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BR
BRASIL · ANO 25 · Nº 296 · R$ 18,00 · € 4.00

GUIA DE
COMPRAS

2019
JATOS, TURBO-HÉLICES
E HELICÓPTEROS
ISSN 0104-6233

ESPECIAL COMPRAR, FRETAR OU COMPARTILHAR?


DICAS PARA IMPORTAR SUA AERONAVE | COMO LER DADOS DE PERFORMANCE
VOE SEGURO O QUE UM PILOTO DEVE SE PERGUNTAR ANTES DE DECOLAR
EXCLUSIVO RADIOGRAFIA DA FROTA NACIONAL DE AVIAÇÃO GERAL
CARNAVAL ROTEIRO TURÍSTICO PARA VOCÊ E SEU AVIÃO
OPERAÇÕES SIMULTÂNEAS MUDANÇAS NO GRU | 50 ANOS DO BANDEIRANTE
F O N E D E O U V I D O A 2 0 AV I AT I O N

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E D ITO R I A L

VENDAS AERO MAGAZINE


BRASIL · ANO 25 · Nº 296 · 2019

REAQUECIDAS
DIREÇÃO
Publisher
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br

Diretora de Operações
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br

O
REDAÇÃO
s ventos de 2019 parecem favoráveis para o voo no Brasil. Editor-chefe
Giuliano Agmont - giuliano@aeromagazine.com.br
Com perspectiva de retomada da economia após a eleição
Repórter
de um novo governo e o consequente arrefecimento Edmundo Ubiratan - edmundo@aeromagazine.com.br

das incertezas políticas, as vendas de aeronaves no país devem se Colaboradores


Cássio Polli, Cláudio Lucchesi, David Clark, Felipe Lima,
reaquecer, seguindo a tendência do PIB. Neste cenário, preparamos Ivana Carraro, Marcelo Migueres, Miguel Ângelo Rodeguero,
Rodrigo Duarte e Shailon Ian
pelo quinto ano consecutivo nosso Guia de Compras, com
ARTE
aeronaves homologadas à venda no mercado brasileiro, totalizando Diretor de Arte
Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br
176 modelos. São jatos, turbo-hélices e helicópteros para as mais Assistente de Arte
variadas missões. Aldeniei Flávio Gomes Santos - arte@innereditora.com.br

Como suporte para esta edição especial, publicamos artigos PUBLICIDADE / ADVERTISING
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de diferentes especialistas na área de compra e venda de aeronaves
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modalidades de uso de um avião ou helicóptero, preparamos um INTERNATIONAL SALES


Estados Unidos
roteiro detalhado para importar e registrar sua aeronave sem dor Inner Publishing - sales@innerpublishing.net
Marketing - marketing@innereditora.com.br
de cabeça, analisamos o atual cenário de mercado e fazemos um
FINANCEIRO
balanço do perfil da frota nacional nos últimos quatro anos. É financeiro@innereditora.com.br

uma referência e tanto para quem planeja trocar sua aeronave ou PRODUÇÃO
Baunilha Editorial
ingressar na aviação de negócios.
ASSINATURAS
Ainda em clima de início de ano e férias, preparamos uma assinaturas@innereditora.com.br
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folia ou fugir dela.
IMPRESSÃO
Por fim, prestamos uma homenagem aos 50 anos do EGB - Editora Gráfica Bernardi

Bandeirante, o primeiro avião brasileiro certificado de sucesso. DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA O BRASIL
Total Publicações
Projetado, produzido e lançado pela Embraer, o EMB-110 deu o
AERO Magazine é uma publicação
impulso para que o fabricante de São José dos Campos se tornasse mensal da INNER Editora Ltda.

o que é hoje. www.aeromagazine.com.br

A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões,


ideias e conceitos emitidos nos textos publicados e
Bom voo, assinados na revista AERO Magazine, por serem de inteira
responsabilidade de seu(s) autor(es).

Giuliano Agmont e Christian Burgos


Nós também geramos uma audiência impressionante.

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SUMÁRIO 18
8

34
4

18 ESPECIAL 38 ESPECIAL

Comprar, fretar ou Como interpretar


compartilhar uma aeronave? os dados de performance

26 ESPECIAL 41 GUIA DE COMPRAS 2019

Um levantamento exclusivo da frota Jatos, turbo-hélices


nacional nos últimos quatro anos e helicópteros homologados

30 ESPECIAL 52 AEROTURISMO

Uma retomada acelerada da Um roteiro completo para


venda de aviões e helicópteros quem vai viajar no Carnaval

34 ESPECIAL 62 PILOTAGEM

Dicas para importar As perguntas que um piloto


e registrar uma aeronave deve se fazer antes de decolar
76

66 IN DÚ S TR I A

As perspectivas do ano que SEÇÕES


começa para a aviação

08 FIR ST C LASS

72 I NF R A E STR U TU RA
10 CURI OSIDADES
As operações segregadas
no aeroporto de Guarulhos 12 AERO R ES PONDE

14 NA REDE

76 H IS TÓR I A
82 AEROCLICK SPOTTER
Os 50 anos do
desbravador Bandeirante
FIRST CL A SS

AS SI ETRIA ICÔNICA
Com mite de 250 peças, a edição especial dos 25 anos
do i nico Lange 1 criada pela A. Lange & Söhne tem
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GIGANTE GE N TIL
O M/Y Najiba é um iate de alumínio
de 58 metros de comprimento com
velocidade máxima de 12 nós. A
embarcação consume 11,5 litros SUPERTELA
por milha náutica navegada, o
Oficialmente à venda no Brasil, o iPhone XS Max
que a coloca como uma das mais
oferece três opções de capacidade e cores. A tela super-
econômicas da atualidade.
retina com tecnologia Oled continua sendo o grande
US$ 250 milhões (estimados) destaque do modelo. Com 512 Gb de capacidade, é um
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8 | MAGAZINE 2 9 6
COM 1969 PEÇAS
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LEVE PA RA VOA R
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e atinge 100 km/h em apenas 22,55 segundos.
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MAGAZINE 2 9 6 | 9
POR | E D M U N D O U B I R ATA N
CURIOSIDADES

TUDO SE COPIA
A celebre frase “nada se cria, tudo se copia”, transformação, configurando-se em cópias ou
eternizada pelo apresentador Chacrinha, pode aperfeiçoamentos de projetos anteriores, em geral,
muito bem ser adaptada à aviação. Na verdade, feitos por terceiros. Embora os chineses sejam
na indústria aeronáutica, a versão original, “na famosos por suas “inspirações” que não raro são
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se de 100% do projeto original, definindo que um
transforma”, do químico Antoine Lavoisier, talvez projeto pirateado deve ser visto como uma honra
faça mais sentido. Mas não são raros os exemplos ao fabricante lesado, pois foi bom o suficiente
de projetos que vão além de uma simples para desejarem copiá-lo, eles não estão sozinhos.

ISRAEL - AVIÕES DE COMBATE


Pode parecer difícil de acreditar, mas os israelenses, embargos do general De Gaulle, na década de 1980, não
conhecidos por sua alta tecnologia e capacidade intelectual seria muito convincente copiar o F-16, especialmente por ser
acima da média, não têm grandes pudores em se inspirar em produzido por seu maior aliado, os Estados Unidos. Então a
um projeto aeronáutico. Logo após a Guerra dos Seis Dias, o IAI criou o Lavi, que possuía características de voo bastante
governo francês embargou o envio de 50 aviões Mirage 5J, já próximas às do modelo americano, mas empregando canards
pagos, para Israel. A resposta veio rapidamente, com a Israel e alguma soluções bem particulares. Apenas três protótipos
Aircraft Industries criando o IAI Nesher, uma versão local do foram construídos, e hoje estão expostos em Israel. Se olhar
francês Mirage 5. Na sequência, ainda sob embargo francês, a de longe e pensar que é um F-16, é apenas impressão sua. O
IAI desenvolveu o Kfir, também baseado no Mirage 5. final da história? Israel escolheu o F-16, que era mais barato e
Se na década de 1960 os israelenses tinham a desculpa de já contava com centenas de unidades em serviço.

10 | MAGAZINE 2 9 6
RÚSSIA - SUPERSÔNICO E ÔNIBUS ESPACIAL
Outra inspiração famosa é o Tupolev 144, que, de O programa SST, acrônimo para Space Transport
tão similar ao Concorde, recebeu o apelido nada System, conhecido como ônibus espacial, foi
elogioso de Concordski. Concebido ao mesmo construído pela Nasa sob alegação de oferecer voos
tempo que o supersônico franco-britânico, o espaciais a baixo custo e em uma frequência jamais
Tu-144 saiu na frente ao realizar o primeiro voo vista, podendo contar com um lançamento por
meses antes do Concorde. Os soviéticos optaram semana. Os soviéticos não acreditaram totalmente
por uma aeronave ligeiramente maior, utilizando nos argumentos da Nasa, alegando que o veículo
canards A carreir
canards. carreira do Tu-144 foi bastante curta fazia parte de um programa da força aérea para
e Moscou nunca aaceitou o argumento segundo roubar satélites inimigos. Como dessa vez foi
o qual ele era um a cópia do Concorde, contudo, Washington que não se preocupou em desmentir
nunca também neegou. tal alegação, os camaradas iniciaram o programa
Os soviéticos aindda teriam tempo de tentar mais Buran-Energia. O conceito era idêntico ao do norte-
um plágio, dessa vez
v para evitar que os norte- americano. O colapso da União Soviética levou ao
a ericano
am i titivessem cancelam
l mento do projeto e o Buran jamais entrou
pleno domínio em servi ço, enquanto nenhum ônibus espacial
do espaço. americanno roubou satélites inimigos.

