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DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES E RENASCIMENTO EUROPEU José V. de Pina Martins 1 [A palavia descobrimento significa “acto de pora vista o que se encon- tra escondido, dé revelar a luz do conhecitnento 0 que antes estava ocul- to”, Ja foi observado que as palavras descobrire descobrimentoaparecem em textos portugueses até pouico depois de meados clo século xv mais de |} mil vezes, enquanto as palavras conguistar e conquisia, até 1507, nao ‘adoptadas sendo umas escassas dezenas de vezes.' Pesquisas deste rénero revestem umna importincia nao secundaria ji que penetram na pr6- pria consciéncie de uma mentalidade colectiva expressa nos textos, a qual talvez possa identificar se, dentro de certos limites, com 4 vocagao hist6- rica de uma comunicade nacional Pelo que concerne a0 conceito de "Renascimento’, jé consagrado ba muito, aceita-se que a realidade cultural por ele designada tenha surgido no séeulo sav com Francesco Petrarca, preenchido que foi, na sua primet- ra fase historia, pelo culto das letras humanas, pelo Humanismo. Depois lo interesse pe'o homem como microcosme vern 0 interesse pela nature mae pelas leis que regem o mundo macrocésmico, o Universo. Os huma- nistas primeiro, 0s cientistas depois. A Lorenzo Valia, Marsilio Ficino, Frmolao Barbaro, Angelo Poliziano, Giovanini Pico della Mirandola, Pietro Lembo, Lefevre d'Etaples, Guillaume Budé, Thomas More, Nebrija, Vives, Erasmo e Clenardo, sucedem Giordano Brino, Tommaso Campanella, Galileo Galilei, Bacon € Descartes. Nas suas viagens mavitimas, os portugueses atingem 0 cabo Bojador cm 1434, $6 meio século depois, em 1483, chegam a foz do Congo ¢ ape- pas em 1487 debram 0 cabo da Boa Esperanga. Ao servigo dos Reis Catoli- os, Cristovaio Colombo descobre a América em 1492, Tiveram de passar 179 ‘aincla mais alguns anos para que Vasco da Gaia aportasse a costa do Ma: Jabar e para que Pedro Alvares Cabral descobrisse terras de Vera Cruz. Mas 4 paitir de 1500, por obra e graca dos caracteres méveis, toda a Europa vai seguir apaixonadamente 0 progresso dos Descobrimentas ibéricos € das ci€ncias novas que dela dimanam, As cartas em latim escritas pelo rei de Portugal e enviadas a corte de Roma sao traduzidas e editadas em vatias linguas, de Lisboa a Roma e a Patis. Os italianos publicam os relatos de navegagdes logo nos inicios do século, servindo-se das descrigdes de \Vespticio dando conta de viagens verdadeiras ¢ algumas talvez fabulosas. Pouco depois apareceré, em 1507, a “raccolta” Paesi nuovamente retrovati logo veitida para latim ¢ editada em Milo em 1508 como titu- lo inerarium Portugalensiun, Depois de meados do século, os relatos de Ramiisio difundem textos hispanicos, nomeadamente portugueses, em lingua italiana, alguns dos quais, como 0 Livro de Duarte Barbosa, 88 mais tarde, no século xx, viriama ser publicados em portugués.’ De 1510 até 1543 os portugueses cstabeleceram-se em Goa, em Malaca, em Sama tra, na China ¢ chegaram 20 Japao. Os humanistas referem estes factos, sobretudo com a mengdo das novas tenras ¢ dos novos mundos desven- dados, Aldo Manuzio, na carta a Leao x inserta nas paginas preliminares da sua edigaio em grego do corpus platonico, no ano de 1513, sublinha a importancia das navegagdes portuguesas e da accao de D. Manuel i para 2 expansio do cristianismo.’ Lefevre d’Ftaples, em 1522, considera que 8 horizontes geogrificos onde vivem as sociedades gentilicas achadas por porlugueses © espanhdis, s4o susceptiveis de representar outros espacos para estabelecer ragum Christi Brasmo é mais reticente: receia que, em nome de Cristo, 08 descobridotes e 0s conquistadores desejem principalmente impor a exploragao e o primadlo dos seus interesses eco- némicos, embora no Feclesiastes, editado em Agosto de 1535, acabe por aceitar que 08 povos descobertos possam escutar mensagem novitesta- mentiria* Obumanista Angelo Poliziano, mestre de filologia do Humanismo, jul- 4 lo importantes as Viagens através da costa africana, de Marrocos a0 cabo da Boa Esperanca, que se propde, numa epistola a D. Joao 1, celebra- las num poema escrito ema latim ou em grego** nao so tas gestas as dos argonautas modernos? Pouco depois, porém, o humanista Paolo Giovio ‘no hesitard em ctiticar a expansio portuguesa, especialmente em virtude da venda de especiarias deteriocadas, ja que as venezianas, exigindo menos tempo de transporte, eram verididas mais frescas do que as portuguesas. Damiio de Gois, 0 amigo de Erasmo — que jé antes, numa carta de 1527, nha estigmatizado, ainda que em termos moderados, o monopélio. por: ugu@s das especiarias — tomara a pena contra Giovio, empenhando na 180 clisputa um dos préprios cardeais da corte de Paulo mt, Pietro Bembo, re ite de humanismo ciceroniano, pra ropes cin uma prestigiosa comunidade cristd africana, a etiope, cuja ortodoxia, para cle, mo oferece dividas.