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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO

DIREITO CIVIL

Atualizado em 20/11/2019: novos julgados + questão de concurso

Pontos atualizados: nº 02 (Info 906); nº 01 (Info 911); nº 01 (Info 921)

1. DIREITOS DA PERSONALIDADE
1.1. DIREITO À IMAGEM: Inexistência do direito à indenização em razão da divulgação,
no jornal, de imagem do cadáver morto em via pública – (Info 921) – IMPORTANTE!!!

Jornal divulgou a foto do cadáver de um indivíduo morto em tiroteio ocorrido em via


pública.
Os familiares do morto ajuizaram ação de indenização por danos morais contra o jornal
alegando que houve violação aos direitos de imagem.
O STF julgou a ação improcedente argumentando que condenar o jornal seria uma forma
de censura, o que afronta a liberdade de informação jornalística.
STF. 2ª Turma. ARE 892127 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 23/10/18 (Info 921).
OBS: Para a Min. Cármen Lúcia, não houve exercício irregular ou abusivo da liberdade de
imprensa, que é assegurada pela Constituição Federal. A decisão das instâncias inferiores
condenando o jornal vai contra a jurisprudência do STF que garante a liberdade de
informação jornalística e proíbe a censura. Isso foi assentado pelo STF no julgamento que
declarou a não-recepção da Lei de Imprensa (ADPF 130).

1.2. NOME: Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem
fazer cirurgia de transgenitalização e mesmo sem autorização judicial – (Info 911) –
IMPORTANTE!!! – (PCGO-2018)

O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua


classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da
manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via
judicial como diretamente pela via administrativa.
Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão
do termo “transgênero”.
Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada
a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou
por determinação judicial.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício
ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração
dos demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão
preservar o sigilo sobre a origem dos atos.
STF. Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 15/8/18 (repercussão geral) (Info
911).
OBS:
O tema, apesar de novo, já vem sendo cobrado nos concursos públicos:
 (Delegado de Polícia PC-GO 2018 UEG) Sobre os direitos fundamentais garantidos
na Constituição (CRFB), segundo o STF, o transgênero, pessoa que não se identifica
psiquicamente com seu gênero biológico, se assim o desejar, pode,
independentemente da cirurgia de redesignação sexual ou da realização de
tratamentos hormonais, solicitar a alteração de seu prenome e de seu gênero (sexo)
diretamente no registro civil. (CERTO)

1.3. NOME: Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem
fazer cirurgia de transgenitalização e mesmo sem autorização judicial – (Info 892) –
IMPORTANTE!!! – (MPMG-2018) (Anal. Ministerial/MPPI-2018) (MPPI-2019)
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes,
possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil.
O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero.
A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana e,
como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la.
A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que lhe
foi designada ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta sua
vontade dispõe do direito fundamental subjetivo à alteração do prenome e da
classificação de gênero no registro civil pela via administrativa ou judicial,
independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de tema
relativo ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade.
STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson
Fachin, j. 28/2 e 1º/3/18 (Info 892).
(MPPI-2019-CESPE): De acordo com o STF, é assegurado às pessoas transexuais o direito
à alteração de prenome e gênero em seus registros civis, ainda que o(a) requerente não
faça prova da sua identidade de gênero, que é autopercebida. BL: Info 892, STF e
Provimento 73/2018 do CNJ.

OBS:  “Ressaltou que os pedidos podem estar baseados unicamente no consentimento


livre e informado pelo solicitante, sem a obrigatoriedade de comprovar requisitos tais
como certificações médicas ou psicológicas, ou outros que possam resultar irrazoáveis ou
patologizantes” (Info 892, STF)

OBS:
Transgênero: É o indivíduo que possui características físicas sexuais distintas das
características psíquicas. É uma pessoa que não se identifica com o seu gênero biológico. A
pessoa sente que ela nasceu no corpo errado. Ex: o menino nasceu fisicamente como menino,
mas ele se sente como uma menina. Assim, o transgênero tem um sexo biológico, mas se
sente como se fosse do sexo oposto e espera ser reconhecido e aceito como tal.

Transexual: Da mesma forma, o transexual também possui características físicas sexuais


distintas das características psíquicas. Ele também não se identifica com o seu gênero
biológico. Não existe ainda uma uniformidade científica, no entanto, segundo a posição
majoritária, a diferença entre o transgênero e o transexual é a seguinte:
Resumindo:
 Transgênero: quer poder se expressar e ser reconhecido como sendo do sexo
oposto, mas não tem necessidade de modificar sua anatomia.
 Transexual: quer poder se expressar e ser reconhecido como sendo do sexo oposto
e deseja modificar sua anatomia (seu corpo) por meio da terapia hormonal e/ou da
cirurgia de redesignação sexual (transgenitalização).

Identidade de gênero: Significa a maneira como alguém se sente e a maneira como deseja ser
reconhecida pelas demais pessoas, independentemente do seu sexo biológico.
“A identidade de gênero se refere à experiência de uma pessoa com o seu
próprio gênero. Pessoas transgênero possuem uma identidade de gênero que é
diferente do sexo que lhes foi designado no momento de seu nascimento.
Uma pessoa transgênero ou trans pode identificar-se como homem, mulher,
trans-homem, trans-mulher, como pessoa não-binária ou com outros termos,
tais como hijra, terceiro gênero, dois-espíritos, travesti,
fa’afafine, gênero queer, transpinoy, muxe, waria e meti. Identidade de gênero é
diferente de orientação
sexual. Pessoas trans podem ter qualquer orientação sexual, incluindo
heterossexual, homossexual, bissexual e assexual.” (Nota Informativa das
Nações Unidas. Disponível em https://unfe.org/system/unfe-91-
Portugese_TransFact_FINAL.pdf?platform=hootsuite)

Se o transexual faz a cirurgia de transgenitalização, ele poderá alterar o prenome e o


sexo/gênero nos assentos do registro civil? SIM. Essa possibilidade já foi reconhecida há
muitos anos pelo STJ:
(...) A interpretação conjugada dos arts. 55 e 58 da Lei n. 6.015/73 confere
amparo legal para que transexual operado obtenha autorização judicial para a
alteração de seu prenome, substituindo-o por apelido público e notório pelo
qual é conhecido no meio em que vive. (...) STJ. 4ª Turma. REsp 737.993/MG,
Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 10/11/2009.

Sendo realizada a retificação do registro, os documentos serão alterados e neles não


constará nenhuma menção quanto à troca do sexo.