CHINA - DE CAÇAS A AVIÕES COMERCIAIS


Já os chineses não têm pudores em dizer e projetos ao então gigante e
que copiaram algo. Ainda assim, a China inexpressivo país asiático. Apenas
não gostou quando os russos afirmaram a mão de obra barata era atraente
que o J-11B, um caça embarcado idêntico naquele momento. Décadas depois,
ao Su-27SK, era uma versão pirata. os chineses responderam criando um
Nos anos 1990, a China formalizou um avião que utiliza o mainframe do MD-
acordo para produzir 200 unidades 80. Curiosamente, como não tinham
do Su-27SK no país, sob designação projeto e ferramental do restante
J-11A. Duas décadas depois, o J-11B do avião, eles criaram o que faltava.
surgiu como uma evolução do modelo Assim, é um avião 100% chinês.
produzido sob licença. O governo chinês O caso mais bizarro de cópia
refutou a alegação de cópia e disse que chinesa foi o Shanghai Y-10, que voou
os dois aviões até são parecidos, mas pela primeira vez em 1980. Excluindo
completamente diferentes. as estranhas janelas do cockpit, todo o
Em outras ocasiões, os chineses resto era um 707-320C. Na época, os
não se preocuparam muito com norte-americanos afirmaram que o Y-10
críticas, como no caso do ARJ-21, não era sequer uma engenharia reversa
que é quase idêntico à série MD- do 707, mas apenas um Boeing com
80. Nos anos 1980, a McDonnell janelas substituídas. Ou seja, nem podia
Douglas montou na China uma planta ser oficialmente chamado de um 707
para produzir a seção dianteira da pirata, talvez fosse ideal algum termo
família MD-80, enviando ferramental como “modificado” ou “mexido”.

MAGAZINE 2 9 6 | 11
AERO RESPONDE

QUE FONES
DEVO USAR?
Saiba escolher seus headsets. Eles são imprescindíveis para
a segurança de voo e exigem manutenção

U
ma pergunta que trazendo um grande conforto limpeza) é a troca desses itens
todos os pilotos sonoro aos usuários. Hoje em que tem mais contato com nossa
devem se fazer dia, essa tecnologia já está pele no dia a dia. É possível a
desde seus voos nas difundida em diversas marcas e troca dessas molduras e espumas
escolas de pilota- disponível por valores não tão com certa facilidade, pelo
gem é esta: “Qual fone de ouvido altos como os de antigamente. próprio piloto. Os itens são de
devo comprar”? Até porque, sem Atualmente, o que mais fácil obtenção no mercado.
trocadilhos, esse assunto passará chama a atenção dos usuários A escolha de um fone de
pela sua cabeça. Isso acontecerá é a capacidade Bluetooth para ouvido e sua manutenção não
em algum momento de sua car- emparelhamento de telefones requer uma ciência avançada,
reira, seja para aquisição própria, celulares aos fones e, também, mas a decisão correta e
seja configurando uma aeronave. mais recentemente, fones de o uso com manutenções
Na grande maioria das vezes, ouvido sem fio. adequados farão com que seu
pilotos voam utilizando os fones equipamento tenha uma vida
de ouvido durante todo o voo. CUIDADOS útil longa e eficiente.
Já os passageiros, dependendo Por se tratar de um item trivial, Escolha corretamente tipo,
da aeronave, podem dispensar por assim dizer, nunca damos a modelo, se é para uso em avião
ou não o item. Obviamente, devida atenção para sua manu- ou helicóptero, defina qual o
existem diversos modelos tenção preventiva. O corpo do tipo de cabo terá, a conexão
de equipamentos para todos aparelho é feito majoritariamente adequada (já que existem
os bolsos e gostos. O que os de plástico. Seus componentes alguns tipos diferentes), o tipo
diferencia basicamente são peso, internos são circuitos eletrô- de microfone e as capacidades
tamanho e, claro, tecnologia nicos. Os fones contêm, ainda, tecnológicas que o acompanham.
que carregam. molduras emborrachadas ou Mais que uma simples escolha,
Há até bem pouco tempo, acolchoadas e espumas de prote- utilizando o equipamento
a grande vantagem tecnológica ção no microfone. correto a bordo, teremos um voo
era a redução ou anulação dos O que usualmente se deve mais confortável e naturalmente
ruídos externos dos fones, dar mais atenção (além da mais seguro.

12 | MAGAZINE 2 9 6
NA REDE

TO
TORRE
ORRE
O RR
RE ALIANÇA
DIGITAL NAS AMÉRICAS
O Reino
R o Unido id acaba
caba de inaugurar Com objetivo de ampliar rotas entre Estados
no aeródromo da Universidade de Unidos e América Latina, a norte-americana
Cranfield, em Bedfordshire, seu United Airlines, a Avianca Colombia e a
primeiro centro de controle aéreo panamenha Copa Airlines assinaram um
de tráfego aéreo com uma “torre câmeras que podem fazer zooms acordo formando uma aliança entre as
digital”. Trata-se de um sistema de com ampliação de 30 vezes e três companhias. Azul e Avianca Brasil
sensoriamento com 14 câmeras elevados na vertical para permitir poderiam ingressar na joint venture.
montadas de modo a proporcionar aos controladores examinar
uma cobertura de 360 graus de detalhes de alvos especiais,
todo o aeródromo e mais áreas substituindo os binóculos das
vicinais. A torre também tem torres convencionais.

11 HORAS
E 2 MINUTOS
Esse é o novo recorde
mundial entre Nova Jersey
e Dubai estabelecido por
um Gulfstream G650ER,
mais de duas horas e meia
mais rápido do que um LÍDER RECEBE
voo comercial.
IS-BAO NÍVEL 3
A Líder Aviação obteve o selo de
estágio 3 do IS-BAO, que certifica a
segurança nas operações de empresas
BLINDADOS NOS AEROPORTOS de táxi-aéreo, comprovando a
O aeroporto de Domodedovo em Moscou é o primeiro da Rússia excelência dos serviços e de todos os
– e, possivelmente, do mundo – a adquirir um tanque civil para procedimentos para fretamento. A
utilizar em casos de emergências. Desenvolvido a partir do chassi do diferença do nível 3 é que, neste estágio,
veículo militar de combate T-27, há muito um baluarte do exército é cobrado da empresa que todos os
russo, o BREM-1 foi projetado originalmente para resgatar funcionários tenham conhecimento e
blindados avariados das frentes de combate. Com m sigam procedimentos de segurança pré-
uma capacidade para rebocar ou içar estruturas definidos. A Líder é a primeira empresa
pesadas, o veículo de 41 toneladas equipado do Brasil a receber esse selo.
com lagartas (esteiras) e um guindaste giratório
será empregado na evacuação de qualquer
tipo de aeronave em caso de emergência.

NOVOS MAX
Com a alteração no plano de
substituição de sua frota, a Gol deverá
encerrar 2019 com 24 novos 737 MAX-
8 e 2020 com 34 aviões do mesmo
modelo. A expectativa é que, em 2023,
a família 737 MAX represente mais de
40% da frota da Gol.

14 | MAGAZINE 2 9 6
BRIGA ACIRRADA
( Ano-base 2018)

800
Entregas
806
Entregas
DRONE X CAÇAS
A força aérea espanhola (Ejército del Aire) realizou o primeiro
teste empregando aeronaves tripuladas ao lado de um drone em
missão simulada. Dois caças Eurofighter Typhoon se deslocaram

744
Pedidos
893
Pedidos
para a base aérea de Istres, na França, onde participaram de
uma campanha de ensaios com o demonstrador nEUROn, um
veículo aéreo não tripulado de combate (UCAV), produzido
pela Dassault Aviation, com baixa assinatura radar.

UM AVIÃO COM 100 ANOS

11
A força aérea dos Estados Unidos (USAF) poderá manter seus aviões
reabastecedores KC-135 Stratotanker voando até meados da década
de 2050, quando terão 100 anos de existência. A marca história
representa uma mudança sem precedentes na filosofia de combate
norte-americana, que, por décadas, manteve um arsenal no estado da AVIÕES
arte. A perspectiva é
que os novos KC-46
Pegasus, derivados
do Boeing 767F, não
conseguirão suplantar
mais de um terço
da frota de KC-135,
mantendo os veteranos
quadrimotores em
serviço por mais trinta
anos.

Emirados Árabes
Unidos celebraram os
47 anos da reunião de
seus sete Emirados em
TURISMO NO torno de um só país
ESPAÇO com uma espetacular
formação: foram onze
Pela primeira vez na história, uma aviões, incluindo dois
empresa privada realizou com sucesso Airbus A380, um
um voo espacial tripulado. Uma nave Airbus A320 e um
da Virgin Galactic, uma das empresas Boeing 737 MAX 8,
pioneiras na exploração comercial do além de sete aviões
espaço, conseguiu ultrapassar a marca acrobáticos da Al
dos 80 quilômetros de altitude, limite Fursan.
entre a atmosfera e o espaço.

MAGAZINE 2 9 6 15
NA REDE

EUA VETAM
SUPERJET AO IRÃ
O Irã foi informado que não poderá receber
RAF NO
SOLO
De acordo com o Ministério da
o pedido de 100 Superjet por causa de uma Defesa britânico, um terço da frota
barreira de importação dos Estados Unidos. O da Royal Air Force (RAF) está
avião produzido pela russa Sukhoi, em parceria paralisada para manutenção ou por
com a italiana Leonardo, emprega uma série de falta de peças. O que representa
itens e componentes norte-americanos, sujeitos um total de 142 aeronaves fora
às sanções da Casa Branca. de serviço, incluindo os caças
Typhoon, que são o principal vetor
de combate do país, com 55 dos
156 aviões da frota sem condições
imediatas de voo.

PESAGEM ATÉ
NAS ESCALAS
As australianas Virgin Australia e Qantas
Airways comunicaram a seus passageiros
que as bagagens de mão poderão ser pesadas
em diversas escalas da viagem para verificar
se está sendo observado o limite máximo de
7 quilos (15 lb), por passageiro. As empresas
aéreas de baixo custo como a Tigerair
Australia e Jetstar já pesam a bagagem
individual de todos os passageiros.