* Bate-se a0 mesmo tempo por que 0 nome de Cito sea pregudo aos Lapoes? Textos latinos e weinéculos de humanisy las portugueses como Géis, Joao de Barros, Ferndo Lopes de Castanhe CJernimo Os6rio sio traduzidos em francés, italiano e noutras linguas € ceditados em Paris, Genebra, Veneza, Bolonha, Colonia ¢ Londres: ‘Descobrimentos e Renascimento associam-se, assim, na mesma con- cepsio do homem e da cultura; interdependetm-se, esto profundamente relacionados, nfo rao, até, numa conexAo de causa ¢ efeito. A Respublt- ea Cristiana no tem fronteiras: humanistas portugueses ensinam em, Paris, em Bordeus, em Toulouse, em Montpellier, em Grenoble, em Ronta ‘em Siena, em Turim, em Salamanca, Humanistas espanhiis, italianos, fla- ‘mengos, franceses € germdnicos ensinam em Postugal nessa primavera efamera que fo: 0 florescimento do erasmismo no Colégio das Artes, na Universidade de Coimbra, mas mesmo depois, durante o florescimento da chamada "Seguada Escoléstica” coimbra. 2 (Os Descobrimentos identificam-se, ento, com o Renascimento por~ tugu@s. Este, scbretudo na Itélia, também é feito de pequenas e grandes lescobertas. f, antes de mais, a descoberta dos codices considerados per- dlides, com textos da Antiguidade greco-latina. Numa primeira fase, © movimento é caracterizado pelo culto das bumaniores littterae, pelas letras humanas: 0 Humanismo propriamente dito. 0 reconhecimento historico, em termos de cultura, do Regnum hominis, Se as ciéncias da Natureza no progridem muito, tal se deve a preocupagao primordial dos jetrados: 0 estudo do homem, com a sua glorificaga0, como podemos dlocumentar pela magna charta do Humanismo, 0 discurso De hominis dignitate de Giovanni Pico della Mirandola." Viri depois a segunda fase, Garacterizada pela filosofia naturalista que levard Galileo Galilei ¢ logo ‘pos Descartes, Antes, porém, o Renascimento tinha continuado a acen- tuar aspectos jd modemos da cultura medieval, através de uma evolucio sliferenciada, Uma concepgao monista do Mundo e do.Homem evolui para uma concepedo dualista mais consentinea com a liberdade individual. Nao se trata, como alguns criticos.ja pensaram, de uma dicotomia. O corpo ¢ 0 181 est, orempo eo eterno, ditt vid tps ao sec emecldem entre Reconecemse como een at psu i . Si te exigéncias da realidade corpérea e temporal. ce eld do omen. se condor de comp t,etpnio mas nb corp, qu ohunaasta Tomas Moe rsp Rafael Hitec Os uopianos vem saunaninaecorovcakee aes 6 de acordo cont le natural. am felzs, tanto quanto se pode sean sieenn Eaavam cnvecios de qu hors Se trabathe por da se quan ode pasar part.oprogreseo sociale para car aovos bende aston partum jig ne de Neher pts kr sose Asleis, simples e claras, limitadas ao estritamente indispen sive eaabelsoem ue 08 valores fabricados pela inteligencta humana fertenens 4 fogos of membros dames coruaidade Platio, na eprbca texto nspidor da Uapia—aenin que os elec altura de compreender a aboligio da propriedade privadl Thomas Nowe, quero seu eat sa unt esa hic de exegese espn tua superion er se metro am io mio si inpindo mas com nudades priniivas dos tempos aposticos, vai mas loge do que Plt, Seaceitums que o capil peed Ugpia vin como pace inc uve, una erica de sociedad ocidentale dos seus males ijutgay 10s de reconhecer que Rafael Hitlodeu, o marinheiro portus us, mo flsofo, meio fllego, exprine em profundidade as proprias ee ee naquilo que elas tém de mais generoso e de ma sxc A Uopianio cx seros Descobrimentos portagueses. ver dade que (ore tinha lido obras do Quattrocento que sao precu soras do sen pensamento, da autor de Leon Batista Albert, de Matteo Talmien ¢ at remontando mals longe, do propo Petarca. Prctendeu contudo, com sua personage eeoidar que os nautasusiadas estavamn aeved pa uma nova Humanidade de cujo exemplo poderia tal- advit, para 0 Ocidente, uma ligo de bom governo. 