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UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE
BRASÍLIA
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Curso de Física

O QUE MUDA COM A TV DIGITAL ?

Autor: Antonio Marcio Silva Duarte

Orientador: Prof. Dr. Armando de Mendonça Maroja

BRASÍLIA
2007
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ANTONIO MARCIO SILVA DUARTE

O QUE MUDA COM A TV DIGITAL ?

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à


Universidade Católica de Brasília para obten-
ção do Grau de Licenciado em Física. Orienta-
dor: Dr. Armando de Mendonça Maroja

Brasília Outubro de 2007


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DEDICATÓRIA

A minha Mãe Leni


A meu Pai João
A meus seis irmãos (Marcione, Maciel, Marci-
ene, Ivanhoé, Marcos e Daniel)
A minha companheira de viajem Camila
A todos os meu sobrinhos e cunhados(a)
iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao professor e orientador Armando de Mendonça Maroja pelo acompanhamento e


pela paciência.

Agradeço a todo o corpo docente de Física da Universidade Católica de Brasília (UCB) pela
parcela de conhecimento que puderam compartilhar comigo.

Agradeço a UCB pela oportunidade que me foi dada.

Agradeço aos amigos(a) do curso pelo companheirismo e apoio nas horas difíceis.

Agradeço a família pelo apoio e compreensão.

Agradeço aos amigos(Raimundo e Odinea ) pelo o apoio bélico nos últimos dias.

A TODOS UM MUITO OBRIGADO.


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LISTA DE FIGURAS

1 Representação da Onda Eletromagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 9

2 Produção de Onda Eletromagnéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 10

3 Representação do Espectro das Ondas Eletromagnéticas . . . . . . . . . . . p. 11

4 Representação de Antenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 11

5 Diagrama de Etapa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13

6 Microfome de Capacitor retirado do GREF p. 319 . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

7 Representação de uma função de sinal analógico . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

8 Representação de Amostragem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16

9 Representação de sinal analógico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16

10 Representação da onda modulante AM - Sinal Sonoro . . . . . . . . . . . . . . p. 18

11 Representação da onda eletromagnética portadora de alta freqüência . . . . . p. 18

12 Representação da Onda Modulada AM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18

13 Representação de um Sinal Modulado em FM, Retirado de GOMES P. 173 . . p. 20

14 Sistema PCM Monocanal Transmissor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24

15 De Analógico para Digital Gomes p. 350 com adaptações . . . . . . . . . . . . p. 24

16 De decimal para Binário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 26

17 Relação Entre TV Analógico e Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29


vi

SUMÁRIO

Resumo p. viii

1 INTRODUÇÃO p. 1

2 EVOLUÇÃO DA TRANSMISSÃO DA INFORMAÇÃO ATRAVÉS DE ONDAS ELE-


TROMAGNÉTICAS p. 4

2.1 ONDA ELETROMAGNÉTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 8

3 VIAJANDO COM A VOZ DO LOCUTOR p. 12

3.1 SINAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

3.1.1 O CONCEITO DE SINAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

3.1.2 SINAL ANALÓGICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

3.1.3 SINAL DIGITAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

3.2 MODULAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16

3.2.1 MODULAÇÃO POR AMPLITUDE AM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 17

3.2.2 MODULAÇÃO POR FREQÜÊNCIA FM . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19

3.2.3 MODULAÇÃO EM SISTEMAS PULSADOS PCM . . . . . . . . . . . . . p. 21

4 TRANSMISSÃO p. 23

4.1 CONVERSÃO DE ANALÓGICO PARA DIGITAL . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 23

4.2 TV DIGITAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS p. 31

5.1 OS POSSÍVEIS IMPACTOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA . . . . . . p. 31


vii

Referências Bibliográficas p. 32
viii

RESUMO

Para mostrar o que muda com a TV digital descrevemos o caminho percorrido por uma
onda eletromagnética e suas transformações até ser lançada no espaço por uma antena trans-
missora. Nessa viagem a onda passa por processos de modulação pela amplitude AM ou pela
freqüência FM. E ao chegar na estação transmissora a onda pode pegar um caminho com um
sinal analógico ou digital. No transporte digital terá que passar pelas etapas de conversão de
analógico ao digital. Após analise dos processos de transmissão de sinal levantamos algumas
suposições sobre o sistema de TV digital brasileiro. Esse tem sua implantação prevista para
ter os primeiros sinais de transmissão em canais aberto para o mês de dezembro de 2007,
sendo que o o estado escolhido para a primeira experiência é São Paulo.
PALAVRAS CHAVES: transmissão, modulação, recepção, interatividade,TV Digital.
1

1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem por objetivo principal mostrar o que existe de diferente em uma trans-
missão de sinal analógico e uma transmissão de sinal digital. Essa demonstração leva em
conta as leis físicas do eletromagnetismo e os processos de transmissão e modulação. Den-
tro do processo de modulação analisamos os seguintes tipos de modulações: modulação por
amplitude (AM), modulação por freqüência (FM) e modulação por codificação de pulso (PCM)1 .

Cabe ressaltar que não será discutida a teoria eletromagnética em sua profundidade.
Apenas apontamos ao longo do texto alguns nomes históricos relacionados com a evolução
da transmissão de informação via ondas eletromagnéticas. E também descrevemos algumas
propriedades das ondas eletromagnéticas. Estamos voltados para a questão da modulação
e da Converção de sinal. Onde daremos maior ênfase na modulação por amplitude (AM) e
por freqüência (FM), pois essas podem estar presentes tanto em uma modulação de sinal
analógico quanto em uma modulação digital.

Já temos notícia que ao final desse ano de 2007, o Brasil vai inaugurar em São Paulo
o sistema de TV digital terrestre (SBTVD)2 . O projeto já vem sendo discutido a mais de dez
anos por especialistas do governo de diversas áreas, e com empresários e representantes das
universidades e centros de pesquisa. Algumas universidades brasileiras receberam financia-
mento do governo federal para realizarem pesquisa na área de TV digital. A citação abaixo
nos situa melhor nesse contexto social e político onde não só o Brasil fará parte da inclusão
digital.

A televisão é, por certo, o meio de comunicação que apresenta o paradigma


mais nítido dentro do ajuste digital que está se concretizando em nosso tempo.
As razões para tal afirmação residem nos fatos observados através dos volu-
mes de investimentos e, conseqüentemente, das receitas advindas de suas
operações, incluindo aí os contingentes implícitos do que se convencionou
chamar convergência, dentro do cenário globalizado. Este processo é de fun-
damental importância para o Estado, tendo em vista sua dimensão política,
cultural e de negócio. Aliás, a aplicação de recursos financeiros privados vol-
tados para a produção de conteúdos para a TV digital no Brasil está sendo
1 Do Inglês (PCM) Pulse Code Modulation
2 Sistema Brasileiro de TV Digital
2

estimada em US 20 bilhões para os próximos 10 anos. A discussão do novo


modelo de televisão implica - conforme se especula nos centros de produção
audiovisuais, universidades e na sociedade civil - na identificação de concei-
tos que vão servir como balizadores, entre eles a digitalização, a convergência
com a informática e com as redes de comunicação, a integração dos meios,
a multiplicação da oferta, conteúdos e serviços on demand. Ainda no campo
da produção, é possível citar os novos usos comerciais e as formas publici-
tárias até agora só sonhadas nas criações de ficção científica. No campo da
recepção, espera-se uma nova atitude das audiências que, para além da par-
ticipação via telefone, fax, por Internet ou nas visitas aos estúdios, passa a
ter um papel muito mais ativo, como verdadeiro protagonista deste processo.
Isso porque , através do canal de retorno, sua comunicação com as emissoras
mudará radicalmente (FILHO; CASTRO, 2007).

A citação acima termina comentando sobre o canal de retorno. Um canal de TV tem


uma faixa de 6 MHz no espectro eletromagnético. A transmissão analógica de um programa
de TV ocupa os 6 MHz do canal. Enquanto para uma transmissão digital é possível transmitir
até quatro programas ao mesmo tempo e ainda tem espaço para fazer o canal de retorno.

