Você está na página 1de 95

Recursos de Representação

Gráfica

PAULO EDUARDO BORZANI GONÇALVES


SUMÁRIO

1 CONCEITOS E INSTRUMENTAL DE DESENHO ....................................................................................3

2 DESENHO UNIVERSAL .......................................................................................................................15

3 DESENHO TÉCNICO...........................................................................................................................28

4 NORMAS TÉCNICAS ..........................................................................................................................37

5 DESENHO ARQUITETÔNICO .............................................................................................................58

6 ACESSIBILIDADE ................................................................................................................................69

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................94

2
1 CONCEITOS E INSTRUMENTAL DE DESENHO
Define-se por desenho toda e qualquer
representação gráfica, seja ele traço ou mancha,
pouco ou muito complexa, com significado
aparente ou não.
Ao longo da história, a representação gráfica
produzida pelo homem sofreu transformações. Até
a Idade Média a representação gráfica observada
era pouco precisa, uma expressão absolutamente
livre e sem regras. Artistas do século XIII faziam
representações gráficas de objetos ou construções
ainda sem credibilidade visual, havia falta de
integração entre os princípios da geometria e da
percepção visual, carecendo de correspondência
entre realidade e tela nas variáveis de formato,
proporções e dimensões dos objetos.
O desenho é uma forma de arte muito variada.
Existem alguns tipos específicos com modalidades
individuais próprias que se adéquam a cada tipo de
desenhista e ao que ele deseja comunicar.
O desenho é frequentemente considerado uma
técnica figurativa de representação da realidade,
entretanto, para o Arquiteto e Urbanista e para o
Designer pode ser considerado instrumento
representativo de uma realidade a ser alcançada, e
o resultado final dessa proposição seria a obra
arquitetônica, daí a necessidade de conhecer e
entender os diferentes tipos de desenho existentes
a fim de identificar as principais características de
cada um deles.
Ao longo do tempo, o desenho tornou-se uma
ferramenta de atribuição de confiabilidade ao
trabalho do Arquiteto, de tal maneira que o valor
desse profissional passou a ser medido por sua
virtude em produzir belos desenhos, os quais
passaram a ter primazia em detrimento do
pensamento espacial. (OTONDO, 2013 apud
GONÇALVES, 2016)

3
1.1 Desenho e seus tipos

Desenho é geometricamente definido como uma representação gráfica constituída por


linhas, pontos e/ou formas que são elaborados sobre uma base com o apoio de
ferramentas específicas. Genericamente, desenho é a referência à arte de desenhar.
Concentração, olhar pormenorizado e maior disponibilidade de tempo para sua
realização são elementos fundamentais para o desenho existir. Para desenhar, não
basta ver, é preciso aprender a olhar.
Basicamente, existem dois tipos de desenhos, o artístico e o técnico, a saber:

• Desenho artístico: quem conduz é a criatividade do autor, que tem liberdade


autoral para manipular a realidade, conduzindo e operando a sensibilidade do
público;
• Desenho técnico: é preciso, tem regras para ser concebido e precisa de regras
para ser realizado.

O desenho artístico é uma obra de cunho pessoal e a assinatura do artista definirá o


seu tom, que traduzirá emoções, sentimentos, pensamentos e ideias filosóficas. São
obras individuais, únicas e pessoais. É uma arte natural que nasce com as pessoas
agraciadas pelo dom.
Por sua vez, o desenho técnico é regido por regras universais, fazendo com que o
elemento representado seja reproduzido de forma precisa e exata.
Os desenhos de memorização, observação e criativo, cada um com suas
particularidades, também fazem parte do desenho artístico.
Todos têm memórias, e é desse resgate que o desenho de memorização nasce. Ele é o
esboço ligeiro de uma primeira ideia, que nasce após o olhar atento de um objeto.
Segundo o dicionário, observar significa examinar, olhar fixamente algo, alguém ou
para si próprio, analisar com cuidado, ver atenciosamente, e é esse o substrato do
desenho de observação, onde a apreciação pormenorizada de um modelo real, cujas
formas, incidências de luz e sombra, volumes e texturas darão origem ao desenho.

4
Já o desenho criativo é multifacetado e apresenta aparência original, pode ser um
misto de uma obra imaginária, como uma abstração. Pode também ser a soma de
outras formas já existentes, inclusive, ser inspirado nos elementos de realidade.
O desenho artístico é capaz de gerar emoções e reproduzir a verdade do artista. O
desenho técnico é guiado por regras, padrões e procedimentos preestabelecidos para
representar uma ideia. Para sua execução, é necessária dedicação e estudo para que a
perfeição seja atingida.
A expressão gráfica que tem como finalidade as representações da forma, dimensão e
posição de objetos define o desenho técnico. Ele deve atender às necessidades de
Arquitetos e Urbanista e também de Designers para a representação de objetos, sendo
ele o sistema de exposição técnica formada por linhas, símbolos, números e indicações
escritas normatizadas internacionalmente desse objeto, ele é a linguagem gráfica
universal dessas profissões. Tem como objetivo gerar informações necessárias para
investigar o objeto, para projetá-lo e auxiliar em sua concepção e manutenção.
Seu objetivo é fornecer a informação necessária para analisar o objeto, ajudar a
projetá-lo e facilitar a sua concepção ou manutenção.

1.2 Histórico

Sabemos que o homem usava desenhos para se comunicar desde a época das
cavernas, e que sua história, ou “pré-história”, começa quase ao mesmo tempo em
que surgia o homem. Nas cavernas ficaram gravados, por meio de desenhos, os
hábitos e experiências dos primitivos “homens das cavernas”, que usavam as pinturas
rupestres como forma de se expressar e comunicar antes mesmo que se consolidasse
uma linguagem verbal. Na Pré-História, o desenho surgiu como forma de as pessoas se
comunicarem facilitando o desenvolvimento de uma linguagem falada e escrita. Não
que o homem tenha aprendido a desenhar antes de falar, porque isso é praticamente
impossível de definir, uma vez que a linguagem falada não deixa marcas em paredes
como as pinturas rupestres. Mas é inegável que a expressão por meio de pinturas
facilitou a comunicação para aqueles povos.

5
Ora ilustrando templos sagrados e tumbas, como as dos egípcios, nas quais se viam
relatadas, praticamente, todas as histórias da vida cotidiana e até mesmo da vida após
a morte dos Faraós, ora representando os deuses mitológicos gregos, ou ainda,
conduzindo navegantes por mares desconhecidos, como durante os séculos XV e XVI, e
nos séculos posteriores, a arte de desenhar acompanhou o homem durante todo o seu
desenvolvimento, fazendo parte de sua história e, ainda hoje, é capaz de surpreender
e encantar a qualquer um que se permita uma breve contemplação.
Na antiguidade, o desenho ganha status sagrado, principalmente no Egito, onde é
usado para decorar tumbas e templos. Tanto o é que, para os antigos egípcios, uma
grave condenação para alguém após a morte é ter raspados todos os desenhos e
inscrições de sua tumba.
Etimologicamente, a palavra desenho tem origem francesa, mais especificamente no
verbo déboissier, que no momento de adaptação a nossa língua (em torno do século
XII) significava esboçar ou esculpir, sendo usado de forma geral em todo trabalho
artístico.
Um acontecimento realmente importante para todas as formas de desenho foi a
invenção do papel pelos chineses há mais de três mil anos. Até então, eram usados
diferentes materiais para as representações, como blocos de barro ou argila, couro,
tecidos, folhas de palmeira, pedras, ossos de baleia, papiro (uma espécie de papel mais
fibroso muito usado pelos egípcios) e até mesmo bambu.
Desde a Pré-História, o homem usa desenhos para se comunicar. Pinturas rupestres
podem ser observadas no interior de cavernas, seus hábitos e experiências ficaram
gravados antes mesmo da linguagem verbal ser consolidada. Naquele período, o
desenho surgiu como forma de comunicação, servindo como facilitador para o
desenvolvimento da linguagem falada e escrita.
Um papel de seda branco serviu como base para o desenho dos chineses no ano VI a.C.
No ano 105, os chineses criaram o papel que conhecemos hoje, mas foi mantido em
segredo até o ano 705, aproximadamente. Apesar da evolução, a técnica de
manufatura do papel ainda mantém o mesmo princípio de extração de fibras vegetais,
prensagem e secagem.

6
Mesopotâmicos, chineses e povos do continente americano desenvolveram cada qual
um sistema diferente de desenhar, com significados próprios e que caracterizaram
cada população. O mesmo ocorreu na antiguidade clássica, quando gregos e romanos
utilizaram o desenho para representar seus deuses.
Gregos e romanos utilizaram o desenho para representar divindades. Mesopotâmicos,
chineses e povos do continente americano, cada qual com sua forma de desenhar,
com seus significados únicos e característicos de cada povo, assim como na
antiguidade clássica.
Os dedos foram os primeiros instrumentos para desenhar e foi com eles que os
homens pré-históricos fizeram suas representações gráficas nas paredes das cavernas.
Os babilônicos usaram pedaços de madeira e ossos em forma de cunha para seus
desenhos em tábuas de argila, daí a origem do nome “escrita cuneiforme” – escrita
feita com objetos em formato de cunha. Com o advento dos papiros, os egípcios, seus
criadores, precisaram desenvolver outro tipo de material para desenhar, surgindo
então a tinta vegetal que molhava madeira e ossos, utilizados como instrumentos de
escrita. Posteriormente, a utilização de penas ou carvão, que já eram utilizados pelo
homem das cavernas. No século XVIII, o metal passa também a ser utilizado.
Na mesopotâmia o desenho foi utilizado para criar representações da terra e de rotas
de forma bastante primitiva. O nascimento da representação cartográfica de rotas
comerciais e domínios ganha fôlego com a expansão do Império Romano e a
popularização de suas cartas.
A criação da representação de rotas primitivas e do planeta Terra foram os primeiros
desenhos realizados na mesopotâmia. Com a expansão do Império Romano e a
popularização das cartas geográficas e dos mapas, nasce a representação cartográfica.
Por mais de um século o mundo assistiu à “queda do Império Romano”, consequência
da transformação de um povo pagão em um Império Cristão. É nesse momento que a
arte europeia nasceu e evoluiu, o Continente recebe contornos e fica mais forte
enquanto ganhava mais divisas. A Europa apresentava uma sociedade com uma
hierarquia bastante consolidada, onde a criação artística progredia em torno do altar,
do oratório e do túmulo.

7
Para são Francisco de Assis, as igrejas deveriam ser pomposamente ornamentadas, já
para Santo Agostinho, a cidade dos homens não era a “expressão da razão”. A essência
dos objetos passa a ser valorizada, por isso o volume e a perspectiva passam a não
mais existir e as formas passam a ser planas.
Vivendo momentos alternantes de renovação e depressão, a Europa do Ocidente
atravessou as instabilidades do período entre os séculos XII e XV e teve no século XIII o
ápice de uma fase expansionista, eclodindo na “Europa das Cidades”, das catedrais
magníficas e das universidades, graças a uma conjuntura econômica dinâmica que se
refletiu na sociedade como um todo.
Giuliano de Sangalo, em 1490, faz o primeiro registro de desenho com planta de
elevação. Essa obra está incluída no álbum de desenhos do Vaticano e pode ser
considerada uma exceção.
O Renascimento, no século XV, surge com a recuperação da Europa que, no século XIV
viveu uma fase de recessão, guerras, pestes e fome. Surgiam os vitrais nas catedrais,
que passaram a ocupar o lugar das pinturas murais, e nos halls de entrada a pintura
revela-se cromática, com predomínio de azuis, vermelhos e dourados.
É nessa fase que se observa o interesse pela representação espacial, com a
apresentação de temas com formas humanas e animais, além de apontamentos da
Natureza e arquitetura.
A Arte enquadrava-se, assim, num sistema de pensamento antropocêntrico, isto é, um
sistema que considerava o Homem como centro do Universo e unidade de todas as
medidas. Para Leonardo da Vinci, a forma do corpo humano encerrava a essência da
“forma ideal”, apresentava a geometria perfeita do círculo e do quadrado e continha
as relações ideais da proporcionalidade.
Nesse período o Homem passa a ser considerado o centro do universo e de todas as
medidas, e esse pensamento antropocêntrico se refletiu na arte. Temos como exemplo
bastante contundente dessa fase Leonardo da Vinci, cuja forma do corpo humano
traduzia a essência do ideal, com a geometria perfeita do círculo e do quadrado que
continha todas as relações ideais de proporcionalidade.
O Renascimento marca o retorno das perspectivas e da expressão fiel da realidade.
Perfil esse diametralmente oposto ao observado na Idade Média, na qual os cenários

8
criados eram impossíveis de serem reais. É no Renascimento que a anatomia humana e
os desenhos ganham espaço. Os artistas, mestres da pintura do renascimento, eram
desenhistas muito hábeis que usavam seu know how para garantir maior realidade às
suas representações, graças ao uso de luzes, sombras, cores e proporções.
O que hoje conhecemos por perspectiva floresceu no Renascimento. A derivação da
palavra renascimento é latina, perspicere significa “ver claramente”, que equivale ao
grego optké, que significa óptica. É a representação rigorosa e racional do espaço e das
figuras nele inseridas.
A perspectiva, a geometria e a matemática foram objetos de estudo de vários artistas
que deixaram obras escritas sobre o assunto, além de máquinas de desenho e a
aplicabilidade em suas obras das regras rigorosas.
Geometrie Descriptive (1795), de Gaspar Monge, é a base da linguagem do desenho
técnico.
A utilização da perspectiva nos projetos arquitetônicos foi desenvolvida por Filippo
Brunelleschi (1377–1446), renomado arquiteto renascentista que dedicou seus
estudos na matemática da perspectiva linear. É projeto do arquiteto a Igreja do
Espírito Santo, em Florença. A utilização do método geométrico de representação da
perspectiva e as “máquinas de desenho” como auxiliares na representação do desenho
marcaram os artistas do século XV.
Outros artistas, inspirados em Brunelleschi, passaram a estudar e a aplicar a
perspectiva em suas obras.
Com a sistematização da metodologia de representação gráfica da formatação do
desenho técnico a partir do século XVIII, nasce a base da industrialização da sociedade.
É de importância histórica o desenho de base científica, uma vez que foi ele que
possibilitou a aplicabilidade do desenho em todas as facetas da sociedade ocidental.
A perspectiva não morre com o fim do Renascimento. Os movimentos que o
sucederam a mantiveram e perpetuaram sua aplicabilidade em suas obras pictóricas e
nas regras de representação do espaço. O Desenho Técnico é a padronização e
universalização da Geometria Descritiva a partir da Revolução Industrial, século XIX,
com a representação espacial, de profundidade e volume.

9
Desenho Técnico é o nome dado pela Comissão Técnica TC 10 da International
Organization for Standardization (ISO), que normalizou a utilização da Geometria
Descritiva como linguagem gráfica da arquitetura, design e engenharia.
Euclides, Brunelleschi, Durer, Desargues e Monge utilizaram os conhecimentos da
óptica, geometria e fisiologia cruzados para estabelecer uma das ferramentas de maior
importância para a ciência e a tecnologia. Assim, o desenho nascido com o homem
evolui com ele.