3 seu Haneeseo Petarea jt fol ehamado o primeiro homem moderno. No $ek Ginzlontes expe 3e ura inguctgdo profunda em termos de .vra a realidade expetiencial. A mulh ada anc dead ser dvinzada come ofa a yor povega no De sinuous cmpantcta min mundo eee, enbor ste lizada no fio da invengao poética. Na sua obra latina sentimos 182 pita todos os anseios da consciéncia modema e € bem diffe encon- teat nos esctitos dos humanistas, do proprio Brasmo, uma idela que nio tanh sido tratada ou pelo menos abordada se nao esbogada nos seus di- Ih jyos e nas suas epistolas: ‘Uma das caracteristicas cla nova mentalidade do Renascimento € 0 sleswjo de concilar 0 pensamento greco-latino com a doutrina crista, De jetnarca a Marsilio Ficino, de C. Salutati a Platina, os humanistas interes snn-se pela organizagio da sociedade. © pacifismo, a sitira da corrupcto esiéstica, a preconizagao de um ideal harmonioso de vida em que os \lncitos da bumanitas sejam reconhecidos, eis alguns dos temas, entre tantos outros, que afloram a obra imensa de Desidério Brastno. ‘O século xvassistica a polémicas intermindveis entre os partidarios de aristateles ¢ de Platao,* O Humanismo, pelo tatado De ente et uno de dNovanni Pico della Mirandola, propoe-se conciliar 0 pensamento dos lols grandes filésofos.""Em 1484 surgira, em latim, 0 corpusplaténico, ver- tido por Marsilio Ficino e com 03 seus comentarios; em. 1492 0 corpisplo- lintuno, traduzido também por ele em latim;* em 1497, ainda no idioma lhtino, alguns textos herméticos, numa estupenda edicto aldina; nos inais Gin séealo xv, também numa edigo de Aldo Manuzio, € eriticamente edi: ado em grego 0 corpus atistotélico." ‘Anova filologia vai agora dar os seus frutos também no dominio dos textes biblicos. £ a versio latina, feita directamente sobre 0 texto rego, ‘lis Bpfstolas de S. Paulo, na edicio levada a bom termo por Lefréve ae taples, no mosteiro parisiense de Saint-Germain-des-Prés:” 2 tiga textutl desse insigne mosumento, o Novo Testamento da Votigloca Complutense, terminado em 1514, glétia do Humanismo hisps- nico, precedendo a versao latina feita por Erasmo em 1516 do Novum inshumentum, ainda que a publicacio efectiva da Biblia de Alcala de Henares tenha s6 aparecido em 1522." ‘Os humanistas, porém, nao $40 apenas filblogos, mas também letra~ alos, pensadores, flsofos, teblogos. Nesse mesmo ano de 1516 € edliado tela primeira vez 0 texto Utopia. IL principe de Machiavelli — que jf fot ronsidierado como una anti-Utopia—tinha sido escrito por volta de 1513, mas 36 apareceu, jd péstumo, em 1532. It cortegiano de B. Castiglione, onde se retomam os temas platonicos da origem ¢ natureza do arnor, assim oerno se define a linha de conduta do perfeito homem civilizaco, publica: scem 1528, dedicado ao cardeal portogués-D. Miguel da Silva.” Em 1529 wiugem os Comentdrios da lingua graga da autoria de Guillaume Buds, Ciota que ia asinalat, por efeito da carta a Francisco ta fundagao do Col- lege des Lectours Royaux, mais tarde College de France. Em 1535 0 mes. na Budé da a estampa um livro de importincia capital para provar que do 183 estudo das letras gregas se pode chegar aos aditos da revelagao crista, 0 De transitu Hellenismi ad Christianismura.® Em 1543, ano em que os por- tugueses atingem o Japao, aparece em Nuremberga 0 De rewolutionibus orbium caelestium de Capérnico, magna chara da ciéncia astronémica moderna. O Renascimento europeu esti na origem do progresso cientifi- co em todos os dominios, desde o da dissecacao dos corpos com vista 3 obtengio de um conhecimento tanto quanto possivel pérfeito da anato- mia do corpo humano, por Vesalius, até 4 ciéncia do mundo celeste que pouco depois iré dar passos de gigante com a luneta astronémica de Galileu. Entretanto, os portugueses, que ndo chegam entio a ser 1,5 milhao de alas, continuam a navegar, na faina dos seus tréfegos comerciais, enquanto missiondrios pregam o Evangelho, pata isso procurando conhe- cer mais tigorosamente as linguas exéticas. Fora de Postugal, 0 Renascimento comega sob 6 signo do Humanis- ‘mo. Afirmou-se ja que outro tanto ocorre entre nés, Parece-me que nao. Seaatinude fundamental do homem do Renascimento é.a curiosidade (em relacio a si mesmo, em relagdo aos textos literirios cuja escrita procura aperfeicoar por um trabalho técnico visando a fidelidade e, depois, em rela¢io20 mundo exterior), ndo foia curiosidade, empitica primeiro, mai tarde organizada ¢ exacta, no que respeita 4s novas terras, a novas genes ea novos horizontes geogrificas, que levou os portugueses a empresa dos Descobrimentos? Se se pudesse demonstrar com o apoio de textos nauti- os, geogrificos e historicos, que existe um novo espirito, caracterizado pelo desejo de completar 0 conhecimento tido ento do Universo através do acesso a novos horizontes da Terra, talvez nao fosse inexacto susten- tar