E importante saber que as pesquisas não visam construir um novo padrão de TV digital,
mas aprimorar e desenvolver programas de interação para o padrão escolhido. Após coletar
dados sobre os três principais padrões de TVs digital, o japonês, o europeu e o americano,
o Brasil optou pelo padrão Japonês, no entanto não é objetivo dessa monografia discutir as
questões que levaram a escolha de um e não dos outros. Abaixo temos um breve histórico
sobre a implantação da TV digital no Brasil

A TV digital já é debatida no país há mais de dez anos. No segundo mandato do presi-


dente Fernando Henrique Cardoso, foram iniciados testes de campo entre os três sistemas até
então em funcionamento (o norte-americano ATSC, o europeu DVB e o japonês ISDB), reali-
zados pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV), pela Set (Sociedade de
Engenharia de Televisão e Telecomunicações) e pela Universidade Mackenzie. Estudos técni-
cos e mercadológicos também foram realizados pela Fundação CPqD a partir de demanda da
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). No entanto o presidente deixou que o novo
governo escolhesse o padrão que com base nos testes e nas pesquisas optou pelo padrão
japonês ISDB (INTERVOZES, 2007).

Dentro da perspectiva do que muda com a TV digital é que foi construído esse traba-
lho. Algumas questões foram levantadas, mais a maior parte delas estão relacionadas com
o processo de transmissão de sinal. Para uma transmissão analógica podemos dizer que a
transmissão e captação do sinal é de forma continua. No entanto para a transmissão digital
o processo é de forma discreta: amostragem, quantização,compressão de dados, formatação
de dados e transmissão e recepção digital. Dentre esses processos daremos ênfase aos pro-
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cessos de amostragem e quantização, pois são eles fundamental na conversão de analógico


para digital.

Teóricos como Furez (PINHEIRO, 2005) falam de um novo conceito de alfabetização.


Furez defende a alfabetização científica e tecnológica. E coloca como principal objetivo dessa
alfabetização a autonomia do sujeito. Autonomia para negociar com essa tecnologia afim de
resolver problemas do seu cotidiano. Estamos falando de TV digital em um país ainda com um
alto índice de analfabetos funcionais. E esse tema talvez já está sendo discutido por muitos no
Brasil. Até em salas de aulas do ensino fundamental ao ensino médio.

Com isso vejo nesse trabalho a iniciativa de se produzir um texto que “esclareça” essa
e muitas questões que irão surgir sobre TV digital. E que esse texto possa ser usado por
professores que desejam preparar uma aula sobre o tema. E que com essa iniciativa possa-
mos diminuir algumas concepções alternativas que por ventura viriam a ser criadas sobre TVs
digitais e analógicas.

O trabalho está organizado da seguinte forma: primeiro situamos a evolução dos meios
de comunicação e da teoria eletromagnética dando ênfase para as principais invenções desse
período. O texto parte da invenção do telegrafo e concluí com a implantação da TV digital no
Brasil. Em seguida abordamos o conceito de ondas e apontamos algumas propriedades das
ondas eletromagnéticas. O próxima capítulo iniciamos a viagem com a voz do locutor. É nesse
onde descrevemos o conceito de sinal e os processos de modulação. Os capítulos seguintes
tratam das formas de transmissão e das considerações sobre a TV digital brasileira.
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2 EVOLUÇÃO DA TRANSMISSÃO DA INFORMAÇÃO ATRAVÉS DE ONDAS


ELETROMAGNÉTICAS

Por ser um animal bio-psíquico-social o homem tem necessidade de se comunicar. Esse


processo tem seu início na construção de signos e de significados que deu origem as varias
línguas e dialetos que temos no planeta. Com o passar do tempo e com a evolução das
sociedades o homem acentua essa necessidade de se comunicar cada vez mais rápido. Com
isso a cada dia que passa criamos novas tecnologias na tentativa de diminuir as distancias
globais que nos separam.

Na evolução dos meios de comunicação o processo de transmissão via onda eletro-


magnética tem seu início ao formato que conhecemos hoje, por volta do século XVII quando
Oersted inicia a síntese da eletricidade com o magnetismo.

Após a “descoberta” de Oersted (1777-1851) , e dos trabalhos de Ámpere (1775-1836)


Faraday(1791-1867) Maxwell(1831-1879) e outros, houve o que podemos chamar de uma se-
gunda revolução industrial. São esses trabalhadores da Ciência que dão inicio ao que chama-
mos hoje de era da comunicação. Na antiguidade as mensagens andavam a pé, no máximo
nas asas de pombos e no galope dos mensageiros a cavalos. Hoje graças ao trabalho conti-
nuo desses e dos trabalhadores da ciência contemporânea as nossas mensagens viajam nos
“braços” das ondas eletromagnéticas.

Com isso alguns anos depois do “amadurecimento” dessas teorias foi possível a implan-
tação de sistemas de comunicação tais como: o Telégrafo, o Telefone, o Rádio, o Cinema, a
Televisão, Os Telefones móveis, a Internet e a TV digital. Todos esses meios de comunicação
são processos onde a transmissão ocorre via onda eletromagnética que tem como principio
as leis do eletromagnetismo. Cabe esclarecer que esse processo de evolução não se dá de
forma pontual, é um processo continuo.

Uma das primeiras aplicações em massa da teoria eletromagnética foi o telégrafo. O


retratista norte-americano Samuel Morse(1791-1872) o inventou em 1835. O princípio de fun-
cionamento do telégrafo de Morse foi a base para as tecnologias futuras. Ele funciona da
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seguinte forma, é feita uma conversão da informação em pulsações elétricas e sua transmis-
são são em forma de sinal elétrico. Na citação abaixo Rocha descreve o telégrafo de Morse e
comenta sobre a questão social.

O telégrafo de Morse é um dispositivo simples, mas de alcance social extra-


ordinário. Ele consistia, essencialmente, em uma chave de transmissão, um
receptor, um cabo de união e naturalmente uma fonte de energia. Ao se fa-
zer pressão sobre a chave, era ativado o eletroímã do ressoador, o qual era,
então movido pelo ímã com um clique perceptível (ROCHA, 2002).

Para se estabelecer uma comunicação foi criado um código das letras do alfabeto com
relação aos sinais elétricos, conhecido como código Morse.

Quanto a questão social Morse foi ainda mais ousado, ele apresentou um projeto ao
senado americano para interligar as cidades. No inicio houve rejeição, pois, não se sabia ao
certo se ia funcionar a grandes distâncias. Havia também a rejeição da população camponesa
que arrancava os postes com o argumento de que os cabos absorviam a energia das planta-
ções destruindo as lavouras. Mesmo com esse início tumultuado o projeto foi à frente e em
1886 um cabo permanente foi colocado entre a Grã-Bretanha e o Canadá.

Dando seqüência as invenções após a “descoberta” de Oersted e levando em conside-


ração a invenção do telégrafo não demorou muito para a invenção do telefone.

Hertz foi o primeiro a produzir ondas de rádio, mais ele não acreditava que elas pu-
dessem servir para alguma coisa. Aliás poucas pessoas acreditavam na possibilidade de se
transmitir a voz humana através de fios e muito menos através de ondas eletromagnéticas um
texto do New York Time da época deixa claro essa idéia.

A Polícia Militar deve ser cumprimentada por suas providências. Na manhã


de ontem, do lado de fora da Bolsa de Valores, a Polícia militar prendeu um
homem que, obviamente, estava tentando vender ações falsificadas. Dizia ele
que ia formar uma Companhia TELEGRÁFICA, que estava bem estabelecida
como um serviço útil. Todo mundo sabe que é impossível falar através de um
fio de arame Somente as providência da polícia, que prendeu rapidamente
este indivíduo, evitou que se tomasse o dinheiro publico (ROCHA, 2002).

Mas Alexander Granbell acreditava nessa possibilidade, e foi em um laboratório em sua


casa que ele fez do “impossível”, possível. Estando trabalhando em uma sala e seu auxiliar
em outra, em algum momento do experimento era possível ouvir o que se falava em uma sala
estando na outra. Isso levando em conta que ambos estavam conectados e já possuíam
transmissores e receptores. Eles fizeram alguns ajuste nos equipamentos e conseguiram
transmitir a voz humana através de fio de arames. Foi seu trabalho e de outros de sua época
que possibilitou a invenção do telefone. A citação acima sobre a noticia do New York Time
conta o ocorrido um mês após a invenção do telefone.
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O rádio foi a próxima invenção, como Hertz já havia iniciado os trabalhos com as on-
das eletromagnéticas, essas trouxeram novas possibilidades para os negócios nas áreas de
telecomunicação além disso algumas questões foram levantadas como mos mostra Rocha na
citação abaixo.