1.3 Graus de Elaboração

Durante o processo criativo, o desenho pode e deve ser usado como instrumento de
reflexão e de registro de ideias.
Um problema arquitetônico pode ter sua solução na sequência, sobreposição,
discussão e aperfeiçoamento de croquis. O amadurecimento dos riscos, seja ele no
computador ou no papel, serão exercícios fundamentais para solução do problema.
Lembre-se, o desenho pode e deve ser usado como registro de ideias.
Nem sempre, em um primeiro momento, um desenho é claro, até mesmo para quem o
concebeu, mas ele sempre abrirá caminhos criativos para a solução formal. Nessa
etapa, o esboço nem sempre é claro porque, provavelmente, nem mesmo o projetista
pode ter ideia do percurso que irá seguir. As imagens mentais ganham vida através dos
esboços e, um dia, ganharão vida em um projeto executado.
Os primeiros esboços e desenhos em arquitetura e em outros ofícios que envolvem a
concepção de formas são o ponto de partida da descrição e consequente
representação de ideias ou desejos, costumeiramente feitos à mão livre. Os esboços
nascem de gestos, que desenvolvidos com o lápis sobre o papel vão traçando as linhas
da representação daquilo que antes era apenas uma ideia.

10
1.4 Materiais e Instrumentos

Instrumentos são necessários para que o desenho técnico seja concebido de maneira
adequada. Lapiseiras, réguas e outros instrumentos são necessários para guiar as mãos
que trarão vida à imagem mental do projetista.
O ato de desenhar à mão é o meio mais apropriado para aprender a linguagem da
representação gráfica para design, arquitetura e urbanismo. Ainda que a tecnologia se
desenvolva e aprimore as possibilidades de ferramentas de desenho técnico, a arte de
desenhar à mão, da lapiseira sobre o papel, ainda é a base do aprendizado.
O desenho técnico deve ser preciso e claro, daí a necessidade do uso de instrumentos
de desenho. O domínio, o controle e o conhecimento claro de sua utilização devem ser
muito valorizados. A sua correta manipulação é fundamental para o sucesso do
produto final. Devido à necessidade de precisão e clareza dos desenhos, os
instrumentos para sua elaboração devem ser manuseados e guardados com o máximo
cuidado.
Entre os instrumentais mais comumente utilizados na elaboração do desenho técnico,
destacam-se as lapiseiras de grafite fino de espessuras 0,3; 0,5; 0,7; e 0,9 mm. Quanto
à escala de dureza, as minas recebem a seguinte classificação: 8H, 7H, 6H e 4H, entre
as duras, 3H, 2H, H, F, HB e B, entre as de dureza média, e 2B, 3, 4B, 5B e 7B como as
moles. Por manterem a espessura do grafite uniforme durante todo o processo,
diferente do lápis cujo preparo da ponta se faz necessário durante o processo de
execução do desenho, a lapiseira é o instrumento mais indicado para o feitio do
desenho técnico.
Para que o resultado final do desenho técnico tenha boa qualidade, existem algumas
premissas a serem seguidas. Entre elas está a manipulação da lapiseira. O modo
correto de utilizá-la é puxando-a da maior distância no sentido de quem desenha. Os
traços de grosso calibre devem ser desenhados a partir de múltiplas sobreposições de
camadas, nunca com o aumento da pressão no traçado. A grafite de escolha, quanto a
sua dureza, será sempre macio uma vez que as duras podem rasgar o papel. Como via
de regra, a lapiseira mais indicada é a 0,5mm com grafite HB, que permitirá variação
de tonalidade e espessura do traçado.

11
Quanto às réguas, as T são relativamente baratas e portáteis e são disponíveis nas
dimensões de 80, 100 e 120 mm. As réguas T têm uma barra transversal em uma das
extremidades. A cabeça desliza ao longo da borda de uma prancheta para que seja
possível desenhar linhas retas e paralelas. A régua T exige uma borda reta e nivelada
para que suas cabeças possam deslizar.
As réguas paralelas são mais caras e menos portáteis que as réguas T, mas conferem
maior velocidade no ato de desenhar, além de serem mais precisas. Elas são equipadas
com um conjunto de cabos e roldanas que permitem que a régua se desloque
paralelamente.
Os esquadros são o acompanhante perfeito da régua paralela, eles permitirão o
desenho de traçados perpendiculares e/ou retas paralelas. Traçados verticais são
obtidos com o esquadro apoiado na régua paralela utilizando-se os lados que formam
o ângulo reto (90o), segundo desenho a seguir:

Para traçar uma linha perpendicular à outra


(quando esta é horizontal), deve-se colocar o
esquadro sobre a régua “T” ou Paralela e traçar a
linha desejada.
Fonte: <https://goo.gl/rWe5ui>

Os esquadros permitem o desenho de vários ângulos, basta realizar a composição dos


esquadros de 90o, 60o, 45o, e 30o que deverão ser apoiados na régua T ou Paralela, a
saber:

12
Com uma régua “T” ou Paralela e a
combinação de um esquadro de 30º/60º e o
de 45º/90º se consegue traçar os ângulos de
15º e 75º.

Fonte: <https://goo.gl/rWe5ui>

No desenho técnico a palavra escala refere-se à proporção entre a representação do


objeto e seu tamanho real. O escalímetro é o instrumento que permitirá a conversão
do desenho em escalas determinadas. É um instrumento que tem um ou mais
conjuntos de espaços graduados e numerados de forma precisa para que a leitura ou
transferência de dimensões e distâncias de um desenho seja possível.
Existem poucos modelos de escalímetro. Os triangulares têm 6 lados e 6 escalas, uma
em tamanho real milimetrado e as seguintes escalas: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e
1:125. No mercado existem escalímetros de 15 e 30 cm graduados e calibrados com
precisão, e suas marcas devem ser resistentes à água e devem ser usados como guia
de medição e não como apoio para desenho de traçados.

1.5 Construções Geométricas

O domínio do desenho geométrico é obrigatório nas faculdades de arquitetura, design


e engenharia, uma vez que ele é a representação gráfica bi ou tridimensional dos
objetos, e seu domínio é condição básica para o exercício do ofício.
A representação precisa dos objetos que nos rodeiam só é possível graças ao desenho
técnico que exige conhecimentos de geometria para que possam ser executados.
Conhecimentos sobre simetria, magnitude, ângulos e projeções são fundamentais para
execução correta do desenho técnico.

13
Conclusão

As várias manifestações da arte associadas à prática do desenho constituem a base


elementar das artes plásticas aplicadas e foi essa a prática que permitiu ao homem
registrar seu percurso na trilha de evolução da história.
Mais valorizado como representação artística em épocas mais remotas e visto como
instrumento de precisão a partir do Renascimento, o desenho é uma ferramenta que
frutifica a partir da materialização de ideias, sejam elas manifestações criativas ou
propostas que exijam precisão rigorosa, sempre haverá uma modalidade que se
prestará a executar o que se pretende.
O desenho técnico confere fidedignidade ao objeto proposto, sendo ele desenhado na
escala mais adequada, ainda assim dará garantia a quem o tome para produção ou
reprodução, uma vez que seu objetivo principal é este.

14
2 DESENHO UNIVERSAL
Como o próprio nome diz, Desenho Universal é
aquele indicado a todas as pessoas e não somente a
aquelas que necessitam. Ele destina-se a assegurar
que todas as pessoas possam utilizar com
autonomia e segurança os espaços e objetos
construídos com esse conceito, por isso, não se
destinam apenas às pessoas com deficiência e sim a
todas.

O Desenho Universal é bastante abrangente e é


aplicado em diversas frentes, como em produtos
consumidos diariamente, nos espaços públicos, nos
lares, nos meios de transporte, no meio corporativo
e nos meios de comunicação. O mundo não pode
ter barreiras que impeçam as pessoas de irem e
virem, de terem livre acesso aos locais em que
desejam estar.

Vivemos em um mundo plural, onde a diversidade é


sua marca registrada. Crianças, idosos, gestantes,
pessoas com deficiência que possuem restrições
maiores ou menores, transitórias ou permanentes,
devem ter livre acesso aos espaços públicos ou
privados e devem ter a possibilidade de usar todos
os objetos que desejam. Com esse ideal, o de servir
a todos, nasceu o Desenho Universal.

A cada dia o debate acerca do Desenho Universal


vem aumentando e é defendido por vários setores

15
da sociedade. Hoje temos uma legislação ampla e
consistente que regulamenta as questões
relacionadas à acessibilidade. Essa evolução não se
deu de forma isolada, ela foi fortalecida graças à
participação efetiva e plena de vários profissionais
que creem na viabilidade do conceito de Desenho
Universal, de militantes dos movimentos de
inclusão de pessoas com deficiência que atuam de
forma direta e efetiva na causa e por formadores de
opinião que, por causas diversas, compram e lutam
pela causa. Entretanto, atos do Legislativo ou do
Executivo não são suficientes para a incorporação
do conceito do Desenho Universal de forma efetiva
no cotidiano das pessoas. Infelizmente, para que a
lei se cumpra, é fundamental a existência de
instrumentos punitivos para aqueles que a
desobedecem. Não podemos permitir que esse
conceito tão rico e importante para o dia a dia das
pessoas seja apenas uma fonte de inspiração em
livros, teses, monografias e cartilhas distribuídas
pelos defensores do movimento.

16
2.1 Histórico

Questionamentos como a concepção de ambientes que não vão ao encontro da


necessidade dos usuários ou modelos que tornam igual àquilo que é particular
permeiam a concepção do Desenho Universal, que nasceu após a Revolução Industrial,
movimento que conferiu massificação dos processos de produção.
Foi na Universidade da Carolina do Norte, no campo da arquitetura, que nasceu o
conceito do Desenho Industrial. A ideia de usar projetos e produtos por todos, sem
necessidades de adaptação, ou projetos especializados para pessoas com deficiência
foram a inspiração para o desenvolvimento do conceito de Desenho Industrial.
Variáveis como estatura, dimensão, idade, destreza, força, habilidades e outras
características pessoais irão definir aquilo que é confortável ou não. Tendo isso em
mente, na década de 1960, mais precisamente em 1961, arquitetos e engenheiros
vindos do Japão, EUA e alguns países europeus se reuniram na Suécia para
reestruturar e recriar o conceito do “homem padrão”, que era o mesmo da Grécia
antiga e validado pelos artistas do Renascimento Europeu. Dessa reunião nasceu o
conceito de “homem real”, aquele que considera a diversidade dos indivíduos e as
respeita, sem ignorar a sua existência. Em 1963, em Washington, nasceu uma
comissão cujo objetivo era discutir equipamentos, edifícios e áreas urbanas que
fossem adequados a todos, pessoas com e sem deficiência. Essa comissão recebeu o
nome de Barrier Free Design. Com o passar do tempo esse conceito foi apropriado
pelos Estados Unidos e teve seu nome mudado para Desenho Universal. Sua proposta
era a de atender a todas as pessoas em uma perspectiva universal.
Segundo a literatura, o nome Universal Design foi usado pela primeira vez por Ronald
Mace, arquiteto americano graduado em 1966 pela Universidade Estadual da Carolina
do Norte, nos Estados Unidos, cadeirante e usuário de respirador artificial. Mas segue
uma informação importante, o termo Desenho Universal não surgiu da cabeça de um
único homem. No início de sua carreira, Mace não seguiu o conceito do Desenho
Universal até se envolver com o mundo do acessível, daquilo que serve a todos,
independentemente de sua idade, condição física ou sensorial.

17
Ron, na década de 1990, mais precisamente em 1997, liderou um time de arquitetos e
militantes dos ideais do acessível a todos para determinar os Sete Princípios do
Desenho Universal. Estes conceitos são adotados mundialmente para todo e qualquer
programa de acessibilidade.
A partir desse momento ficou bastante claro que a acessibilidade está intimamente
relacionada ao arquétipo do Desenho Universal. Os projetos arquitetônicos, mobiliário
urbano, utensílios, meios de transporte etc. devem ser projetados para TODOS e não
apenas para pessoas com deficiência. O fortalecimento do movimento de inclusão
trouxe à tona a importância do olhar para todas as barreiras que impedem a inclusão
em sua totalidade, não somente a arquitetônica.
Hoje os designers e arquitetos têm a consciência de atender a todos com direitos
igualitários, tendo em mente que o “homem padrão” não existe. Um dos marcadores
dessa nova concepção foi a exposição Design for Independent Living, que aconteceu
em 1988 no museu de Arte Moderna de Nova Iorque – MoMA. Do ponto de vista
corporativo, a primeira empresa a trabalhar com essa nova forma de ver o direito de
todos foi a OXO Internacional, que introduziu utensílios de cozinha para pessoas com
artrite.

2.2 Espaço inclusivo

Usar todas as possibilidades da cidade, tendo a garantia de ir e vir é a acessibilidade


universal. Não importa a idade ou as limitações, permanentes ou temporárias, não
importa estar grávida ou acima do peso, se é capaz de ver ou ouvir, o direito de
transitar e acessar todos os espaços é direito de todos. Por definição, acessibilidade é a
possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com
segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e
elementos (ABNT, 2004/2015). Não obstante, as dificuldades encontradas nas nossas
cidades ainda são inúmeras, seja qual for o local em que estejamos.
Propor, segundo as diretrizes do Desenho Universal ou do Projeto Universal, é criar
elementos e espaços que sirvam a todos, independentes de suas particularidades.
Todos têm o direito de usar todos os objetos e acessar qualquer ambiente.

18
O normal é ser diferente, por isso, os produtos manipulados sob a luz do Desenho
Universal devem atender a todos em uma larga escala de habilidades relacionadas a
cada indivíduo. As restrições existentes e podem ser classificadas segundo:
• Restrições sensoriais: a percepção do meio está prejudicada pela não efetividade
de um dos cinco sentidos: audição, visão, paladar, olfato e tato;
• Restrições cognitivas: são as limitações do sistema cognitivo;
• Restrições físico-motoras: todo e qualquer impedimento advindo de dificuldades
que dependem da força física, coordenação motora fina ou não, precisão ou
mobilidade;
• Restrições múltiplas: é a associação de dois ou mais tipos de restrição.

Os espaços inclusivos devem ir além da eliminação das barreiras urbanas, eles


precisam oferecer a opção de disfrutar de experiências no espaço. A compreensão do
ambiente ocorre desde que seja possível circular pelos espaços, mesmo aqueles que
estejam além do que é possível ser visualizado. A consciência do espaço vem da
vivência do mesmo. Os espaços inclusivos precisam transmitir segurança àqueles que o
acessam, sejam pessoas com deficiência ou não. Sentir segurança, competência e
liberdade para locomoção e atingir o objetivo final de suas ações em harmonia com o
meio que o cerca é direito de todos.
Nossas características de ação sobre o mundo mudam com o passar do tempo.
Quando somos crianças nossa altura nos impede de pegar ou manipular uma série de
objetos, algumas vezes por segurança e outras porque a criança não foi considerada
um possível usuário. Na idade adulta, várias situações nos colocam em situações de
difícil movimentação, como quando é necessário nos imobilizarmos por algum
acidente, quando mulheres ficam grávidas ou até o simples carregar de pacotes
grandes ou pesados mudam a relação do homem com o mundo. Com o avançar da
idade não é rara a diminuição da força e resistência. Os sentidos também são afetados,
ficando menos aguçados e a memória também sofre um decréscimo. Pela exposição a
tantas variáveis ao longo da vida, não é raro que, em algum momento, seja adquirida
alguma deficiência, seja ela física, psíquica ou sensorial.