E se não foi feita a cirurgia? Imagine a seguinte situação hipotética: Mário, pessoa maior de
idade que se identifica como transgênero mulher, ajuizou ação de retificação de registro de
nascimento para troca do prenome e do sexo masculino para o feminino.
Na inicial, narrou que, desde tenra idade, embora nascida com a genitália masculina e nesse
gênero registrada, sempre demonstrara atitudes de criança do sexo feminino. Afirmou que
foi diagnosticada como portadora de "transtorno de identidade de gênero". Mário nunca
realizou a cirurgia de transgenitalização. Alegou que sofre muitos transtornos porque sente-
se como mulher, veste-se como mulher, mas os dados que constam em seus documentos são
masculinos (nome e sexo). Na ação, Mário pediu para que seu prenome seja alterado para
Mariana e seu sexo para feminino. Contudo, o empecilho que encontrou foi pelo fato de que
não fez a cirurgia de transgenitalização nem deseja realizar.

A questão jurídica enfrentada, portanto, pelo STJ foi a seguinte : é possível que o transgênero
altere seu nome e o gênero no assento de registro civil mesmo que não faça a cirurgia de
transgenitalização? SIM. Inicialmente o STJ decidiu que:
O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro
civil não é condicionado à exigência de realização da cirurgia de
transgenitalização. STJ. 4ª Turma. REsp 1.626.739-RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, j. 9/5/2017 (Info 608).

Agora, o STF avançou sobre o tema e, de forma mais ampla, utilizou a expressão
transgênero, afirmando que:
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou
patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo)
diretamente no registro civil. STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, j. 28/2 e 1º/3/18 (Info 892).

Premissas da decisão do STF:


1) O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou a expressão de gênero.
O respeito à identidade de gênero é uma decorrência do princípio da igualdade.
2) A identidade de gênero é uma manifestação da própria personalidade da pessoa
humana. Logo, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. Isso
significa que o Estado não diz o gênero da pessoa, ele deve apenas reconhecer o gênero que
a pessoa se enxerga.
3) A pessoa não deve provar o que é, e o Estado não deve condicionar a expressão da
identidade a qualquer tipo de modelo, ainda que meramente procedimental. Assim, se
cabe ao Estado apenas o reconhecimento dessa identidade, ele não pode exigir ou
condicionar a livre expressão da personalidade a um procedimento médico ou laudo
psicológico. A alteração dos assentos no registro público depende apenas da livre
manifestação de vontade da pessoa que visa expressar sua identidade de gênero.

Fundamentos jurídicos:
Constituição Federal
• direito à dignidade (art. 1º, III, da CF);
• direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem (art. 5º, X, da CF).

Pacto de São José da Costa Rica


• direito ao nome (artigo 18);
• direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (artigo 3);
• direito à liberdade pessoal (artigo 7.1 do Pacto);
• o direito à honra e à dignidade (artigo 11.2 do Pacto).

Opinião Consultiva 24/17 da Corte Interamericana de Direitos Humanos, sobre “Identidade


de Gênero e Igualdade e Não Discriminação a Casais dos Mesmo Sexo”, publicada em
24.11.17, na qual se definiram as obrigações estatais em relação à mudança de nome, à
identidade de gênero e os direitos derivadas de um vínculo entre casais do mesmo sexo. Veja
trecho da Opinião Consultiva:
“(...) a Corte Interamericana deixa estabelecido que a orientação sexual e a
identidade de gênero, assim como a expressão de gênero, são categorias
protegidas pela Convenção.
Por isso está proibida pela Convenção qualquer norma, ato ou prática
discriminatória baseada na orientação sexual, identidade de gênero ou
expressão de gênero da pessoa. Em consequência, nenhuma norma, decisão ou
prática do direito interno, seja por parte das autoridades estatais ou por
particulares, podem diminuir ou restringir, de modo algum, os direitos de
uma pessoa à sua orientação sexual, sua identidade de gênero e/ ou sua
expressão de gênero”. (par. 78).
“O reconhecimento da identidade de gênero pelo Estado é de vital importância
para garantir o gozo pleno dos direitos humanos das pessoas trans, incluindo a
proteção contra a violência, a tortura e maus tratos, o direito à saúde, à
educação, ao emprego, à vivência, ao acesso a seguridade social, assim como o
direito à liberdade de expressão e de associação.”

Interpretação conforme a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica: O art. 58 da Lei
nº 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos) prevê:
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por
apelidos públicos notórios.

O STF, contudo, afirmou que se deve fazer uma nova interpretação desse art. 58 à luz da
Constituição Federal e do Pacto de São José da Costa Rica.

Exigir cirurgia ou outros procedimentos é contrário à dignidade da pessoa humana: O Estado


deve abster-se de interferir em condutas que não prejudicam a terceiros e, ao mesmo tempo,
buscar viabilizar as concepções e os planos de vida dos indivíduos, preservando a
neutralidade estatal. Mostra-se contrário aos princípios da dignidade da pessoa humana, da
integridade física e da autonomia da vontade condicionar o exercício do legítimo direito à
identidade à realização de um procedimento cirúrgico ou de qualquer outro meio de se
atestar a identidade de uma pessoa. Inadmitir a alteração do gênero no assento de registro
civil é atitude absolutamente violadora de sua dignidade e de sua liberdade de ser, na
medida em que não reconhece sua identidade sexual, negando-lhe o pleno exercício de sua
afirmação pública.

Opinião Consultiva: Conforme consta da Opinião Consultiva 24/17 da Corte Interamericana


de Direitos Humanos, os Estados (países) têm a possibilidade de decidir qual é o
procedimento que será adotado para a retificação do sexo ou nos registros e documentos.
No entanto, segundo a Opinão, o procedimento de alteração adotado pelo Estado (inclusive o
Brasil) deve cumprir os seguintes requisitos:
a) o procedimento deve respeitar a identidade de gênero auto-percebida pela
pessoa requerente;
b) deve estar baseado unicamente no consentimento livre e informado do
solicitante sem que se exijam requisitos como certificações médicas ou
psicológicas ou outros que possam resultar irrazoáveis ou patologizantes;
c) deve ser confidencial e os documentos não podem fazer remissão às eventuais
alterações;
d) deve ser expedito (célere), e na medida do possível, gratuito; e
e) não deve exigir a realização de operações cirúrgicas ou hormonais.

