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Universidade Potiguar - UnP

Curso de Engenharia Civil


Disciplina: Construção Rodo Ferroviária

Aula nº. 17
Pavimentação
Dimensionamento de Pavimentos Rígidos
Cálculo pelo processo do PCA/1966 (Consumo de Resistência à Fadiga)

O pavimento é dimensionado em função de três


fatores:

O Tráfego - é dimensionado em função de dados estatísticos de sua composição, a


saber: volume inicial diário médio (V1), taxa anual de crescimento de tráfego (t), distribuição
percentual do tráfego e distribuição das cargas por eixo, por classe de veículo. Com base nestes
dados calcula-se inicialmente o número total de veículos (Vt) que passam na rodovia, durante o
período de projeto (P).

Vt é o volume total de tráfego em um sentido, durante o período de projeto

Vt = 365 X P X Vm onde:

P é o período de projeto em anos


Vm é o volume médio diário de tráfego num sentido, durante o período de
projeto

Para um crescimento anual linear ou em progressão aritmética

Vm =

Para um crescimento anual não linear ou em progressão geométrica

 t P 
V  1 +   1
1  100  
Vm =   onde:
t
P
100

V1 é o volume médio diário de tráfego num sentido, no ano da


inauguração da rodovia
t é a taxa de crescimento anual

Distribuição percentual do tráfego, por classe de veículo (DNER)

Classe de Veículo Fator de Eixo (Fe) Percentual (pi)


Carros de Passeio 2 Pesquisa de tráfego
Caminhões Leves 2 Pesquisa de tráfego
Ônibus 2 Pesquisa de tráfego
Caminhões Médios 2 Pesquisa de tráfego
Caminhões Pesados 2 Pesquisa de tráfego
Reboques e Semi-reboques 3 Pesquisa de tráfego

tabela 1

Distribuição das cargas por eixo, por classe de veículo (DNER)

Cargas por eixo (t) Percentual (pji) Freqüência (nji)


9 Pesquisa de tráfego Calculado
8 Pesquisa de tráfego Calculado
7 Pesquisa de tráfego Calculado
6 Pesquisa de tráfego Calculado
5 Pesquisa de tráfego Calculado
4 Pesquisa de tráfego Calculado

tabela 2

Freqüência nji = pji X N


Número de eixos N = pi X Vt X Fe /100

Fatores de Segurança – Com a finalidade de compensar as possíveis deficiências de avaliação


da grandeza das cargas solicitantes e da projeção do tráfego, o método recomenda os seguintes
níveis de fator de segurança de carga (Fsc).

Situação Fsc
Auto estradas, mais duas faixas/pista, tráfego intenso caminhões pesados 1,2
Rodovias e vias urbanas, tráfego moderado de caminhões pesados 1,1
Estradas rurais, ruas residenciais, pequeno tráfego de caminhões 1,0

Suporte da Fundação - É estabelecido em função do Coeficiente de Recalque (K),


também chamado de Módulo de Westergaard, ou Módulo de Reação. Admite-se que a pressão
exercida pelo tráfego em qualquer ponto da fundação, seja diretamente proporcional à deflexão
da placa de concreto naquele ponto. O Coeficiente de Recalque (K) é a constante de
proporcionalidade desta deflexão.

A tabela abaixo pode ser usada na avaliação prévia dos valores do K, em função do tipo
de solo, segundo a classificação da AASHTO-BPR M145, para cálculos preliminares de
orçamento.

Tipo de Solo Coeficiente de Recalque (K) – (Mpa/m)


A1-a  110
A1-b 70 a 165
A2-4, A2-5  80
A2-6, A2-7 50 a 90
A3 55 a 90
A4 25 a 80
A5  50
A6  60
A7-5, A7-6  60

No caso de projetos de menor importância, quando não disponível meios para a


determinação dos valores exatos do K, pode-se utilizar gráfico ou tabela onde se correlaciona os
valores do Índice de Suporte Califórnia (CBR) e o seu respectivo Coeficiente de Recalque do
Solo (K) de subleito.

Suporte do Subleito
CBR (%) K (Mpa/m)
2 16
3 24
4 30
5 34
6 38
7 41
8 44
9 47
10 49
11 51
12 53
13 54
14 56
15 57
16 59
17 60
18 61
19 62
20 63

É prática vastamente utilizada nos projetos de pavimento rígido, o uso de sub-base com
os objetivos de:
 Proporcionar suporte uniforme e constante
 Eliminar a ocorrência do fenômeno de bombeamento dos finos do subleito,
responsável por boa parte da ruína dos antigos pavimentos de concreto
 Reduzir a espessura da placa de concreto em função do aumento do K, que passa
agora a ser considerado no topo da camada de sub-base

Aumento do valor do K, devido a presença de Sub-base granular. Ver tabela abaixo:


