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AULA SEMIPRESENCIAL 07 – CAROIDRATOS

Na aula de hoje, falaremos do segundo grupo de macromoléculas que


estudaremos em bioquímica, os carboidratos, ou açucares.

➔ MONOSSACARÍDEOS
Estrutura molecular
Vimos que as proteínas são formadas pela junção de centenas e mesmo
milhares de estruturas menores simples, os aminoácidos. O mesmo ocorre com os
carboidratos, que são formados a partir de estruturas simples. Para os carboidratos,
estas estruturas são chamadas monossacarídeos.
Os monossacarídeos, ou açucares simples, são moléculas com cadeia
carbônica entre 3 e 7 carbonos. Cada carbono, com exceção de um deles, está ligado
a um radical – OH. Assim, um monossacarídeo com 3 carbonos possui 2 radicais OH,
um com 4 carbonos irá possuir 3, e assim por diante... A presença desses radicais
OH, como vimos em funções orgânicas, é característica de álcoois. Por possuir mais
de um radical OH, monossacarídeos são poliálcoois.
No entanto, o grupo álcool não é o único presente na estrutura dos
monossacarídeos. O único carbono da estrutura que não se encontra ligado a um OH,
estará ligado a um oxigênio por ligação dupla: = O. Observe os radicais OH e = O
ligados aos carbonos de dois monossacarídeos abaixo (glicose e hidroxiacetona):

Como é possível de observar, cada carbono nessas estruturas está ligado a um


radical – OH, com exceção de um deles, que se liga a um oxigênio por ligação dupla.
No caso da glicose, o carbono com a = O se encontra na extremidade da cadeia (o
primeiro carbono), enquanto na hidroxiacetona, este carbono está no meio dela. Essa
mudança de posição do carbono com =O também muda o tipo de função: quando a
=O está no primeiro carbono, como no caso da glicose, trata-se de um aldeído; já
quando está no meio da cadeia carbônica, como na hidroxiacetona, trata-se de uma
cetona (recomendo rever os grupos funcionais para essas funções na aula
semipresencial 03, caso haja dúvidas).
Os monossacarídeos são divididos, assim, em dois grupos, as cetoses,
quando trata-se de uma cetona, e as aldoses, quando são aldeídos.

Características, propriedades e exemplos


Os monossacarídeos são, normalmente, sólidos cristalinos e incolores e
possuem sabor adocicado. Constituem a principal fonte de energia em humanos e
maioria dos animais, sendo obtidos pela “quebra” de carboidratos, armazenados nos
tecidos e obtidos pela alimentação. A quebra se dá quando é necessária energia para
o animal realizar alguma atividade.
A presença de diversos radicais com oxigênio em sua estrutura, ligados a
carbonos, leva a uma grande polaridade dessas moléculas (oxigênio é muito mais
eletronegativo do que carbono, e essa diferença de eletronegatividade é o que
caracteriza uma molécula como sendo polar ou apolar). Moléculas polares são
facilmente solúveis em água, sendo assim monossacarídeos são estruturas muito
solúveis. Isso facilita o transporte dessas moléculas pelo corpo, podendo ser levados
para os tecidos e células que necessitam dos mesmos.

- Glicose
Presente no “açúcar comum” ou “açúcar de mesa”, é produzida nas plantas, no
processo da fotossíntese. Trata-se da principal fonte de energia em humanos e
maioria dos animais, através da respiração celular. Nesse processo, a glicose é
oxidada, o que leva a uma grande liberação de energia (na forma de ATP), a ser
utilizada pelo corpo. Este processo pode se dar em presença de oxigênio (aeróbio) ou
na ausência do mesmo (anaeróbio), sendo o primeiro muito mais eficiente em termos
energéticos.
Galactose
Presente no açúcar do leite (lactose), possui estrutura muito similar a glicose,
sendo a única diferença residindo na direção do radical –OH ligado ao 4º carbono da
cadeia.

É, inclusive, facilmente convertida a glicose.


É utilizada como fonte energética em células bacterianas anaeróbias, no
processo de fermentação lática. Também podem ser utilizados por células animais
quando há pouca chegada de oxigênio para realizar a respiração celular e um grande
esforço muscular é exigido, como em uma corrida ou atividade física intensa. Com
pouco oxigênio chegando às células, estas buscam obter energia de duas maneiras:
através da quebra da glicose, como vimos acima, realizando a respiração celular, e
também fermentando uma parte da glicose que possuem, por se tratar de um processo
que fornece energia e não precisa de oxigênio. A fermentação lática, no entanto,
resulta em muito menos energia produzida, e além disso produz como subproduto o
ácido lático. O acúmulo de ácido acético nas fibras musculares causa cãibras e
cansaço.
Um exemplo de bactérias que realizam fermentação lática é o lactobacilo,
presente no leite. É justamente a produção de ácido lático nesse processo que abaixa
o pH do leite e leva a coagulação de suas proteínas. Isto é aproveitado pelos humanos
para a produção de iogurtes e queijos.