O Colegiado assentou seu entendimento nos princípios da dignidade da pessoa humana, da


inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, bem como no Pacto
de São José da Costa Rica.

Vimos acima que o transgênero não precisa fazer cirurgia para requerer a alteração do
prenome e do sexo. Ok. Uma última pergunta, apenas para não ficar dúvidas: a pessoa
transgênera precisa de autorização judicial para essa alteração? NÃO. O STF entendeu que
exigir do transgênero a via jurisdicional para realizar essa alteração representaria limitante
incompatível com a proteção que se deve dar à identidade de gênero. O pedido de
retificação é baseado unicamente no consentimento livre e informado do solicitante, sem a
necessidade de comprovar nada.

1.4. TEMAS DIVERSOS: Ensino privado e acesso a pessoas com deficiência – (Info 829) –
IMPORTANTE!!! – (TJPR-2017)

São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei 13.146/15, que determinam que as
escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com
deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação.
STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j 9/6/16 (Info 829).
(TJPR-2017-CESPE): A respeito da ordem e dos direitos sociais previstos na CF, assinale
a opção correta: É constitucional norma que obriga escolas privadas a oferecer
atendimento adequado a pessoas com deficiência, vedado o repasse do custo financeiro
da adaptação às mensalidades escolares. BL: Info 829, STF.

1.5. LIBERDADE DE EXPRESSÃO: Biografias: autorização prévia e liberdade de


expressão – (Info 789) – IMPORTANTE!!! – (Proc./UNICAMP-2018) (Advogado-AL/RO-2018)

Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo
biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização
prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão
consagrada pela CF/88. As exatas palavras do STF foram as seguintes:
“É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas
literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas
retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”.
Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus
direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não
apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a
publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc.
STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 10/6/2015 (Info 789).
(Proc./UNICAMP-2018-VUNESP): Um escritor pretende publicar uma biografia não
autorizada de um ex-jogador de futebol. Este, sabendo da intenção do escritor, notifica-o
extrajudicialmente, ordenando que o livro não seja publicado. É possível afirmar
corretamente: o livro pode ser publicado sem prévia autorização do ex-jogador e não
pode ser recolhido por decisão judicial, podendo o ex-jogador requerer reparação civil ou
direito de resposta, nos termos da lei. BL: ADI 4815, STF.

(Advogado-AL/RO-2018-FGV): Em uma interpretação do Direito Civil conforme a


Constituição Federal é inexigível o consentimento da pessoa biografada em relação a
obras biográficas literárias ou audiovisuais. BL: ADI 4815, STF.

OBS:
Interpretação literal do art. 20 do CC : As biografias não-autorizadas seriam proibidas, já que
elas constituiriam na divulgação ou publicação da imagem-atributo do biografado sem que
este tenha dado seu consentimento. Diante disso, o biografado poderia, invocando seu direito
à imagem e à vida privada, pleitear judicialmente providências para impedir ou fazer cessar
essa publicação (art. 21 do CC). Em outras palavras, o biografado poderia impedir a
produção da biografia ou, se ela já estivesse pronta, a sua comercialização. O exemplo mais
emblemático de disputa judicial envolvendo o tema ocorreu no caso do cantor Roberto
Carlos, que processou o jornalista e escritor Paulo Cesar de Araújo, autor de sua biografia
não-autorizada chamada de “Roberto Carlos em detalhes” e que havia sido lançada em
dezembro de 2006 pela Editora Planeta, sendo proibida pela Justiça em abril de 2007.

ADI 4815: Em 2012, a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) ajuizou uma ação
direta de inconstitucionalidade no STF com o objetivo de declarar a inconstitucionalidade
parcial dos arts. 20 e 21 do Código Civil. O pedido principal da autora foi para que o STF
desse interpretação conforme a Constituição e declarasse que não é necessário o
consentimento da pessoa biografada para a publicação ou veiculação de obras biográficas,
literárias ou audiovisuais.

O STF concordou com o pedido? As biografias não-autorizadas podem ser publicadas


mesmo sem prévia autorização do biografado (ou de sua família)? SIM. O STF julgou
procedente a ADI e conferiu interpretação conforme à Constituição aos arts. 20 e 21 do CC
para declarar que não é necessária a autorização prévia para a publicação de biografias.

Liberdade de expressão: A CF/88 consagra a liberdade de expressão em seu art. 5º, IX,
prevendo que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença”. No art. 220, § 2º, a Carta afirma que é “vedada toda e
qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. Desse modo, uma regra
infraconstitucional (Código Civil) não pode abolir o direito de expressão e criação de obras
literárias.

Argumentos utilizados pelo STF:


a) a Constituição assegura como direitos fundamentais a liberdade de pensamento e de sua
expressão, a liberdade de atividade intelectual, artística, literária, científica e cultural;
b) a Constituição garante o direito de acesso à informação e de pesquisa acadêmica, para o
que a biografia seria fonte fecunda;
c) a Constituição proíbe a censura de qualquer natureza, não se podendo concebê-la de forma
subliminar pelo Estado ou por particular sobre o direito de outrem;
d) a Constituição garante a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e da
imagem da pessoa; e
e) a legislação infraconstitucional não poderia amesquinhar ou restringir direitos
fundamentais constitucionais, ainda que sob pretexto de estabelecer formas de proteção,
impondo condições ao exercício de liberdades de forma diversa da constitucionalmente
fixada.

Direitos do biografado: Os Ministros fizeram, no entanto, a ressalva de que os direitos do


biografado não ficarão desprotegidos. A biografia poderá ser lançada mesmo sem
autorização do biografado, mas se ficar constatado que houve abuso da liberdade de
expressão e violação à honra do indivíduo retratado, este poderá pedir:
• a reparação dos danos morais e materiais que sofreu;
• a retificação das informações veiculadas;
• o direito de resposta;
• e até mesmo, em último caso, a responsabilização penal do autor da obra.

2. BEM DE FAMÍLIA
2.1. Impenhorabilidade do bem de família e contratos de locação comercial – (Info 906) –
IMPORTANTE!!!

Não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de locação comercial.


Em outras palavras, não é possível a penhora de bem de família do fiador em contexto de
locação comercial.
STF. 1ª Turma. RE 605709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa Weber, j. 12/6/18
(Info 906).
OBS:
NOÇÕES GERAIS SOBRE BEM DE FAMÍLIA
Espécies de bem de família: No Brasil, atualmente, existem duas espécies de bem de família:
a) bem de família convencional ou voluntário (arts. 1711 a 1722 do Código Civil);
b) bem de família legal (Lei nº 8.009/90).
 
