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Apostila 4 Interferên
ia
Sumário
1 Interferên
ia
onstrutiva e destrutiva 1
1.1 Interferên
ia em uma dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Interferên
ia em duas ou três dimensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
4 Interfermetro de Mi helson 11
A mesma frequên
ia, dando origem a uma distribuição espa
ial de ventres (pontos de amplitude de os
ilação
máxima) e nós (pontos sem os
ilação),
Ou frequên
ias similares, dando origem a batimentos, nos quais a amplitudede os
ilação
res
e e diminui
periodi
amente,
om uma frequên
ia propor
ional à diferença de frequên
ias das duas fontes.
No estudo de interferên
ia gerada por ondas eletromagnéti
as, supomos que as duas fontes tem a mesma
frequên
ia, porque o segundo fenmeno (batimento) é imper
eptível quando as frequên
ias das fontes são muito
grandes (lembramos que a frequên
ia típi
a para a luz visível é da ordem de 5 × 1014 Hz).
Vamos
onsiderar que as duas fontes possuem a mesma frequên
ia, mesma fase e mesmo estado de polarização.
Essas
ondições não são muito restritivas: para antenas, podemos dizer que elas são alimentadas pelo mesmo
ir
uito e apontam na mesma direção; para a luz, veremos adiante
omo garantir que essas
ondições sejam
satisfeitas. Como a velo
idade de uma onda depende apenas das
ara
terísti
as do meio no
aso de uma onda
eletromagnéti
a, dos valores de ε e µ para o meio as fontes emitem ondas
om o mesmo
omprimento de onda
λ. Além disso, ondas
om a mesma fase passam por máximos e mínimos da onda simultaneamente.
1
Maxwell obede
em ao prin
ípio de superposição, os
ampos elétri
o e magnéti
o resultantes em
ada ponto são
iguais à soma dos
ampos emitidos por
ada fonte. Vamos ver o que o
orre
om o
ampo elétri
o.
Se ri é a distân
ia entre o ponto de observação e a fonte Fi , então a amplitude resultante depende da diferença
∆r e do
omprimento de onda. Os
asos mais importantes são dis
utidos a seguir:
∆r = m · λ , m∈Z (1)
as duas ondas al
ançam o ponto x em fase : máximos da primeira onda
oin
idem
om máximos da segunda
onda e mínimos da primeira
om mínimos da segunda. A amplitude resultante é:
A = A1 + A2 (2)
1
∆r = m+ ·λ , m∈Z (3)
2
as duas ondas al
ançam o ponto x em oposição de fase : máximos da primeira onda
oin
idem
om mínimos
da segunda onda, et
. A amplitude resultante nesse ponto é:
A = |A1 − A2 |, (4)
sendo nula se as amplitudes de os
ilação das duas fontes são iguais. Dizemos que o
orre interferên
ia
destrutiva.
Quando variamos x em uma dimensão (na reta que liga as duas fontes), vemos que IC e ID o
orrem alter-
nadamente: quando deslo
amos x para a direita, r1 aumenta e r2 diminui, de modo que ∆r aumenta. Quando
∆r varia em λ/2, saímos da
ondição de IC e vamos para ID.
O
aso ∆r = 0
orresponde à linha normal à reta que liga às duas fontes, na metade do
aminho entre as
fontes. Vemos interferên
ia
onstrutiva nessa linha.
Todas as demais linhas tais que ∆r = mλ, m 6= 0 são hipérboles (de fato, uma possível denição de hipér-
bole é o
onjunto de pontos
ujas distân
ias a dois pontos xos (as fontes) têm uma diferença
onstante).
Dependendo do valor de k, visualizamos IC (nas linhas anti-nodais) ou ID (nas linhas nodais).
Na gura a seguir, mostramos duas fontes de ondas
om mesma frequên
ia e fase, os máximos das ondas
geradas por
ada fonte (linhas
heias) e as linhas anti-nodais, onde a amplitude de vobração é máxima. Linhas
nodais lo
alizam-se entre
ada par de linhas anti-nodais.