que o infante D, Henrique foi de facto, como ja opinou um bistoriador britanico, mais do que o precursor, o auténtico paladino do Renascimen- to portugues, Nesse sentido, o Infante teria sido, em Portugal, o nosso pri- ‘meiro homem moderno. Se acreditarmos num passo da Crénica da Guinéde Zurara, segundo © qual D. Henrique teria exortado Gil Zanes a desvendar 0 Oceano que a imaginacao antiga tinha povoado de monitros,” essa seria ja uma atitude de espirito esclarecido, verdadeiramente renascentista. & sabido que o Livro das Maravithasde Marco Polo, que D. Pedra, irmao do Infante, teria twazido de Veneza, circulava em Portugal: foi, com efeito, editado em 1502 em Lisboa, por Valenti Fernandes, escudeiro da rainha D. Leonor, vitiva de D. Joao 1 No inicio das navegagoes at¥inticas seguia-se ainda prudentemente a costa, o que permitia o reconhecimento da sua configuragao reproduzido em desenhos cartograficos, Jé no século xv os portugueses se encontram em, 184 ccondigdes de poder praticara navegacio astrondmica, tendo bem conscién- cia do que tal representava como progresso, de acordo com o que se esere- ve mum dos sete documentos, existentes em Portugal, sobre a viagem de Cabral a0 Brast, Esta viagem pode considerarse como o acme ou 0 ponto imeiro do Renascimento portugues, isto é, dos Descobrimentos husfadas Descrigdes de tetras, diérios de bordo, roteiros. A experiéncia adquitida € nis conhecimentos armazenados ¢ confrontados com a realidade, controla- dos por uma inteligencia vigilante ¢ critica pelo entendimento — estio 1st otigem do progresso das navegagdes. © estabelecimento da situacéo no lugar pela observacdo astronomica, a cautela resultante do conhecimento ‘oncreto das comentes maritimas e do regime dos ventos, tudo isso, mesmo ue © ponto de partida tenha sido puramente empitico, é jé do dominio da Ienica € da ciéncia, Pedro Nunes sustenta, num passo célebre, que os por lugueses procediam, nas suas viagens, com método, com rigor e conheck inento exacto, cervindo-se de instrumentos que os ajudavam a navegar.® Joao de Barros, na Ropicapnefma, observa que. ciéncia de Ptolomeu linha sido superada e revolucionada pelos navegantes lusos.” Os pilotos suiviam-se de guias manuscritos ¢ de manuais de navegagao, como se siesta pelo Esmenaldo de situ Orbis de Duarte Pacheco Pereira. A técnica «ki construgao das naus aperfeigoa-se com base na experiéncia, Os textos ‘alam constantemente dessa experiéncia como mae € lipo da vida, justa- posta d tazdo eo entendimento, que dela se serve para mover e guiat os homens em empreendimentos importantes. 4 Esta curiosidade, fundada na experiéncia, 6, de inicio, por conse- «éncia, apenas empirica. Mas o agir a que ela conduz, corresponde a0 awango de um conhecimento critico, organizado, em dominios os mais sliversos do saber, Longe de mim a pretensdo de aproximar os conhecimentos que leva- sm 05 portugueses a obstinar-se sem pausa nas suas navegacbes da cién- vit moderna criada por Galileu e por Descartes! Mas um saber adquirido tnvz consigo ovtos, ndo jé simplesmente “de experiéncia feitos’, antes tundados em nogées cada vez mais estruturadas, Os objectivos a atingir «lefinem-se com maior clareza, os meios a adoptar dominam-se com mais vgilidade, Das tentativas empiticas passa-se pata empresas planificadas, ‘onjginizadas, Isso representou uma conquista no plano cientifico. As con- sequéncias das navegagdes foram-notambém. 185 Numerosos documentos dos séculos xv exvr, de grande valor, dao te temunho, em Portugal, desses aspectos nao incidentais do primeiro Renascimento 0 Almanaque perpétuo de Abraao Zacuto, ecitado em Leiria em 1496, com as tibuas utilizaveis pelos pilotos; o Esmenaldo de situ Orbis de 1504; 0 manuscrito de Valentim Fernandes a que se atribui a data de 1507; 0 Livro da marinbaria de Joao de Lisboa, de 1514; 08 Regimentos le Munique e de Evora (le 1509 a 1517); 0 Livro de Duarte Barbosa, compos- to provavelmente em 1516; 0 Repert6riodos tempos de Valentin Fernandes, de 1518, cujo éxito ter a duracdo do seu século; 0 Roteiro de Lisboa a Goat de D. Joao de Castro, sobre viagens realizadas por volta de 1530. Em meados do século de Quinhientos, 0 Livro da fabrica das nausc: Fernio de Oliveira atesta 0 progresso alcangado pela técnica da constru- do naval, em 1563, os Didlogos dos simpres ¢ drogas de Garcia da Orta, impressos em Goa, assinalam iguais avangos no dominio dos conhect mentos botinicos e farmacéuticos, que a Europa havia de consagrar atra- vvés de numerpsas edic&es em varias linguas, J4 