama que
alguma fada julguei estar em huma ar
vara so aos olhos dos espectadores, quando hum
tuda do seio dus águas pela virtude tfhuinu transpurecer oo longe. Tornei a em-
cloro o deixo
do conddo , manejado por poderoso mago ; pen-
cm outro borco de vapor e fui descer em
sei ver os passos encantados , os jardins niyste- barcor o tlohi fui
dt- Ouchy , dondo subi para Luusnna ,
riosos destinados a alojar e u recrear alguma Genebra, assim a
che- por lerra para percorrendo
vindudo fabulosa. Com effeito, a que pôde Parti logo de Genebra
natureza havia crea- margem direita do lago.
gar o poder do homem ! A cnpitnl do de-
do no meio do lago hum rochedo árido, negro, com destino para Lous-le-Sauluicr ,
do Jura. Ahi ha poucas cousas nota-
escalvudo, com tençoes dc nunca dar-lhe a me- portamento itnnienso esla-
*, o homem fez acarretar para lá ter- veis ; vi hum bello hospital, e o
nor vegetação das salinas. Visitei ns estradas quo
a belecimcnto
ras que mandava buscar com enorme despeza. em conslrucçüo ; segui poro S. João
sobre hum solo or- achavam-se
grande distancia , accumulou-os lindas do Losno, onde executovom-so
duas pontes do
tiliciol que elevou sobre arcadas , o plantou o tornei o Dijon ofim de vôr os trabu-
e frutifi- pedro;
arvores, que florescem, crescem , copüo dostribUÍÇ-0 de ogoos que abi fuziam-se.
cuo como se o terreno fosso-lhes ministrado pela lhos de vez.
o quo eu nao polira exominar da primeira
mesma natureza. Vi limoeiros, lorongeiros, pi- Dijon rocolhi-mc a Paris no diu 10 do cor-
do meio- Do
nheiros ostentar essa vegctoçüo brilhante .
tinham huma delgada cantado dc rente. .
dia; o suas roizes
a estender-se Tenho acobodo a minha longa perignnaçfio , u
terra onde prender, c erão obrigadas muito recreativa foi-me do
de cantaria que qual além de mo ser
borisontolmente sobro a obobada o estudo pratico de pontes
ricos quadros, muita utilidade poro
a sustentava. Magníficos salões, u com me tenho
do po- e calçadas que particularidade
e soberbas estatuas admiram o yisitador veniu ao amigo, para
O guia tem dado. Ainda peço todavia
lacio , a que está junto o jardim. antes de fallar no quo de mais perto lhe in-
dormio Na- que
costume do assignar o quarto onde huma noticia com as
alli foi hospedado , e asallaondo teressa. lhe communtque
poleão , quando Ha seis mezes que
terra ; o or- reflexões por ella suggeridas.
elle jantou. Esto salla hc ao rez de dos Estados-Unidos hum en-
eco , e quo chegou aqui vindo
nato de gênero rústico que a cmbel encarregado de oflbrecer ao ins-
cila pertence, viado esjecial
estende-se a todo o andar a que do mesmo gênero
brancos c tituto e ás outras corporações
he digno de attenção. Com pedr.nhas de objectos artísticos e scien-
com conchas, e pedaços de tufo, teve differentes collecçôos ao mi-
pretas , correspondei,
mosaicos, tificos. A escola de Minas
o artisla a habilidade de formar lindos ¦\A
332 LlTTERATntA.

mo com que foi presenteada , oíTerecendo át to- cido* escravo*; appliquemo» nós a bem dirigida
ucdadei doi Ettadot Unido* grande numero de potência da* maquina*: a invt-ja murmurará , o
.arto* geológicas, de memória* e outro* traba- sorriso do deiprez» no* acompanhará , mat des-
Ibo» seut. O institui , retribuiu da ineãina manei- prezomol-ot: o tempo no* vingará. O notso cam-
a. Ora tendo no* buma tociedade promotora da po florescerá , o do visinho minguará; e ou elle
industria nacional, e hum M*M , cm que me nos imitará , ou te perderá. Ei* como eu julgo
consta que ba duplicatas do muitnt coutai, o do que *e corrigem e amelhoram o* povo*. Gritem
que V. S. be hum do* digno* directore*, nao quunlo quizerem o* raciocínio*, a* bellas theo-
rias: afTcitus ásusanças antigos, seut ouvido*tio
poderiamo* oíferecer da parte daquélla ulgumu»
scmentcj de planta* no*Ja» as associações franco- cerrado* ; nâo ha voz quo o* penetre. .Mat ve-
za* da mesma espécie, esperando em recom- iiliain o* facto*; apresente-to a experiência em
perna o ofTcrccimento de planta* europea*? e pessoa ; mini t va mostrando aos olho*os «eus pro-
por parlo de*(c o* objectos que no* sobejam duetos : a victoria ho certa, e prompto.
( te realmente elle* exittem . fazendo assim di- Toda* a* commissõet, (1) du quo fui encar-
reito a huma dádiva dai que no* faltão? Sao regado estam cumpridat ; mandei fazer os mo-
estas a* lembranças quo mo vieram á ideia sus- dclos dos minerae* por hum bomem que trabalha
titadas pela leitura ocima : e como nao tenho nisso para a escola dus minas; pedi a hum nu-
'¦ulra pessoa, que melbor possa eslimar o seu valor, neralugista para verificar ot angulo* dus fôrmas
do quo o amigo, porisso lb'a* proponho; por- primitivas o das modificações, pois por conselhos
que so são insignificante*, c indigna* de consi- do mesmo mandei fazer estes ângulos iguaes aos
OfltaftO , ninguém com mais conhecimento de cau- que encontram-se nos cristavs mais communs no
sa as pode assim taxar; e se tom algum apreço, Brasil , o ostou I espera do quo o fabricante os
ninguém também mais poderosamente do que V. acabo , o do que appareça portador para enviai-
S. pôde contribuir para o sua renlisaçoo. os u V. S. Pela lista junta, que foi-me dada
Mas oinda náo acaba aqui a lista das minhas pelo referido mineralogistu verá o numero dos
lembranças : eu temo ser fastidioso com ellas , modelos quo encommendei | ojustei por 30 fran-
mas tomo alento , quando vejo que V. S. he mo- cos. [2] Besolvi-mc o mandal-os fazer, porque
dico e portanto deve ter huma paciência á prova de quantos achei feitos, nenhum dos donos dei-
de toda impcrlinenc.it. Fiado nisso , animo-mo a les mos quiz vender por menos do l'i soldosca-
fazer-lhe tumbem depositário da idéa que mo da modelo : c além disso não erno trabalhados
tem vindo ao pensamento sempre que vejo os re- com muito esmero. Modelos em papelão nao foi-me
latorios das sociedades do agricultura. Ellas fazem possível achar feitos, nem quem os quizesse fu-
exposições de plantas, tem collocçoes de modo- zer por menos de bum preço exorbitante ; por-
los de machinas , promovem a introducção do ve- isso decidi-me a mandál-os fazer de pào , pois
gata** utois e a sua cultura , procurão multipli- serão mais baratos o mais perfeitos. O amigo pode
car e propagar o emprego de meios mecânicos para imaginar quanto trabalho deveria dar o ajustar
facilitar os trobalhos do agricultor, etc. Porque bem as differentes faces dos modelos polyedras .
nao os imitaremos ? Porque a sociedade de agri- so fossem de papelão ; e quanto duvidosa seria a
¦ ultura do Bio do Janeiro não assignará
para ai- exactidão , ainda apezar do todo o cuidado. Be-
guns jornaes quo sobre esse objecto aqui se pu- molto-lho também buma lista dos preços dos olhos
blicuo? Jà que oinda não podemos fazer por nós d'esmaltc para pássaros e quadrúpedes, segundo
mesmos, porque não buscaremos no menos saber seus dillerentes diâmetros , abaixo da qual lera
o que os outros fazem , c oproveitor-nos do quo buma nota a respeito da troca de objectos de
elles tem achado? Porque a mesma sociedade náo historia natural.
vai pouco a pouco mandando ir alguns dos uli- Vão ainda dous impressos. que indicam os pre-
lissimos instrumentos de que aqui serve-se o agri-
ços dos cadáveres artificiaes. O Sr. Auzoux os faz
cultor? Os nossos homens lavradores sfio como o do massa e o Sr. Guy de cera. A perfeição destes
amigo do Franklin , que resistia ú evidencia dos segundos he superior", mas nSo sei se no Brasil *
argumentos sobre a melhoria dos adubos mine- cera conservar-se-ha muito tempo ; algumas
raei a respeito dos estrumes vegetaes e animaes. peças
forão para a escola de medicina dessa corte , fabri-
Fa liemos-lhes a linguagem dos factos ; sigomos
u lógica conveniente o incontestável do experien-
ciu ; imitemos o grande homem. Ao
pé da mes- (I) Damos puliliciUade ,ios tópicos ü.i carta Uo !sr. Aguiar
quinha fazenda do camponez rotineiro, e afer- sobro as commissôes de que lhe temos encarregado
, por nos
rodo âs praticas dos seus avoengos , ponhamos o parecer, que a mais dc hum leitor da Minerva Br.isilie-.se
íntororaarií saber dos preços
florescente o rico campo do lavrador illustrado e porque he possível fazer vir
io Paris certos objectos que lha
induslrioso : deixemos o primeiro continuara em- podem ser pruebos.