CENTRO
RUSSO
NO PERU
A Russian Helicopters
inaugurou um novo centro
de reparo e manutenção
em Lima, no Peru. O
complexo atende à família
de helicópteros militares Mil,
utilizado pela força aérea
peruana. O acordo prevê um
DA LARGURA
contrato de cinco anos, para DA FUSELAGEM
reparo de 40 helicópteros
no período. Além disso, A Boeing instalou no novo 777-9 o maior
a empresa poderá prestar motor a jato do mundo. O motor GE 9X
suporte a aeronaves Kamov possui diâmetro do fan de 3,4 metros,
e Kazan, inclusive de basicamente a mesma largura da seção
operadores civis e militares transversal dianteira da fuselagem do
de países operadores em toda Boeing 737. A largura com as naceles
a América Latina. chega a 4,40 metros, maior que a seção
transversal da fuselagem do Airbus A320,
que possui em seu ponto mais largo 4,14
metros.

16 | MAGAZINE 2 9 6
TARTARUGA AÉREA
O primeiro A380 da japonesa All
Nippon Airways (ANA) recebeu uma
PROTEÇÃÃO
criativa e complexa pintura de uma
tartaruga marinha comum no Havaí.
JUDICI
D CIAL
A equipe da Airbus demorou 21 dias A itali
liana Piaggio Aerospace
A ospace
para pintar a superfície de 3.600 m2 declaroou sua inssolvência, solicitaando
o
da aeronave, que exigiu 16 diferentes uma
ma administraçãão extraordinária
tonalidades de cor e 3.300 litros de p viabili
para ilizarr sua recuperação. O
tinta
tinta. procedi
dimento é similar ao existente
no BBrasil, com a chamada lei de
rec
ecuperação judicial, que permite à
empresa suspender pagamentos e tentar
renegociar suas dívidas.

400 EM15ANOS...
AEROPORTOS
KM/H

...é o que a China almeja operar até 2035,


quase o dobrando a estrutura atual. 220km/h
VELOCIDADE LIMITE
A aeronave de seis motores e fuselagem
dupla Stratolaunch atingiu 220 km/h na
pista da California Mojave Air and Space
Port durante seu programa de testes. Esta é
quase a velocidade de decolagem do maior
avião do mundo, projetado para servir de
plataforma aérea para o lançamento de
foguetes da classe orbital. Sua certificação
deve ocorrer até 2021.

MAGAZINE 2 9 6 17
E S PEC I A L
COMPRAR,
FRETAR OU
COMPARTILHAR?
Da aquisição da aeronave aos aplicativos, as diferentes
formas de se ingressar na aviação de negócios
P O R |CÁSSIO POLLI*, ESPECIAL PARA AERO MAGAZINE
O
empresário ou mês, pensando principalmente nave, é fundamental para quem
profissional que em aspectos financeiros, com- pretende ingressar na aviação de
alcançou uma pensa contratar os serviços de negócios determinar com clareza
posição financei- transporte aéreo privativo. A par- suas necessidades, o perfil de uso,
ra mais estável e tir desse patamar, já vale a pena a missão, o tipo de operação e,
pode desfrutar de conveniências fazer contas. Voando 20 horas principalmente, a relação entre
que só uma aeronave de negócios mensais, ter sua própria aerona- custo e valor, pois se essa análise
proporciona deve estar atento às ve seria uma decisão acertada, for superficial, com objetivos
opções que têm no mercado. Como considerando os custos – embora não definidos ou dominados
é muito raro alguém adquirir um há quem prefira a conveniência por componentes emocionais,
avião ou helicóptero sem antes ter de não precisar administrar uma há grandes chances de “deixar
experimentado, preparamos aqui aeronave. Estes são os caminhos muito dinheiro sobre a mesa” ou
um guia para mostrar que existem sugeridos: ter muitos aborrecimentos com
várias “portas de entrada” para a agenda, indisponibilidade, custos
aviação e recomendamos forte- • Compartilhamento por não previstos e assim por diante.
mente que o candidato a usuário, aplicativo; Por outro lado, se bem ad-
operador ou futuro proprietário faça • Pernas Vazias (as chamadas ministrada, uma aeronave pode
uma “degustação” antes da tomada “empty legs”); ser uma excepcional ferramen-
de decisão. É possível fazer isso por • Cartões de fretamento ou ta multiplicadora de tempo e
intermédio das várias modalidades fracionado; negócios. Os principais fatores a
de acesso disponíveis hoje em dia no • Fretamento via táxi-aéreo; analisar são:
Brasil, até que se esteja consciente • Compartilhamento de cotas;
das razões de compra, particulari- • Aquisição da sua aeronave. • Orçamento: quanto se está
dades e custos, e finalmente possa disposto a investir em um ativo
estar no controle do seu tempo. CUSTO E VALOR imobilizado (se for adquirir),
Em linhas gerais, para o ope- Antes de partir para as modali- além dos custos mensais e
rador que voa até 15 horas por dades de utilização de uma aero- anuais;

20 | MAGAZINE 2 9 6
VOANDO 20 HORAS
MENSAIS, TER SUA
PRÓPRIA AERONAVE
• Custo do capital, incluindo lazer, desde que pagando o custo
depreciação, financiamento etc.; da hora de voo e que a aeronave PODE VALER A
• Custos operacionais
diretos: combustível, taxas
não tenha missões de negócios na
mesma data.
PENA EM TERMOS
aeroportuárias e navegação,
programas pagos por hora, COMPARTILHAMENTO
FINANCEIROS
manutenção, peças, salário dos POR APLICATIVO
tripulantes, seguro, hangaragem; Essa nova modalidade de uso de
• Custos indiretos: taxas de admi- aeronaves tem sido a primeira
nistração, atendimentos, cate- forma de contato para muitos in- “empty legs”, que são oferecidas
ring, treinamento de tripulação, teressados em conhecer a aviação por “brokers” de fretamento,
despesas de viagem, reposiciona- de negócios ou mesmo uma ae- empresas de táxi-aéreo e também
mento da aeronave etc. ronave específica, seja com perfil pelos aplicativos de compartilha-
de trabalho ou lazer. Isso porque, mento, que disponibilizam as-
Ponto de equilíbrio entre a ne- em vez de fretar uma aeronave ou sentos em aeronaves de negócios,
cessidade de deslocamento, em ho- mesmo adquirir uma cota, o usuá- em um trecho vazio de traslado,
ras/mês e o custo mensal, pois, em rio pode comprar um assento, em dando ocupação e rentabilidade
um determinado momento, passa voos com rotas fixas, como São a essa “perna”. Assim como nos
a fazer sentido deixar de fretar ou Paulo para Angra dos Reis, Parati projetos especiais do comparti-
compartilhar e partir para o projeto ou Ubatuba, e também disponível lhamento por aplicativo, as empty
de ter sua própria aeronave. em outros estados e localidades, legs nem sempre garantem a de-
Podemos ilustrar essa relação e muitos desses usuários têm se colagem, mas, ainda assim, pode
entre “custo e valor” com o exemplo tornado frequentes. ser muito vantajoso e econômico
real de um proprietário e operador Em rotas compartilhadas, há para o passageiro aguardar pela
de um jato leve há quase 10 anos. no mercado empresas que contam confirmação do voo, em vez de
Consciente dos custos envolvidos, com mais de uma centena de aero- fretar o avião todo para uma
dos benefícios da aquisição e o valor naves agregadas operadas por de- determinada etapa.
que o uso de uma aeronave traria zenas de táxis-aéreos, garantindo a
para o dia a dia dos negócios, partiu decolagem. Em projetos especiais, CARTÕES DE FRETAMENTO
para definição das missões e escolha com rotas específicas, o usuário OU FRACIONADO
da aeronave que atenderia à deman- pode ter de aguardar a confir- É um serviço disponibilizado
da de voos do grupo. mação de ocupação mínima de tanto por empresas de táxi-aéreo
Com os objetivos claramente assentos. como de propriedade compar-
definidos, ficou estabelecido em O compartilhamento por tilhada e aplicativos. Permite ao
um acordo entre os acionistas que a aplicativo tem tido um cresci- usuário comprar um pacote de
aeronave seria utilizada 100% a tra- mento expressivo no mercado, uso pagando antecipadamente,
balho, sempre com ocupação total pois figura como uma excelente por exemplo, 20 horas anuais
de passageiros e nenhum dos sócios opção para quem precisa se – podendo ser mais ou menos.
poderia usar o avião a lazer. Neste deslocar com agilidade e busca Embora tenha um bom apelo
caso em especial, não há exceção às uma alternativa econômica ao comercial para clientes com baixa
regras de utilização e como eles têm fretamento, ao compartilhamento demanda de voos e dispense da
o controle dos custos “na ponta do ou à compra de uma aeronave obrigação de pagar pelo reposi-
lápis”, seguem operando regular- executiva. cionamento da aeronave, ainda
mente e já fazem planos de troca não decolou no Brasil em função
por uma aeronave de maior porte. PERNAS VAZIAS do reduzido número de aero-
A gestão da aeronave, custos e (“EMPTY LEGS”) naves de um mesmo modelo ou
regras de uso são definidas pelos Outra modalidade que tem con- categoria em uma frota, o que,
proprietários. Claro, há outros quistado espaço, com crescente somado às restrições operacio-
exemplos em que se permite aos demanda no Brasil, são as pernas nais, acaba por limitar a deman-
sócios/acionistas realizar voos a vazias, mais conhecidas como da e o uso dessa modalidade.