2
3 -3
2 -2
Valores de m: 1 0 -1
1. Fontes de luz típi
as,
omo lâmpadas ou velas, tendem a ser in
oerentes, apresentando fases e estados de
polarização aleatórios;
2. O
omprimento de onda da luz visível está na faixa dos 500 nm, de modo que uma distân
ia muito pequena
separa pontos de interferên
ia
onstrutiva e destrutiva.
No iní
io do sé
ulo XIX, T. Young elaborou a seguinte experiên
ia: uma fonte de luz mono
romáti
a emite
luz que in
ide em um pequeno orifí
io; a luz que passa por esse orifí
io foi emitida por uma pequena região
da fonte, sendo aproximadamente
oerente. Após passar por esse orifí
io, a luz en
ontra uma superfí
ie opa
a,
om dois orifí
ios separados por uma distân
ia d, da ordem de fração de milímetro: a luz que sai desses orifí
ios
omporta-se
omo a onda EM que sai de duas antenas em fase, separadas por uma distân
ia d. Finalmente,
essa luz é projetada sobre um anteparo opa
o a uma distân
ia x muito maior que d: assim, os raios que saem
de
ada orifí
io per
orrem quase a mesma distân
ia (
om uma diferença de per
urso da ordem de 500 nm) até
hegar ao anteparo.
Para pontos y distintos do anteparo, o valor de ∆r muda, de modo que a intensidade da luz em
ada ponto
pode
orresponder a máximos ou mínimos: a gura observada
onsiste na alternân
ia de franjas
laras e es
uras,
formando o padrão de interferên
ia de fenda dupla. Podemos ver essa alternân
ia no desenho a
ima, notando
que os pontos C, D, E e F
orrespondem a
Atualmente, usamos uma fonte laser
omo fonte
oerente de luz, de modo que não ne
essitamos do primeiro
orifí
io para realizar o experimento de fenda dupla. Usamos, em vez de um par de orifí
ios, que transmite pou
a
luz, um par de fendas retangulares,
om a largura bem menor que o
omprimento. O experimento é realizado
numa sala es
ura, e a gura é projetada numa parede situada a alguns metros de distân
ia.
Vemos na gura a seguir que são projetados pontos brilhantes, de intensidades diferentes: o ponto
entral é
mais
laro, e os demais pontos estão espaçados de forma periódi
a de um lado e do outro. Nesta Apostila, vamos
obter a posição de
ada ponto
laro, e uma fórmula para estimar a variação de intensidade entre um ponto
laro
e o espaço ao redor desse ponto. Entretanto, vemos que a intensidade dos pontos
laros não é a mesma, e que
quando nos afastamos muito do ponto
entral, a gura perde intensidade e desapare
e: estes efeitos o
orrem
devido à largura nita de
ada fenda, o que veremos em maiores detalhes na Apostila de Difração.
3
2.2 Posição das franjas
Consideramos a seguinte situação: duas fendas delgadas em um anteparo opa
o separadas por uma distân
ia
d (na verti
al) são iluminadas por luz
oerente de
omprimento de onda λ, que se propaga na direção x (na
horizontal). Uma tela opa
a, estendida na verti
al, se en
ontra a uma distân
ia x das fendas,
om x ≫ d.
Forma-se uma gura de interferên
ia na tela,
om franjas brilhantes e es
uras: queremos determinar a posição
de
ada franja, assumindo que a largura de
ada fenda é desprezível.
Anteparo
Fendas
r1 y
r2
d d θ ∆r θ
Pelo prin
ípio de Huygens, as fendas se
omportam
omo fontes de luz se
undárias e emitem luz em todas
as direções possíveis, em vez de apenas na direção horizontal. O ponto da tela
ontido na mediatriz entre as
duas fendas re
ebe luz que per
orre exatamente o mesmo
aminho saindo de
ada fenda:
omo ∆r = 0, o
orre
IC nesse ponto. Vamos tomar y=0 para esse ponto: ele será o
entro da gura de interferên
ia, que se estende
de forma simétri
a a
ima e abaixo dele.