19
2.3 Sete princípios básicos

O Desenho Universal tem como premissa servir a todos sem recursos ou projetos
adaptados. Eles devem tornar a vida mais fácil e simples, em qualquer idade, estatura,
estrutura ou capacidade física. Produtos, equipamentos urbanos, formas de
comunicação e/ou informação devem ser viáveis a uma gama cada vez maior de
pessoas, independente de terem dificuldades ou não, de suas incapacidades serem
temporárias ou permanentes. O fundamental é que todas as pessoas possam se
integrar totalmente à sociedade.
Na década de 1990, Ron criou um grupo de arquitetos militantes das causas inclusivas
e estabeleceu os sete princípios do Desenho Universal, que são:
1 Utilização equitativa: pode ser utilizado por qualquer grupo de utilizadores; as
pessoas não são iguais, possuem idades, tamanhos, estrutura física diferentes, mas
utilizam o mesmo equipamento. Prover os mesmos significados de uso para todos
os usuários: idêntico quanto possível, equivalente quando não possível. Impedir
segregação ou estigmatização dos usuários. Prover privacidade, segurança e
proteção de forma igual a todos os usuários. Tornar o desenho atraente para todos
os usuários.
2 Flexibilidade de utilização: engloba uma gama extensa de preferências e
capacidades individuais; prover escolhas na forma de utilização. Acomodar acesso
e utilização para destros e canhotos. Facilitar a precisão e acuidade do usuário.
Prover adaptabilidade para a velocidade (compasso e ritmo) dos usuários.
3 Utilização simples e intuitiva: fácil de compreender, independentemente da
experiência do utilizador, dos seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de
concentração; eliminar a complexidade desnecessária. Ser coerente com as
expectativas e intenções do usuário. Acomodar uma faixa larga de habilidades de
linguagem e capacidades em ler e escrever. Organizar informações de forma
compatível com sua importância. Providenciar respostas efetivas e sem demora
durante e após o término de uma tarefa.
4 Informação perceptível: fornece eficazmente ao utilizador a informação necessária,
quaisquer que sejam as condições ambientais/físicas existentes ou as capacidades

20
sensoriais do utilizador; usar diferentes maneiras para a apresentação de uma
informação. Maximizar a legibilidade da informação essencial. Diferenciar
elementos para que possam ser descritos. Prever variedade de técnicas que
orientem as pessoas.
5 Tolerância ao erro: minimiza riscos e consequências negativas decorrentes de
ações acidentais ou involuntárias; organizar os elementos para minimizar riscos,
erros e acidentes. Providenciar avisos de risco ou erro. Providenciar características
de segurança na falha humana. Desencorajar ações inconscientes em tarefas que
exijam vigilância.
6 Esforço físico mínimo: pode ser utilizado de forma eficaz e confortável com o
mínimo de fadiga; permitir ao usuário manter uma posição corporal neutra. Usar
força moderada em tarefas corriqueiras. Minimizar ações repetitivas. Minimizar a
sustentação de um esforço físico.
7 Dimensão e espaço de abordagem e de utilização adequados: espaço e dimensão
adequada para a abordagem, manuseamento e utilização, independentemente da
estatura, mobilidade ou postura do utilizador. O Desenho para Todos se assume,
assim, como instrumento privilegiado para a concretização da acessibilidade e, por
extensão, de promoção da inclusão social. Colocar elementos importantes no
campo visual de qualquer usuário. Fazer que o alcance de todos os componentes
seja confortável a qualquer usuário. Acomodar variações da dimensão da mão ou
empunhadura. Prover espaço adequado para o uso de dispositivos assistidos ou
assistência pessoal.

2.4 Legislação e regulamentação

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 9050), Acessibilidade


é definida como “a condição para utilização com segurança e autonomia, total ou
assistida, dos espaços mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e
informação por uma pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”.

21
Na década de 1970 ocorreram às primeiras discussões sobre acessibilidade, nos
Estados Unidos, com a criação da Lei de Reabilitação, que previa a implementação de
adaptações que conferissem ao ambiente menor restrição de locomoção nos
ambientes de trabalho e no ensino superior financiado pelo estado federal, o que mais
tarde se expandiria às escolas e à integração de crianças e jovens com deficiência,
através da lei Education for All Handicapped Children Act, de 1975.
Juridicamente, a inclusão aparece no cenário em 1980 através da Lei ADA – Americans
with Disabilities (Americanos portadores de Deficiência), que prevê a proibição da
discriminação de pessoas com deficiência, estimula a acessibilidade no ambiente
laboral e promove as bases legais nos fundos públicos para a compra dos recursos
necessários.
Datada de 1993, a publicação da ONU acerca das Normas sobre a Igualdade de
Oportunidades para Pessoas com Deficiência. Esse documento destaca a Acessibilidade
como área fundamental para a igualdade de direitos, deveres e participação. Segue o
preâmbulo da norma [ONU 1993]:

Os Estados devem reconhecer a importância global das condições de


acessibilidade para o processo de igualdade de oportunidades em
todas as esferas da vida social. No interesse de todas as pessoas com
deficiência, os Estados devem:
a) iniciar programas de ação que visem tornar acessível o meio físico;
b) tomar medidas que assegurem o acesso à informação e à
comunicação.

A Resolução Res AP (2001) do Comitê de Ministros do Conselho da Europa (Resolução


de Tomar) indica aos Estados membros que: "tomem em consideração, na elaboração
das políticas nacionais, os princípios de desenho universal e as medidas visando
melhorar a acessibilidade no sentido mais lato possível, relativamente aos programas
de ensino e a outros aspectos da educação, da formação e da sensibilização que
relevam diretamente dos governos, de acordo com as responsabilidades de cada país",
entre outras medidas.

22
Acessibilidade é uma característica do ambiente ou de um objeto que
permite a qualquer pessoa estabelecer um relacionamento com esse
ambiente ou objeto, e utilizá-los de uma forma amigável, cuidada e
segura. 1

Enquanto isso, no Brasil, em 1985 foi elaborada a primeira norma técnica (NBR)
relacionada à acessibilidade, “Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e
equipamentos urbanos à pessoa portadora de deficiência”. Já em 1994 houve a
primeira revisão e em 2004, a última, que está em vigor até hoje e regulamenta todos
os aspectos de acessibilidade no Brasil.
O Decreto no 5.296/2004, expedido pelo Governo Federal, que foi embasado nas
diretivas internacionais e quanto ao exposto nas Leis Federais no 10.048/2000 e
10.098/2000, estabeleceu as normas gerais e critérios básicos para promoção da
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
O Decreto-Lei no 6.949/2009 promulgou a “Convenção Internacional sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência”, que foi assinado em Nova Iorque em 30 de março de
2007, tendo sido feito com o status de Norma de hierarquia Constitucional.
Devido a não modificação do comportamento da sociedade e da continuidade das
barreiras que violam o direito de todos os indivíduos participarem como membros
igualitários da sociedade, o Brasil aderiu à Convenção mundial, que estabeleceu as
obrigações gerais a partir do artigo 4o, indicando que os “Estados Partes” se
comprometessem a garantir e impulsionar o integral exercício de todos os direitos
humanos e liberdades essenciais para todas as pessoas, inclusive as pessoas com
deficiência, assumindo medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra
natureza, fundamentais para a realização dos direitos reconhecidos pela Convenção.
É importante destacar que o acréscimo de custo no total das construções varia em
torno de 1% para adequação aos itens exigidos pelo Desenho Universal. Por outro
lado, o não atendimento às regras de acessibilidade, pode gerar custo em até 25% do
total de uma obra após sua conclusão.

1
Fonte: Conceito Europeu de Acessibilidade – Relatório do Grupo de Peritos criado pela Comissão
Europeia – 2003.

23
Hoje, a legislação federal que regulamenta a adequação de ambientes para a
circulação de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida é de 2015, sendo essa a
revisão da primeira legislação que data de 1985.
A Lei no 10.048 de 8 de novembro de 2000 regulamentou as Leis no 5.296/04 de 2 de
dezembro de 2004, que prevê a prioridade de atendimento a uma parte específica da
população, e no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece os critérios para
promoção da acessibilidade para pessoas com deficiência.

Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de


novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e
10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, e dá outras providências.

Disponível em: <https://goo.gl/Z0Dg6>. Acesso em: 2 jul. 2018.

Em 6 de julho de 2015 a então presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a


LBI (Lei 13.146), que vigorou a partir de janeiro de 2016 e ratificou as garantias de
acessibilidade para pessoas com deficiência já previstas no Decreto Federal de número
5.296/04. O texto final prevê o atendimento prioritário em órgãos públicos e reitera a
necessidade e efetividade das políticas públicas de educação, saúde e trabalho para a
população com necessidades especiais.
No Brasil são mais de 25 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e esse
número tende a aumentar, por diversas razões. Com o uso do Desenho Universal é
possível atender às necessidades de mercado, conferindo autonomia, segurança,
ambientes e adaptação a todas as pessoas, sem que sua condição física seja condição
para seu direito de se apropriar do meio que a circunda.
Centros nacionais da área da tecnologia e assistência às pessoas com deficiência foram
implantados em alguns países. Algumas tarefas desses centros são:
• Reunir, compilar e difundir informação para as pessoas com deficiência sobre
as ajudas técnicas, os sistemas de prestação de serviços e o suporte financeiro
destinado às tecnologias de apoio;
• Manter uma base de dados sobre ajudas técnicas;

24
• Incentivar a investigação e o desenvolvimento, identificando as inovações
necessárias, providenciando o conhecimento das necessidades existentes,
dando pareceres sobre projetos de desenvolvimento e ideias na área da
investigação e através de apoio financeiro;
• Testar e avaliar produtos e serviços para pessoas com deficiência;
• Servir como consultores especializados junto das autoridades públicas e de
outras entidades no campo da tecnologia, da acessibilidade e da deficiência,
mantendo um alto grau de eficiência;
• Assegurar vigilância técnica no sentido de identificar importantes avanços
futuros com impacto potencial sobre as pessoas com deficiência;
• Participar nos trabalhos de normalização;
• Participar nas trocas de informação e de conhecimentos, bem como na
colaboração a nível internacional.

Em novembro de 2002 teve início o Instituto Nacional para a reabilitação e o Centro


Nacional de Contato da Rede Europeia de Desenho para todos e Acessibilidade
Eletrônica – EdeAN (European Design for All e-Accessibility Network), coordenando a
Rede Nacional dos Centos de Excelência em Desenho para Todos e Acessibilidade
Eletrônica, que conta com 160 membros e 23 deles constituem Centos Nacionais de
Contato.

2.5 Números da Deficiência

Infelizmente, nos últimos anos, poucos países adotaram medidas efetivas para
minimizar as dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam. É importante
ressaltar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2011 mais de 1
bilhão de pessoas no mundo possuía algum tipo de deficiência. Número bastante
significativo e importante.
No Brasil o contingente de pessoas com deficiência também é grande. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo Censo
Demográfico, em 2010 o percentual de pessoas que declararam algum tipo de

25
deficiência foi de 23,9%, número significativamente superior ao registrado em 2000,
que estava na marca de 14,5%. É importante ressaltar que tal aumento ocorreu, em
partes, em decorrência da mudança de metodologia de pesquisa. Somente em 2005 o
Brasil passou a integrar o Grupo de Washington sobre Estatísticas das Pessoas com
Deficiência (Washington Group on Disability statistics – GW), que tem como objetivos
padronizar a coleta de dados que permite o estabelecimento das estatísticas acerca
das pessoas com deficiência e promover a homogeneidade das informações
levantadas sobre os países membros.
Apesar de a padronização ter prejudicado a sequência de dados do Brasil, ela revelou
um dado alarmante, a população de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil é
mais que o dobro de países como Espanha e Alemanha, que possuem,
respectivamente, 8,5% (Instituto Nacional de Estatística – INE, 2008) e 9,4% (Destatis
Statistisches Bundesamt, 2013), e maior que a dos Estados Unidos (19% da população
com algum tipo de deficiência, segundo a United States Census Bureau, 2012), país que
enfrentou importantes guerras.
Outra variável que merece atenção e desempenha papel importante no incremento
das estatísticas das pessoas com deficiência é o envelhecimento populacional.
Segundo a OMS (2015), até 2050 o Brasil triplicará o número de pessoas com mais de
60 anos de idade, atingindo níveis superiores à média internacional e envelhecendo
com maior velocidade. Vale ressaltar que em 2015 o Brasil possuía 12,5% de idosos e
deve alcançar 30% em meados do século. Seremos, segundo nomenclatura da OMS,
uma nação envelhecida, nome dado a países cuja população idosa é superior a 14%.
A diminuição da taxa de mortalidade infantil é uma das variáveis que pode explicar o
aumento da expectativa de vida. No ano 2000, a média era de 29 mortes para cada
1.000 nascidos, em 2013 essa taxa caiu para 15. A probabilidade é que em 2060 a taxa
de mortalidade aponte para valores de 7,1 mortes para cada 1.000 nascidos vivos.
Ainda que tenhamos as mais avançadas normas no mundo, a aplicabilidade delas para
benefício da inclusão da pessoa com deficiência ainda é falha.

26
Conclusão

Dizem que toda unanimidade é burra, mas esse não é o caso do Desenho Universal, ele
é o único a atender às necessidades de 100% das pessoas, sejam elas deficientes ou
não. Não é complicado entender, quanto mais adaptado estiver um projeto e uma
obra concluída para atender a quem tem necessidades particulares, mais fácil será a
utilização por quem menos precisa. Ter em mente que nossas necessidades mudam ao
longo da vida, seja pelo processo natural de envelhecimento ou por algum tipo de
deficiência que venhamos a adquirir, realizar projetos embasados no Desenho
Universal é também pensar em Arquitetura e Urbanismo e Design Sustentável, uma
vez que eles não precisarão de adaptações futuras.

27
3 DESENHO TÉCNICO
Para que as ideias concebidas por profissionais
sejam executadas por terceiros, o conhecimento do
Desenho Técnico é de suma importância. Além
disso, ele auxilia no desenvolvimento do raciocínio,
do senso e rigor geométrico, iniciativa e
organização. Por isso, independente da evolução
tecnológica e dos meios de computação gráfica, o
ensino do Desenho Técnico é fundamental na
formação, tanto de arquitetos e urbanistas, quanto
dos designers e engenheiros.

É o desenho que fornece os dados precisos e


necessários para a construção de um objeto ou
ambiente. O ato de elaborar o desenho técnico ou
fazer sua leitura é tão importante quanto a
execução de uma tarefa operacional.

28
3.1 Conceito, Finalidade e Importância

Etimologicamente, a palavra “desenhar” vem do latim designare, que significa marcar,


notar, traçar, desenhar, indicar, designar, dispor, ordenar, regular, imaginar; é étimo
do italiano desegnare. Em português, desenhar (e desenho) é somente “traçar (e
traçado) com linhas e outros elementos”.
Para que a linguagem do desenho seja universal, existem várias regras internacionais
que compõem as normas gerais do Desenho Técnico que, no Brasil, é regulamentado
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
O Desenho Técnico é originário da Geometria Descritiva, ciência que representa, no
plano, objetos tridimensionais abrindo o acesso à resolução de inúmeros problemas
que envolvam poliedros. Tudo isso no plano do papel.
O Desenho Técnico é o precursor de qualquer tipo de equipamento da construção civil,
logo, é operativo, uma vez que após sua execução segue-se a fabricação, montagem
ou construção do objeto ou espaço/ambiente em questão.
O Desenho Técnico tem como finalidade a representação fidedigna, no plano, das
formas do mundo material, por essa razão, tridimensionais, o que possibilita a sua
construção espacial.