MAGAZINE 2 9 6 | 21
QUANTO MENOS SE
VOA, MAIS O CUSTO por mês correspondem a aproxi-
madamente 12.800 quilômetros,
COMPARTILHAMENTO
DE COTAS
FIXO ENCARECE A que, no táxi-aéreo, pagando Também conhecida como
propriedade compartilhada ou
16 reais por quilômetro voado,
HORA DE VOO custaria mais de 200 mil reais por fracionada, envolve a aquisição
mês, portanto, o dobro. ou participação fracionada em
uma aeronave, de uma empresa
CENÁRIO 2 que opera ou gerencia frotas na
BAIXA UTILIZAÇÃO categoria TPX (táxi-aéreo). O
Baixa utilização, voando oito horas operador vendedor oferece uma
Para obter melhores condições por mês. Neste caso, o custo real aeronave de determinado modelo
negociais, alguns usuários da hora voada, para um operador ou várias de uma frota com carac-
adotam o conceito desse modelo privado, sobe para aproximada- terísticas semelhantes de operação
(voos pré-pagos) em fretamentos mente 9 mil reais por hora, pois os sob a forma de ações ou parti-
e compartilhamentos. custos fixos são os mesmos, o que cipação, em frações que podem
representaria 72 mil reais por mês. começar em 1/3 ou 1/4 até 1/16.
FRETAMENTO Já para fretar, considerando 5.120 Paga-se uma “luva” de entrada
OU TÁXI-AÉREO quilômetros, o investimento seria pela “aquisição” da cota, atribuin-
Esses serviços são contratados sob de aproximadamente 76,8 mil reais do um número pré-determinado
demanda, com cotações e plane- por mês. Neste caso, sob a ótica de horas voadas por ano, digamos,
jamentos prévios. Se enquadram financeira, vale a pena seguir com 60 horas de voo. O usuário só
com maior frequência no uso fretamento... é cobrado pelas horas voadas,
corporativo, pois, em geral, paga-se podendo em alguns casos ter de
pelo voo fechado, seja para apenas Mesmo quando essa diferença pagar um “fee” mensal se não
um passageiro ou ocupação total entre os dois cenários aumenta, utilizar, “ratear” os custos fixos
da aeronave. Por outro lado, dis- favorecendo numericamente ou pagar pelo reposicionamento
pensa o usuário de preocupações a operação privada, muitos da aeronave. Também é requeri-
com gestão e operação da aeronave. usuários frequentes de táxi-aéreo do que seja feita a requisição da
Como as referências de preço optam por continuar fretando, aeronave com uma antecedência
por quilômetro voado no táxi-aéreo pois levam em consideração a pré-determinada – essas políticas
podem chegar a duas vezes (ou um imobilização de capital em um podem variar dependendo de cada
pouco mais) o custo real da hora de ativo, a depreciação do bem e a empresa vendedora/operadora.
voo, existe um ponto de equilíbrio gestão da aeronave. O cotista não necessariamente
entre o mínimo de horas voadas por Logo, essa é uma decisão mui- voará sempre na mesma aeronave
mês e a viabilidade para fretamento. to particular, cabendo ao usuário, ou com a mesma tripulação, mas,
Preparamos um exemplo prático, dentro da sua realidade e seu por contrato, terá uma aeronave
tomando como referência o uso de perfil de uso, avaliar o momento na categoria contratada, sempre
um jato Phenom 100 da Embraer, da transição, que vale a pena e o à disposição. Ainda em benefício
em dois cenários: investimento na aquisição do seu dessa modalidade, além de não
próprio avião ou seguir fretando. estar com 100% de capital imobi-
CENÁRIO 1 Nota: os valores apresentados lizado na aeronave, não assume a
USO INTENSIVO no exemplo acima são aproxima- gestão da operação, manutenção
Utilização média da aeronave em dos, podendo variar de operador etc., e tem horizonte de saída para
um perfil de uso executivo: 20 para operador, região, preço do revender a posição, deduzidas as
horas por mês. Considerando os combustível, câmbio do dólar etc. taxas administrativas.
custos fixos e variáveis, paga-se a São apenas para ilustrar o conceito. Um ponto negativo da proprie-
aproximadamente 5 mil reais pela Foi adotado para fins de cálculo de dade compartilhada no Brasil é que
hora de voo (o que significa 100 um táxi-aéreo, 16 reais por quilô- as empresas que operam esse tipo de
mil reais por mês). Essas 20 horas metro em um Phenom 100. negócio não têm frotas expressivas

22 | MAGAZINE 2 9 6
de um determinado modelo, como principalmente em grandes percorrer os caminhos de familia-
grandes companhias internacio- centros e capitais, pois, devido ao rização com o setor, suas variáveis
nais de “fractional ownership”, que perfil de utilização para deslo- e particularidades, existe a possi-
oferecem muitas vezes 30, 40 ou 50 camentos rápidos, entre centros blidade de se tornar proprietário
aeronaves numa determinada cate- comerciais, aeroportos, campo, de um avião ou helicóptero.
goria, somado ao tamanho do nosso fazendas ou praias próximas, o É possível e acessível ter sua
país, diferentes perfis de utilização operador do fracionado pode ter própria aeronave. Se optar por
e regiões, aumentando as regras, uma frota mais reduzida e atender modelos antigos, como mono-
restrições e condições de uso. muito bem a um número maior motores Tupi, Corisco, Skyhawk,
Por exemplo, imagine um de cotistas num mesmo período, há um baixo investimento inicial,
cotista que solicite um avião com retornando para sua base. de aproximadamente 350 mil. A
antecedência, para uma missão Além da disponibilidade operação em si também não é das
partindo de São Paulo para Forta- dos equipamentos, a operação e mais caras. Eles levam três passa-
leza e retornando para São Paulo manutenção de helicópteros requer geiros e um piloto, consumindo
em dois dias, e tenha um contra- atenção especial, pois tem mais mais ou menos 40 litros por hora
tempo que o impossibilite de vol- detalhes, intervalos menores de ins- ou aproximadamente 400 reais de
tar na data combinada. Ele pode peção e custos. Assim, figura como combustível para percorrer 200
se ver obrigado a pagar pernoite e opção ao cliente interessado em ter a 220 quilômetros em uma hora.
outros adicionais ou ainda ter de seu próprio helicóptero, mas não Claro que há os custos do piloto
arcar com os custos de reposicio- tem a experiência necessária na ad- (para os donos de aeronaves que
namento do avião para São Paulo ministração ou não está disposto a não têm brevê) e também os de
(vazio), caso outro cliente tenha assumir a gestão e os custo próprios. manutenção e atualização para
um agendamento para a data que garantir a segurança de voo. Além
foi excedida pelo primeiro cotista. AQUISIÇÃO disso, comprar uma aeronave
Em contrapartida, essa moda- DA SUA AERONAVE usada pode significar surpresas,
lidade experimenta grande sucesso Aqui entramos em um nível aci- nem sempre registradas em seu
quando falamos de helicópteros, ma na aviação de negócios. Após histórico.

MAGAZINE 2 9 6 | 23
Para aqueles que atingiram rotativa (de monomotor a pistão transações comerciais ao longo de
um “status financeiro estável” para um bimotor, de um bimotor 15 anos dedicados exclusivamente
conjugado com a necessidade a pistão para um turbo-hélice ou à atividade de compra, venda,
de visitar clientes, fornecedores, do turbo-hélice para um jato, ou importação e importação de
obras, filiais, etc., em localidades, do helicóptero a pistão para o aeronaves de negócios.
estados ou regiões diferentes (ou monoturbina ou do monoturbina
distantes), vale a pena considerar para o biturbina), outras vanta-
a compra de bom turbo-hélice gens e conveniências são adicio-
usado para seis passageiros, com nadas à operação, mas a essência
investimento a partir de três da administração permanece
TPX OU TPP:
milhões de reais ou um jato de a mesma. É possível manter a
negócios leve para quatro ou seis aeronave com um departamento
A VARIÁVEL ‘FATORAÇÃO’
passageiros, investindo a partir próprio de aviação, nomeando um Uma característica importante da aviação geral quando
de cinco milhões de reais. O gestor interno ou terceirizado para se fala em operação é o que se chama “fatoração”.
mesmo se aplica para helicópteros, o gerenciamento, mas tendo em Trata-se de uma equação que leva em conta o número
adquirindo modelos mais básicos mente que todas as decisões envol- de passageiros, a distância, o comprimento de pista,
a partir de um milhão de reais até vendo tripulação, manutenção e entre outros “fatores”, para mensurar a viabilidade
biturbinas de quatro milhões e operação são de responsabilidade de pousar em determinados aeroportos (localidades),
meio de reais. Esses são valores de do proprietário. fazendo com que, algumas vezes, não seja possível
referência rápida, mas o mercado Em linhas gerais, a aviação de voar do ponto “A” para o ponto “B” desejado, tendo de
tem muitas fontes de pesquisa negócios te coloca numa posição alternar o destino e perfazer parte do trajeto sem ser
com opções variadas de fabrican- privilegiada para gestão e controle por via aérea – normalmente, quando se precisa operar
tes, modelos, ano, horas totais e do seu tempo. Não existe uma em pistas curtas em áreas remotas.
assim por diante. linha de corte, pontuação ou Essa questão tem alguma relevância quando
Outro ponto de destaque é que critério específico que credencie se compara as diferentes operações. Isso porque as
regras que regem a aviação privada e a comercial
bancos de primeira linha oferecem um cliente a mudar de categoria
são diferentes. Ou seja, os usos de aeronaves com
opções de financiamento para de usuário para proprietário, pois
matrículas TPX (táxi-aéreo) e TPP (privada) variam. Na
aeronaves com entrada de 25% a cada uma das modalidades apre- prática, as especificações de operação de uma mesma
30% e saldo entre 36 e 60 meses sentadas tem prós e contras. aeronave podem mudar conforme sua categoria. Isso
para pagar. Quanto mais novas as O momento de cada um é vale para a possiblidade ou não de voar single-pilot ou,
aeronaves, melhores são as condi- único nas suas motivações, neces- então, ter restrições de comprimento de pista e peso de
ções e taxas das linhas de crédito. sidades, objetivos e missões, faixa decolagem, além do próprio cumprimento de padrões
Dos benefícios exclusivos e disposição para um investimento de manutenção e treinamento diferenciados.
que a aviação de negócios pode em aviação. Nesse sentido, para Para aviões e helicópteros TPX, essa restrição
proporcionar, temos estes: decidir pertencer e usufruir dos benefí- pode interferir na missão, o que vale para os diferentes
para onde quer ir e quando fazer cios que só as aeronaves privati- usos destas aeronaves. As máquinas disponibilizadas
isso, mais de 2.400 pistas à sua dis- vas entregam, é uma questão de via aplicativo e por empresas de fracionamento ou
posição, acessos exclusivos e priva- análise, decisão, escolha e ação. fretamento têm de ser operadas por táxis-aéreos
tivos, sigilo e confidencialidade Seja bem-vindo! regularmente cadastrados na Anac, o que garante a
dos destinos e missões, autonomia segurança da operação e dos passageiros. São desde
e flexibilidade de agenda, ir para monomotores, passando por turbo-hélices até jatos e
* Broker e avaliador de aeronaves,
helicópteros de negócios.
duas, três ou quatro localidades certificado pela ASA (American
Apesar das diferenças, especialistas em
no mesmo dia e voltar para casa, Society of Appraisers) e pela segurança de voo consideram os padrões adotados por
segurança pessoal e de desloca- USPAP (the Uniform Standards aeronaves TPX, como o veto ao single-pilot, altamente
mento – é muito mais seguro voar of Professional Appraisal Practice recomendáveis na operação TPP. Além disso, as
do que ir de carro –, agilidade, - Normas de Padronização e restrições de normas no TPX, muitas vezes mínimas, são
privacidade e conforto. Práticas de Avaliação Profissional), compensadas com a tranquilidade de não precisar cuidar
À medida que o proprietário Cássio Polli dirige a Aérie Aviação do dia a dia da aeronave.
evolui nas categorias de asa fixa ou Executiva, e acumula mais de 150