Por que as informações deveriam ser transmitidas através de um fio? por que
nao um telégrafo sem fio, eliminando as linhas telegráficas que além de se-
rem dispendiosas, podiam ser derrubadas por tempestades? A idéia básica
era que as ondas eletromagnéticas produzidas por esse novo equipamento
seriam irradiadas pelo espaço, levando informações à velocidade de trezen-
tos mil quilômetros por segundo, de modo semelhante às ondas de um lago
que se irradiam, com velocidade própria, do ponto onde foi atirada uma pe-
dra. A honra por essa nova invenção (patenteada em 2/6/1896), de utilidade
inimaginável, seria de Guglielmo Marconi, um jovem italiano de 20 anos de
idade que, no ano de 1894, mostrou à mãe,dentro de laboratório instalado na
parte superior de sua própria casa, nos arredores de Bolonha, ser possível,
mesmo sem fios de conexão, fazer soar um sino na sala de entrada, dois an-
dares abaixo. Em 1897,três anos depois, já morando na Inglaterra, Marconi
conseguiria enviar mensagens cifradas por telegrafia sem fio, a uma distância
de treze quilômetros (ROCHA, 2002).

O circuito que Marconi utilizava para produzir as suas ondas de rádio funcionava da
seguinte forma. Uma fagulha era produzida entre as duas esferas de metal do circuito quando
a chave era fechada. As esferas estavam distantes uma da outra cerca de um milímetro. Esse
movimento de carga entre elas produzia as ondas eletromagnéticas. Essas eram captadas e
decodificas pelo mesmo processo utilizado na telegrafia com fio.

Quanto ao mérito da invenção do rádio não podemos atribuir totalmente a Marconi, pois,
Hertz já havia produzido, transmitido e captado essas ondas, ele só não via a sua relação com
a telegrafia. Como sabemos a ciência não é construída por momentos pontuais. Hertz Marconi
e outros trabalhadores da ciência deram sua contribuição para esse processo dinâmico que é
o “fazer” ciência. Entre esses colaboradores podemos destacar também Roberto Landell de
Moura (1861 - 1928) que a partir de seus próprios inventos conseguiu transmitir ondas de rádio
entre duas localidades em São Paulo. Patenteando seu invento cinco anos após Marconi.

A migração do sistema de comunicação por RADIOTELEGRAFIA para o RADIOTELE-


FONIA foi quase que imediata. Entre essas invenções podemos citar a válvula elétrica como
uma aceleradora do processo de evolução das telecomunicações. Tomas Edson e outros
participaram de sua criação. Com elas era possível sintonizar sinais produzidos a longas
distâncias. Elas também possibilitaram a construção de rádios, televisores, computadores e
outros dispositivos eletrônicos. Cabe ressaltar que nessa época já começava a popularização
do rádio nos grandes centros urbanos.

O rádio já se popularizava pelo mundo moderno com suas válvulas eletrônicas. É nesse
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período que um novo dispositivo, a válvula fotoelétrica surge. Uma válvula fotoelétrica está
relacionada com o efeito fotoelétrico e esse acontece quando a luz visível incide sobre um
metal e arranca desse alguns elétrons. Essas válvulas eram capazes de converter as ondas
luminosas em sinal elétrico.

A válvula fotoelétrica deu um “salto” nas produções tecnológicas da época, e com elas
era possível construir de controladores de portas até o mais importante deles, a televisão.
Cabe ressaltar que antes da invenção da televisão as válvulas já faziam sucesso no cinema,
esse por sua vez foi inventado na França, e chegou ao Brasil em 1896 . A passagem do cinema
muda para o sonoro pode ser considerada como a primeira grande síntese dessas tecnologias
que combinava imagens e sons ao mesmo tempo.

O alemão Paul Gottieb Nipkow “inventou” um sistema eletromecânico com um disco


giratório em 1884 com a finalidade de transmitir imagens. O trabalho dele com os de outros
vai cominar com a demonstração realizada por Jonh Baird em 1927 . Essa demonstração foi
realizada em uma empresa de telefonia da época para um pequeno grupo de pessoas. Nessa
demonstração foram transmitidas imagens ao vivo de Washington para Nova Iorque através
de uma linha telefônica.

Essa evolução que nos possibilitou chegarmos até a construção dos computadores mo-
dernos se passou na seguinte ordem. Primeiro temos os relês. Um relê é um simples inter-
ruptor eletrodinâmico formado por um eletroímã e um conjunto de contatos. Os relês estão
escondidos em todo tipo de dispositivos e os primeiros computadores utilizavam relês para
implementar funções booleanas” (HOWSTUFFWORKS, 2007). Em pouco tempo, as válvulas
a vácuo substituíram os relês, elas são mais rápidas , ainda continuam com um grande vo-
lume. Depois com o surgimento dos semicondutores foi possível criar diodos, transistores e
chips, esses tem um volume muito menor que as válvulas e relês e processam com velocidade
muito superior. Mas como observamos ao longo do texto a ciência é um processo dinâmico e
não paramos nos chips, há uma corrida tecnológica na tentativa de construir chips quanticos.
Esses talvez sejam a revolução industrial do século XXI.

Desses conceitos, e com as novas tendências de mercado, não demorou muito para a
TV invadir as casas das pessoas de classe média dos países desenvolvidos da época. No
inicio o mundo da TV era sem cores e sem som, mas logo esse modelo foi ultrapassado, e o
mundo da TV ganha cores e som e um maior número de canais. Hoje no Brasil somos mais
de 180 milhões de espectadores com pelo menos um aparelho de TV em casa. Depois do
rádio, podemos dizer que a TV é hoje o veículo de comunicação que atinge o maior número
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de pessoas. Esse veículo de comunicação está passando por mais uma evolução. Estamos
“migrando” do sistema de transmissão analógico para o sistema de transmissão digital. Esse
nos possibilitará uma TV interativa e dinâmica. Cabe ressaltar que o processo de transmissão
digital não é inédito no Brasil. Temos esses serviços e suas interatividades em algumas TVs
por assinatura onde podemos citar a SKY que tem transmissão via satélite.

2.1 ONDA ELETROMAGNÉTICA

As ondas estão presentes em nosso cotidiano. São produzidas por nossa voz, pelos veí-
culos em movimento quase que constantes nas grandes cidades e enfim por tudo que produz
som seja esse ouvido ou não. Estes são exemplos de ondas mecânicas. Além dessas ondas
outro tipo de onda que também está presente em nosso cotidiano são as ondas eletromagné-
ticas. Essas por sua vez estão presentes em toda a tecnologia de transmissão de sinal. São
esses sinais que transportam nossa conversa pelo celular, aquela voz suave do locutor até
nosso rádio e é também as ondas eletromagnéticas que dão cores a nossa vida diária. Se me
permitem a metáfora estamos navegando em um “mar” de ondas eletromagnéticas.

Segundo Nussenzveig uma onda é qualquer sinal que se transmite de uma ponto a outro
de um meio, com velocidade definida. Em geral, fala-se de onda quando a transmissão do sinal
entre dois pontos distantes ocorre sem que haja transporte direto de matéria de um desses
pontos a outro (NUSSENZVEIG, 2002).

A figura 1 ilustra a propagação de uma onda eletromagnética. A onda eletromagnética é


do tipo transversal, isso implica em dizer que a perturbação é perpendicular a direção da pro-
pagação. Uma outra característica também importante é a capacidade de se propagar também
no vácuo,pois, propaga-se através da variação no tempo e no espaço do campo elétrico E(~r,t)
e do campo magnética B(~r,t). Isso nos dá a possibilidade de transmitirmos informações para o
espaço e até mesmo de captarmos informações vindas de galáxia distantes através dos rádio
- telescópios.

A velocidade de propagação de uma onda eletromagnética é igual a velocidade da luz,


m
c =3 ∗ 108 s no vácuo. Como a velocidade da luz é constante, a freqüência e o comprimento
de onda e uma onda eletromagnética obedecem a relação da equação 2.1

c=λ f (2.1)
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Figura 1: Representação da Onda Eletromagnética

Na equação 2.1 c é a velocidade da luz, λ é o comprimento de onda e f é a freqüência


da onda. Com a equação 2.1 podemos fazer algumas estimativas, como por exemplo calcular
o comprimento de onda para uma rádio que transmite em AM e FM. Para uma onda AM que
tem uma freqüência na ordem de (100KHz) o comprimento de onda e da ordem de 3km. Esse
comprimento de onda é mais viável para levar informações a lugares mais distantes. Através
da reflexão na ionosfera. Por outro lado, para uma rádio que transmite em FM, temos em
média uma freqüência na ordem de (100MHz). Dessa forma temos um comprimento de onda
na ordem de 3m. É por esse motivo que é mais fácil captar uma rádio FM em locais com
depressões no relevo ou em uma garagem. Cabe ressaltar que a qualidade em uma transição
em FM se da por que esse tipo de modulação permite enviar até dois sinais pelo mesmo canal,
som estéreo e com menos ruído como veremos mais à frente.

