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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA...

VARA CRIMINAL DO JURI DA COMARCA DE...

Processo nº:

Marília, já qualificada nos autos do PROCESSO CRIMINAL em epígrafe que


lhe move o Ministério Público, Justiça Pública, por seu advogado, abaixo
subscrito, cujo instrumento de procuração segue em anexo, propor
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, vem, respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, § 3º do Código de Processo
Penal, apresentar:

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

Dentro do prazo legal e com fundamento no artigo 581, IV do Código do


Processo Penal.
Assim espera que Vossa Excelência exerça o juízo que IMPRONUNCIE
A RÉ do crime capitulado no art. 121 e 18, 1 do Código Penal PARA O CRIME
CAPITULADO NO ARTIGO 302 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO.
.

Nestes termos,
pede deferimento.
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE... CÂMARA CRIMINAL

1. DA TEMPESTIVIDADE
Fora publicado no DOE em 03/05/21. Assim, conforme art. 403, §3º a
parte possui 5 dias para a apresentação de memoriais escritos. Com isso, foi
publicado no dia 03 e disponibilizado no dia 04. Contando assim os 5 dias a
partir do 05, sendo o limite de apresentação no dia 11/05/21. E, portanto, a
presente peça é tempestiva.

2. DOS FATOS
Marília, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu
veículo bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em
uma via de mão dupla, Marília decide ultrapassar o veículo à sua frente, o qual
estava abaixo da velocidade permitida.
Para realizar a referida manobra, entretanto, Marília não liga a respectiva
seta luminosa sinalizadora do veículo, por motivo de mau funcionamento, no
momento da ultrapassagem, vem a atingir, Diogo, motociclista que, em alta
velocidade conduzia sua moto no sentido oposto da via.
Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria
Marília e das demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos
sofridos pela colisão.

3. DO DIREITO

Inicialmente, deve-se destacar que a Ré está sendo acusada de homicídio


conforme art. 121 com fundamento no dolo eventual. Ocorre que, não deve prosperar
a devida acusação. O dolo no homicídio pressupõe a vontade e consciência do fim,
como podemos ver:
“No dolo eventual o agente não quer diretamente a realização do
tipo, mas aceita como possível ou até provável assumindo o risco da
produção do resultado. No dolo eventual o agente prevê o resultado
como provável ou ao menos possível, mas, apesar de prevê-lo, age
aceitando o risco de produzi-lo”

Desse modo, destaca-se que a Ré não chegou a sequer prever o resultado.


Com isso, no enquadramento da lei de trânsito, a pena será reduzida
consideravelmente em relação ao homicídio com fundamento do dolo eventual, sendo
de “dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
” HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR.
Recurso defensivo. ABSOLVIÇÃO. Impossibilidade. Imprudência
demonstrada ao cabo da instrução. Conduta típica. Perdão Judicial
não caracterizado. DOSIMETRIA. Penas inalteradas. Preservação da
substituição da privativa por duas restritivas de direitos. Regime
aberto preservado no descumprimento. DESPROVIMENTO. (TJSP;
Apelação Criminal 0000969-60.2017.8.26.0150; Relator (a): Eduardo
Abdalla; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Criminal; Foro de
Cosmópolis - Vara Única; Data do Julgamento: 03/05/2021; Data de
Registro: 03/05/2021)

4. DO MÉRITO

Assim, com todo respeito, foi equivocada a tipificação pelo crime de


homicídio simples na modalidade dolosa pelo juízo ad quo. No caso aqui
citado, Marília, apesar de preocupada, observava os limites de trânsito
impostos pelo CTB e ao bom senso comum, seguindo seu caminho
mantendo a velocidade dentro da permitida no local em que se encontrava.
Porém, por motivo técnico, não veio a acionar a respectiva seta luminosa do
seu veículo.
Deste modo, não há como afirmar que incorreu em culpa, isso
porque para que se caracterize o dolo eventual se faz necessário, além
da previsão de resultado, que o agente assume o risco pela ocorrência
do mesmo, nos temos do artigo 18 do Código Penal, o que confirma o
nobre representando do Ministério Público não foi feliz ao adotar a
Teoria do Consentimento.
Sendo que, Excelência houve culpa exclusiva da vítima, pois ela
vinha trafegando em sua moto em alta velocidade, que não houve
possibilidade de ela feriar o seu veiculo e evitar a colisão com o veiculo
da denunciada o que elimina, na conduta da acusada, o dolo e a culpa.
Sem a presença de elemento subjetivo, não existe a possibilidade de
caracterização de tipificação penal. Consequentemente deve ser
defendida a tese de que a conduta de Marília se caracteriza como fato
atípico, sendo incabível a sua pronuncia.

5. DO PEDIDO

Ex positis, requer:

a) Absolvição do crime doloso previsto no art.121 caput do


Código Penal, pela ausência de provas de que concorreu para
a prática do crime;
b) Se Vossa Excelência entender por bem não acolher o pedido
no mérito, requer que seja DESCLASSIFICADO o homicídio
doloso (artigo 121 c/c artigo 18, ambos do Código Penal)
PARA O CRIME DE HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO
DE VEÍCULO AUTOMOTOR (artigo 302 do Código de
Trânsito Brasileiro).

Nestes termos,
pede deferimento

Campinas, 11 de maio de 2021

Advogado: Pedro Augusto de Oliveira Valladão


RA: 17810433

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