24 | MAGAZINE 2 9 6
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29 DE JANEIRO - 01 DE FEVEREIRO EM SAN ANTONIO, TX, ESTANDE #321
E S PEC I A L

RAIO X
DA FROTA NACIONAL
Os últimos anos foram tensos para a aviação de negócios no Brasil.
De terra prometida e estrela da indústria, o país se transformou
no patinho feio e na terra da compra de oportunidade para quem tivesse
capital disponível. Agora, ensaia um reaquecimento
POR | SHAILON IAN, ESPECIAL PARA AERO MAGAZINE
O
sentimento de disso, as aeronaves registradas
boa parte da como multicategoria e dupla
indústria de avia- categoria, sendo uma delas TPX,
ção de negócios foram consideradas TPX.
é o de que “o pior
já passou” e há muita expecta- AERONAVES PRIVADAS
tiva em torno do que muitos já Entre dezembro de 2014 e hoje,
consideram um novo ciclo de 241 aeronaves tiveram suas ma-
crescimento do mercado. Mas triculas canceladas. Isso significa
uma pergunta fica no ar: qual o que saíram do registro brasileiro.
tamanho do tombo do mercado Uma parte por acidentes, mas TABELA 1: VARIAÇÃO DO NÚMERO DE AERONAVES
brasileiro? Quanto o mercado a grande maioria foi vendida e PRIVADAS NO REGISTRO AERONÁUTICO BRASILEIRO
retraiu de 2014 até 2018? exportada. Além disso, o número
As ferramentas existentes de aeronaves com problemas no 2018 2017 2016 2015 2014
fornecem uma informação Certificado de Aeronavegabili- Aeronave
instantânea do mercado. Sabe-se dade também aumentou, são 526 25 16 19 0 0
Interditada
quantas aeronaves estão regis- com o CA suspenso, cancelado
tradas, quantas estão à venda em ou vencido (tabela 1). CA Cancelado 3250 3138 3022 2928 2839
dado momento, quantas foram Os números são significati- CA Suspenso 655 600 631 634 593
vendidas no último trimestre, vos e representam um impacto
enfim, informações que, sozinhas, de cerca de 10% no mercado, CA Vencido 216 226 244 174 163
não permitem avaliar como o considerando apenas as aerona- Matrícula
mercado vem se comportando ao ves privadas. Ou seja, de 2014 1129 1097 1032 936 888
Cancelada
longo do tempo e os impactos de até agora 10% da frota deixou de
uma crise como a que se deu no voar no Brasil, seja por ter sido Normal 6191 6172 6100 6233 6367
pais têm no setor. exportada ou por questões de
suspensão de CA (tabela 2). TABELA 2: VARIAÇÃO DO NÚMERO DE
METODOLOGIA A variação das aeronaves em AERONAVES PRIVADAS EM SITUAÇÃO NORMAL DE
O banco de dados da Vinci Aero- situação normal, entretanto, mostra AERONAVEGABILIDADE NO RAB
náutica, que detém informações que o sentimento dos participantes
com a variação das aeronaves da indústria pode estar correto, e 2018 2017 2016 2015 2014
registradas no Brasil nos últimos o pior parece mesmo ter passado. Normal 6191 6172 6100 6233 6367
sessenta meses, serviu como base Ante a números muito pessimistas
dessa análise. em 2015 e 2016, os anos de 2017 e Variação 19 72 -133 -134
As referências desse banco de 2018 trouxeram um leve cresci-
dados, de dezembro de 2014 até mento no número de aeronaves
dezembro de 2018, forneceram registradas, o que pode indicar o TABELA 3: VARIAÇÃO DO NÚMERO DE AERONAVES
uma ideia clara do impacto da crise início da retomada do setor. PRIVADAS PELO TIPO DE AERONAVE
na aviação de negócios. Para fins Ainda entre as aeronaves
AVIÃO 2018 2017 2016 2015 2014
práticos, a análise foi limitada às privadas, ao analisarmos apenas
aeronaves registradas nas categorias aquelas em situação normal durante Motor
4058 4038 3992 4044 4115
TPP (privada) e TPX (táxi-aéreo), o período, separadas pela motori- Convencional
isso excluiu um número signifi- zação e pelo seu tipo – se avião e
Turbo-Hélice 714 696 652 665 664
cativo de aeronaves registradas na helicóptero, os dados mostram que
categoria experimental, mas esta a redução foi de 1% no período, mas Jato/Turbofan 540 530 538 561 586
Fonte: RAB on line

categoria – que representa apro- no segmento de jatos/turbofans o


ximadamente 50% das aeronaves Brasil viu sua frota reduzida em 46 Total 540 530 538 561 586
registradas no Brasil hoje, merece aeronaves, ou aproximadamente
Normal 5312 5264 5182 5270 5365
um estudo dedicado a ela. Além 8% dos jatos de negócios privados

MAGAZINE 2 9 6 | 27
Compras de deixaram a categoria normal no TABELA 4: VARIAÇÃO DO NÚMERO DE AERONAVES PRIVADAS PELO
oportunidade período (tabela 3). TIPO DE AERONAVE, SEGUNDO O RAB ON LINE
foram opção para Entre os helicópteros, a
quem estava com situação é ainda mais dramática, HELICÓPTERO 2018 2017 2016 2015 2014
capital disponível
a redução no período é de 12% da
frota, um impacto significativo no Bimotor Turboeixo 179 177 172 184 201
setor que sofreu redução em todos
os segmentos (tabela 4). Bimotor Turboeixo 411 417 427 451 459

TÁXIS-AÉREOS Monomotor Convencional 253 227 279 287 297


Para fins desse estudo, foram
consideradas táxis-aéreos Total 843 871 878 922 957
todas as aeronaves registradas
como TPX, mas também as re-
TABELA 5: VARIAÇÃO DO NÚMERO DE AERONAVES TPX NO REGISTRO
gistradas em dupla e múltipla
AERONÁUTICO BRASILEIRO, SEGUNDO O RAB ON LINE
categoria com TPX (tabela 5).
Os impactos da crise podem ser 2018 2017 2016 2015 2014
percebidos no segmento que sofreu
uma redução de 29% do número de Aeronave Interditada 1 2 7 0 0
aeronaves em situação normal no CA Cancelado 785 781 757 746 724
período e teve 35% de sua frota com
a matrícula cancelada. CA Suspenso 71 83 99 89 86
No período de 2014 até CA Vencido 23 32 28 21 21
hoje, o sistema apresenta 143
aeronaves com matrículas can- Matrícula Cancelada 552 529 490 439 410
celadas. Isso significa que essas Normal 617 630 725 819 865
aeronaves foram exportadas ou
sofreram acidente e não mais
constam do RAB (tabela 6). TABELA 6: AERONAVES TPX COM MATRÍCULA CANCELADA NO
No mesmo período, 248 aero- REGISTRO AERONÁUTICO BRASILEIRO, SEGUNDO O RAB ON LINE
naves deixaram a condição de CA 2018 2017 2016 2015 2014
normal no sistema da Anac, ou
seja, perderam a condição de ae- Matrícula Cancelada 553 529 490 439 410
ronavegabilidade necessária para Variação Ano a Ano 24 39 51 29
realizar os voos de forma segura