3.2 Modalidades

Os princípios não mudam, somente a maneira de execução. Por isso, o Desenho


Técnico não deve, necessariamente, ser realizado por meio e auxílio de instrumentais
como réguas, compassos, esquadros etc., ele também pode ser executado à mão livre
ou com o auxílio de computadores.
O “esboço à mão livre” é o desenho oficial do designer e do arquiteto, uma vez que é
rápido e ágil e permite o acompanhamento do processo mental. O “desenho
instrumental”, por sua vez, é utilizado em desenhos finais, aqueles destinados à
apresentação.

29
Nem todas as modalidades de Desenho Técnico são instrumentais, ainda que precisas
e com os padrões de proporção mantidos, são elaborados à mão livre e feitos
rapidamente. São eles:
a) Desenho Geométrico: direcionado à representação plana de elementos
geométricos com finalidades simples, como a mostra ou solução de problemas
matemáticos. É um estudo padronizado e normatizado do desenho
bidimensional.

b) Desenho projetivo: também é bidimensional sobre elementos de três


dimensões, sendo ele padronizado e normatizado. Ele é composto pelo
desenho técnico, que é a representação de entes tridimensionais em
bidimensionais, e pela geometria, que é a representação bidimensional de
elementos tridimensionais. É voltado principalmente para a resolução gráfica
de problemas relacionados à Geometria.

c) Ilustração: esse tipo de desenho tem como intenção a expressão de alguma


informação. Em geral, a ilustração é acompanhada de outras mídias, como
textos.

d) Desenho arquitetônico: tem como objetivo o projeto de Arquitetura e


Urbanismo ou de Design de Interiores.

Nem sempre a elaboração de um desenho técnico é individual. Em geral, o esboço é o


primeiro passo do processo de elaboração de um projeto. No esboço, o profissional irá
fazer o planejamento e imaginar como será o objeto final. Ele terá como função ser a
base da elaboração de um desenho preliminar, que corresponde a uma etapa
intermediária entre o processo de elaboração do projeto, mas que pode sofrer
alterações.
O desenho para execução ou desenho técnico definitivo contém todos os
componentes necessários para sua compreensão e execução. Ele pode ser realizado na

30
prancheta ou no computador, mas, o mais importante, é atender a todas as normas
técnicas de maneira rigorosa.

3.3 Vistas Ortogonais

O matemático francês Gaspard Monge, criador da Geometria Descritiva, pôde


apresentá-la ao mundo somente em 1794, 15 anos após sua criação, pois, até então,
seus estudos e descobertas foram mantidos como segredo militar. Monge utilizou o
sistema de projeções cilíndricas ortogonais que serviram de base para o Desenho
Técnico. Ele utilizou dois planos perpendiculares, um horizontal (x) e outro vertical (y),
dividindo o espaço em quatro partes denominadas diedros.

Representação das projeções de um objeto no 1º e 3º diedros

Fonte: elaborada pelo autor.

31
Representação das épuras dos objetos da figura anterior

Fonte: elaborada pelo autor.

São diferenças entre a Geometria Descritiva e o Desenho Técnico:

Geometria Descritiva Desenho Técnico


Duas projeções são suficientes para Essa identificação é impraticável, utilizando-
representar um objeto, recorrendo se, normalmente, uma terceira projeção,
raramente ao plano de perfil, pois letras são para definir a forma do objeto que é colocado
utilizadas para identificação dos vértices e com suas faces principais paralelas aos planos
das arestas dos objetos representados. Os de projeção, de modo a obtê-las em
problemas são solucionados com o verdadeira grandeza na projeção em que seja
posicionamento dos objetos em qualquer paralela.
posição relativa aos planos de referência.
Fonte: elaborada pelo autor.

Segundo a Norma Técnica Brasileira NBR ISO 10209-2 (2005), o termo “Representação
ortográfica” significa projeções ortogonais de um objeto posicionado normalmente

32
com suas faces principais paralelas aos planos coordenados, sobre um ou mais planos
de projeção, coincidentes ou paralelos aos planos coordenados. Os planos de projeção
são convenientemente rebatidos sobre a folha de desenho, de modo que as posições
das vistas do objeto sejam relacionadas entre si.
O triedro tri-retângulo é definido como sistema de referência quando as vistas de um
objeto são habitualmente obtidas sobre três planos perpendiculares entre si, sendo
um vertical, outro horizontal e outro de perfil.

3.4 Cotas no Desenho Técnico

Atualizada em 1998, a NBR de 10126 da ABNT de 1987 fixa os princípios gerais para
inclusão de cotas através de linhas, símbolos, notas ou valor numérico numa unidade
determinada.
As cotas devem ser completas e devem descrever de forma clara e precisa o objeto
para a aplicação de cotas no Desenho Técnico. Os desenhos de detalhes não devem
empregar símbolos, devendo utilizar a mesma unidade para todas as cotas, sem
duplicação e utilizando somente as estritamente necessárias. É recomendado que o
cruzamento de linhas auxiliares com linhas de cotas e com linhas do desenho não seja
feito.
São locais de grafia das cotas: vista superior ou planta, na vista que representa mais
claramente o elemento nos cortes, única e exclusivamente, quando se cotam as
alturas denominadas - H.
As representações grafadas também têm suas peculiaridades, as linhas auxiliares e de
cotas devem ser contínuas e estreitas, sendo que a linha auxiliar deve ser prolongada
ligeiramente além da linha de cota correlacionada. Há a necessidade da existência de
um pequenino espaço entre a linha de contorno e a linha auxiliar. Quando houver
espaço disponível, as setas de limitação da linha de cota devem ser apresentadas entre
os limites da linha de cota. Quando o espaço for limitado, as setas podem ser
apresentadas externamente no prolongamento da linha de cota.

33
Setas ou traços oblíquos farão a indicação dos limites da linha de cota. Há a limitação
de uma indicação por desenho, porém, em espaços pequenos, outras formas podem
ser utilizadas. São essas as indicações recomendadas:
• A seta é desenha com linhas curtas formando ângulos de 15°;
• A seta pode ser aberta, ou fechada preenchida;
• O traço oblíquo é desenhado com uma linha curta e inclinado a 45°.

Indicação dos limites de linhas de cota

Fonte: elaborada pelo autor.

Para medidas circulares: indicação de linhas de cotas também circulares que serão
efetuadas a partir do Raio da circunferência correspondente, podendo ser apontado
tanto para o tamanho do Raio (denominado - R) quanto do perímetro (denominado -
P) do segmento de circunferência desenhado.
Alguns elementos não podem ser utilizados como linhas de cota, eixos, linhas de
centro, arestas e contorno de objetos, exceção feita aos desenhos esquemáticos.

3.5 Sólidos Geométricos

São dimensões dos sólidos geométricos: comprimento, largura e altura. Nem todos os
sólidos geométricos são estudados pela geometria.
Os sólidos geométricos são definidos por faces, que são figuras geométricas planas ou
curvas, sendo eles:
• Superfícies planas: prismas, cubos e pirâmides.
• Superfícies curvas: cilindro, cone e esfera, também conhecidos como sólidos de
revolução.

34
Entre os sólidos geométricos limitados por superfícies planas, existem os prismas, o
cubo e as pirâmides, já entre os sólidos geométricos limitados por superfícies curvas,
encontram-se o cilindro, o cone e a esfera, que são também chamados de sólidos de
revolução.

Prisma: é limitado por polígonos, sendo constituído por vários elementos.

Pirâmide: assim como os prismas, são limitados por polígonos. Pode-se formar a
pirâmide ligando-se todos os pontos de um polígono a um ponto P do esboço.

Sólidos de Revolução
São os principais exemplos de sólidos de revolução: cilindro, cone e esfera. A
característica em comum desses objetos geométricos é a formação pela rotação de
figuras planas em torno de um eixo.

• Cilindro: formado pela revolução de um retângulo em torno de uma de suas


arestas.
• Cone: formado pela revolução de um triângulo em torno de um de seus catetos
que se confunde com o eixo.
• Esfera: é um sólido geométrico caracterizado pela superfície curva com pontos
equidistantes a um ponto inferior denominado centro. Unindo o centro da
esfera a qualquer ponto teremos o raio. O segmento de reta que une dois
pontos e passa pelo centro da esfera é o diâmetro.

3.6 Desenho Técnico

O Desenho Técnico possui três fases que irão participar, ativamente, da solução do
problema posto, a saber:

35
1º, rastrear ideias e conceitos que irão, aparentemente ou não, contribuir para a
solução do problema em questão.
2º, triar as ideias e conceitos encontrados na primeira análise.
3º, desenvolver as ideias e conceitos tidos como positivos para a solução dos
problemas, aprimorando-os, finalizando-os e realizando a comunicação.
O Desenho Técnico percorre todas as etapas na comunicação de projetos de Design e
Arquitetura e Urbanismo, indo desde a fase de criação e análise até comunicação final
dos projetos.
É a representação dos objetos que permitirá o estudo e a solução eficaz dos problemas
dos projetos, face à dificuldade em conceber estruturas, mecanismos e movimentos
tridimensionais. Tais estudos e aprimoramentos são possíveis graças ao Desenho
Técnico.

Conclusão
Todo o processo de desenvolvimento e criação no universo da Arquitetura e do
Urbanismo estão intimamente ligados à expressão gráfica. O desenho técnico é uma
ferramenta que pode ser utilizada não apenas para apresentar resultados, mas
também para soluções gráficas que podem substituir cálculos complicados.

36
4 NORMAS TÉCNICAS
Para transformar o desenho técnico em uma
linguagem gráfica foi necessário padronizar seus
procedimentos de representação gráfica. Essa
padronização é feita por meio de normas técnicas
seguidas e respeitadas internacionalmente.

As normas técnicas são resultantes do esforço


cooperativo dos interessados em estabelecer
códigos técnicos que regulem relações entre
produtores e consumidores, engenheiros,
empreiteiros e clientes. Cada país elabora suas
normas técnicas e estas são acatadas em todo o seu
território por todos os que estão ligados, direta ou
indiretamente, a este setor.

No Brasil as normas são aprovadas e editadas pela


Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT,
fundada em 1940. Para favorecer o
desenvolvimento da padronização internacional e
facilitar o intercâmbio de produtos e serviços entre
as nações, os órgãos responsáveis pela
normalização em cada país, reunidos em Londres,
criaram em 1947 a Organização Internacional de
Normalização (International Organization for
Standardization – ISO).

Quando uma norma técnica proposta por qualquer


país membro é aprovada por todos os países que

37
compõem a ISO, essa norma é organizada e editada
como norma internacional.

As normas técnicas que regulam o desenho técnico


são normas editadas pela ABNT, registradas pelo
INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial) como normas
brasileiras - NBR e estão em consonância com as
normas internacionais aprovadas pela ISO.
A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas -
é o Fórum Nacional de Normalização. As Normas
Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos
Comitês Brasileiros (ABNT/CB) e dos Organismos de
Normalização Setorial (ONS), são elaboradas por
Comissões de Estudo (CE), formadas por
representantes dos setores envolvidos, delas
fazendo parte: produtores, consumidores e neutros
(universidades, laboratórios e outros).

Os Projetos de Norma Brasileira, elaborados no


âmbito dos ABNT/CB e ONS, circulam para Consulta
Pública entre os associados da ABNT e demais
interessados.

38
4.1 Escrita Técnica – NBR 8402/1994

Esta Norma fixa as condições exigíveis para a escrita usada em desenhos técnicos e
documentos semelhantes.
As principais exigências na escrita em desenhos técnicos são:
a) legibilidade;
b) uniformidade;
c) adequação à microfilmagem e a outros processos de reprodução.
Os caracteres devem ser claramente distinguíveis entre si, para evitar qualquer troca
ou algum desvio mínimo da forma ideal.
Para a escrita manual, as proporções devem seguir a tabela seguinte, conforme a NBR
8402:1994. Pode ser vertical ou inclinada para a direita, com um ângulo de 15o. As
alturas das letras maiúsculas e minúsculas não devem ser menores do que 2,5 mm. No
caso de combinação de maiúsculas e minúsculas, a altura não deve ser menor que 3,5
mm.

Fonte: ABNT, 1994a.

39
A escrita técnica deve atender a algumas características básicas, tais como a proporção
entre os elementos que constituem as letras:

Fonte: ABNT, 1994a.

O correto atendimento às definições da NBR determina uma escrita clara e sem


possibilidade de equívocos, tais como as Letras Verticais e Inclinadas, apresentadas
nos quadros a seguir:
Exemplo de escrita vertical

Fonte: ABNT, 1994a.

40
Exemplo de escrita inclinada

Fonte: ABNT, 1994a.

4.2 Desenho Técnico – NBR 10067/1995

Essa Norma fixa a forma de representação aplicada em desenho técnico. Na aplicação


desta Norma é necessário consultar:
NBR 8402 - Execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos – Procedimento;
NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenho técnico – Procedimento;
NBR 12298 - Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho
técnico – Procedimento.
Para a correta representação de elementos no desenho técnico é necessário o
atendimento a características gerais que são definidas por projeções ortogonais, nos
planos horizontal e vertical, que determinam vistas.
Denominação das Vistas:
a) vista frontal (a);
b) vista superior (b);
c) vista lateral esquerda (c);
d) vista lateral direita (d);

41
e) vista inferior (e);
f) vista posterior (f).
Indicação das vistas decorrentes das projeções ortogonais e sua nomenclatura

Fonte: ABNT, 1995.

Escolha das Vistas a serem desenhadas:


A vista mais importante de um objeto deve ser utilizada como vista frontal ou
principal. Geralmente, essa vista apresenta as principais características do elemento
em foco.
Devem ser executadas tantas vistas quantas forem necessárias à caracterização da
forma, e quando necessário fazer uso de cortes.

42
Exemplos de projeções ortogonais e as diversas vistas

Fonte: ABNT, 1995.

Vistas auxiliares: são projeções parciais, representadas em planos auxiliares para evitar
deformações e facilitar a correta interpretação do desenho.

4.3 Folhas para desenho – NBR 10582/1988

Essa Norma padroniza as características dimensionais das folhas em branco a serem


aplicadas em todos os desenhos técnicos.
Ela apresenta também o leiaute da folha do desenho técnico com vistas a:
a) posição e dimensão da legenda;
b) margem e quadro;
c) marcas de centro;
d) escala métrica de referência;
e) sistema de referência por malhas;
f) marcas de corte.
Os papéis utilizados para o desenho podem ser opacos ou transparentes. Os opacos
podem ser sulfite grosso, canson ou schoeller, e os transparentes são papel-manteiga,
vegetal, albanene e cronaflex. A escolha do tipo do papel depende da durabilidade e
resistência desejadas, bem como do trabalho a ser realizado.

43
O papel utilizado para os desenhos é padronizado pela ABNT (NBR 10068), e os
formatos principais utilizados são os da série “A”.
O formato referência é A0 de 1 m2; os demais derivam desse formato, conforme
representado a seguir:

Fonte: ABNT, 1987a.

