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3 DESENHO TÉCNICO...........................................................................................................................28
6 ACESSIBILIDADE ................................................................................................................................69
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................94
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1 CONCEITOS E INSTRUMENTAL DE DESENHO
Define-se por desenho toda e qualquer
representação gráfica, seja ele traço ou mancha,
pouco ou muito complexa, com significado
aparente ou não.
Ao longo da história, a representação gráfica
produzida pelo homem sofreu transformações. Até
a Idade Média a representação gráfica observada
era pouco precisa, uma expressão absolutamente
livre e sem regras. Artistas do século XIII faziam
representações gráficas de objetos ou construções
ainda sem credibilidade visual, havia falta de
integração entre os princípios da geometria e da
percepção visual, carecendo de correspondência
entre realidade e tela nas variáveis de formato,
proporções e dimensões dos objetos.
O desenho é uma forma de arte muito variada.
Existem alguns tipos específicos com modalidades
individuais próprias que se adéquam a cada tipo de
desenhista e ao que ele deseja comunicar.
O desenho é frequentemente considerado uma
técnica figurativa de representação da realidade,
entretanto, para o Arquiteto e Urbanista e para o
Designer pode ser considerado instrumento
representativo de uma realidade a ser alcançada, e
o resultado final dessa proposição seria a obra
arquitetônica, daí a necessidade de conhecer e
entender os diferentes tipos de desenho existentes
a fim de identificar as principais características de
cada um deles.
Ao longo do tempo, o desenho tornou-se uma
ferramenta de atribuição de confiabilidade ao
trabalho do Arquiteto, de tal maneira que o valor
desse profissional passou a ser medido por sua
virtude em produzir belos desenhos, os quais
passaram a ter primazia em detrimento do
pensamento espacial. (OTONDO, 2013 apud
GONÇALVES, 2016)
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1.1 Desenho e seus tipos
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Já o desenho criativo é multifacetado e apresenta aparência original, pode ser um
misto de uma obra imaginária, como uma abstração. Pode também ser a soma de
outras formas já existentes, inclusive, ser inspirado nos elementos de realidade.
O desenho artístico é capaz de gerar emoções e reproduzir a verdade do artista. O
desenho técnico é guiado por regras, padrões e procedimentos preestabelecidos para
representar uma ideia. Para sua execução, é necessária dedicação e estudo para que a
perfeição seja atingida.
A expressão gráfica que tem como finalidade as representações da forma, dimensão e
posição de objetos define o desenho técnico. Ele deve atender às necessidades de
Arquitetos e Urbanista e também de Designers para a representação de objetos, sendo
ele o sistema de exposição técnica formada por linhas, símbolos, números e indicações
escritas normatizadas internacionalmente desse objeto, ele é a linguagem gráfica
universal dessas profissões. Tem como objetivo gerar informações necessárias para
investigar o objeto, para projetá-lo e auxiliar em sua concepção e manutenção.
Seu objetivo é fornecer a informação necessária para analisar o objeto, ajudar a
projetá-lo e facilitar a sua concepção ou manutenção.
1.2 Histórico
Sabemos que o homem usava desenhos para se comunicar desde a época das
cavernas, e que sua história, ou “pré-história”, começa quase ao mesmo tempo em
que surgia o homem. Nas cavernas ficaram gravados, por meio de desenhos, os
hábitos e experiências dos primitivos “homens das cavernas”, que usavam as pinturas
rupestres como forma de se expressar e comunicar antes mesmo que se consolidasse
uma linguagem verbal. Na Pré-História, o desenho surgiu como forma de as pessoas se
comunicarem facilitando o desenvolvimento de uma linguagem falada e escrita. Não
que o homem tenha aprendido a desenhar antes de falar, porque isso é praticamente
impossível de definir, uma vez que a linguagem falada não deixa marcas em paredes
como as pinturas rupestres. Mas é inegável que a expressão por meio de pinturas
facilitou a comunicação para aqueles povos.
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Ora ilustrando templos sagrados e tumbas, como as dos egípcios, nas quais se viam
relatadas, praticamente, todas as histórias da vida cotidiana e até mesmo da vida após
a morte dos Faraós, ora representando os deuses mitológicos gregos, ou ainda,
conduzindo navegantes por mares desconhecidos, como durante os séculos XV e XVI, e
nos séculos posteriores, a arte de desenhar acompanhou o homem durante todo o seu
desenvolvimento, fazendo parte de sua história e, ainda hoje, é capaz de surpreender
e encantar a qualquer um que se permita uma breve contemplação.
Na antiguidade, o desenho ganha status sagrado, principalmente no Egito, onde é
usado para decorar tumbas e templos. Tanto o é que, para os antigos egípcios, uma
grave condenação para alguém após a morte é ter raspados todos os desenhos e
inscrições de sua tumba.
Etimologicamente, a palavra desenho tem origem francesa, mais especificamente no
verbo déboissier, que no momento de adaptação a nossa língua (em torno do século
XII) significava esboçar ou esculpir, sendo usado de forma geral em todo trabalho
artístico.
Um acontecimento realmente importante para todas as formas de desenho foi a
invenção do papel pelos chineses há mais de três mil anos. Até então, eram usados
diferentes materiais para as representações, como blocos de barro ou argila, couro,
tecidos, folhas de palmeira, pedras, ossos de baleia, papiro (uma espécie de papel mais
fibroso muito usado pelos egípcios) e até mesmo bambu.
Desde a Pré-História, o homem usa desenhos para se comunicar. Pinturas rupestres
podem ser observadas no interior de cavernas, seus hábitos e experiências ficaram
gravados antes mesmo da linguagem verbal ser consolidada. Naquele período, o
desenho surgiu como forma de comunicação, servindo como facilitador para o
desenvolvimento da linguagem falada e escrita.
Um papel de seda branco serviu como base para o desenho dos chineses no ano VI a.C.
No ano 105, os chineses criaram o papel que conhecemos hoje, mas foi mantido em
segredo até o ano 705, aproximadamente. Apesar da evolução, a técnica de
manufatura do papel ainda mantém o mesmo princípio de extração de fibras vegetais,
prensagem e secagem.
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Mesopotâmicos, chineses e povos do continente americano desenvolveram cada qual
um sistema diferente de desenhar, com significados próprios e que caracterizaram
cada população. O mesmo ocorreu na antiguidade clássica, quando gregos e romanos
utilizaram o desenho para representar seus deuses.
Gregos e romanos utilizaram o desenho para representar divindades. Mesopotâmicos,
chineses e povos do continente americano, cada qual com sua forma de desenhar,
com seus significados únicos e característicos de cada povo, assim como na
antiguidade clássica.
Os dedos foram os primeiros instrumentos para desenhar e foi com eles que os
homens pré-históricos fizeram suas representações gráficas nas paredes das cavernas.
Os babilônicos usaram pedaços de madeira e ossos em forma de cunha para seus
desenhos em tábuas de argila, daí a origem do nome “escrita cuneiforme” – escrita
feita com objetos em formato de cunha. Com o advento dos papiros, os egípcios, seus
criadores, precisaram desenvolver outro tipo de material para desenhar, surgindo
então a tinta vegetal que molhava madeira e ossos, utilizados como instrumentos de
escrita. Posteriormente, a utilização de penas ou carvão, que já eram utilizados pelo
homem das cavernas. No século XVIII, o metal passa também a ser utilizado.
Na mesopotâmia o desenho foi utilizado para criar representações da terra e de rotas
de forma bastante primitiva. O nascimento da representação cartográfica de rotas
comerciais e domínios ganha fôlego com a expansão do Império Romano e a
popularização de suas cartas.
A criação da representação de rotas primitivas e do planeta Terra foram os primeiros
desenhos realizados na mesopotâmia. Com a expansão do Império Romano e a
popularização das cartas geográficas e dos mapas, nasce a representação cartográfica.
Por mais de um século o mundo assistiu à “queda do Império Romano”, consequência
da transformação de um povo pagão em um Império Cristão. É nesse momento que a
arte europeia nasceu e evoluiu, o Continente recebe contornos e fica mais forte
enquanto ganhava mais divisas. A Europa apresentava uma sociedade com uma
hierarquia bastante consolidada, onde a criação artística progredia em torno do altar,
do oratório e do túmulo.
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Para são Francisco de Assis, as igrejas deveriam ser pomposamente ornamentadas, já
para Santo Agostinho, a cidade dos homens não era a “expressão da razão”. A essência
dos objetos passa a ser valorizada, por isso o volume e a perspectiva passam a não
mais existir e as formas passam a ser planas.
