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Direito Civil STF
Direito Civil STF
DIREITO CIVIL
1. DIREITOS DA PERSONALIDADE
1.1. DIREITO À IMAGEM: Inexistência do direito à indenização em razão da divulgação,
no jornal, de imagem do cadáver morto em via pública – (Info 921) – IMPORTANTE!!!
1.2. NOME: Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem
fazer cirurgia de transgenitalização e mesmo sem autorização judicial – (Info 911) –
IMPORTANTE!!! – (PCGO-2018)
1.3. NOME: Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem
fazer cirurgia de transgenitalização e mesmo sem autorização judicial – (Info 892) –
IMPORTANTE!!! – (MPMG-2018) (Anal. Ministerial/MPPI-2018) (MPPI-2019)
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes,
possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil.
O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero.
A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana e,
como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la.
A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que lhe
foi designada ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta sua
vontade dispõe do direito fundamental subjetivo à alteração do prenome e da
classificação de gênero no registro civil pela via administrativa ou judicial,
independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de tema
relativo ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade.
STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson
Fachin, j. 28/2 e 1º/3/18 (Info 892).
(MPPI-2019-CESPE): De acordo com o STF, é assegurado às pessoas transexuais o direito
à alteração de prenome e gênero em seus registros civis, ainda que o(a) requerente não
faça prova da sua identidade de gênero, que é autopercebida. BL: Info 892, STF e
Provimento 73/2018 do CNJ.
OBS:
Transgênero: É o indivíduo que possui características físicas sexuais distintas das
características psíquicas. É uma pessoa que não se identifica com o seu gênero biológico. A
pessoa sente que ela nasceu no corpo errado. Ex: o menino nasceu fisicamente como menino,
mas ele se sente como uma menina. Assim, o transgênero tem um sexo biológico, mas se
sente como se fosse do sexo oposto e espera ser reconhecido e aceito como tal.
Identidade de gênero: Significa a maneira como alguém se sente e a maneira como deseja ser
reconhecida pelas demais pessoas, independentemente do seu sexo biológico.
“A identidade de gênero se refere à experiência de uma pessoa com o seu
próprio gênero. Pessoas transgênero possuem uma identidade de gênero que é
diferente do sexo que lhes foi designado no momento de seu nascimento.
Uma pessoa transgênero ou trans pode identificar-se como homem, mulher,
trans-homem, trans-mulher, como pessoa não-binária ou com outros termos,
tais como hijra, terceiro gênero, dois-espíritos, travesti,
fa’afafine, gênero queer, transpinoy, muxe, waria e meti. Identidade de gênero é
diferente de orientação
sexual. Pessoas trans podem ter qualquer orientação sexual, incluindo
heterossexual, homossexual, bissexual e assexual.” (Nota Informativa das
Nações Unidas. Disponível em https://unfe.org/system/unfe-91-
Portugese_TransFact_FINAL.pdf?platform=hootsuite)
E se não foi feita a cirurgia? Imagine a seguinte situação hipotética: Mário, pessoa maior de
idade que se identifica como transgênero mulher, ajuizou ação de retificação de registro de
nascimento para troca do prenome e do sexo masculino para o feminino.
Na inicial, narrou que, desde tenra idade, embora nascida com a genitália masculina e nesse
gênero registrada, sempre demonstrara atitudes de criança do sexo feminino. Afirmou que
foi diagnosticada como portadora de "transtorno de identidade de gênero". Mário nunca
realizou a cirurgia de transgenitalização. Alegou que sofre muitos transtornos porque sente-
se como mulher, veste-se como mulher, mas os dados que constam em seus documentos são
masculinos (nome e sexo). Na ação, Mário pediu para que seu prenome seja alterado para
Mariana e seu sexo para feminino. Contudo, o empecilho que encontrou foi pelo fato de que
não fez a cirurgia de transgenitalização nem deseja realizar.
A questão jurídica enfrentada, portanto, pelo STJ foi a seguinte : é possível que o transgênero
altere seu nome e o gênero no assento de registro civil mesmo que não faça a cirurgia de
transgenitalização? SIM. Inicialmente o STJ decidiu que:
O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro
civil não é condicionado à exigência de realização da cirurgia de
transgenitalização. STJ. 4ª Turma. REsp 1.626.739-RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, j. 9/5/2017 (Info 608).
Agora, o STF avançou sobre o tema e, de forma mais ampla, utilizou a expressão
transgênero, afirmando que:
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou
patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo)
diretamente no registro civil. STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, j. 28/2 e 1º/3/18 (Info 892).
Fundamentos jurídicos:
Constituição Federal
• direito à dignidade (art. 1º, III, da CF);
• direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem (art. 5º, X, da CF).