Bem de família legal: O bem de família legal consiste no imóvel residencial próprio do
casal ou da entidade familiar. Considera-se residência um único imóvel utilizado pelo
casal ou pela entidade familiar para moradia permanente. Na hipótese de o casal, ou
entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a
impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado,
para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do Código Civil (bem de família
convencional).
 
Proteção conferida ao bem de família legal: O bem de família legal é impenhorável e não
responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra
natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e
nele residam, salvo nas hipóteses previstas na Lei nº 8.009/90.
 
Se alguém está sendo executado e é penhorado seu bem de família, qual é o momento
processual para que alegue a impenhorabilidade? O devedor deverá arguir a
impenhorabilidade do bem de família no primeiro instante em que falar nos autos após a
penhora.
 
Se o devedor não alegar a impenhorabilidade do bem de família no momento oportuno,
haverá preclusão? NÃO. A impenhorabilidade do bem de família é matéria de ordem
pública, dela podendo conhecer o juízo a qualquer momento, antes da arrematação do
imóvel, desde que haja prova nos autos. Logo, mesmo que o devedor não tenha arguido a
impenhorabilidade no momento oportuno, é possível sua alegação desde que antes da
arrematação do imóvel (STJ. 4ª Turma. REsp 981.532-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.
7/8/12).
 
EXCEÇÃO DO INCISO VII DO ART. 3º DA LEI DO BEM DE FAMÍLIA: O art. 3º da Lei
8.009/90 traz as hipóteses em que o bem de família legal pode ser penhorado. Veja o que diz
o inciso VII:
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil,
fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: (...)
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
 
Gostaria de tratar sobre esse inciso VII com duas situações que se distinguem por um
pequeno detalhe. Acompanhe.
 
CASO 1. Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro aluga seu apartamento para Rui
(locatário). João, melhor amigo de Rui, aceita figurar no contrato de locação como fiador.
Após um ano, Rui devolve o apartamento, ficando devendo, contudo, quatro meses de
aluguel. Pedro propõe uma execução contra Rui e João cobrando o valor devido. O juiz
determina a penhora da casa em que mora João e que está em seu nome.
 
É possível a penhora da casa de João, mesmo sendo bem de família? SIM. A
impenhorabilidade do bem de família não se aplica no caso de dívidas do fiador
decorrentes do contrato de locação. É isso o que diz o inciso VII do art. 3º da Lei nº 8.009/90
acima transcrito. Por favor, leia novamente.
 
Esse inciso VII do art. 3º é constitucional? Ele é aplicado pelo STF e STJ? SIM. O STF decidiu
que o art. 3º, VII, da Lei nº 8.009/90 é constitucional, não violando o direito à moradia (art.
6º da CF/88) nem qualquer outro dispositivo da CF/88. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. RE
495105 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 5/11/13. O STJ, por sua vez, editou um enunciado
sobre o tema:
Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de
contrato de locação.
 
CASO 2. Imagine agora outra situação hipotética: Fábio possui uma sala comercial em um
edifício empresarial. Ele aluga essa sala para Pedro ali instalar uma loja. Ricardo, melhor
amigo de Pedro, aceita figurar no contrato de locação como fiador. Após um ano, Pedro
devolve a sala comercial, ficando devendo, contudo, quatro meses de aluguel. Fábio propõe
uma execução contra Pedro e Ricardo cobrando o valor devido. O juiz determina a penhora
da casa em que mora Ricardo e que está em seu nome.
 
É possível a penhora da casa de Ricardo, mesmo sendo bem de família? NÃO. Não é
penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de locação comercial. Em
outras palavras, não é possível a penhora de bem de família do fiador em contexto de
locação comercial. STF. 1ª Turma. RE 605709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa
Weber, j. 12/6/2018 (Info 906).
 
Segundo o Min. Marco Aurélio, apesar de a lei não distinguir o tipo de locação, não se pode
potencializar a livre iniciativa em detrimento de um direito fundamental que é o direito à
moradia.

Cuidado para não confundir:


O bem de família (casa, apartamento etc.) do fiador de um contrato de locação pode
ser penhorado caso o locatário não pague os alugueis?
Se a locação é residencial: SIM Se a locação é comercial: NÃO
Em tese, o fiador irá perder o bem de O fiador não irá perder o bem de família.
família. Não é exceção à impenhorabilidade do bem
É uma exceção à impenhorabilidade do de família.
bem de família.
Ex: Rui é locatário de um apartamento Ex: Pedro é locatário de uma sala comercial,
onde mora. João foi seu fiador. Se Rui onde montou uma loja. Ricardo foi seu
não pagar o aluguel, o bem de família fiador. Mesmo que Pedro não pague o
de João pode ser penhorado. aluguel, o bem de família de Ricardo não
poderá ser penhorado.
 
Formas como esse tema pode aparecer em provas objetivas:
 A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido por obrigação
decorrente de fiança concedida em contrato de locação. Item CERTO (fundamento:
lei)
 É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.
Item CERTO (fundamento: súmula)
 Não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de locação
comercial. Item CERTO (fundamento: decisão do STF)
 
Como já foi cobrado em concursos:
 “Apesar das disposições legais sobre a impenhorabilidade do bem de família, o STJ
enunciou que é válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato
de locação.” (Procurador Jurídico – CFO-DF – CESPE – 2017 – Certo)
 “José da Silva e sua mulher foram fiadores de João Mafra em contrato de locação,
com cláusula expressa de renúncia a benefício de ordem. No curso do contrato, João
Mafra deixou de pagar os aluguéis e encargos. Então, o locador entrou com despejo e
cobrança de aluguéis e ganhou a causa, com condenação solidária do locador e
fiadores em pagar as parcelas vencidas e encargos locatícios. Na fase de
cumprimento de sentença, o locador indicou à penhora a casa de moradia do casal
fiador, único bem que possuíam e sem executar o locatário. Foi, então, feita a
penhora. O casal entrou com impugnação ao cumprimento de sentença, alegando
impenhorabilidade, na forma da Lei 8.009/90 e que deveria, antes, também ter se
esgotado a procura de bens para penhora do locatário. A esse respeito, é correto
afirmar: A penhora do imóvel residencial, ainda que único bem do fiador, pode ser
efetivada porque se trata de fiança locatícia. “ (Titular de Serviços de Notas – TJMG –
CONSULPLAN – 2017 – Certo)

3. PESSOAS JURÍDICAS
3.1. AUTONOMIA DAS ENTIDADES DESPORTIVAS: O art. 59 do CC é compatível
com a autonomia conferida aos clubes pelo art. 217, I, da CF/88 – (Info 853)

A autonomia das entidades desportivas não é absoluta.