Quanto a produção as ondas eletromagnéticas têm sua origem basicamente em dois


processos. Primeiro a aceleração de cargas livres em uma antena, produzido por circuitos
elétricos oscilantes. Dessa forma são produzidas microondas e as ondas de rádio. Já para
a produção em alta freqüência, ou seja, acina do ultravioleta (UV), essas tem sua origem
nas transições atômicas, pois não é possível construir circuitos oscilantes para esta faixa de
freqüência.

A figura 2 ilustra a produção de um pulso de ondas eletromagnéticas por meio de uma


antena de dipolo conectada a uma bateria. Quanto a chave é ligada, o fluxo do campo elétrico é
crescente conforme ocorre a carga do "capacitor", formado pelas hastes laterais da antena de
dipolo. A variação do fluxo gera segundo a equação Ampere - Maxwell um campo magnética
induzido mostrado na figura 2. Com a carga do capacitor o vetor campo elétrico fica constante
e portando o campo magnético e zero e com isso a emissão do pulso se finaliza (SERWAY,
1996).
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Figura 2: Produção de Onda Eletromagnéticas

Osciladores elétricos, cujo exemplo mais simples é um circuito RLC, produzem osci-
lações de freqüência bem definida. Em um circuito RLC as ondas são produzidas com a
freqüência igual a freqüência natural de oscilação do sistema, com isso tem-se ondas com
freqüência na ordem de MHz.

A diferença entre os vários tipos de ondas eletromagnéticas está na freqüência e no


comprimento de onda. O espectro eletromagnético é uma forma de visualizar esses tipos de
ondas por sua freqüência e comprimento de onda. Na citação abaixo Tipler destaca alguns
pontos do espectro eletromagnético apresentados na figura 3.

As ondas eletromagnéticas abrangem a luz, as ondas de rádio, os raios X, os


raios gama, as microondas e outros tipos de radiação. As diferentes ondas
eletromagnéticas distinguem-se exclusivamente pelo comprimento de onda
e pela freqüência. As ondas eletromagnéticas são geradas quando cargas
elétricas livres são aceleradas ou quando elétrons ligados nos átomos ou
moléculas fazem transições de estados de energia alta para outro de ener-
gia baixa. As ondas de rádio, com freqüência da ordem de 1 MHz em AM
e de 100 MHz em FM, são geradas pelas correntes elétricas oscilantes das
antenas emissoras. A freqüência das ondas emitidas coincide com a da os-
cilação das cargas. As ondas de luz tem freqüência da ordem de 1014 Hz e
são produzidas, em geral, por transição de cargas atômicas ligadas (TIPLER,
2000).

Embora não estejamos tratando diretamente das questões teóricas mais aprofundadas
sobre as ondas eletromagnéticas, queremos deixar claro que esse trabalho está relacionado
diretamente com a teoria eletromagnética, pois, essa foi quem proporcionou um aparato teórico
para a construção de aparelhos emissores, decodificadores e receptores de ondas eletromag-
néticas.

A figura 3 mostra o espectro eletromagnético na parte de baixo da figura temos a freqüên-


cia e a energia e na parte de cima o comprimento de onda. Nela podemos destacar algumas
faixa do espectro como as onda de rádio que como podemos ver na figura 3 tem comprimento
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Figura 3: Representação do Espectro das Ondas Eletromagnéticas

que variam de quilômetro a centímetro e é nessa faixa de comprimento de onda que estão
nossas transmissão de rádio e TV.

Para que a voz do locutor chegue a um ouvinte sintonizado em uma rádio AM ou FM é


necessário que antes o sinal modulado seja captado por uma antena conectada ao seu apare-
lho de rádio. Segundo Gomes, uma antena é um dispositivo capaz de irradiar ou interceptar as
ondas eletromagnéticas. Portando as antenas servem tanto para a transmissão quanto para a
recepção de ondas eletromagnéticas. O tamanho das antenas está relacionado normalmente
com o comprimento de onda.

Figura 4: Representação de Antenas

A figura 4 mostra antenas dipolo estilo “rabo de peixe” e circular. A antena “rabo de
peixe” capta o campo elétrico da onda eletromagnética. O campo alternado da onda produz
uma corrente alternada na antena. A antena de forma circular mostrada na figura 4 capta o
campo magnético. Nela a variação do fluxo magnético faz surgir uma corrente alternada na
antena circular.
12

3 VIAJANDO COM A VOZ DO LOCUTOR

A figura 5 mostra a viagem da voz do locutor desde a captação pelo microfone no estúdio
da estação de rádio até a recepção no rádio de galena (Rádio de galena: modelo de rádio
simples sem pilhas GREF 3)

No microfone a onda sonora da fala do locutor “olá” é convertida em uma onda elétrica
de baixa freqüência (O intervalo audível do ouvido humano de 20 a 20000Hz). Existem vários
tipos de microfone dos quais vamos destacar os princípios de funcionamento do microfone de
carvão e capacitor.

No microfone de carvão de carvão a pressão causada pela onda sonora nas partículas
que compõem o resistor faz com que surja uma corrente variável fazendo assim uma transfor-
mação da onda sonora em um sinal elétrico. Já o microfone de capacitor é formado basica-
mente por um capacitor e uma bateria. Quando a onda sonora bate no capacitor a distancia
entre as placas varia. Essa variação induz uma corrente elétrica no circuito. A figura 6 repre-
senta o esquema deste aparato (GREF, 2000).

Como podemos ver todos os microfones apresentados tem o mesmo padrão de funciona-
mento. Há uma interação da onda sonora (mecânica) com as partes integrantes do microfone,
e essa por sua vez faz variar uma grandeza física. E dessa variação surgem no microfone uma
corrente elétrica variável. Dando assim novas características a onda sonora captada. A onda
elétrica de baixa freqüência não é adequada para transmissão via, ondas eletromagnéticas.
Deve-se “somar”(modular) esta onda eletromagnética a uma onda eletromagnética portadora
de alta freqüência na faixa de 100KHz. Na situação mostrada na figura 5 a onda elétrica de
baixa freqüência que representa o sinal sonoro, modula a amplitude da onda portadora, daí o
nome de “Amplitude Modulada” AM.

A onda eletromagnética é transmitida pela antena emissora da estação de rádio. O fio


longo esticado é a antena que vai captar a onda elétrica. Quando a onda entre em contato
com a antena os elétrons oscilam e essa oscilação produz uma diferença de potencial dd p em
13

Onda Elétrica
i ca
ân Microfone
Representa o Som
ec
M
a
nd
O
som (olá) som (olá)
olá

20 Hz a 20000 Hz

+
Onda Portadora
100 kHz
Fio longo esticado “Antena”

Alta Freqüência
Diodo
Bobina

Caixa
olá de Capacitor 2 Capacitor 1
som
Amplificada
Terra

Modulação por Amplitude


Captação AM (Amplitude Modulada)

Sinal Sonoro (olá)


Onda Portadora

Antena Emisora

Figura 5: Diagrama de Etapa


14

Figura 6: Microfome de Capacitor retirado do GREF p. 319

relação ao terra que o serve como fonte de tensão alternada para o rádio de galena.

O conjunto bobina mais capacitor C1 está ajustando de modo que a freqüência de res-
sonância ( ω0 = √1 )
LC
é a mesma da estação de rádio, selecionando assim de forma especifica
a estação desejada.

No diodo ocorre a retificação da onda conservando apenas sua parte positiva e o ca-
pacitor C2 funciona como um filtro elétrico de altas freqüências da onda portadora resultando
assim o sinal de baixa freqüência. E é convertida em onda sonora através do microfone ou
amplificado com o uso de uma caixa acústica, resultando no “olá”

Dando seqüência vamos detalhar alguns conceitos pertinentes a transmissão analógica


ou digital de uma onda eletromagnética: sinal, Modulação e conversão de analógico para
digital.

