Você está na página 1de 6

CONVÊNIOS CNPq/UFU & FAPEMIG/UFU

Universidade Federal de Uberlândia


Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
DIRETORIA DE PESQUISA
COMISSÃO INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
2008 – UFU 30 anos

O PROBLEMA DA RELAÇÃO ENTRE LINGUAGEM E MUNDO EXTERNO


NO PENSAMENTO DE DAVID HUME

Vinícius França Freitas1


FAFCS-UFU, Av. João Naves de Ávila, 2121- Bloco 1U; CEP 38400-902,Uberlândia MG.
e-mail: vinfranca@bol.com.br

Marcos César Seneda2


e-mail: mseneda@.ufu.br

Resumo: David Hume, tal como alguns dos mais eminentes filósofos modernos, pretendeu discutir
a problemática do mundo externo. Acaso existiria um mundo constituído por objetos físicos,
composto por corpos reais? Haveria um mundo objetivo além de nossa própria mente? Segundo o
filósofo escocês, uma investigação tal como essa é irrelevante para os propósitos de um sistema de
filosofia fundado sobre a experiência. Uma vez que os princípios do método experimental devem
ser observados, a verdade deste mundo não poderia ser verificada. Com efeito, não podemos
observar e experimentar aquelas coisas que estão fora do campo de nossa percepção. Por
conseguinte, conhecer esse mundo estaria para além das capacidades cognitivas do homem. Em
virtude dos limites impostos pela observação do método experimental de raciocínio, as palavras
não podem designar as coisas do mundo, muito embora possamos pensar o contrário. Deste modo,
a linguagem designa apenas as coisas enquanto objetos de nossa percepção, enquanto impressões e
idéias da mente humana. Esta é a origem de muitos erros no âmbito do debate filosófico: pretender
que as palavras indicam os objetos do mundo, quando elas podem nomear apenas nossas
percepções.

Palavras-chave: David Hume, teoria do conhecimento, linguagem, mundo exterior.

1. INTRODUÇÃO

Filósofos como René Descartes, John Locke e George Berkeley pretenderam responder a
questão acerca da existência ou não-existência de um mundo externo, isto é, sobre a realidade de
um mundo constituído por objetos físicos que estariam para além de nossa própria mente. O mundo
físico é real ou não? Sua existência depende de nossa mente? Os objetos desse mundo continuam a
existir mesmo quando nós não estamos presentes para percebê-los? Para David Hume, a questão é
desnecessária. Dar-lhe uma resposta, seria uma empresa estaria além das capacidades cognitivas do
homem. Por isso, a questão é outra: ao invés de tentar investigar um problema não passível de
solução, não poderíamos oferecer uma resposta no tocante às causas que nos induziriam a crer nesse
mundo? Pois, se é verdade que sequer podemos obter alguma certeza sobre sua existência, certo é
que nele acreditamos firmemente, na maioria das vezes, sem jamais hesitar.
A questão que dirige todo o progresso do presente artigo diz respeito aos motivos que levaram
Hume a abandonar o problema da existência do mundo externo e ater-se à questão das causas que
nos estimulariam a convicção de sua existência. É nessa medida que trataremos, sobretudo, do
empirismo humeano e de sua relação com o método experimental de raciocínio, recurso esse
responsável por impor estreitos limites à investigação filosófica do pensador escocês.

1
Acadêmico do curso de Filosofia
2
Orientador
Discorreremos inicialmente acerca de alguns pressupostos fundamentais do empirismo
humeano. Para fazê-lo, explicitaremos alguns conceitos que se fazem necessários à compreensão da
problemática. Em seguida, passaremos ao exame da linguagem, para, na seqüência, tratarmos da
questão do mundo externo e os limites da investigação humeana. Esses são os passos com os quais
pretendemos conduzir esta reflexão.