Podemos traçar raios saindo de
ada fenda, que atingem a tela no ponto y 6= 0:
omo x ≫ d, os raios são
prati
amente paralelos. Seja θ o ângulo que esses raios formam
om a horizontal; do diagrama a seguir, podemos
al
ular a diferença de
aminhos entre os raios da seguinte forma:
Traçamos uma
ir
unferên
ia
entrada no ponto da tela, de raio igual ao menor
aminho (que passa pela
fenda mais próxima);
O ar
o de
ir
unferên
ia entre as interse
ções
om os dois raios é prati
amente um segmento de reta
perpendi
ular ao raio mais longo, de modo que existe um triângulo retângulo de hipotenusa d e
ateto
igual a ∆r .
∆r
sin θ = → ∆r = d sin θ (5)
d
Usamos agora as ondições de IC e ID para espe i ar os ângulos θ para os quais o orre IC e ID:
d sin θ = mλ, m ∈ Z
→ franjas brilhantes (IC)
1 (6)
d sin θ = m +
λ, m ∈ Z → franjas es
uras (ID)
2
4
Entretanto, estamos supondo que y ≪ x, de modo que o ângulo θ é pequeno, e podemos usar a aproximação:
y
sin θ ≈ tan θ = → y = x sin θ (8)
x
para obter as posições das franjas brilhantes e es
uras na tela:
mλ
ybr = x d , m∈Z →
franjas brilhantes
(9)
(m + 12 )λ
yesc = x , m∈Z →
franjas es
uras
d
Observações:
A extensão da gura de interferên
ia é propor
ional ao
omprimento de onda (maior para luz vermelho,
menor para luz violeta), e inversamente propor
ional à distân
ia entre as fendas.
Uma vez que sin θ ∝ λ/d, vemos que a
ondição de ângulos pequenos deixa de ser satisfeita quando a
distân
ia d entre as fendas não é muito maior que o
omprimento de onda da luz (menor que 10 vezes).
As franjas brilhantes são
lassi
adas pela ordem (pelo valor de m). Para m = 0, temos o máximo
prin
ipal; para m 6= 0, temos os máximos de ordem |m|, de um lado e de outro do máximo
entral.
Na fórmula a
ima, não existe limite para os valores de m. Entretanto, devido à abertura nita das fendas,
a intensidade das franjas diminui à medida que m aumenta, até que as franjas brilhantes passam a ser
imper
eptíveis. Na apostila de Difração, veremos que, quanto menor a abertura da fenda, maior é o número
de franjas visíveis.
É possível rees
rever a expressão dentro dos parênteses
omo um produto de funções trigonométri
as. Co-
meçamos lembrando as fórmulas para
osseno da soma e da diferença de dois ângulos:
c = a + b, d=a−b (15)
c+d c−d
a= , b= (16)
2 2
5
de modo que:
c+d c−d
cos c + cos d = 2 coscos (17)
2 2
Agora, podemos rees
rever a equação (11), tomando c = ωt + φ, d = ωt):
2ωt + φ φ
E(t) = E 2 cos cos (18)
2 2
Notamos que o
ampo
orrespondente possui amplitude (o termo que não varia
om o tempo) igual a:
φ
Emax = 2E cos
(19)
2
Analisando a expressão a
ima, vemos que:
1. Quando as duas ondas estão em fase, φ = n · 2π rad e cos φ = ±1. Assim, a amplitude do
ampo resultante
é Emax = 2E , que é o valor para interferên
ia
onstrutiva;
2. Quando as duas ondas estão em oposição de fase, φ = (n + 1/2) · 2π rad e cos φ = 0, de modo que a
amplitude do
ampo resultante é nula.