Vivendo momentos alternantes de renovação e depressão, a Europa do Ocidente
atravessou as instabilidades do período entre os séculos XII e XV e teve no século XIII o
ápice de uma fase expansionista, eclodindo na “Europa das Cidades”, das catedrais
magníficas e das universidades, graças a uma conjuntura econômica dinâmica que se
refletiu na sociedade como um todo.
Giuliano de Sangalo, em 1490, faz o primeiro registro de desenho com planta de
elevação. Essa obra está incluída no álbum de desenhos do Vaticano e pode ser
considerada uma exceção.
O Renascimento, no século XV, surge com a recuperação da Europa que, no século XIV
viveu uma fase de recessão, guerras, pestes e fome. Surgiam os vitrais nas catedrais,
que passaram a ocupar o lugar das pinturas murais, e nos halls de entrada a pintura
revela-se cromática, com predomínio de azuis, vermelhos e dourados.
É nessa fase que se observa o interesse pela representação espacial, com a
apresentação de temas com formas humanas e animais, além de apontamentos da
Natureza e arquitetura.
A Arte enquadrava-se, assim, num sistema de pensamento antropocêntrico, isto é, um
sistema que considerava o Homem como centro do Universo e unidade de todas as
medidas. Para Leonardo da Vinci, a forma do corpo humano encerrava a essência da
“forma ideal”, apresentava a geometria perfeita do círculo e do quadrado e continha
as relações ideais da proporcionalidade.
Nesse período o Homem passa a ser considerado o centro do universo e de todas as
medidas, e esse pensamento antropocêntrico se refletiu na arte. Temos como exemplo
bastante contundente dessa fase Leonardo da Vinci, cuja forma do corpo humano
traduzia a essência do ideal, com a geometria perfeita do círculo e do quadrado que
continha todas as relações ideais de proporcionalidade.
O Renascimento marca o retorno das perspectivas e da expressão fiel da realidade.
Perfil esse diametralmente oposto ao observado na Idade Média, na qual os cenários
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criados eram impossíveis de serem reais. É no Renascimento que a anatomia humana e
os desenhos ganham espaço. Os artistas, mestres da pintura do renascimento, eram
desenhistas muito hábeis que usavam seu know how para garantir maior realidade às
suas representações, graças ao uso de luzes, sombras, cores e proporções.
O que hoje conhecemos por perspectiva floresceu no Renascimento. A derivação da
palavra renascimento é latina, perspicere significa “ver claramente”, que equivale ao
grego optké, que significa óptica. É a representação rigorosa e racional do espaço e das
figuras nele inseridas.
A perspectiva, a geometria e a matemática foram objetos de estudo de vários artistas
que deixaram obras escritas sobre o assunto, além de máquinas de desenho e a
aplicabilidade em suas obras das regras rigorosas.
Geometrie Descriptive (1795), de Gaspar Monge, é a base da linguagem do desenho
técnico.
A utilização da perspectiva nos projetos arquitetônicos foi desenvolvida por Filippo
Brunelleschi (1377–1446), renomado arquiteto renascentista que dedicou seus
estudos na matemática da perspectiva linear. É projeto do arquiteto a Igreja do
Espírito Santo, em Florença. A utilização do método geométrico de representação da
perspectiva e as “máquinas de desenho” como auxiliares na representação do desenho
marcaram os artistas do século XV.
Outros artistas, inspirados em Brunelleschi, passaram a estudar e a aplicar a
perspectiva em suas obras.
Com a sistematização da metodologia de representação gráfica da formatação do
desenho técnico a partir do século XVIII, nasce a base da industrialização da sociedade.
É de importância histórica o desenho de base científica, uma vez que foi ele que
possibilitou a aplicabilidade do desenho em todas as facetas da sociedade ocidental.
A perspectiva não morre com o fim do Renascimento. Os movimentos que o
sucederam a mantiveram e perpetuaram sua aplicabilidade em suas obras pictóricas e
nas regras de representação do espaço. O Desenho Técnico é a padronização e
universalização da Geometria Descritiva a partir da Revolução Industrial, século XIX,
com a representação espacial, de profundidade e volume.
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Desenho Técnico é o nome dado pela Comissão Técnica TC 10 da International
Organization for Standardization (ISO), que normalizou a utilização da Geometria
Descritiva como linguagem gráfica da arquitetura, design e engenharia.
Euclides, Brunelleschi, Durer, Desargues e Monge utilizaram os conhecimentos da
óptica, geometria e fisiologia cruzados para estabelecer uma das ferramentas de maior
importância para a ciência e a tecnologia. Assim, o desenho nascido com o homem
evolui com ele.
Durante o processo criativo, o desenho pode e deve ser usado como instrumento de
reflexão e de registro de ideias.
Um problema arquitetônico pode ter sua solução na sequência, sobreposição,
discussão e aperfeiçoamento de croquis. O amadurecimento dos riscos, seja ele no
computador ou no papel, serão exercícios fundamentais para solução do problema.
Lembre-se, o desenho pode e deve ser usado como registro de ideias.
Nem sempre, em um primeiro momento, um desenho é claro, até mesmo para quem o
concebeu, mas ele sempre abrirá caminhos criativos para a solução formal. Nessa
etapa, o esboço nem sempre é claro porque, provavelmente, nem mesmo o projetista
pode ter ideia do percurso que irá seguir. As imagens mentais ganham vida através dos
esboços e, um dia, ganharão vida em um projeto executado.
Os primeiros esboços e desenhos em arquitetura e em outros ofícios que envolvem a
concepção de formas são o ponto de partida da descrição e consequente
representação de ideias ou desejos, costumeiramente feitos à mão livre. Os esboços
nascem de gestos, que desenvolvidos com o lápis sobre o papel vão traçando as linhas
da representação daquilo que antes era apenas uma ideia.
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1.4 Materiais e Instrumentos
Instrumentos são necessários para que o desenho técnico seja concebido de maneira
adequada. Lapiseiras, réguas e outros instrumentos são necessários para guiar as mãos
que trarão vida à imagem mental do projetista.
O ato de desenhar à mão é o meio mais apropriado para aprender a linguagem da
representação gráfica para design, arquitetura e urbanismo. Ainda que a tecnologia se
desenvolva e aprimore as possibilidades de ferramentas de desenho técnico, a arte de
desenhar à mão, da lapiseira sobre o papel, ainda é a base do aprendizado.
O desenho técnico deve ser preciso e claro, daí a necessidade do uso de instrumentos
de desenho. O domínio, o controle e o conhecimento claro de sua utilização devem ser
muito valorizados. A sua correta manipulação é fundamental para o sucesso do
produto final. Devido à necessidade de precisão e clareza dos desenhos, os
instrumentos para sua elaboração devem ser manuseados e guardados com o máximo
cuidado.
Entre os instrumentais mais comumente utilizados na elaboração do desenho técnico,
destacam-se as lapiseiras de grafite fino de espessuras 0,3; 0,5; 0,7; e 0,9 mm. Quanto
à escala de dureza, as minas recebem a seguinte classificação: 8H, 7H, 6H e 4H, entre
as duras, 3H, 2H, H, F, HB e B, entre as de dureza média, e 2B, 3, 4B, 5B e 7B como as
moles. Por manterem a espessura do grafite uniforme durante todo o processo,
diferente do lápis cujo preparo da ponta se faz necessário durante o processo de
execução do desenho, a lapiseira é o instrumento mais indicado para o feitio do
desenho técnico.
Para que o resultado final do desenho técnico tenha boa qualidade, existem algumas
premissas a serem seguidas. Entre elas está a manipulação da lapiseira. O modo
correto de utilizá-la é puxando-a da maior distância no sentido de quem desenha. Os
traços de grosso calibre devem ser desenhados a partir de múltiplas sobreposições de
camadas, nunca com o aumento da pressão no traçado. A grafite de escolha, quanto a
sua dureza, será sempre macio uma vez que as duras podem rasgar o papel. Como via
de regra, a lapiseira mais indicada é a 0,5mm com grafite HB, que permitirá variação
de tonalidade e espessura do traçado.
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Quanto às réguas, as T são relativamente baratas e portáteis e são disponíveis nas
dimensões de 80, 100 e 120 mm. As réguas T têm uma barra transversal em uma das
extremidades. A cabeça desliza ao longo da borda de uma prancheta para que seja
possível desenhar linhas retas e paralelas. A régua T exige uma borda reta e nivelada
para que suas cabeças possam deslizar.
