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Direito Comercial I (27/05/2009)

SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS

 Sociedade em comum (irregular ou de fato) – arts. 986 a 990/CC


- Conceito – art. 986
- Responsabilidade dos sócios perante terceiros – art. 987
- Restrições à sociedade empresária irregular
- Bens e dívidas
- Responsabilidade solidária e ilimitada – art. 990

 Sociedade em conta de participação – arts. 991 a 994/CC


- Natureza jurídica
- Sócios – art. 991, caput
- Responsabilidade dos sócios – art. 991, § único e art. 993, § único
- Conceito
- Patrimônio especial – art. 994, caput e § 1º
- Liquidação – art. 996
- Falência
Do sócio ostensivo – art. 994, § 2º
Do sócio participante – art. 994, § 3º
- Nome
- Registro – art. 993, caput

A sociedade em comum (art. 986/CC) é justamente aquela que não apresenta os seus atos
constitutivos arquivados no registro competente.
Toda sociedade é uma pessoa jurídica? Não, pois a sociedade em comum, a despeito de ser
uma sociedade, não pode ser considerada uma pessoa jurídica, pois ela não tem
personificação jurídica, justamente por esse fato enunciado no seu conceito.

Art. 987/CC –> O legislador optou por fazer uma facilitação da prova da existência da
sociedade em comum para terceiros; eles podem provar de qualquer modo (ex: testemunha,
documento); porém, os sócios só podem se valer de prova escrita. –> dificuldade de prova da
existência da sociedade em comum: é um tipo de restrição que o legislador põe para os sócios
que não registraram a sociedade devidamente

Outras restrições que são impostas à sociedade empresária irregular (mais evidentes nas
sociedades empresárias):
As sociedades em comum não podem requerer recuperação judicial (art. 48 da Lei n°
11.101/2005) e nem a homologação de plano de recuperação extrajudicial. Entretanto, elas
podem ter a sua falência decretada; mas, por outro lado, não tem legitimidade para requerer a
falência de um terceiro.
Não tem proteção ao nome empresarial e tão pouco, poderiam postular a proteção da marca.
Não podem ser enquadrada como microempresa e empresa de pequeno porte. Não pode
contratar com a Administração Pública.

Bens e dívidas –> arts. 988 e 989/CC


Art. 988/CC: “Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são
titulares em comum.”
Art. 989/CC: “Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos
sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro
que o conheça ou deva conhecer.”

Art. 990/CC –> responsabilidade solidária e ilimitada imposta aos sócios pelas obrigações
sociais
Benefício de ordem (art. 1.024/CC): os bens particulares dos sócios não podem ser executados
por dívidas da sociedade senão depois de executados os bens sociais.
No entendimento do professor, o benefício de ordem perde o sentido quando estamos diante
de uma sociedade de fato, pois não há uma pessoa jurídica e, conseqüentemente, não há
distinção entre a personalidade da sociedade e a dos sócios (a sociedade de fato não tem
patrimônio próprio). Para o professor, o legislador deveria ter determinado uma
responsabilidade pessoal e direta nesse caso. Entretanto, ele determinou o benefício de ordem
para os sócios, salvo para aquele que contratou em nome da sociedade.

A sociedade em conta de participação é um instrumento simples e valioso de captação de


recursos. Nesse caso, uma pessoa quer investir em um negócio específico, mas não quer ficar
na linha de frente desse negócio e assumir responsabilidade perante terceiros – quer ter um
risco minimamente mensurado, previamente limitado. Esse investidor seria o sócio oculto/
participante.
Segundo o professor, a sociedade em conta de participação não pode ser considerada,
tecnicamente, uma sociedade, mas sim um contrato de participação/ associativo. Os sócios
não têm affectio societatis. O escopo não é constituir uma sociedade, mas sim a oportunidade
de realizar um bom negócio.

Há dois tipos de sócios (art. 991, caput/CC): o sócio participante/ oculto e o sócio ostensivo.
Esse segundo é quem tem a “expertise” sobre o negócio e está disposto a ficar na linha de
frente do negócio, se apresentar perante terceiros.
Na verdade, a sociedade só existe entre os sócios, não existe para terceiros; não há nome
empresarial (ela não se apresenta perante terceiros, quem se apresenta é o sócio ostensivo
com o seu próprio nome).