antes, porém, Pedro Nunes, tivera jus a admiracio dos mateméticos ¢ astrénomos seus contempor: nos, que juntam 0 seu tratado do nénio (designacdo tirada do seu nome vertido em lati) ao texto de Sacrobosco; ¢ Antonio Luis, mais conhecido pela sua Panagyrica oratio de 1539, de elogio dos Descobrimentos, mas que escreveu também livros de medicina publicados logo no ano seguin- te*. Nao é facil, em Portugal, distinguir as fronteiras entre ciéncia e huma- nismo, pois que, se até 1530 & principalmente o conhecimento técnico que prevalece, 0 conhecimento humanistico viré a adoptar os métodos da nova filologia, depois dos nossos contactos internacionais, sobretudo ita- lianos e franceses. A historiografia portuguesa, por outro lado, pds de parte frequente- mente a orientaco retorica que ¢aracteriza a historiografia humantstica ita- liana e francesa. Os historiadores portugueses, mesmo os que escrevem ofi- cialmente a cr6nica dos feitos operados em nome do rei, atém-se antes de mais a uma documentagdo menos erudita do que factual. Jodo de Batros, Fernao Lopes de Castanheda e até Duarte Galvio nao sofrem desprestigio se comparados com os representantes estrangeiros da historiografia ret6ri- a fabricada pelo Humanismno, em que a mitologia grego-latina continua a ser privilegiada, sem uma destrinca critica entre © histérico € 0 fabuloso. TTalvez convenha agora focar um outro aspecto da cultura do Renasci- mento portugués, com frequéncia esquecido: o esforgo por conciliar ideias ecuménicas e pacifistas do Humanismo com propésitos proseliticos de expansio. No espitito de humanistas como Joao de Barros, Damiio de Géis e mesmo Antonio Lis, a expansio era legitimada pelo objectivo da evangelizacao: tratava-se, para eles, de uma missio civilizadora, assumi- 186 sla pelos que se davam como projecto levar 0 Evangelho a povos que 0 ito conhecian, Erasmo no podia compreender este esforgo de concor- «kincia que lhe parecia, na propria l6gica dos preceitos evangélicos, ine~ sequiivel por contradit6ria, E verdade que os humanistas sabiam distinguir is viagens dos empreendimentos guerreitos, os Descobtimentos dosactos ‘le pirataria ou de conquista. © humanismo nio estava tio embotado por ‘una cultura “iveesca” que nao tivesse consciéncia do que representava 0 \cance universal do achamento de novas gentes ¢ de novos mundos. Mas ‘que espitito humanista nao podia aceitar € quese fizesse a guerra, mes- mo aos infiéis, em nome de Cristo, principe da paz. Erasmo chegou a eserever que a melhor maneira de converter 0s Turcos 20 cristianismo seria dar-lhes ¢ exemplo de mansidao e amor fraternos, Os humanistas portugueses, mesmo os mais profundamente erasmianos, tinbam sobre a oxpansio ideias diferentes das que eram professadas pelos paladinos do Renascimento humanistico europeu.” ‘© magistério de Angelo Poliziano ecoa na Epistola Plinitde Martinho «le Figueiredo, em 1529, em cujos comentérios figura encomiasticamente ynome de Erasmo.” Nas obras de frei Ant6nio de Beja contra a astrologia acerca da doutrina e ensinanga de principes (de 1523 a 1525), cujo esti- \nse no afasta muito do de uma forma mentisescolistica, repercute-se a influéncia temitica e doutrinal de Giovanni Pico della Mirando!a.™ Na Ropicapnefmade Joo de Barros sentimos, ainda que erm surdina, a pre- licagao da palavra de Erasmo, mas nela descobrimos também 0 sulco do ivertofsmo aristotélico italiano, representado pelo nome de Pomponazzi, jue tem no seu De immortalitate animae.um texto basilar do materialis- ino renascentista, Emm André de Resende, o panegitista de Erasmo, pode- mos documentar a intengio de harmonizar a pieias com as letras huma- nas, num estilo menos sObrio do que o do seu mestre.” No poerma \itimoriaeditado em Coimbra no ano de 1536, Aires Barbosa ostenta un inti-erasmismno mais téctico do que auténtico. Os hurmanistas que des- vem de Bordeus a cidade de Mondego em meados do século xvi fazem spear em Colinbra a aragem purificante de um pensamento livre. Mas logo depois o vento da repressio tudo arrebatard enquanto asaves migra~ «loras do erasmismo procuram céus mais clementes ¢ horizontes mais lar- ‘gos, Na Imagem davida cristae nos tratados latinos de D. JerSnimo Osorio rexpira-se o perfume discreto dos diélogos morais de Francesco Petrarca.