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ESCOLIOSE CONGÊNITA
INTRODUÇÃO
A escoliose caracteriza-se por uma torção generalizada da coluna vertebral, sendo assim, é
um desvio tridimensional. Porém, antes de nos atermos à escoliose, faz-se necessário
diferenciar a escoliose propriamente dita da chamada atitude escoliótica.
Esta deformidade pode ser causada basicamente por dois tipos de malformações: defeitos de
formação, que são devido a ausência parcial (hemivértebras) ou total de determinadas
vértebras, ou defeitos de segmentação, conhecidos como barras ósseas. Estes defeitos
podem ocorrer simultaneamente. As malformações acima descritas podem causar
assimetrias durante o desenvolvimento do paciente, resultando em deformidades da coluna.
Algumas etiologias são conhecidas, como a escoliose por mal formação congênita, por
síndromes ou por neuropatias e assim são consideradas secundárias.
Porém, 70% das escolioses não têm etiologia bem definida e por isso são chamadas de
idiopáticas.
Pedículos vertebrais: são expansões ósseas conectadas ao corpo na sua porção anterior e a
lâmina óssea vertebral na sua porção posterior. Constituem a face lateral das vértebras e tem
na sua porção posterior as apófises articulares. O pedículo limita o canal raquidiano em
ambos os lados e, através de sua apófise articular, conecta-se com as vértebras adjacentes.
Lâmina Vertebral: são porções ósseas laminares que limitam o canal raquidiano em sua face
posterior. Como o corpo vertebral, variam de forma e tamanho conforme a vértebra que
constitui. Vista ao Raio X no sentido póstero-anterior têm o formato de asa de borboleta.
1.1- Apófises
Apófise Vertebral Posterior: as apófises posteriores da coluna vertebral são saliências ósseas
de localização posterior formada como uma expansão da lâmina vertebral. Estão situadas na
linha média posterior da coluna.
Apófise Odontóide ou Processo Odontóide: é uma porção óssea, densa, que se projeta na
parte superior do áxis (segunda vértebra cervical) para dentro do atlas (primeira vértebra
cervical) e se introduz no forâmen magnum. Este se localiza na base do crânio e tem em seu
interior estruturas como o bulbo (centro nervoso do comando respiratório) e o início da
estrutura medular-nervosa. O processo odontóide estabiliza a coluna cervical em relação ao
crânio, permitindo os movimentos de rotação da cabeça. O mesmo se projeta no interior do
atlas, que realiza o suporte do crânio e do forâmen magnum que se constitui na cavidade
localizada na base do crânio.
Cápsula Articular: é uma estrutura com tecido fibroso que é responsável pelo revestimento
das articulações interapofisárias e, juntamente com a membrana sinovial, tornam a estrutura
emerticamente fechada onde circulam líquido sinovial para nutrir e vitalizar as catilagens em
contato na articulação. Esta membrana capsular reveste também as articulações costo-
vertebrais e costo-transversas, localizadas ao longo da coluna torácica.
Ligamentos: são estruturas fibrosas cuja função está relacionada à estabilidade intrínseca
das vértebras na sua posição natural.
Ligamento Longitudinal Anterior: tem forma laminar. Inicia-se na base do crânio até o sacro.
Serve para reforçar a estabilidade da coluna na sua porção anterior e encontra-se na linha
média do corpo vertebral. Estabiliza a coluna desde a articulação atlanto-ociptal até a
transição lombo-sacro.
Ligamentos Amarelos: são expansões ligamentares que conectam a face anterior da lâmina
superior com a face posterior da lâmina vertebral adjacente inferior.
É constituída por 33 ou 34 ossos ditos vértebras. Toda vértebra é formada por um corpo em
forma de disco, de espessura variável conforme a região. Do corpo partem as lâminas
vertebrais que convergem para dentro, e, reunindo-se, formam um anel. Da superposição
desses anéis resulta um canal no qual está contida a medula espinhal. Os anéis apresentam,
dos lados e posteriormente, apêndices ósseos, chamados apófises; as laterais se chamam
apófises transversais; a posterior se chama apófise espinhal. As apófises dão inserção a
músculos e ligamentos. Toda vértebra se articula com a vértebra que está acima e com
aquela que está abaixo mediante apófises articulares. Todas as vértebras têm
particularidades próprias, de acordo com o lugar que ocupam na coluna vertebral. As
vértebras se classificam em cervicais, torácicas ou dorsais, lombares, sacras e coccigianas.
