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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO

PARANÁ

CAMPUS TOLEDO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E
CIÊNCIAS EXATAS

CURSO DE QUÍMICA BACHARELADO

Prática 3: Termoquímica

Relatório entregue como parte da


avaliação da disciplina de Físico-química
Experimental I, do curso de Química
Bacharelado, ministrada pela Professora
Doutora Juliana Cheleski Wiggers. 

                                        

Alunos: Vinicius Coppetti Klein   RA: 76264

Toledo - PR
06 de novembro de 2021
1. INTRODUÇÃO

Termoquímica é o estudo da troca de calor quando ocorrem reações


químicas. É um ramo da termodinâmica, pois o conjunto da reação e seu conteúdo
constituem um sistema, como também, as reações químicas provocam troca de
energia entre o sistema e suas vizinhanças.[1]
Portanto, pode-se usar a calorimetria para medir o calor produzido ou
absorvido em uma reação e identificar a variação de energia interna, se a reação
ocorrer a volume constante, ou a variação de entalpia, se a reação ocorrer a pressão
constante. Inversamente, se ΔU ou ΔH forem conhecidas para determinada reação,
se torna possível calcular a quantidade de calor que a reação pode produzir.[1]
Como a liberação de calor corresponde à diminuição da entalpia de um
sistema, pode-se dizer que um processo exotérmico a pressão constante é aquele
no qual ΔH ¿ 0. Inversamente, como a absorção de calor provoca a elevação de
entalpia do sistema, um processo endotérmico à pressão constante é aquele no qual
ΔH >¿ 0. [1]
A determinação do calor de neutralização se dá por meio da reação entre um
ácido e uma base. Em solução aquosa, os ácidos e as bases fortes, se encontram
inteiramente dissociados, sendo o calor de neutralização numericamente igual ao
calor de dissociação da água, porém com sinal contrário. Quando o ácido ou a base
não estão totalmente dissociados o calor de neutralização assume valores
diferentes. No caso por exemplo de um ácido fraco, parte das moléculas não se
encontram dissociadas. [1,2]
A determinação da capacidade calorífica de um calorímetro pode ser
realizada por meio da mistura de soluções diluídas dos reagentes, porém, em
proporções estequiométricas, sendo a variação da energia interna ou até mesmo da
entalpia, devido a reação, deve ser característica e estar registrada na literatura.
[1,2]
O calor específico, pode ser definido como a quantidade de calor necessária
para que cada grama de uma substância sofra uma variação na temperatura, que
corresponde a 1º Celsius, ou Kelvin, ou Fahrenheit. Esta é uma grandeza que
depende somente da substância, não da quantidade de massa, por outro lado, a
capacidade térmica, além de depender do calor específico da substância, também
depende da massa. [1,2]

2. OBJETIVOS

Por meio do experimento determinar a capacidade calorífica de um frasco


térmico, bem como, determinar o calor de neutralização de um ácido forte por uma
base forte, e, de um ácido fraco por uma base forte.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais

- Frasco térmico;
- Termômetro;
- Copos de béquer (250 mL e 50 mL);
- Provetas (100 mL);
- Pipeta Pasteur;
- Placa de aquecimento;

3.2. Reagentes

- HCl 1,0 mol. L−1;


- NaOH 1,0 mol. L−1;
- CH 3COOH 1,0 mol. L−1 ;
- Água destilada;

3.3. Métodos

PARTE I

1. Na proveta foram medidos 75 mL de água a temperatura ambiente e


transferiu-se o líquido para o frasco térmico;
2. Após equilíbrio térmico, com o termômetro foi medida a temperatura do
sistema;
3. Em um béquer foram aquecidos 80 mL de água até próximo da ebulição;
4. Na sequência transferiu-se (com cuidado) o líquido quente (temperatura
próxima de 65°C) para a proveta até a marca de 75 mL;
5. Rapidamente o líquido foi transferido quente para o frasco térmico que já
continha à água a temperatura ambiente;
6. O frasco térmico foi fechado e após equilíbrio térmico, mediu-se novamente
a temperatura do sistema.