™ Gil Vicente representa a transi¢ao da literatura medieval para a moderna e pode ilustrar 0 que ja havia de modernidade livre na sétira sovial quatrocentista, Si de Miranda, o mais insigne pioneiro da literatura hova, continua fiel, como o havia de continuar Camdes, aos metros antl- aos e 20s temas da poesia popular, cujo sabor genuino se nao detxa pene- 187 trar pela tentagao de sabores estéticos mais subtis € requintados. O petra quismo, nestes poetas, coexiste com um shlnovismo renovado, imposto por um desejo de regresso a frescura de uma temtica que Petrarca no conseguit totalmente postergar:”” Este trago catacteristico nao pode ser tido como significando um enxerto do novo no velho, mas um aproveitamento do que de mais puro nascia da tradicao popular arcaica ou atcaizante e da revolugao formal importada da Itilia. A critica & expansdo é feita em nome da recuisa de um presente prospectivo, voltado para um futuro digno de ser vivido, mas do ‘que essa expansao jé mostrava nos germes que haviam em breve de ser fatais 3 integridade do povo portuguiés. © poeta torna-se profeta. Voltado para oantigo, elogiadordos Provengais Cde que Petrarca fez tio rico ordu- me”, como escreve™), $4 de Miranda abandona a corrupcao da corte & compde, em contacto com a gente humilde ¢ coma natureza simples, a sua obra marcada por um sinete de geiuinidade poética incomparavel. 0 Renascimentg ndo cortara os lagos que o prendiam a0 que de mais alto existira na Idade Média. Angelo Poliziano desejara celebraras viagens dos portugueses a0 longo das costas de Africa. Um outro Angelo, Angelo Colo- cei, oferece as letras de Portugal, através da cOpia ce codices desapareci- dos, a sobrevivéncia da antiga poesia medieval lusiada, nos cancioneiros da Vaticanae no Coloce!-Brancuti Enfim, Camées, 0 autor de Os Lustaclas, no propésito de identificar a vocacio hist6rica do povo portugués com 0s feitos das viagens intercon- tinentais ¢ especialmente da viagem de Vasco da Gama, sublinha, a cada passo do seu discurso épico, o que de mais universal se consubstancia no agir dos heréis imperfeitos, submetidos ao risco da morte nos mares em célera.**Talver. que isso possa simbolizar o que o Renascimento represen- ta de mais sintonizado com um destino historico: desejo, para homem, de escothero seu proprio caminho; curiosidace insaciavel, de mistura com." ‘uma ambicao imensa de gl6tia (nao raro de vangloria) de bens materia; meios técnicos que, de empiticos, se tomam rigorosos no dominio de um conhecimento amadurecitts, perante os mistérios de uma natureza terri- velmente fascinante que ora se oferece no encanto irresistivel de toda a sta beleza, ora se tecusa e expoe os que a desafiam 0s perigas que aca- bam poraniquilar esse “bicho da terra tio pequeno” de que fala o Poeta.* 3 Na hist6ria da cultura europeia, ¢ primeiramente em Iii, o Renasci- mento € constituico na sua primeira fase pelo culto das letras humanas, pe 188 lu pesquisa dos textos exemplares que pouco a pouco se descabrem; pela cexiltagdo do homem; pela procusa da beleza na imitagao dos classics da Antiguidade (e essa ptocura, uma vez cumprida, deixou-nos também monumentos insignes nas artes arquitect6nicas, figurativas € plisticas); pelo aperfeigoamento de métodos filologicos com vista a restituis aos tex- (os a sua pureza original. Os letrados entregam-se ao estudo das ciéncias hnimanas, a0 aprofundamento do mistério do Homem em si mesmo e nas stuts nelagSes com os seus semelhantes, membros da mesina comunidade. (Os humanistas elaboram programas de governagdo ut6pi modelos de convivéncia harmoniosa na relacdo associada, propdem solu- oes que Ihes sarece poderem vir a ser desejaveis, estigmatizam a guerra, cantam com entusiasmo os beneficios da paz, geradora da felicidade mate- rile espiritual, cornucdpia da Idade de Ouro, apoiando-se sobre argumen- tosdimanadosdo simples bom senso ou dos grandes textos cléssicos, bibli- cose patrstices. ‘© Humanismo 36 se desenvolve, em Portugal, a partir de finais do pri- ‘meiro quartel do século xv". Mas 0 pais est voltado para o Atlantico. Langara-se antes na aventura das.viagens maritimas, esforgando-se por conseguir 0 apetfeicoamento técnico dos seus limitados meios, aptos, porém, a darthe o dominio das navegacdes. A técnica é, de inicio, rudi- ‘mentas, mas com a experiéncia torna-se tigorosa. Os conhecimentos expe- imentalmente adquiridos so disciplinados pela razao € tornam-se siste- maticos, transiormando-se, deste modo, em ciéncia. Surgem textos em yue esta cignea sé constrOi, coerente, embora, na sua génese, fundando- se numa observago primdria. Depois apareceriio obras literirias ¢ flol6- izicas. Nada disso € fruto de uma curiosidade gratuita. Em primeiro lugar porque o paistem as suas vias no campo ¢ no mar. Depois porque 03 seus hubitantes precuram