Sendo necessário formato fora dos padrões estabelecidos, recomenda-se a escolha


dos formatos de tal maneira que a largura ou o comprimento corresponda ao múltiplo
ou submúltiplo do formato padrão.
Margem e Quadro: Margens são limitadas pelo contorno externo da folha e quadro. O
quadro limita o espaço para o desenho.

Detalhe da margem e do quadro

Fonte: ABNT, 1987a.

Legenda ou Carimbo: A posição do carimbo (legenda) deve estar dentro do quadro


para desenho de tal forma que contenha a identificação do desenho (número de
registro, título, origem etc.); deve estar situado no canto inferior direito, tanto nas

44
folhas posicionadas horizontalmente, como verticalmente, conforme exemplificado a
seguir:

Folhas com margem, carimbo e quadro, nas posições horizontal e vertical

Posição Horizontal Posição Vertical


Fonte: ABNT, 1987a.

A direção da leitura da legenda deve corresponder a do desenho. Por conveniência, o


número de registro do desenho pode estar repetido em lugar de destaque, conforme a
necessidade do usuário.
A legenda deve ter 178 mm de comprimento, nos formatos A4, A3 e A2, e 175 mm nos
formatos A1 e A0.

Margens: são limitadas pelo contorno externo da folha e quadro. O quadro limita o
espaço para o desenho e as margens esquerda e direita, bem como as larguras das
linhas, devem ter as dimensões constantes e seguem a tabela a seguir:
Largura das linhas e das margens

Fonte: ABNT, 1987a.

45
A margem esquerda serve para ser perfurada e utilizada no arquivamento.

4.4 Tipos de Linhas – NBR 8403/1984 e Cotas – NBR 10125/1987

Essa Norma fixa tipos e o escalonamento de larguras de linhas para uso em desenhos
técnicos e documentos semelhantes.
O quadro a seguir determina os tipos de linhas e sua espessura, segundo a
normatização da ABNT:

Fonte: ABNT, 1984.

46
A NBR 10126, de novembro de 1987, trata de Cotas em desenho técnico. Essa Norma
fixa os princípios gerais de cotagem a serem aplicados em todos os desenhos técnicos,
ressaltando-se que, quando necessário, devem ser consultadas outras normas técnicas
de áreas específicas.
Na aplicação dessa Norma é necessário também consultar:
NBR 8402 - Execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos – Procedimento;
NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas - Larguras das linhas –
Procedimento;
NBR 10067 - Princípios gerais de representação em desenho técnico - Vistas e cortes –
Procedimento.

Definindo-se Cotas, temos: representação gráfica no desenho da característica do


elemento através de linhas, símbolos, notas e valor numérico numa unidade de
medida. Dividem-se em:
Cota funcional: Essencial para a função do objeto ou local e,
Cota não funcional: Não essencial para funcionamento do objeto,
Cota auxiliar: Dada somente para informação. A cota auxiliar não influi nas operações
de produção ou de inspeção; é derivada de outros valores apresentados no desenho
ou em documentos e nela não se aplica tolerância.

Exemplos de Cotas: funcional, auxiliar e não funcional

Fonte: ABNT, 1987b.

A aplicação de Cotas no desenho técnico deve seguir as seguintes especificações:

47
- Toda cotagem necessária para descrever uma peça ou componente, clara e
completamente, deve ser representada diretamente no desenho;
- A cotagem deve ser localizada na vista ou corte que represente mais claramente o
elemento (Uma das partes características de um objeto, tal como uma superfície
plana, uma superfície cilíndrica, um ressalto, um filete de rosca, uma ranhura, um
contorno etc.);
• desenhos de detalhes devem usar a mesma unidade (por exemplo, milímetro) para
todas as cotas sem o emprego do símbolo. Se for necessário, para evitar mal
entendimento, o símbolo da unidade predominante para um determinado desenho
deve ser incluído na legenda. Onde outras unidades devem ser empregadas como
parte na especificação do desenho (por exemplo, N.m. para torque ou kPA para
pressão), o símbolo da unidade apropriada deve ser indicado com o valor;
• cotar somente o necessário para descrever o objeto ou produto acabado. Nenhum
elemento do objeto ou produto acabado deve ser definido por mais de uma cota.
• Exceções podem ser feitas: onde for necessário a cotagem de um estágio
intermediário da produção (por exemplo, o tamanho do elemento antes da
cementação e acabamento); onde a adição de uma cota auxiliar for vantajosa; não
especificar os processos de fabricação ou os métodos de inspeção, exceto quando
forem indispensáveis para assegurar o bom funcionamento ou
intercambiabilidade.
• A cotagem funcional deve ser escrita diretamente no desenho.
Os elementos que compõe as cotas incluem a linha auxiliar, linha de cota (NBR 8403)
limite da linha de cota e a cota:
Elementos de cotagem e respectiva nomenclatura

48
Fonte: ABNT, 1987b.

A indicação dos limites da linha de cota é feita por meio de setas ou traços oblíquos. As
indicações são especificadas como segue:
a) a seta é desenhada com linhas curtas formando ângulos de 15°. A seta pode ser
aberta, ou fechada preenchida (Figura);
b) o traço oblíquo é desenhado com uma linha curta e inclinado a 45° (Figura).

Exemplos dos limites de Linha de Cotas

Fonte: ABNT, 1987b.

A indicação dos limites da linha de cota deve ter o mesmo tamanho num mesmo
desenho. Somente uma forma da indicação dos limites da linha de cota deve ser usada
num mesmo desenho. Entretanto, quando o espaço for mito pequeno, outra forma de
indicação de limites pode ser utilizada.
Quando houver espaço disponível, as setas de limitação da linha de cota devem ser
apresentadas entre os limites da linha de cota (Figura). Quando o espaço for limitado

49
as setas de limitação da linha de cota, podem ser apresentadas externamente no
prolongamento da linha de cota, desenhado com esta finalidade (Figura).
Exemplos de posicionamento de limites de cotas

Fonte: ABNT, 1987b.

As cotas devem ser apresentadas em desenho em caracteres com tamanho suficiente


para garantir completa legibilidade. As cotas devem ser localizadas de tal modo que
elas não sejam cortadas ou separadas por qualquer outra linha.
• as cotas devem ser localizadas acima e paralelamente as suas linhas de cotas e
preferivelmente no centro.

Exemplos de localização de cotas ortogonais e angulares

Fonte: ABNT, 1987b.

4.5 Emprego de Escalas – NBR 8196/1999

Essa Norma fixa as condições exigíveis para o emprego de escalas e suas designações
em desenhos técnicos.
Para os efeitos dessa Norma, aplicam-se as definições da NBR 10647:1989 - Desenho
técnico – Terminologia.

50
Os desenhos são uma representação da realidade, dessa forma podem ser elaboradas
em diferentes coeficientes de proporção, provenientes de uma relação entre seu
tamanho real e seu tamanho no desenho, proporção esta que está diretamente ligada
a garantia de precisão do desenho executado.
A esta proporção damos o nome de ESCALA, segundo norma da ABNT, a qual deve ser
indicada em qualquer desenho elaborado, constando no carimbo da prancha e grafada
da seguinte maneira:

Fonte: o autor.

A designação completa de uma escala deve consistir na palavra ESCALA, seguida da


indicação da relação:
a) ESCALA 1:1, para escala natural;
b) ESCALA X:1, para escala de ampliação (X > 1);
c) ESCALA 1:X, para escala de redução (X > 1).
O valor de “X” deve respeitar as escalas usadas em desenho técnico, conforme a tabela
a seguir:

Fonte: ABNT, 1999.

51
A escala a ser escolhida para um desenho depende da complexidade do objeto ou
elemento a ser representado e da finalidade da representação. Em todos os casos, a
escala selecionada deve ser suficiente para permitir uma interpretação fácil e clara da
informação representada. A escala e o tamanho do objeto ou elemento em questão
são parâmetros para a escolha do formato da folha de desenho.
A Escala 1:1 – Natural considera que o desenho será elaborado a partir das medidas
tomadas no objeto ou local a ser retratado.
A Escala 1:100 é a mais conhecida por todos, uma vez que está gravada nas réguas
escolares que utilizamos desde o Ensino Fundamental. Nela consideramos que 1
centímetro (cm) corresponda diretamente a 1 metro (m) ou 100 cm ou 0,1 m, daí a
nomenclatura 1:100.

Deve ser adotada escalas igual ou superior a 1:100 na representação da edificação. Em


programas de grande porte, podem ser utilizadas escalas menores, com ampliações
setoriais.

4.6 Projetos de Arquitetura - NBR 6492/1994

Essa Norma fixa as condições exigíveis para representação gráfica de projetos de


arquitetura, visando à sua boa compreensão. Tal Norma não abrange critérios de
projeto, que são objeto de outras normas ou de legislação específicas de municípios ou
estados.
Na aplicação desta Norma é necessário também consultar: NBR 10068 - Folha de
desenho - Leiaute e dimensões – Padronização.
Para os efeitos desta Norma são adotadas as definições de:

- Planta de situação: Planta que compreende o partido arquitetônico como um todo,


em seus múltiplos aspectos. Pode conter informações específicas em função do tipo e
porte do programa, assim como para a finalidade a que se destina. Para aprovação em
órgãos oficiais, esta planta deve conter informações completas sobre localização do
terreno.

52
- Implantação ou Planta de locação: Planta que compreende o projeto como um todo,
contendo, além do projeto de arquitetura, as informações necessárias dos projetos
complementares, tais como movimento de terra, arruamento, redes hidráulica,
elétrica e de drenagem, entre outros. A locação das edificações, assim como a das
eventuais construções complementares são indicadas nesta planta.

- Planta de edificação: Vista superior do plano secante horizontal, localizado a,


aproximadamente, 1,50 m do piso em referência. A altura desse plano pode ser
variável para cada projeto de maneira a representar todos os elementos considerados
necessários. As plantas de edificação podem ser do térreo, subsolo, jirau, andar-tipo,
sótão, cobertura, entre outros.

Os requisitos para execução de projetos arquitetônicos também são definidos por


Normas Técnicas aprovadas pela ABNT. Alguns elementos são essenciais para a correta
leitura dos Projetos de Arquitetura.
A primeira delas é a referência obrigatória: orientação geográfica do local de
implantação do projeto, que é possível através do registro gráfico da direção do Norte
Verdadeiro em todos os desenhos. A simbologia definida segue o seguinte padrão,
para desenho executados a mão:

Fonte: ABNT, 1994b.

A numeração de folhas de desenho atende a seguinte regulamentação: todas as


pranchas do Projeto de Arquitetura devem ser numeradas de maneira sequencial
indicando o número da unidade e o total de pranchas que compõe o documento. Essa
indicação é um dos itens que compõem o carimbo das pranchas.

53
Fonte: o autor.

Carimbo (ou quadro): o canto inferior direito das folhas de desenho deve ser reservado
ao carimbo destinado à legenda de titulação e numeração dos desenhos. Devem
constar da legenda, no mínimo, as seguintes informações:
a) identificação da empresa e do profissional responsável pelo projeto;
b) identificação do cliente, nome do projeto ou do empreendimento;
c) título do desenho;
d) indicação sequencial do projeto (números ou letras);
e) escalas;
f) data;
g) autoria do desenho e do projeto;
h) indicação de revisão.
A norma também determina a nomenclatura dos desenhos que farão parte do quadro
na folha de desenho, assim devem seguir as seguintes especificações:
Todos os desenhos inseridos nas Pranchas devem ter um Título que indique o que ele
representa e se tiver escala diferente dos demais desenhos, esta também deve ser
indicada na linha inferior.

54
Fonte: o autor.

O objetivo do Projeto Arquitetônico é determinar espaços e ambientes a serem


construídos, dessa maneira a representação gráfica dos elementos construtivos torna-
se essencial e como os demais elementos do desenho técnico, também são
normatizados pela ABNT.

Fonte: adaptado de ABNT, 1994b.

A circulação vertical é determinada nos Projetos de Arquitetura pela existência de:


escadas, rampas ou elevadores (plataformas elevatórias), que devem ser
representados de maneira particularizada, conforme determinado pela ABNT.
Sempre deve-se indicar o sentido ascendente, tanto nas escadas, como nas rampas.

55
Fonte: ABNT, 1994b.

Nem todos os detalhes de um elemento construtivo tem a possibilidade de ser


representados no mesmo desenho e na mesma escala do desenho que define os
espaços/ambientes – Planta Baixa, aí a necessidade da inserção de elementos de
chamada para destacar a existência e respectiva localização do desenho de
detalhamento do elemento indicado.

Fonte: ABNT, 1994b.

56
Conclusão

Desde os tempos mais remotos, o homem utiliza de meios de expressão para se


comunicar, dentre esses meios podemos apontar, por exemplo, as pinturas rupestres.
Com o passar do tempo, em valor de sua importância, a expressão gráfica ao longo do
desenvolvimento humano experimentou grande difusão de uso, tornou-se então
necessária à criação de normas específicas às representações gráficas, especialmente
no tratado de trabalhos de origem técnica. Ou seja, essas normas têm por objetivo a
padronização e a uniformidade das técnicas de Desenho Técnico.
É de fundamental importância para um Arquiteto e Urbanista ou Designer o
conhecimento das técnicas de representação gráfica bem como das normas
relacionadas a esta, pois uma vez que concebido o projeto, ele deverá ser traduzido e
transcrito de maneira inteligível. Portanto, a principal motivação para essa
normatização foi permitir que houvesse um meio físico de comunicação entre os
responsáveis de criação de projeto e os profissionais de execução.
Em praticamente todos os setores produtivos brasileiros existem procedimentos que
são normatizados segundo recomendações de fabricação dos produtos ou de gestão
de processos para uma padronização de qualidade. É de imprescindível importância
que os projetistas envolvidos tenham conhecimento acerca das normas de desenho
relacionadas a sua área específica de atuação.

57
5 DESENHO ARQUITETÔNICO
O desenho arquitetônico é uma especialização do
desenho técnico normatizado voltado para a
representação dos projetos de arquitetura. O
desenho de arquitetura, portanto, manifesta-se
como um conjunto de símbolos que expressam uma
linguagem estabelecida entre o emissor (o
desenhista ou projetista) e o receptor (o leitor do
projeto). É através dele que o arquiteto transmite
as suas intenções arquitetônicas e construtivas.

Através do desenho arquitetônico é que se


projetam alterações das paisagens urbanas. Como
regra geral, trata-se de representações em escala
reduzida do projeto final, cuja finalidade é servir de
apoio visual para explicar as modificações que se
pretendem fazer.

Nesse sentido, dentro do desenho arquitetônico,


temos uma grande variedade de representações
gráficas que servem para desenhar e projetar casas,
portos, rodovias, grandes edifícios, centros
esportivos e muito mais.