PARTE II

1. Em um béquer, limpo e seco, foram adicionados 25 cm3 da solução de


ácido clorídrico 1,0 mol L-1, com 75 mL de água destilada, foi colocado no mesmo
um termômetro, medindo a temperatura da solução, até o equilíbrio térmico;
2. Mediu-se 25 cm3 da solução de hidróxido de sódio 1,0 mol L-1, com 75 mL
de água destilada;
3. Foi feita a leitura da temperatura da solução de hidróxido de sódio em um
béquer, até atingir o equilíbrio térmico (até a temperatura ficar constante) com o
termômetro previamente lavado e seco;
4. A solução de hidróxido de sódio foi adicionada ao frasco térmico,
posteriormente foi adicionada a solução de HCl, fechando o frasco e introduzindo o
termômetro na solução resultante;
5. Foram feitas leituras em intervalos pequenos e constantes de tempo, de 1
em 1 minuto, até que temperatura da mistura tenha atingido um patamar e nele
permaneça.
6. O procedimento anterior foi reproduzido utilizando o ácido acético no lugar
de ácido clorídrico;
7. Foi comparado o valor deste com o valor obtido da neutralização de um
ácido forte com base forte.
Foram apresentados os dados em tabelas e calculou-se o valor do calor de
neutralização e sua entalpia equivalente a quantidade de mols neutralizados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a realização das medidas de temperatura da água, obtiveram-se os


valores contidos na tabela 1.

Tabela 1: Valores das medidas de temperatura da água,


Temperatura (ºC)

Água em temperatura ambiente 33

Temperatura da água aquecida 66

Temperatura final da água na garrafa térmico 43,5

Assim, foi possível calcular a capacidade calorífica da garrafa térmica por


meio da Equação 1.

Calor recebido = - Calor fornecido


Água fria + garrafa térmica = - água quente
C H O . mH O . ΔT + C garrafa . ΔT = - C H O . mH O . ΔT
2 2 2 2
Eq. (1)

Sendo:

C H O=¿ Calor específico da água;


2

mH 2 O = Massa da água;
ΔT = Variação de temperatura da água;
C garrafa = Capacidade calorífica da garrafa térmica.

Assim, substituindo os valores na Equação 1

cal cal
1 .75 g .10,5 ºC + C garrafa . 10,5ºC = - 1 .75 g .22,5 ºC
g . ºC g . ºC
1687,5 cal−787,5 cal
C garrafa =
10,5 ºC

C garrafa =¿ 90 cal/ ºC

Portanto, a capacidade calorífica da garrafa térmica é de 90 cal/ ºC.


Após determinar a capacidade calorífica da garrafa térmica foi determinado o
calor de neutralização de reações ácido-base.
Primeiramente, com a reação entre uma base forte (NaOH) e um ácido forte
(HCl), estes, se dissociam completamente em meio aquoso, como mostram as
Equações 2 e 3.

HC l (aq ) → H +¿+Cl
−¿¿
¿
Eq. (2)

NaOH ( aq) → Na +¿+OH


−¿¿
¿
Eq. (3)

Assim, partindo dessas soluções, a reação de neutralização pode ser descrita


como:

−¿¿ −¿¿

H +¿+Cl ¿
+ Na +¿+OH ¿
→ Na
+¿ ¿
+ Cl−¿¿ + H 2 O(aq) Eq. (4)

Com isso é possível determinar o reagente limitante e em excesso da reação.


Primeiramente se deve calcular o número de mols de cada reagente, sendo a massa
molar do HCl = 36,5 g/mol, e do NaOH = 40 g/mol, e as massas de cada um igual a
100 g, portanto:

m
n= Eq.
MM
(5)

100 g
n HCl =
36,5 g/mol

n HCl =¿ 2,74 mol


100 g
n NaOH =
40 g/mol

n NaOH = 2,5 mol

Sendo uma reação de 1:1, são necessários 2,74 mols de HCl para reagir
totalmente com 2,5 mols de NaOH, portanto, temos menos mols de NaOH reagindo
com HCl nas mesmas proporções molares, assim, o NaOH é o reagente limitante, o
HCl o reagente em excesso.
Posteriormente, com o fim da reação e o equilíbrio térmico, a temperatura
medida foi de 36 ºC, sendo a temperatura inicial dos reagentes igual a 34,6 ºC é
possível calcular a variação de entalpia ( ΔH ) de neutralização, utilizando a Equação
6.

ΔH = - (q ácido + q base+ qcalorímetro ¿ Eq. (6)

cal cal
ΔH = - (1 .100 g .1,4 ºC + 1 .100 g .1,4 ºC + 90 cal/ ºC)
g . ºC g . ºC

ΔH = 390 cal . 4,18 J

ΔH = 1630,2 J

1630,2 J
ΔH =
0,025 mol

ΔH = - 65208 J/mol

Portanto, a entalpia de neutralização é igual a – 65208 KJ/mol, sendo distante


do valor encontrado na literatura de – 57,7 KJ/mol, os valores foram distantes
principalmente por erros no experimento, como a perda de calor ao medir a
temperatura da solução, como o sistema não é totalmente isolado há a perda de
calor para o meio, bem como a má calibração das vidrarias utilizadas, além da
elevada temperatura no dia do procedimento, o que elevou a temperatura dos
reagentes, interferindo no resultado.