O art. 59 do CC é compatível com a autonomia constitucional conferida aos clubes pelo art.
217, I, da CF/88.
STF. 1ª Turma. ARE 935482/SP, Rel. Min. Rosa Weber, j. 07/02/17 (Info 853).

4. USUCAPIÃO
4.1. Pode ser deferida usucapião especial urbana ainda que a área do imóvel seja inferior
ao módulo mínimo dos lotes urbanos previsto no plano diretor – (Info 783)

Determinada pessoa preencheu os requisitos para obter o direito à usucapião especial


urbana, prevista no art. 183 da CF/88. Ocorre que o juiz negou o pedido alegando que o
plano diretor da cidade proíbe a existência de imóveis urbanos registrados com metragem
inferior a 100m2. Em outras palavras, fixou que o módulo mínimo dos lotes urbanos
naquele Município seria de 100m2 e, como a área ocupada pela pessoa seria menor que
isso, ela não poderia registrar o imóvel em seu nome.
A decisão do magistrado está correta? O fato de haver essa limitação na lei municipal
impede que a pessoa tenha direito à usucapião especial urbana?
NÃO. Se forem preenchidos os requisitos do art. 183 da CF/88, a pessoa terá direito à
usucapião especial urbana e o fato de o imóvel em questão não atender ao mínimo dos
módulos urbanos exigidos pela legislação local para a respectiva área (dimensão do lote)
não é motivo suficiente para se negar esse direito, que tem índole constitucional.
Para que seja deferido o direito à usucapião especial urbana basta o preenchimento dos
requisitos exigidos pelo texto constitucional, de modo que não se pode impor obstáculos,
de índole infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de parte
interessada, o modo originário de aquisição de propriedade.
STF. Plenário. RE 422349/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/4/2015 (repercussão
geral) (Info 783).
STJ. 3ª Turma. REsp 1360017-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 5/5/2016 (Info 584).

5. ALIMENTOS
5.1. Prisão civil não serve para cobrança de débitos pretéritos – (Info 857)

A prisão por dívida de natureza alimentícia está ligada ao inadimplemento inescusável de


prestação, não alcançando situação jurídica a revelar cobrança de saldo devedor.
STF. 1ª Turma. HC 121426/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/3/17 (Info 857).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: Em janeiro de 2013, João foi condenado a pagar
pensão alimentícia em favor de seu filho (Lucas). João pagou alguns meses, mas depois ficou
inadimplente a partir de julho/2013. Em julho de 2015, João consegue uma sentença
exonerando seu dever de continuar prestando alimentos em favor do filho, já que este atingiu
a maioridade. Lucas decide, então, ajuizar execução de alimentos contra o pai cobrando a
pensão alimentícia que não foi paga de julho de 2013 a julho de 2015.

O juiz poderá decretar a prisão civil de João neste caso? NÃO. A sentença de exoneração da
prestação de alimentos não tem efeitos retroativos. Isso significa que, mesmo tendo ficado
exonerado de pagar a pensão a partir de julho de 2015, o pai possui uma dívida que vai de
julho de 2013 a julho de 2015. Este débito continua podendo ser exigido, no entanto, não é
possível que se decrete a prisão civil do devedor para cobrar essa dívida.

5.2. Pensão alimentícia e devedor desempregado – (Info 812)

A CF/88 (art. 5º, LXVII) só admite a prisão por dívida decorrente de pensão alimentícia
quando a não prestação é voluntária e inescusável: "LXVII - não haverá prisão civil por
dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel;"
Com base nessa orientação, a 2ª Turma concedeu habeas corpus de ofício a determinado
devedor que estava preso por não ter pago a pensão alimentícia, mas provou, no caso
concreto, que estava desempregado. Os Ministros entenderam que o inadimplemento não
foi voluntário em virtude da situação de desemprego.
STF. 2ª Turma. HC 131554/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/12/2015 (Info 812).
OBS: Situação decidida com base no caso concreto. Não significa que sempre que o devedor
estiver desempregado, ele estará dispensado de pagar a pensão alimentícia. Ex: ele pode não
estar trabalhando, mas possuir outras fontes de renda, como alugueis, investimentos etc.
Neste caso, continuará tendo a obrigação de pagar, podendo, inclusive, ser preso em caso de
inadimplemento.

6. FILIAÇÃO
6.1. PARENTESCO: Paternidade socioafetiva não exime de responsabilidade o pai
biológico – (Info 840) – IMPORTANTE!!! – (DPU-2017) (TJMT-2018) (DPEAP-2018) (Anal.
Ministerial/MPPI-2018)

A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o


reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os
efeitos jurídicos próprios.
Ex: Lucas foi registrado e criado como filho por João; vários anos depois, Lucas descobre
que seu pai biológico é Pedro; Lucas poderá buscar o reconhecimento da paternidade
biológica de Pedro sem que tenha que perder a filiação socioafetiva que construiu com
João; ele terá dois pais; será um caso de pluriparentalidade; o filho terá direitos
decorrentes de ambos os vínculos, inclusive no campo sucessório.
STF. Plenário. RE 898060/SC, Rel. Min. Luiz Fux, j. 21 e 22/09/16 (Info 840).
(TJMT-2018-VUNESP): Maria é casada com José e mantinha um relacionamento
extraconjugal com João quando engravidou. Nasceu Caio, que foi registrado em nome de
José e era tido por este como filho. Entretanto, em razão de sua semelhança física com
João, este ajuizou um pedido de reconhecimento de paternidade, tendo o teste de DNA
comprovado o vínculo biológico. José ama seu filho e quer manter-se como pai de Caio.
Assinale a solução que deve ser adotada, considerando o entendimento de Jurisprudência:
Deverá ser incluído o nome de João como pai no registro de nascimento, para os efeitos
jurídicos próprios, devendo, entretanto, ser mantido o nome de José, em razão da
paternidade socioafetiva deste. BL: Info 840, STF.