os trifegos, adaptam-se a outros climas, transfun- slom-se noutras humanidades, sob outros cus. Da experiéncia ao saber metédico, do contacto com 0 real 2 ciéncia rigorosa, eis como poderia cnunciar-se uma definicao exacta dos Descobrimentos portugueses que io historicamente 0 Renascimento em Portugal, precedendo o Humanis- mo renascentista Pioneiro, com a Espanha, dos Descobtimentos maritimos, Portugal 6, segundo julgo, um dos dois paises europeus que, antes de ser culto € Ietrado, foi camponés, viajante ¢ marinheiro. Nos textos que ilustram a sua vocagio propria, o mar foi o caminho invaridvel da sua hist6ria. Nos textos literarios que os portugueses, polidos pelo Humanismo renascen- a eUropeu, escreveram entio € mesmo mais tarde, respira-se ainda 0 perfume delicado de flores campesttes € © odor acre das fortes marés wlanticas. 189 NOTAS 1 J. naeaDas pe camatno, O Renascimentoportnguds em busca dasa especie dade), Lisboa, 1989, pp. 165 (2) TUiopIe, “Catalogue de FExposition Bibliographique su Centre Culturel Port {gis Paris, 2977, pp. 23-4 "D'apeds la eacuction iallenne de ce texte que Von trouve eg lemene cans les Navigation’ ef Viaggi de Racnsio, Duarte Barbosa écrit a fin de sa prt face, que son livre a ét# achevé en 1516, e'est-i-cice l'année mémie de Ia partion ck prendre éltion de I'Utopie. Sebsstizo Francisco de Mendo Thigoso la publia pour ka pre rnugze fois en 1812, als cut la confronter avec la traduction de Ramiiso, le manuscrit qui avait sa dispesition tant apograpie” (G) Nesta cara-dedicatéria a Leto x, ldo Manuzlo intespreta a expansta do eristia- rnismo na Asia por parte dos Portugueses como Wn sinal elvex precursor da undo de tks {8 tists, por ironia da sorte quatro anos antes das "95 teses cle Lutero” que assnalarar, com 1517, a rupuura da Reforma provestante, (4) A referencia de Lefevre d'Etaples, na introducto des seus comentirios a0 Nove ‘estamento, aos Descobrimentos portugueses espandis€ breve, massem ambiguidide, (5)0 passa do Ecclesiastes eresmiano, porventurainspirado pelo Lagario magi inde: ‘rum Imperataris de Damito de Géis, reconhecendo emora o estabeleciniento de nove ‘espagos pata expansto do cistanismo, no deixa de sexanito eco para os soberanos cristios ocidentais que nfo renunciavam & guerra conta os infidieinvocando como finali= dace a sya conversio a Giso, (ODA epistola de Angelo Poliziano inicia 6 Livro xdos Opera Omnia humanist em fodasas edigdes,a paris da aldina de 1498, (Ver 2 esse respetto e zinda pelo que concerne aos textos de Gels sobre o esti risma do Presies Joto, os Damian! a Goesequiteslustan Opuscle quaetn Hispania i= ‘rata continentar, Cola, 1791 (8) Rides, Retigio Mo esque Aerbicoura de 1540 e, a edi conimbricence dos Opt cute, pp. 161-286. (©) Depioratio Lapplanae Gontisinseto na edigao de Fides de 1540, nos Opuscio, pp. 287.96 (10) Ver edisdo primorosa de E, cain, De bo escrit var,Blorenga, 1982. GD]. V.de pa mares, LUtopie de Thomas Moret Humanssme, Pats, 1978, p.Z7 ‘Le renoncement la propriété individuelle est une conéiticn fondamentale pour atteindre utane que possible le boreur de tous”, (12) 0 historiador postugués oto de Barros, 1496-1570) eserevet na introdugdo sua Década ttf que Thomas More, coma sua Utopia, procusou ensinar aos ingleses a arte do bom governo, (13) Uma das mais c@iebres fol a pol nica entre Jorge de Trebizonda e Besearion, que contra 0 seu compatriots escreveu 0 famsoso texto Zn calummatoren Platonis, que Alco ‘Manuzio editou em 1503 ¢, pouco depois da sua mort, os seus herdeitos publicarast em 1516, dignttat, Heptaplus, Deemeetany (14) 0 Deente et unosdo € senao um esbooo da grande sintese que Giovanni Ps ella irancota se propos escrever scerea da sua concepgto ualtsia de pensamento plato hico € aristotélico. Este texto, que Eugenio Garin sablamente editow em 1942, figura ert todas as edigdes dos Qpera Ommia da Fenice degll Ingegn a partis da princepsde 1496. 