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Guerras Napoleónicas

Antecedentes: Para perceber o mapa geopolítico e a política de alianças das Guerras


Napoleónicas, é necessário ver as mudanças que aconteceram após a Revolução Francesa.
A queda do absolutismo em 1789 abalou a Europa, sobretudo tendo em conta que se dá no
país mais populoso da Europa na altura excluindo o gigante russo.
Após a revolução, os girondinos pretendem exportar os ideais liberais enquanto enfrentavam a
radicalização do processo internamente, e o Rei procura nas potências estrangeiras apoios
para a restauração do Antigo Regime. Em Junho de 1791, o monarca falha uma tentativa de
fuga e é capturado, com isso, todo o clima se radicaliza, levando ao crescimento do
republicanismo e do jacobinismo. Então, os franceses defendem-se da crescente ingerência
externa lançando uma guerra preventiva contra a Áustria em 1792.
Entretanto, em 1799, Napoleão assume o poder, derrubando um Directório enfraquecido, no
Golpe do 18 de Brumário, instituindo o Consulado sendo o próprio, Primeiro-Cônsul. Em 1802,
a segunda coligação é desfeita pelo Tratado de Amiens, dados os êxitos militares dos
franceses.
Napoleão Bonaparte nasceu em Agosto de 1769. Durante o período da Revolução Francesa
(1789-1799), percorre diversas patentes na estrutura militar francesa, visto que participa em
diversas incursões pela Europa e pelo Mundo, como na Áustria, Itália, Egipto e Síria, valendo-
lhe a promoção a General.
A 2 de Dezembro de 1804 Napoleão torna-se efectivamente líder de toda a França, ao ser
coroado como Napoleão I, Imperador de França, na Catedral de Notre-Dame em Paris, na
presença do Papa Pio VII.
Em 1796, a continuação da guerra contra a Áustria e Espanha vai desencadear dois resultados
principais, o controlo francês da Península Itálica e da Suíça, campanha encabeçada por
Napoleão, e um tratado de paz entre franceses e espanhóis que dita a integração dos dois
países numa aliança contra o Reino Unido.

Guerra da Terceira Coligação: Em 1803, o Reino Unido declara guerra a França, que irá atacar
o que restava das posses coloniais francesas, dando início ao período das Guerras
Napoleónicas. Napoleão torna-se então Imperador em 1804.
Napoleão que ambicionava invadir a Inglaterra, pretende lançar uma grande ofensiva naval em
1805, mas é derrotado juntamente com os aliados espanhóis, sobretudo devido a
movimentações estratégicas desastrosas.
No continente europeu, como resposta às provocações de Napoleão de progressiva
incorporação dos territórios à esfera francesa e liberal, a Rússia e a Áustria juntam-se ao Reino
Unido para formar a terceira coligação.
Os austríacos atacam a Baviera, como consequência da vitória francesa, a Áustria abandona a
coligação, Veneza é incorporado no Reino de Itália e Tirol á Baviera. Para além disso, já em
1806, Francisco II dissolve o Sacro Império Romano, instituição política que unia vagamente os
vários estados germânicos sob o jugo de um Imperador, a mando de Napoleão. O título de
Imperador do Sacro Imperador Romano era ocupado pela Casa de Habsburgo, que via assim
diminuída a sua influência na esfera germânica. É criada então a Confederação do Reno com o
apadrinhamento de Napoleão, que envolve uma aliança militar entre vários estados
germânicos alinhados com os franceses.
Guerra da Quarta Coligação: A 4ª Quarta Coligação tem o seu início a 7 de Outubro de 1806 e
o seu fim a 9 de Julho de 1807. Inicia-se com a Prússia declarar guerra à França após um
Ultimato que consistia na exigência do retirar das tropas francesas a leste do rio Reno em 7 de
Outubro de 1806.
Esta Coligação é marcada pela Aliança formada pela Grã-Bretanha e pela Prússia, Rússia e
Suécia (Nações Absolutistas), o Reino de Sicília e mais tarde pela Saxónia que se juntou à
mesma a 11 de Dezembro de 1806.
Esta guerra teve assim os seus acontecimentos desenvolvidos em vários territórios
nomeadamente a Saxónia, Prússia, Polónia e Prússia Ocidental e o seu desfecho foi marcado
pela vitória Francesa que levou a que o Czar Alexandre I assinasse um Tratado de Paz com
Napoleão, que ficou conhecido como o Tratado de Tilsit que data então de 9 de Julho de 1807
e que foi também ele assinado entre a França e a Prússia.
Mas não só, França e Inglaterra agudizam as suas rivalidades, e com isso Napoleão decreta um
bloqueio Internacional a essa mesma Nação, bloqueio esse que ficou também conhecido por
uma proibição, proibição essa que consistia em impedir o acesso a portos dos países
submetidos ao domínio francês a navios ingleses. Esse bloqueio foi criado com a emanação do
decreto de Berlim de 22 de Novembro de 1806, ao qual se viria também a juntar Portugal
tardiamente já em 1808.