pregar a bruta força dos seus magros o dcsfallo- ('-) Sogandj a. lista dos modelos 'juc devem vir, sSo 47.
LITTERATURA. 333

.idas mcimo Sr. Cuy , segundo ello disse-me; ante» de tornar mai» profícua a inttrucçao
pelo prima-
pur cilas pode-ie julgar da habilidado desse ho- ria. Adeo» temo jà aborrecet-u e cuncluo.
mem , o da duração que promettu-lhes o nosso Aymai
clima. Elle mostrou-me em seu armazém «i-
licihu* cousa»; diflcronlei cadáveres de homem in-
teiroí , mai que nao desmontavam-se , por 2,000
ir.incus; hum cadáver de mulher , quo lbe fora en-
commendado para liuma escola do Inglaterra, por
O CA4AUOII.
V mil francos; a imitação nau podo chegar a mais
alio grào! Eite cadáver desmanchava-se todo;
tirava-ie a pcllo , e viam-se as carnes ; iir.ivau.-se
estas v viam-se os intestinos , que tombem tiravam- xm A 3 nu, HA B£
se hum a hum ; euilim hia-se atò os ossos, e à
sua medulla. Nunca vi maior perfeição do traba- «Icditiiiln no Illiit. Mr. Maiitinffo \iiim-
lho : era hum corpo humano quo dissecava-se. Kiliciro. •
Procurei, para saber do custo do huma caixa de
quarenta reactivos , hum homem que aqui occu- O s.inino da madrugada ,
pa-se du furnecel-as, o que hu inculcado por Mr. O lomno querido o plácido
Ileudant no seu Manual de mineralogia; disse- Desprezas, e a lança limpas
mo elle quo huma tal caixa , fechada , o com Co odoroso pomo ácido
vidros de quatro onças cada huma , an- iju.il sen teu nobre intento,
ária em 120 francos : o quo no caso de eu querer
3uorenta Caçador , nesto mumento!
«iiiipral-a , bom seria designar-lhe os reactivos
quu desejava. Emfim fui ter com o Isidoro Geollroy O ferro da tua lança
de St. Hilairo , que lecciona a historia natural das Já começa a abrilhantnr-.se ;
aves no jardim das plantas, e quo occupou-se muito E os astros quo estuo nos ceos
dos macacos; disse-lhe o que V. S. participava- Vem todos nella mirar-se,
me a respeito da especio do pctechia que sup- Tua lança, oh caçador,
punha ter descoberto ; respondeo-mo ello que eu Tem dos astros o esplendor.
mostrasse-lho o desenho assim que o tivesse.
Espero pois o desenho do macaco , quo V. S. P'ra que levas a espingarda ,
ficou de mandar-me o a lista dos objectos aue o Essa ponteaguda faca
museu do Rio tem em excesso c dos quo faltam- Do fina prata lavrada ?
lhe; logo quu receber essas cousas, voltarei ao Ninguém o teu rancho ataca :
GeolTroy. A quem vãs tu combater !
Agradeço-lho muito as noticias quo dá-me da Vás a pátria defender ?
escola militar, o dos projectos que ahi oxistem sobro
instrucção publica. Bogo-lhe tenha a bondade do O canto do virahosta,
continuar-m'as, pois muito mo interesso por Núncio c precursor da aurora ,
aquelle estabelecimento o por tudo quanto res- Inda os campos nao innunda
peita a esso ramo tão importante da administração. De melodia sonora.
A instrucção publica deve ser o primeiro cuidado lllumina a escuridão
de hum governo. Da sua ma direcção resulta grande O p'riluinpo do sertão.
parte dos nossos males. Nüo podemos lisongear-nos
de ter-mos hum bom systema de educação intel- Teu cão mixtiço que tem, i
lectual e moral; e a physica mesma he muito do- Que om roda das armas brinca ,
feituosa. E o cabo da tua lança ,
O Brasil ho muito extenso, o as suas commu- Saltando , nos dentes trinca ;
nicaçõos não lão tão fáceis quo hum só foco do E depois emboca a faca
luzes possa illuminal-o até ás suas extremidades. E em face a ti firme estaca'.'
Demais não he a instrucção transcondento quo nós
temos mais urgência do melhorar; tocar nella sem Não relincha a tua porta
cuidar na inferior, he fazer hum bello pa- O teu ginete fogoso ,
querer
lacio sem ter as pedras necessárias exaclamento Nem as louras botas calças
cortadas para formar-lhes as paredes e os diversos Que te fazem magestoso.
ornatos, que o seu gênero d'arebitectura exige. Descalço tu não receias
Ainda que temos os elementos precisos para for- Que a cobra te pique as veias.
mar huma universidade ; melhor he todavia tratar
m LITTERATURA.

Na garganta repreiaram
Jj começa a soluçar
O suu mavioso canto.
A luz do teu candieiro , Só metálica araponga
II nio brilham . nâocoruscam Fugindo o *cu grito alonga.
O» raio» do teu isqueiro.
Sobre a i-1'.iiJ do Tinguà
Ei» r i; v .1 a aurora já Late o raiitiço cm delírio
Vendo a paca um terra exangue,
E lambe a ferida funda
Eií-le na estreita picada , om- dislilla banha e sangue.
Na escuridão embrenhado, Torce a roupa o caçador,
Subindo c descendo icmpre
Que goteja agoa c »uor.
Com teu «r ligeiro , ousado.
Da cobra o Uu pé incauto
Avisa o mistiço arauto. a A mesa do rei he rica ,
« He rica a do grão »enhor,
BatunJo a ettraJa o teu cio
it Ma» ella» não tem a caça
Cava o chio. dá volta» mil ,
.i Do mesa do caçador.
Da caça procura o ra»to Contente , a casa voltando ,
D'usta arte elle hia cantando.
Com o teu faro subtil.
IJue sentido , que finura ,
Ijue prodigio de natura. « A mesa do fazendeiro
a Tem toalhas de valor,
Jà pitas na verdo roça, <t Mas nem sempre tem a caça
Ijue doura o saudável milho, k Da mesa do caçador.
I: tua alma su enamora, Contente à casa chegou,
E da safra applaude o brilho. E ao descanço se entregou.
Caçador teu cao latio .
E do caminho fugio ! Fazenda de S. Anna. 1SU.

Sugue , segue caçador |f. de A. Porto-Alegre.


Segue nessu labyrintho ,
O teu cão trilha huma paca
ijuc pastou neste recinto. —afã—