εc 2 εc φ
I= E = · 4E 2 cos2 (20)
2 max 2 2
Essa fórmula é normalmente es
rita em função da intensidade no máximo
entral da gura interferên
ia (ou
seja, para φ = 0). Temos:
φ
I0 = I(φ = 0) = 2εcE 2 → I = I0 cos2 (21)
2
Vemos ainda que I0 é igual a quatro vezes a intensidade do
ampo elétri
o de uma das fendas. Entretanto,
isso não quer dizer que existe geração de energia na formação de uma gura de interferên
ia. Como a função
cos2 (φ/2) os
ila entre os valores de 1 e 0, seu valor médio é igual a 1/2, de modo que a intensidade média que
atinge uma posição da tela é igual a 2If enda , igual à soma das intensidades emitidas por
ada fenda.
∆r φ 2π∆r
= → φ= (22)
λ 2π rad λ
Assim, podemos rees
rever a fórmula para a distribuição angular da intensidade na gura e interferên
ia de
fenda dupla:
2πd sin θ 2 d sin θ
∆r = d sin θ → φ= → I(θ) = I0 cos π (23)
λ λ
E a fórmula para a intensidade em função da posição y no anteparo:
y dy
2
sin θ = → I(y) = I0 cos π (24)
x λx
O grá
o de I(y), mostrado a seguir, estende-se eternamente para ambos os lados do máximo
entral.
Entretanto, se montarmos o experimento de Young numa situação real, veremos que rapidamente a intensidade
das franjas brilhantes diminui, até que elas deixam de ser visíveis. Além disso, vemos que algumas das franjas
brilhantes previstas pela fórmula a
ima, a intervalos periódi
os que dependem da largura das fendas, podem ter
intensidade muito menor que o esperado. Ambos os
omportamentos podem ser expli
ados levando em
onta a
largura de
ada fenda, o que será feito na apostila de Difração.
6
3 Interferên
ia em pelí
ulas nas
Faixas brilhantes multi
oloridas podem ser vistas quando a luz solar é reetida em bolhas de sabão, man
has de
óleo molhadas na rua, ou nas asas de borboletas e outros insetos. Essas
ores são o resultado de interferên
ia
quando a luz solar é reetida em uma pelí
ula ou lme no, tanto na superfí
ie quanto no fundo do lme.
Isso o
orre porque o raio reetido na primeira superfí
ie e o raio reetido na segunda superfí
ie passam a ter
uma diferença de fase, devido à distân
ia extra per
orrida pelo segundo raio. Dependendo da profundidade da
pelí
ula, os raios podem sofrer interferên
ia
onstrutiva ou destrutiva: quando o
orre ID, a intensidade do feixe
reetido é nula.
Quando luz bran
a in
ide na pelí
ula na,
ada
omprimento de onda sofre interferên
ia
onstrutiva ou
destrutiva para profundidades diferentes da pelí
ula. Assim, quando uma pelí
ula possui profundidades diferentes
em diferentes pontos, as
ores reetidas pela pelí
ula (ou seja, que não sofrem interferên
ia destrutiva) são
diferentes em
ada ponto da pelí
ula: assim,
urvas de nível
orrespondentes a profundidades diferentes da
pelí
ula reetem
ores diferentes. Por outro lado, se iluminamos esses
orpos
om luz mono
romáti
a, vemos
uma alternân
ia de franjas brilhantes e es
uras.
Para que esse efeito possa ser observado usando luz natural, devemos usar pelí
ulas nas, nas quais a
distân
ia extra per
orrida pela luz ao atravessar a pelí
ula seja de alguns pou
os
omprimentos de onda. Isso
o
orre porque fontes de luz natural emitem luz
om estados de fase e polarização que variam aleatoriamente
om o tempo, permane
endo no mesmo estado de fase e polarização enquanto per
orrem uma distân
ia média
hamada de
omprimento de
oerên
ia. Quando a distân
ia per
orrida pela luz dentro da pelí
ula é maior
que esse
omprimento de
oerên
ia, o efeito de interferên
ia é perdido. Assim, não é possível ver franjas de
interferên
ia apoiando uma pla
a de vidro de uma janela numa superfí
ie plana.