Interpretação conforme a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica: O art. 58 da Lei
nº 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos) prevê:
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por
apelidos públicos notórios.
O STF, contudo, afirmou que se deve fazer uma nova interpretação desse art. 58 à luz da
Constituição Federal e do Pacto de São José da Costa Rica.
Vimos acima que o transgênero não precisa fazer cirurgia para requerer a alteração do
prenome e do sexo. Ok. Uma última pergunta, apenas para não ficar dúvidas: a pessoa
transgênera precisa de autorização judicial para essa alteração? NÃO. O STF entendeu que
exigir do transgênero a via jurisdicional para realizar essa alteração representaria limitante
incompatível com a proteção que se deve dar à identidade de gênero. O pedido de
retificação é baseado unicamente no consentimento livre e informado do solicitante, sem a
necessidade de comprovar nada.
1.4. TEMAS DIVERSOS: Ensino privado e acesso a pessoas com deficiência – (Info 829) –
IMPORTANTE!!! – (TJPR-2017)
São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei 13.146/15, que determinam que as
escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com
deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação.
STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j 9/6/16 (Info 829).
(TJPR-2017-CESPE): A respeito da ordem e dos direitos sociais previstos na CF, assinale
a opção correta: É constitucional norma que obriga escolas privadas a oferecer
atendimento adequado a pessoas com deficiência, vedado o repasse do custo financeiro
da adaptação às mensalidades escolares. BL: Info 829, STF.
Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo
biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização
prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão
consagrada pela CF/88. As exatas palavras do STF foram as seguintes:
“É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas
literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas
retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”.
Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus
direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não
apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a
publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc.
STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 10/6/2015 (Info 789).
(Proc./UNICAMP-2018-VUNESP): Um escritor pretende publicar uma biografia não
autorizada de um ex-jogador de futebol. Este, sabendo da intenção do escritor, notifica-o
extrajudicialmente, ordenando que o livro não seja publicado. É possível afirmar
corretamente: o livro pode ser publicado sem prévia autorização do ex-jogador e não
pode ser recolhido por decisão judicial, podendo o ex-jogador requerer reparação civil ou
direito de resposta, nos termos da lei. BL: ADI 4815, STF.
OBS:
Interpretação literal do art. 20 do CC : As biografias não-autorizadas seriam proibidas, já que
elas constituiriam na divulgação ou publicação da imagem-atributo do biografado sem que
este tenha dado seu consentimento. Diante disso, o biografado poderia, invocando seu direito
à imagem e à vida privada, pleitear judicialmente providências para impedir ou fazer cessar
essa publicação (art. 21 do CC). Em outras palavras, o biografado poderia impedir a
produção da biografia ou, se ela já estivesse pronta, a sua comercialização. O exemplo mais
emblemático de disputa judicial envolvendo o tema ocorreu no caso do cantor Roberto
Carlos, que processou o jornalista e escritor Paulo Cesar de Araújo, autor de sua biografia
não-autorizada chamada de “Roberto Carlos em detalhes” e que havia sido lançada em
dezembro de 2006 pela Editora Planeta, sendo proibida pela Justiça em abril de 2007.
ADI 4815: Em 2012, a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) ajuizou uma ação
direta de inconstitucionalidade no STF com o objetivo de declarar a inconstitucionalidade
parcial dos arts. 20 e 21 do Código Civil. O pedido principal da autora foi para que o STF
desse interpretação conforme a Constituição e declarasse que não é necessário o
consentimento da pessoa biografada para a publicação ou veiculação de obras biográficas,
literárias ou audiovisuais.
Liberdade de expressão: A CF/88 consagra a liberdade de expressão em seu art. 5º, IX,
prevendo que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença”. No art. 220, § 2º, a Carta afirma que é “vedada toda e
qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. Desse modo, uma regra
infraconstitucional (Código Civil) não pode abolir o direito de expressão e criação de obras
literárias.
2. BEM DE FAMÍLIA
2.1. Impenhorabilidade do bem de família e contratos de locação comercial – (Info 906) –
IMPORTANTE!!!
