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São Paulo
19/11/2020 08h30 · Atualizado há uma semana
Mulheres negras são 27,8% da população nacional. Além disso, 40% das famílias
brasileiras, o equivalente a 57 milhões de lares, são chefiadas por mulheres. Dentre
esses, 57% estão abaixo da linha de pobreza. Se nos concentrarmos apenas nos lares
chefiados por mulheres negras, o percentual daquelas abaixo da linha de pobreza
aumenta para 64,4%.
Some-se a isso dados referentes à diferença salarial entre homens e mulheres,
considerando-se, também, o recorte racial. Segundo os dados mais recentes do IBGE,
as mulheres ganham, em média, 22% menos do que os homens. Já entre mulheres
negras e homens brancos, a diferença de rendimentos é de 53,6% em desfavor delas.
Há, ainda, a desigualdade intergênero, apontada por Sueli Carneiro no fim da década
de 80, que se mantém mais de 30 anos depois: a renda de mulheres negras equivale a
58,6% daquela das mulheres brancas. Já entre mulheres brancas e homens negros, o
cenário é igualmente alarmante: mulheres brancas ganham cerca de 26% mais do que
homens negros.
Em mais de uma ocasião, já defendi que nosso direito tributário tem evoluído em bases
estéreis: por muito tempo, a academia se furtou de incorporar ao debate tributário os
impactos da tributação sobre as finanças públicas, sob o argumento de que reflexões
nesse sentido contaminariam o direito tributário com áreas que lhe eram estranhas.
Em nome de pureza científica, ficamos presos à célere frase de Alfredo Augusto Becker:
“o direito tributário termina no DARF”.
Nos últimos anos, porém, vejo alterações significativas nesse cenário. A conexão do
direito tributário com o direito financeiro e a percepção de que as formas de tributação
têm impacto no modo de financiamento do Estado e na maior ou menor realização de
valores caros à Constituição de 1988, como a redução das desigualdades sociais, tem
estado presente nas reflexões acadêmicas contemporâneas.
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