As réguas paralelas são mais caras e menos portáteis que as réguas T, mas conferem
maior velocidade no ato de desenhar, além de serem mais precisas. Elas são equipadas
com um conjunto de cabos e roldanas que permitem que a régua se desloque
paralelamente.
Os esquadros são o acompanhante perfeito da régua paralela, eles permitirão o
desenho de traçados perpendiculares e/ou retas paralelas. Traçados verticais são
obtidos com o esquadro apoiado na régua paralela utilizando-se os lados que formam
o ângulo reto (90o), segundo desenho a seguir:
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Com uma régua “T” ou Paralela e a
combinação de um esquadro de 30º/60º e o
de 45º/90º se consegue traçar os ângulos de
15º e 75º.
Fonte: <https://goo.gl/rWe5ui>
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Conclusão
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2 DESENHO UNIVERSAL
Como o próprio nome diz, Desenho Universal é
aquele indicado a todas as pessoas e não somente a
aquelas que necessitam. Ele destina-se a assegurar
que todas as pessoas possam utilizar com
autonomia e segurança os espaços e objetos
construídos com esse conceito, por isso, não se
destinam apenas às pessoas com deficiência e sim a
todas.
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da sociedade. Hoje temos uma legislação ampla e
consistente que regulamenta as questões
relacionadas à acessibilidade. Essa evolução não se
deu de forma isolada, ela foi fortalecida graças à
participação efetiva e plena de vários profissionais
que creem na viabilidade do conceito de Desenho
Universal, de militantes dos movimentos de
inclusão de pessoas com deficiência que atuam de
forma direta e efetiva na causa e por formadores de
opinião que, por causas diversas, compram e lutam
pela causa. Entretanto, atos do Legislativo ou do
Executivo não são suficientes para a incorporação
do conceito do Desenho Universal de forma efetiva
no cotidiano das pessoas. Infelizmente, para que a
lei se cumpra, é fundamental a existência de
instrumentos punitivos para aqueles que a
desobedecem. Não podemos permitir que esse
conceito tão rico e importante para o dia a dia das
pessoas seja apenas uma fonte de inspiração em
livros, teses, monografias e cartilhas distribuídas
pelos defensores do movimento.
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2.1 Histórico
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Ron, na década de 1990, mais precisamente em 1997, liderou um time de arquitetos e
militantes dos ideais do acessível a todos para determinar os Sete Princípios do
Desenho Universal. Estes conceitos são adotados mundialmente para todo e qualquer
programa de acessibilidade.
A partir desse momento ficou bastante claro que a acessibilidade está intimamente
relacionada ao arquétipo do Desenho Universal. Os projetos arquitetônicos, mobiliário
urbano, utensílios, meios de transporte etc. devem ser projetados para TODOS e não
apenas para pessoas com deficiência. O fortalecimento do movimento de inclusão
trouxe à tona a importância do olhar para todas as barreiras que impedem a inclusão
em sua totalidade, não somente a arquitetônica.
Hoje os designers e arquitetos têm a consciência de atender a todos com direitos
igualitários, tendo em mente que o “homem padrão” não existe. Um dos marcadores
dessa nova concepção foi a exposição Design for Independent Living, que aconteceu
em 1988 no museu de Arte Moderna de Nova Iorque – MoMA. Do ponto de vista
corporativo, a primeira empresa a trabalhar com essa nova forma de ver o direito de
todos foi a OXO Internacional, que introduziu utensílios de cozinha para pessoas com
artrite.
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O normal é ser diferente, por isso, os produtos manipulados sob a luz do Desenho
Universal devem atender a todos em uma larga escala de habilidades relacionadas a
cada indivíduo. As restrições existentes e podem ser classificadas segundo:
• Restrições sensoriais: a percepção do meio está prejudicada pela não efetividade
de um dos cinco sentidos: audição, visão, paladar, olfato e tato;
• Restrições cognitivas: são as limitações do sistema cognitivo;
• Restrições físico-motoras: todo e qualquer impedimento advindo de dificuldades
que dependem da força física, coordenação motora fina ou não, precisão ou
mobilidade;
• Restrições múltiplas: é a associação de dois ou mais tipos de restrição.
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2.3 Sete princípios básicos
O Desenho Universal tem como premissa servir a todos sem recursos ou projetos
adaptados. Eles devem tornar a vida mais fácil e simples, em qualquer idade, estatura,
estrutura ou capacidade física. Produtos, equipamentos urbanos, formas de
comunicação e/ou informação devem ser viáveis a uma gama cada vez maior de
pessoas, independente de terem dificuldades ou não, de suas incapacidades serem
temporárias ou permanentes. O fundamental é que todas as pessoas possam se
integrar totalmente à sociedade.
Na década de 1990, Ron criou um grupo de arquitetos militantes das causas inclusivas
e estabeleceu os sete princípios do Desenho Universal, que são:
1 Utilização equitativa: pode ser utilizado por qualquer grupo de utilizadores; as
pessoas não são iguais, possuem idades, tamanhos, estrutura física diferentes, mas
utilizam o mesmo equipamento. Prover os mesmos significados de uso para todos
os usuários: idêntico quanto possível, equivalente quando não possível. Impedir
segregação ou estigmatização dos usuários. Prover privacidade, segurança e
proteção de forma igual a todos os usuários. Tornar o desenho atraente para todos
os usuários.
2 Flexibilidade de utilização: engloba uma gama extensa de preferências e
capacidades individuais; prover escolhas na forma de utilização. Acomodar acesso
e utilização para destros e canhotos. Facilitar a precisão e acuidade do usuário.
Prover adaptabilidade para a velocidade (compasso e ritmo) dos usuários.
3 Utilização simples e intuitiva: fácil de compreender, independentemente da
experiência do utilizador, dos seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de
concentração; eliminar a complexidade desnecessária. Ser coerente com as
expectativas e intenções do usuário. Acomodar uma faixa larga de habilidades de
linguagem e capacidades em ler e escrever. Organizar informações de forma
compatível com sua importância. Providenciar respostas efetivas e sem demora
durante e após o término de uma tarefa.
4 Informação perceptível: fornece eficazmente ao utilizador a informação necessária,
quaisquer que sejam as condições ambientais/físicas existentes ou as capacidades
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sensoriais do utilizador; usar diferentes maneiras para a apresentação de uma
informação. Maximizar a legibilidade da informação essencial. Diferenciar
elementos para que possam ser descritos. Prever variedade de técnicas que
orientem as pessoas.
5 Tolerância ao erro: minimiza riscos e consequências negativas decorrentes de
ações acidentais ou involuntárias; organizar os elementos para minimizar riscos,
erros e acidentes. Providenciar avisos de risco ou erro. Providenciar características
de segurança na falha humana. Desencorajar ações inconscientes em tarefas que
exijam vigilância.
6 Esforço físico mínimo: pode ser utilizado de forma eficaz e confortável com o
mínimo de fadiga; permitir ao usuário manter uma posição corporal neutra. Usar
força moderada em tarefas corriqueiras. Minimizar ações repetitivas. Minimizar a
sustentação de um esforço físico.
7 Dimensão e espaço de abordagem e de utilização adequados: espaço e dimensão
adequada para a abordagem, manuseamento e utilização, independentemente da
estatura, mobilidade ou postura do utilizador. O Desenho para Todos se assume,
assim, como instrumento privilegiado para a concretização da acessibilidade e, por
extensão, de promoção da inclusão social. Colocar elementos importantes no
campo visual de qualquer usuário. Fazer que o alcance de todos os componentes
seja confortável a qualquer usuário. Acomodar variações da dimensão da mão ou
empunhadura. Prover espaço adequado para o uso de dispositivos assistidos ou
assistência pessoal.
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Na década de 1970 ocorreram às primeiras discussões sobre acessibilidade, nos
Estados Unidos, com a criação da Lei de Reabilitação, que previa a implementação de
adaptações que conferissem ao ambiente menor restrição de locomoção nos
ambientes de trabalho e no ensino superior financiado pelo estado federal, o que mais
tarde se expandiria às escolas e à integração de crianças e jovens com deficiência,
através da lei Education for All Handicapped Children Act, de 1975.
Juridicamente, a inclusão aparece no cenário em 1980 através da Lei ADA – Americans
with Disabilities (Americanos portadores de Deficiência), que prevê a proibição da
discriminação de pessoas com deficiência, estimula a acessibilidade no ambiente
laboral e promove as bases legais nos fundos públicos para a compra dos recursos
necessários.