São sete. A sua apófise transversa tem a característica de ser escavada por um orifício
( orifício transversal) pelo qual passam os vasos vertebrais. A primeira vértebra cervical se
chama atlas: articula-se, em cima, com o crânio, e, embaixo, com a segunda vértebra cervical
chamada áxis. Estas duas vértebras são muito diversas de todas as outras porque têm o fim
de permitir os movimentos da cabeça. O atlas não tem corpo e recebe, no seu anel, uma
apófise do áxis, o dente do áxis. A sétima vértebra cervical se chama proeminente porque se
destaca de modo sensível e determina, principalmente nos indivíduos magros, uma saliência
visível.
São 5 e têm um tamanho decrescente. No feto e na criança até cerca de 8 anos são
independentes umas das outras, enquanto no adulto se soldam entre si; da sua reunião se
forma um único osso, que é chamado osso sacro.
São 4 ou 5 e têm um tamanho bem reduzido. A coluna vertebral tem bastante mobilidade por
causa das articulações entre uma vértebra e outra. Não é reta, mas apresenta quatro
curvaturas, duas voltadas para diante e duas voltadas para trás, as quais se alternam entre si
e, portanto, se compensam. As curvaturas tomam o nome da região em que se acham: temos
assim a curvatura cervical (aberta para trás), a curvatura dorsal (aberta para diante), a
curvatura lombar (aberta para trás) e a curvatura sacra (aberta para diante). Essas são as
curvaturas dispostas no plano ântero-posterior, e se vêem observando a coluna de perfil.
A coluna vertebral, vista pela frente, parece direita, exceto uma pequena curvatura aberta
para a esquerda, presente em quase todos os indivíduos. Essa curvatura faz com que o
ombro esquerdo seja ligeiramente mais alto do que o direito. O fenômeno não é facilmente
explicável. Foi atribúída a culpa à maior atividade dos músculos da parte direita, mas a
mesma curvatura existe nos canhotos. Segundo outros é a posição assumida pela maior
parte dos indivíduos nos bancos da escola.
As curvas da coluna vertebral podem ser acentuadas por motivos patológicos. Quando são
acentuadas as curvas abertas para trás, tem-se a lordose; quando, ao contrário, são
exageradas as curvas abertas para a frente tem-se a cifose. Quando a coluna vertebral
apresenta uma curvatura para a direita ou para a esquerda, tem-se a escoliose.
O dorso, ouface posterior do tronco, é a parte principal do corpo à qual estão fixadas a
cabeça, pescoço e membros. Consiste de pele, fáscia superficial contendo tecido adiposo,
fáscia profunda, músculos, vértebras, discos intervertebrais, costelas (na região torácica),
vasos e nervos. A dor lombar é uma queixa comum. Para compreender a base anatômica dos
problemas do dorso que causam dor incapacitante, é necessário conhecer a estrutura e
função desta região. Os locais comuns de dores são as regiões cervical (pescoço) e lombar,
principalmente porque são as partes de maior mobilidade da coluna vertebral.
Na coluna vertebral articulada e em várias imagens usadas clinicamente, por ex., IRM
(imagem de ressonância magnética), quatro curvaturas são normalmente visíveis no adulto.
As curvaturas torácica e sacral são côncavas anteriormente, enquanto as curvaturas cervical
e lombar são côncavas posteriormente. As curvaturas torácica e sacral são denominadas
curvaturas primárias porque se desenvolvem durante o período fetal. As curvaturas cervical e
lombar começam a aparecer nas regiões cervical e lombar antes do nascimento, mas só são
mais evidentes após o nascimento, sendo denominadas curvaturas secundárias. A curvatura
cervical é acentuada quando um lactente começa a manter sua cabeça ereta, e a curvatura
lombar torna-se evidente quando a criança começa a andar. A curvatura cervical pode
desaparecer através da flexão do pescoço. A curvatura torácica, permamente, é formada
pelos 12 corpos vertebrais torácicos articulados. A curvatura lombar, geralmente mais
acentuada em mulheres, termina no ângulo lombos- sacral. A curvatura sacral também é
permanente e difere em homens e mulheres. O sacro geralmente é menos curvo em
mulheres, o que aumenta o tamanho da abertura inferior da pelve ou saída da pelve. O centro
de gravidade do corpo está localizado logo na frente do promontório sacral.