Eil-o trilha sobranceiro,


Acuando n'hum madeiro.
O AiUC/J**
Nesse tronco perforado
Tem a paca a toca e ninho , IV-PIK.-IYtO POÉTICA
Caçador tapo as janellas OFFERECIDA
E dcixa-llic hum só caminho.
Acua mistiço , acua , ao iiioii amigo o Sr. D. tt. Jardim
Que a paca já ronca l súa! Jnnior.
Eis que dum salto medonho , Yes ! Love indee.t ii Igfitit frou, In ateu .
Roncando a paca de medo , A Mufc uítiiat imnional tiri-
Se precipita no rio Wiih angels shaied , bv Aliai, |itm
Co fracasso d'hum rochedo. To I"ttt troin earth sur bow Jcsire.
As águas se suspenderam .
E os altos troncos lamberão ! Tu que inda junto a ti sentes . vida
Exbalar-se nos olhos da belleza ,
Mergulha no fundo a fura , Tu que imla colhes as purpureas rosas
E quai Martim-pescador , Com que auoi lem burilado os seus camiuuos.
niitini passo no rio cabo Amigo , tu que vOs brilhar fagueiro
E co'a lança o caçador, Sorriso animador cm rubros lábios ,
Que levo na ponta a morte , Tu que desse delírio qae nos tolda ,
Dá na paca o mortal corte. Assim como eu provaste gotta a gottl
O cálice escumante,
A' vista deste combate , Ah ! tu serás quem boje inda comigo
As aves cheias d'espanto Pense igual como outr'ora c como sempre.
LITTERATURA 33;>

liei lançado nas onda» do» praiere» Verei* a dita voar


Meu coração no» fervidos momentoi
Bateu I.. a» aza» l...,,,,;
Em que intensa paixão nos allucina;
Bem como o fogu I. ui, .
Fluctuando u deixei correr á garra
Bafejado do s..pro da esperança. Que tremula vat diante
Sobre bum tronco em noite escura,
Procella» tenebrosas o assaltaram ,
Ou sobre campa tombria ,
Nunca a margem tocou d'alta ventura.
E que , *o alguém o procura ,
Mus entre a noite opaca dos desgoitoi
Se aflutta ao longe e desvia.
Auroras d'esplendor lhe rutilaram ;
Mas entro espinhos descobrio
por vezes E »C ¦ .tendei.les a Ulil o
Por aqui, por ali balsumea rosa ,
A' linda ll-.r que Iui- ..- ,
B no inesmo amargor provou doçura». Ou ja será murcha eetto
E essas luzes, e flores , esse ncclar tlu pi vó* nílo satisfaz.
Nas delicias d'amor achar «ó poude. E qual a nuvem t
Que o 10I tinge còr de rosa
Abre o teu coração : — que lias encontrado ,
Perde em breve o esplendor,
Que lias sentido cm ti mesmo tao ditoso, Porque o astro declinando
Que te faça almejar vida de scc'lo»?? Seu tlarão animador
Em que altar cã da terra com mais gosto > ai mais e mais tn-cullaiidu ,
Fumar o teu thuribulo fizeste ?
Que lias tu visto que possa equiparar-so Assim vereis descontentes .
Ao volver penetrante e meigo o terno No grande festim da vida,
•D'huns olhos
que enunciam Murchar as eróas que ardentes
Essa phraso quo o ceo nos pntentea? Puzerdct na fronte erguida ;
Quando te freme, ah I dize, mais ardente Assim ouvircis em
O coração sensível, pawo
Entre som funéreo e rouco.
Do quo nesses momentos • Soar no bronze da morte
Em quo nevada mão sobro o teu peito Vossa hora derradeira,
O veloz palpitar brando interroga? A hora do fatal curto
Em quo roliço braço d'alubastro Que linda a vossa carreira.
Sobre os hombros te cahe'.'
Quando, ali! dize-me , quando
Em doce embrioguez, em doce arroubo Ah! so as vossas fadigas vão perder-se
Teus sentidos se perdem , se desvairam Nos abysmos da morle ,
Mais que nesses colloquios E sototla a ventura cá da lerra
Onde em maga expressão a alma se pinta , He frágil, momentânea a passageira,
Onde bum beijo de fogo devorante Ao menos entregai vossos cuidados
Scella em faces du nocar bum protesto ? A' mais nobre paixão que anima os homens
Que lembrança ha mais grata e animadora Quo garante a união da humanidade,
Do quo sabermos que por nós existo Que garante o porvir , garante a torta
Inda hum ente , na terra, quo nos ama , Das gerações vindouras.
E que vela talvez quando velamos, Ah I se em toda u paixão Deos ba lançado
E cujo coração por nós palpita , Co dedo seu reprovação severa ,
E cujos pensamentos jú são nossos? Voltai-vos, oh mortaes, aquelle aflei-lo
Que só Deos àpprovou ;
Correi, mortaes sequiosos, Palavra que deseco da boca eterna ;
Apoz sonhadas riquezas; Flor cabida na terra da grinalda
Fartai-vos ambiciosos Que adorna a eternidade ;
No pó das térreas fraquezas. Raio de luz que , atravessando o espaço,
Ah ! na vossa longa estrada , Vem quebrar-se no peito dos humanos;
De mil penas semeada , Paixão que em seus desvios mostra apenas
Em vão, cm vão buscareis, Da fraqueza o signal;
No ardor da vossa esperança , Excesso primoroso de amizade;
Prazer com que vos farteis, Retrato copia ex.ieta
E ventura sem mudança. Do verdadeiro amor quo os anjos nutrem.

Quando julgardes chegar Feliz quem sabe viver


A' desejada barreira, Como nó», prezado amigo ,

,...¦¦
33ò LITTER-ITIKA.
FBA<-llE.\TOi
Firmando o çotto e prazw
_2 32i5T-3^22 Ta__a_à
•io corasiso.
getvo qut t-r_
Feia qut» sttu t tellei».
detprezi t: ,«*»; orJVrrxido «iia_*J>
Quem janto ás— moMO ; iram» *ffl » "•<* *
Ki filia* glorias do L « Sta*»—. vSouior eatv
D.
ao lUm. Si. J. B.
d* sorte escura ** Sm******* Fiai-
Que o braço mmmT. PCa^tl- «U .-*_-«
i**ca incundo -.«*.; F*.
Emiiside o Z>. «b^k_ «a U|_ és Hca-.,
Pon nio !b< rouba a ventura. L A. Burf—i-

ACTO L-SCENA
Felix quesa tcube gtr.h.r-*e C4U.SJ.» 1 ilallí».
Hum tentiiel coração
Onde aa refugiar-** Esta bem eoocebido o vosso plano,
Nos m - x-tit a d'affliccaO : Estlo a«_ medidM t-etn tomadas;
Ftu quem tente palpitar E baiUrà . eomtudo , bum pobre
tnoio
Hum peito que sabe amar: Para tudo baldsr. ^^
choram.
Quem tem lagrimas que o
Quem tem olbar que o procura , Ah ! meus senhores !
E fites que « coloram outrora destruittes
A feiro e fogo
Nos momentos de ternura. Nossos fa-itiç** i «os ,0Si05 Ç5S
Morreu meu pai, e em duro caUsasio
.
Minha definhou. E vo* pentaste*
Insensatos! que o tempo da memória
'.
Ah te algum mortal ousado Me bav.a riscar tudo. Nao! que perra
a
A Deos te quer igualar Vai travar-se entre nos. Tenhais embora
So pode o que tendo amado Homens, armai, tbesour,* ; eu
so tenho
Sabe com veras amar. ódio, astucia . e tanto batia.
Coragem.
E nos , amigo . o Jardim , me contume
E tomtudo . esse amor que
No* que vivemos assim , o ódio
Ligados sempre a belleza, Talvez vencesse alfim: talvez que
Morresse neste peito, se algum dia...
Ijuar.tas vezes nos dizemos : —
Haverá na natureza Ma«. que loucura I O filho das florestas
Hum gosto que mais prezemos! À mio oft__ donzella bella. illustré
Aspirar! Em verdade , deliravas .
Calabar!
SCENA 11.
Nao , por certo . nâo existe iff-jnio. drpoiiiíano.
Ventura mais duradoura ,
Prazer que tanto resiste AFFO.NÍO.
A' fouce consumidora.
Pois que no calix da vida
Foi esta cotia envolvida Inda nada suspeitam. Que supplicio I
Entre mil de acerba dor . Por mais que me constranja, o meu segre-o
A nossa alma embriaguemos Haviam descobril-o tarde ou cedo.
Vivamos só para amor , He tempo de acabar com taes angustias:
Que assim felizes seremos E . pois que nesta vida não me be dado
Ser venturoso, ao menos , entre ss armai
Com doria morrerei.
.4. F. í)ii.r<j e Mello. ( rendo Marta. )
Devi! Ella...

maru . perturbada, «paru


A (Tenso :
affosso , «a-ancafiras

Senhora. assaz conheço que te rx-s,i


Minha presença... e já t. deixo.
LITTERATURA. 337

MARIA. A-tOSSO.

Como E tu mo deixai'-
AFFOftSO. Também, O talvez tido, cito luga.Ct
Deixarei.
Não be de ogora tò quo tu me foges... MARIA.

¦ ARU. Que di*.****-!

Fugir-te ! E quo motivo... ? AFFONSO.

AFFONSO. Partir devo.

Cm v.io procuro MARIA.


