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Introdução

O presente trabalho pretende analisar o processo de formação do solo . De


um modo geral o solo, do ponto de vista pedológico, é considerado como um
sistema disperso constituído de três fases, sólida, líquida e gasosa. A fase sólida é
representada por duas partes, a mineral e a orgânica. A parte mineral é constituída
de partículas de dimensões variadas provenientes da decomposição das rochas e
dos minerais e pelos agentes intempéricos. A fase orgânica é constituída de detritos
animais e vegetais em vários estágios de decomposição ou pelos organismos vivos.
A fase líquida é formada pela água do solo que se movimenta ou que é retida entre
as partículas sólidas. A fase gasosa como a água, ocupa os espaços entre as
partículas sólidas.

O conjunto de processos que leva à degradação e decomposição das rochas


é denominado de intemperismo, que pode ser de natureza física ou química. Os
processos de formação do solo são divididos em gerais (adição, remoção,
transformação e translocação) e específicos, que conduzem à formação de tipos
distintos de solos. Os fatores de formação do solo definem o estado do sistema, no
qual atuam os processos. Esses fatores são o material de origem, o clima, o relevo,
os organismos vivos e o tempo.

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1.Intemperismo

O intemperismo é o processo de transformação e desgaste das rochas e dos


solos, através de processos químicos, físicos e biológicos. Sua dinâmica acontece
através da ação dos chamados agentes exógenos ou externos de transformação de
relevo, como a água, o vento, a temperatura e os seres vivos.

O processo de desagregação das rochas provocado pelo intemperismo provoca o


surgimento de pequenas partículas de rochas, chamadas de sedimentos, existem
três tipos de intemperismo: o físico, o químico e o biológico.
.

1.1.1 Intemperismo físico

O intemperismo físico é composto pelos processos que levam à fragmentação


da rocha, sem modificação significativa em sua estrutura química ou mineralógica.
Essas quebras podem ocorrer por vários processos, como a variação de
temperatura, crescimento de raízes, congelamento e precipitação de sais, em que os
dois primeiros processos são os mais importantes para as condições climática.

A maior contribuição do intemperismo físico é o aumento de área superficial


específica para o avanço do intemperismo químico e a pedogénese. Com a variação
de temperatura, as rochas, que são compostas por diversos minerais, se dilatam e
contraem de maneira diferenciada (coeficientes de dilatação e contração distintos),
com direção e com intensidade diferentes, gerando tensões no corpo da rocha e
levando à fadiga e fratura do material. Espécies pioneiras arbustivas e arbóreas
podem exercer grandes pressões sobre as rochas, através do crescimento das
raízes entre as fendas. Exemplos típicos dessa força são os danos causados pelas
raízes de algumas árvores ao calçamento e às fundações das construções .

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1.1.2 Intemperismo químico
Na natureza, é praticamente impossível separar o intemperismo físico do
intemperismo químico, já que ocorrem quase simultaneamente e devido à diferença
de ambiente na formação da rocha em relação ao ambiente na formação do solo. As
transformações e reações que ocorrem são no sentido do equilíbrio com o ambiente.
O intemperismo químico é o conjunto de reações que levam à modificação da
estrutura dos minerais que compõem a rocha. O intemperismo químico aumenta à
medida que o intemperismo físico avança, devido ao aumento de área superficial
específica dos minerais.

As principais reações químicas são hidratação, solução, complexação,


hidrólise e oxirredução. As primeiras duas reações são típicas em solos mais jovens
ou ambientes que propiciam menor transformação, a terceira ocorre na formação de
horizonte Bhs (vide Unidade B) e as últimas duas reações são fundamentais em
clima mais chuvoso.

1.1.3 Intemperismo biológico


o processo de transformação das rochas a partir da ação de seres vivos,
como bactérias ou até mesmo animais. Incluem-se nesse processo as raízes das
árvores, as ações de bactérias, a decomposição de organismos ou excrementos,
entre outros.

