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11.

Técnica de Análise de conteúdo

Análise de discurso e coneituação


Dentro do contexto histórico, essa técnica se iniciou através da decodificação
de símbolos, sinais e mensagens de textos bíblicos, para interpretação das metáforas e
parábolas contidas nesse documento, posteriormente em 1640, no século XVII, na
Suécia são realizadas pesquisas de autenticidade de hinos religiosos e seus efeitos sobre
os luteranos, com analise dos temas, valores, modalidades e complexidade estilísticas
desses escritos. Dentre o período de 1888 - 1892, o francês B. Bourbon analisou a
expressão das emoções e tendências da linguagem em uma pesquisa quantitativa. No
início do século XX, a análise de conteúdo passa a ser usado na interpretação dos
artigos da imprensa, sobretudo nos Estados Unidos, com a finalidade de medir o
impacto sensacionalista, após a 1ª. Guerra mundial, a análise de conteúdo teve foco nas
propagandas.
Já nos tempos atuais, o que existe são debates e discussões a respeito do
uso do método segundo as perspectivas quantitativas descritas por Berelson,
Lazersfeld e Lasswell e seus seguidores e as novas tendências, mais voltadas à
procura dos conteúdos não manifestos e associadas às inferências sobre o
material estudado, numa perspectiva qualitativa de pesquisa.
Como uma das maiores dificuldades na produção de uma pesquisa científica
temos o desconhecimento e a não familiaridade com os métodos ou técnicas
empregados, por isso, se faz necessário que seja aplicado um conjunto de técnicas de
análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das informações relatadas, assim como analise de indicadores,
podendo ser quantitativos, mais ligados a aspectos matemáticos manifestos ou
qualitativos, permitindo análise das informações um caráter subjetivo latente.
A análise do conteúdo não trata-se somente de um instrumento, mas um “leque
de apetrechos; ou, com maior rigor, um único instrumento, mas marcado por uma
grande disparidade de formas e ddaptável a um campo de aplicação muito vasto: as
comunicações” (Baldin 1977, p.31)
Podemos então observar que o método de análise de conteúdo é balizado por
duas fronteiras: de um lado a fronteira da linguística tradicional e do outro o território
da interpretação do sentido das palavras, nas figuras de linguagem, reticências,
entrelinhas, quanto dos manifestos e no centro localiza-se o grupo lógico-semânticos,
onde o analista se vale de definições, que são problemas de lógica.
O conteúdo de uma comunicação, não obstante a fala humana, é muito rica e
apresenta uma visão polissêmica e valiosa, permitindo ao pesquisador qualitativo uma
variedade de interpretações, a questão nesse momento é como visualizá-lo no campo
objetivo e no campo simbólico, subjetivo, o que nos remete uma breve discussão sobre
os limites dos “conteúdos manifestos” e dos “conteúdos latentes” de uma mensagem.
Os conteúdos manifestos (explícitos), mostra-se partir tal como se manifesta,
não permitindo se fale através dele, já dentro dos conteúdos latentes, subjetivos, os
resultados devem refletir os objetivos da pesquisa, através da análise das entrelinhas das
mensagens que podem não estar muito claras, onde desconsiderar essa questão pode
representar a negação completa da subjetividade humana por outro lado a imposição dos
seus próprios valores, dessa forma a análise de conteúdo não pode estar extremamente
vinculada ao texto ou a técnica, de forma a prejudicar a criatividade e a capacidade
intuitiva do pesquisador, assim como nem tão subjetiva, levando-se a impor as suas
próprias ideias ou valores, no qual o texto passe a funcionar como base de confirmação
destas.
Quanto as fases da análise de conteúdo podemos citar pré-exploração, unidades
de análise e processo de categorização conforme melhor detalhado abaixo:
I – Pré-exploração do material ou de leituras flutuantes, afim de selecionar o
material, com o intuito de aprender as ideias principais e seus significados gerais e
organizar aspectos importantes, obtendo impressões, orientações.
II – Seleção das unidades de análise, nessa o investigador é orientado pelas
questões de pesquisa que necessitam ser respondidas, nesse momento, as unidades de
análises incluem palavras, sentenças, frases, parágrafos ou um texto completo de
entrevistas, diários ou livros, que buscam evidenciar segundo um processo dinâmico e
indutivo de atenção ora manifesta da mensagem explícita, ora as significações não
aparentes do contexto.
III – Processo de categorização e sub-categorização, caracterizando as
categorias como grandes enunciados que abordam um número variável de temas,
segundo o grau de intimidade ou proximidade, com a finalidade de expressar pela
análise do pesquisador significados e elaborações importantes que atendam aos
objetivos de estudo e criem novos conhecimentos. As categorias podem ser
apriorísticas, isto é com experiência prévia ou interesses, no entanto essa categoria pode
limitar novos conhecimentos, e não apriorísticas a partir da análise totalmente do
contexto das respostas dos sujeitos, exigindo do pesquisador um intenso ir e vir ao
material analisado as correntes teóricas, além de não perder de vista o atendimento aos
objetivos da pesquisa.
O exercício de compreensão e discussão das informações ou resultados é um
processo que que precisar ser realizado conjuntamente com os outros passos da análise,
ou seja, à medida que são feitos, os idos e vindos ao material, a base teórica, referencial
pessoal do pesquisador e suas inferências, levando em conta sua teoria, percepção,
podem vir enviesadas por ideias pré-concebidas e cristalizadas, o que se faz necessário
validação como por exemplo na triangulação de teorias, na busca da validade intrínseca
pelo embasamento de cada uma delas, ou até por validação aos pares ou por juízes.
Como justificativa do uso do método de análise de conteúdo em nosso projeto
visamos demonstrar através da sua versatilidade e possibilidade de inferir pela
criatividade e pela capacidade do pesquisador qualitativo lidando com situações que,
muitas vezes, não podem ser alcançadas de outra forma, em nosso projeto, o método
quantitativo, contexto em que iremos analisar conteúdo da subjetividade de
profissionais bem como relato de casos vivenciados por sua experiência na expressão
física de elementos não expressados.