A eousa descobrir desso ódio...
Tu , ingrato! fogír-not ? !
MARIA.
Odiar-te ! AFFONSO.
E podesto pcnsol-o? I
O* Maria I
AFFONSO. Hum desgraçado sou; mos, he forçoso
Ouo fallo, ou que m'estalo o peito, FIscuta.
Oh ! quum diversa Desso leu puro ofiecto nfio sou digno ;
Te vejo do que foste ! Essa omisade Despreza o miserável que, olvidando
Que outr'ora mereci-te, que foi d'olla? Ouam baixo ho seu estado ; que do Vieira
Teu irmão me chamavas; ditas, magoas, Deslcmbrando o lernuro, os beneficio!,
Tudo commum nos era: se meu peito Insano ousou por ti nutrir
A tristeza toldava, hum teu sorriso
MARIA.
Bastava a serenal-o; huma sõ lagrima
Não verlias quo a mão do terno amigo Affonso
lu náo fosso enxugar... E agora... I AFFONSO.

MARIA. Hum frenético amor!

AlTonso, MARIA.
eu t'o conservo; Affonso! I.
Esse amor fraternal,
Ainda , como outr'oru , a lua dito
Me he cara. Mos, os tempos são mudados. affonso ( cahindo tm si. )
E fugiram da infância os annos rápidos. He justa
A tua indignação. Porém , senhora,
AFFONSO. Belevo meu delírio; que estes lábios,
revelar-te ,
Que minha chamina ousaram
Hão-do breve cerrar-se para sempre;
Fugiram , tens razão ; sou insensato ;
Mas, o tanta frieza inda não pôde O triste coração quo a teus encantos
Affonso acostumar-se. Dcscuidoso Não soube resistir, cessará breve
Do porvir, junto o ti gostova os diai; De palpitar. —Senhora, tu bem sabes,
Em doce engano d'alma adormecido, InsofTrido o Brasil soecodo os ferros,
E não tardam seus filhos a alistar-se
LVoutra felicidodo não sonhovo.
Debaixo dos pendões da Liberdade.
O encanto quebrou-se, e co'a desgraça
Ao acordar achei-me. Nos combates.... Mas que l Minho ousadia
A tua indignação jà não desperta?! -
maria ( á parte). Tu jà de mim não foges! Mas que vejo
Huma lagrima!...
Tem coragem,
MARIA.
O' meu peito ,
Alto, t em acto de rettrar-se.)
( Affonso! pela pátria
Senhor....
J33 LITTERATURA.

Vai combater. Poróm, se meu socego, E us guerras européas ao monarcha


Se minha dita podem eommover-te, Encetar não permittem novas lutas. k
Poupa os dias. Ao lado de Vieira, E entretanto , a insoleocia, a tyrannia
Ceifa louros, regressa triumphante. Dos nossos i'1'i'i '-«sor.» ha crescido.
Então Já disse muito. Adeos! ,Partt.] Emquanto a cruel fome , c desespero .
Assolam nossa terra, enriquecido
'..
AlTONSO. C rapinas, -¦•• nôs inda escarnece
Maria!... O Batavo, que sorve em lautas meza»
Nâo me ouve... Ma», deliro?! Sou amado. . As lagrimas do povo em taças de ouro!
Amado de Maria ! O" Deo»! receio Porem anui náo pára tanta infâmia.
Que tamanha ventura si-ja bum sonho ! Vimos calcar aos pes os leis mais santas,
Vciuügui uu Brasil.' ...•-.- vouortes Os domésticos lares invadidos,
Aeora reuni ! Dó a tromhcta Nossas irmãas c filhas ultrajadas.
signa) dos combates! Sim, Maria! Os sacros templos nossos mãos «icrilegas
Quero a força de gloria merecer-te ; A cinza reduziram . profanaram
E, com nobres ocçoes engrandecido , Os altares dc Christo, c do Evangelho
A Vieira direi: — Meu nascimento Ministros a seu ferro suecumbiram.
He baixo ; mas, o sangue que nas veias Emfim, crimes náo ha quo esses malvados
Corria-me , verti-o pela pátria ; Perpetrado nfio tenhom.
E quanto a meus brazões, o ferro imigo ,
Como a ti, neste peito os tem gravado !! TODOS.

SCENA 13. Hc verdade!


'fira , Maria , Affonso , o P. M. Moris, con- VIDAL.
jurados; depois H. Dias , e Octario.
Amigos! O Brasil be nossa palria:
VIEIRA. Dos nossos bons avôs o recebemos,
Que bárbaro e infecundo o conquistaram.
Respondam todos. Sim! foram nossos pais que infatigaveis
Entre vós haverá quem náo odeie Rotearam seus campos solitários,
Nossos tyrannos? E suas fortalezas e cidades
TODOS. Levantaram. Corramos pois ás armas,
Para tao bella herança recobrarmos.
Náo. Faltava-nos bum chefe: e da Bahia
O provido governo ha nomeado
vir. uu. O mais digno de todos: he Vieira !

Que antes não queira TODOS.


Morrer do que sofTrer infâmias tantas? Viva Vieira I
TODOS.
( Batem á porta , Vieira vai abrir ; e entra
iNao! náo! Henrique Dias. )
VIEIRA. VIEIRA.

Pois bem! do jugo vergonhoso . Henrique!


.Ia vo-lo disse, he tempo de livrarmo-nos.
Em quanto a Lusitânia carregava
ÜEN'RIQIE.
Cos ferros de Castella , inútil fora
Qualquer esforço nosso , que somente
Hum tyranno trocáramos por outro. Grandes novas
Eu te trago. Mas esses...
Mas, depois que os briosos Portugueses,
Após annos sessenta de misérias ,
VIEIRA.
0 jugo saecudirnm de Philippe ,
Bem era de esperar que D. João quarto . São amigos;
Fallar podes.
Pelo poder do povo ao throno alçado,
Buscasse redemir nossas provincias. HESH1QUE.

Çnimerica esperança I que a politica Acabam de insurgir-se


. . ,_, . . ,

LITTERATURA. .139

Maranhão, Ceará ; e do» tyranno» octavio.


Jà corre o tangue.
VIEIRA. Sim ! traição houve infame. Mas, u povo .
Que aos brados acordou do» insurgidos,
E nó», inda eiperamosi Agita-io , murmura , e só carece
Eia! D'hum chefe quu o dirija.
ih MUyi e.
VIDA...
Moniz, à frente do» seus bravo» , O tempo he este!
A costa occidcntal corre , o derriba
Quanto ouso rusi<.lir-lln-. E.n breve tempo , VIEIRA.
O forte do Calvário foi tomado,
E morta a guarniçio. Sim I o dia raiou quu a Providencia
Marcara em teu» decretos immutaveis.
VIUAL. Liberdade exclamemos!

Os Maranhenses TODOS.
O caminho nos mostram. Companheiro.,
Havemos de seguil-o I Liberdade 11

TODOS. ( Vieira puxa huma mola , que exitle, na pa-


rede, e patentta-te hum eicondrijo cheia de
Morte aos Batavos! armas. )
VIEIRA.
moris , a Vidal t Henrique.
Vedes que prevenido ustava tudo.
Os ferros me confiai. D'armas aperceboi-vos. He do brio
(Fôrma huma cruz com as espadas. ) O caminho poupar-lhes.
Sobro este emblema ( Toifoi se armam. )
Da redempçSo , juremos pela pátria
Tudo sacrificar. povo, ao longe.
TODOS.
Fora os Batavos!
Juramos! !
( Entra Octavio. ) ( Tiroí, ao longe; clarins , tambores e liam
tocando a rebate. )
octavio, repellindo Calabar.
VIEIRA.
Deixa-me!
Ouvis a voz do povo ! Ella nos chamo
vieira.
Que pretendes ? TODOS.
octavio.
A's armas I Liberdade !
Senhor, tropa hollonduza
Se approxima. povo , ao longe.
todos.
Liberdade I
Traição I !

CLARA. [Continua).