Datada de 1993, a publicação da ONU acerca das Normas sobre a Igualdade de
Oportunidades para Pessoas com Deficiência. Esse documento destaca a Acessibilidade
como área fundamental para a igualdade de direitos, deveres e participação. Segue o
preâmbulo da norma [ONU 1993]:
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Acessibilidade é uma característica do ambiente ou de um objeto que
permite a qualquer pessoa estabelecer um relacionamento com esse
ambiente ou objeto, e utilizá-los de uma forma amigável, cuidada e
segura. 1
Enquanto isso, no Brasil, em 1985 foi elaborada a primeira norma técnica (NBR)
relacionada à acessibilidade, “Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e
equipamentos urbanos à pessoa portadora de deficiência”. Já em 1994 houve a
primeira revisão e em 2004, a última, que está em vigor até hoje e regulamenta todos
os aspectos de acessibilidade no Brasil.
O Decreto no 5.296/2004, expedido pelo Governo Federal, que foi embasado nas
diretivas internacionais e quanto ao exposto nas Leis Federais no 10.048/2000 e
10.098/2000, estabeleceu as normas gerais e critérios básicos para promoção da
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
O Decreto-Lei no 6.949/2009 promulgou a “Convenção Internacional sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência”, que foi assinado em Nova Iorque em 30 de março de
2007, tendo sido feito com o status de Norma de hierarquia Constitucional.
Devido a não modificação do comportamento da sociedade e da continuidade das
barreiras que violam o direito de todos os indivíduos participarem como membros
igualitários da sociedade, o Brasil aderiu à Convenção mundial, que estabeleceu as
obrigações gerais a partir do artigo 4o, indicando que os “Estados Partes” se
comprometessem a garantir e impulsionar o integral exercício de todos os direitos
humanos e liberdades essenciais para todas as pessoas, inclusive as pessoas com
deficiência, assumindo medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra
natureza, fundamentais para a realização dos direitos reconhecidos pela Convenção.
É importante destacar que o acréscimo de custo no total das construções varia em
torno de 1% para adequação aos itens exigidos pelo Desenho Universal. Por outro
lado, o não atendimento às regras de acessibilidade, pode gerar custo em até 25% do
total de uma obra após sua conclusão.
1
Fonte: Conceito Europeu de Acessibilidade – Relatório do Grupo de Peritos criado pela Comissão
Europeia – 2003.
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Hoje, a legislação federal que regulamenta a adequação de ambientes para a
circulação de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida é de 2015, sendo essa a
revisão da primeira legislação que data de 1985.
A Lei no 10.048 de 8 de novembro de 2000 regulamentou as Leis no 5.296/04 de 2 de
dezembro de 2004, que prevê a prioridade de atendimento a uma parte específica da
população, e no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece os critérios para
promoção da acessibilidade para pessoas com deficiência.
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• Incentivar a investigação e o desenvolvimento, identificando as inovações
necessárias, providenciando o conhecimento das necessidades existentes,
dando pareceres sobre projetos de desenvolvimento e ideias na área da
investigação e através de apoio financeiro;
• Testar e avaliar produtos e serviços para pessoas com deficiência;
• Servir como consultores especializados junto das autoridades públicas e de
outras entidades no campo da tecnologia, da acessibilidade e da deficiência,
mantendo um alto grau de eficiência;
• Assegurar vigilância técnica no sentido de identificar importantes avanços
futuros com impacto potencial sobre as pessoas com deficiência;
• Participar nos trabalhos de normalização;
• Participar nas trocas de informação e de conhecimentos, bem como na
colaboração a nível internacional.
Infelizmente, nos últimos anos, poucos países adotaram medidas efetivas para
minimizar as dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam. É importante
ressaltar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2011 mais de 1
bilhão de pessoas no mundo possuía algum tipo de deficiência. Número bastante
significativo e importante.
No Brasil o contingente de pessoas com deficiência também é grande. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo Censo
Demográfico, em 2010 o percentual de pessoas que declararam algum tipo de
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deficiência foi de 23,9%, número significativamente superior ao registrado em 2000,
que estava na marca de 14,5%. É importante ressaltar que tal aumento ocorreu, em
partes, em decorrência da mudança de metodologia de pesquisa. Somente em 2005 o
Brasil passou a integrar o Grupo de Washington sobre Estatísticas das Pessoas com
Deficiência (Washington Group on Disability statistics – GW), que tem como objetivos
padronizar a coleta de dados que permite o estabelecimento das estatísticas acerca
das pessoas com deficiência e promover a homogeneidade das informações
levantadas sobre os países membros.
Apesar de a padronização ter prejudicado a sequência de dados do Brasil, ela revelou
um dado alarmante, a população de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil é
mais que o dobro de países como Espanha e Alemanha, que possuem,
respectivamente, 8,5% (Instituto Nacional de Estatística – INE, 2008) e 9,4% (Destatis
Statistisches Bundesamt, 2013), e maior que a dos Estados Unidos (19% da população
com algum tipo de deficiência, segundo a United States Census Bureau, 2012), país que
enfrentou importantes guerras.
Outra variável que merece atenção e desempenha papel importante no incremento
das estatísticas das pessoas com deficiência é o envelhecimento populacional.
Segundo a OMS (2015), até 2050 o Brasil triplicará o número de pessoas com mais de
60 anos de idade, atingindo níveis superiores à média internacional e envelhecendo
com maior velocidade. Vale ressaltar que em 2015 o Brasil possuía 12,5% de idosos e
deve alcançar 30% em meados do século. Seremos, segundo nomenclatura da OMS,
uma nação envelhecida, nome dado a países cuja população idosa é superior a 14%.
A diminuição da taxa de mortalidade infantil é uma das variáveis que pode explicar o
aumento da expectativa de vida. No ano 2000, a média era de 29 mortes para cada
1.000 nascidos, em 2013 essa taxa caiu para 15. A probabilidade é que em 2060 a taxa
de mortalidade aponte para valores de 7,1 mortes para cada 1.000 nascidos vivos.
Ainda que tenhamos as mais avançadas normas no mundo, a aplicabilidade delas para
benefício da inclusão da pessoa com deficiência ainda é falha.
26
Conclusão
Dizem que toda unanimidade é burra, mas esse não é o caso do Desenho Universal, ele
é o único a atender às necessidades de 100% das pessoas, sejam elas deficientes ou
não. Não é complicado entender, quanto mais adaptado estiver um projeto e uma
obra concluída para atender a quem tem necessidades particulares, mais fácil será a
utilização por quem menos precisa. Ter em mente que nossas necessidades mudam ao
longo da vida, seja pelo processo natural de envelhecimento ou por algum tipo de
deficiência que venhamos a adquirir, realizar projetos embasados no Desenho
Universal é também pensar em Arquitetura e Urbanismo e Design Sustentável, uma
vez que eles não precisarão de adaptações futuras.
27
3 DESENHO TÉCNICO
Para que as ideias concebidas por profissionais
sejam executadas por terceiros, o conhecimento do
Desenho Técnico é de suma importância. Além
disso, ele auxilia no desenvolvimento do raciocínio,
do senso e rigor geométrico, iniciativa e
organização. Por isso, independente da evolução
tecnológica e dos meios de computação gráfica, o
ensino do Desenho Técnico é fundamental na
formação, tanto de arquitetos e urbanistas, quanto
dos designers e engenheiros.
28
3.1 Conceito, Finalidade e Importância
3.2 Modalidades
29
Nem todas as modalidades de Desenho Técnico são instrumentais, ainda que precisas
e com os padrões de proporção mantidos, são elaborados à mão livre e feitos
rapidamente. São eles:
a) Desenho Geométrico: direcionado à representação plana de elementos
geométricos com finalidades simples, como a mostra ou solução de problemas
matemáticos. É um estudo padronizado e normatizado do desenho
bidimensional.
30
prancheta ou no computador, mas, o mais importante, é atender a todas as normas
técnicas de maneira rigorosa.
31
Representação das épuras dos objetos da figura anterior
Segundo a Norma Técnica Brasileira NBR ISO 10209-2 (2005), o termo “Representação
ortográfica” significa projeções ortogonais de um objeto posicionado normalmente
32
com suas faces principais paralelas aos planos coordenados, sobre um ou mais planos
de projeção, coincidentes ou paralelos aos planos coordenados. Os planos de projeção
são convenientemente rebatidos sobre a folha de desenho, de modo que as posições
das vistas do objeto sejam relacionadas entre si.