Além da diferença de fase entre os feixes reetidos em
ada superfí
ie devido à distân
ia extra per
orrida,
existe um segundo fator que deve ser levado em
onta para determinar o apare
imento de franjas: a variação de
fase de uma onda durante a reexão.
Neste
apítulo, vamos ver em primeiro lugar uma pelí
ula de espessura
onstante, na qual um feixe de luz
mono
romáti
a reetido sofre interferên
ia
onstrutiva ou destrutiva:
omo resultado, podemos ver uma reexão
7
mais intensa, ou não ver a reexão do feixe. Depois, veremos rapidamente alguns
asos onde a alternân
ia de
IC e ID, devido à mudança de espessura da pelí
ula, dá origem a um
onjunto de franjas.
Um exemplo de situação que vamos en
ontrar: a gura abaixo indi
a uma situação onde o
orre mudança de
fase no feixe reetido no topo da pelí
ula, e não o
orre mudança de fase no fundo da pelí
ula; além disso, o feixe
que entra na pelí
ula per
orre uma distân
ia igual a dois
omprimentos de onda (um na ida, outro na volta).
Como resultado, os raios se reen
ontram fora de fase, e o
orre interferên
ia destrutiva.
raio
incidente
ID: não vemos
luz refletida
meio 1
pelı́cula
meio 2
Se a onda se propaga numa
orda mais leve, e en
ontra a
orda mais pesada, a velo
idade da onda diminui
ao passar ao segundo meio. Durante a reexão, a
orda mais pesada atua
omo um obstá
ulo para a
propagação da onda: um pulso apontando para
ima é empurrado para baixo pela
orda mais pesada, e o
pulso é reetido
om inversão de fase (mudança de fase de 180°).
Se a onda se propaga na
orda pesada, e en
ontra a
orda leve, a velo
idade da onda aumenta no segundo
meio. Durante a reexão, a
orda leve não atua
omo obstá
ulo para a propagação da onda: a onda
reetida reverte seu sentido sem sofrer mudança de fase.
Em ambos os
asos, a onda transmitida ao segundo meio não sofre mudança de fase.
Situação análoga o
orre quando uma onda eletromagnéti
a sofre reexão e refração ao en
ontrar a superfí
ie
de separação entre dois meios de índi
es de refração diferentes. A velo
idade de propagação da luz em um meio
é v = c/n, de modo que a velo
idade diminui quando n aumenta. Quando um raio de luz se propaga do meio
de índi
e de refração n1 para um meio de índi
e de refração n2 , podem o
orrer duas situações:
Quando n2 > n1 , a velo
idade da luz diminui e a onda reetida pela superfí
ie sofre uma mudança de fase
de 180°, ou de π rad.
Quando n2 < n1 , a velo
idade da luz aumenta no segundo meio e a onda reetida pela superfí
ie não sofre
mudança de fase (0 rad).
Em ambos os
asos, a onda refratada (que vai para o meio 2) não sofre mudança de fase. A demonstração dessas
armações é feita resolvendo as Equações de Maxwell na fronteira entre os dois meios, e não será feita aqui.
