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Documento 17: A conversão do rei de Malal (futuro Mali)

Atrás deste país (Yarasna) existe outro reino, chamado Malal, cujo rei é
conhecido pelo nome de Al-Muslimani. Foi assim chamado por ocasião de uma
crise de fome que durava anos. As pessoas tinham oferecido tantas vacas em
sacrifício para obter a chuva que quase tinham destruído a espécie entre eles. O
rei tinha então um hóspede muçulmano, que conhecia o Alcorão e se empenhava
em seguir a Sunna. Participou-lhe as suas preocupações. “Se aceitares acreditar
no Deus Muito Elevado, disse-lhe o muçulmano, na sua unicidade, na missão
profética de Muhammad e se observares as prescrições da Lei Islâmica, estou
certo que obterás a libertação das tuas desgraças e que a misericórdia divina
descerá sobre todos os teus súditos a ponto de tornar ciumentos os teus
inimigos”. O muçulmano continuou a exortar o rei que, finalmente, deu uma
adesão sincera ao Islã. Leu então no Alcorão algumas passagens fáceis de
compreender e ensinou-lhe algumas obrigações e as tradições que nenhum
crente pode desconhecer. Esperou em seguida pela véspera de sexta-feira. Pediu-
lhe para fazer as suas abluções completamente e com cuidado. Depois envergou-
lhe um vestuário de algodão que possuía em reserva. Dirigiram-se os dois para
uma pequena colina. O muçulmano começou a rezar e o rei, que estava à sua
direita, imitava todos os teus gestos. Rezaram assim uma boa parte da noite. O
muçulmano fazia invocações e o rei respondia amém! E eis que quando o dia
começava a despontar, uma chuva forte se abateu sobre todo o país.

O rei mandou imediatamente destruir os “fetiches“ (dakakir) expulsar os


feiticeiros do seu reino. A sua conversão foi sincera; a sua família e a sua corte
também se converteram. Mas os seus súditos, que se mantiveram politeístas,
deram-lhe cognome, a partir dessa época, de Al-Musulmani [o muçulmano].

(Al-Bakri, Livro dos caminhos e dos reinos, 1068, presente em M’Bokolo, 2009: 136)

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