O triedro tri-retângulo é definido como sistema de referência quando as vistas de um
objeto são habitualmente obtidas sobre três planos perpendiculares entre si, sendo
um vertical, outro horizontal e outro de perfil.
Atualizada em 1998, a NBR de 10126 da ABNT de 1987 fixa os princípios gerais para
inclusão de cotas através de linhas, símbolos, notas ou valor numérico numa unidade
determinada.
As cotas devem ser completas e devem descrever de forma clara e precisa o objeto
para a aplicação de cotas no Desenho Técnico. Os desenhos de detalhes não devem
empregar símbolos, devendo utilizar a mesma unidade para todas as cotas, sem
duplicação e utilizando somente as estritamente necessárias. É recomendado que o
cruzamento de linhas auxiliares com linhas de cotas e com linhas do desenho não seja
feito.
São locais de grafia das cotas: vista superior ou planta, na vista que representa mais
claramente o elemento nos cortes, única e exclusivamente, quando se cotam as
alturas denominadas - H.
As representações grafadas também têm suas peculiaridades, as linhas auxiliares e de
cotas devem ser contínuas e estreitas, sendo que a linha auxiliar deve ser prolongada
ligeiramente além da linha de cota correlacionada. Há a necessidade da existência de
um pequenino espaço entre a linha de contorno e a linha auxiliar. Quando houver
espaço disponível, as setas de limitação da linha de cota devem ser apresentadas entre
os limites da linha de cota. Quando o espaço for limitado, as setas podem ser
apresentadas externamente no prolongamento da linha de cota.
33
Setas ou traços oblíquos farão a indicação dos limites da linha de cota. Há a limitação
de uma indicação por desenho, porém, em espaços pequenos, outras formas podem
ser utilizadas. São essas as indicações recomendadas:
• A seta é desenha com linhas curtas formando ângulos de 15°;
• A seta pode ser aberta, ou fechada preenchida;
• O traço oblíquo é desenhado com uma linha curta e inclinado a 45°.
Para medidas circulares: indicação de linhas de cotas também circulares que serão
efetuadas a partir do Raio da circunferência correspondente, podendo ser apontado
tanto para o tamanho do Raio (denominado - R) quanto do perímetro (denominado -
P) do segmento de circunferência desenhado.
Alguns elementos não podem ser utilizados como linhas de cota, eixos, linhas de
centro, arestas e contorno de objetos, exceção feita aos desenhos esquemáticos.
São dimensões dos sólidos geométricos: comprimento, largura e altura. Nem todos os
sólidos geométricos são estudados pela geometria.
Os sólidos geométricos são definidos por faces, que são figuras geométricas planas ou
curvas, sendo eles:
• Superfícies planas: prismas, cubos e pirâmides.
• Superfícies curvas: cilindro, cone e esfera, também conhecidos como sólidos de
revolução.
34
Entre os sólidos geométricos limitados por superfícies planas, existem os prismas, o
cubo e as pirâmides, já entre os sólidos geométricos limitados por superfícies curvas,
encontram-se o cilindro, o cone e a esfera, que são também chamados de sólidos de
revolução.
Pirâmide: assim como os prismas, são limitados por polígonos. Pode-se formar a
pirâmide ligando-se todos os pontos de um polígono a um ponto P do esboço.
Sólidos de Revolução
São os principais exemplos de sólidos de revolução: cilindro, cone e esfera. A
característica em comum desses objetos geométricos é a formação pela rotação de
figuras planas em torno de um eixo.
O Desenho Técnico possui três fases que irão participar, ativamente, da solução do
problema posto, a saber:
35
1º, rastrear ideias e conceitos que irão, aparentemente ou não, contribuir para a
solução do problema em questão.
2º, triar as ideias e conceitos encontrados na primeira análise.
3º, desenvolver as ideias e conceitos tidos como positivos para a solução dos
problemas, aprimorando-os, finalizando-os e realizando a comunicação.
O Desenho Técnico percorre todas as etapas na comunicação de projetos de Design e
Arquitetura e Urbanismo, indo desde a fase de criação e análise até comunicação final
dos projetos.
É a representação dos objetos que permitirá o estudo e a solução eficaz dos problemas
dos projetos, face à dificuldade em conceber estruturas, mecanismos e movimentos
tridimensionais. Tais estudos e aprimoramentos são possíveis graças ao Desenho
Técnico.
Conclusão
Todo o processo de desenvolvimento e criação no universo da Arquitetura e do
Urbanismo estão intimamente ligados à expressão gráfica. O desenho técnico é uma
ferramenta que pode ser utilizada não apenas para apresentar resultados, mas
também para soluções gráficas que podem substituir cálculos complicados.
36
4 NORMAS TÉCNICAS
Para transformar o desenho técnico em uma
linguagem gráfica foi necessário padronizar seus
procedimentos de representação gráfica. Essa
padronização é feita por meio de normas técnicas
seguidas e respeitadas internacionalmente.
37
compõem a ISO, essa norma é organizada e editada
como norma internacional.
38
4.1 Escrita Técnica – NBR 8402/1994
Esta Norma fixa as condições exigíveis para a escrita usada em desenhos técnicos e
documentos semelhantes.
As principais exigências na escrita em desenhos técnicos são:
a) legibilidade;
b) uniformidade;
c) adequação à microfilmagem e a outros processos de reprodução.
Os caracteres devem ser claramente distinguíveis entre si, para evitar qualquer troca
ou algum desvio mínimo da forma ideal.
Para a escrita manual, as proporções devem seguir a tabela seguinte, conforme a NBR
8402:1994. Pode ser vertical ou inclinada para a direita, com um ângulo de 15o. As
alturas das letras maiúsculas e minúsculas não devem ser menores do que 2,5 mm. No
caso de combinação de maiúsculas e minúsculas, a altura não deve ser menor que 3,5
mm.
39
A escrita técnica deve atender a algumas características básicas, tais como a proporção
entre os elementos que constituem as letras:
40
Exemplo de escrita inclinada
41
e) vista inferior (e);
f) vista posterior (f).
Indicação das vistas decorrentes das projeções ortogonais e sua nomenclatura
42
Exemplos de projeções ortogonais e as diversas vistas
Vistas auxiliares: são projeções parciais, representadas em planos auxiliares para evitar
deformações e facilitar a correta interpretação do desenho.
43
O papel utilizado para os desenhos é padronizado pela ABNT (NBR 10068), e os
formatos principais utilizados são os da série “A”.
O formato referência é A0 de 1 m2; os demais derivam desse formato, conforme
representado a seguir:
44
folhas posicionadas horizontalmente, como verticalmente, conforme exemplificado a
seguir:
Margens: são limitadas pelo contorno externo da folha e quadro. O quadro limita o
espaço para o desenho e as margens esquerda e direita, bem como as larguras das
linhas, devem ter as dimensões constantes e seguem a tabela a seguir:
Largura das linhas e das margens
45
A margem esquerda serve para ser perfurada e utilizada no arquivamento.
Essa Norma fixa tipos e o escalonamento de larguras de linhas para uso em desenhos
técnicos e documentos semelhantes.
O quadro a seguir determina os tipos de linhas e sua espessura, segundo a
normatização da ABNT:
46
A NBR 10126, de novembro de 1987, trata de Cotas em desenho técnico. Essa Norma
fixa os princípios gerais de cotagem a serem aplicados em todos os desenhos técnicos,
ressaltando-se que, quando necessário, devem ser consultadas outras normas técnicas
de áreas específicas.
Na aplicação dessa Norma é necessário também consultar:
NBR 8402 - Execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos – Procedimento;
NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas - Larguras das linhas –
Procedimento;
NBR 10067 - Princípios gerais de representação em desenho técnico - Vistas e cortes –
Procedimento.
47
- Toda cotagem necessária para descrever uma peça ou componente, clara e
completamente, deve ser representada diretamente no desenho;
- A cotagem deve ser localizada na vista ou corte que represente mais claramente o
elemento (Uma das partes características de um objeto, tal como uma superfície
plana, uma superfície cilíndrica, um ressalto, um filete de rosca, uma ranhura, um
contorno etc.);
• desenhos de detalhes devem usar a mesma unidade (por exemplo, milímetro) para
todas as cotas sem o emprego do símbolo. Se for necessário, para evitar mal
entendimento, o símbolo da unidade predominante para um determinado desenho
deve ser incluído na legenda. Onde outras unidades devem ser empregadas como
parte na especificação do desenho (por exemplo, N.m. para torque ou kPA para
pressão), o símbolo da unidade apropriada deve ser indicado com o valor;
• cotar somente o necessário para descrever o objeto ou produto acabado. Nenhum
elemento do objeto ou produto acabado deve ser definido por mais de uma cota.