K no topo Subleito K no topo da Sub-base com espessuras de:
CBR (%) K (Mpa/m) 10 cm 15 cm 20 cm 30 cm
2 16 19 22 27 33
3 24 27 31 37 45
4 30 34 38 44 54
5 34 38 42 49 59
6 38 42 46 53 65
7 41 45 50 56 69
8 44 48 53 60 72
9 47 52 56 63 76
10 49 54 58 65 79
11 51 56 60 67 81
12 53 58 62 69 84
13 54 59 63 70 85
14 56 61 65 72 87
15 57 62 66 73 88
16 59 64 68 75 91
17 60 65 69 76 92
18 61 66 70 77 93
19 62 67 71 78 94
20 63 68 72 79 96

Propriedades do Concreto – Nos pavimentos rígidos, a espessura da placa de


concreto é diretamente proporcional às tensões de tração na flexão a que esta peça está
submetida, em razão dos esforços provenientes do tráfego. Portanto é importante se conhecer a
relação destas tensões e a resistência do concreto à tração na flexão.
A relação entre à tensão de tração na flexão devida à carga e a resistência característica
à tração na flexão do concreto (aos 28 dias, igual a 4,5 Mpa), se encontra na tabela abaixo:

Relação de Tensões No. Admissível de Repetições de Carga


0,50 ilimitado
0,51 400.000
0,52 300.000
0,53 240.000
0,54 180.000
0,55 130.000
0,56 100.000
0,57 75.000
0,58 57.000
0,59 42.000
0,60 32.000
0,61 24.000
0,62 18.000
0,63 14.000
0,64 11.000
0,65 8.000
0,66 6.000
0,67 4.500
0,68 3.500
0,69 2.500
0,70 2.000
0,71 1.500
0,72 1.100
0,73 850
0,74 650
0,75 490
0,76 360
0,77 270
0,78 210
0,79 160
0,80 120
0,81 90
0,82 70
0,83 50
0,84 40
0,85 30

Exercício:

1) Dimensionar o pavimento para uma rodovia de pista simples, com duas faixas, para
um tráfego inicial médio diário (no 1º ano de vida do pavimento), em um sentido, igual
a 1972 veículos comerciais. A taxa aritmética de crescimento do tráfego será de 5%
ao ano, durante o período de projeto de 20 anos. Considerar a construção de uma
sub-base granular com 15 cm de espessura e CBR do subleito igual a 6%. A
composição do tráfego é apresentado nos quadros a seguir:

Distribuição percentual do tráfego, por classe de veículo (DNER)


Classe de Veículo Fator de Eixo (Fe) Percentual (pi)
Ônibus 2 26,7
Caminhões Médios 2 33,3
Caminhões Pesados 2 33,3
Reboques e Semi-reboques 3 6,7
Total 100,0

Foram desprezadas as solicitações de carros de passeio e de caminhões leves


Distribuição das cargas por eixo, por classe de veículo (DNER) – Ônibus
Cargas por eixo (t) Percentual (pji) Freqüência (nji)
Eixos Simples
9 3
8 18
7 11
 6 68

Distribuição das cargas por eixo, por classe de veículo (DNER) – Caminhões Médios
Cargas por eixo (t) Percentual (pji) Freqüência (nji)
Eixos Simples
12 2
11 2
10 4
9 9
8 7
7 3
 6 73

Distribuição das cargas por eixo, por classe de veículo (DNER) – Caminhões Pesados
Cargas por eixo (t) Percentual (pji) Freqüência (nji)
Eixos Simples
 6 51
Eixos Tandem Duplos
22 1
21 1
20 2
19 8
17 6
 16 14
Eixos Tandem Triplos
28 2
26 2
24 1
 20 2

Distribuição das cargas por eixo, por classe de veículo (DNER) – Reboques e Semi-reboques
Cargas por eixo (t) Percentual (pji) Freqüência (nji)
Eixos Simples
13 3
12 5
11 6
10 5
9 8
8 7
7 4
 6 46
Eixos Tandem Duplos
21 1
19 3
17 2
 16 5
Eixos Tandem Triplos
27 3
26 1
 20 1

Solução:
O Tráfego
Passo 1 - Cálculo do Volume total de veículos comerciais ao longo do período de
projeto (Vt)

Vt = 365 X P X Vm
e Vm = para crescimento aritmético do tráfego

Vm = veículos comerciais/dia (média)

Vt = 365 X P X Vm então Vt = 365 X 20 X 2909, Vt = 21.235.700 veículos

Passo 2 – Cálculo da Frequência de cargas por eixo

Ônibus
Número de eixos N = pi X Vt X Fe /100  N = 26,7 X 21.235.700 X 2 / 100
N = 11.339.863 eixos
Freqüência nji = pji X N  nji  nji = 0,03 X 11.339.863 = 340.196

Ônibus
Cargas por eixo (t) Percentual (pji) Freqüência (nji)
Eixos Simples
9 3 340.196
8 18 2.041.175
7 11 1.247.385
 6 68 7.711.108

Caminhões Médios
Número de eixos N = pi X Vt X Fe /100  N = 33,3 X 21.235.700 X 2 / 100
N = 14.142.976 eixos
Freqüência nji = pji X N  nji  nji = 0,02 X 14.142.976 = 282.860
Caminhões Médios
Cargas por eixo (t) Percentual (pji) Freqüência (nji)
Eixos Simples
12 2 282.860
11 2 282.860
10 4 565.719
9 9 1.272.868
8 7 990.008
7 3 424.289
 6 73 10.465.802