3.1 SINAL

3.1.1 O CONCEITO DE SINAL

Em língua portuguesa a palavra sinal tem vários significados, no entanto nesse texto ela
se restringe a definição citada abaixo:

O sinal é a medida de uma grandeza de natureza física − seja acústica, óp-


tica ou elétrica − que veicula algum tipo de informação. Um sinal sonoro, por
exemplo, corresponde a uma onda sonora, que veicula informações sobre a
voz de um locutor, uma música, o ruído de uma pedra caindo etc. Um si-
nal de TV corresponde a uma onda eletromagnética que veicula informações
sobre áudio, vídeo e dados de sincronização, usados pelo aparelho receptor
(BECKER, 2005).

Agora vamos detalhar melhor dois tipos de sinal. Primeiro vamos analisar algumas pro-
priedades do sinal analógico e logo em seguida analisaremos as propriedades do sinal digital.
15

A tecnologia de sinal analógico como já foi visto no início desse texto foi e ainda é responsável
pela transmissão de dados em muitos países. No entanto gradativamente essa tecnologia está
sendo substituída por uma outra onde a transmissão de sinal se da de forma digital.

3.1.2 SINAL ANALÓGICO

Podemos descrever um sinal analógico por meio de uma função matemática real ou com-
plexa. As funções que representam o sinal são de variável real. A variável independente será
normalmente identificada com a grandeza tempo. Como a variável é real pode assumir valo-
res contínuos, dessa forma um sinal analógico é definido como uma função temporal contínua.
Estes sinais desempenham freqüentemente o papel de modelos de certas variáveis físicas
corrente elétrica, diferença de potencial, etc. Onde o comportamento das funções é descrito
pelas variáveis em função do tempo. A figura 7 ilustra os aspectos de um sinal analógico em
função do tempo. Neste a grandeza física que está variando com o tempo é a amplitude da
onda (FERREIRA, 2007).
amplitude (m)

(s)

Figura 7: Representação de uma função de sinal analógico

A característica talvez mais importante de um sinal analógico seja sua continuidade, po-
demos observar na figura 7 que se trata de uma função continua e que pode ser representada
por série de funções trigonométricas. Todo sinal que tem sua amplitude variando continua-
mente com o tempo é chamado de sinal analógico.

3.1.3 SINAL DIGITAL

O sinal digital é basicamente um conjunto de valores que resulta das operações de


amostragem,arredondamento, quantização e conversão para base binária. Essas operações
16

são sobre as funções de sinais analógicos. A amostragem está relacionada a um conjunto


de valores consecutivos ao longo do tempo. O tempo entre duas amostragens consecutivas é
denominado de período de amostragem. Em termos das grandezas do SI podemos descrever
matematicamente o período de amostragem em função da freqüência, também chamada de
freqüência de amostragem.

1
fa = (3.1)
Ta

Onde fa é a freqüência de amostragem; Ta é o período de amostragem. Temos a figura


8 que é resultado de uma operação de amostragem aplicada a função da figura 7. As figuras 8
e 9 estão lado a lado para melhor visualizarmos como foi feito essa amostragem.

amplitude (m)
amplitude (m)

(s) (s)

Figura 8: Representação de Amostra- Figura 9: Representação de sinal


gem analógico

Observe que o período de amostragem (Ta ) deve ser muito menor que o período T da
onda, de modo que a amostragem seja confiável. Com isso o sinal digital passa a ser repre-
sentado por um conjunto discreto de números, com valores entre −12 e 15 aproximadamente.
Esses valores são convertidos em números binários dando origem ao sinal digital. Descreve-
mos melhor esse processo mais a frente.

3.2 MODULAÇÃO

Usar um sistema de comunicação é criar meios de levar a informação da sua origem até
o seu destino “final”. Grande parte da informação é captada por fonte contínua (analógica).
Para usar um sistema de comunicação na transmissão dessa informação faz-se necessário
digitalizar essa informação. Cabe ressaltar que nem sempre é interessante transformar um
sinal analógico em digital. No entanto a modulação é necessária devido os processos de
comunicação, seja esse por cabo, rádio, satélite e outros(BECKER, 2005).
17

3.2.1 MODULAÇÃO POR AMPLITUDE AM

Agora nossa onda sonora vai ser modulada pela amplitude. A modulação por amplitude
tem como principio o fato de que o sinal modulante interfere diretamente na amplitude da
portadora. Para expressar matematicamente primeiro temos que definir uma equação geral
para expressar as relações de modulação.

ex (t) = Ex cos(ωx t) (3.2)

Na equação 3.2 temos que: ex é uma tensão cossenoidal qualquer, Ex é o valor de pico
da tensão (ou amplitude), ωx é a freqüência angular da tensão. Da equação 3.2 definimos a
equação 3.3 da onda portadora como:

e0 (t) = E0 cos(ω0 )t (3.3)

Na equação 3.3 temos que: e0 é uma tensão cossenoidal da portadora, E0 é o valor de


pico da tensão da portadora. ω0 é a freqüência angular da tensão da portadora. Ainda da
equação 3.2 definimos a equação 3.4 para a onda modulante como:

em (t) = Em cos(ωm )t (3.4)

Na equação 3.4 temos que: em é a tensão cossenoidal da onda modulante, Em é o valor


de pico da tensão da modulante, ωm é a freqüência angular da tensão da onda modulante,
Dessa forma podemos expressar o sinal modulado como:

Em
e(t) = E0 (1 + cos(ωm t))cos(ω0 t) (3.5)
E0
Em
A razão E0 é chamada de índice de modulação. Vamos definir uma equação para o
índice de modulação e expressar a função modulada de outra forma, ou seja, em função do
índice de modulação.

Em
m= (3.6)
E0

Agora levando em conta as relações trigonométricas e o índice de modulação podemos


escrever a nova forma para a onda modulada como.
18

e(t) = E0 cos(ω0 t) + mE0 cos(ωm t)cos(ω0 t) (3.7)

Para concluir essa “analise” matemática de uma modulação por amplitude vamos mostra
a forma gráfica para a onda portadora, onda modulante e onda modulada.

Alta Freqüência

Figura 11: Representação da onda


Figura 10: Representação da onda eletromagnética portadora de alta
modulante AM - Sinal Sonoro freqüência

A onda modulante e a onda portadora das figuras 10 e 11 são semelhantes. O que


as diferenciam uma da outra é a freqüência. Sendo que a freqüência da onda portadora é
maior que a da onda modulante. Além da freqüência a velocidade angular da onda portadora
também é maior.

Já a onda do sinal modulado tem as seguintes características: a medida que o tempo vai
passando, o valor instantâneo da amplitude vai mudando com a freqüência da onda modulante
e o valor instantânea da função varia com a freqüência da onda portadora. A figuras 12 ilustra
melhor essa descrição(GOMES, 1985).

Sinal Sonoro (olá)


baixa freqüência Onda Portadora
alta freqüência

Figura 12: Representação da Onda Modulada AM


19

3.2.2 MODULAÇÃO POR FREQÜÊNCIA FM

A modulação por freqüência é uma modulação angular. Admitindo o conceito de mo-


dulação, podemos afirmar que quando temos mudanças na onda portadora, essa mudanças
devem ser proporcionalmente a onda modulante. Quanto ao tratamento matemático, a mo-
dulação pro freqüência, ou por fase, podem ser tratadas pela forma genérica da modulação
angular. Tomemos como base a equação 3.4 podemos afirmar que: nem a modulação em
freqüência, nem a modulação em fase irão alterar a amplitude desta onda portadora, mas sim
o seu ângulo. Para o sinal modulado em ângulo temos a seguinte equação(GOMES, 1985).

e(t) = E0 cos(Φi )t (3.8)

Na equação 3.8 Φit é a fase instantânea da função. Existe uma relação entre a fase ins-
tantânea e a velocidade angular da onda. A fase instantânea pode ser encontrada calculando
a aérea da relação velocidade angular e tempo. Que para uma velocidade angular constante
esse calculo se resume em calcular a área de base vezes a altura.

Já para uma velocidade angular omega variável definimos a seguinte equação.