1.2 Formações dos solos

O processo de origem, formação e transformação dos solos está diretamente


relacionado com o intemperismo e com a acumulação de material orgânico.

Basicamente, os solos formam-se a partir do processo de decomposição das


rochas de origem, chamadas de rochas mãe. Isso significa dizer que, no início, não
existiam solos na Terra, mas apenas grandes e variados grupos rochosos que foram
lentamente desgastados pelo clima, pela ação da água e dos ventos e também
pelos seres vivos, sobretudos as plantas. Com isso, essa lenta desagregação
proporcionou a formação de sedimentos, que se mantêm aglomerados e compõem
os solos.

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1.2.1 Agentes formadores do solo

Os agentes de formação de solos são elementos que estabelecem as


condições ou estado do sistema que motivam direta e indiretamente as
manifestações mais ou menos agressivas, que são: o material de origem, o relevo, o
clima, os organismos e o tempo, os quais estão interrelacionados entre si na
natureza.

1.2.2 Material de Origem

O material de origem é o material do qual o solo se forma, podendo ser de


natureza mineral (solos de origem mineral) ou orgânica (solos orgânicos).

Na formação do solo, o fator material de origem influencia em diversos


atributos e pode ser dividido em dois grandes grupos: as rochas e os
sedimentos. As principais características das rochas que influenciam nos
atributos do solo são: composição química e mineralogia, cor e textura.
(Brady e Weil, 2013).

1.2.3 Relevo

Segundo Anjos et al. (1998), a distância do lençol freático e a declividade são


as principais características que controlam esses processos. Os pontos mais altos
da paisagem devido ao distanciamento do lençol freático possuem boas condições
de drenagem e, quando associados a baixas declividades favorecem a maior
infiltração da água.

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O relevo refere-se às formas do terreno que compõe a paisagem. Sua ação
reflete-se, quer diretamente sobre a dinâmica da água, tanto no sentido vertical
(infiltração), como lateralmente (escorrimentos superficiais – enxurradas – e dentro
do perfil), quer indiretamente sobre o clima dos solos (temperatura e umidade)
através da incidência diferenciada da radiação solar.(OLIVEIRA, 1992)

Queremos com isso dizer que o relevo é considerado um importante fator na


formação do solo, pois é responsável pelo controle de toda dinâmica dos fluxos de
água na paisagem, como lixiviação de solutos, atuação de processos erosivos e
condições de drenagem.

1.2.4 Clima

A atuação do clima na pedogénese está associada principalmente aos


atributos
precipitação pluviométrica, as taxas de evaporação e a temperatura, tendo em vista,
a influência dos mesmos no intemperismo e evolução dos solos.

Para Kämpf e Curi (2012), a água fornecida pelas chuvas tem efeito direto na
formação do solo, pois através das reações de hidrólise, há a alteração do material
de origem e a remoção dos solutos originados na reação.

Portanto, em ambientes de clima tropical com altas taxas de precipitação


pluviométrica e altas temperaturas, o intemperismo é intenso sendo formados solos
profundos e de composição química e mineralógica bastante alterada. Em regiões
de clima frio e temperado, os solos tendem a ser mais jovens, menos
intemperizados e com horizontes superficiais com teores de carbono orgânico mais
elevados. Já em áreas em que as taxas de evaporação excedem a precipitação
pluviométrica pode ocorrer a formação de solos salinos e/ou que apresentam
elevados conteúdo de sódio, também nesse ambiente podem ser verificadas argilas
expansivas que propiciam a formação de rachaduras na superfície do terreno e
fendas em profundidade.

1.2.5 Organismos
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Segundo Oliveira (1992), Os organismos vivos, microflora, microfauna,
macrofauna e microflora, pelas suas manifestações de vida, que no interior dos
solos, atuam como agentes de sua formação. O homem também faz parte deste
contexto, pois, pela sua atuação, pode modificar intensamente as condições
originais do solo. Dos organismos sobressaem, por sua intensa e mais evidente
atuação como fator pedogenético, a macroflora.