(DPEAP-2018-FCC): Um adolescente de 15 anos recebe da mãe a notícia de que aquele que


como pai o criara, e assim consta de seu registro de nascimento, falecido no ano anterior,
não é seu pai biológico. O pai biológico, a seu turno, embora reconheça o fato, não tem a
intenção de se aproximar do adolescente, de modo a provê-lo de suporte emocional e
material. Diante do impasse, o adolescente pretende socorrer-se das vias judiciais para ver
comprovada e reconhecida formalmente a paternidade biológica, mas gostaria que fosse
preservada em seu registro de nascimento a indicação de filiação daquele que como pai o
criou. À luz da Constituição Federal e da jurisprudência do STF sobre a matéria, a
pretensão do adolescente é legítima, pois, conforme julgamento em sede de repercussão
geral, merecem tutela jurídica concomitante, para todos os fins de direito, os vínculos
parentais de origem afetiva e biológica, a fim de prover a mais completa e adequada tutela
aos sujeitos envolvidos, ante os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana
e da paternidade responsável. BL: Info 840, STF.

(DPU-2017-CESPE): No mundo contemporâneo (pós-moderno), a família perdeu o caráter


natural, assumindo nova feição, forjada, agora, em fenômenos culturais. A família de hoje
representa um “fenômeno humano em que se funda a sociedade, sendo impossível
compreendê-la senão à luz da interdisciplinaridade, máxime na sociedade contemporânea,
marcada por relações complexas, plurais, abertas, multifacetárias e (por que não?)
globalizadas”. Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Curso de direito civil:
famílias. Vol. 6, 7.ª ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 3 (com adaptações). A respeito do assunto
objeto do texto precedente, julgue o item que se segue, tendo como referência o
entendimento dos tribunais superiores. A existência de vínculo com o pai ou a mãe
registral não impede que o filho exerça o direito de busca da ancestralidade e da origem
genética, dado que o reconhecimento do estado de filiação configura direito
personalíssimo, indisponível e imprescritível. BL: Info 840 do STF.

OBS: Sobre o assunto, vejamos o seguinte precedente do STJ:


“RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. FILIAÇÃO. IGUALDADE
ENTRE FILHOS. ART. 227, § 6º, DA CF/88. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE
PATERNIDADE. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. VÍNCULO BIOLÓGICO.
COEXISTÊNCIA. DESCOBERTA POSTERIOR. EXAME DE DNA.
ANCESTRALIDADE. DIREITOS SUCESSÓRIOS. GARANTIA. REPERCUSSÃO
GERAL. STF. No que se refere ao Direito de Família, a CF/88 inovou
ao permitir a igualdade de filiação, afastando a odiosa distinção até então
existente entre filhos legítimos, legitimados e ilegítimos (art. 227, § 6º, da
CF/88). O STF, ao julgar o RE 898.060, com repercussão geral reconhecida,
admitiu a coexistência entre as paternidades biológica e a socioafetiva,
afastando qualquer interpretação apta a ensejar a hierarquização dos
vínculos. A existência de vínculo com o pai registral não é obstáculo ao
exercício   do   direito   de   busca   da origem genética ou de
reconhecimento de paternidade biológica. Os direitos à
ancestralidade, à origem genética e ao afeto são, portanto, compatíveis. O
reconhecimento do estado de filiação configura direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível, que pode  ser exercitado,  portanto, sem nenhuma
restrição, contra os pais ou seus herdeiros (REsp 1618230/RS, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
28/03/2017, DJe 10/05/2017)”.

6.2. PARENTESCO: Direito de ter reconhecida a filiação biológica prevalece sobre a


presunção legal de paternidade – (Info 840)

O filho tem direito de ter reconhecida sua verdadeira filiação.


Assim, mesmo que ele tenha nascido durante a constância do casamento de sua mãe e de
seu pai registrais, ele poderá ingressar com ação de investigação de paternidade contra o
suposto pai biológico.
A presunção legal de que os filhos nascidos durante o casamento são filhos do marido não
pode servir como obstáculo para impedir o indivíduo de buscar a sua verdadeira
paternidade.
STF. Plenário. AR 1244 EI/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 22/09/16 (Info 840).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética (diferente do caso concreto): João e Maria eram
casados. Durante um desentendimento no matrimônio, Maria teve um rápido
relacionamento extraconjugal com Pedro, ficando grávida dele. Maria e João se reconciliaram
e ele, mesmo sabendo que não era o pai do bebê, decidiu registrá-lo como se fosse seu filho,
sendo chamado de Vitor. Vitor foi criado normalmente como sendo filho de João. Ocorre que,
25 anos depois, Pedro, que se tornou um rico empresário, faleceu. Maria contou, então, a
Vitor que o falecido era seu pai biológico. Diante dessa revelação, Vitor ajuizou ação de
investigação de paternidade cumulada com petição de herança contra os herdeiros de Pedro.
Na ação, pediu que fosse reconhecido como filho de Pedro e tivesse participação na herança
do de cujus.

Contestação: Os herdeiros de Pedro alegaram que o Código Civil prevê que apenas João (o
marido) poderia questionar o vínculo de filiação, conforme preconizado pelo art. 1.601:
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos
nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.

Assim, se o marido não questiona a filiação, deve-se presumir que os filhos nascidos durante
o casamento são filhos do marido, nos termos do art. 1.597, I, do CC, que prevê a presunção
de paternidade do marido (pater is est quem nuptiae demonstrant). Confira:
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a
convivência conjugal;

Em suma, como o autor nasceu na constância do casamento, caberia privativamente ao


marido o direito de contestar a legitimidade dos filhos nascidos de sua mulher.

Essa tese defendida na contestação é aceita pela jurisprudência? NÃO.

7. SUCESSÕES
7.1. SUCESSÃO LEGÍTIMA: Em caso de sucessão causa mortis do companheiro deverão
ser aplicadas as mesmas regras da sucessão causa mortis do cônjuge – (Info 864) –
IMPORTANTE!!! – (DPU-2017) (MPMG-2018)

No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a diferenciação de regimes


sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o
regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil.
STF. Plenário. RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso e
RE 878694/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 10/5/17 (repercussão geral) (Info 864).
(MPMG-2018): O companheiro homoafetivo ocupa, na linha sucessória, a mesma condição
jurídica do cônjuge. BL: Info 864, STF.