• Exceções podem ser feitas: onde for necessário a cotagem de um estágio
intermediário da produção (por exemplo, o tamanho do elemento antes da
cementação e acabamento); onde a adição de uma cota auxiliar for vantajosa; não
especificar os processos de fabricação ou os métodos de inspeção, exceto quando
forem indispensáveis para assegurar o bom funcionamento ou
intercambiabilidade.
• A cotagem funcional deve ser escrita diretamente no desenho.
Os elementos que compõe as cotas incluem a linha auxiliar, linha de cota (NBR 8403)
limite da linha de cota e a cota:
Elementos de cotagem e respectiva nomenclatura
48
Fonte: ABNT, 1987b.
A indicação dos limites da linha de cota é feita por meio de setas ou traços oblíquos. As
indicações são especificadas como segue:
a) a seta é desenhada com linhas curtas formando ângulos de 15°. A seta pode ser
aberta, ou fechada preenchida (Figura);
b) o traço oblíquo é desenhado com uma linha curta e inclinado a 45° (Figura).
A indicação dos limites da linha de cota deve ter o mesmo tamanho num mesmo
desenho. Somente uma forma da indicação dos limites da linha de cota deve ser usada
num mesmo desenho. Entretanto, quando o espaço for mito pequeno, outra forma de
indicação de limites pode ser utilizada.
Quando houver espaço disponível, as setas de limitação da linha de cota devem ser
apresentadas entre os limites da linha de cota (Figura). Quando o espaço for limitado
49
as setas de limitação da linha de cota, podem ser apresentadas externamente no
prolongamento da linha de cota, desenhado com esta finalidade (Figura).
Exemplos de posicionamento de limites de cotas
Essa Norma fixa as condições exigíveis para o emprego de escalas e suas designações
em desenhos técnicos.
Para os efeitos dessa Norma, aplicam-se as definições da NBR 10647:1989 - Desenho
técnico – Terminologia.
50
Os desenhos são uma representação da realidade, dessa forma podem ser elaboradas
em diferentes coeficientes de proporção, provenientes de uma relação entre seu
tamanho real e seu tamanho no desenho, proporção esta que está diretamente ligada
a garantia de precisão do desenho executado.
A esta proporção damos o nome de ESCALA, segundo norma da ABNT, a qual deve ser
indicada em qualquer desenho elaborado, constando no carimbo da prancha e grafada
da seguinte maneira:
Fonte: o autor.
51
A escala a ser escolhida para um desenho depende da complexidade do objeto ou
elemento a ser representado e da finalidade da representação. Em todos os casos, a
escala selecionada deve ser suficiente para permitir uma interpretação fácil e clara da
informação representada. A escala e o tamanho do objeto ou elemento em questão
são parâmetros para a escolha do formato da folha de desenho.
A Escala 1:1 – Natural considera que o desenho será elaborado a partir das medidas
tomadas no objeto ou local a ser retratado.
A Escala 1:100 é a mais conhecida por todos, uma vez que está gravada nas réguas
escolares que utilizamos desde o Ensino Fundamental. Nela consideramos que 1
centímetro (cm) corresponda diretamente a 1 metro (m) ou 100 cm ou 0,1 m, daí a
nomenclatura 1:100.
52
- Implantação ou Planta de locação: Planta que compreende o projeto como um todo,
contendo, além do projeto de arquitetura, as informações necessárias dos projetos
complementares, tais como movimento de terra, arruamento, redes hidráulica,
elétrica e de drenagem, entre outros. A locação das edificações, assim como a das
eventuais construções complementares são indicadas nesta planta.
53
Fonte: o autor.
Carimbo (ou quadro): o canto inferior direito das folhas de desenho deve ser reservado
ao carimbo destinado à legenda de titulação e numeração dos desenhos. Devem
constar da legenda, no mínimo, as seguintes informações:
a) identificação da empresa e do profissional responsável pelo projeto;
b) identificação do cliente, nome do projeto ou do empreendimento;
c) título do desenho;
d) indicação sequencial do projeto (números ou letras);
e) escalas;
f) data;
g) autoria do desenho e do projeto;
h) indicação de revisão.
A norma também determina a nomenclatura dos desenhos que farão parte do quadro
na folha de desenho, assim devem seguir as seguintes especificações:
Todos os desenhos inseridos nas Pranchas devem ter um Título que indique o que ele
representa e se tiver escala diferente dos demais desenhos, esta também deve ser
indicada na linha inferior.
54
Fonte: o autor.
55
Fonte: ABNT, 1994b.
56
Conclusão
57
5 DESENHO ARQUITETÔNICO
O desenho arquitetônico é uma especialização do
desenho técnico normatizado voltado para a
representação dos projetos de arquitetura. O
desenho de arquitetura, portanto, manifesta-se
como um conjunto de símbolos que expressam uma
linguagem estabelecida entre o emissor (o
desenhista ou projetista) e o receptor (o leitor do
projeto). É através dele que o arquiteto transmite
as suas intenções arquitetônicas e construtivas.
58
5.1 Planta de localização e Implantação
59
para a perfeita compreensão de um volume criado com suas compartimentações e
formas.
As Plantas de Pavimentos são projeções ortogonais perpendiculares ao Plano
Horizontal (PH) em vista superior, nas quais se demonstram todas as informações
relativas à concepção espacial proposta para um Projeto de Arquitetura.
É a partir do Pavimento Térreo que são apresentados os níveis que compõem uma
edificação, no caso das residências a sequência recomendada é a dos pavimentos
localizados acima do térreo (superior, primeiro pavimento, segundo pavimento e assim
por diante) e se houverem, por fim, os inferiores, tais como subsolos ou porões.
A representação adotada para as informações a serem transmitidas pelas Plantas de
Pavimentos é regulamentada pela Norma Brasileira (NBR) número 6492 de 1994,
editada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e define a seguinte
simbologia para os elementos construtivos:
60
As Plantas de Pavimentos devem ser desenhadas, uma para cada pavimento diferente
que houver na edificação, assim, nos casos dos edifícios de apartamentos ou
comerciais, por exemplo, para os Pavimentos Tipo (aqueles que se repetem iguais
várias vezes) só se desenha uma Planta e se indica no “carimbo” (quadro de
informações de cada folha de desenho) para quais pavimentos aquela planta se aplica.
Planta dos Pavimentos 2º ao 13º, por exemplo.
A circulação vertical nas edificações com dois ou mais pavimentos é realizada por meio
de escadas ou rampas, que seguem as seguintes definições conceituais:
As escadas constituem meio de circulação vertical não mecânico que permite a ligação
entre planos de níveis diferentes. Quando para uso coletivo, devem ser dimensionadas
de forma a atender as NORMAS TÉCNICAS, garantindo a segurança de todos os
usuários. Já para o uso privativo, devem ser dimensionadas de acordo com as regras da
legislação municipal.
Da mesma maneira, as rampas têm seu conceito definido como: passarelas
constituídas de planos inclinados que conectam pontos em níveis diferentes.
Para uso privativo, devem ser dimensionadas de acordo com as regras da legislação
municipal.
As escadas são constituídas por:
1. Degraus – pisos + espelhos;
1.1 Pisos – pequenos planos horizontais que constituem a escada (cobertor);
1.2 Espelhos – planos verticais que unem os pisos;
2. Patamares – pisos de maior largura que sucedem os pisos normais da escada,
localizados geralmente ao meio do desnível do pé direito, com o objetivo de
proporcionar repouso temporário ao usuário da escada;
3. Lances – sucessão de degraus entre planos a vencer, sejam eles pisos de
pavimentos ou patamares;
4. Guarda-corpo – proteção física localizada na extremidade lateral dos degraus
para a proteção das pessoas que utilizam a escada;
61
5. Corrimão – superfície de apoio para as mãos, localizado sobre o guarda-corpo e
com a função de auxiliar o equilíbrio e o impulso do usuário.
As dimensões de uma escada são definidas pela relação de medida de dois elementos
construtivos que a compõe, a profundidade da pisa e a altura do espelho dos degraus,
assim, dependendo da variação dessas medidas é que se determinam o número de
degraus e o tamanho final de uma escada.
Tanto a medida da pisada quanto a medida do espelho de um degrau variam entre
0,28 m e 0,33 m e entre 0,16 m e 0,22 m, respectivamente, para escadas normais.