Quando um feixe de luz en
ontra uma pelí
ula, devemos
onsiderar 3 meios: o meio 1, onde o feixe total
aminha antes de en
ontrar a pelí
ula, de índi
e de refração n1 ; a pelí
ula, de índi
e de refração np , e o meio 2
(substrato), de índi
e de refração n2 . Pre
isamos
al
ular a diferença de fase ∆φr entre o raio que sofre reexão
na superfí
ie da pelí
ula, e o raio que sofre reexão apenas no fundo da pelí
ula:
∆φr = φ2 − φ1 (25)
8
Reexão na frente da pelí
ula
Caso n1 < np n1 > np
Reexão no Caso ↓ φ2 φ1 → π rad 0
fundo da np < n2 π rad ∆φ = π − π = 0 ∆φ = π − 0 = π rad
pelí
ula np > n2 0 ∆φ = 0 − π = −π rad ∆φ = 0 − 0 = 0
Notem que obtemos ∆φ negativo em um dos
asos. Entretanto,
omo estamos analisando o
omportamento
de funções de onda periódi
as, um atraso de π rad e um avanço de π rad são equivalentes. Assim, podemos
resumir o fenmeno de mudança de fase devido à reexão da seguinte maneira:
Quando os índi
es de refração são
res
entes ou de
res
entes (ou seja, ou n1 < np < n2 , ou n1 > np > n2 ),
a mudança de fase relativa é ∆φr = π rad .
Quando o índi
e de refração da pelí
ula é o maior ou o menor dos três índi
es, a mudança de fase relativa
é ∆φr = 0 .
λ0 2tnp
λp = → ∆φp = 2π (27)
np λ0
Invertendo essa equação, obtemos uma expressão par
ial para a espessura da pelí
ula:
λ0 ∆φp
t= (28)
2np 2π
sendo que ∆φr pode assumir dois valores diferentes, dependendo dos índi
es de refração de
ada meio.
Vamos analisar
ada possibilidade separadamente:
Índi
es de refração do meio 1, da pelí
ula e do meio 2 são
res
entes ou de
res
entes, de modo que
∆φr = π rad. A espessura da pelí
ula é:
λ0 ∆φtotal − π
t= (30)
2np 2π
Agora, impomos as
ondições de interferên
ia:
IC: o orre quando ∆φtotal = 2mπ rad (ou seja, um múltiplo par de π rad. Temos:
∆φtotal − π 2mπ − π 1
= =m− (31)
2π 2π 2
e a espessura da pelí
ula é:
1 λ0
t= m− (32)
2 2np
9
ID: o
orre quando ∆φtotal = (2m − 1)π rad (ou seja, um múltiplo ímpar de π rad. Temos:
∆φtotal − π 2mπ − π − π
= =m−1 (33)
2π 2π
Como m é um número inteiro qualquer, mas a espessura não pode ser nula (se fosse nula, não haveria
pelí
ula e não haveria o fenmeno de interferên
ia), podemos substituir m−1 por m no
ál
ulo da
espessura da pelí
ula:
λ0
t=m (34)
2np
Índi
e de refração da pelí
ula é o maior ou o menor de todos, de modo que ∆φr = 0. A espessura da
pelí
ula é:
λ0 ∆φtotal
t= (35)
2np 2π
Impomos as
ondições de interferên
ia:
λ0 2mπ λ0
t= → t=m (36)
2np 2π 2np
ID: o orre quando ∆φtotal = (2m − 1)π rad. A espessura da pelí ula:
λ0 (2m − 1)π 1 λ0
t= → t= m− (37)
2np 2π 2 2np
Nas fórmulas a
ima, lembramos que λ0 é o
omprimento de onda do feixe usado no vá
uo (ou no ar). Se for
dada a frequên
ia em vez de λ0 , tomamos c = λ0 f para obter λ0 .
A espessura da pelí
ula
res
e linearmente
om a distân
ia a uma linha. Essa situação pode ser obtida,
por exemplo, apoiando uma pla
a de vidro sobre uma superfí
ie sólida, e
olo
ando em um dos lados uma
folha de papel entre o vidro e a superfí
ie: a pelí
ula
orresponde à
unha de ar que se forma entre o
vidro e a superfí
ie sólida.