28 | MAGAZINE 2 9 6
e estão com seu CA com alguma
limitação ou tiveram sua matrícu-
la cancelada. Esse número já con-
sidera as aeronaves que entraram
no sistema no período, ou seja, é o
saldo no período (tabela 7).
Analisando a variação por
tipo de aeronave, a base de dados
mostra o seguinte (tabela 8).
O número de aviões registrados
como táxi-aéreo com o CA normal para as oficinas. Também são os de jatos, que exigem mais investi-
reduziu em 157 unidades, ou quase que possuem maior demanda de mentos e serviços mais especializa-
31%. Isso significa uma queda de treinamento, pilotos, serviços em dos, a redução foi ainda maior – de
aproximadamente um terço da fro- geral. Os impactos de uma redução 41% –, causando mais danos ao
ta de aviões de táxi-aéreo do país. de 31% na frota são devastadores e mercado (tabela 9).
Os aviões de táxis-aéreos são os explicam a situação que a indústria No segmento dos helicópteros, a
que, espera-se, mais voam, portan- nacional passou nos últimos anos. redução foi de 26% com os helicóp-
to, são os que geram mais demanda Ao analisarmos o segmento teros que operam para a indústria de
óleo e gás, respondendo pela maior
TABELA 7: AERONAVES TPX COM CA NORMAL NO REGISTRO parte da redução – 33% –, demons-
AERONÁUTICO BRASILEIRO, SEGUNDO O RAB ON LINE trando o impacto que foi sentido no
setor pela redução das atividades de
2018 2017 2016 2015 2014 exploração e produção no período.
Normal 617 630 725 819 865
FUTURO
Variação Ano a Ano -13 -95 -94 -46 Os números indicam uma leve re-
tomada do mercado, com a redução
de cancelamentos de matrículas. O
TABELA 8: VARIAÇÃO AVIÕES TPX COM CA NORMAL NO REGISTRO elevado número de aeronaves com
AERONÁUTICO BRASILEIRO SEGUNDO O RAB ON LINE o CA suspenso ainda indica que os
AVIÃO 2018 2017 2016 2015 2014
proprietários não estão investindo
em suas aeronaves, e preferem
Motor Convencional 141 160 195 228 240 deixá-las paradas em algum hangar
a arcar com os custos recorrentes
Turbo-Hélice 145 134 151 148 152
de manutenção necessários para
Jato/Turbofan 74 71 83 109 125 manter o certificado válido.
Este ano de 2019 será impor-
Total 360 365 429 485 517
tante para se avaliar a retomada,
com o número de novas matrí-
TABELA 9: VARIAÇÃO HELICÓPTEROS TPX COM CA NORMAL NO culas no país e, principalmente, o
REGISTRO AERONÁUTICO BRASILEIRO, SEGUNDO O RAB ON LINE perfil dessas entradas. Aeronaves de
maior valor agregado, que têm boa
HELICÓPTERO 2018 2017 2016 2015 2014 demanda de voo, geram necessida-
de de serviços locais, aquecendo a
Bimotor Turboeixo 151 154 178 211 227
economia e a indústria aeronáutica
Monomotor Turboeixo 78 78 83 93 94 nacional, que é muito maior do que
apenas um fabricante de aviões.
Monomotor Convencional 24 29 31 26 23 Aguardaremos os números do
próximo ano ansiosamente. Que
Total 253 261 292 330 344
eles sejam melhores!

MAGAZINE 2 9 6 | 29
E S PEC I A L

PARA ACELERAR
A RETOMADA
Aeronaves de negócios exercerão protagonismo na
recuperação da economia brasileira
PO R | DAVID CLARK*, ESPECIAL PARA AERO MAGAZINE

E
m 1903, os irmãos Wright NOVOS MERCADOS O Brasil tem uma forte presença
voaram seu primeiro Uma aeronave executiva era e ainda na aviação comercial e de negócios.
avião, o Wright Flyer, a é um dos melhores investimentos A vasta dimensão do país é maior do
uma distância de 120 pés que uma empresa podia fazer, espe- que a dos Estados Unidos continen-
(36 metros). Hoje, um cialmente se esta empresa estiver em tal e sem possuir um sistema rodo-
Airbus A380 tem 240 pés (73 metros) crescimento com a necessidade de viário interestadual de quatro pistas
de comprimento, o que significa que alcançar novos mercados, precisan- ou uma rede de aeroportos geografi-
dois voos completos do Wright Flyer do tornar seu pessoal mais produti- camente equilibrada como os norte-
poderiam ser realizados do nariz até vo enquanto ainda lhes dá qualidade -americanos. Diferentes regiões do
a cauda do gigante europeu. Então, de vida. Embora o serviço entre Brasil precisam ser conectadas e,
em 1906, Santos Dumont percorreu hubs possa emular os benefícios ainda hoje, apenas 126 aeroportos
com o 14-Bis uma distância total de da aviação de negócios em certas possuem voos comerciais regulares.
744 pés (226,7 metros), um aumento rotas (ponte aérea Rio-São Paulo, Oito aeroportos no Brasil atendem a
de quase seis vezes na distância em por exemplo), simplesmente não há 60% do tráfego comercial, deixan-
relação ao Wright Flyer. As distâncias substituto para a aviação privada no do milhares de comunidades sem
percorridas e as velocidades médias mundo dos negócios. conexão umas com as outras, ou
aumentariam exponencialmente e o Recentemente, conheci o CEO seja, estariam isoladas pela falta de
tempo até o destino cairia pela meta- de uma grande empresa listada na rodovias de duas pistas se não fosse
de várias vezes nas décadas seguintes. Fortune 500, que me disse que havia a aviação de negócios.
Desde o começo, a aviação tratou recém-descoberto o uso de um
de empurrar limites – indo mais avião de negócios e que isso havia CARNAÚBA
longe, mais rápido, tudo em menos aumentado sua produtividade em Um dos primeiros usos documen-
tempo. Não surpreende que essas má- 40%. Onde mais ele poderia obter tados de uma aeronave de negócios
quinas voadoras tenham finalmente esse tipo de ganhos com seu tempo? no Brasil foi uma viagem que HF
chegado ao mundo dos negócios com O desempenho de sua empresa au- Johnson, então CEO da SC Johnson
o objetivo de conectar pessoas chaves mentou drasticamente devido à sua Wax Company, fez entre Racine, em
a mais lugares em menos tempo. A maior produtividade. No entanto, Wisconsin, e Fortaleza, em 1935, em
aviação de negócios nasceu. muitos passageiros de aeronaves um avião Sikorsky S-38, para explo-
Desde o início nas décadas de particulares são gerentes médios, rar a produção de cera de Carnaúba.
1920 e 1930, quando o voo co- engenheiros, gerentes de vendas Essa viagem determinou o que seria
mercial passou a conectar pares e outros funcionários envolvidos o carro-chefe da empresa, a cera de
de cidades nos Estados Unidos e em questões operacionais de suas carnaúba, que foi testada, famílias
fornecer uma nova forma de trans- empresas. Não são apenas CEO norte-americanas compraram mi-
porte público, a aviação de negócios e proprietários a bordo – há um lhões de casas com pisos de madeira
começou a crescer paralelamente, grande número de passageiros que após a Segunda Guerra Mundial
interligando pequenos grupos de está apenas realizando seu trabalho, e o resto é história. Hoje, a SC
viajantes a trabalho a uma crescente utilizando esses escritórios para Johnson é uma empresa de US$ 3,6
rede de cidades por meio de aero- fazer mais em menos tempo, e ainda bilhões e foi construída a partir de
portos remanescentes da Segunda estar em casa para o jantar com a fa- um produto que veio do Brasil, que
Guerra Mundial e reaproveitados mília ou assistir aos jogos de futebol não teria sido possível sem o uso de
para uso civil. de seus filhos. uma aeronave privada, mesmo que
fosse uma aeronave básica e lenta e escolas de voo apoiam esta frota, que nunca desapareceu durante O Brasil tem
como a S-38. Hoje, uma réplica que está entre as mais avançadas a crise, mas foi reduzido. Agora cerca de 760
da aeronave original, que refez a do mundo. está pronto para ser implantado jatos particulares,
viagem ao Ceará, em 1998, fica novamente e pode ter um gran- perdendo para o
no Fortaleza Hall, na sede da SC VOLTAR A CRESCER de impacto na trajetória futura México com 870
jatos e os Estados
Johnson Wax, em Racine, Wis- O Brasil, como outros países, da economia do país. Unidos com mais
consin, perto de Oshkosh, e está enfrentou recentemente uma À medida que a economia de 11.500
aberta diariamente para passeios crise econômica que durou cresce nos polos econômicos
(www.realracine.com/listing/ muito tempo, mas agora tem a regionais (Goiânia, Fortaleza,
fortaleza-hall/237). chance de crescer novamente. Manaus, Recife, Curitiba e Cuia-
Santos Dumont ficaria orgu- A boa notícia é que, após os bá), fora do triângulo Rio-SP-BH,
lhoso. últimos momentos de crise, o o serviço aéreo regular não será
Atualmente, o Brasil tem cerca Brasil voltou rapidamente por suficiente. A aviação de negócios
de 760 jatos particulares, perden- causa da demanda reprimida é, portanto, o grande acelerador
do apenas para o México com por bens e serviços e ao desejo que será um ingrediente-chave
pelo menos 870 jatos e os Estados de vencer novamente. Mas isso nesses centros regionais e em suas
Unidos com mais de 11.500 jatos. não é suficiente para garantir comunidades vizinhas. Não é um
No entanto, isso não inclui todos uma recuperação sustentada. luxo, mas uma necessidade. As
os turbo-hélices, aviões a pistão e Desta vez, o país também possui empresas inteligentes investirão
helicópteros que levam o número a chance de acelerar sua recupe- na aviação privada como uma
total a quase 22.000 aeronaves ração empregando a vasta frota ferramenta de produtividade,
civis no Brasil, tornando-o um de aeronaves de negócios e co- mesmo que por meio de progra-
participante muito importante merciais para chegar na frente, mas de fretamento e fraciona-
no mundo da aviação. Uma vasta fazer conexões e fechar negó- mento, ou perderão. O custo de
rede de centros de serviços, FBO cios. Este é um recurso crítico oportunidade é simplesmente alto