OBS: O STF decidiu, nos Recursos Extraordinários 646721 e 878694, ambos em regime de


repercussão geral, equiparar cônjuges e companheiros para fins de sucessão, um do outro,
inclusive em uniões homoafetivas. Essa decisão rompe mais um paradigma importante e
reflete, diretamente, nas questões patrimoniais decorrentes da sucessão, ao considerar
inconstitucional o art. 1790 do CC, que estabelecia condições menos favoráveis ao
companheiro e a companheira, na sucessão de um ou de outro, equiparando-os, todos, às
condições de sucessão aplicáveis aos cônjuges em geral (art. 1.829 do CC). Segundo o STF,
não existe elemento de discriminação que justifique o tratamento diferenciado entre
cônjuge e companheiro estabelecido pelo CC, independente da orientação sexual. Em
função disso, a partir de agora quem vive em união estável inclusive decorrente de relação
homoafetiva vai participar da sucessão do outro, com base nas mesmas regras aplicáveis
aos cônjuges. BL: Info 864, STF.

OBS:
Sucessão legítima: É a transmissão do patrimônio do falecido para os seus herdeiros,
segundo uma ordem, que é chamada de ordem de vocação hereditária, sendo prevista no art.
1.829 do Código Civil.

O cônjuge vai ter direito à herança se o falecido deixou descendentes? Ex: João, casado com
Maria, morreu e deixou dois filhos (Pedro e Tiago). Maria terá direito à herança? O cônjuge é
herdeiro necessário (art. 1.845 do CC). Assim, se a pessoa morrer e for casada, em regra, seu
cônjuge terá direito à herança. Vale ressaltar, no entanto, que, se o falecido tiver deixado
descendentes (filhos, netos etc.), a viúva poderá não ter direito à herança, a depender do
regime de bens. A regra está no art. 1.829, I, do CC:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

Esse inciso é muito confuso e mal redigido, o que gera bastante polêmica na doutrina e
jurisprudência. O que se pode extrair dele é o seguinte: o cônjuge é herdeiro necessário, mas
há situações em que a lei deu primazia (preferência) para os descendentes do morto. Assim,
foram previstos alguns casos em que o cônjuge, a depender do regime de bens, não irá ter
direito à herança, ficando esta toda com os descendentes. Vejamos:
1) Situações em que o cônjuge herda 2) Situações em que o cônjuge não
em concorrência com os herda em concorrência com os
descendentes descendentes
 Regime da comunhão parcial de  Regime da comunhão parcial de
bens, existirem bens particulares do bens, se não havia bens particulares
falecido. do falecido.
 Regime da separação convencional  Regime da separação legal
de bens (é aquela que decorre de (obrigatória) de bens (é aquela
pacto antenupcial). prevista no art. 1.641 do CC).
 Regime da comunhão universal de
bens.

Voltando ao exemplo: João, casado com Maria, morreu e deixou dois filhos Pedro e Tiago. Se,
por exemplo, Maria era casada com João sob o regime da separação convencional de bens,
ela terá direito, juntamente com Pedro e Tiago, à herança deixada pelo marido. Por outro
lado, se Maria era casada com João sob o regime da comunhão universal de bens, ela não
terá direito à herança. Neste caso ela será meeira, mas não herdeira. Se os consortes são
casados no regime da comunhão universal, isso significa que, quando a pessoa morre, seu
cônjuge tem direito à meação, ou seja, metade dos bens do falecido já pertencem
obrigatoriamente ao cônjuge supérstite. A outra metade é que será a herança.

Ora, o legislador pensou o seguinte: “se o cônjuge já vai ter direito à metade dos bens pelo
fato de ser meeiro, não é justo que ele também tenha parte da outra metade em prejuízo dos
descendentes; vamos excluir o cônjuge da herança para que ela fique toda para os
descendentes.”

O cônjuge vai ter direito à herança se o falecido não deixou descendentes, mas deixou
ascendentes? Ex: João, casado com Maria, morre sem deixar filhos ou netos, mas deixou pai e
mãe. Como será feita a divisão da herança? Neste caso, o cônjuge sobrevivente herdará em
concorrência com os ascendentes. Logo, em nosso exemplo, Maria receberá 1/3 da herança,
o pai de João 1/3 e a mãe o 1/3 restante. Vale ressaltar que aqui não importa qual era o
regime de bens do casal.

E se o falecido morreu sem deixar descendentes e ascendentes, o cônjuge terá direito à


herança? Ex: João, casado com Maria, morreu sem deixar filhos, netos, nem pais ou avós.
SIM. Nesta hipótese Maria terá direito à integralidade da herança.

Regras da sucessão do cônjuge: Essas regras acima explicadas envolvendo a sucessão causa
mortis do cônjuge estão previstas no art. 1.829 do Código Civil:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.

E o companheiro do falecido (união estável), tem direito à herança? O que o CC/02 previu
sobre o tema? O CC/02 trouxe as regras sobre a sucessão do companheiro no art. 1.790:
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,
quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que
por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade
do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da
herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
Ao se comparar este art. 1.790 com o art. 1.829 do CC veremos que o legislador trouxe regras
muito mais desvantajosas para o companheiro do que para o cônjuge do falecido.

Um exemplo ilustra bem essa diferença de tratamento: pelo art. 1.790 do CC, se o falecido
deixar a companheira e um tio, por exemplo, esse tio iria herdar 2/3 da herança e a
companheira apenas 1/3.

Tese da inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC: Diversos doutrinadores de Direito Civil


sempre defenderam que o art. 1.790 do CC seria inconstitucional. Isso porque a Constituição
Federal protege a união estável como entidade familiar (art. 226, § 3º). Dessa forma, não
existe uma superioridade do casamento sobre a união estável, devendo os dois institutos
serem equiparados.

Essa tese foi acolhida pelo STF? O art. 1.790 do CC, que trata sobre a sucessão do
companheiro, é inconstitucional? SIM. O STF entendeu que o art. 1.790 do Código Civil de
2002 é inconstitucional.

Mudanças na noção tradicional de família: O regime sucessório sempre buscou proteger a


família do falecido. A noção tradicional de família esteve ligada durante muito tempo à ideia
de casamento. Vale ressaltar que esse modelo passou a sofrer alterações, principalmente
durante a segunda metade do século XX, quando o laço formal do matrimônio passou a ser
substituído pela afetividade e por um projeto de vida em comum.