58
5.1 Planta de localização e Implantação

As Plantas de Localização são vistas ortográficas superiores esquemáticas com


abrangência de toda a zona que envolve o terreno onde será edificada a construção
projetada, com a finalidade de identificar o formato, as dimensões do lote, bem como
a amarração deste no quarteirão em que se localiza, normalmente é desenhado em
escala 1:200 a fim de que se leiam todas as informações registradas e ao final caiba
perfeitamente na folha de desenho.
As informações relativas ao entorno próximo ao local de implantação do projeto
arquitetônico são muito importantes, pois auxiliam na compreensão das decisões do
Arquiteto, assim sendo, as vias do tecido urbano e seu sentido de tráfego, por
exemplo, justificam os acessos em um Projeto de grande escala, mas diversas
informações contribuem para esse processo, tais como faixas de travessia, postes,
mobiliário urbano, postes, árvores e semáforos ou sinais luminosos de trânsito. Nesse
tipo de planta a escala mais adequada é a 1:500.
A localização do lote pode ocorrer em diversos níveis de aproximação, variando a
escala do desenho. Vão sendo incluídas informações sobre a área de abrangência do
entorno, próximo ou mais distante, onde devem ser identificados os marcos da
paisagem, tais como praças, edifícios públicos, igrejas ou hospitais, para esse nível de
aproximação, a escala recomendada é a 1:1000 ou maior, se necessário.

5.2 Plantas de Pavimentos

As edificações se apresentam divididas em pavimentos, ou seja, conjuntos de espaços


e ambientes localizados no mesmo nível em relação ao piso que compõe o edifício.
Os projetos arquitetônicos devem conter todas as informações necessárias para que
possam ser lidos, completamente compreendidos e executados, sendo, por esta razão,
compostos por diversos documentos, entre eles as plantas, os cortes, as elevações e as
fachadas. Neles se encontram as informações sob forma de desenhos, fundamentais

59
para a perfeita compreensão de um volume criado com suas compartimentações e
formas.
As Plantas de Pavimentos são projeções ortogonais perpendiculares ao Plano
Horizontal (PH) em vista superior, nas quais se demonstram todas as informações
relativas à concepção espacial proposta para um Projeto de Arquitetura.

É a partir do Pavimento Térreo que são apresentados os níveis que compõem uma
edificação, no caso das residências a sequência recomendada é a dos pavimentos
localizados acima do térreo (superior, primeiro pavimento, segundo pavimento e assim
por diante) e se houverem, por fim, os inferiores, tais como subsolos ou porões.
A representação adotada para as informações a serem transmitidas pelas Plantas de
Pavimentos é regulamentada pela Norma Brasileira (NBR) número 6492 de 1994,
editada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e define a seguinte
simbologia para os elementos construtivos:

Tabela de representação de elementos construtivos em Planta

60
As Plantas de Pavimentos devem ser desenhadas, uma para cada pavimento diferente
que houver na edificação, assim, nos casos dos edifícios de apartamentos ou
comerciais, por exemplo, para os Pavimentos Tipo (aqueles que se repetem iguais
várias vezes) só se desenha uma Planta e se indica no “carimbo” (quadro de
informações de cada folha de desenho) para quais pavimentos aquela planta se aplica.
Planta dos Pavimentos 2º ao 13º, por exemplo.

5.3 Circulação Vertical: Escadas e Rampas

A circulação vertical nas edificações com dois ou mais pavimentos é realizada por meio
de escadas ou rampas, que seguem as seguintes definições conceituais:
As escadas constituem meio de circulação vertical não mecânico que permite a ligação
entre planos de níveis diferentes. Quando para uso coletivo, devem ser dimensionadas
de forma a atender as NORMAS TÉCNICAS, garantindo a segurança de todos os
usuários. Já para o uso privativo, devem ser dimensionadas de acordo com as regras da
legislação municipal.
Da mesma maneira, as rampas têm seu conceito definido como: passarelas
constituídas de planos inclinados que conectam pontos em níveis diferentes.
Para uso privativo, devem ser dimensionadas de acordo com as regras da legislação
municipal.
As escadas são constituídas por:
1. Degraus – pisos + espelhos;
1.1 Pisos – pequenos planos horizontais que constituem a escada (cobertor);
1.2 Espelhos – planos verticais que unem os pisos;
2. Patamares – pisos de maior largura que sucedem os pisos normais da escada,
localizados geralmente ao meio do desnível do pé direito, com o objetivo de
proporcionar repouso temporário ao usuário da escada;
3. Lances – sucessão de degraus entre planos a vencer, sejam eles pisos de
pavimentos ou patamares;
4. Guarda-corpo – proteção física localizada na extremidade lateral dos degraus
para a proteção das pessoas que utilizam a escada;

61
5. Corrimão – superfície de apoio para as mãos, localizado sobre o guarda-corpo e
com a função de auxiliar o equilíbrio e o impulso do usuário.

As dimensões de uma escada são definidas pela relação de medida de dois elementos
construtivos que a compõe, a profundidade da pisa e a altura do espelho dos degraus,
assim, dependendo da variação dessas medidas é que se determinam o número de
degraus e o tamanho final de uma escada.
Tanto a medida da pisada quanto a medida do espelho de um degrau variam entre
0,28 m e 0,33 m e entre 0,16 m e 0,22 m, respectivamente, para escadas normais.
Temos, então, a determinação do número de degraus de uma escada definida pela
seguinte equação:

H (em metros) = N
h (em metros)

Onde: H = altura piso a piso (diferentes pavimentos)


h = altura do degrau (espelho)
N = número de degraus

Já o comprimento de uma escada é calculado pela multiplicação da medida definhada


para as pisadas pelo número de degraus determinado pela equação anterior. Para
tanto, deve-se utilizar a seguinte equação:

c (em metros) x N = C (em metros)

Onde: c = comprimento do degrau (pisada)


N = número de degraus
C = comprimento da escada
Quando a escada for dividida em lances ou tiver formato em “L” ou “U” (figura) torna-
se necessário observar o desenho proposto para sua execução (Projeto) e verificar
como devem ser incluídos patamares e lances adicionais ao cálculo apresentado.

62
É importante saber que, independente do desenho ou dimensão das escadas, elas
devem sempre ser desenhadas no mesmo alinhamento em todos os Pavimentos e
lembrar que é necessário um espaço vazio na laje para que a escada se desenvolva até
atingir o nível seguinte e o usuário não bata sua cabeça nela.

Para as rampas, também existem elementos construtivos determinados, que são:


• Plano Inclinado – passagem inclinada ligando dois níveis diferentes.
• Patamares – pisos de maior largura que sucedem os pisos normais da escada,
localizados geralmente ao meio do desnível do pé direito, com o objetivo de
proporcionar repouso temporário ou mudança de direção ao usuário da
escada.
• Lances – sucessão de planos inclinados entre alturas a vencer, sejam elas de
pisos de pavimentos ou patamares.
• Guarda-corpo – proteção física localizada na extremidade lateral dos degraus
para a proteção das pessoas que utilizam a escada.
• Corrimão – superfície de apoio para as mãos, localizado sobre o guarda-corpo e
com a função de auxiliar o equilíbrio e o impulso do usuário.
• Guia de balizamento – proteção erguida sob o guarda-corpo com a função de
proteger os usuários e orientar os deficientes.

Para o dimensionamento das rampas, devemos considerar inicialmente sua inclinação,


que segundo determinação da NBR 9050 de 2004/2015 deve estar sempre ente 5% e
8,33%, no máximo, o que significa que a cada metro de rampa percorrido o usuário
sobe entre 0,05m e 0,0833m. Sabendo-se a inclinação determinada, basta que
saibamos o desnível a ser suplantado para podermos definir o comprimento da rampa.
Para facilitar o raciocínio, pode-se utilizar a seguinte equação:

H (em metros) = C
i%

63
100

Onde: H = altura a superar (em metros)


I = inclinação da rampa (entre 5% e 8,33%)
C = comprimento da tampa (em metros)
Da mesma forma que no caso das escadas, quando as rampas tiverem sucessivos
lances de planos inclinados ou formas em “L” ou “U”, deve ser observado o desenho
proposto para execução (Projeto) a fim de se adicionarem as medidas dos patamares e
lances determinados.

5.4 Cortes: Longitudinal e Transversal

Os cortes são projeções ortogonais paralelas a um Plano Vertical (PV) que tem por
objetivo esclarecer o dimensionamento das alturas dos elementos construtivos, ou
seja, as medidas de pé-direito (altura interna do pavimento), laje a laje, portas e outros
elementos verticalizados propostas pelo Projeto.

A indicação do local proposto para o posicionamento do Plano Vertical deve ser


indicada nas Plantas dos Pavimentos, em todas elas, uma vez que o Plano corta a
edificação e não a Planta e, portanto, seu posicionamento deve estar registrado em
todos os níveis do edifício, inclusive na Planta de Cobertura.
Para a correta leitura e plena compreensão do Corte, sua normatização é
regulamentada pela NBR 6492 de 1994, que determina, entre outros, os elementos
gráficos que representam essa ferramenta no Projeto de Arquitetura.
A linha que indica o local de passagem do Plano Vertical pelo Pavimento é apontada na
Planta por meio de uma linha específica:

(Traço ponto)

64
Esta linha deve ser suficientemente grossa para ser identificada assim que se olhe o
desenho de uma Planta, mas não tão grossa, que possa suscitar dúvida quanto ao
exato local de sua passagem.
Também o sentido da vista do Plano Vertical deve ser indicado em Planta e para tanto,
se utilizam símbolos que determinam o “ponto de vista” desenhado. Estes símbolos,
igualmente, são definidos pela NBR e podem ser os seguintes:

Os Cortes básicos são o Longitudinal e o Transversal, que se posicionam paralelos ao


sentido do comprimento do Pavimento e oblíquos ao anterior, respectivamente,
conforme indicado no esquema a seguir:

Esquema de distribuição e nomenclatura de Cortes

Neste caso, o Corte AA é o Longitudinal, aquele que atravessa o comprimento da


forma geométrica que corresponde ao Pavimento proposto, e o Corte BB é o

65
Transversal, pois se apresenta perpendicular ao comprimento da figura geométrica e
ao corte anterior.
Outros cortes, além dos exemplificados, podem ser inseridos no desenho passando por
locais estratégicos, a fim de que possam incorporar o maior número de informações à
proposta original. Para exemplificar, é comum adotarmos a seguinte regra: deve-se
sempre posicionar um dos cortes de uma edificação com dois ou mais Pavimentos de
modo que ele passe pelo local onde se propõe a circulação vertical, escada ou rampa,
para que se demonstre graficamente como o elemento construtivo se desenvolverá, a
fim de interligar os diferentes níveis da edificação a ser construída e garantir acesso e
mobilidade em todas as áreas projetadas.

5.5 Elevações e Fachada

Os desenhos de elevações e fachadas correspondem a projeções ortogonais paralelas


às faces externas do volume geométrico proposto pelo Projeto Arquitetônico, de
modo que possam ser representados os elementos construtivos e a respectiva
materialidade que os constituem, além de explicitar o dimensionamento e
proporcionalidade das alturas e sua plasticidade.
As elevações representam todos os elementos visíveis na parte externa ou interna de
um edifício, seja ele de qualquer dimensão. As elevações externas são também
fachadas, uma vez que caracterizam a vista exterior da edificação, entretanto, é mais
comum que se denominem de Fachadas a Principal, geralmente frontal, onde se
localiza a entrada principal aos ambientes, e a Posterior, da parte de trás do volume
geométrico construído, deixando para as faces laterais a nomenclatura de elevações.
Nesses desenhos devem ser representados todos os elementos construtivos, com o
maior detalhamento possível e com um tratamento, quase que artístico, com hachuras
e pintura dos elementos e materiais, para tornar seu visual o mais próximo da
realidade possível. Nesse item estão incluídas portas e seus requadros (molduras ao
redor), janelas e suas diversas composições existentes, fechaduras e outros detalhes
de ferragem, vidros vitrais ou aberturas livres e luminárias, se estiverem previstas para
serem fixadas nas paredes.

66
Também se representam além da Linha de Terra, limite horizontal da edificação com o
solo, tudo o que for proposto ao redor da edificação e estiver dentro do campo visual
daquele desenho, elementos como: vegetação, portões ou grades, se for o caso,
postes, revestimentos de madeira, tijolos ou pedra, pinturas especiais etc.

67
Conclusão
O Desenho Arquitetônico é a ferramenta de comunicação entre o Arquiteto e
Urbanista ou Designer, se for o caso, e seus interlocutores responsáveis pela execução
de um Projeto de Arquitetura, em qualquer escala de dimensão.
É incontestável a importância de se localizar a área de execução de qualquer proposta
de Projeto, pois além de informar sua inter-relação com o entorno, também contribui
para o referenciamento de sua orientação geográfica em relação ao Norte, o que é
importantíssimo para a correta tomada de decisões em Arquitetura e Urbanismo.
A utilização plena das ferramentas de comunicação do Projeto, tais como as Plantas de
Pavimentos e todos os conceitos relacionados a elas garantem que as ideias propostas
no Desenho sejam lidas e interpretadas corretamente pelos profissionais que
executarão a correspondente obra, desde a disposição dos espaços e ambientes no
nível do solo, até as soluções de cobertura definidas. É também nesses documentos
que se registram as dimensões e formas dos elementos que constituem a circulação
vertical de uma edificação, e seu desenvolvimento pode ser registrado e representado
por meio dos Cortes, que se ocupam de ilustrar as alturas e elementos verticais
vinculados ao Projeto.
Os desenhos das faces externas, com seus detalhes, informam as características que as
edificações transmitirão ao entorno e arredores, como serão identificadas e que visual
adotarão. Para tanto, devem ser elaboradas com rigor e detalhamento, a fim de se
evitar posteriores surpresas com o resultado final, por terem sido mal compreendidas
no início, quando de sua apresentação.

68
6 ACESSIBILIDADE
Acessibilidade significa permitir que pessoas, com
deficiências ou com mobilidade reduzida,
participem de atividades que incluem o uso de
produtos, serviços e informação, além de permitir o
uso destes por todas as parcelas da população.

A palavra "deficiente“ tem uma conotação negativa,


de incapacidade ou inadequação à sociedade. Além
disso, ao ser dito ou escrito "pessoa deficiente",
passa-se a equivocada ideia de que a pessoa inteira
é deficiente. Assim, a pessoa não "é deficiente", ela
"tem uma deficiência".

Os movimentos mundiais de pessoas com


deficiência, incluindo os do Brasil, já
convencionaram de que forma preferem ser
chamados:

Pessoa (s) com deficiência, esse termo faz parte do


texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, adotada pela Assembleia Geral da
ONU em 2006 e ratificado no Brasil em julho de
2008.

A produção textual que se segue foi baseada e


fundamentada nos conteúdos pertinentes à Norma
Técnica NBR 9050 da Associação Brasileira de
Norma Técnicas – ABNT, revisada em 2015.

69
A ABNT NBR 9050 foi elaborada no Comitê
Brasileiro de Acessibilidade (ABNT/CB-040), pela
Comissão de Estudo de Acessibilidade em
Edificações (CE-040:000.001). O Projeto circulou em
Consulta Nacional conforme edital nº 8, de
20.08.2012 a 18.10.2012. Essa terceira edição
cancela e substitui a edição anterior (ABNT NBR
9050:2004), a qual foi tecnicamente revisada.