Nem todas as pessoas têm 33 vértebras, mas o número de vértebras cervicais é constante.
Até mesmo a girafa só possui sete vértebras cervicais. Entretanto, ocorrem variações no
número de vértebras torácicas lombares e sacrais em aproximadamente 5% das pessoas
normais sob outros aspectos. As diferenças no número podem ser uma alteração numa
região ( + ou -), sem alteração em outras regiões, ou uma alteração numa região à custa de
outra (Bergman et aI., 1988). Embora variações numéricas das vértebras possam ser
clinicamente importantes, a maioria delas é detectada em dissecções, necropsias ou em
radiografias de pessoas sem história de problemas no dorso.
Os vasos que suprem a medula espinhal são derivados de ramos das artérias vertebrais,
cervicais profundas, intercostais e lombares. É suprida por três artérias longitudinais, uma
artéria espinhal anterior e duas artérias espinhais posteriores. Essa vascularização é
reforçada por sangue de vasos segmentares denominados artérias radiculares.
A artéria espinhal anterior é formada pela união de dois pequenos ramos das artérias
vertebrais. Percorre a extensão da medula espinhal na fissura mediana anterior e supre os
dois terços anteriores da medula espinhal. O calibre dessa artéria varia de acordo com sua
proximidade de uma artéria radicular magna. Geralmente é menor na região de T4 a T8 da
medula. As artérias espinhais posteriores originam-se como pequenos ramos das artérias
vertebrais ou das artérias cerebelares inferiores posteriores. Freqüentemente apresentam
anastomoses entre si e com a artéria espinhal anterior
2- DEFINIÇÃO
Todo desvio angular lateral observado na coluna vertebral deve ser considerado como
patológico, porque fisiologicamente impedem a movimentação lateral das partes colunares
afetadas.
Alguns tipos de anomalias são visíveis em radiografias da coluna vertebral, antes que possa
ser firmado um diagnostico de escoliose congênita.
As anomalias mais graves da coluna vertebral são as que envolvem os elementos nervosos,
como a diastematomielia e muitos tipos de disrafismo espinhal, qualquer anormalidade
neurológica associada à escoliose congênita torna potencialmente perigoso o tratamento
vigoroso de escoliose. Estudos realizados com base em 234 pacientes com escoliose
congênita, com tipo de anomalia espinhal, não foi considerado significativo no prognostico.
Devem ser obtidas mensurações cuidadosas, e uma comparação refinada das radiografias da
coluna a intervalo de 6 meses, através dos sistemas de mensuração de Cobb. Será então
determinado se a curva é progressiva. Se for demostrado que a curva é progressiva, dever
ser prontamente instituído se tratamento. Todas as curvas devem ser medias, inclusive as
compensatórias ou secundarias nas partes aparentemente normais da coluna vertebral.
Tomamos as medidas a partir de cada extremidade da área anômala, bem como de cada
extremidade de toda a curva geralmente considerada no tratamento, ou seja, desde a
vértebra maximamente inclinada em cada extremidade. A mensuração da área anômala em
separado é, possivelmente um meio mais acurado para que se determine se o crescimento é
assimétrico, ou se a curva esta aumentando, pois o maior numero de vértebras esta sendo
acrescentada a ela. Visto que, com freqüência, uma cifose congênita está sendo produzida
por um hemivertebra posterior ou póstero lateral, ou por outros erros de segmentação,
deverão ser tomadas radiografias laterais da coluna vertebral, para que seja detectado o
surgimento da corcunda. Quando uma cifose congênita aumentada será impositiva a pronta
realização de uma fusão posterior; em quanto a deformidade é relativamente branda, esse
tratamento comumente é suficiente. Entretanto, uma cifose mais grave é mais difícil de
controlar.
Comumente há formação de uma barra unilateral causada pela não segmentação dos
elementos posteriores de duas ou mais vértebras num dos lados, é o tipo de anomalia que
mais provavelmente causara uma escoliose progressiva significativa. Esta não segmentação
unilateral pode também envolver os corpos vertebrais.