Tipi
amente, queremos rela
ionar quantas franjas brilhantes existem dentro de uma distân
ia x paralela à
superfí
ie da pla
a
om o ângulo θ entre as duas pla
as. Para resolver esse problema, seja ∆x a distân
ia
sobre a pla
a entre duas franjas
laras
onse
utivas (ou duas franjas es
uras
onse
utivas): o aumento da
espessura da pelí
ula é ∆t = ∆x · sin θ , e esse aumento
ausou a introdução de um
omprimento de onda
no per
urso do raio que atravessou a pelí
ula. Lembrando que o raio deve per
orrer a pelí
ula duas vezes
(ida e volta), temos:
2λp
∆t = 2λp → ∆x = (38)
sin θ
Finalmente, tomamos x = N ∆x para introduzir o número N de franjas observadas em toda a extensão da
pla
a.
10
vidro
ar
substrato
θ ∆t
∆x
A pelí
ula é formada quando uma superfí
ie esféri
a
onvexa é apoiada em
ima de uma superfí
ie plana:
no ponto de tangên
ia, a espessura da pelí
ula é nula, e ela aumenta
om a distân
ia do ponto de observação
ao ponto de tangên
ia. As franjas de interferên
ia tomam a forma de uma série de anéis ao redor de um
dis
o
entral,
hamados anéis de Newton.
Esta situação pode ser usada por um fabri
ante de lentes para avaliar a
urvatura da lente: se a lente tem
a
urvatura
orreta então os anéis de Newton são
ir
ulares,
aso
ontrário eles são distor
idos.
4 Interfermetro de Mi
helson
O interfermetro de Mi
helson é um dispositivo usado para medir distân
ias muito pequenas, da ordem do
omprimento de onda de um feixe de luz, usando o fenmeno de interferên
ia. Foi
riado por volta de 1885.
Histori
amente, esse dispositivo é importante, por ter providen
iado uma das primeiras provas experimentais
de que a velo
idade de um feixe de luz no vá
uo não depende do movimento relativo entre a fonte de luz e o
observador, diferentemente do que previa a Físi
a Clássi
a. Eventualmente, esse e outros resultados abriram
aminho para a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein.
Vejamos
omo o interfermetro de Mi
helson fun
iona. Um feixe de luz mono
romáti
o in
ide em um divisor
de feixe, no ângulo de 45°: parte do feixe é reetido e parte do feixe é transmitido. Os feixes
aminham em
direções perpendi
ulares: o feixe 1 per
orre a distân
ia L1 até in
idir em um espelho xo, sendo reetido de volta
ao divisor de feixe; e o feixe 2 per
orre a distân
ia L2 até in
idir em um espelho móvel (
uja posição e orientação
podem ser alteradas), e se espelho móvel está na posição padrão, o feixe 2 também volta para o divisor de feixe,
e reen
ontra o feixe 1. Os dois feixes interagem novamente
om o divisor, e um feixe re
onstruído segue em
direção a um observador.
Na posição padrão, os dois feixes per
orrem distân
ias diferentes, havendo uma diferença de per
urso ∆r =
2(L2 − L1 ) que pode dar origem a um padrão de interferên
ia
onstrutiva ou destrutiva. A seguir, o espelho
móvel é girado de um ângulo muito pequeno, de forma que o per
urso total de
ada porção do feixe 2 que in
ide
em uma fatia diferente do espelho é diferente: uma situação análoga ao padrão
ausado pelos blo
os de vidro
er
ando uma
unha de ar, dis
utida na seção anterior. O observador passa a ver um
onjunto de franjas de
interferên
ia, onde um par de franjas
laras está separado pela distân
ia x.
Finalmente, é possível mover o espelho móvel para trás, aumentando ou diminuindo a distân
ia per
orrida
pelo feixe 2 antes de se reen
ontrar
om o feixe 1. Se o espelho é deslo
ado de λ/2, de modo que o
omprimento
per
orrido elo feixe 2 aumenta de λ, todas as franjas vistas pelo observador per
orrem a distân
ia de uma
franja. Assim, se o espelho móvel per
orre a distân
ia d, e observamos que o
onjunto de franjas per
orrem uma
distân
ia igual a N franjas, podemos armar que:
λ
d=N (39)
2
A partir desse resultado, podemos medir λ ou d, se temos a outra grandeza.
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