MAGAZINE 2 9 6 | 31
O que melhor demais para deixar isso acontecer. valor a seus clientes. A aviação de maiores gastos com pesquisa e
descreve a negócios é uma dessas ferramen- desenvolvimento, contratação dos
indústria de RESILIÊNCIA tas e o Brasil está em uma posição melhores talentos e investimen-
aviação do Brasil
nos últimos A palavra que melhor descreve a privilegiada para utilizá-la devido to em equipamentos de capital,
cinco anos é a indústria de aviação do Brasil nos ao tamanho e maturidade da só para citar alguns. Utilizando
resiliência últimos cinco anos é a resiliên- frota, assim como a crescente essas estratégias de crescimento
cia. Era uma postura defensiva, infraestrutura para atendê-la. e combinando-as com o uso
destinada a garantir a sobre- O que poderia acontecer com estratégico de uma aeronave de
vivência, e de fato sobreviveu. a economia do Brasil, no entanto, negócios, as empresas podem
Por isso, milhares de empresas se não houvesse apenas 760 acelerar sua trajetória para o su-
brasileiras, aquelas que conse- jatos, mas 1.520 ou 3.040? Isso cesso, tendo controle total sobre
guiram seus custos em linha com ainda seria menos de um terço seu recurso mais importante – o
suas receitas, mantiveram suas da frota dos Estados Unidos, mas tempo de seus funcionários. A
melhores pessoas, cortaram os a aceleração da recuperação do aviação privada é realmente o
que não eram produtivos e se Brasil seria grande demais para se grande acelerador do sucesso.
posicionaram para a recuperação. imaginar. O aumento exponencial De fato, Santos Dumont fica-
Essas empresas vão crescer nova- da produtividade e a capacidade ria orgulhoso.
mente e usarão todos os recursos de capturar oportunidades prova-
disponíveis para compensar o velmente desafiariam as empre- O consultor de aviação David
tempo perdido. Eles precisam sas com o que mais desejam: o Clark é diretor administrativo do
de todas as vantagens, de todas sucesso. Integris Aviation Group e especia-
as ferramentas que acelerem seu Há muitos aspectos para uma lizado em vendas e aquisições de
retorno à lucratividade, a fim de recuperação econômica bem- aeronaves no Brasil, trabalhando
maximizar o retorno aos acionis- -sucedida para o Brasil como com algumas das maiores empre-
tas, proporcionar oportunidades menores taxas de juros, menores sas e pessoas físicas com altíssimo
para seus funcionários e agregar impostos sobre combustíveis, patrimônio do país.

32 | MAGAZINE 2 9 6
E S PEC I A L
COMO IMPORTAR
E REGISTRAR UMA
AERONAVE
O que devo fazer primeiro, que tipo de
cuidado devo tomar, quais documentos serão
necessários, que tipo de conhecimento preciso
ter? Orientações para que o sonho de comprar
um avião ou helicóptero não vire um pesadelo
P OR | IVANA CARRARO*, ESPECIAL PARA AERO MAGAZINE

A
decisão de com- que outros, daí o motivo para se
prar uma aeronave analisar o país de procedência do
embute questões equipamento.
paralelas à escolha
do modelo em si ACORDO BILATERAL
ou ao levantamento dos recursos Uma vez determinado o país de
para a aquisição do bem, sobre- procedência, o futuro proprie-
tudo se a intenção for fazer sua tário precisa observar alguns
importação. Nessa hora, é preciso aspectos:
cautela. De cara, deve-se levar em
conta três aspectos: o país onde o a) se nosso país tem acordo
equipamento está registrado, as bilateral cobrindo a aviação
condições técnicas da máquina civil com aquele país;
e a forma de pagamento. Daí em b) se o equipamento que está
diante, é vital dar atenção para trazendo é certificado no Brasil; e
cada detalhe do processo. Isso fará c) se pode ser exportado pelo país
diferença na sua relação com seu que tem seu registro atual para o
novo meio de transporte. Brasil.

PAÍS DE ORIGEM Conforme estabelecem acordos


Os futuros proprietários nor- internacionais, uma mesma aero-
malmente não se preocupam em nave não pode ter registros em dois
entender onde o equipamento países simultaneamente. Ou seja,
está registrado. Muitos acreditam para registrá-la no Brasil, é necessá-
que o que interessa é o local onde rio que se faça a devida exportação
a aeronave será registrada, no e se cancele suas marcas junto à
caso, o Brasil. Mas não é assim autoridade aeronáutica do país de
que a aviação civil funciona. Por origem. Somente assim é possível
se tratar de um meio de trans- registrar o avião no Brasil.
porte de alta complexidade e
que afeta vidas diretamente, a DESREGISTRO
atividade é altamente regulamen- Esse procedimento deve ser
tada no mundo todo. Ocorre que previsto no processo de compra.
alguns países se esforçam mais Caso contrário, não será possível
no cumprimento dessas regras do realizar o registro da aeronave

MAGAZINE 2 9 6 | 35
O maior risco de no Brasil. Nesse processo será CONTRATO por um técnico com experiência
quem importa necessário obter tanto o certifi- Daí a importância em se verifi- nesse tipo de atividade, irá ga-
é ficar com cado de aeronavegabilidade para car todos esses detalhes antes de rantir que a manutenção está em
a aeronave exportação (emitido pelo país de efetivamente pagar pela aeronave, dia, e que todos os equipamentos
sem liberação origem da aeronave, garantindo pois, uma vez transferido o recurso, e acessórios estão de acordo com
para voar por
que esta atende aos requisitos dificilmente o vendedor terá dispo- o que se está comprando. Esse
problemas
burocráticos com do Brasil para registro) como a sição em colaborar para providen- cuidado pode evitar dissabores
a Anac notificação do cancelamento de ciar os documentos necessários para quando você estiver operando
marcas naquele país (o chamado o Brasil. Um contrato de compra e a aeronave, como ter de realizar
desregistro ou cancelamento de venda detalhado e com as infor- manutenções inesperadas (não
marcas, enviado à autoridade mações técnicas pertinentes traz programadas), deixando o equi-
brasileira), além da nota de venda mais segurança para a aquisição, pamento indisponível e levando
transferindo a propriedade da e menos problemas e desgastes na a um desembolso muitas vezes
aeronave devidamente “apostila- hora do registro no Brasil. É muito desnecessário, e evitável – se os
da” e “consularizada”. importante se cercar do máximo cuidados tivessem sido tomados
Alguns proprietários já possível de conhecimento jurídico quando da aquisição, realizando
passaram pela situação de e aeronáutico neste momento, pois, uma pré-compra séria e bem
trazer a aeronave, passar por se tudo ficar esclarecido no contrato, acompanhada. Além disso, uma
todo o procedimento alfan- não restarão dúvidas e será somente inspeção pré-compra bem-feita já
degário e depois permanecer uma questão de executá-lo. deixa a aeronave preparada para
com sua máquina parada por a vistoria da Anac, que expede o
meses enquanto a situação nas INSPEÇÃO Certificado de Aeronavegabilida-
autoridades aeronáuticas se re- Outro ponto importante a de quando de sua nacionalização.
solvia, tudo por conta da falta ser observado são as questões
de cuidado durante o processo técnicas. Fazer uma inspeção COMPRA DIRETA
de negociação e compra da pré-compra em uma oficina séria Por fim, deve-se dar atenção à
aeronave no exterior. e independente, acompanhada maneira como será feito o paga-

36 | MAGAZINE 2 9 6
ANTES DE COMPRAR
UMA AERONAVE, DEVE-
dade de discutir o pagamento do SE CONSIDERAR O PAÍS
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços), de ONDE O EQUIPAMENTO
forma que, no momento da im-
portação, a carga tributária fique ESTÁ REGISTRADO, AS
em 10% do valor do bem. Ainda
nessa modalidade, mensalmente CONDIÇÕES TÉCNICAS E
ou trimestralmente, são pagas as
parcelas referentes ao aluguel,
A FORMA DE PAGAMENTO
compostas por juros e amorti-
zações. Assim, quando se chega
ao final do período, a aeronave
estará quase paga, se não houver
opção de compra muito alta. zada para que a Anac faça uma
vistoria técnica durante a qual
TRADING irá comprovar a conformidade
A terceira modalidade é a aqui- de todos os equipamentos, ve-
sição do equipamento por meio rificar a emissão do Certificado
de um contrato de encomenda de Aeronavegabilidade para ex-
por conta e ordem de terceiros portação e o cancelamento das
com uma trading que tenha marcas, para assim poder emitir
direito à redução do ICMS. Nela o Certificado de Aeronavegabi-
o comprador firma um contrato lidade que permitirá à aeronave
mento. Isso interfere no momento com a trading e solicita a esta iniciar suas operações, em
do desembolso e depois, durante a que adquira determinado bem, conjunto com o certificado de
chegada ao Brasil, no processo de nacionalize-o e depois venda- registro emitido pelo RAB (Re-
importação, quando nos depara- -o para ele no Brasil, já com gistro Aeronáutico Brasileiro),
mos com os tributos aplicados a todos os impostos pagos. Nessa no qual todos os documentos
esse tipo de equipamento. modalidade, a trading assume a deverão ser levados a registro.
Hoje, pode-se dizer que exis- posição de comprador no con- Ficando assim a aeronave agora
tem três modalidades de importa- trato e passa a executá-lo – aqui, registrada junto a autoridade
ção. A primeira é a compra direta. da mesma forma, os cuidados de Brasileira.
Nela os recursos saem diretamente importação já citados devem ser
do comprador no Brasil para o tomados no processo de aquisi- VOO
vendedor, com carga tributária ao ção. A tributação nessa modali- Se forem observados todos
redor de 34% do valor da aeronave dade fica em torno de 16%, que os itens mencionados neste
– pagos no momento do desemba- serão incorporados ao valor da artigo, a probabilidade de ter
raço alfandegário. aeronave e pagos pelo compra- uma aquisição de aeronave
dor no momento da transferên- mais tranquila e ainda manter
ARRENDAMENTO cia de propriedade no Brasil. o encantamento pela nova
Já no arrendamento financei- Existe ainda o arrendamento aquisição será grande. Tenha
ro internacional, o comprador operacional, ou seja, o aluguel ótimos voos!
desembolsa por volta de 20% puro e simples, contudo, essa
do valor do bem e um banco no modalidade é permitida somente *Ivana Carraro é administradora
exterior paga os 80% restantes a companhias aéreas e empresas de empresas com MBA em
– ficando com a propriedade da de táxi-aéreo do país. Comércio Exterior pela FEA-
aeronave e cedendo-a ao compra- USP e CEO da Carraro Aviation,
dor brasileiro em aluguel, com VISTORIA TÉCNICA empresa especializada em
a opção de aquisição ao final do Após todos esses procedimentos, consultoria na importação e
período. Aqui existe a possibili- a aeronave deve ser disponibili- exportação de aeronaves