2. OS PRINCÍPIOS DA TEORIA DO CONHECIMENTO HUMEANA

2.1 As percepções da mente humana são a matéria de nosso conhecimento

São as percepções da mente, de acordo com Hume, que se encontram na base de todo o
conhecimento humano. Todo o saber, segundo o filósofo, edificar-se-ia sobre a experiência dessas
percepções, do contato de nossa mente com o conteúdo a partir do qual ela constituir-se-ia, e nada
poderíamos dizer acerca das possibilidades cognitivas do homem que não fosse dito em termos de
percepção. Eis como o filósofo define tal noção no Resumo de um tratado sobre a natureza
humana: percepção “é tudo aquilo que se apresenta à mente, quer empreguemos nossos sentidos,
quer sejamos movidos pela paixão, quer ainda exercitemos nosso pensamento e reflexão” (HUME,
1995, p. 45).
O conjunto das percepções recobre o grupo de todas as sensações, emoções e reflexões
circunscritas nos limites da mente humana, e elas podem se apresentar de dois modos distintos: ou
como impressões, ou como idéias. As primeiras correspondem àquelas percepções que nos chegam
imediatamente por meio dos sentidos (como, por exemplo, o gosto doce de uma maçã que estou a
comer), enquanto que as segundas constituem o conjunto dos conteúdos mentais construídos a partir
da reflexão sobre o primeiro tipo de percepção (quando penso, por exemplo, no gosto doce da maçã
que comi algumas horas antes).
É legítimo que se pergunte a respeito daquilo que de fato distinguiria impressões e idéias? O que
nos auxiliaria a distinguir uma e outra percepção? A característica indicada por Hume para
estabelecer essa diferenciação é tão-somente o grau de intensidade com que aquele primeiro tipo de
percepção, as impressões, alcançaria a mente humana. O grau de vivacidade dessas percepções dos
sentidos é sobremaneira maior que o grau de vivacidade das percepções que são frutos da reflexão
da mente, as idéias, pois aquelas chegam à mente com mais força e violência que estas últimas. Há,
diz o filósofo, algo que distingue muito claramente o momento em que estamos a sentir daquele
momento em que estamos a pensar nesse algo que foi sentido:

todos admitirão prontamente que existe uma diferença considerável entre as


percepções (perceptions) da mente, quando um homem sente a dor de um calor
excessivo ou o prazer de um ardor moderado, e quando ele depois traz a memória a
sua sensação (sensation) ou a antecipa mediante a sua imaginação (imagination)
(HUME, 1992, p. 69).

As idéias não são mais que “imagens pálidas” formadas a partir da reflexão sobre aquelas
percepções mais vivas. Antes, elas são meras cópias das impressões, na medida em que o
pensamento (memória e imaginação) pode livremente copiar as percepções dos sentidos e operar
com elas em um outro momento.

2.2 A natureza humana e o método experimental

Quinton (2000, p. 15) aponta que Hume pode ser entendido como um filósofo empirista em dois
sentidos. Primeiro, por tratar a filosofia como uma ciência empírica, e, segundo, por sustentar que
todo o conhecimento humano teria como fonte original a experiência das percepções. Se tal como
indica o comentador, todo o conhecimento humano de fato se construiria a partir do conjunto das
percepções da mente, pode-se identificar claramente nessa afirmação o motivo que impeliu Hume a

2
principiar a investigação filosófica pelo exame da própria mente e de seus conteúdos. Faz-se
necessário, primeiramente, estudar-se o eu, a mente humana, e os materiais a partir dos quais ele é
constituído. É a partir desse exame prévio da mente que se pretende progredir nos demais saberes.
É esse, na verdade, o verdadeiro objetivo do filósofo: ele tem em vista a fundamentação de uma
nova ciência, que terá por fim estudar as capacidades da mente humana (suas operações) e seus
conteúdos (suas percepções), e a partir do estabelecimento dessa ciência, propor “um sistema
completo das ciências, construído sobre um fundamento quase inteiramente novo e único, sobre o qual elas
podem se estabelecer com alguma segurança” (HUME, 2001, p. 22). Tal é o papel que compete à ciência
da natureza humana desempenhar, ciência esta que servirá de alicerce para todas as outras ciências
do homem. Haja vista a dependência das ciências em relação às capacidades cognitivas da mente, as
melhorias que a ciência da natureza humana proposta por Hume poderia trazer ao conhecimento
humano seriam imensuráveis.
Contudo, a realização de uma tal empresa depende, segundo o filósofo, da prática do método
experimental de raciocínio, aquele mesmo método que Newton teria aplicado à filosofia natural. Os
dois principais preceitos deste método são a experiência e a observação: “a ciência do homem é o
único fundamento para as outras ciências, assim também o único fundamento sólido que podemos dar a ela
deve estar na experiência e na observação” (HUME, 2001, p.22). Visto que a essência da mente, objeto
da investigação humeana, não é mais conhecida que a natureza dos corpos externos, “deve ser
igualmente impossível formar qualquer noção de seus poderes e qualidades que não seja por meio de
experimentos cuidadosos e precisos, e da observação dos efeitos particulares resultantes de suas diferentes
circunstâncias e situações” (HUME, 2001, p. 22-3). Não é devido ao fato de estar-se consciente que se
pode legitimamente afirmar que a natureza humana é mais conhecida e todas as outras coisas. Este
método experimental é o único capaz de trazer à ciência da natureza humana o mais alto grau de
exatidão, pois a fundamenta sobre a experiência.