Guerra Peninsular - 2 de Maio 1808 a 17 de Abril de 1814: Vista pelos portugueses como as
invasões francesas e por espanhóis como uma guerra pela sua independência, a Guerra
Peninsular foi uma consequência da Campanha do Rossilhão que opusera Portugal ainda que
não directamente, Espanha e Reino Unido à França uns anos antes, no período da Convenção,
e posteriormente uma consequência da adesão tardia de Portugal ao Bloqueia Continental à
Inglaterra decretado por Napoleão.
Quando D. João aceita as condições do Bloqueio Continental, já as tropas francesas lideradas
por Junot se preparavam para entrar nas fronteiras portuguesas o que viria a acontecer a 20
de Novembro de 1807 depois de terem entrado e cruzado o território espanhol. Chegariam a
Lisboa a dia 30, um dia depois da saída do Rei e da família Real em direção ao Brasil com apoio
inglês. Seria a única de três invasões a chegar a Lisboa.
Simultaneamente, Napoleão enviava mais tropas francesas para Espanha com o intuito de
ajudar as tropas já presentes em Portugal, conquistando e tomando cidades espanholas e
marchando sobre Madrid.
Portugal declarava guerra à França e reatava a sua velha aliança com Inglaterra que entraria
com uma expedição pelo Porto após passar pela Corunha.
As outras duas invasões francesas lideradas primeiro por Soult e depois por Massena não
viriam a ter o mesmo peso que primeira. Em Espanha, Napoleão mantinha controlo sobre o
território através do seu irmão José. Teriam de ser as tropas inglesas a ingressar no território e
a acabar com a ocupação francesa até avançarem até para o Sul de França em 1813.

Guerra da Quinta Coligação: A 5º Coligação tem o seu início a 10 de Abril de 1809 inicio esse
que surge como consequência do poder que Napoleão exercia sobre a Europa com a exceção
da Rússia e da Grã-Bretanha e o seu final data de 14 de outubro do mesmo ano, 1809.
Esta guerra viu os seus acontecimentos desenvolverem-se em território da Europa Central, de
Itália e em território Holandês.
Esta Coligação é marcada pela Aliança formada pela Grã-Bretanha, pela Áustria, Prússia e
Suécia, aliança essa opositora de França de Napoleão Bonaparte.
O poderio de Napoleão atinge um apogeu nunca antes conseguido e é no Tratado de Viena (ou
Schönbrunn como já foi citado anteriormente) em Outubro de 1809 que esse apogeu é
assinalado. Napoleão torna-se assim, o dono absoluto de grande parte da Europa Ocidental e
Central o que equivalia a cerca de 70 milhões de pessoas que significava cerca de metade da
população europeia da altura.
Após o fim desta Guerra entre franceses e austríacos, Napoleão desposa a arquiduquesa
aquando da assinatura do Tratado entre as duas potências.

Invasão à Rússia: Desde 1810 que Napoleão Bonaparte planeava a invasão ao Império Russo,
com o objectivo de conquistar Moscovo e São Petersburgo a Alexandre I, Czar da Rússia, bem
como obrigá-lo a aceitar as condições impostas no decreto do Bloqueio Continental a
Inglaterra de 1806, assinando a sua rendição face à superioridade napoleónica.
Alexandre I era um opositor às ambições expansionistas de Napoleão, e por isso já tinha
participado em anteriores coligações como a de 1805 com a Áustria e em 1806 com a Prússia,
saindo de ambas derrotado.
Napoleão começa a reunir os seus soldados e exércitos no leste Europeu, junto à cidade de
Grodno (actualmente Bielorrússia) e junto ao Rio Neman.
Os russos também já preparavam a sua máquina de guerra há algum tempo, mas de uma
forma dispersa e desorganizada, sem um verdadeiro comandante de todas as operações,
atrasando assim a sua preparação.
No dia 24 de Junho de 1812, a Campanha sobre a Rússia inicia-se, avançando com o seu
“Grand Armée”. Inicialmente apenas pequenas batalhas foram contabilizadas nas rotas
assumidas, uma para São Petersburgo e outra para Moscovo, só que em Agosto duas grandes
batalhas desenrolam-se. A primeira, em Polotsk, na rota de São Petersburgo, que obriga as
tropas napoleónicas a abandonarem a ideia de chegar à capital do Império de Alexandre I, e a
segunda batalha em Smolensk, na rota de Moscovo, que vitima milhares de tropas francesas
mas que termina numa vitória de Napoleão e o prosseguimento da rota de Moscovo.
Mas a 7 de Setembro de 1812 dá-se a Batalha de Borodino, desfecho desta batalha é a vitória
de Napoleão e assim avança para Moscovo, alcançando-a a 14 de Setembro, mas a partir da
sua chegada a Moscovo é que a Campanha Russa começa a fracassar.
Os russos seguiram uma táctica de destruição prévia, ou seja, evacuaram a cidade, recuaram
as suas tropas, incendiaram as casas, levaram todos os alimentos e cortaram as fontes de
fornecimento de água, e assim os franceses enfraquecer-se-iam, visto que os meses de Inverno
rigoroso aproximavam-se e sem mantimentos para todas as tropas entrava-se numa questão
de subsistência.
A partir de Outubro, as tropas francesas iniciam a sua retirada e no mês de Dezembro o
território russo estava desocupado.