Z
Φi (t) = ωi (t)dt (3.9)

Fazendo o inverso da equação 3.9 obtemos a função ωi (t), esse inverso nada mais é que
a derivada da função. Estabelecendo essas definições iniciais podemos afirmar que de pose
de um sinal modulante em (t), só teremos modulação em fase se o sinal modulante interagir
diretamente no valor da fase instantânea do sinal modulado. Dessa forma a equação para a
modulação em fase pode ser escrita como:

Φi (t) = ω0 t + kpe0 t (3.10)

Onde o produto e0t é a fase instantânea da portadora , e ω0 é a velocidade angular, e


kp é a constante que simboliza o circuito modulador. Que em nosso caso é um circuito para
modulação angular, esse converte as variações de tensão do sinal modulante para variações
de fase. Substituindo a equação 3.8 na equação 3.10 temos que:

e(t) = E0tcos(E0 t + kpem (t) (3.11)


20

Segundo Gomes essa é a expressão que rege a modulação angular, e sobre sua inter-
pretação ele ainda comenta:

Essa expressão deve ser interpretada de maneira a associar um avanço de


fase do sinal modulado em relação à portadora, para emt positivo, ou então um
atraso de fase em relação a e0t, para emt negativo, ou ainda sinal modulado e
portadora em fase, para emt = 0 (GOMES, 1985).

Sinal Modulante

Sinal Modulado por Freqüencia

Figura 13: Representação de um Sinal Modulado em FM, Retirado de GOMES P. 173

A figura 13 ilustra o que foi dito na citação acima. Para os períodos onde o sinal modu-
lante é constante, temos a velocidade angular do sinal modulado igual ao da portadora. No
entanto a defazagem entre os dois sinais depende do sinal modulante.

Se o sinal modulante interferir diretamente no valor da velocidade angular instantânea


do sinal modulado da forma mostrada na equação 3.12 podemos afirmar que temos uma mo-
dulação por freqüência (FM).

ω i(t) = ω0 + k f em (t) (3.12)

onde k f é a constante de modulação que representa o circuito de modulador FM, que


faz a conversão da variação de tensão do sinal modulante emt. A expressão do sinal modulado
em FM é um incremento de freqüência do sinal no sinal modulado em relação a portadora.

A modulação em FM tem sua importância no fato de possuir uma onda eletromagnética


com um comprimento de onda pequeno e alta freqüência. Isso faz com que possamos captar
um sinal em FM até mesmo dentro de um túnel rodoviário. O mesmo não é possível com um
sinal AM que tem um comprimento de onda maior que as dimensões do túnel. Mais por outro
lado para mandarmos informações a longas distancia e preferível um sinal de amplitude maior,
21

ou seja um sinal modulado em AM. Pois este sinal pode ser conduzido pelo canal formada
pela ionosfera e a superfície da terra até o seu destino.

Quando modulamos em AM a voz do locutor foi transmitida de forma a ocupar todo o


canal. Vamos fazer uma analogia, vamos imaginar que esse canal é uma linha de trem e que
nossa onda sonora esta viajando nesse trem, e que nosso trem só faz viagem do emissor para
receptor, ou seja, não tem volta. Essa volta é o que na TV digital chamaremos de canal de
retorno ou de interatividade.

Por outro lado a modulação em FM divide essa linha em até quatro linhas. isso significa
que temos quatro canais para transmitir esse sinal. Nesse tipo de transmissão o som de
uma orquestra por exemplo chegara com melhor qualidade, pois pode ser enviado o som de
instrumentos diferentes por cada canal.

Para superar o problema de perca a longas distancia tanto para uma transmissão AM,
quanto para uma Transmissão FM e recomendável colocar estações repetidoras. Cabe ressal-
tar que para uma transmissão FM a longas distancias temos que colocar mais estações que
para uma em AM.

3.2.3 MODULAÇÃO EM SISTEMAS PULSADOS PCM

Já vimos nas seções anterior a modulação AM e FM para uma portadora senoidal. Agora
nossa onda sonora, que é a voz do locutor, vai ser modulada por pulso digital. Para esse
processo vamos utilizar uma portadora de Trem-de-pulso. Esse tipo de portadora é formado
por um conjunto de características que permitem uma maior diversidade dos possíveis tipos
de modulação.

Na sessão sobre sinal digital definimos o período de amostragem. E é com base nesse
conceito que a portadora Trem-de-pulso é modulada do analógico para o digital. Segundo
Gomes, se tivermos uma portadora Trem-de-pulso de freqüência f0 e um sinal modulante de
freqüência máxima fm , só poderemos efetuar a modulação se ocorrer:

f0 >= 2 fm (3.13)

Por uma questão de segurança o que se faz na pratica é deixar o valor da freqüência de
amostragem maior que o estabelecido pelo teorema da amostragem (equação 3.13). Nesse
processo de modulação além das características apresentas no processo de modulação ana-
22

lógica, ou seja, a modulação AM e FM, também têm as características binária que são valores
(0 ou 1, ligado ou desligado ). Atribuídos na conversão de analógico para digital. Após os
processos de conversão temos um sistema de codificação digital.

Um sistema PCM pode ser modulado tanto pela amplitude AM, quanto pela freqüência
FM. O que muda nesse sistema de modulação é que os dados são amostrados quantizados
e convertidos em binários, ou seja, temos uma onda digital. E a principal vantagem da onda
digital sobre as outras é a compressão de dados. Essa compressão é de tal forma que em
um canal de TV onde passava apenas audio e vidio de um único programa de cada vez,
Podemos passar até quatro programas de TV ao mesmo tempo. E além dos programas de TV
ainda temos espaço para fazer o canal de retorno com os usuários. No capitulo seguinte será
mais detalhada essa diferença e também colocaremos algumas possibilidades para TV digital
brasileira.
23

4 TRANSMISSÃO

No texto acima, viajando com a voz do locutor, temos um exemplo de uma transmissão
analógica. Para que essa transmissão seja digital é necessário fazermos uma conversão do
sinal elétrico analógico para um sinal digital.

4.1 CONVERSÃO DE ANALÓGICO PARA DIGITAL

A modulação por codificação de pulso PCM é um processo onde o sinal analógico é


convertido em sinal digital. Uma das grandes vantagens desse processo está no fato de só
haver dois valores para o sinal modulado. Isso faz com que seja reduzido de forma substan-
cial o ruído que interfere no sinal modulado, pois esse pode ser constantemente regenerado,
reassumindo assim sua forma original.

Esse sistema de modulação possibilita transmissão em múltiplos canais. Isso ocorre


devido a altas taxas de compressão. A compressão talvez seja uma das maiores vantagens,
quando comparamos os dois sistemas, ou seja analógico e digital.

A título de exemplificação mostraremos como se da à transmissão em um sistema PCM


mono canal. Em um sistema mono canal a transmissão e a recepção esta dividida nas se-
guintes etapas: para a transmissão: etapa de amostragem, etapa de quantização e etapa de
codificação. A figura 14 mostra as etapas para a quantização de um sinal analógico , e sobre
isso Gomes escreve:

O sinal analógico que vai ser modulado em PCM terá associado a si, com já
vimos, um conjunto de bits que forma um código binário. Ora, esse código
representa uma quantidade discreta (que só poderá assumir valores determi-
nados ), em contraposição ao sinal modulante, que varia de forma continua
por ser de natureza analógica. Esse impasse pode ser resolvido com a utiliza-
ção da amostragem, que retém o valor instantâneo do sinal analógico por um
espaço de tempo suficiente para sua quantização, que aproxima os valores
do sinal amostrado a níveis determinados pela codificação binária. (GOMES,
1985)
24

SINAL MODULADO
TRANSMISSOR DIGITAL
ETAPA ETAPA ETAPA
DE DE DE
AMOSTGRAGEM QUANTIZAÇÃO CODIFICAÇÃO

SINAL MODULANTE
Figura 14: Sistema PCM Monocanal Transmissor

Além do que foi descrito na citação acima temos a etapa de codificação. Essa etapa
e responsável por gerar o código binário relacionado ao sinal que foi quantizado. A figura 15
descreve com mais detalhes esses processos. Após esses a informação está pronta para ser
enviada por um meio de transmissão de sinal digital.
(v) sinal analógico
15
14
13
12
11
níveis

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1 t(s)
0 de Amostragem
0 1 2 3 4 5 6
conversão
em
strag 3,7v 5,4v 6,6v 6v 4v 2v 0,5v
Amo
ima ção 5,5v 6,5v 0,5v
3,5v 6v 4v 2v
Aprox
o
nti zaçã 7 11 13 12 8 4 1
Qua
rio 0111 1011 1101 1100 1000 0100 0001
Biná
(v)
sinal digital
15
14
13
12
11
10
níveis

9
8
7
6
5
4
3
2
1 t(s)
0 de Amostragem
1 2 3 4 5 6

Figura 15: De Analógico para Digital Gomes p. 350 com adaptações

Na figura 15 temos o gráfico de um sinal analógico senoidal , e sobre ele uma função
de amostragem. Podemos também observar que foi feita uma aproximação para os valores
amostrados. Após a amostragem temos a quantização do sinal. E por fim o sinal quantizado e
digitalizado na forma binária. E será transmitido pela portadora Trem-de-pulso.