3. PESSOAS JURÍDICAS
3.1. AUTONOMIA DAS ENTIDADES DESPORTIVAS: O art. 59 do CC é compatível
com a autonomia conferida aos clubes pelo art. 217, I, da CF/88 – (Info 853)
4. USUCAPIÃO
4.1. Pode ser deferida usucapião especial urbana ainda que a área do imóvel seja inferior
ao módulo mínimo dos lotes urbanos previsto no plano diretor – (Info 783)
5. ALIMENTOS
5.1. Prisão civil não serve para cobrança de débitos pretéritos – (Info 857)
O juiz poderá decretar a prisão civil de João neste caso? NÃO. A sentença de exoneração da
prestação de alimentos não tem efeitos retroativos. Isso significa que, mesmo tendo ficado
exonerado de pagar a pensão a partir de julho de 2015, o pai possui uma dívida que vai de
julho de 2013 a julho de 2015. Este débito continua podendo ser exigido, no entanto, não é
possível que se decrete a prisão civil do devedor para cobrar essa dívida.
A CF/88 (art. 5º, LXVII) só admite a prisão por dívida decorrente de pensão alimentícia
quando a não prestação é voluntária e inescusável: "LXVII - não haverá prisão civil por
dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel;"
Com base nessa orientação, a 2ª Turma concedeu habeas corpus de ofício a determinado
devedor que estava preso por não ter pago a pensão alimentícia, mas provou, no caso
concreto, que estava desempregado. Os Ministros entenderam que o inadimplemento não
foi voluntário em virtude da situação de desemprego.
STF. 2ª Turma. HC 131554/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/12/2015 (Info 812).
OBS: Situação decidida com base no caso concreto. Não significa que sempre que o devedor
estiver desempregado, ele estará dispensado de pagar a pensão alimentícia. Ex: ele pode não
estar trabalhando, mas possuir outras fontes de renda, como alugueis, investimentos etc.
Neste caso, continuará tendo a obrigação de pagar, podendo, inclusive, ser preso em caso de
inadimplemento.
6. FILIAÇÃO
6.1. PARENTESCO: Paternidade socioafetiva não exime de responsabilidade o pai
biológico – (Info 840) – IMPORTANTE!!! – (DPU-2017) (TJMT-2018) (DPEAP-2018) (Anal.
Ministerial/MPPI-2018)
Contestação: Os herdeiros de Pedro alegaram que o Código Civil prevê que apenas João (o
marido) poderia questionar o vínculo de filiação, conforme preconizado pelo art. 1.601:
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos
nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.
Assim, se o marido não questiona a filiação, deve-se presumir que os filhos nascidos durante
o casamento são filhos do marido, nos termos do art. 1.597, I, do CC, que prevê a presunção
de paternidade do marido (pater is est quem nuptiae demonstrant). Confira:
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a
convivência conjugal;
7. SUCESSÕES
7.1. SUCESSÃO LEGÍTIMA: Em caso de sucessão causa mortis do companheiro deverão
ser aplicadas as mesmas regras da sucessão causa mortis do cônjuge – (Info 864) –
IMPORTANTE!!! – (DPU-2017) (MPMG-2018)
OBS:
Sucessão legítima: É a transmissão do patrimônio do falecido para os seus herdeiros,
segundo uma ordem, que é chamada de ordem de vocação hereditária, sendo prevista no art.
1.829 do Código Civil.
O cônjuge vai ter direito à herança se o falecido deixou descendentes? Ex: João, casado com
Maria, morreu e deixou dois filhos (Pedro e Tiago). Maria terá direito à herança? O cônjuge é
herdeiro necessário (art. 1.845 do CC). Assim, se a pessoa morrer e for casada, em regra, seu
cônjuge terá direito à herança. Vale ressaltar, no entanto, que, se o falecido tiver deixado
descendentes (filhos, netos etc.), a viúva poderá não ter direito à herança, a depender do
regime de bens. A regra está no art. 1.829, I, do CC:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
Esse inciso é muito confuso e mal redigido, o que gera bastante polêmica na doutrina e
jurisprudência. O que se pode extrair dele é o seguinte: o cônjuge é herdeiro necessário, mas
há situações em que a lei deu primazia (preferência) para os descendentes do morto. Assim,
foram previstos alguns casos em que o cônjuge, a depender do regime de bens, não irá ter
direito à herança, ficando esta toda com os descendentes. Vejamos:
1) Situações em que o cônjuge herda 2) Situações em que o cônjuge não
em concorrência com os herda em concorrência com os
descendentes descendentes
Regime da comunhão parcial de Regime da comunhão parcial de
bens, existirem bens particulares do bens, se não havia bens particulares
falecido. do falecido.
Regime da separação convencional Regime da separação legal
de bens (é aquela que decorre de (obrigatória) de bens (é aquela
pacto antenupcial). prevista no art. 1.641 do CC).
Regime da comunhão universal de
bens.