Agora, com a reação entre um ácido fraco ( CH 3 COOH ¿ e uma base forte
(NaOH), diferentemente da primeira reação, o ácido fraco não se dissocia
completamente, Equações 7 e 8.

CH 3 COO H (aq ) → CH 3 CO O−¿¿ + H +¿¿ Eq.


(7)

CH 3 COO H (aq ) + NaOH ( aq) → CH 3 CO O−¿¿ + Na +¿¿ + H 2 O (aq) Eq.


(8)

Com isso é possível determinar o reagente limitante e em excesso da reação.


Calculando primeiramente o número de mols de cada reagente, sendo do NaOH =
2,5 mol, e do CH 3 COOH tendo uma massa molar de 60,052 g/mol, seu número de
mols é 1,665 mol. Como esta é uma reação de 1:1 são necessários 1,665 mols de
CH 3 COOH para reagir com 2,5 mols de NaOH, portanto, temos menos mols de
CH 3 COOH reagindo com NaOH nas mesmas proporções molares, assim, o
CH 3 COOH é o reagente limitante, e o NaOH o reagente em excesso.
Com o fim da reação e o equilíbrio térmico da solução, a temperatura medida
foi igual a 35 ºC, sendo a temperatura inicial dos reagentes igual a 34 ºC é possível
calcular a variação de entalpia ( ΔH ) de neutralização, utilizando a Equação 6.

cal cal
ΔH = - (1 .100 g .1 ºC + 1 .100 g .1 ºC + 90 cal/ ºC)
g . ºC g . ºC

ΔH = 290 cal . 4,18 J

ΔH = 1212,2 J

1212,2 J
ΔH =
0,025 mol
ΔH = - 48488 J/mol

Portanto, a entalpia de neutralização é igual a – 48,488 KJ/mol, sendo


plausível com o valor encontrado na literatura que seria um valor menor do que –
57,7 KJ/mol, sendo uma reação exotérmica, libera energia, pois, parte da energia
dos íons é utilizada para formar as ligações, que formam as moléculas de água e a
energia restante é liberada, assim, o valor da entalpia de neutralização é sempre
negativo, portanto, é correto dizer que a liberação de – 48,488 KJ/mol é menor do
que a liberação de – 57,7 KJ/mol. Apesar de haver erros experimentais já antes
citados o valor calculado foi perto do esperado. Sendo uma reação de um ácido
fraco com uma base forte, como não há a total dissociação do ácido fraco, a
variação de entalpia de neutralização será diferente da variação de entalpia de
neutralização de um ácido forte com uma base forte.
Na Tabela 2 estão todos os valores encontrados das variações de entalpia
nos dois casos, bem como seus valores esperados na literatura.

Tabela 2: Valores das variações de entalpia.


Reações ΔHr ( J ) J J
ΔHr ( ) ΔHliteratura ( )
mol mol
HCl + NaOH 1630,2 J - 65208 J/mol – 57700 J/mol

CH 3 COOH + 1212,2 J - 48488 J/mol ¿– 57700 J/mol


NaOH

5. CONCLUSÃO

Por meio do experimento, foi possível determinar a capacidade calorífica de


um frasco térmico, e utilizando este valor, foi possível calcular o calor de
neutralização de um ácido forte por uma base forte, e, de um ácido fraco por uma
base forte, obtendo resultados aceitáveis. No entanto, devido a erros no experimento
como principalmente a perda de calor da reação, a má calibração das vidrarias, bem
como erros no manuseio das vidrarias, houveram diferenças nos valores das
variações de entalpia, se comparados com a literatura, principalmente da reação
entre HCl e NaOH, sendo obtido um valor maior de entalpia do que o esperado, pois,
a temperatura no dia do procedimento estava elevada, considerando que na
entalpia-padrão de neutralização todos os reagentes, tanto o ácido quanto a base
estão no estado padrão, ou seja, T = 25 ºC e P = 1 atm, no entanto os reagentes no
dia do procedimento estavam a aproximadamente 34 ºC, interferindo assim no
resultado.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ATKINS, P.; PAULA, J. Físico-química 1. 9ª Ed. Vol. 1. LTC – Livros Técnicos e Científicos. Rio
de Janeiro - RJ, 2012.

[2] CASTELLAN, G. Fundamentos de Físico-química. Rio de Janeiro; São Paulo: LTC-Livros


Técnicos e Científicos. 1986.
 

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