Para digitalizar um sinal analógico, são necessárias no mínimo quatro etapas essas são:

Filtragem : está relacionada com o teorema da amostragem. A quantidade de amostras


por unidade de tempo de um sinal, chamada taxa ou freqüência de amostragem, deve ser
maior que o dobro da maior freqüência contida no sinal a ser amostrado, para que possa ser
reproduzido integralmente sem erro. Amostragem : divisão do sinal no eixo do tempo em
amostras analógicas discretas. Quantização : divisão do sinal amostrado no eixo de tensão
25

em valores discretos finitos. Codificação destes valores em bits (ROLAND, 2007)

A potência 2n fornece os níveis de quantização para o sinal modulante. Os níveis estão


relacionados com a quantidade de combinações que podem ser realizadas. O expoente n da
potência de base 2 é o número de bits. Na figura 15 estamos trabalhando com quatro bits. Ou
seja, temos 24 = 16 níveis. A medida que vamos aumentando o número de bits aumentamos
também a capacidade da onda digital de portar mais informação e isso por sua vez implica em
melhor qualidade no que está sendo transmitido,

E fácil relacionar a coluna de níveis com a coluna de voltagem. Como na figura 15 temos
16 níveis e 7,5 volts podemos relaciona-los por:

N V
= (4.1)
16 7, 5

N é o numero de níveis e V é a voltagem . Com essa relação e com os valores aproxi-


mados da etapa de amostragem podemos construir o código quantizado. Como veremos no
exemplo abaixo.

N 3,5
16 = 7,5
3,5
7,5
N= 16

N=7

Onde 7 é o valor do código quantizado. Após essa etapa os valores são convertidos para
binários. No caso da figura 15 temos que 7 em binário é 0111. Agora a informação é digital e
quando for captada sofrera o processo inverso para voltar a ser analógica. A figura 16 mostra
o porcesso de converção da basse decimal para a base binária.

Mais uma vez nossa onda sonora está viajando pelo espaço. E ao ser captada passará
por etapas de: regeneração, decodificação e filtragem de sinal. Não vamos demonstrar esse
processo pois foge aos objetivos gerais desse trabalho.
26

De decimal para binário

Dividendo Divisor Abaixo temo três exemplos


de conversão de
decimal para
Resto Quociente binário

7 2 3 2 7 em binário
1 3 111
1 1
3º 2º 1°
ordem de leitura

15 2 7 2 3 2 15 em binário
1 7 1 3 1 1 1111

100 2 50 2 25 2 12 2 6 2 3 2 100 em binário


0 0 25 1 12 0 0 3 1 1 1100100
50 6

Figura 16: De decimal para Binário

4.2 TV DIGITAL

Antes de abordarmos as mudanças vamos citar as principais finalidades que o projeto


de TV digital brasileira deve atender, segundo o CPqD (Centro de Pesquisa e Deselvolvimento)

1. Estabelecer e aumentar a rede de competências nacional, promovendo


a efetiva integração das pesquisas brasileiras nas áreas de abrangência
desse projeto.
2. Apresentar solução técnica adequada, mantendo e aproveitando a com-
patibilidade com elementos já padronizados no mercado mundial de TV
digital
3. Ser flexível às condições sócio-econômicas do Brasil.
4. Aproveitar o parque nacional instalado de televisores e antenas.
5. Permitir uma implantação gradual, minimizando os riscos e os custos
para a sociedade, procurando soluções escaláveis e evolutivas, minimi-
zando legados.
6. Promover o adensamento da cadeia de valor e de geração de negócios
baseados no sistema de TV digital, consolidando os atores envolvidos.
Promover soluções industriais que favoreçam a economia de escala.
7. Promover a cultura digital com a TV Interativa. Apresentar um modelo
de referência a ser adotado como o modelo de televisão digital no Brasil.
8. Realizar estudos técnico-econômicos de viabilidade para as tecnologias
e soluções consideradas no modelo de referência.
9. Disponibilizar o conhecimento gerado no decorrer do projeto para os
diversos agentes envolvidos Governo, emissoras, indústrias, empresas
de software e de serviços (CPQD, 2007).

Estas são as principais finalidades da implantação do sistema de TV brasileiro. Como


não é objetivo desse trabalho discutir essas finalidades cito-as apenas para informa ao leitor
sobre essa finalidades. Abaixo vamos enfim diferenciar um sistema de TV analógico de um
sistema de TV digital.
27

A principal mudança do sistema de TV analógico para o sistema de TV digital é sem


duvida a forma de transmissão do sinal. Que na TV digital será o sinal digital.

O que diferencia um sistema de TV analógica de um sistema de TV digital são os proces-


sos de conversão de sinal de analógico para digital. Não é a modulação pois ambos podem
ser modulados da mesma forma.

Em um sistema de TV analógico as informações são transportadas da emissora para os


aparelhos preceptores por meio de sinal analógico.

Cada emissora tem um canal na faixa de seis megahertzs (6MHz). Em uma transmissão
analógica um programa de TV ocupa os (6MHz) do canal. Mais apesar de ocupar o canal todo
isso não quer dizer que não podemos construir sistemas de TV analógica de alta definição.
O Japão, antes de construir um sistema de TV digital possuía um sistema analógico de alta
definição. Usar a questão da alta definição para migra da TV analógica para a TV digital não
seria um bom argumento. Tendo em vista que é possível ter alta definição em um sistema de
TV analógico.

Passar de um sistema de TV analógico para um sistema de TV digital não é apenas


uma evolução tecnológica da TV analógica para a TV digital. É algo que ainda não temos
como mensurar em termos de transformações tanto na área das comunicações quanto na
sociedade.

A TV digital é formada pela junção dos seguintes processos: Amostragem mais Quan-
tização Compressão de Dados, Formatação de Dados e Transmissão Digital. Todos esses
processos citados acima levam a produto de um ou vários programas. Esses chegar ao usuá-
rio por vários caminhos, dentre os quais podemos citar: a cabo, por satélite, por radiodifusão,
por rede digital e por meio de CD ROM. Esses canais de transmissão geram as seguintes
compatibilidades de serviços e podem ser transmitidos: imagens, áudio, legendas, listas de
programas e dados.

E como isso é possível criar uma interatividade, como por exemplo um único filme pode
ser ouvido em vários idiomas e as legendas também podem estar em vários idiomas. Para
isso é necessário que a emissora disponibilize esses serviços. A citação abaixo esclarece por
meio de perguntas e respostas algumas questões sobre TV digital e analógica.