3. A LINGUAGEM E O MUNDO EXTERNO

3.1 A palavra conduz a uma idéia

Hume vê na linguagem e no uso dos termos, assim como o viram John Locke e George
Berkeley, a fonte dos problemas que tanto afligem o acalorado debate filosófico. Na introdução de
sua obra capital, o Tratado da natureza humana, o filósofo aponta para as necessidades da ciência
de seu tempo, ciência esta que parece não ser capaz de produzir conclusões certas, dado que, em seu
interior, nada há que não seja passível de discussão. As implicações desta miserável posição em que
se encontra é o surgimento de um “preconceito comum contra todo tipo de raciocínio metafísico”
(HUME, 2001, p. 20). Uma possível solução deste problema estaria, de fato, ligada à análise da
linguagem utilizada nos raciocínios metafísicos.
É preciso inicialmente que se saiba distinguir palavra e significado. Palavra não é senão um
veículo, que pode ou não trazer em si um significado. Disto já podemos concluir que uma palavra
pode ser usada sem um significado preciso. Mas, qual seria sua significação? Tal como em Locke,
uma palavra indica uma idéia (LOCKE, 1999). Um termo, para Hume, cujo significado é válido,
está imediatamente vinculado a uma idéia. Mas não a uma idéia geral, como pretendeu Locke (idéia
geral esta que seria separada, pela faculdade de abstração da mente, das circunstâncias que a
particularizariam como idéia singular), e sim a uma idéia particular. Como visto algumas linhas
acima, uma idéia corresponde imediatamente a uma impressão. As palavras, assim sendo, estão
indiretamente (por meio das idéias) ligada à experiência, visto que correspondem, em última
instância, a uma impressão que suscetível de verificação segundo os preceitos do método
experimental de raciocínio seguido por Hume.
Se acaso um termo filosófico, como o termo substância, por exemplo, não está imediatamente
ligado a uma idéia, como de fato não está, ele deve ser eliminado do discurso filosófico, e isso, em
vista do próprio progresso das ciências. É deste modo que Hume pretende trazer mais
inteligibilidade à discussão: “portanto, quando suspeitamos que um termo filosófico está sendo empregado
sem nenhum significado ou idéia – o que é muito freqüente – devemos apenas perguntar: de que impressão é

3
derivada aquela suposta idéia?” (HUME, 1992, p. 71). Em suma: para que o uso de uma palavra seja
legítimo, é necessário que haja uma idéia vinculada a esta palavra, idéia esta que corresponderia em último
caso a uma impressão.