70
6.1 Aspectos Gerais (Deficiências)

O termo "acessibilidade" começou a ser utilizado recentemente. Historicamente, a


origem do uso desse termo para designar a condição de acesso das pessoas com
deficiência está no surgimento dos serviços de reabilitação física e profissional, no final
da década de 1940.
Na década de 1950, com a prática da reintegração de adultos reabilitados, ocorrida na
própria família, no mercado de trabalho e na comunidade em geral, profissionais de
reabilitação constatavam que essa prática era dificultada e até impedida pela
existência de barreiras arquitetônicas nos espaços urbanos, nos edifícios e residências
e nos meios de transporte coletivo. Surgia assim a fase da integração, que duraria
cerca de 40 anos até ser substituída gradativamente pela fase da inclusão.
Na década de 1970, graças ao surgimento do primeiro centro de vida independente do
mundo (que aconteceu na cidade de Berkeley, Califórnia, EUA), aumentaram a
preocupação e os debates sobre a eliminação de barreiras arquitetônicas, bem como a
operacionalização das soluções idealizadas.
Em 1980 houve a Classificação Internacional das Deficiências,
Incapacidades e Desvantagens (CIDID), segundo a qual considera-se Pessoa Portadora
de Deficiência (PPD) aquela que apresenta, em caráter permanente, perdas ou
reduções de sua estrutura, ou função anatômica, fisiológica, psicológica ou mental,
que gerem incapacidade para certas atividades, dentro do padrão considerado normal
para o ser humano.

Deficiência (Impairment) Incapacidade (Disability) Desvantagem (Handicap)


Relativa a toda alteração do Reflete consequências das Diz respeito aos prejuízos
corpo ou aparência física deficiências em termos de que o indivíduo
(de um órgão ou de uma desempenho e atividades experimenta devido à sua
função com perdas ou funcionais do indivíduo, deficiência e incapacidade
alterações temporárias ou consideradas como e, como tal, reflete a
permanentes), qualquer componentes essenciais de adaptação do indivíduo e a
que seja a causa. sua vida cotidiana. interação dele com o meio.
Em princípio, a deficiência Representa perturbação no
significa perturbação no nível da própria pessoa.
nível orgânico.

71
6.2 Circulação Horizontal

Os sistemas de circulação: horizontal e vertical, em qualquer edificação, têm por


objetivo garantir o acesso e a mobilidade dos usuários, tanto no interior quanto no
entorno dos edifícios.
No que diz respeito aos ambientes acessíveis, deve-se prevenir a ocorrência de
barreiras arquitetônicas, medida que assegura não só o acesso aos ambientes, mas
também a possibilidade de os deixar em casos de emergência, também que garantam
a chegada e a movimentação dos usuários em todos os ambientes de um edifício.
As edificações são classificadas em categorias de uso pelo Código de Edificações e
todas elas devem atender às exigências de acessibilidade determinadas pela NBR –
9050, de 2004 e atualizada em 2015.

Código de Edificações - Uso das Edificações:


1 – Habitação
2 – Comércio e Serviço
3 – Prestação de Serviços de Saúde
4 – Prestação de Serviços de Educação
5 – Prestação de Serviços de Hospedagem
6 – Prestação de Serviços Automotivos
7 – Indústrias, Oficinas e Depósitos
8 – Locais de Reunião
9 – Prática de Exercício Físico ou Esporte
10 – Atividades e Serviços de Caráter Especial
11 – Atividades Temporárias
12 – Uso Misto

Para as edificações de uso privado, consideram-se residenciais as que:


• Apresentam uma habitação por lote (R1).
• Apresentam um conjunto de duas ou mais habitações agrupadas horizontalmente
ou superpostas (R2h), tais como casas geminadas, sobrepostas ou vilas.

72
• Apresentam um conjunto de duas ou mais unidades verticalmente (R2v), tais como
edifícios ou conjuntos residenciais.

Nesses usos, é obrigatório:


• percurso acessível que una as edificações à via pública, aos serviços anexos de uso
comum e aos edifícios vizinhos.
• prever via de circulação de pedestre dotada de acesso para pessoas com deficiência
ou mobilidade reduzida.
• circulação nas áreas comuns com largura livre mínima recomendada de 1,50 m e
admissível mínima de 1,20 m e inclinação transversal máxima de 2% para pisos
internos e, máxima de 3% para pisos externos.
• rampas ou equipamentos eletromecânicos para vencer os desníveis existentes nas
edificações.
• elevadores de passageiros em todas as edificações com mais de cinco andares.
• cabina do elevador, e respectiva porta de entrada, acessível para pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida.
• prever vagas reservadas para veículos conduzidos ou conduzindo pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida nos estacionamentos.

Para as edificações de uso coletivo, tais como edifícios públicos ou privados de uso não
residencial (nR), como por exemplo: escolas, bibliotecas, postos de saúde, bares,
restaurantes, clubes, agências de correio e bancárias precisam oferecer garantia de
acesso a todos os usuários.
A construção, ampliação ou reforma destes edifícios devem ser executadas de modo
que sejam observados requisitos de acessibilidade:
• todas as entradas devem ser acessíveis, bem como as rotas de interligação às
principais funções do edifício;
• no caso de edificações existentes, deve haver ao menos um acesso a cada 50,00 m,
no máximo, conectado através de rota acessível à circulação principal e a de
emergência;

73
• ao menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verticalmente todas as
dependências e serviços do edifício, entre si e com o exterior, deverá cumprir os
requisitos de acessibilidade;
• garantir sanitários e vestiários adaptados às pessoas com deficiência ou mobilidade
reduzida, possuindo 5% do total de cada peça ou obedecendo ao mínimo de uma
peça acessível.
Para a circulação horizontal, deve-se garantir que qualquer pessoa possa se
movimentar com total autonomia e independência pelos espaços abertos ou fechados.

Tipo de uso do corredor Extensão do corredor Largura mínima admitida


(Comprimento em (metros)
metros)
Comum Até 4 0,90

Comum Até 10 1,20

Comum Superior a 10 1,50

Público Qualquer 1,50

Obs.: No caso de reformas, prever bolsões de retorno para cadeirantes, com área de rotação
de 180º (Ø= 1,50m) a cada 15 metros de extensão de corredor.
Fonte: NBR 9050/2004-15. Dados tabulados pelo autor.

Em áreas de entrada e saída de usuários os acessos devem prever:


• superfície regular, firme, contínua, estável e antiderrapante sob quaisquer condições
climáticas;
• percurso livre de obstáculos, com largura mínima recomendada de 1,50 m e mínima
admitida de 1,20 m;

74
• inclinação transversal da superfície de no máximo 2% para pisos internos e, máxima
de 3% para pisos externos; e inclinação longitudinal máxima de 5% (acima disso, será
considerada rampa);
• escadas e rampas ou escadas e equipamentos eletromecânicos para vencer desníveis
superiores a 1,5 cm;
• piso tátil de alerta para sinalização e indicação de mudança de plano da superfície do
piso e presença de obstáculos;
• Desníveis de qualquer natureza devem ser evitados em rotas acessíveis. Eventuais
desníveis no piso de até 5 mm dispensam tratamento especial. Desníveis superiores a
5 mm até 20 mm devem possuir inclinação máxima de 1:2 (50 %), (Figura). Desníveis
superiores a 20 mm, quando inevitáveis, devem ser considerados como degraus;

Tratamento de desníveis. Dimensões em mm

Fonte: NBR 9050/2004-15

• na existência de catracas ou cancelas, ao menos uma deve ser acessível à pessoa


com deficiência ou mobilidade reduzida;
• Símbolo Internacional de Acesso (SIA) para indicar, localizar e direcionar
adequadamente à pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. A indicação de
acessibilidade nas edificações, no mobiliário, nos espaços e nos equipamentos urbanos
deve ser feita por meio do símbolo internacional de acesso. A representação deste
consiste em um pictograma branco sobre fundo azul (referência Munsell10B5/10 ou
Pantone 2925 C). Este símbolo pode, opcionalmente, ser representado em branco e
preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco),
e deve estar sempre voltado para o lado direito (figuras). Nenhuma modificação,
estilização ou adição deve ser feita a estes símbolos, destinados a sinalizar os locais
acessíveis.

75
Formas A e B de utilização do Símbolo Internacional de Acessibilidade – NBR 9050/2015

Os pisos acessíveis possuem características obrigatórias, que são:


• possuir superfície regular, firme, contínua, antiderrapante (sob quaisquer condições
climáticas) e livre de barreiras ou obstáculos;
• inclinação transversal da superfície de no máximo 2% para pisos internos e, máxima,
de 3% para pisos externos;
• as juntas de dilatação e grelhas, quando necessárias, devem estar embutidas no piso
transversalmente à direção do movimento, com vãos máximos de 1,5 cm entre as
grelhas e preferencialmente instaladas fora do fluxo principal de circulação.

Posicionamento correto de grelhas e juntas

Fonte: NBR 9050/2004-15

76
Sinalização tátil de piso (podotátil) funciona como orientação às pessoas com
deficiência visual ou baixa visão no percurso das rotas acessíveis. Essa sinalização pode
ser de alerta ou direcional.
A sinalização de alerta deve ser utilizada na identificação de início e término de
rampas, escadas fixas, escadas rolantes, junto à porta dos elevadores e desníveis de
palco ou similares, para indicar risco de queda.
Devem ser instalados no sentido do deslocamento e ter larguras entre 0,20 e 0,60 m,
além de atender à altura máxima dos relevos entre 3 e 5 mm. Ambos os pisos (de
alerta e direcional) devem ter coloração contrastante com o piso do entorno e deve
ser utilizada como referência para o deslocamento em locais amplos, ou onde não
houver guia de balizamento.

Sinalização podotátil de Alerta

Fonte: NBR 9050/2004-15

A sinalização tátil e visual direcional no piso deve ser instalada no sentido do


deslocamento das pessoas, quando da ausência ou descontinuidade de linha-guia
identificável, em ambientes internos ou externos, para indicar caminhos preferenciais
de circulação.
O contraste tátil e o contraste visual da sinalização direcional consistem em relevos
lineares, regularmente dispostos.

77
Sinalização podotátil direcional

Fonte: NBR 9050/2004-15

6.3 Circulação Vertical

A circulação vertical tem a função de vencer os desníveis em geral e/ou entre


pavimentos consecutivos, possibilitando o livre acesso e circulação entre eles.
Na circulação vertical, deve-se garantir que qualquer pessoa possa se movimentar e
acessar todos os níveis da edificação com autonomia e independência. Esse acesso
pode ser realizado por meio de rampas e escadas.

Rampas são passarelas constituídas de planos inclinados que conectam pontos em


níveis diferentes. Quando para uso coletivo, devem ser dimensionadas de forma a
atender as NORMAS TÉCNICAS, garantindo a segurança de todos os usuários.
Para uso privativo, devem ser dimensionadas de acordo com as regras da legislação
municipal.

78
1. A largura mínima da rampa acessível é de 1,20 m, mas o recomendado é 1,50 m. A
inclinação transversal não pode exceder 2% em rampas internas e 3% em externas;
2. A escada deve ter piso entre 28 cm 32 cm e espelhos entre 16 cm e 18 cm e a
largura mínima também é de 1,20 m;
3. No início e no término da rampa, devem ser previstos patamares com dimensões
longitudinais de 1,50 m, sendo o mínimo admissível 1,20 m, além de área de circulação
adjacente. Quando se excede o comprimento de rampa máximo (12,00 m), deve-se
criar patamares entre os seguimentos;
4. Os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados da rampa, dos degraus
isolados e das escadas fixas. O espaço entre a parede e o corrimão deve ser de no
mínimo 4 cm;
5. Piso com material que garante aderência com diferenciação de textura e na cor
amarela no início e no fim das rampas, escadas etc.;
6. O piso externo também deve ser de material aderente mesmo molhado e se tiver
capacho no pé da porta, ele deve ser embutido no piso para não haver desnível;
7. As árvores que se localizam próximas a essas áreas devem possuir uma altura
mínima de 2 m para não atrapalhar a circulação;
8. As portas podem possuir vão mínimo de 0,80 cm desde que a circulação adjacente
esteja dentro da norma para possibilitar a transposição de uma área para outra;
9. O símbolo universal para indicar acessibilidade deve estar sempre presente.
As escadas fixas e degraus localizados em rotas acessíveis devem estar vinculados à
Rampa ou a equipamentos eletromecânicos.

As escadas constituem meio de circulação vertical não mecânico que permite a ligação
entre planos de níveis diferentes. Quando para uso coletivo, devem ser dimensionadas
de forma a atender as NORMAS TÉCNICAS, garantindo a segurança de todos os
usuários.
Para uso privativo, devem ser dimensionadas de acordo com as regras da legislação
municipal.
As escadas fixas devem garantir:
• largura livre mínima recomendada de 1,50 m e admissível de 1,20 m;

79
• patamar de 1,20 m de comprimento no sentido do movimento, a cada 3,20 m de
altura ou quando houver mudança de direção;
• piso tátil para sinalização, com largura entre 0,25 m e 0,60 m, afastado, no
máximo, a 0,32 m do limite da mudança do plano e, localizado antes do início e
após o término da escada. O piso tátil servirá como orientação para as pessoas com
deficiência visual em sua locomoção;
• faixa de sinalização em cor contrastante em todos os degraus;
• não utilizar degraus com espelhos vazados nas rotas acessíveis;
• o primeiro e o último degrau de um lance de escada a uma distância mínima de
0,30 m do espaço de circulação. Dessa forma, o cruzamento entre as circulações
horizontal e vertical não é prejudicado;
• inclinação transversal máxima admitida de 1%.
As rampas e escadas podem ser obstáculos na circulação horizontal das pessoas com
deficiência visual. Para todos os obstáculos com altura inferior a 2,10 m é fundamental
que exista sinalização podotátil de alerta ou a presença de algum outro tipo de
anteparo que delimite sua projeção.

Altura mínima de patamares de rampas e escadas para garantia de proteção ao usuário

Fonte: NBR 9050/2004-15

6.4 Portas, janelas, equipamentos e dispositivos eletromecânicos

O exercício do direito de ir e vir se estende também à facilidade de locomoção da


pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida no interior de diferentes ambientes. O

80
acesso através das portas é tão importante quanto a ventilação adequada e a extensão
do campo de visão.
As portas acessíveis devem garantir:
• vão livre mínimo de 0,80 m, inclusive em portas com mais de uma folha;
• revestimento resistente a impactos na extremidade inferior, com altura mínima de
0,40 m do piso, quando situadas em rotas acessíveis;
• maçanetas do tipo alavanca, para abertura com apenas um movimento, exigindo
força não superior a 36 N;

Portas com revestimento e puxador horizontal

Fonte: NBR 9050/2004-15

• maçanetas instaladas entre 0,90 m e 1,10 m de altura em relação ao piso;


• a existência de visor, nas portas do tipo vaivém, para evitar colisão frontal;

Porta vaivém com visor. Recomendam-se trincos com sistema de alavanca de amplo alcance
e fácil manuseio.

81
Fonte: NBR 9050/2004-15

• área de aproximação para abertura da porta por usuários de cadeiras de rodas e


pessoas com mobilidade reduzida.

Espaço para transposição de portas. Área de aproximação.

Fonte: NBR 9050/2004-15

Aqui aparece também a ideia de que o espaço do ambiente tem que ser mais amplo no
lado em que a porta abrirá, ou seja, para onde ela será "puxada", pois é uma manobra
difícil dar ré com a cadeira usando apenas uma das mãos enquanto a outra puxa a

82
porta. O melhor é poder parar a cadeira numa posição que seja possível fazer o
movimento de abertura sem precisar andar com a cadeira.
• em locais de práticas esportivas, que a dimensão mínima do vão seja de 1,00 m, pois
essa medida atende a diferentes tamanhos de cadeiras de rodas.