1. Que é TV digital?
É a transmissão de áudio e vídeo de TV aberta, pela atmosfera, via sinais
digitais, para recepção livre e gratuita por todos os que dispõem de recep-
tores. Seu nome, a rigor, deveria ser TV digital terrestre em radiodifusão ou
broadcasting.
28

2. Qual é a diferença entre TV analógica e digital? Na transmissão analó-


gica, são utilizadas ondas eletromagnéticas contínuas, análogas aos sinais
originais. Já na transmissão digital é utilizada uma corrente de bits, em có-
digo binário, formado de zeros e uns, ou seja, a mesma linguagem digital dos
computadores, dos CDs, dos DVDs e do celular. A tecnologia digital converte
tudo em bits - som, voz, ruídos, imagens, fotos, gráficos, textos.
3. Já não existe muita coisa digital na TV brasileira?
Quase tudo, menos o sinal que vai da torre de transmissão da emissora à
casa do assinante, que ainda é analógico. Todas as etapas anteriores já são
digitais - como a captação de imagens, a produção, a edição, o acabamento,
os equipamentos de studio e transmissões de TV por assinatura, a cabo, via
satélite ou microondas.
4. Quando começarão as transmissões de TV digital?
Ninguém sabe. Se o governo escolher até abril o padrão a ser adotado, é
provável que as emissoras possam começar em dezembro deste ano.
5. Nossos televisores atuais podem captar programas digitais?
Não, porque, sendo analógicos, não decodificam sinais digitais.
6. Vou ter, então, que jogar fora meu televisor?
Não. Ao longo dos próximos 10 anos ou mais, as emissoras vão transmitir
tanto os programas analógicos como os programas digitais no mesmo canal.
Para captar programas digitais, os televisores convencionais precisarão de
uma caixa de conversão (receptor digital ou set top box) que poderá custar
menos de R$ 300.
7. Só com essa set top box poderemos captar TV digital? Não. Haverá,
na verdade, duas possibilidades: além de acoplar uma caixa de conversão
ao velho televisor, você poderá comprar um novo televisor, especial para TV
digital, que virá com receptor digital e outro analógico.
8. TV digital é o mesmo que TV de alta definição?
Não. Toda TV de alta definição é digital. Mas nem toda TV digital é de alta
definição. A diferença está,portanto, no grau de definição. 9. Quais são esses
graus de definição? São quatro: a) baixa definição (low definition ou LDTV),
com imagens de 240 pixels por linha, para recepção em celulares, PDAs ou
laptops; b) definição-padrão (standard definition ou SDTV), com 480 pixels
para televisores de definição normal como os atuais; c) definição melhorada
(enhanced definition ou EDTV), com 700 pixels, como dos melhores DVDs; d)
alta definição (high definition ou HDTV), de 1080 pixels por linha e, portanto,
a melhor imagem, com o maior número de pontos ou pixels.
10. Posso comprar já um televisor maior, de plasma ou LCD?
Pode, desde que o aparelho esteja "pronto para a alta definição"(HD ready).
Mas, para captar o sinal digital, ele vai precisar de uma caixa de conversão.
Enquanto não começam as transmissões digitais, eu uso esse televisor para
ver TV aberta, por assinatura ou DVDs, em meu home theater.
11. Qual é o grande salto da TV digital?
É a interatividade, que é assegurada por um canal de retorno (linha telefônica
fixa ou celular) e nos permitirá responder a questionários e pesquisas, votar
em eleições virtuais, obter informações e serviços públicos (governo eletrô-
nico) e, no futuro, fazer comércio eletrônico e acessar à internet em banda
larga.
12. Que outras vantagens teremos com a TV digital?
A imagem da TV digital não tem meio termo: ou "pega"ou "não pega". Ou
chega perfeita, sem fantasmas nem chuviscos, ou mostra uma tela preta. Po-
demos gravar qualquer programa, mesmo enquanto vemos outro. O som é
estéreo e surround em seis canais ou 5.1. A digitalização possibilita ainda
coisas como mobilidade,portabilidade, multiprogramação e flexibilidade. Tra-
duzo em miúdos. Multiprogramação (ou multicasting) é a possibilidade de
transmissão de até 4 programas com diferentes níveis de definição num único
canal de freqüência (de 6 megahertz) utilizado pela TV digital. Portabilidade
é a recepção em diversos tipos de equipamentos, como PDAs, laptops, ce-
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lulares. Mobilidade refere-se à recepção de programas em celulares ou em


veículos em movimento, como trens, ônibus ou carros. Por fim, flexibilidade é
a possibilidade de ter o máximo de aplicações e serviços, tanto para as emis-
soras de TV, como para as operadoras de celulares e empresas de multimídia
(PROAVIRTUALG64, 2007).

A figura 17 sintetiza algumas relações entre os sistemas de TV digital e analógico discu-


tidos na citação.

ANALÓGICO FATOR DIGITAL

400x400 pixels 1920x1080 pixels


RESOLUÇÃO
640x480 pixels

Boa Excelente DVD


Degradações: Não degrada
QUALIDADE DA IMAGEM enquanto o sinal
fantasma e chuvisco
puder ser recebido

Estéreo
Mono ou Estéreo QUALIDADE DO ÁUDIO ou
surround

Interatividade (datacasting)
NOVOS RECURSOS Múltiplos fluxos de áudio e
vídeo

Até 100 kW POTÊNCIA TRANSMITIDA Típico 10 kW

Uso do espectro Possível uso de canais


limitado por OTIMIZAÇÃO DO SPECTRO adjacentes
interferências

Figura 17: Relação Entre TV Analógico e Digital

Agora quanto as conseqüência que esse sistema traz consigo podemos assinalar algu-
mas: A primeira está relacionada com a compressão, essa de inicio faz com que em um canal
de 6MHz onde antes só podia trafegar um programa e em um só sentido, ou seja, do receptor
para o emissor. Agora com o sistema digital esse mesmo canal poderá transmitir até quatro
programas ao mesmo tempo e ainda há espaço no canal para um possível retorno do receptor
se necessário. Esse retorno seria de inicio uma tímida interatividade

A segunda está relacionada com a interatividade de uma forma mais ampla no sentido da
palavra. Nessa a TV digital tira a passividade do sujeito e o convida a explorar outros recursos
que agora será possível com essa nova mídia. Como por exemplo acessa uma biblioteca
digital ou fazer compras em uma loja virtual.

Um outro fator a ser levando em conta nessa mudança de sistemas é a mobilidade e


portabilidade. Com um sistema de TV digital é possível ver TV em computador, em televisores
abordo de carros em movimento e até mesmo em aparelhos celulares. Para isso só será
necessário que estes tenho conversores e receptores de sinal digital.

Apesar de termos como construir um sistema de TV analógico de alta definição, não há


como negar que a forma de transmissão binária possibilita uma qualidade tanto de som quanto
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de imagem superior. Acreditamos que essa questão da alta definição de inicio seja o grande
impacto para a população. Além dessas possibilidades finalizamos esse trabalho levantando
alguns impactos na sociedade contemporânea.

Também sugerimos nos endereços eletrônicos abaixo dois vídeos. O primeiro mostra
uma entrevista com o ministro das comunicações (Helio Costa). Nesse vídeo ele fala sobre o
por que escolheram o sistema de modulação japonês e também descreve como vai ser o nosso
sistema de TV. O segundo é uma reportagem da globo mostrando como está funcionado o sis-
tema de TV digital implantado no Japão. vídeo 1: http://www.youtube.com/watch?v=4wgCJejJAHY
vídeo 2: http://www.youtube.com/watch?v=sfHRH7PPxTw&feature=related
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 OS POSSÍVEIS IMPACTOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Não Há como negar o impacto que o surgimento da TV causou a sociedade. É como se


de repente uma porta para o mundo, fosse aberta dentro de nossas casas. Hoje nossas crian-
ças já acordam e ligam a TV. Elas não precisam mais sair do quarto para ver o mundo lá fora.
Até os nossos hábitos alimentares mudaram muito depois do surgimento da TV. Aproveitamos
a hora das refeições quase sempre para da uma espiada na programação diária.

O primeira grande impacto está relacionado a necessidade de mudar os aparelhos de


recepção, que antes, recebiam o sinal analógico, agora como o sinal passara a ser digital
teremos que mudar nossos aparelhos de TV. No inicio dessa transição usaremos um conversor
de sinal acoplado a nossos aparelhos de TVs “antigos” (RÉGIS; FECHINE, 2007).

O sistema de TV digital é difundido por padrões de modulação. Temos no mercado


mundial três grandes padrões: o americana, o europeu e o japonês. A escolha de um ou de
outro sistema definira índices econômicos, políticos e sociais futuros para o Brasil. Por isso
os especialistas do governo junto com especialistas em tecnologias se uniram para escolher o
“melhor” padrão para o país.

Nessas mudanças a palavra digital vem acompanhada com a palavra interatividade.


Essa que mudara os tipos de serviços prestados pelas impressas de telecomunicações no
Brasil. Elas “terão” que criar novas necessidades para incentivar o consumo dos novos produ-
tos e serviços que a TV digital possibilitara.

É cabível também refletir sobre como vai reagir essa grande população de analfabetos
funcionais diante dessa nova tecnologia. Será que o modelo de escola atual está preparando
os alunos para uma inclusão digital. Ou eles apenas vão ver nessa nova mídia a qualidade
da imagem e do som, para continuar a assistir novelas e partidas de futebol. Ou então por
outro lado a inclusão digital seja o caminho para conduzir os brasileiros a uma alfabetização
científica e tecnológica?
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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