Frutose

É o açúcar encontrado naturalmente nas frutas. Também está presente no


“açúcar de mesa” e também é produzido durante a fotossíntese.
Muito mais doce (e calórica!) do que a glicose, a frutose está fortemente
relacionada a epidemia mundial de obesidade, que começa a se expandir na segunda
metade do século XX, além de seu consumo exagerado estar associado a um
aumento de triglicererídeos e diminuição do colesterol “bom” (HDL), desenvolvimento
de diabetes tipo 2 e hipertensão. Isto está sobretudo relacionado ao desenvolvimento
da resistência à insulina que seu uso sem controle pode levar, associado a síndrome
metabólica.
O consumo de frutose deve vir acompanhado de alimentos fibrosos, pois
aumentam o tempo de absorção desse açúcar pelo organismo e evita o desequilíbrio
metabólico que leva a resistência à insulina. Frutas são, em geral, muito ricas em
fibras, e portanto seu consumo não leva a esses problemas metabólicos, quando
consumidas in natura. No entanto, pelo sabor doce e viciante, a frutose, em geral
obtida pelo xarope de milho, é muito utilizada como adoçante em produtos ultra
processados, como ketchups, sucos de caixinha, refrigetantes, fast foods e junk foods.
Esses alimentos são vazios em nutrientes e fibras. Associados aos altos níveis de
frutose, são alguns dos principais responsáveis pela epidemia de obesidade no
mundo.

➔ Dissacarídeos
Dois monossacarídeos cíclicos unidos formam um dissacarídeo. São
usualmente utilizados para o transporte de açucares (glicose, frutose, galactose entre
outros) pelos tecidos da planta ou animal. Em geral, ingerimos o açúcar na forma de
dissacarídeo, que posteriormente serão quebrados em monossacarídeos quando
precisarem ser utilizados para obtenção de energia.
Por exemplo, o açúcar de mesa (açúcar comum) que ingerimos trata-se do
dissacarídeo sacarose, formado pela junção de glicose e frutose. A lactose, que
ingerimos ao beber leite e derivados, é formada por glicose e galactose.

➔ Polissacarídeos
Os polissacarídeos são macromoléculas formadas pela união de centenas até
milhares de monossacarídeos. Muitos deles têm como função principal armazenar
moléculas de açucares simples (glicose, frutose, galactose...) que serão utilizadas
pelas células quando necessitarem de energia. Assim, essas moléculas possuem
função de armazenamento energético. Porém, existem polissacarídeos com outras
funções, como manter a estrutura ou auxiliar na sustentação de plantas, animais e
bactérias.
AMIDO
O amido é a principal fonte de armazenamento de monossacarídeos em
vegetais, sobretudo tubérculos, como a batata, e em sementes. É formado por
milhares de glicose unidas. Quando as células vegetais necessitam de energia, o
amido é quebrado em moléculas de glicose, que podem entrar nas células e participar
dos processos energéticos.

Glicogênio
Também formado por polímeros de glicose, como o amido, porém o glicogênio
é o principal polissacarídeo de armazenamento de energia em animais e algumas
bactérias. Muito abundante no fígado, pode ser utilizado pelos músculos para
fornecimento de energia durante a contração muscular. Já no fígado, ele pode ser
quebrado em glicose, a ser utilizado pelas células de outras partes do corpo para
realização de atividades que demandam energia, sendo assim responsável pelo
controle da glicemia.
Celulose
Muito fibrosa e resistente, possui função estrutural e de sustentação em
plantas, presente sobretudo em caules, troncos, na madeira e algodão.
Na indústria, sua característica fibrosa a torna interessante na produção de
papelão, celofane, linho, algodão, seda etc.
Não podem ser digeridas pelos animais vertebrados, pois não possuímos
enzimas para isso. Alguns invertebrados, no entanto, possuem tais enzimas, como os
cupins.

Quitina
Muito fibrosa e resistente, é o principal constituinte do exoesqueletos de
insetos, estando associado com a sustentação e proteção desses animais. Também
é indigestas para seres humanos.

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