11.1 Dispositivo de análise

Fazer tabela
Como dispositivos da análise de conteúdo, observamos as informações, relatos
e narrativas a partir de um roteiro, iniciando com a fase da pré-análise, nesta é realizada
uma leitura flutuante, as escolhas dos artigos, documentos e relatos seguindo as regras
exaustivas, representatividade, homogeneidade e pertinência, possibilitando a
formulação hipóteses relacionados aos objetivos para a pesquisa e elaboração dos
indicadores, em uma segunda fase será explorado o material, em uma operação de
codificação, na qual é aplicado técnicas específicas segundo regras previamente
formuladas, em uma terceira fase se dá o tratamento dos resultados e interpretações
relacionando aos resultados do escopo teórico, viabilizando conclusões para o avanço da
pesquisa, segundo Bardin (1977).
Referências

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977

CAMPOS, C. J. G. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise


de dados qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília,
v. 57, n. 5, p. 611-614, set./out. 2004. Disponível
em:https://www.scielo.br/j/reben/a/wBbjs9fZBDrM3c3x4bDd3rc/?
format=pdf&lang=pt. Acesso em: 29/10/2021.

RAMOS, R. C. S. S; SALVI, R. S. ANÁLISE DE CONTEÚDO E ANÁLISE


DO DISCURSO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA – UM OLHAR SOBRE A
PRODUÇÃO EM PERIÓDICOS QUALIS A1 E A2. IV SEMINÁRIO
INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, Brasilia -
DF, ano 2009, ed. IV, p. 1-20, 25 out. 2009. Disponível em: http://www.uel.br/grupo-
pesquisa/ifhiecem/arquivos/9GT94689598053.pdf. Acesso em: 29 out. 2021.

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