Perdido he tudo I

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VAJM11.&A m%\%%

ACADEMIA DAS SCIENCIAS DE PARI> mente, segundo Mr. Seguier, a que o problema
da locomução rápida tem-se demonstrado prali-
.•.fiado ei** 18 de dezembro de 18V3- cavei , conciliando-se hum notável augmento de
velocidade em mais numerosas condições de »e-
muis depressa, a com mais
Mr. Seguier leu hum relatório muito favora- gurança. « Chegar-se
segurança ao fim de huma viagem , tem parecido
vel sobre ai carruaj-ni articuladas de M. Dufour.
<« He triste, diz elle, ser forçado a reconhecer duas condições inconciliáveis : tanto he verdade
no emprego da pa-
« que, na maior parte dos serviço* de recoveiro, que se deve ser circunspecto
« os viajantes sejam o acccssorio , e as merca- lavra impossível. » O que porém , Mr. Seguier
«« dorias o principal. » A inspccçáo do motor op- lem pretendido demonstrar na »ua nota, he que
simultâneos de homens, lu muito menos difliculdade do que M suppoe ,
plicado a estes transportes de ferro , marchar ra-
t de fardos de mercaJorias, basta pira tornar sa- com os actuoes caminhos
lii-nlc esta verdade pcnivcl. Nas condueçóe*, at- pi.lainente c com segurança , subir por planos in-
á clinados, I embater as forças centrífugas das
tende-se mais á condição do baixo preço , que
segurança : os pesados carros que diariamente cir- curvas de pequenos raios: elle procura prov.it
solTrer
culam pelo paiz mais civilisodo do mundo , por que, para obter estes resultados, basta fazer
toda a parte carregados do modo mais bárbaro , buma leve transformação ao modo da construcção
vo-lo tem mostrado ontes do mim. Este estado actual : elle indica o que encara como verdadeiros
tle cousas be o que Mr. Dufour tem querido fazer causas da inferioridade dos caminhos, que estão
cessar. Como aconselha Mr. Coriolis, elle tem em uso entre nòs, cm relação ao systema atmos-
rebaixado o centro de gravidade, collocando-o l pherico; e mostra, emfim, por que via se devi
com condiçties menos incertas. Tem-lhe bastado marchor, paro fazer desapparecer esta inferioridade.
paro isto, como diz Mr. Poncelet, em hum re- Eis-oqui o principio, que M. Seguier aconselha
lutorio apresentado ã academia , articular huma sempre cm vista: achar n causa do movimento
carruagem , e bum carro coberto [fourgtm), acom- dos locomotivos na compressão das rodas mediante
modando os passageiros n'aquell.t, I os fardos de o elasterio entre os raios, a jamais na simples
fazenda neste: e os mesmos cavallos jungidos neste adheroncia das rodas contra os raios resultante
sobre o vehiculo, pucbarain com facilidade este do pezo das machinas somente.
comboi de novo gênero. O merecimento das car- M. I.ovmerio dirige buma nota si.bre o terreno
'imito tempo
ruagent articuladas de Mr. Dufour não está só jurassico do departamento do Aube. 11.'
em poupar os materiacs das estradas pela repar- que os goologistas tem atlmitli.lo huma grando ana-
lição da carga total por hum maior numero de logia nu relação geognostica entra as t!uas coslas
pontos; as despesas tem-se tornado ainda meno- da Mancha, provavelmente separadas por buma
res pela diminuição de superfícies expostas á acção fractura, antes da qual, as ilhas Brilannicas eram
tio vento : consiste porém , o vantagem quo mais unidas ao continente, como segundo o dilo dos
se apreciará , em oITerecer-se maior garantia de antigos, eram unidas á Sicilia e á Itulia, a ilha
segurança aos viajantes, cujo numero augmenta da Chypre a a costa de Caramania. Tem-se achado
dc dia em dia. — Mr. Seguier leu depois huma esta comparação tanto melhor fundada, quanto as
nota sobre a possibilidade de fazer gosar aos actuaes camadas, quo formam o grupo, que os Inglezes
caminhos de ferro huma parle das vantagens que tem chamado systema colitico, existem dos dous
parecem exclusivamente reservadas aos chamados lados do estreito, onde se correspondem tão bem,
caminhos atmosphericos. A sensação produzida pela que ellas parecem ter sido depositadas no seio de
abertura da primeira sécção do caminho do ferro hum só o mesmo mar. Tem-se signalado , entre
atmospherico na Irlanda, encaminha-se evidente- os lerrenoí do Jura e o systema colitico huma
mmm, .mmmi.m- m» ¦ m...mmiwmmmm*. - -#*iww«**ap»*^^ tí^mr

VAHIKÜAüFaS. au
>eiuelliançu que annumi.i huiua origem coiniuum. a trazer a seu justo valer u sciencia dos Árabe.,
Fnilim . M. Flie de lleauiiionl tem feito vêr quo e particularmente o do Almul-W eíu. Já hun.
nao mellendo em conta a Mancha , Paris, e Lou- Inl.il orientalUto, ligado ú bibliolheca real, M.
dre» podiam ser considerada* como eolliteudu* em Muiuk, haviu eoiiiinuiiicndit muitos documentos,
huma grande bacia geológica, que seria cercada tle que llte linho parecidu resultar, que o textn
de buinu cintura jurussico, ou colttico , uflere- du Abuul-Wcfa ofíerecia a* inuis iiilinuis rela-
o Cap. 5.',
centlo , quando so considero no todo, o olé certo voes, senão completa Identidade com
huma uniformidade de do Ltv. 5.", do Almageste, no qttul Ptolomc-.
(tonto em seus detalhes
i.11.11 teres notáveis. expõe o movimento libralorio du tipugt»i) lunar
depois einpie-
As camadas jurussii-us du Borgonha, e partieu- tu indagações, que II. Biot tem
liirinente as do Aube, devem participur destas heudido, estudando, debaixo de hum ponto de
suece.-sivuinentt
analogias , pois que se lem achodo fuzer parte desta vistu geral, us descuhortus feittts
cinluru, de quo ellus oecupam o bordo interior. ua theoriu da lua pelos iibservudorcs Grego.*.
a Nexx-
Tambem, M. C do Beaumonl, quuttdo se oceu- Árabes e Furopeos, que tem precedido
du carta toti, e cujos resultados já so tem principiado a eipôt
pou destes lugares para o estobeleciiiienlo em huma serie do artigos insertus no Journal de»
nossos terrenos
geológica da França applicou aos a asserç.io de .M. .Mtinck
as grandes divisões introduzidas em Inglaterra por Savans, tem provado quo
M. Convbeare. he perfeitantento exactu, isto he, que a cireutns-
na relação das t uni-1 astronômica descripta por Almul-W cfu.
Bastais estudar dei ilhadamcnte,
c dos fosseis, com o nome de terceira desigualdade lunar, ndo Im
camadas, dus rochas, principalmente
a variação, mas o movimento osetlatorio do apogiY
o svsteuia jurossicu do este da França, cujos prin-
sido traçados. Fste tra- lunar, tal como Ptolomeo o tem descríptú. <•
cipães caracteres haviam
do Liv. 3.°, tio Mmagestr
balho secundário foi preenchido por M. I.eyinerie cditlrahid.i no Cap, ü.',
do tom os mesmos números, c os uiesinos erro».
com euidudo, e fortuna pura o departamento
os lerrenus, — M. Duchurtre comniunicu observações una-
Aube. File tem provado que que
totiiictis, e organogeuicis sobre S clandestina da
compõem esto Sjstema formavam uma zona muito
interessante e natural. Furopa (luthteu clandulina du Linneo). He esta
dia tlu
— A attenção da Academia, durante a sessão huma planta muito cotnimini no meio
França i s que segundo M. Duchurtre be tambem
que nos occupu, tem sido particularmente penho- singular tanto no-
rada por huiua leitura do M. Biot sobro a des- por seus hábitos (minir») coiiio
sua organisação.
cuberlu da desigualdade lunar, chamada variação. tuvel por
M. Ragnawt leu bum relatório sobro hum
M. Biot tem o raro talento, privilegio tio dar
essa elevação choca novo heliosltito apresentado por M. Sillieini.mn
aos aaramptee, que traia que
a dizer, neste momento
os espiritos, o & maneira com quo os trata , a ainê. I.imiliir-nos-hetnos da academia, SI.
o ouvem. segundo os commissurios
clareza, e brilho que captivam os que quo,
tem titulo liuniu nuva construção muito
Pur inuil» dilüccis quo sejam r.s q .tostões, do Silberniann satisfaz
attenção, e ha engenhosa do heliostato, que
que ello N oecupa't prcsla-se perfeitamente
tios usos ordinários da óptica, que hc de lacil orien-
sempre satisfação do o ler ouvi.lo. Ile ussiin que
tação, e quo por hum preço conimudo, poderá
liontein ouvimos os desenvolvimentos que fes M.
Sarans, entrar facilmente cm todos os gabinetes Jo pby-
Biot, e quo podem ler-se no Journal des
sobre a descoberta da variação lunar. Ha tempo sico. — M. Sigand , medico do imperador do Brasil.
i i, I
hulha com hum texto
que so tem feito grande ela, ondo OlTerece a sesdemia amostras de cera vegetal que lho
pertencente ao autor arabo Aboul-W foram enviadas do Bio de Janeiro : e»te produeU-
so peitendo itcltnr ti tlcscuberta tio que falíamos.
ad- tpie traz o nomo de carnaúba , provem do puma
Parte-se mesmo tleslo dado , precipitadamente aliumlancia nas provin-
tnitliilo , poro sustentar que u sciencia nstrono- palmeira, que cresço em
da cias tio norte do Brasil, notavelmente no Ceará .
mija dos Árabes, longe- de ter hun. rosto Ferreira du Cumaru lera chamado
superior e M. Manoel
enttgs sciencia dos Gregos, tinha sido que
cerifa ecrifera. Ksla cera as mesmas pro-
possue
,, esta ; e por so tuto poderem verificar imme- a cera das abelhas; Brando a tem
diatamente estas estranhas osserçoes, examinando priodudes quo
feitos neste
do que lui- estudado em Inglaterra, e os ensaios
u texto do Alnml-Weíii, o paradoxo o no Brasil , paru se reconhecer se cila be pro-
lámos teve buni instante de credito. Todavia, paiz combustão cm fôrma de bugias, tem sul»'
o prin a ,
tendo apparccido estas SMerçOes na academia, oitavo de
nomeado huma eommissão para ns muito favoráveis. Juntando-sc-lhe hum,
batendo esta o ser , e mt»turando-
de nossos cobo embarnça-se quebradiça
examinar, M Biot aproveita tido as luzes
a estes cuidados, se-lho huma quarta do cera de abelhas fabricam-
melhores oficntalislM, graças o commenio tn-
ello cm- sc cxcellentes bugias. Parece quo -
e sobretudo no rigor da anidyse, quo
as suas indagações, nao tardou glez sc tem jú opoderndo deste prpducto (.esrt
prega cm todas
312 VAU1EDADE&