1. Erro de formação
2. Erro de segmentação
3. Outros erros
Ao se pensar no equilíbrio dos potenciais de crescimento na coluna vertebral, torna-se claro
que, se um dos lados não sofreu segmentação e não tem potencial de crescimento, o lado
oposto com potencial de crescimento ira gerar um curva progressiva. Por outro lado, se a
curva vertebral apresenta um grupo de anomalias diversas, o crescimento potencial pode ser
aproximadamente o mesmo nos dois lados. Por tanto, a anomalia mais problemática é a
barra não segmentada unilateral.
4- SINTOMATOLOGIA
Curvas na região torácica produzem logo uma simetria do gradil costal, fazendo com que o
diagnóstico seja mais precoce.
Curvas de 20º são já em geral detectadas na região dorsal, ao passo que as curvas de 40 a
50º passam às vezes despercebidas na região lombar.
Há uma quebra da simetria bilateral do tórax e dos quadris, produzindo em geral uma maior
saliência da omoplata direita, elevação do mesmo ombro, pronunciamento do sulco do quadril
direito e retificação do sulco à esquerda. Na face anterior, o hemitórax esquerdo é mais
saliente, e a mama esquerda, se já existir, decorrentemente mais volumosa.
5- DIAGNÓSTICO
O diagnóstico nas deformidades mais graves é feito, em geral, ao nascimento, mas pode
passar despercebido nos casos mais leves, sendo que em muitas ocasiões um achado
ocasional de radiografia.
A associação com defeitos congênitos de outros aparelhos deve ser sempre investigada, em
particular com o sistema cardiocirculatório e urinário. Ocorre uma incidência de 30% de
malformações urinarias na escoliose congênita.
É um exame radiográfico ainda mais poderoso que os anteriores pois permite visualizar todas
as estruturas anteriormente relatadas além de nos mostrar com detalhes as alterações da
medula nervosa e raízes nervosas, hérnias discais, o estado de hidratação do núcleo
pulposo, as estenoses do foramen e do canal e etc. Atualmente a R.M. é o exame mais
completo para o estudo da coluna vertebral.
d) MIELOGRAFIA e a MIELOTOMOGRAFIA
São outros exames de imagem que, em casos especiais podem ser solicitados.
e) A ELETRONEUROMIOGRAFIA
6- ANAMNESE
Ao exame físico deve-se observar o alinhamento do tronco em posição ereta e também por
meio da manobra de que é realizado curvando Adam ( teste com flexão anterior da coluna,
mantendo os braços e joelhos estendidos). Esta manobra possibilita uma melhor observação
da deformidade, tendo alta sensibilidade e baixa especificidade, sendo que assimetria do
tronco é detectada, pois geralmente o lado dominante é mais desenvolvido.
O exame clínico deve ser composto pela avaliação postural convencional somada a algumas
observações específicas:
- Idade de diagnóstico:
É sabido que, na maioria das vezes, a escoliose será diagnosticada acidentalmente, pois os
sintomas são mínimos (ou mesmo ausentes), e sendo assim a descoberta pode ocorrer já em
fase deformante.
Estas fases são divididas em: RN (até 1 ano), infantil (1 a 3 anos), juvenil 1 (4 a 7 anos),
juvenil 2 (8 a 11 anos), juvenil 3 (11 a 12 anos - meninas e 14 anos – meninos), adolescente
(12/14 a 17 anos - meninas e 19 anos – meninos) e adulto (após a maturação total).
- Flechas
Clínicas sagitais:
Exame realizado com auxilio de um fio de prumo, onde é observada a distancia entre o plano
vertical, fio de prumo, que encosta no paciente em um ponto denominado pivô e as vértebras
convencionais pré determinadas T1,T8, L3 e S2.
