Você está na página 1de 2

Nome do Curso:

Disciplina:
Tutor:
Nome do Aluno:
A questão da diversidade e da diferença tem sido tratada na sociedade
contemporânea sob um viés do capacitismo. Este, por sua, pode ser compreendido
enquanto um comportamento socialmente aceito que considera que pessoas que
não apresentam deficiências físicas, intelectuais ou sensoriais são, em alguma
medida, superiores àquelas que apresentam. Ou seja, parte-se do pressuposto que
as pessoas que correspondem a um padrão normalidade socialmente construído
ocupam uma posição hierárquica de superioridade àquelas que porventura
apresentem características que destoem deste parâmetro. A partir desta perspectiva
sustentada na dicotomia entre norma e anormal, as pessoas com deficiência são
tratadas com menosprezo e preconceito em flagrante desrespeito à sua dignidade
enquanto seres humanos, tornando-as limitadas às suas qualidades diferenciadoras.
É neste contexto que deve-se estabelecer as diferenças entre os sistemas
de Educação Especial e Educação Inclusiva. A primeira está centrada na deficiência
da pessoa e este aspecto orientador da política da Educação Especial cria
obstáculos muitas vezes intransponíveis que, ao encerrar o indivíduo nos limites
daquilo que é considerado anormal, acaba por produzir a segregação destes
indivíduos. Por outro lado, a perspectiva de um sistema educacional pautado na
inclusão pressupõe uma compreensão da deficiência em si não focando somente
nela, pois considera o sujeito em sua amplitude e complexidade, trazendo o foco da
aprendizagem para as potencialidades apresentadas por cada indivíduo.
Ao tratar da questão da diferença nas sociedades ocidentais modernas,
Michel Foucault, importante filósofo francês do século XX, proporciona relevante
contribuição que aprofunda as reflexões e problematizações acerca do tratamento
dispensado às pessoas que se distanciam de um determinado padrão de
normalidade. Nesse sentido, o filósofo pós-estruturalista, ao analisar os meandros e
dissonâncias do poder disciplinar nas sociedades pós-revolução industrial, aponta
para o fenômeno denominado patologização da diferença. Isto significa que, de
acordo com a perspectiva patologizante, as condutas e comportamentos, bem como
as características físicas e cognitivas de alguns indivíduos que se distanciam de um
padrão dito como normal ou adequado, acabam por ser qualificados como doença
passíveis de tratamento e/ou institucionalização segregacionista. Nesse sentido, as
escolas, penitenciárias, hospitais psiquiátricos, dentre outras instituições, constituem
o local de exercício do que Foucault denomina como poder disciplinar, este podendo
ser entendido como o processo de docilização dos corpos ou adequação das
condutas desviantes.
No caso apresentado para a produção deste texto dissertativo tem-se o
aluno R.M.S. que possui dificuldade para apreensão da linguagem escrita.
Entretanto, partindo-se do pressuposto das políticas de inclusão social adotadas
como diretrizes orientadoras das práticas pedagógicas no contexto do Atendimento
Educacional Especializado nas instituições de ensino do Brasil e em muitos outros
lugares do mundo, será importante dar enfoque às características gerais do aluno
em questão. Isto que significa que as potencialidades do aluno devem se sobressair
em relação às suas dificuldades de aprendizagem. Se aluno demonstrar maior
disposição para aprender através da oralidade e manifesta habilidade de
comunicação, é neste campo que os esforços do professor e da equipe pedagógica
deveram incidir, reforçando suas qualidades positivas através da oferta de
oportunidades de desenvolvimento de suas aptidões.
Neste sentido, é importante destacar que os espaços educacionais precisam
urgentemente passar um processo profundo de adequação estrutural a fim de que a
diferença seja vista como um dado inerente ao ser humano, fazendo com que esta
seja um elemento que aproxima as pessoas ao propiciar a construção de saberes e
atitudes pautados na riqueza proveniente da diversidade. Fala-se em acessibilidade
enquanto uma necessidade premente para promoção da cidadania e da dignidade
da pessoa humana. Mas esta acessibilidade apresenta aspectos multidimensionais,
não estando restrita ao aspecto meramente arquitetônico dos ambientes escolares,
mas, sobretudo, diz respeito a uma acessibilidade atitudinal. Este aspecto da
acessibilidade no âmbito das políticas educacionais inclusivas, correspondem à
tomada de consciência de que nos encontramos inexoravelmente limitados por
nossos corpos, mas que este fato não significa que o processo de ensino e
aprendizagem deve-se segregar os espaços e os saberes de acordo com as
diferenças, mas sim estas constituem importante elemento que contribui eficazmente
para consolidação de um sociedade mais justa e solidária.

Você também pode gostar