Responsabilidade dos sócios: art. 991, § único e art. 993, § único/CC


O sócio participante somente se obriga perante o sócio ostensivo. (Ex: o sócio participante não
fez o aporte de todo valor que se comprometeu, então, o sócio ostensivo pode exigir essa
valor dele)
Quem aparece e se obriga perante terceiros, é somente o sócio ostensivo.
Se o sócio participante contratar com terceiros, então ele passa a responder igual ao sócio
ostensivo, já que ele agiu como tal.

Conceito da sociedade em conta de participação (professor): “é o contrato associativo ou de


participação, pelo qual duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas se obrigam a explorar uma Lou
mais atividades econômicas em proveito comum, visando a partilha de resultados, mas sob o
nome e a responsabilidade individual daquele que praticar as operações, obrigando-se perante
terceiros para realização do objeto do contrato”.

Patrimônio especial ou de afetação –> art. 994, caput e § 1º/CC


Quando assina um contrato de sociedade em conta de participação, lista-se no contrato o
patrimônio especial (está afetado para o objeto societário).
O patrimônio de afetação só produz efeito entre os sócios – isso só reitera o fato que a
sociedade em conta de participação só existe entre os sócios.

Liquidação –> art. 996/CC (remissão aos arts. 914 a 919 /CPC)
Art. 966/CC: “Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com
ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas
normas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual.”

Como ela não é uma pessoa jurídica, ela não está sujeita à figura da falência, quem pode ir à
falência (no caso de empresário/ sociedade empresária)/ insolvência (no caso de sociedade
simples ou pessoa física) são os sócios ostensivos e participantes. –> O CC faz remissão á
falência, porque na realidade, o sócio ostensivo costuma ser uma sociedade empresária. Pode
haver mais de um sócio ostensivo e um sócio participante.
A falência do sócio ostensivo (art. 994, § 2º/CC) pode ser requerida por terceiros e até o sócio
participante. Nesse caso, haverá a resolução do contrato (não é correto dizer que houve
dissolução da sociedade nesse caso).
OBS: O credor quirografário é o que não tem garantia nenhuma, é o penúltimo na ordem de
pagamento (art. 83, Lei n° 11.101/05).
Já no caso da falência do sócio participante (art. 994, § 3º/CC –> art. 117 da Lei n° 11.101/05),
não haverá uma resolução de pleno direito; o administrador judicial é que vai avaliar a
situação e informar ao sócio ostensivo se aquele contrato será mantido ou não, salvo no caso
em que haja cláusula expressa no contrato prevendo a sua resolução no caso de falência de
sócio participante, então a resolução opera de pleno direito.

Art. 993, caput/CC –> O Registro da sociedade em conta de participação é facultativo.


Se não for feito o registro, não estamos diante de uma sociedade comum (por isso, é
importante evidenciar naquele contrato que se está diante de uma sociedade em conta de
participação).
Se fizer o registro, essa sociedade não adquire personalidade jurídica.
O fato de levar a sociedade em conta de participação a registro, é um fator relevante no
convencimento das partes, dá um caráter de seriedade a essa sociedade; além de dar
publicidade e provar a celebração do contrato de sociedade em conta de participação.
Normalmente se faz esse registro na Junta Comercial, mas não é necessário que os sócios
sejam empresários/ sociedades empresárias.

A sociedade em conta de participação é um vínculo mais tênue do que o da sociedade limitada


ou anônima. Contudo, ela foi beneficiada, pois ela é recebe um tratamento jurídico como se
fosse uma sociedade (especialmente, no aspecto de vantagens tributárias – art. 148 e 149 do
Decreto 3.000/1999 - Regulamento do Imposto de Renda). O sócio ostensivo recebe os
proveitos decorrentes da exploração da atividade, recolhe os tributos e vai repassar a parte do
sócio participante como se fosse dividendo.

Ex: Os médicos têm a “expertise” e o Hospital tem o espaço. Então, o hospital entra como
sócio participante e os médicos exercem o objeto, se obrigando perante terceiro,

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