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DOUTO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ITAJAÍ – PODER JUDICIÁRIO

DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Processo nº XXXXXXX

XXXXXXXXXX, já qualificada nos autos em epígrafe, movida em face


de XXXXXXXX., igualmente qualificada, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, por intermédio de seus Procuradores signatários, apresentar MANIFESTAÇÃO À
CONTESTAÇÃO de fls. 106-110, pelos fatos e motivos que passa a expor:

I - DO BREVE RESUMO DA CONTESTAÇÃO

1. Em sua resposta, a Requerida informou que as faturas de


energia elétrica da Requerente vinham sendo regularmente quitadas, entretanto, a fatura de
janeiro/2017 não foi baixada no sistema da Requerida, por um “erro de sistema” o que
gerou a suspensão no fornecimento de energia elétrica na unidade consumidora da
Requerente.

2. Afirma que só tomou conhecimento do problema algum tempo


depois quando começaram a surgir às reclamações dos consumidores.

3. No entanto, em contrariedade do motivo que expos sobre o


corte de energia elétrica, aduz que o corte foi legítimo, afirmando ter praticado exercício
legal do direito.

4. Alega que não há danos morais a serem indenizados, posto que


o corte de energia é prerrogativa da concessionária, e alternativamente, que se não for esse
entendimento do Juízo, requer que o valor da indenização seja fixado em seu patamar
mínimo.
5. Por fim, requer que sejam julgados improcedentes os pedidos
exordiais, condenando a Requerente em custas processuais e honorários advocatícios.

II – DO MÉRITO

a) Do corte indevido da energia elétrica

6. Como já discorrido na inicial, apesar da Requerente estar com


todos os pagamentos das faturas de energia elétrica devidamente quitadas, a Requerida
interrompeu indevidamente o fornecimento de energia à Requerente por duas vezes, sem
qualquer notificação.

7. Ademais, tais fatos restam incontroversos nos autos, posto que


a Requerida confessou que houveram os cortes indevidos, mesmo com as faturas
adimplidas, por um erro no sistema interno que não realizou a baixa das referidas faturas.

8. Ainda, traz a Requerida aos autos cópia de uma renegociação


que ocorreu após os dois cortes indevidos de energia elétrica, que aconteceu após a Celesc
verificar que faturou valores errados da requerida, sendo que assumiu seu erro e parcelou o
montante que indicou como devido. Ou seja, tal fato não traz qualquer relevância para o
presente processo.

9. Portanto, o reconhecimento dos dois cortes abusivos e ilegais


de energia elétrica das unidades consumidoras é medida que se impõe, bem como que não
houve a notificação exigida por lei, posto que a Requerida nada disse a este respeito e
também não acostou qualquer comprovante de notificação encaminhada.

b) Dos danos materiais

10. Sobre os danos materiais suportados pela Requerente, quais


sejam as inúmeras horas extras que seus funcionários tiveram que cumprir para entregar os
trabalhos para seus clientes, a Requerida não escreveu uma linha sequer em sua defesa.

11. Portanto, deixou a Requerida de impugná-lo especificamente,


não tendo se desincumbido de ônus que lhe incumbia (art. 341, CPC), razão pelo qual os
danos materiais passam a ser incontroversos.
12. Deste modo, deverá a Requerida ser condenada a indenizar a
Requerente pelos danos materiais causados no valor de R$ 1.875,00 (um mil e oitocentos e
setenta e cinco reais) que deverão ser devidamente atualizados até a data do efetivo
pagamento

c) Dos danos morais

13. Acerca dos danos morais, inicialmente insta destacar que o


Requerido fez confusão quanto à causa de pedir, posto que descreveu que a Requerida foi
surpreendida com a inscrição de seu nome em cadastro de órgão de restrição ao crédito,
sendo que em nenhum momento a Requerente mencionou isso nos autos.

14. O que aconteceu, Excelência, é que com os dois cortes de


energia elétrica, frisa-se: em datas distintas, o bom nome da Requerida no mundo
empresarial onde atua e sua reputação perante seus clientes ficou seriamente abalada, pelo
descumprimento dos prazos acordados para entrega de documentos e informações.

15. Ainda há de se frisar que o primeiro corte indevido, aconteceu


justamente no último dia do mês, dia de fechamento dos setores financeiros das empresas,
dia de encaminhar as folhas de pagamento para as empresas e dia de maior índice de
ligações das empresas para dirimir suas dúvidas, sendo que a Requerente ficou impedida de
atender seus clientes e entregar os serviços prestados, causando forte abalado na honra
objetiva da Requerente.

16. Ora Excelência, este tipo de falha na prestação de serviço causa


um impacto imensurável na reputação de uma empresa de pequeno porte, e francamente, o
prejuízo só aconteceu por uma recusa desmotivada da Requerida de baixa no sistema de um
boleto já adimplido.

17. Ante o incontestável dano moral amargado, requer-se a


condenação da Requerida à indenização pelos danos morais em favor da Requerente,
entendendo-se justa a quantia indenizatória de, no mínimo, R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
devendo ser fixado com base na jurisprudência recente.

III – DOS PEDIDOS

18. Ante ao exposto, requer a Vossa Excelência:


a) a aplicação do artigo 341 do Código de Processo Civil,
reconhecendo a presunção de veracidade dos danos materiais e da
ausência de notificação de corte de energia elétrica, posto que não
houve manifestação da Requerida a este respeito;

b) a designação de audiência de instrução e julgamento, para que


a Requerente produza prova quando à extensão do dano moral
sofrido, através da oitiva do depoimento das partes e testemunhas.

Termos em que pede deferimento.

Itajaí (SC), XXXXX.

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