nbecido entre nó*. 51. Sigaud envia igualmente preparador nocullcgio de França , 51. Claude Bcr-
amostrai de huma cera vegetal denominada o.uúba. nard , tem tomado a »ciencia , elevando oi expe-
provenicuta de hum arbusto que cre«ce em abun- rimento* mai* longe do que atè então, tem che-
dancia na província da Pari , e na Guiana fran- gado , »egund.i noi parece , a demonstrar que ba
ceia. Eite produeto assemelha*>e muito ao que na cbimifiração alguma cousa mais que a disso-
M. do llumbolt lem deeeripto com o nome de cera lução simples. Na primeira parte de seu notável
ibucuiba, de que 51. S fiud apresenta t.mbem trabalho, elle busca a origem, e a natureza do
amostras que serão examinada! por huma com- suco gástrico: lem demonstrado quo a mucosa et-
missão. tomacal tem »ó privilegio de formar este fluido aci-
— Depois, da* experieeciai de Reaumur. e de do, e que, sobretudo , he por hum estado cons-
Spsllaniani, os pbenoneeoe dlgestivoe, até então tante de acididade , que o estômago »e distingue
nul riinhccidos, e MJeiUM _* m.i* differentes ein todo» os animaes, e mesmo na vidafelal do
throrias, tem paSMdo ao domínio da observação resto do tubo digestivo : que he por huma sorte de
directa; e a clnuiifi ação, explicada suecessiva- cxhalação , ou , ie assim se póJe dizer, por ex-
mente pela cocçlo, pela fermentação, pela pu- hibíç.o, que o suco gástrico se escapa da superfi-
i¦>._'...¦¦ c pela trictaraçto, tem lidòaoasi exclu- cie interna da mucosa : que a sede anatômica desta
- i. meu'.¦ eltrib.iJa .« acção dc bum fluido parti- exhibição hc o tecido vascular estomacal; e que
iu!í.>r segregado pelo estômago, e dcsign.do pelo sua condição pbyiiulogica se acha na aflluencia
nome dc suco gástrico. Fixada huma vez a atten- do sangue , que torna o estômago turgido , du-
...o sobre esle ..gente, longas discussões se tem rante a digestão. Sentimos não poder aqui repro-
levantado sobre sua oi i;em , seus caracteres, e duzir as experiências engenhosas que formam a
seu mcJo de acçao ; foi particularmente desde base deste trabalho , e que descobrem claramente
1S23, época em que a academia das sciencias pòi pontos de pbvsiologia, aue parecem terem escapado
em concurso o estudo physico-cliimico da digestão, a demonstração, e á saber a origem e o modo de
que a importância d.> suco gástrico ficou fora de producçao do suco gástrico. Ellas estabelecem que
duvida Todavia, nenhum dos trabalhos notáveis, 'ue
este suco huma producçao exclusiva da mu*
provocados por esto concurso , nenhuma das cbras cosa estomacal ; que elle he formado instantânea-
publicadas depois tem chegado a dissipar a obscu* mente no momento da ingestão dos alimentos . c
ridade que cobre os mais importantes pontus da que sua producçao continua emquanto restam ma*,
historia do fluido de que se trata. 5151. TieJmann terias no estômago ; que elle se náo forma senão
i- Cmetin tem altriboido o seu principio aclivo, a favor de huma aflluencia de sangue considera-
ou chimificador aos ácidos cblorvdico, acelico, e vcl; que bum de seus capitães caracteres he ode
1'Utyrico livres, 5151. Schiolts, Swan e 5Iul.'er. a representar o estado do sangue no momento de
huma matéria especial, que elles chamam pepsinc, sua formação; que elle deve ser considerado co-
e cuja força chimilicante be desenvolvida pelos aci- mo huma exhibição de certos principio» de sangue
dos; 5151. Sandras e B.uicbardat o attribuem ao atravez da mucosa.
ácido cblorvdico livre ; 51. Payen I bum princi- Aqui se apresenta huma das mais altas diflicul-
pio particular que elle ch.iina gastrase; 51. Du- dades: o ácido do suco gástrico comparado ao
mas compara a matéria íictiva do suco gástrico estado alcalino do sangue, indicam necessariamente
n bum fermento; e bum joven medico , que acaba que, no momento da producçao deste suco se
de publicar sobre este objecto bum notável tra- operam modificações consideráveis nos elementos
.•alho, 51. Blondlot de Nancy , adoptando a opi- do sangue. Como porém apreciar o lugar e natureza
rião de 51. Dumas, pensa que a acididade deste deMas modificações? 51. Bernard tem encarado . e
suco be devida ao bi-pliosphato da cal. que elle resolvido esta difíiculdade. Huma segunda serie de
contém , etc. Assim , depois de tantos trabalhos , experiências tem feito ver, que produzindo o suco
tem se adiado hum desacordo completo sobre a gástrico , a mucosa oo estômago não faz mais que
ii,ais importante dns transformações digestivas : separar do sangue os princípios ácidos que este
quasi Iodos os cbiinicos tem admitlido , que a ultimo encerra jà formados: que ella opera entre
cliiinilicação nao era huma dissolução simples: estes elementos ácidos e alcalinos , huma sorte de
elles tem assimilado a potência do suco a de bum apertação molecular, análoga até hum certo ponto
inenslruo chimico , cuja acção nascesse e acabasse ao que se passa. quando se lança sobre bum filtro
no estômago : e por outra parle , não se tem ces- de carvão animal bum plumbato alcalino , tal como
sido de sustentar que debaixo da influencia deste plambato de potàaea , e sabe-se que s. _ potassa
;u.eo , passam-se ainda nos alimentos certas modi- apparece . a o chumbo fica no filtro.
iicact.es moleculares, que não são mais, que o A segunda parte do trabalho de 51. Bernard hc
começo de mutc.ções ulteriores que tem de soflrer relativo a parte que o suco gástrico tem na nu-
nos nossos tecidos, He neste ponto . e no meio triçâo. Apresentam-se duas series de experiências
uVsIes divergências, que bum joven pjiysiologi_ta . tendentes a provar que o mistura , ou combinação
,.. ., .:.._ _ -.*..?-. »..^--„. --.,-, a»a->_*^