Normal:
T1 30mm
Vértice em T7
L3 30 mm
Sacro 0
Hipercifose:
T1 70mm
Vértice em T7
L3 45mm
Sacro 40mm
Hiperlordose:
T1 20mm
Vértice em T5
Lombar 70mm
Sacro 10mm
Cifolordose:
T1 60mm
Vértice em T7
Lombar 80mm
Sacro 30mm
Cifose Total:
T1 60mm
Vértice em T11
Lombar 30mm
Sacro 30mm
Inversão: T1 40mm
Dorsal (T7) 25mm
Vértice em L1
Sacro 10mm
Dorso Plano:
T1 30mm
Dorsal (T7) 20mm
Lombar 20mm
Vértice no Sacro
Lordose Total:
T1 0
Dorsal (T10) 40mm
Sacro 20mm
Mostram a distancia no plano frontal entre a apófise espinhosa da vértebra do vértice e o fio
de prumo, que deve representar a linha media do tronco, em indivíduos não portadores de
escoliose a distancia é zero. Observe que mesmo pequenas distancias podem representar
escoliose com curvatura importante, uma vez que, a apófise espinhosa está rodada para a
concavidade da curva.
- Eixo occipital:
- Gibosidade:
Um dos testes mais conhecidos para a avaliação da escoliose é o teste de Adam. Este teste
permite avaliar a existência de gibosidade posterior, que também é um fator importante na
determinação do prognóstico.
A gibosidade ocorre devido à presença de rotação nas vértebras. Esta deformidade rotacional
altera o gradil costal e é evidenciada pela protusão do mesmo, na região posterior do tronco,
no lado da convexidade.
A régua colocada na parede mostra a grande diferença existente entre um lado e o outro do
tórax, a chamada giba ou gibosidade.
Se este teste simples tivesse sido realizado ao entrar na escola, a curva não teria progredido
até chegar no estágio mostrado acima.
7- TRATAMENTO CONSERVADOR
A cirurgia permanece sendo o tratamento fundamental para a escoliose congênita, visto que
75% das curvas são progressivas, e a órtese de Milwaukee é relativamente ineficaz. A fusão
para escoliose congênita pode ser realizada em pacientes muito jovens, visito ser muito
melhor eliminar o crescimento na lado convexo, e impedir a progressão. Não utilizamos
rotineiramente uma órtese de Milwaukee após fusões de escoliose em pacientes jovens.
Entretanto a órtese pode ser necessária num paciente com escoliose congênita em que a
curva primária não esteja crescendo, mas as curvas secundárias na parte normal da espinha
devam ser controlada até que tenha completado o crescimento do paciente. Sem este tipo de
tratamento, as curvas na área previamente normal da coluna vertebral tornariam-se, por
vezes, estruturais, e mais do que dobram o ângulo da curva congênita.
A correção por meio de aparelho de gesso e fusão são úteis nas curvas suficientemente
flexíveis para que seja permitida uma correção pelo aparelho, mas em que a instrumentação
é impraticável, ou é considerada perigosa. A aplicação do aparelho pode ser realizada no pré
operatório, a fusão deve sempre abranger a curva medida com pelo menos uma vértebra
acima e outra abaixo, e todas as vértebras rotacionais na mesma direção das existentes no
ápice da curva devem ser incluídas. A técnica cirúrgica é a mesma para fusão In Situ. A
aplicação do aparelho se faz com máxima correção; é utilizada uma tração longitudinal e
força localizadora.
Posicione o paciente sobre o lado côncavo, na posição lateral reta, e prepare e paramente as
costas e o lado do mesmo campo. Faça duas incisões, uma na linha média posterior, e a
outra ao longo da costela que será removida. Exponha as vértebras anteriormente por meio
de uma abordagem transpleural, retropleural ou retroperitoneal, dependendo da área
envolvida, identifique os níveis apropriados por uma radiografia., ligue os vasos segmentares,
remova a metade lateral da placa de crescimento e a placa terminal óssea, insira um enxerto
ósseo autógenoe suture a ferida. Posteriormente exponha apenas a convexidade da curva.
Excise as articulações da facetas, descortique a lamina e processo transverso, e insira um
enxerto autógeno, aplique um aparelho de gesso corretivo, que será usado durante seis
meses, seguido de mais seis meses de uso de uma órtese apropriada.
9- TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
Nos casos de diagnóstico precoce e com curvas menores, a indicação básica é o uso do
colete para impedir a deformação da coluna, acompanhado de educação corporal através de
exercícios, visando a vitalização do arcabouço de sustentação da coluna vertebral.
1- O tratamento livre apenas por reeducação para as escolioses ditas "leves" (até 30º).