Voltando ao exemplo: João, casado com Maria, morreu e deixou dois filhos Pedro e Tiago. Se,
por exemplo, Maria era casada com João sob o regime da separação convencional de bens,
ela terá direito, juntamente com Pedro e Tiago, à herança deixada pelo marido. Por outro
lado, se Maria era casada com João sob o regime da comunhão universal de bens, ela não
terá direito à herança. Neste caso ela será meeira, mas não herdeira. Se os consortes são
casados no regime da comunhão universal, isso significa que, quando a pessoa morre, seu
cônjuge tem direito à meação, ou seja, metade dos bens do falecido já pertencem
obrigatoriamente ao cônjuge supérstite. A outra metade é que será a herança.
Ora, o legislador pensou o seguinte: “se o cônjuge já vai ter direito à metade dos bens pelo
fato de ser meeiro, não é justo que ele também tenha parte da outra metade em prejuízo dos
descendentes; vamos excluir o cônjuge da herança para que ela fique toda para os
descendentes.”
O cônjuge vai ter direito à herança se o falecido não deixou descendentes, mas deixou
ascendentes? Ex: João, casado com Maria, morre sem deixar filhos ou netos, mas deixou pai e
mãe. Como será feita a divisão da herança? Neste caso, o cônjuge sobrevivente herdará em
concorrência com os ascendentes. Logo, em nosso exemplo, Maria receberá 1/3 da herança,
o pai de João 1/3 e a mãe o 1/3 restante. Vale ressaltar que aqui não importa qual era o
regime de bens do casal.
Regras da sucessão do cônjuge: Essas regras acima explicadas envolvendo a sucessão causa
mortis do cônjuge estão previstas no art. 1.829 do Código Civil:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
E o companheiro do falecido (união estável), tem direito à herança? O que o CC/02 previu
sobre o tema? O CC/02 trouxe as regras sobre a sucessão do companheiro no art. 1.790:
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,
quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que
por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade
do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da
herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
Ao se comparar este art. 1.790 com o art. 1.829 do CC veremos que o legislador trouxe regras
muito mais desvantajosas para o companheiro do que para o cônjuge do falecido.
Um exemplo ilustra bem essa diferença de tratamento: pelo art. 1.790 do CC, se o falecido
deixar a companheira e um tio, por exemplo, esse tio iria herdar 2/3 da herança e a
companheira apenas 1/3.
Essa tese foi acolhida pelo STF? O art. 1.790 do CC, que trata sobre a sucessão do
companheiro, é inconstitucional? SIM. O STF entendeu que o art. 1.790 do Código Civil de
2002 é inconstitucional.
CF/88 protege diferentes modalidades de família: A CF/88 prevê não apenas a família
decorrente do casamento (família matrimonial), sendo protegidas outras modalidades de
família. Umas das espécies de família protegidas pela Constituição é a família derivada da
união estável, seja ela hetero ou homoafetiva. Isso está expresso no § 3º do art. 226 da CF/88:
Art. 226 (...)
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o
homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão
em casamento.
Assim, no art. 1.829 do CC, onde se lê: “cônjuge”, deve-se agora ler: “cônjuge ou
companheiro(a)” Como consequência dessa decisão, o companheiro passa a ser considerado
herdeiro necessário.
7.2. A capacidade de suceder é regida pela lei da época da abertura da sucessão – (Info
741)
O art. 377 do CC-1916 previa que o filho adotivo, nessa situação, não tinha direito à
sucessão hereditária. Essa regra vigorou e foi válida até a promulgação da CF/88, quando,
então, não foi recepcionada pelo art. 227, § 6º.
Se a morte ocorreu antes da CF/88, o juiz, ao analisar se a pessoa tem ou não capacidade
para suceder (ser herdeiro), deverá levar em consideração o art. 377 do CC-1916, não
podendo ser aplicado retroativamente o disposto no art. 227, § 6º, da CF/88 para considerar
o art. 377 inválido.
STF. Plenário. AR 1811/PB, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli,
julgado em 3/4/2014 (Info 741)
São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei 13.146/15, que determinam que as
escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com
deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação.
STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 9/6/16 (Info 829).
9. DIREITOS AUTORAIS
9.1. A Lei nº 12.853/2013, que modificou a Lei nº 9.610/98, é constitucional – (Info 845)
Quando for realizada a alienação fiduciária de um veículo, o contrato deverá ser registrado
no DETRAN e esta informação constará no CRV do automóvel.
É desnecessário o registro do contrato de alienação fiduciária de veículos em cartório.
STF. Plenário. RE 611639/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 21/10/15 (repercussão geral).
STF. Plenário. ADI 4333/DF e ADI 4227/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 21/10/15 (Info 804).
11. DPVAT
11.1. Constitucionalidade das leis que reduziram o valor da indenização e vedaram a
cessão de direitos de reembolso por despesas médicas – (Info 764)