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ARNAVAL “RITUAL PELO QUAL O BRASILEIRO SE


ESQUECE DOS PRÓPRIOS PROBLEMAS.
HISTÓRIA NAS RUAS, O POBRE VIRA NOBRE, A
ELITE POSA DE POVO.”
(Roberto da Matta, Antropólogo)
CARNAVAL: “Festa do Exagero”
“ENTRUDOS”: uma herança
A festa carnavalesca que conhecemos hoje começou a traçar sua
história... No ano de 604 quando o papa Gregoriano I deliberou que, Os colonos portuguêse não trouxeram apenas seu
num determinado período do ano, os fiéis deveriam deixar de lado pertences, mas também hábitos e costumes: a
a vida cotidiana para, durante certo número de dias, dedicarem- brincadeira do Entrudo foi um deles, Adquirindo aqui
se exclusivamente às questões espirituais (quaresma). Em 1091 foi características próprias, o Entrudo encontrou aqui
escolhida a data oficial do período da Quaresma que começava pela grande aceitação popular.
Quarta-feira de cinzas e terminava no domingo de Páscoa.
A idéia geral dos jogos do Entrudo, que tomaria conta
Neste período deveria reinar a temperança, o comedimento, a de praticamente todas as principais cidades brasileiras
castidade e a austeridade, tudo isso acompanhado de um rigoroso a partir do século XVII, consistia basicamente em se
jejum. A atitude mais humana em relação a todo esse rigor é que, molhar o desavisado oponente e, sempre que possível,
já que se haveria de se ficar tanto tempo sem os deleites da vida, a completar o serviço lançando pós variados.
melhor coisa a fazer seria esbaldar-se o mais possível até a hora da
privação chegar.

Esses últimos dias de fartura antes dos quarenta dias de penúria


começaram então a ser chamados de dias do “adeus à carne”, que,
em italiano, fala-se dias da “carne vale” ou do “carnevale”. Surge
assim a palavra para se definir o período do ano onde a comilança e
a esbórnia corriam soltas, e que acabariam por se tornar antônimos
da Quaresma: Carnaval.

“A aquarela procura apresentar um verdadeiro mostruário das

brincadeiras do Entrudo Popular, na cidade do Rio de Janeiro,

nas primeiras décadas do sáculo XIX. Notar que o espaço


público é ocupado exclusivamente por escravos, enquanto
Departamento de Artes & Design PUC - Rio
um grupo, provavelmente de senhores brancos, diverte-
PPD Conclusão T. 1AC
se no segundo andar de sua casa, devidamente isolado do
Aluna: Marina Paiva de Siqueira
burburinho das ruas.”
Professor tutor: Agusto Seibel
(Jean Baptiste Debret. Die Dentrudo. 1823, in Viagem

pitoresca e histórica ao Brasil, século XIX.)


Carnaval “CARIOCA” 2/3
Desde o Entrudo, a folia carioca ainda procurava seu “formato ideal”, atendendo aos interesses
e da elite econômica e intelectual e as expectativas da população “menos abastada”. A história
do Carnaval na cidade do Rio foi permeada por embates e negociações entre as diferentes
formas de se “brincar” nos dias de folia.

No final dos anos 1920, o Carnaval do Rio de Janeiro já era visto como grande festa nacional
e estava pronta para procurar ganhar o mundo. A “confusão” que reinara na virada do século
estava em vias de ser totalmente substituída pelas novas categorias do carnaval de rua (Corso,
Grandes Sociedades, ranchos, blocos e cordões – da “mais elegante” para a “mais popular”).

Além disso o governo municipal iniciaria uma ação efetiva de controle oficial da festa
carnavalesca - atrair turistas estrangeiros passaria a ser um dos grandes objetivos. Nesse
contexto, projetar uma festa com gabarito internacional, de face individual e única era
primordial. O samba e, um pouco depois, as escolas de samba cumpririam esse papel.

Carnaval do RECIFE

Como importante centro urbano do país a cidade de Recife buscava manter-se atualizada com
as modas e costumes da corte – a festa carnavalesca não era uma exceção. Ao “espelho” do
Rio também há, em paralelo aos festejos burgueses, brincadeiras carnavalescas de caráter mais
popular (maracatus).