As portas devem atender à Norma apresentando ainda:


• puxador horizontal na face interna das portas de sanitários, vestiários e quartos
acessíveis para facilitar o fechamento por usuários de cadeira de rodas;
• na existência de sensores ópticos, estes devem estar justados para captar crianças,
usuários de cadeira de rodas e pessoas de baixa estatura;
• se na passagem houver porta giratória, área de bloqueio inacessível, catraca ou
qualquer outro tipo de obstáculo, deve existir um acesso alternativo adaptado, situado
o mais próximo possível e devidamente sinalizado.

A altura dos peitoris de janelas e terraços deve permitir a visualização de uma pessoa
sentada, além de ser resistente a impactos.
As janelas devem garantir que:
• sejam abertas com um único movimento, empregando-se o mínimo esforço;
• sejam fechadas com trincos tipo alavanca;
• permitam um bom alcance visual.

Os telefones acessíveis devem prever:


• área de aproximação frontal e lateral para usuários de cadeiras de rodas;
• 5% dos aparelhos adaptados ou, no mínimo, um aparelho do total acessível aos
usuários de cadeira de rodas para ambientes externos. Em ambientes internos, pelo
menos um telefone acessível por pavimento junto dos demais aparelhos;
• os comandos a uma altura máxima de 1,20 m;
• sinalização com Símbolo Internacional de Acesso (SIA);
• piso tátil de alerta na projeção do objeto;
• 5% dos aparelhos com amplificador de sinal para ambientes e ao menos um aparelho
por pavimento em ambientes internos;

83
• fio com comprimento mínimo de 0,75 m;
Na existência de anteparos, a altura livre deve ser de, no mínimo, 2,10 m do piso.

Esquema para telefone acessível – medidas para instalação e área de aproximação

Fonte: NBR 9050/2004-15

6.5 Mobiliário interno e urbano

O mobiliário deve ser acessível, sempre, mas nos ambientes de acesso e prestação de
serviços ao público, a acessibilidade é condição de subsistência e permanência no
mercado.
Além de acessos, estacionamentos e balcões, os locais de hospedagem devem possuir
no mínimo 5% dos dormitórios e seus sanitários acessíveis. Os dormitórios devem
estar situados em rotas acessíveis e com dimensionamento conforme figura.

84
Dormitório acessível

Fonte: NBR 9050/2004-15

As dimensões do mobiliário dos dormitórios acessíveis devem atender às condições de


alcance manual e visual. Para isso:
• devem estar dispostos de forma a não obstruírem uma faixa livre mínima de
circulação interna de 0,90 m de largura, prevendo área de manobras para o acesso
ao banheiro, camas e armários;
• deve haver pelo menos uma área com diâmetro de no mínimo 1,50 m, que
possibilite um giro de 360° (conforme figura);
• a altura das camas deve ser de 0,46 m e os sanitários devem estar equipados com
dispositivo de chamada para casos de emergência;
• em hotéis, motéis, pousadas e similares, os auditórios, salas de convenções, salas
de ginástica, piscinas, entre outros, devem ser acessíveis;
• os dormitórios acessíveis com banheiros não podem estar isolados dos demais,
mas distribuídos em toda a edificação, por todos os níveis de serviços e localizados
em rota acessível.
Quando nas unidades acessíveis forem previstas cozinhas ou similares, deve ser
garantida a condição de circulação, aproximação e alcance dos utensílios.
As pias devem possuir altura de no máximo 0,85 m, com altura livre inferior de no
mínimo 0,73 m.

85
Mobiliário de cozinha acessível

Fonte: NBR 9050/2004-15

• As bibliotecas devem possuir 5% das mesas, terminais de consulta e acesso à


internet acessíveis a pessoas com deficiência;
• deve haver área para manobra de cadeira de rodas a cada 15 m nos corredores
entre as estantes;
• a altura dos fichários deve estar entre 0,40 m e 1,35 m;
• a largura livre nos corredores entre estantes de livros deve ser de no mínimo 0,90
m de largura e nos corredores entre as estantes, a cada 15 m, deve haver um
espaço que permita a manobra da cadeira de rodas. Recomenda-se atender às
necessidades de espaço para circulação e manobra.
Recomenda-se que as bibliotecas possuam publicações em Braille ou outros recursos
audiovisuais.

86
Detalhes de elementos de Biblioteca acessível

Fonte: NBR 9050/2004-15

As bilheterias e os balcões de informação devem estar próximos às entradas, exceto


em locais de grande ruído.
• Devem ser facilmente identificados e localizados em rotas acessíveis;
• Para facilitar a leitura labial e gestual, o projeto de iluminação deve assegurar que
a face do atendente seja uniformemente iluminada;
• As bilheterias e balcões de informação acessíveis devem possuir superfície com
extensão mínima de 0,90 m e altura entre 0,90 m a 1,05 m do piso acabado,
assegurando-se largura livre mínima sob a superfície de 0,80 m. Deve ser garantida
aproximação lateral à pessoa com deficiência e circulação adjacente que permita
giro de 180°;

87
• Em bilheterias e balcões de informações localizados em ambientes ruidosos, em
locais de grande fluxo de pessoas (rodoviárias, aeroportos) ou nos casos de
separação do atendente com o usuário por uma divisória de segurança, deve ser
previsto sistema de amplificação de voz;
• Devem ser garantidas condições de circulação, manobra, aproximação e alcance
para pessoas com deficiência na função de atendente, e o mobiliário deve estar de
acordo com as normas de acessibilidade.

Balcão de atendimento em bilheterias

Fonte: NBR 9050/2004-15

• As mesas ou superfícies de trabalho acessíveis devem ser facilmente identificadas e


localizadas dentro de uma rota acessível;
• devem garantir, também, área de um módulo de referência posicionado para a
aproximação frontal. Deve ser garantida ainda circulação adjacente que permita
giro de 180° para cadeiras de rodas;
• devem possuir tampo com largura mínima de 0,90 m e altura entre 0,75 m e 0,85
m do piso acabado, assegurando-se largura livre mínima sob a superfície de 0,80
m;
• Deve ser assegurada altura livre sob o tampo de no mínimo 0,73 m, com
profundidade livre mínima de 0,50 m, de modo que a pessoa com deficiência tenha
a possibilidade de avançar sob a mesa ou superfície.

88
Mesa de trabalho acessível

Fonte: NBR 9050/2004-15

O mobiliário urbano também deve atender às Normas de acessibilidade, uma vez que
o livre trânsito do cidadão é direito garantido pela Constituição.
As calçadas e vias exclusivas de pedestres devem ter piso conforme 6.3 e garantir uma
faixa livre (passeio) para a circulação de pedestres sem degraus e inclinação
transversal da faixa livre (passeio) das calçadas ou das vias exclusivas de pedestres não
pode ser superior a 3 %. Além disso:
• eventuais ajustes de soleira devem ser executados sempre dentro dos lotes ou, em
calçadas existentes com mais de 2,00 m de largura, podem ser executados nas
faixas de acesso;
• a inclinação longitudinal da faixa livre (passeio) das calçadas ou das vias exclusivas
de pedestres deve sempre acompanhar a inclinação das vias lindeiras;
• a faixa de serviço serve para acomodar o mobiliário, os canteiros, as árvores e os
postes de iluminação ou sinalização. Nas calçadas a serem construídas, recomenda-
se reservar uma faixa de serviço com largura mínima de 0,70 m;
• a faixa livre ou passeio destina-se exclusivamente à circulação de pedestres, deve
ser livre de qualquer obstáculo, ter inclinação transversal até 3 %, ser contínua
entre lotes e ter no mínimo 1,20 m de largura e 2,10 m de altura livre;
• Por fim, a faixa de acesso consiste no espaço de passagem da área pública para o
lote. Essa faixa é possível apenas em calçadas com largura superior a 2,00 m. Serve
para acomodar a rampa de acesso aos lotes lindeiros sob autorização do município
para edificações já construídas.

89
Medidas básicas para calçadas acessíveis

Fonte: NBR 9050/2004-15

• As travessias de pedestres nas vias públicas ou em áreas internas de edificações ou


espaços de uso coletivo e privativo, com circulação de veículos, podem ser com
redução de percurso, com faixa elevada ou com rebaixamento da calçada;
• Para redução do percurso da travessia, é recomendado o alargamento da calçada,
em ambos os lados ou não, sobre o leito carroçável (Figura). Esta configuração
proporciona conforto e segurança e pode ser aplicada tanto para faixa elevada
como para rebaixamento de calçada, próximo das esquinas ou no meio de quadra
(Figura);

90
Esquemas para travessias acessíveis para pedestres

Fonte: NBR 9050/2004-15

• Os rebaixamentos de calçadas devem ser construídos na direção do fluxo da


travessia de pedestres;
• A inclinação deve ser constante e não superior a 8,33 % (1:12) no sentido
longitudinal da rampa central e na rampa das abas laterais. A largura mínima do
rebaixamento é de 1,50 m. O rebaixamento não pode diminuir a faixa livre de
circulação de, no mínimo, 1,20 m da calçada (Figura);
• Não pode haver desnível entre o término do rebaixamento da calçada e o leito
carroçável. Em vias com inclinação transversal do leito carroçável superior a 5 %,
deve ser implantada uma faixa de acomodação de 0,45 m a 0,60 m de largura ao
longo da aresta de encontro dos dois planos inclinados em toda a largura do
rebaixamento;
• A largura da rampa central dos rebaixamentos deve ser de no mínimo 1,50 m.
Recomenda-se, sempre que possível, que a largura seja igual ao comprimento das

91
faixas de travessia de pedestres e os rebaixamentos em ambos os lados devem ser
alinhados entre si.

Todos os estacionamentos de shopping centers, supermercados, aeroportos e de


qualquer outro edifício de uso coletivo devem oferecer, próximas da entrada, vagas
exclusivas para veículos conduzidos ou que transportem pessoas com deficiência ou
mobilidade reduzida. As vagas reservadas devem atender aos seguintes requisitos:
• localização próxima ao acesso principal do edifício, garantindo que o caminho a ser
percorrido pela pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida seja o menor
possível e esteja livre de barreiras ou obstáculos;
• piso regular (nivelado, firme e estável);
• faixa adicional à vaga para circulação de cadeiras de rodas com largura mínima de
1,20 m, quando afastada da faixa de travessia de pedestre;
• rebaixamento de guia quando necessário no alinhamento da faixa de circulação;
sinalização horizontal pintada no piso e vertical identificada com placa, de acordo
com o Símbolo Internacional de Acesso (SIA).

Possibilidades de demarcação de vagas de estacionamento – sinalização horizontal

Fonte: NBR 9050/2004-15

92
Conclusão
As questões relativas à acessibilidade têm se integrado a vida cotidiana das
comunidades e é nesse sentido que Arquitetos e Urbanistas e também Designers tem
incorporado essa “cultura” a seus Projetos.
As ferramentas de apoio a circulação horizontal e vertical, bem como o mobiliário e
dispositivos acessíveis tornaram-se imprescindíveis na oferta de independência às
pessoas, deficientes ou não.
O Desenho Universal conceituou e divulgou essa modalidade de desenho pelo mundo,
entretanto a regulamentação e a criação de legislação pertinente, não são suficientes
para garantir que objetos, espaços, ambientes e edifícios de uso privado ou coletivo
sejam realmente acessíveis a todos, sem esquecer que as cidades, seu mobiliário e
seus equipamentos também devem oferecer oportunidades de convivência e
mobilidade aos seus cidadãos.
As soluções de acessibilidade devem ser incorporadas aos Projetos de Arquitetura, de
Design e de Interiores desde o momento de sua concepção, pois as adaptações não
são, via de regra, a melhor solução de utilização, acesso ou mobilidade.
Quando um projeto já nasce acessível, a probabilidade de se atender ao maior número
de necessidades e, portanto, servir a maior diversidade de público, aumenta
exponencialmente, conferindo uma chancela de sucesso ao produto final apresentado.
Por esse motivo, as pesquisas e estudos na área de acessibilidade estão em constante
atualização, visando maior compreensão e buscando mais assertividade sempre.

93
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10068: Folha de desenho – leiaute e


dimensões. Rio de Janeiro: ABNT, 1987a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10126: Cotagem em desenho técnico.


Rio de Janeiro: ABNT, 1987b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10582: Apresentação da folha para


desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1988.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8402: Execução de caracter para escrita
em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1994a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8402: Representação de projetos de


arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10067: Princípios gerais de


representação em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8196: Desenho técnico - Emprego de


escalas. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. História da Normalização Brasileira – 70


anos de ABNT. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações,


mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004-2015. 148 p.

CARLETTO, A. C.; CAMBIAGHI, S. Desenho universal: um conceito para todos. São Paulo: Mara
Gabrilli, 2008. 21p. Disponível em: <https://goo.gl/ZgGXCW>. Acesso em: 3 jul. 2018.

CAVALCANTI, A. E. W.; LEITE, F. A.; LISBOA, R. (Coord.) Direitos da infância, juventude, idoso e
pessoas com deficiência. São Paulo: Atlas, 2014.

CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
CRUZ, M. D. Desenho técnico. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.

CRUZ, M. D.; MORIOKA, C. A. Desenho técnico: medidas e representação gráfica. 1. ed. São
Paulo: Érica, 2014.

CUNHA, L. V. Desenho técnico. 13. ed. ver. ampl. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
854 p.

94
EUROPEAN CONCEPT FOR ACCESSIBILITY NETWORK (EuCAN). ECA: European concept for
accessibility. Guide Des Norme. Luxemburgo, 2003.

GONÇALVES, P. E. B. Projeto Arquitetônico Contemporâneo: paradigma digital. 2016. Tese


(Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) apresentada ao PPGAU – Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo. 172 f. Disponível em:
<http://up.mackenzie.br/fileadmin/ARQUIVOS/PUBLIC/SITES/UP_MACKENZIE/servicos_educa
cionais/stricto_sensu/Arquitetura_Urbanismo/Paulo_Eduardo_Borzani_Goncalves.pdf>.
Acesso em: 13 jun. 2018.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTADÍSTICA. Encuesta de Discapacidad, Autonomía personal y


situaciones de Dependencia (EDAD). Notas de Prensa. 2008. Disponível em:
<http://www.ine.es/prensa/np524.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016.

MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. 4. ed. rev. atual. São Paulo: Edgard Blucher,
2001. 167 p.

ONU. Assembleia Geral das Nações Unidas. Normas para Equiparação de Oportunidades para
Pessoas com Deficiência nº 48/96, de 20 de dezembro de 1993. Disponível em:
<http://www.faders.rs.gov.br/legislacao/6>. Acesso em: 20 abr. 2016.

PACHECO, B. A.; SOUZA-CONCILIO, I. A.; PESSOA FILHO, J. Desenho técnico. Editora


InterSaberes, 2017.

PACHECO, J. Caminhos para a inclusão: um guia para o aprimoramento da equipe escolar /


José Pacheco [et al.]; tradução Gisele Klein. Porto Alegre: Artmed, 2007.

SILVA, A. et al. Desenho técnico moderno. Rio de Janeiro: LTC, 2018.

UNITEDS STATES CENSUS BUREAU. Nearly 1 in 5 People Have a Disability in the U.S., Census
Bureau Reports. 2012. Disponível em:
<https://www.census.gov/newsroom/releases/archives/miscellaneous/cb12-134.html>.
Acesso em: 20 fev. 2016.

95

Você também pode gostar