3.2 As palavras não conduzem aos objetos do mundo externo

Hume parece ser suficientemente claro quando diz que uma palavra corresponde a uma idéia,
que por sua vez remeteria a uma impressão. Pode-se concluir daí que as palavras, de acordo com
essa perspectiva de pensamento, não podem alcançar o mundo externo, não podem designar as
coisas elas mesmas. Se as palavras nomeiam as coisas reais, fazem-no somente enquanto estas são
objetos das percepções da mente humana.
Em Locke, diferentemente, há uma espécie de remissão indireta da linguagem às coisas do
mundo externo. Tadié discorre sobre o tema: “o elo entre a linguagem e as idéias não é totalmente
independente do mundo: embora as palavras estejam ligadas às idéias, elas não estão separadas das coisas”
(TADIÉ, 2005, p. 183). Locke fundamenta a linguagem apoiando-a sobre duas realidades distintas: a
realidade subjetiva das idéias de nossa mente, e a realidade objetiva das idéias enquanto imagens das coisas
externas. É isso que Tadié chama de dualidade da linguagem: as palavras de faço uso são signos de
minhas idéias, mas estas não estão separadas do mundo objetivo que elas representam. As palavras,
assim sendo, falariam do mundo físico, mesmo que por uma via indireta, as idéias.
Por que a linguagem, segundo Hume, logra chegar até as impressões, mas pára por aí, não
podendo alcançar nada para além do conjunto das percepções da mente, não sendo capaz de
designar nada que não seja impressões? Porventura, não seria o caso de perguntarmos, primeiro, se
esse mundo físico realmente existe? Eis que o problema da realidade do mundo externo adentra a
discussão.

4. HÁ UM MUNDO EXTERNO PARA ALÉM DE NOSSAS PERCEPÇÕES?

A problemática do mundo externo pode ser resumida, grosso modo, pela seguinte questão:
existe de fato um mundo de objetos físicos duradouros para além da mente humana, mundo este que
seria captado pelos sentidos e se nos apresentaria como percepções?
O problema remonta ao século XVII, e surge como uma exigência da dúvida metódica
cartesiana, como aponta Martinez (MARTÌNEZ, 1992). Com efeito,Descartes vê-se obrigado a
negar temporariamente a existência do mundo físico, uma vez constatada a possibilidade da
existência de um gênio maligno que poderia estar a enganá-lo (DESCARTES, 2004). John Locke
construiu seu sistema empirista a partir do pressuposto de que tal mundo não só existiria como
também seria a causa imediata das idéias da mente humana (LOCKE, 1999). Berkeley, outro
filósofo da corrente empirista de pensamento, ao contrário, não aceitou esse ponto, pois acreditava
que não havia evidências suficientes para sustentar que este mundo realmente existia (BERKELEY,
1992).
Hume assume uma posição distinta a de ambos os filósofos. É um tanto quanto sem propósito,
diz, termos a ambição de responder sobre a existência do mundo objetivo. Esse problema parece
não suscetível de solução, uma vez que sua resposta dependeria da possibilidade de verificação
dessas existências externas, o que a partir dos princípios do método experimental a observação e a
experimentação, não seria possível. Visto que as percepções do entendimento são as únicas
realidades passíveis de observação e experimentação (lembrando que se chegar à certeza
unicamente naquelas matérias suscetíveis de serem experimentadas e observadas), os hipotéticos
objetos físicos do mundo externo não podem, de modo algum, ser verificados.
Em virtude desta mesma restrição que o filósofo não pode sustentar, assim como o fez Locke,
que as impressões remontariam imediatamente aos objetos do mundo externo. Hume chegará
mesmo a criticar os sistemas de filosofia tais como o de Locke, que pressupõem a dupla-existência.
Não há razão, dirá, para acreditar que nossos sentidos produziriam esta noção, de que há um objeto
exterior e uma percepção da mente causada por ele. Hume, com efeito, vê-se impossibilitado de
transpor o conjunto das percepções da mente, e, por isso, não pode verificar se há uma existência

