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CATARINA
DOS FATOS
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A Requerente programou sua viagem de férias de fim de ano com destino a
Salvador/BA, adquirindo passagens aéreas com a Requerida através de programa de milhagens. O
embarque ocorreu no aeroporto de Navegantes/SC no dia 27/12/2021 às 09 horas, conexão em
Guarulhos/SP, e dali para Salvador/BA, com embarque às 14 horas. Levou consigo bagagem de mão e
uma mala grande, despachada.
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Assim, além do dano causado em sua mala, a Requerente ainda teve o seu
voo cancelado, sendo realocada em outro voo somente dois dias depois do dia que deveria ter
retornado a Santa Catarina, sem que a Gol sequer prestasse a assistência material devida.
Constata-se que tais fatos lhe causaram prejuízos tanto de ordem material
quanto moral, pela conduta abusiva da Companhia Aérea Requerida, que não tem o mínimo zelo com
os pertences materiais de seus clientes, bem como, age com descaso com relação à assistência
material e realocação de seus passageiros quando ocorre cancelamento de voo, devendo assim, ser
compelida a compensar os danos experimentados pela consumidora.
DO DIREITO
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A Requerente traz com a inicial prova documental do lamentável episódio
vivenciado, em especial os bilhetes de embarque, fotos, nota fiscal etc.
Outro não poderia ser o posicionamento, uma vez que, quando há uma
viagem programada, seja de estudos, lazer ou a negócios, e o consumidor se utiliza do serviço das
companhias aéreas para chegar ao seu destino, o mínimo que se espera é que se tenha uma
prestação de serviços de qualidade.
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ser rechaçado de modo severo pelo Judiciário, para que lhes sirva de punição pedagógica e represente
compensação justa ao consumidor lesado.
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por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
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A Requerente teve que adquirir uma nova mala para guardar seus pertences
e retornar à sua residência, visto que a mala que levou consigo, foi completamente danificada a ponto
de ter que ser inutilizada, na viagem de ida para Salvador.
Do dano moral
O art.5º da CF já dispõe:
Já o art.927 do CC: “Art.927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
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E o art.186 do mesmo diploma legal: “Art.186. Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
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transtornos suportados pelo passageiro. Isso porque vários outros fatores
devem ser considerados a fim de que se possa investigar acerca da real
ocorrência do dano moral, exigindo-se, por conseguinte, a prova, por parte do
passageiro, da lesão extrapatrimonial sofrida. 5. Sem dúvida, as
circunstâncias que envolvem o caso concreto servirão de baliza para a
possível comprovação e a consequente constatação da ocorrência do dano
moral. A exemplo, pode-se citar particularidades a serem observadas: i) a
averiguação acerca do tempo que se levou para a solução do problema, isto
é, a real duração do atraso; ii) se a companhia aérea ofertou alternativas para
melhor atender aos passageiros; iii) se foram prestadas a tempo e modo
informações claras e precisas por parte da companhia aérea a fim de
amenizar os desconfortos inerentes à ocasião; iv) se foi oferecido suporte
material (alimentação, hospedagem, etc.) quando o atraso for considerável;
v) se o passageiro, devido ao atraso da aeronave, acabou por perder
compromisso inadiável no destino, dentre outros." (REsp 1796716/MG, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/08/2019,
DJe 29/08/2019). QUANTUM INDENIZATÓRIO. REQUERIDA A
APLICAÇÃO DA TEORIA DOS JOGOS. INOVAÇÃO RECURSAL. NÃO
CONHECIMENTO DA TESE SUSCITADA APENAS NESTA SEARA
RECURSAL. NECESSIDADE, NO ENTANTO, DE MINORAÇÃO DA
QUANTIA INDENITÁRIA, A FIM DE QUE SEJAM OBSERVADOS OS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE.
SENTENÇA AJUSTADA. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NA
EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n.
0300717-40.2017.8.24.0020, de Criciúma, rel. Rosane Portella Wolff,
Segunda Câmara de Direito Civil, j. 13-08-2020).
(grifo nosso)
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É certo que a Requerente estava numa viagem de lazer, já que estava de
férias, porém, não havia previsto o cancelamento de seu voo e atraso de dois dias no retorno à sua
residência, fato que lhe causou angústia e aborrecimentos, devido ao descaso da Companhia Aérea.
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ASSISTÊNCIA MATERIAL. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.
IRRESIGNAÇÃO DA AUTORA. MAJORAÇÃO DO QUANTUM
INDENIZATÓRIO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO QUE NO
VERTENTE CASO, ULTRAPASSOU O MERO DISSABOR. DANO MORAL
CARACTERIZADO. PLEITO ACOLHIDO. VALOR ELEITO QUE NÃO SE
AFIGURA COMPATÍVEL COM AS PECULIARIDADES DO CASO
CONCRETO E OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE. AUMENTO IMPLEMENTADO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC, Recurso Inominado n. 0302204-
89.2018.8.24.0091, da Capital - Eduardo Luz, rel. Ana Karina Arruda
Anzanello, Segunda Turma Recursal, j. 27-10-2020).
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OBRIGAÇÃO MÍNIMA E NÃO DISPENSA A COMPANHIA AÉREA DE
SUPORTAR OS TRANSTORNOS AO CONSUMIDOR - DANO MATERIAL
COMPROVADO - ABALO ANÍMICO CONFIGURADO - PLEITO
SUBSIDIÁRIO DE REDUÇÃO DO VALOR DO DANO MORAL (R$ 2.000,00
PARA CADA AUTOR) QUE NÃO MERECE ACOLHIDA PORQUANTO EM
CONSONÂNCIA COM OS NOVOS CRITÉRIOS DESTA TURMA RECURSAL
- SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA QUE SE MANTÉM POR SEUS
FUNDAMENTOS - RECURSO DESPROVIDO."É inquestionável o abalo
moral sofrido por passageiro que teve voo cancelado por falha operacional
de empresa aérea. O aborrecimento, o transtorno e o sofrimento que essa
circunstância gera no espírito do consumidor é inegável, situação que
certamente escapa da condição de mero dissabor cotidiano " (TJSC, AC n.
0303258-03.2018.8.24.0023, Des. Luiz Cézar Medeiros, j. em 12.03.2019).
(TJSC, Recurso Inominado n. 0303239-91.2019.8.24.0045, de Palhoça, rel.
Luis Francisco Delpizzo Miranda, Primeira Turma Recursal, j. 24-09-2020).
(grifos nossos)
Os fatos estão provados pela documentação anexa. Sendo certo que houve
falha grave por parte da Companhia Aérea, e, inegável no caso em tela, a ocorrência do abalo moral.
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Enfim, reconhecendo como ilegais os atos negligentes e defeituosos do
serviço prestado pela Requerida, necessário é o arbitramento de indenização para reparar civilmente o
dano moral causado à Requerente, sugerindo-se o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou outro
valor que Vossa Excelência entender como mais justo, como incentivo pedagógico útil para que a
Requerida informe e previna lesões aos direitos de consumidores, especialmente os transtornos que
marcaram a vida da Requerente.
DO PEDIDO
EX POSITIS, requer:
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Dá à causa o valor de R$ 10.399,99 (dez mil trezentos e noventa e nove
reais e noventa e nove centavos).
Nesses termos,
pede deferimento.
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