Caminhões Pesados
Número de eixos N = pi X Vt X Fe /100  N = 33,3 X 21.235.700 X 2 / 100
N = 14.142.976 eixos
Freqüência nji = pji X N  nji  nji = 0,51 X 14.142.976 = 7.212.918
Caminhões Pesados
Cargas por eixo (t) Percentual (pji) Freqüência (nji)
Eixos Simples
 6 51 7.212.918
Eixos Tandem Duplos
22 1 141.430
21 1 141.430
20 2 282.860
19 8 1.131.440
17 6 848.579
 16 14 1.980.017
Eixos Tandem Triplos
28 2 282.860
26 2 282.860
24 1 141.430
 20 2 282.860

Reboques e Semi-reboques
Número de eixos N = pi X Vt X Fe /100  N = 6,7 X 21.235.700 X 3 / 100
N = 4.268.376 eixos
Freqüência nji = pji X N  nji  nji = 0,03 X 4.268.376 = 128.051
Reboques e Semi-reboques
Cargas por eixo (t) Percentual (pji) Freqüência (nji)
Eixos Simples
13 3 128.051
12 5 213.419
11 6 256.103
10 5 213.419
9 8 341.470
8 7 298.786
7 4 170.735
 6 46 1.963.453
Eixos Tandem Duplos
21 1 42.684
19 3 128.052
17 2 85.368
 16 5 213.419
Eixos Tandem Triplos
27 3 128.051
26 1 42.684
 20 1 42.684

Passo 3 – Quadro resumo do tráfego

Cargas por eixo (t)  Freqüência (nji)


Eixos Simples
13 128.051
12 496.279
11 538.963
10 779.138
9 1.954.534
8 3.329.969
7 1.824.409
 6 27.353.271
Eixos Tandem Duplos
22 141.430
21 184.114
20 282.860
19 1.259.492
17 933.947
 16 1.980.017
Eixos Tandem Triplos
28 282.860
27 128.051
26 325.544
24 141.430
 20 325.544

A Fundação do pavimento
Passo 4 – Obtenção do Coeficiente de recalque K

K no topo Subleito K no topo Sub-base


CBR (%) K (Mpa/m) 15 cm
6 38 46

Cálculo da Espessura de Pavimentos de Concreto (Método PCA 1966)


Subleito = 38 Mpa/m Tipo Sub-base = Brita graduada Espessura = 15 cm
Sistema Subleito/Sub-base = Ksist = 46 Mpa/m Fsc = 1,2
Espessura da placa tentada = 22 cm FctM,K = 4,5 MPa

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)


Carga por Carga por Tensão na Relação No. Repetições No. Repetições Consumo
Eixo (tf) Eixo X Fsc placa de Admissíveis Previstas Resistência
(tf) (Mpa) Tensões Fadiga
Eixos Simples
13 15,6 2,3 0,51 400.000 128.051 32,01
12 14,4 2,2 < 0,50 ilimitado 496.279 00,00
Subtotal 32,01
Cálculo da Espessura de Pavimentos de Concreto (Método PCA 1966)
Subleito = 38 Mpa/m Tipo Sub-base = Brita graduada Espessura = 15 cm
Sistema Subleito/Sub-base = Ksist = 46 Mpa/m Fsc = 1,2
Espessura da placa tentada = 22 cm FctM,K = 4,5 MPa

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)


Carga por Carga por Tensão na Relação No. Repetições No. Repetições Consumo
Eixo (tf) Eixo X Fsc placa de Admissíveis Previstas Resistência
(tf) (Mpa) Tensões Fadiga
Eixos Tandem Duplos
22 26,4 2,5 0,56 100.000 141.430 141,4
21 25,2 2,4 0,53 240.000 184.114 76,7
20 24,0 2,3 0,51 400.000 282.860 70,7
19 22,8 2,1 < 0,50 ilimitado 1.259.492 00,0
Subtotal 288,8

Resposta:
O pavimento terá:
R eves t im e nt o em C B UQ co m 7 ,5 cm

B ase gr an ula r c om 15 ,0 c m

Su b - ba se g r an ula r c om 16 ,0 cm

R ef or c o do S ubl ei t o c om 32 ,0 cm
Cálculo da Espessura de Pavimentos de Concreto (Método PCA 1966)
Subleito = 38 Mpa/m Tipo Sub-base = Brita graduada Espessura = 15 cm
Sistema Subleito/Sub-base = Ksist = 46 Mpa/m Fsc = 1,2
Espessura da placa tentada = 22 cm FctM,K = 4,5 MPa

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)


Carga por Carga por Tensão na Relação No. Repetições No. Repetições Consumo
Eixo (tf) Eixo X Fsc placa de Admissíveis Previstas Resistência
(tf) (Mpa) Tensões Fadiga
Eixos Tandem Triplos
28 33,6 2,0 < 0,50 ilimitado 282.860 00,0
Subtotal 00,0
Total 331,5

Conclusão: 331,50 > 100%, portanto a espessura de 22 cm não passa.

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