2- o tratamento ortopédico associado à fisioterapia nas escolioses moderadas (30 a 50º).
3- o tratamento cirúrgico associado à fisioterapia nos casos mais graves (acima de 50º).
9.1-Objetivos do Tratamento
- Reeducação postural.
- Exercícios de conscientização da postura correta.
- Alongamento
- Fortalecimento
- Eliminação da causa (quando possível)
- Prevenir evolução (quando possível)
9.2- Tratamento por reeducação
- oscilações lentas da bacia em todos os planos, para chegar ao "corpo centrado", bacia
colocada corretamente e todas as posturas mantidas.
- posição sentada: em cadeira, geralmente, para evitar a flexão lombar no sentido da cifose e
para se colocar em condições de utilização funcional desta posição cada vez mais comum.
De frente para o espelho, os olhos abertos, depois fechados, o paciente realiza suas
correções, sucessivamente primeiro, depois associadas.
Exercícios ativos
- exercícios de equilíbrio
a) Equilíbrio sobre um pé (sem perder correções).
b) Caminhada sobre um risco traçado no chão.
c) Caminhada sobre viga.
d) Abaixamento dos ombros.
e) Em decúbito dorsal., fazer movimento de báscula com a bacia, insistindo na retroversão.
f) Em decúbito ventral mesmos tipos de exercícios.
- exercícios respiratórios
a) Exercício modelador para prevenir o dorso plano: sentado em uma cadeira, inspirar
profundamente curvando as costas; manter-se possível, alguns segundos em apinéia e
relaxar soprando forte.
b) Espirometria e espiroscopia sistemáticas.
- musculação
a) Abdominal: decúbito dorsal, braços ao longo do corpo mantendo o estiramento axial ativo,
lombos colados no chão e membros inferiores estendidos a 80º: afastamentos laterais,
tesouras, oscilações lentas dos membros inferiores esticados e juntos.
b) Retrovertebral: decúbito ventral no chão ou em extremidade de banco: elevar levemente os
dois membros inferiores, afastamentos dos membros inferiores ao nível do chão.
É muito importante ressaltar que o êxito deste tipo de tratamento depende muito da adesão
do paciente, de sua participação motivada, ativa e perseverante ao longo do tratamento. E
preciso relevar a importância do papel psicopedagógico de todas as equipes que
acompanham o paciente: centro especializado e principalmente fisioterapeuta local.
Exercícios abdominais
- deitado de costas, corpo centrado, membros inferiores fletidos, pés no chão, todas as
correções posturais mantidas nos três planos: Flexão das duas coxas sobre o abdome e
retorno.
- deitado em decúbito dorsal, com os dois membros inferiores estendidos entre 40º e 90º do
solo de acordo com a lombar:
a) Afastamento dos membros inferiores.
b) Tesouras dos membros inferiores.
- sentado em banco, tronco vertical mantido corrigido nos três planos, pés presos: inclinar o
tronco para trás, e volta, girando levemente sobre os ísquios. Observar o comportamento
lombar.
- decúbito lateral esquerdo, correção dorsal reforçada, mão segurando o degrau da barra
sueca, bacia levemente girada para trás: levantar ligeiramente os dois membros inferiores
acentuando ainda as correções lombares e tesouras horizontais dos membros inferiores.
É necessário que certos conselhos importantes sejam dados aos pacientes, tais como: -
evitar os esforços violentos ou prolongados.
* Deitar e levantar-se da cama: deite de lado, apoie sobre o cotovelo e a mão, coloque as
pernas para fora da cama e sente-se.
* Abrir gavetas: ao se inclinar procure apoiar com uma das mãos no móvel e puxar com a
outra.
* Ao trabalhar na pia ou no tanque: use um avental para poder encostar a barriga. Além disso,
procure colocar uma pequena caixa no chão para que possa apoiar um dos pés sobre ela.
* Ao varrer ou passar rodo não incline o corpo para frente; aumente o comprimento do cabo.
* Evite torções do tronco ou do pescoço: apanhar objetos atrás do corpo, segurar o telefone
com os ombros.
* Para levantar cargas pesadas do chão, separe as pernas, dobre os joelhos, segure o objeto
o mais perto possível do corpo e depois levante. Antes de pegar um objeto pesado, respire
fundo e prenda a respiração.