VARIEDADES. 343

dat matérias olinientares com o sueco gástrico he a a vanguarda perto do huma colônia de formigas
-.
condição lim qua non di nutrição quo , para quo pretos, dispersom-so o percorrem com singular ra-
o tuceo de buma tubstoncia assimilável, não basta pidez os visiiihonças do formigueiro ameaçado, como
elle, ho necessário de to quizessem examinar o localidade , e escolher o
que ella toja dissolvida por campo de batalha. Satisfeitas u este respeito , prin-
inaii que ella dotapparcça por inteiro no sangue.
Efte ultimo facto tornou-to para M. Bernard hum cipia o attaquo. As toutinellus das formim-s pretas
f-rilfrio novo para dittinguir huma substancia quo defondom-so, o muitas vezes succumbcni os pai-
he nutritiva do outra que o nao he. Ho com este meiros ogressores. Immediatamento espalha-se u
critério quo ello tem iiiteiprehend.do, do accordo noticia do perigo no interior do fomiguoiro. Milha-
com hum joven chimico jà bem conhecido, M. Ba- res de formigas pretos precipitam-se com furor tobre
reswile, examinar as duas clastet de substancias ali- at vermelhas, e renhido combato trava-te entre os
mentores azotadas, o nâo azotados. Comprehende- dous exercitot. Mas estas últimos sondo tle lamanb,.
te todo o interesso que se liga a oito novo trabalho , superior o muito mais fortes, sempre alcançam
teremot oceasiaõ de examinar com todo o cui- completa victoria, e obrigam as prelos a retirarem-
udo que elle merece.
3ue te no interior da cidadello. Mesmo ali soo perseguidas
fortes mnndibul.»-.
Conego J. da C. Barboza. pelos vencedores, que com suas
destroem as paredes do formigueiro, invadem-o, a
principiam então a pilhagem. Ileopporerem pouco
FACTO CCR10SO DA HISTORIA DAS FORMIGAS. depois carregadus cm signal do triumplio com us
crysalidas das formigas pretas, quo levam couuigo,
O naturalista inglcz Ncwman refero na tuo obro o depositam no formigueiro donde sahiium para a
intitulada o history ofinsecls hum facto, e por ello expedição. — Desde então porí-m desapparece quol-
das formigas pretas
chomado o mais maravilhoso du historia natural das quer dilTcrença entro a progenie
formigas, que podia servir do argumento aos defen- o a própria das avermelhadas: ambas sao tratadas
com o mesmo cuidado. Mas efloctuada a trunsfor-
sores da escroviduo dos negros, poro provar que esto
soja huma instituição da natureza. maçâo das crysolidus cm formigas, as prclus sao us
unicus sobrecarregadas do trabalhos. Concertam o
Eis-aqui huma traducção do que a esto respeito
formigueiro, escavam caminhos subterrâneos, pro-
diz o mencionado Newman : O mais maravilhoso
curam provisões e as amassam cm armazéns, ali-
facto na historia natural das formigos, ho o costumo
do prender as for- mentam as nympbas, levam as crysalidas ao sol ,
quo tom huma dc suas espécies, oecupam-so cm geral em tudo o que exige o bem-
migas trabalhadoras do outra espécie, e obrigo-las a
da sua communidado, redu- estar dos seus senhores ( que entretanto vivem en
trabalhar cm proveito
santo ócio); cnilim, coiiiportum-se completamente
zidas completamente à escroviduo. As formigas rou- vocação natural. »
como se preenchessem a sua
badoras são, segundo as minhas observações, do R
P. f-
cõr vermelha ou bronca avermelhada ; as formigos
escravas porem, como os míseros habitantes da Afri-
de
ca , inteiramente pretas. O período das caçadas 00 BRASIt.
DESCOBERTA
escravos duro pouco mais ou menos dez semanas, o
nunca principia sem quo as formigas pretas, machos
es- Pedro Alvares Cabral, mandado á índia com
o fêmeas, estejam próximas do sabirem do seu
huma grande armada do treze nãos, sahio do
tado do cbrysalidos, instineto quo, segundo parece,
Lisboa a 9 do Março do 1500 : fl engollundo-si,
receberam ellas da natureza pura não impossibilitar
fornu- muito com o fim ( ao quo parece ) do so desvior
a pronogação dos formigas pretas; pois se os da costa do África , o evitar as calmaria! de Guine ,
destas últimos fossem attocodos ontes de que
gueiros tomado foi arrojado a huma costa desconhecida ao sudoeste,
as myriadas das formigas aladas houvessem a qual avistou a 22 do abril, quarto feira da oitava
em outro lugar proceder de novo à le-
o seu vôo para da páscoa , e nosso dia surgio a eousa de seis
u espécie pre-
geração, em breve devia extinguir-se o nome dc monte aascoal
ta — as formigas avermelhadas querem guas da terra. Ahi deu chamou
Quando em pri- o hum alto monto que so avistava , e B terra
emprehender huma expedição, mandam a terra da Vera-Cruz.
formigueiro
«loiro lugar espias para descobrir hum A 23 navegou para a terra , e lançou ancora
em
Logo estejam de volta toes ex- Coelho
da raça preto. que frente do hum rio , quo Nicolào
em marcha, tendo pequeno
ploradores, põe-se o exercito freqüentes foi examinar, achando gente mansa o tratava
.
huma pequena vanguarda quo mudo-se o norte em busca
olgum A 24 correram u costa paro
vezes. As formigos que a formom tomam por do alguma boa abrigada, o achando
lugar seguro
tempo a dianteira , param logo , e doixam passar o ancora. Esto hc o que
retaguarda se unem , em quanto para as nüos, ahi lançaram
exercito , à cuja depois so chamou Porto Seguro arrumado pelos
outras oecupam os seus lugares na vonguarda , for- em 16° e 40. \. ¦
nossos cm 16" e 30' aust., ou
mada apenas de humas dúzias de formigas. Chegada
311 VARIEDADES.

A 20 de abril , domingo , oitava da páscoa, sciencias; •• foi da<to i» letra», foi amante da
fez Cabral quu houvefse wkssa >¦ terra, iiiii-u .i , a dança , I fazia ver-m*, dos quaus se con-
pregação um
a que .-11*.- assistiu com a gente da armada . u mui- tervão algun* : e longe de ser naturalmente triste,
to» do* naturae», que lizuram grande* íe*ta», e colérico ou carrancudu, ura du humor alegre , t
folias ao seu modo : e para esta solemnidade mari- fácil trato : e conrudundo aos fidalgo» t- pessoa* ,
dou luvontar na praia huma ., m ie uuz de madeira. que o serviam muita liburdado , uutrava muito-.
Estando aqui algun* dias, um que a armada se veze* nos seu* divertimento*.
proveu du água u lenba. despachou Cabral hum Dizia u*tu rui mui freqüentemente: -. Se vós
dos »uus navios, capitão Gaspar dc Lemos, par. vir i nau i|uubrantau* a» lei* tamliuiii nao me oflundt-i>
trazer a el-rei a noticia daquelle novo descobri- ' a mim ; » •• seguia usla máximo mui poittualinen-
mento, e pondo um (urra dou» homen», quu no te. D>-prezava os quu se mostravam com elle mui
reino tinham sido condemnado» a morte, e quu timido*, ou mui afudigodo* pu lhe compruzurum.
levava
para exploradore*, »eguio viagem para a Suu* vo*so||o» um gurol formavau. deliu grande con-
Ii.iIij a 2 du maio. ! cuilo , (Hirquu o seu (empo dudicava-o ao estudo,
No Cabo da Doa Esperança soffrcu a armada »u- ou ao cumprimento du suus duverus ; u costumo-
bitae horrivel tempestade , perdendo-su logo quatro vo dizt-r, quu o rei, quu passo hum dia sem f.i-
nàos, bumas das quaes era coramandada pelo illus- zer cousa, com quu claramente não contribua para
tri Bartholomeu Dias , quu descobrira, e dobrara o bem du suu* vossallos, nuo murucio ter este
o mesmo cabo, e naquclles mares ficou sepultado nome. Extrahido de hum livro velho.
verificando-se á risca a profética ameaça do fero
Adamastor, quando disse : SIMHLARIDADE INGLEZA.