Temos, então, a determinação do número de degraus de uma escada definida pela
seguinte equação:
H (em metros) = N
h (em metros)
62
É importante saber que, independente do desenho ou dimensão das escadas, elas
devem sempre ser desenhadas no mesmo alinhamento em todos os Pavimentos e
lembrar que é necessário um espaço vazio na laje para que a escada se desenvolva até
atingir o nível seguinte e o usuário não bata sua cabeça nela.
H (em metros) = C
i%
63
100
Os cortes são projeções ortogonais paralelas a um Plano Vertical (PV) que tem por
objetivo esclarecer o dimensionamento das alturas dos elementos construtivos, ou
seja, as medidas de pé-direito (altura interna do pavimento), laje a laje, portas e outros
elementos verticalizados propostas pelo Projeto.
(Traço ponto)
64
Esta linha deve ser suficientemente grossa para ser identificada assim que se olhe o
desenho de uma Planta, mas não tão grossa, que possa suscitar dúvida quanto ao
exato local de sua passagem.
Também o sentido da vista do Plano Vertical deve ser indicado em Planta e para tanto,
se utilizam símbolos que determinam o “ponto de vista” desenhado. Estes símbolos,
igualmente, são definidos pela NBR e podem ser os seguintes:
65
Transversal, pois se apresenta perpendicular ao comprimento da figura geométrica e
ao corte anterior.
Outros cortes, além dos exemplificados, podem ser inseridos no desenho passando por
locais estratégicos, a fim de que possam incorporar o maior número de informações à
proposta original. Para exemplificar, é comum adotarmos a seguinte regra: deve-se
sempre posicionar um dos cortes de uma edificação com dois ou mais Pavimentos de
modo que ele passe pelo local onde se propõe a circulação vertical, escada ou rampa,
para que se demonstre graficamente como o elemento construtivo se desenvolverá, a
fim de interligar os diferentes níveis da edificação a ser construída e garantir acesso e
mobilidade em todas as áreas projetadas.
66
Também se representam além da Linha de Terra, limite horizontal da edificação com o
solo, tudo o que for proposto ao redor da edificação e estiver dentro do campo visual
daquele desenho, elementos como: vegetação, portões ou grades, se for o caso,
postes, revestimentos de madeira, tijolos ou pedra, pinturas especiais etc.
67
Conclusão
O Desenho Arquitetônico é a ferramenta de comunicação entre o Arquiteto e
Urbanista ou Designer, se for o caso, e seus interlocutores responsáveis pela execução
de um Projeto de Arquitetura, em qualquer escala de dimensão.
É incontestável a importância de se localizar a área de execução de qualquer proposta
de Projeto, pois além de informar sua inter-relação com o entorno, também contribui
para o referenciamento de sua orientação geográfica em relação ao Norte, o que é
importantíssimo para a correta tomada de decisões em Arquitetura e Urbanismo.
A utilização plena das ferramentas de comunicação do Projeto, tais como as Plantas de
Pavimentos e todos os conceitos relacionados a elas garantem que as ideias propostas
no Desenho sejam lidas e interpretadas corretamente pelos profissionais que
executarão a correspondente obra, desde a disposição dos espaços e ambientes no
nível do solo, até as soluções de cobertura definidas. É também nesses documentos
que se registram as dimensões e formas dos elementos que constituem a circulação
vertical de uma edificação, e seu desenvolvimento pode ser registrado e representado
por meio dos Cortes, que se ocupam de ilustrar as alturas e elementos verticais
vinculados ao Projeto.
Os desenhos das faces externas, com seus detalhes, informam as características que as
edificações transmitirão ao entorno e arredores, como serão identificadas e que visual
adotarão. Para tanto, devem ser elaboradas com rigor e detalhamento, a fim de se
evitar posteriores surpresas com o resultado final, por terem sido mal compreendidas
no início, quando de sua apresentação.
68
6 ACESSIBILIDADE
Acessibilidade significa permitir que pessoas, com
deficiências ou com mobilidade reduzida,
participem de atividades que incluem o uso de
produtos, serviços e informação, além de permitir o
uso destes por todas as parcelas da população.
69
A ABNT NBR 9050 foi elaborada no Comitê
Brasileiro de Acessibilidade (ABNT/CB-040), pela
Comissão de Estudo de Acessibilidade em
Edificações (CE-040:000.001). O Projeto circulou em
Consulta Nacional conforme edital nº 8, de
20.08.2012 a 18.10.2012. Essa terceira edição
cancela e substitui a edição anterior (ABNT NBR
9050:2004), a qual foi tecnicamente revisada.
70
6.1 Aspectos Gerais (Deficiências)
71
6.2 Circulação Horizontal
72
• Apresentam um conjunto de duas ou mais unidades verticalmente (R2v), tais como
edifícios ou conjuntos residenciais.
Para as edificações de uso coletivo, tais como edifícios públicos ou privados de uso não
residencial (nR), como por exemplo: escolas, bibliotecas, postos de saúde, bares,
restaurantes, clubes, agências de correio e bancárias precisam oferecer garantia de
acesso a todos os usuários.
A construção, ampliação ou reforma destes edifícios devem ser executadas de modo
que sejam observados requisitos de acessibilidade:
• todas as entradas devem ser acessíveis, bem como as rotas de interligação às
principais funções do edifício;
• no caso de edificações existentes, deve haver ao menos um acesso a cada 50,00 m,
no máximo, conectado através de rota acessível à circulação principal e a de
emergência;
73
• ao menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verticalmente todas as
dependências e serviços do edifício, entre si e com o exterior, deverá cumprir os
requisitos de acessibilidade;
• garantir sanitários e vestiários adaptados às pessoas com deficiência ou mobilidade
reduzida, possuindo 5% do total de cada peça ou obedecendo ao mínimo de uma
peça acessível.
Para a circulação horizontal, deve-se garantir que qualquer pessoa possa se
movimentar com total autonomia e independência pelos espaços abertos ou fechados.
Obs.: No caso de reformas, prever bolsões de retorno para cadeirantes, com área de rotação
de 180º (Ø= 1,50m) a cada 15 metros de extensão de corredor.
Fonte: NBR 9050/2004-15. Dados tabulados pelo autor.
74
• inclinação transversal da superfície de no máximo 2% para pisos internos e, máxima
de 3% para pisos externos; e inclinação longitudinal máxima de 5% (acima disso, será
considerada rampa);
• escadas e rampas ou escadas e equipamentos eletromecânicos para vencer desníveis
superiores a 1,5 cm;
• piso tátil de alerta para sinalização e indicação de mudança de plano da superfície do
piso e presença de obstáculos;
• Desníveis de qualquer natureza devem ser evitados em rotas acessíveis. Eventuais
desníveis no piso de até 5 mm dispensam tratamento especial. Desníveis superiores a
5 mm até 20 mm devem possuir inclinação máxima de 1:2 (50 %), (Figura). Desníveis
superiores a 20 mm, quando inevitáveis, devem ser considerados como degraus;
75
Formas A e B de utilização do Símbolo Internacional de Acessibilidade – NBR 9050/2015
76
Sinalização tátil de piso (podotátil) funciona como orientação às pessoas com
deficiência visual ou baixa visão no percurso das rotas acessíveis. Essa sinalização pode
ser de alerta ou direcional.
A sinalização de alerta deve ser utilizada na identificação de início e término de
rampas, escadas fixas, escadas rolantes, junto à porta dos elevadores e desníveis de
palco ou similares, para indicar risco de queda.
Devem ser instalados no sentido do deslocamento e ter larguras entre 0,20 e 0,60 m,
além de atender à altura máxima dos relevos entre 3 e 5 mm. Ambos os pisos (de
alerta e direcional) devem ter coloração contrastante com o piso do entorno e deve
ser utilizada como referência para o deslocamento em locais amplos, ou onde não
houver guia de balizamento.