Guerra da Sétima Coligação: A França é invadida em 1814 pelo Leste pela Rússia, Prússia,
Áustria e Suécia e pelo Sul por Inglaterra, Portugal e Espanha, forças comandadas por
Wellington que já estavam em Espanha a ajudar a expulsar os franceses desde 1810. Com esta
invasão Napoleão é forçado a abdicar e é exilado em Elba.
O Período dos Cem Dias também conhecido com a Guerra da Sétima Coligação diz respeito ao
período que foi desde o regresso de Napoleão a Paris após o seu exílio em Elba a 20 de Março
de 1815 até 8 de Julho e opôs o exército francês à aliança formada pelo Reino Unido, Prússia,
Rússia, Suécia, Áustria, Holanda e alguns Estados Germânicos. Napoleão saiu de Elba juntando
apoiantes, de derrubando Luís XVIII e montando um exército de mais de 250 mil homens
contra os mais de 700 mil da aliança adversária. A mais importante Batalha desta Guerra deu-
se em Waterloo na Bélgica opondo, cerca de 72 mil homens franceses a 68 mil homens
comandados pelo Duque de Wellington que mesmo em inferioridade numérica iria vencer
Napoleão e por fim ao Domínio de Império Francês.
Tendo lugar no lamacento planalto de Mont Saint Jean e a Campanha de Waterloo foi uma das
mais curtas do período das guerras napoleónicas tendo durado apenas quatro dias mas
colocou em confronto os melhores generais do seu tempo, como Napoleão e Wellington.
A 21 de Junho, Napoleão regressa a Paris e é aconselhado a assumir o poder legislativo de
novo dissolvendo a Câmara, mas este decide abdicar pela segunda vez no dia seguinte (22 de
Julho) desanimado pela pesada derrota e também receando uma Guerra Civil. Entregar-se-ia
mais tarde aos seus inimigos ingleses e seria deportado para o meio do Atlântico para a ilha de
Santa Helena onde permaneceria até à sua morte.

Congresso de Viena: O Congresso de Viena inicia-se em Setembro de 1814, meses após o


primeiro exílio de Napoleão Bonaparte na Ilha de Elba, no Mar Mediterrâneo. O Congresso foi
um conjunto de reuniões entre 1814 e 1815, nas quais os representantes das potências aliadas
e também França, queriam reestabelecer a ordem no mapa geopolítico europeu, que desde a
Revolução Francesa de 1789 e depois com o avanço imperialista de Napoleão Bonaparte até
1815, havia sido alterada.
Um dos objectivos era reconfigurar o mapa geopolítico europeu, fazendo recuar as fronteiras
de França para as existentes em 1792, retirando-se de todos os territórios ocupados ou
anexados, e ainda estabelecer valores indemnizatórios aos territórios afectados no período
napoleónico. Além da reconfiguração das fronteiras europeias, o Congresso de Viena define o
retomar dos absolutismos régios e o controlo sobre os ideais liberais que ameaçassem a
restituição da Antiga Ordem.

Legado Militar: A Era Napoleónica desenvolveu e alastrou as ideias de nacionalismo e de


liberdade pela Europa vindo a influenciar a independência de nações e a criação de novos
estados durante o século XIX. Foram guerras não em nome de um monarca mas de ideias
revolucionárias. Foi também um período de intensos conflitos onde batalhas atingiram
tamanhos nunca antes vistos. Os maiores avanços deram-se a nos campos táctico e de
organização do exército e não tanto a nível tecnológico.

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