Com isso cumpre-nos dizer que sem vida não há solo. Os organismos são
fundamentais para o processo de formação de solos. O solo não deve ser
considerado apenas um produto de destruição das rochas, porque a ação dos
organismos cria e destrói feições, propriedades e características desses materiais,
dependendo de sua ação no espaço e no tempo.

1.2.6 Tempo

Para Kämpf e Curi, (2012), O tempo é o mais passivo dos fatores: não
adiciona, não exporta material nem gera energia que possa acelerar os fenômenos
de intemperismo mecânico e químico, necessários à formação de um solo. Contudo,
o estado do sistema solo não é estático, varia no transcorrer das transformações,
transportes, adições e perdas que têm lugar na sua formação e evolução.

O fator tempo apresenta uma relação não apenas de cronologia, mas também
de maturidade e evolução em ambientes de clima árido e semiárido, com baixa
precipitação pluviométrica, mesmo com o material de origem exposto por um longo
tempo, a baixa intensidade de intemperização formará solos jovens, pouco
evoluídos. Por outro lado, condições de intenso intemperismo e alteração do
material de origem, mesmo com exposição recente deste, formará solos maduros e
evoluídos do ponto de vista da pedogénese.

Com base nesta concepção, admite-se que as características e a distribuição


geográfica dos solos na paisagem estão estreitamente relacionadas com a natureza
das condições ambientais em um determinado local ao longo do tempo (Figura 1).

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Figura 1. Representação de um transecto com variações na cobertura pedológica relacionadas

à atuação dos fatores de formação do solo.

Queremos com isso dizer que, a interação dos fatores de formação do solo dá
origem aos processos pedogenéticos, sendo reconhecidos quatro processos
múltiplos (transformação, translocação, adição e perda). A atuação desses
processos em diferentes intensidades de acordo com as condições ambientais é
responsável pela variabilidade dos tipos de solos de uma determinada paisagem.

De acordo com Brady e Weil (2013), o processo múltiplo de transformação


atua na modificação dos constituintes do solo, seja ela de natureza física ou
química; o processo de translocação implica na movimentação de material orgânico
ou inorgânico dentro do perfil; o processo de adição consiste na entrada de material
por fontes externas ao solo e; o processo de perda é caracterizado pela remoção,
seja de partículas, por ação da erosão, ou de cátions, pela lixiviação.

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Considerações finais

O estudo dos solos como corpos naturais vem do conceito clássico de


pedogénese, em que os solos resultam da interação entre cinco fatores de
formação: clima, organismos, relevo, material de origem e tempo. Por essa
perspectiva, o solo deixa de ser um substrato e passa a ser tratado como
entidade/indivíduo. Os seres humanos, como componentes da biosfera, tornaram-se
cada vez mais um fator significativo interagindo com as outras esferas.
Consequentemente, a “antroposfera” é agora considerada uma grande influência na
formação do solo.

Para finalizar, pode-se afirmar que o estudo dos atributos do solo é


potencialmente útil para a interpretação da relação solo-paisagem, além de fornecer
informações importantes para o uso, manejo e conservação desse recurso limitado.

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REFERÊNCIAS

ANJOS, L. H., FERNANDES, M. R., PEREIRA, M. G.; FRANZMEIER, D. P.


Landscape andpedogenesis of an Oxisol-Inceptisol-Ultisolsequence in Southeastern
Brazil. Soil Science Society of America Journal, .

BRADY, N.C; WEIL, R.R. (2013) Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos.
3ª ed. Editora Bookman, Porto Alegre.

OLIVEIRA, J. B.; JACOMINE, P. K. T.; CAMARGO, N. M. (1992) Classes gerais de


solos do Brasil: guia auxiliar para seu reconhecimento. 2. ed

KÄMPF, N.; CURI, N. (2012) Formação e evolução do solo (Pedogênese).

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