CF/88 protege diferentes modalidades de família: A CF/88 prevê não apenas a família
decorrente do casamento (família matrimonial), sendo protegidas outras modalidades de
família. Umas das espécies de família protegidas pela Constituição é a família derivada da
união estável, seja ela hetero ou homoafetiva. Isso está expresso no § 3º do art. 226 da CF/88:
Art. 226 (...)
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o
homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão
em casamento.

Código Civil de 2002 regrediu no tratamento do tema: O legislador, cumprindo a vontade


constituinte, editou duas leis ordinárias que equiparavam os regimes jurídicos sucessórios do
casamento e da união estável (Lei 8.971/94 e Lei 9.278/96). O CC/02, no entanto, regrediu no
tratamento do tema e “desequiparou”, para fins de sucessão, o casamento e a união estável,
fazendo com que o(a) companheiro(a) do falecido tivesse uma proteção bem menor do que
aquela que é conferida ao cônjuge. Dessa forma, o CC/02 promoveu verdadeiro retrocesso,
criando uma hierarquização entre as famílias, o que não é admitido pela Constituição, que
trata todas as famílias com o mesmo grau de valia, respeito e consideração.

Princípios constitucionais violados: Dessa forma, o art. 1.790 do CC é inconstitucional


porque viola:
 o princípio da igualdade;
 a dignidade da pessoa humana;
 o princípio da proporcionalidade (na modalidade de proibição à proteção deficiente)
e
 o princípio da vedação ao retrocesso.

Já que o art. 1.790 é inconstitucional, o que se deve fazer no caso de sucessão de


companheiro? Quais as regras que deverão ser aplicadas caso um dos consortes da união
estável morra? O STF entendeu que a união estável deve receber o mesmo tratamento
conferido ao casamento. Logo, em caso de sucessão causa mortis do companheiro deverão
ser aplicadas as mesmas regras da sucessão causa mortis do cônjuge, regras essas que estão
previstas no art. 1.829 do CC.

O STF apreciou o tema em sede de recurso extraordinário submetido à repercussão geral e


fixou a seguinte tese:
No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a diferenciação de regimes
sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os
casos, o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil. STF. Plenário. RE
646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso e RE
878694/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 10/5/17 (repercussão geral) (Info
864).

Assim, no art. 1.829 do CC, onde se lê: “cônjuge”, deve-se agora ler: “cônjuge ou
companheiro(a)” Como consequência dessa decisão, o companheiro passa a ser considerado
herdeiro necessário.

7.2. A capacidade de suceder é regida pela lei da época da abertura da sucessão – (Info
741)

O art. 377 do CC-1916 previa que o filho adotivo, nessa situação, não tinha direito à
sucessão hereditária. Essa regra vigorou e foi válida até a promulgação da CF/88, quando,
então, não foi recepcionada pelo art. 227, § 6º.
Se a morte ocorreu antes da CF/88, o juiz, ao analisar se a pessoa tem ou não capacidade
para suceder (ser herdeiro), deverá levar em consideração o art. 377 do CC-1916, não
podendo ser aplicado retroativamente o disposto no art. 227, § 6º, da CF/88 para considerar
o art. 377 inválido.
STF. Plenário. AR 1811/PB, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli,
julgado em 3/4/2014 (Info 741)

8. ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA


8.1. Ensino privado e acesso a pessoas com deficiência – (Info 829) – IMPORTANTE!!!

São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei 13.146/15, que determinam que as
escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com
deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação.
STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 9/6/16 (Info 829).

9. DIREITOS AUTORAIS
9.1. A Lei nº 12.853/2013, que modificou a Lei nº 9.610/98, é constitucional – (Info 845)

A Lei nº 9.610/98 regulamenta os direitos autorais no Brasil.


A Lei 12.853/13 modificou a Lei 9.610/98 com o objetivo de alterar diversas regras sobre a
gestão coletiva dos direitos autorais.
Foram ajuizadas duas ações diretas de inconstitucionalidade contra a novidade legislativa.
O STF, contudo, julgou as ações inteiramente improcedentes, afirmando que as alterações
implementadas pela Lei 12.853/13 são válidas e não violam a CF/1988.
STF. Plenário. ADI 5062/DF e ADI 5065/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 27/10/16 (Info 845).

10. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA


10.1. Desnecessidade de registro do contrato de alienação fiduciária de veículos no RTD –
(Info 804) – IMPORTANTE!!! – (TJRJ-2016)

Quando for realizada a alienação fiduciária de um veículo, o contrato deverá ser registrado
no DETRAN e esta informação constará no CRV do automóvel.
É desnecessário o registro do contrato de alienação fiduciária de veículos em cartório.
STF. Plenário. RE 611639/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 21/10/15 (repercussão geral).
STF. Plenário. ADI 4333/DF e ADI 4227/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 21/10/15 (Info 804).

11. DPVAT
11.1. Constitucionalidade das leis que reduziram o valor da indenização e vedaram a
cessão de direitos de reembolso por despesas médicas – (Info 764)

São CONSTITUCIONAIS as Leis 11.482/2007 e 11.945/2009 que alteraram as regras sobre o


DPVAT previstas na Lei n. 6.194/74.
A Lei n. 11.482/2007 (fruto da MP 340/2006) reduziu o valor da indenização, fixando-a em
R$ 13.500,00 para o caso de morte ou invalidez. Antes dessa mudança, a indenização era
prevista no valor genérico de 40 salários mínimos.
A Lei n. 11.945/2009 (oriunda da conversão da MP 451/2008) vedou a cessão de direitos do
reembolso por despesas médicas, que antes era admitida na regulamentação do DPVAT.
Inicialmente, questionava-se que tais leis seriam formalmente inconstitucionais porque
teriam violado o art. 62 da CF/88 já que não haveria relevância e urgência para a edição de
MP. O STF, contudo, também não aceitou essa tese. Segundo a Corte, examinar se uma MP
tem relevância e urgência consiste, em regra, em um juízo político (escolha
política/discricionária) de competência do Presidente da República, controlado pelo
Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não
deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP.
Quanto à redução do valor da indenização, o STF entendeu que isso não viola qualquer
norma constitucional, sendo baseado em estudos econômicos que apontaram essa
necessidade. Também não há inconstitucionalidade na regra que proibiu que a pessoa
fizesse a cessão de seu direito ao reembolso pelas despesas médicas efetuadas, tendo sido
essa mudança feita para evitar fraudes.
STF. Plenário. ADI 4627/DF e ADI 4350/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/10/2014
(Info 764).
STF. Plenário. ARE 704520/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/10/2014
(repercussão geral) (Info 764).

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