4
para além destas. Se a experiência é único ponto sobre o qual a discussão de qualquer matéria deve
se apoiar, não é legítimo que nos conduzamos para além de nossa percepção para averiguar se
realmente existem tais objetos, pois o mundo não nos está dado. Hume defronta-se como uma
limitação do próprio método que propôs seguir. As coisas somente existem para o intelecto como
percepções, não como coisas elas mesmas.
Somente esta limitação de caráter metodológico já bastaria para tornar a busca pelos objetos
do mundo externo ilegitimável. O filósofo indica ainda uma limitação da própria natureza humana:
não podemos responder positiva ou negativamente acerca da existência desse mundo, pois “a
natureza não deixou isso à sua [do filósofo] escolha; sem dúvida, avaliou que se tratava de uma
questão demasiadamente importante para ser confiada a nossos raciocínios e especulações incertos”.
(HUME, 2001, p. 220). Por conseguinte, não é legítimo que sobre este ponto sejam levantadas
questões. Estando esses objetos presentes ou não aos sentidos, não deixamos de supô-los como
existentes um instante sequer. Mais profícuo seria se buscássemos em nossa própria natureza as
causas que nos impelem a crer nestes objetos, pois, do mesmo modo que não nos é dado conhecê-
los, não somos capazes de evitar tal crença. Assim sendo, o tema da existência ou não-existência do
mundo externo foi deixado de lado, para que em seu lugar o questionamento seja feito nos seguintes
termos: por que nossa natureza humana nos induz a crer neste mundo, se sequer podemos provar a
existência destes objetos físicos?

5. CONCLUSÃO

Procuramos evidenciar os motivos em virtude dos quais o problema do mundo externo foi
abandonado por David Hume. Como pudemos observar, isso se deu, de fato, devido aos limites
impostos pela observação do método experimental de raciocínio e pela própria natureza humana.
Em conseqüência dessa limitação, o filósofo optou antes por investigar as causas que nos
induziriam à crença de que esse mundo existiria efetivamente.
Como nada se pode afirmar sobre esse suposto mundo externo, não é legítimo que se defenda a
tese de que as palavras elas mesmas designariam os supostos objetos que constituiriam esse mundo
físico. As palavras significam as idéias da mente humana, e, em última instância, as impressões, na
medida em que aquelas não são mais que cópias destas.

6. AGRADECIMENTOS

CNPQ, PROPP-UFU.

7. REFERÊNCIAS

Berkeley, G., 1992 “Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano”, Nova Cultural, São
Paulo.
Descartes, R., 2004, “Meditações sobre Filosofia Primeira”, Editora da Unicamp, Campinas.
Hume, D., 2001, “Tratado da Natureza Humana”, Editora UNESP, São Paulo.
____________, 1995, “Resumo de um Tratado sobre a Natureza Humana”, Editora Paraula, São
Paulo.
Locke, J., 1999, “Ensaio acerca do Entendimento Humano”, Nova Cultural, São Paulo.
Martinez, J. A, 1992, “El Problema del Mundo Externo en Hume, In: Pensamiento. Madrid, vol. 48,
n°. 192, p. 403-423, Madrid.
Quinton, A., 2000, “Hume”, Editora Unesp, São Paulo.
Tadié, A., 2005, “Locke”, Estação Liberdade, São Paulo.

THE PROBLEM OF THE RELATION BETWEEN THE LANGUAGE AND


THE EXTERNAL WORLD IN DAVID HUME´S THOUGHT

5
Abstract: David Hume, such as some of the greatest philosophers of Modern Age, intended to
discuss the external world problematic. Perhaps would be a world formed by physical objects,
composed by real bodies? Would be an objective world beyond our own mind? According to the
Scotsman philosopher, an inquiry such as that is irrelevant for the aims of a philosophic system
based on the experience. Whereas the principles of the experimental method of reasoning must be
observed, the truth of this world would not be checked. In fact, we may not observe and experience
those things that are out of the domain of our perception. Thus, to know that world would be
beyond the human cognitive capacities. As a result of the limits imposed by observance of the
experimental method of reasoning, the words cannot appoint the things of the world, although we
can think the opposite. Therefore, the language just designate the things while objects of our
perception, while impressions and ideas of human mind. That is the origin of many mistakes in the
domain of philosophical debate: to assume that the words indicate the things of the world, when
they might nominate only our perceptions.

Keywords: David Hume, theory of knowledge, language, external world.

Vinícius França Freitas


FAFCS-UFU, João Naves de Ávila Avenue, 2121- 1U Building; ZIP Code 38400-902,Uberlândia - MG.
e-mail: vinfranca@bol.com.br

Marcos César Seneda


e-mail: mseneda@.ufu.br

Você também pode gostar