77
Sinalização podotátil direcional
78
1. A largura mínima da rampa acessível é de 1,20 m, mas o recomendado é 1,50 m. A
inclinação transversal não pode exceder 2% em rampas internas e 3% em externas;
2. A escada deve ter piso entre 28 cm 32 cm e espelhos entre 16 cm e 18 cm e a
largura mínima também é de 1,20 m;
3. No início e no término da rampa, devem ser previstos patamares com dimensões
longitudinais de 1,50 m, sendo o mínimo admissível 1,20 m, além de área de circulação
adjacente. Quando se excede o comprimento de rampa máximo (12,00 m), deve-se
criar patamares entre os seguimentos;
4. Os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados da rampa, dos degraus
isolados e das escadas fixas. O espaço entre a parede e o corrimão deve ser de no
mínimo 4 cm;
5. Piso com material que garante aderência com diferenciação de textura e na cor
amarela no início e no fim das rampas, escadas etc.;
6. O piso externo também deve ser de material aderente mesmo molhado e se tiver
capacho no pé da porta, ele deve ser embutido no piso para não haver desnível;
7. As árvores que se localizam próximas a essas áreas devem possuir uma altura
mínima de 2 m para não atrapalhar a circulação;
8. As portas podem possuir vão mínimo de 0,80 cm desde que a circulação adjacente
esteja dentro da norma para possibilitar a transposição de uma área para outra;
9. O símbolo universal para indicar acessibilidade deve estar sempre presente.
As escadas fixas e degraus localizados em rotas acessíveis devem estar vinculados à
Rampa ou a equipamentos eletromecânicos.
As escadas constituem meio de circulação vertical não mecânico que permite a ligação
entre planos de níveis diferentes. Quando para uso coletivo, devem ser dimensionadas
de forma a atender as NORMAS TÉCNICAS, garantindo a segurança de todos os
usuários.
Para uso privativo, devem ser dimensionadas de acordo com as regras da legislação
municipal.
As escadas fixas devem garantir:
• largura livre mínima recomendada de 1,50 m e admissível de 1,20 m;
79
• patamar de 1,20 m de comprimento no sentido do movimento, a cada 3,20 m de
altura ou quando houver mudança de direção;
• piso tátil para sinalização, com largura entre 0,25 m e 0,60 m, afastado, no
máximo, a 0,32 m do limite da mudança do plano e, localizado antes do início e
após o término da escada. O piso tátil servirá como orientação para as pessoas com
deficiência visual em sua locomoção;
• faixa de sinalização em cor contrastante em todos os degraus;
• não utilizar degraus com espelhos vazados nas rotas acessíveis;
• o primeiro e o último degrau de um lance de escada a uma distância mínima de
0,30 m do espaço de circulação. Dessa forma, o cruzamento entre as circulações
horizontal e vertical não é prejudicado;
• inclinação transversal máxima admitida de 1%.
As rampas e escadas podem ser obstáculos na circulação horizontal das pessoas com
deficiência visual. Para todos os obstáculos com altura inferior a 2,10 m é fundamental
que exista sinalização podotátil de alerta ou a presença de algum outro tipo de
anteparo que delimite sua projeção.
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acesso através das portas é tão importante quanto a ventilação adequada e a extensão
do campo de visão.
As portas acessíveis devem garantir:
• vão livre mínimo de 0,80 m, inclusive em portas com mais de uma folha;
• revestimento resistente a impactos na extremidade inferior, com altura mínima de
0,40 m do piso, quando situadas em rotas acessíveis;
• maçanetas do tipo alavanca, para abertura com apenas um movimento, exigindo
força não superior a 36 N;
Porta vaivém com visor. Recomendam-se trincos com sistema de alavanca de amplo alcance
e fácil manuseio.
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Fonte: NBR 9050/2004-15
Aqui aparece também a ideia de que o espaço do ambiente tem que ser mais amplo no
lado em que a porta abrirá, ou seja, para onde ela será "puxada", pois é uma manobra
difícil dar ré com a cadeira usando apenas uma das mãos enquanto a outra puxa a
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porta. O melhor é poder parar a cadeira numa posição que seja possível fazer o
movimento de abertura sem precisar andar com a cadeira.
• em locais de práticas esportivas, que a dimensão mínima do vão seja de 1,00 m, pois
essa medida atende a diferentes tamanhos de cadeiras de rodas.
A altura dos peitoris de janelas e terraços deve permitir a visualização de uma pessoa
sentada, além de ser resistente a impactos.
As janelas devem garantir que:
• sejam abertas com um único movimento, empregando-se o mínimo esforço;
• sejam fechadas com trincos tipo alavanca;
• permitam um bom alcance visual.
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• fio com comprimento mínimo de 0,75 m;
Na existência de anteparos, a altura livre deve ser de, no mínimo, 2,10 m do piso.
O mobiliário deve ser acessível, sempre, mas nos ambientes de acesso e prestação de
serviços ao público, a acessibilidade é condição de subsistência e permanência no
mercado.
Além de acessos, estacionamentos e balcões, os locais de hospedagem devem possuir
no mínimo 5% dos dormitórios e seus sanitários acessíveis. Os dormitórios devem
estar situados em rotas acessíveis e com dimensionamento conforme figura.
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Dormitório acessível
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Mobiliário de cozinha acessível
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Detalhes de elementos de Biblioteca acessível
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• Em bilheterias e balcões de informações localizados em ambientes ruidosos, em
locais de grande fluxo de pessoas (rodoviárias, aeroportos) ou nos casos de
separação do atendente com o usuário por uma divisória de segurança, deve ser
previsto sistema de amplificação de voz;
• Devem ser garantidas condições de circulação, manobra, aproximação e alcance
para pessoas com deficiência na função de atendente, e o mobiliário deve estar de
acordo com as normas de acessibilidade.
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Mesa de trabalho acessível
O mobiliário urbano também deve atender às Normas de acessibilidade, uma vez que
o livre trânsito do cidadão é direito garantido pela Constituição.
As calçadas e vias exclusivas de pedestres devem ter piso conforme 6.3 e garantir uma
faixa livre (passeio) para a circulação de pedestres sem degraus e inclinação
transversal da faixa livre (passeio) das calçadas ou das vias exclusivas de pedestres não
pode ser superior a 3 %. Além disso:
• eventuais ajustes de soleira devem ser executados sempre dentro dos lotes ou, em
calçadas existentes com mais de 2,00 m de largura, podem ser executados nas
faixas de acesso;
• a inclinação longitudinal da faixa livre (passeio) das calçadas ou das vias exclusivas
de pedestres deve sempre acompanhar a inclinação das vias lindeiras;
• a faixa de serviço serve para acomodar o mobiliário, os canteiros, as árvores e os
postes de iluminação ou sinalização. Nas calçadas a serem construídas, recomenda-
se reservar uma faixa de serviço com largura mínima de 0,70 m;
• a faixa livre ou passeio destina-se exclusivamente à circulação de pedestres, deve
ser livre de qualquer obstáculo, ter inclinação transversal até 3 %, ser contínua
entre lotes e ter no mínimo 1,20 m de largura e 2,10 m de altura livre;
• Por fim, a faixa de acesso consiste no espaço de passagem da área pública para o
lote. Essa faixa é possível apenas em calçadas com largura superior a 2,00 m. Serve
para acomodar a rampa de acesso aos lotes lindeiros sob autorização do município
para edificações já construídas.
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Medidas básicas para calçadas acessíveis
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Esquemas para travessias acessíveis para pedestres
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faixas de travessia de pedestres e os rebaixamentos em ambos os lados devem ser
alinhados entre si.
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Conclusão
As questões relativas à acessibilidade têm se integrado a vida cotidiana das
comunidades e é nesse sentido que Arquitetos e Urbanistas e também Designers tem
incorporado essa “cultura” a seus Projetos.
As ferramentas de apoio a circulação horizontal e vertical, bem como o mobiliário e
dispositivos acessíveis tornaram-se imprescindíveis na oferta de independência às
pessoas, deficientes ou não.
O Desenho Universal conceituou e divulgou essa modalidade de desenho pelo mundo,
entretanto a regulamentação e a criação de legislação pertinente, não são suficientes
para garantir que objetos, espaços, ambientes e edifícios de uso privado ou coletivo
sejam realmente acessíveis a todos, sem esquecer que as cidades, seu mobiliário e
seus equipamentos também devem oferecer oportunidades de convivência e
mobilidade aos seus cidadãos.
As soluções de acessibilidade devem ser incorporadas aos Projetos de Arquitetura, de
Design e de Interiores desde o momento de sua concepção, pois as adaptações não
são, via de regra, a melhor solução de utilização, acesso ou mobilidade.
Quando um projeto já nasce acessível, a probabilidade de se atender ao maior número
de necessidades e, portanto, servir a maior diversidade de público, aumenta
exponencialmente, conferindo uma chancela de sucesso ao produto final apresentado.
Por esse motivo, as pesquisas e estudos na área de acessibilidade estão em constante
atualização, visando maior compreensão e buscando mais assertividade sempre.
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Referências
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em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1994a.
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