« Aqui espero tomar, se nao me engano , Em 1709 hum viajante francez passeava no par-
« Du quem mo descubrio suu.ma vingança. » que de St. James ; chega-se a elle bum desconbc-
cido Inglez, o cumprimenta , e lbu diz « Cada pas-
Na costa oriental du África , esteve a armada em so que dou me conduz á morte. Vossa pbisionomia
Moçambique . Quilòa , e Melinde ; e na costa da mu agrada, recebei este embrulho e guardai-o para
Arábia u Pérsia observou Magadaxo, Socotora , vós, poróm com condição que o abrireis somente
Julfar, Ormuz . utc. Chegado ú Índio sahio cm em Cbaring-Cross (lugar de Londres a alguma dis-
Am bedivo , passou o Calecut, entrou em Cochim tancia do parque) ». O Inglez separou-se depois, c
. Canonor, e voltando a Portugal em loOl trouxe o Francez nâo se demorou muito em dirigir-se ao
embaixadores destes dous últimos reinos. lugar indicado, e em abi chegando, abre o embru-
A' volta lançou cm Melinde dous portuguezes, lho u encontra 2,000 libras esterlinas em bilhetes
quu trabalhassem por penetrar ati> a Abyssinia , do banco. Cheio de reconhecimento , entra de novo
e encarregou a Sancho de Toar de reconhecer Ço- no parque, e ahi procurando com instância ao seu
fala , e informar-se do resgate do ouro , bemfeitor, o vê retirar do canal onde esle desgra-
que ali se
fazia. çailo acabava de se afogar.
Em Bcscnegue , junto a Cabo-Verde encontrou
i expedição de tres navios, em
que Américo Ves- TRAGÉDIAS ÜIE1MADAS.
pucio fazia i sua primeira viagem á terra de Santa
tiruz por ordem de ul-rei D. Manoel. A. P, de Souza Caldas, liuti. dos maiores poeta»
A u-lação desta viagem de Cabral, escripta lyricos brasileiros, lançou ao fogo duas tragédias ,
por
hum piloto portuguez,
quu nella hia , foi tradu- producçoes de grande valor; foi em vão quu o abba-
/ida em latim por Archangelo Madrignano , o in- de Serra lhe implorou de joelhos para
lenda no Novut orbis regionum ac insularam, de que as con-
servasso. J. Basilio da Gama , hum dos maiores
Grinco, tendo já sido vertida em italiano, e mettida
poetas lyricos brasileiros, baixando ao túmulo, con-
na eollecçao de Ramusio com o titulo Navegação liou as suas'tragédias a hum frade
do capitão Pedro Alvares Cabral, escripta que lhe assistira
por hum nos últimos momentos, o
Portuguez.» qual as lançou ns citam-
mas. Assim em dous dias
yaiegações, riagens t conquistas dos Portu- perdeu o Brazil ns bellas
composições trágicas de dous de suus melhores
guezes nos paizes ultramarinos. tas que hoje avultariam o mesquinho repertóriopou- da
litteratura dramática nacional.
iailEl ü. PEDRO.
-
EBRATA.
Elrei D. Pedro o Justiceiro foi du estatura alto,
linha a testa levantada , os olhos Nei liithynmbo publicado sio numero 3 da Minerra,
grandes, negros pne.
-•», tol 1.. v. 8, ltia-ta farfaatui ».84,a hBiM.Ag.S79,-
e vivos, o cabello comprido , assim como a bar- col. I.i.v. 93, aUtrratt 23, mmaimt»; 35, couto; 3;), das
ha , que elle penteava com curiosidade. Amou as tttati 48, ji, vtm; Col. 2., v. „, das Mtnaitt! «1 o ma-
«ara; is, fyrroii 49. meore,
EPHX.MERIDES
para o mez de abril de 1844.
IESõ 12)3 <IJ£Sy2IIIL®o
MUI.. i.i ». VIAIlt.S tllKIAV

N»K. IMsgSSS pulo Mieritliano.


»>¦•--1 .¦ •
l'a»«s8«ii! pelo iiteritluito
ti. .M-.. Vl.ui lia» Taf.li>
Htm, /'¦,...,
Tampo t Orei. 'I'". au
I..M II. M. tt Or. SI. li vi ll vi II M lar. M. II. VI II. M II. M
Turrtr. Tir.l-, T.ir.t... VI ."I...
1 0. 9 . 3.50 U5N. 5.59 4.37 10.53 2.48 S. 4.18 1. 3 1.28
2 6. 9 . 3.32 5. 8 » 5.58 5.21 11.40 8.32» 5. 9 1.49 2.11
3 6. 9 . 3.14 5.31 » 5.58 6. 6 6.11 2.30 2.51
íloill.li.
V 6.10 2.56 5.53» 5.57 6.56 .42 13 50» 7.18 3.11 3.33
5 6.10 2.38 6.16» *•
3.00
""i"
7.51 1.40 18.12» 8.2V 3.5. 4.15
6 6.10 2.21 6.39 » 5.55 8.50 2.41 21.12» 9.31 4.30 4.59
7 6.11 2. 4 7. 1 » 5.51 9.54 3.43 22.36 » 10.36 5.21 5.42
8 6.11 1.47 7.21» 5.53 10.53 4.43 22.20» 11.32 6. 6 6.31
Tunlti.
9 6.11 . 1.30 7.46 » 5.52 ILU 5.42 20.33 » .31 8.88 7.2V
10 6.12 . 1.13 8. 8» 5.51 6.37 17.34 » 1.20 7.56 8.30
Vl.llllita.
11 6.12 .57 8.30» 5.50 .52 7.27 13.41 » 2. 2 9.10 9.53
12 6.12 .41 8.52» 5.49 1.48 8.14 9.13» 2.40 10.33 11.16
13 6.13 .26 9.14» 5.48 2.41 8.59 4.25 » 3.12 11.53
14 6.13 .10 9.35» 5.48 3.33 9.43 0.29 n. 3.53 .25 .53
VI.mii.i .

15 6.14 11.59.55 9.56» 5.47 4.22 10.25 5.18» 4.28 1.19 1.41
16 6.14 11.59.41 10.17» 5.46 5.13 11. 8 9.49 ., 5. 3 2. 2 2.21
17 6.14 11.59.27 10.38» 5.45 6.03 11.51 13.54» 5.39 2.38 2.51
Tar.lo.
18 6.1! 11.59.13 10.59» 5.44 6.53 .36 17.23 » 6.17 3.11 3.29
19 6.15 11.59. 0 11.20» 5.43 7.47 1.22 20. 4» 6.57 3.44 3.59
20 6.16 11.58.46 11.41 » 5.42 8.38 2.10 21.50» 7.42 4.10 4.30
21 6.16 ll.58.3i 12. 1» 5.41 9.27 2.58 22.35 » 8.29 4.46 5. 2
22 6.17 11.58.23 12.21 » 5.40 10.16 3.48 22.13 » 9.20 5.19 5.35
23 6.17 11.58.11 12.41 » 6.39 11. 3 4.37 20.51» 10.11 5.53 6. 9
24 6.17 11.58. 0 13. 1» 6.38 11.47 5.26 18.17» 11. 5 6.30 6.81
Taiti o.
25 6.18 11.67.49 13.20 » 6.38 .27 6.14 14.48 » 7.15 7.40
HilülnU.

2G 6.18 11.57.39 13.40» 5.37 1. 8 7. 2 10.27 » . 1 8.10 8,44


27 6.19 11.57.29 13.59» 5.36 1.48 7.50 5.30» .56 9.24 10. 3
28 6.19 11.57.20 14.18» 5.36 2.28 8.39 0. 0» 1.52 10.39 11.14
29 6.19 11.57.11 14.36 » 5.35 3.10 9.30 5.40 s. 2.50 11.49
30 6.19 11.57. 3 14.56 » 5.34 3.54 10.24 11. 9» 3.50 .20 .47
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VE.NUS.

Maiiluia. Tarda, Tarda.


1 9.14 2.41 20.11 N. 8. 8 •
11 0.27 2.-48 23.13» 8. 0 Bia.rtÉ
21 0.41 2.57 25.20» 8.13 ¦**__*.
30 9.50 3. 4 26.20» 8.18
_——-l ^ mar£ j,, |ua cj,eja serj, a ^ j c je qUasj
,. ...... 8 palmos de altura entre a vasante o a en-
chente. A maré de lua nova será a 18 e de
, quasi 6 palmos.
II ml.ia. Tar.le. Tai_
1 8.57 2.28 18.14 n. 7.59
11 8.50 2.17 20. 1» 7.44
21 8.42 2. 6 21.35» 7.30
30 8.34 1.56 22.41» 7.18

JÚPITER. ADVERTÊNCIAS.

Maniuiii. '.'uniu. T.mi,.. O tcinpo destas ephemcrides hc o tempo


1 4.26 10.37 5.44 s. 4.48 medio, isto he,o que devem marcar os re-
11 3.56 10. 6 4.51» 4.16 logios bem regulados. O nascimento e oceaso
21 3.27 9.35 4. 1» 3.43 da lua he calculado com menos approxima-
30 2.59 9. 6 3.18» 3.13 ção do que os outros números.

SATURNO.

Sfanhaa, MoahiOt Tnplc


1 1.16 7.53 19.12 s. 2.30
11 .39 7,16 19. 4» 1.53
21 . 2 6.39 18.58» 1.16
Tone, . * sj
30 11.24 I 6. 1 I 18.54» .38 __^__

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