* Divida o peso em ambos os lados do corpo, isto é, carregue um peso de cada lado do corpo
(sacolas, malas). Os braços devem estar esticados e bem perto do corpo.
* Para carregar uma criança pequena no colo, pegue-a com os dois braços, abrindo as
perninhas e colocando-a sempre a cavalo. · Não carregue peso na cabeça.
* Procure usar sapato com 1-2 cm de salto mas não exagere pois isto ocasiona dificuldades
de posicionamento e dores lombares. Evite também sapatos pontudos.
* Ao entrar e sair de veículos não torça as costas. Gire o quadril e as pernas para fora ao
mesmo tempo.
* Quando ficar em pé ou caminhar, procure ficar ereto e olhando para a linha do horizonte.
Ande com a musculatura abdominal contraída. · Se tiver que esperar em pé, procure se
encostar em algum lugar: parede, poste etc.
* Fora do trabalho, em casa, evite fazer tarefas que apresentem o mesmo padrão de
movimento daqueles feitos no trabalho. É importante fazer repouso: deite e levante as pernas
dobradas e colocando almofadas embaixo delas.
* Dedique um tempo durante a semana para a prática de exercícios físicos para não se tornar
um sedentário. O melhor tipo é dentro da água: natação ou hidroginástica, mas procure
orientação médica sobre qual atividade praticar. Dê preferência a alguma que goste.
A respiração mobiliza todos os músculos do tórax e atua nos sistemas digestivo, cardíaco e
nervoso. Quando a respiração é desbloqueada, os músculos ficam soltos, permitindo a
melhora da postura respiração é desbloqueada, os músculos ficam soltos, permitindo a
melhora da postura.
O trabalho respiratório em todas as suas formas é ainda útil pelo fato mesmo das opressões
torácicas inerentes ao gesso. A recuperação da capacidade vital, cortada pela intervenção,
tinha sido estimulada durante a fase de enfermagem; ela será prosseguida durante todo o
período de contenção; e também, sobretudo, posteriormente.
A fisioterapia visa ainda à recuperação progressiva, primeiro em busca específica ao nível da
coluna: oxigenação, marchas com auto alongamento, exercícios de ginástica em decúbito
tendo sobretudo um efeito psicológico.
Progressivamente, a fisioterapia melhora as reações posturais, propõe uma musculação
simétrica e efeitos funcionais adaptados.
A musculatura de apoio é tomificada com contração isométrica rigorosa:
- exercícios abdominais estáticos em decúbito dorsal, a angulação dos membros inferiores,
com relação á horizontal, é escolhida e mantida para que a zona artrodesada não sofra
nenhum efeito de cisalhamento.
- exercícios de tomificação retrovertebral muito progressivos.
- exercícios de marchas.
Nenhum exercício busca mobilizar a região operada. Deu-se evitar as sobrecargas e os
maltratos das interlinhas vertebrais que ficaram livres.
- os tratamentos por colete de Milwaukee, órtese a qual pode-se associar o colete de Boston.
- exercícios corretores.
- tomada de consciência do corpo e imagem corporal.
- conservar flexibilidade da coluna.
- evitar enfraquecimento muscular.
- alongamentos.
10- CONCLUSÃO
11- BIBLIOGRAFIA
http://ww.colunavertebral.com.br/dicas.htm
http://www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_osseo/coluna_vertebral/verteb.htm
http://www.doresnascostas.com.br/tratamentos.htm
http://www.laguna.com.br/cfraturas/escoliose-adams.htm
http://geocities.yahoo.com.br/fisioterapiabsb/e019.html
http://www.portaldacoluna.com.br/deformidades/
http://www.ronaldfisio.hpg.ig.com.br/saude/10/index_int_2.html
http://www.santalucia.com.br/ortopedia/postural-p.htm
http://www.ufpe.br/fisioterapia/esco.html
http://www.zemoleza.com.br/trabalho_ver.asp?LinhasVistas=404&Cod=4454&Pag=4&
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BARROS, T.E.P; BASILE, RJ. Coluna vertebral diagnóstico e tratamento das principais
patologias. ed 1 São Paulo 1997, p 85-88
Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
- Publicado em 19/04/04
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