190 (15) Aedigio Alorentina do corpus plotiniane ealtada em 1492, de que existe um Somplar na Biblioteca Nacional de Lisboa, € um incundbulo precioso que foi edeado a spwnits de Lorenzo de’ Medic {1030 corpusaristtélico na edicZ0aldina dos fins do séeulo wvé urs verdadero cime lu cur importingia € enticamente to grande que dela esczeveu Michelet, no volume reuuisance da bistotre de France, que 6 seu valor igualao do descobriments da América, Tina, na 60a edge do corpusdo flosofo do Liceu, dediesds a Jolin More, flo do autor Li opie (2533-50), soguin de pertoa sua lich textua) (17) Ver 0 qe escrevemos ta apresentacio da edicdo princepsne nosso catslone Jie E'opi, cit na nota 2, p. 26: "ll git probablement de Toeuvse dhéologique Ia plus sinpotante de Lefevre e'Etaples, Le live est un veai chef-d'eeuvre de I typographie den a ¥senne” (18) Adigho do Novum fistrumentumde Brasmo em 1516, como texto gregoea sua «rsio latina, ao pdde asim benefciar da edigdo do Novo Testamento da Poliglta Cos plicnse, apesar ce a pa conclusio ser de 1514. segunda edge do Novum Testamen- fun erasmiano en 1519 €talvez mais impporarte do que a princeps, um sude-nada apres (19). Miguel da Silva, umanista muito etinto nomeadamente pas suas poesias at ss foxou-se em Roma, onde se prestigiou pelo seu mecenatismo e pela sus cultura, contra + ventade do el de Posrugal D. Jodo mi, que 9 persegut (203 Alem de sua beleza g-ifica na edigdo privcepsolivro pode ser considlesado como + yeidadeirotestamento eapirtual de Guillaume Budé 1) Chromiza do descobrimento e conquista da Guiné de Gomes Ean snavladada do manuscsito orginal pelo Visconde de Carreira com intodugzo enctis pelo \isconde de Sanam, Paris, 1841, p. 57, (2) Vera eipto madera Marco Pautl, conforme a impressio de Valentim Fernat les, por. Af Esteves rensia, isboa, 1922, Foseolo nexeo#rTo, na introcucte 2 sua eg Ii Mifone, itu (a tracdizione manoscritta deiNiicne di Marco Polo, Florenca, 1928, ‘wimpresse pela Bottega dBzasrno, Turim, 1962, refeie-se, nes pp. cxrvivon e val i beleze sniica © 8 perfeigto textual da edicto poruguesa de 1502 (3) Ver, acerca de Pecro Nunes, o que nos ensina com cidnela e igor Ede aunugu ov na a fntrodupdo dbistria dos Descabrinntas Portuguese, isos, 1985, pp. 187-9 (24 Repicapnefina, edi fecsimilada com notas © um estado por TS, aBvan, Fa- nlluce de Letras, 1952, {@5)0 problema quese poe acerca ca Pancgyrica onatic, exaltagto da expansio por ssa por parte de um humanists processado pela Inqulsiglo, nio dina de set interes- lite J. § de Sit pis tratou-o na sua sempls monografia "A politica cultural da época de 11, nda. Colmbra, 1989, ol 1, pp, 228-39 (26 Nao deixa de set interessante veica: que, de Resencie a Gois, le Barros Telve hruraanistas que seguirart mais ou menos flelmence sulco do pensamento de Erasmo € Ioncisitenismo —, 0s humanigas portugueses procurarim coneliar uma concepeto irén | cirexpansio pomgues, stendo-se principalmente a interpretar 0 império como um nein para expandit o Evangelho e postergando 0 entendimerto das Descobertas de novas ‘erras coixo uma forma de imperialismo politico © econémico. (27) Brabors a mengio do nome de Brasmo m0 signifique, em 1529, nada de extaor linia ceano novidade — em Espana jf se publicavam tradugdes de seus textos cesle |5t0— imporia sallentar peinelpalmente © significado do magistério de Angelo Pollan. fe Anuar, 191 Ubi ero nossocestide *Lastrologie au Portugal. AntGnio de Be est ciscipe de Pie Se ft litandole™ em Sdumanisme e Renaissance de Halle au Portugal lesen eqaras de fans, Pris. 1988, pp. 571-618. (29) Ver a nossa contribu Humanisne 555 isdo “Aspects de Térasmisme d'André de Resende”, em ef Renaissance de Hale au Portugal — tes den regards de fans pp. 19, (30) Aires Barbosa crtea 0 Moria encomium de Erasmo pela sua desenvohura sath Hea que pee em casa os representantes da auordade eclesistic, mas, nas sane egg ‘essenciais,nlo seafasta um Spice do programa cristocentrice eran (31) Nero nosso ensaio "La répression contre érasmisine: Jeronimo Osério et la fin e.rermisme a0 Portugal”. em Huonanisme e Renawance de Mallen Perea ba dess-reqardsdefanus. pp, 355-63, (32) No seu Ganztoniere. Petrareainova no estat plavra poética 30 sentimento experiencial lexion so ainda, pelo menos em pane. sfinovitas, 33) s obras do celeb lustano 0 deutor Francisco de Sa de Miranda, Lisboa, Manuel de Li, 1595.11 51, uns problemas essenciais que se poem acerca ca tadkto textual e da incioneio. hoe na Biblioteca Nacional de Lisbon, ver 6 estudo finda i. Formazione e struttura del Canszaniere Portogbexe della Biblionseg Néalonale di Lisbona (Cod. 10991: Coloct-Brancutl) que muito nos honramen eqns Prbicado en “Arquivos do Cento Cultural Portugies" 179, vol. tie pp (35) Os hers cle Os Lusiadasio, com efit, homens de came € oso, com defetos ENGo owt mo hesita pr em destaque, o que nem por sso abaina o nivel da inopirseno pica 136) Oststadas, 1.106, v. 8. inctecimento de uma Felidae rigo- fo amor, mas a sua linguagem € 6 set | Mapa-mindi de Henricus Martellus, c, 1489, em Insuarinuslllustratem, Londres, British Library. 192

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