Entretanto, apesar das semelhanças com as festividades ocorridas nas ruas da capital do país,
o processo de misturas culturais na folia do Recife, refletiria peculiaridades do espaço urbano e
da sociedade recifense.

A grande expressão da folia de Pernambuco acabaria sendo o frevo, ritmo peculiar da região
que seria classificado como uma das formas “regionais” de manifestação da cultura nacional a
partir dos anos 1920 (tal qual ocorreu com o maxixe e o samba no processo de valorização do
Brasil como país mestiço).

Carnaval da BAHIA

Considerada, por seus historiadores, como uma festa “menor” até meados do século XX, a folia
da capital baiana era marcada pelo não diálogo cultural entre a elite branca e escravos africanos
ali fixados. Essa “divisão” se manteria até o início da década de 1950 quando um grupo famoso
de frevo do Recife, o Vassourinhas, desembarca em Salvador e é acompanhado pelas ruas por
grande número de foliões saltando ao som dos frevos.

Impressionados com a animação demonstrada pela população, a dupla de músicos Dodô e


Osmar decidem organizar uma apresentação no domingo de Carnaval, baseada no ritmo que
contagiara a cidade. Os dois aproveitariam um velho automóvel, apelidado de Fobica, e sobre
ele instalariam um sistema de som ligado à bateria do carro, capaz de amplificar os acordes da
guitarra (“pau elétrico” – guitarra baiana) e do violão elétricos usados. No ano seguinte, já com
um novo músico unindo-se aos dois companheiros, o trio passa a desfilar sobre um caminhão
iluminado e dotado de auto-falantes mais potentes, patrocinados pelos refrigerantes Fratelli
Vita. Estabelecia-se, a partir daí, o “ponto zero” da história do “trio elétrico”.
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ARNAVAL “EU ACHO QUE O CARNAVAL VIVE UM


POUCO DESSA COISA DO ENTULHO,
QUESTÕES DO ACÚMULO, DA BAGUNÇA. UMA
BAGUNÇA QUE SÓ A GENTE SABE QUE
ÉORGANIZADA.”
BATERIA: o “coração” da escola (Alexandre Louzada,
Carnavalesco da Beija-Flor de Nilópolis)
Cada instrumento tem uma função. O surdo de primeira é responsável
pela marcação do ritmo e tem uma afinação mais alta que do que
Voltando ao surdo...
os outros dois. O surdo de segunda responde ao de primeira, em
uma afinação mais grave - nessa pergunta e resposta (tempo e - Os surdos têm em média 50cm de altura;
contratempo*), tornam-se então o “coração” da escola. O surdo
- Seu peso varia entre 9kg e 14kg, dependendo do
de terceira, por sua vez, tem uma batida mais solta e intermediária
material com o qual é feito (madeira ou alumínio);
entre os dois.
- Seu diâmetro pode variar de 40cm (surdo de terceira)
*No samba-reggae os papéis dos surdos de primeira e segunda se
até 75cm (surdo de primeira);
invertem.
- O surdo é fixado ao ombro ou cintura do percussionista
A caixa ou tarol dá apoio ao surdo de terceira e suingue ao samba.
por uma tira de couro ou tecido chamada talabarte.
O repique dá o ritmo e costuma “puxar” as “paradinhas”. Já o
chocalho, agogô, tamborim e cuíca (instrumentos mais agudos) dão
PÚBLICO: foliões e percussionistas
“personalidade” ao samba.
PROBLEMAS IDENTIFICADOS:

- Transporte: Como transportar tantos instrumentos, de


diferentes formatos, com o cuidado e aproveitamento
de espaço necessários?
repinique caixa surdo
- Peso: Os percussionistas tocam (carregam) durante
algumas horas os instrumentos (isso sem contar o
peso, dos que usam, da fantasia)

PRETENSÃO DE RESOLVER:
agogô tamborim cuÍca Armazenamento, transporte e manuzeio / utilização
dos instrumentos

Mercado: Escolas de samba, blocos, percussionistas


Departamento de Artes & Design PUC - Rio
em geral.
PPD Conclusão T. 1AC
Aluna: Marina Paiva de Siqueira
Professor tutor: Agusto Seibel

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