MAGAZINE 2 9 6 | 37
E S PEC I A L

FAÇA UMA
COMPRA RACIONAL
Adquirir um avião pode ser uma tarefa desafiadora
e frustrante, mas, se você tiver um plano e segui-lo,
o processo tende a ser muito menos estressante
POR | EDMUNDO UBIRATAN E SHAILON IAN, ESPECIAL PARA AERO MAGAZINE

O
s benefícios da demandas a partir de 30 horas, a REGISTROS TÉCNICOS E
aviação de negó- aquisição de uma aeronave pode INSPEÇÃO PRÉ-COMPRA
cios são inúmeros fazer sentido, sempre com muito Numa aeronave usada a necessidade
– privacidade, cuidado e analisando o perfil de de uma inspeção pré-compra efetu-
mobilidade, utilização esperado. ada por uma empresa independen-
produtividade – e, quando um Definir o perfil de utilização te, de preferência em uma oficina
empresário adquire sua própria é a segunda etapa importante diferente da que normalmente
aeronave, a decisão normalmente do processo. Algumas empresas efetuou manutenção na aeronave
representa um marco no cresci- voam bastante, mas tem um durante a vida dela, é fundamental.
mento e na solidez da empresa. perfil muito diverso, com voos Durante essa inspeção, não só a
Entretanto, se o processo for curtos e para áreas de fazenda, aeronave deve ser minunciosamen-
planejado ou conduzido de forma por exemplo, ao mesmo tempo te verificada, mas também seus
indevida, depois de adquirida, a que têm voos internacionais. registros técnicos, preparando-a
aeronave pode se mostrar um pro- Nesse caso, os perfis devem ser para a obtenção do certificado de
blema, um “elefante branco” que analisados separadamente para se aeronavegabilidade brasileiro, caso
tira o sono do diretor financeiro e definir a demanda, pois os tipos seja uma aeronave estrangeira, ou
se transforma no slide injustificá- de aeronaves utilizados são muito garantindo que numa futura audito-
vel das reuniões de conselho. Para diferentes. ria da Anac o novo proprietário não
que isso não aconteça, a aquisição Uma vez definida a deman- terá problemas.
de uma aeronave deve ser bem da e o perfil da operação, é o Deve-se buscar indícios de
pensada muito antes da primeira momento de se buscar opções no incidentes ou acidentes que acon-
conversa com qualquer fabricante mercado para a empresa. teceram com a aeronave, assim
ou vendedor. como registros de manutenção
NOVA OU USADA fora do padrão – que indiquem
FAZENDO O DEVER DE CASA Existem vantagens e desvanta- grandes serviços executados
A primeira ação que deve ser to- gens em ambos os casos. Uma além do cronograma previsto
mada é a realização de um estudo aeronave nova tem um custo de pelo fabricante. Se a aeronave
por parte da empresa sobre o aquisição maior, e a desvaloriza- estiver parada há muito tempo, os
perfil dos fretamentos que foram ção assim que sai do fabricante registros de preservação devem
contratados nos últimos meses. também é maior. Em contrapar- ser verificados e os principais
Uma boa regra geral é a tida, o período de garantia ajuda componentes devem ter seus logs
seguinte: para demandas de até no fluxo de caixa da operação. verificados.
10 horas de voo por ano, o mais Uma aeronave usada tem O que os candidatos a
econômico é continuar utilizando um desembolso inicial menor, proprietário não sabem é que
os serviços de um bom táxi-aéreo. mas não conta com a garantia, o uma aeronave nova, na fábrica,
Para demandas entre 10 e 30 ho- que impacta no fluxo de caixa da também precisa de uma inspe-
ras, opções como fractional owner- operação, que tem de arcar com ção pré-compra. Muitas vezes
ship passam a ser interessantes, de- os custos de manutenção desde o os registros da aeronave não
pendendo do perfil dos voos. Para primeiro momento. estão preparados para a vistoria
da Anac e a falta da vistoria REGISTROS mada e, com base nos dados Itens como
pré-compra acaba por atrasar É importante verificar se a levantados em uma inspeção alcance, pista,
o processo de recebimento dos aeronave pode ser vendida. pré-compra bem-feita, é possí- velocidade e
carga paga
certificados no Brasil, causando Se ela estiver no Brasil, deve- vel projetar custos futuros com
mudam conforme
frustração para o proprietário. -se verificar junto ao Registro manutenção programada com as características
Com a aeronave ainda na fábrica Aeronáutico Brasileiro ( RAB) elevado grau de confiança. do voo
e antes de realizar todos os pa- se aquela aeronave não tem ne- Com essas informações,
gamentos, a solução de qualquer nhum apontamento que impeça mais os dados de custos ope-
problema encontrado na docu- sua transferência. No exterior, racionais, o empresário está
mentação se dá de maneira muito deve-se buscar a informação preparado para tomar uma
mais tranquila e rápida. equivalente junto ao registro decisão racional sobre qual a
aeronáutico do país onde a ae- melhor aeronave deve adquirir
MODIFICAÇÕES E REPAROS ronave encontra-se registrada. para continuar fazendo seu
Estes são os famosos STC ou negócio crescer.
TCDS instalados na aeronave. É ESTUDO
o sistema de som que o proprie- Depois de verificadas algumas PERFORMANCE
tário pediu para instalar, aquele opções, deve-se preparar um A totalidade dos fabricantes apre-
aquecimento da poltrona, o HUD, estudo com a projeção futura sentam as tradicionais brochuras,
tudo isso precisa ser verificado e de custos programadas para as algumas de luxo, demonstrando
ter a documentação checada para aeronaves. Em aviação, grande as características de desempenho
evitar problemas com a Anac. parte da manutenção é progra- das aeronaves. Contudo, as letras

MAGAZINE 2 9 6 | 39
modelo desejado atende a todas as transporte da aeronave. Voar mais
principais missões planejadas. rápido significa maior consumo
de combustível. A troca poderá ser
RECOMENDA-SE TER PISTA CURTA
É importante conhecer quais
menor alcance ou redução na carga
paga disponível, se troca passageiro
UM ESTUDO COM A limitações uma aeronave possui e malas por combustível.
para decolar em diversas situ-
PROJEÇÃO DE CUSTOS ações. Por exemplo, é possível CARGA PAGA
decolar de Angra dos Reis? Caso Mais um fator importante é o
PROGRAMADOS PARA a resposta seja afirmativa, quais payload, ou carga paga, dispo-
limitações a aeronave terá para nível. Em algumas aeronaves é
A AERONAVE realizar essa operação dentro dos importante conhecer tal limite,
limites do fabricante? A brochura, já que para cumprir os parâme-
não raro, mostra uma operação tros da brochura será necessário
em pista curta com apenas dois reduzir, e muito, a capacidade de
passageiros, algo diferente de transporte. No caso de alguns avi-
uma operação cotidiana. ões e helicópteros, especialmente
miúdas apontam que os dados os mais leves, esse é um item
apresentados são baseados em ALCANCE crítico. O exemplo sobre “Range
condições específicas. Geral- O mesmo ocorre com o alcan- is based ona ferry mission…” foi
mente, o cliente encontrará algo ce, que, normalmente, inclui retirado da brochura de um super
como: “Performance data is based uma reserva de 30 minutos, mid-size recém-lançado, o que
on standard conditions with zero com a performance baseada nas significa que, ao contrário do ma-
wind. Field performance assumes condições NBA. Com alguma terial promocional do fabricante,
a sea level, hard surface, dry frequência é possível encontrar ele não poderá voar costa a costa
runway. Range is based on ISA en dados de brochura seguidos desta nos Estados Unidos se tiver um
route, 85 percent winds with NBA observação: “Range is based on passageiro a bordo.
IFR Reserves”. a ferry mission at LRC with NBA
Traduzindo, o fabricante uti- IFR Reserves (200 nm)”. Ou seja, OPCIONAIS
liza como referência, até para ter o avião realmente tem aquele al- Outro item a ser considerado são os
um parâmetro mínimo, condições cance, mas apenas com os pilotos equipamentos opcionais no cockpit.
padrão atmosféricas e de rota. O a bordo. É fundamental ter um É natural que o proprietário dê
que é pouco provável que será assessoramento para, baseado nos atenção absoluta aos itens de cabine,
o dia a dia de uma operação, aeroportos que mais deverá utili- afinal, é ali que ele e seus executivos
afetando os dados da brochura. zar, se o avião poderá cumprir a (ou mesmo família) irão viajar.
Em geral, a aeronave continua distância planejada sem escalas. Porém, vale consultar a necessidade,
atendendo à maioria das missões Mesmo jatos de longo curso, mui- ou não, de instalar opcionais como
planejadas, mas pode não cumprir tas vezes são apresentados com autobrake, head-up display, visão
algumas operações. condições muito especiais de voo, sintética, entre outros. Embora os
A principal fonte é o ma- ou seja, talvez não seja possível exemplos aumentem a segurança, se
nual operacional da aeronave, em determinado voo decolar de o avião for operar majoritariamente
ainda que muitos vendedores São Paulo e pousar em Moscou em aeroportos centrais, a visão
apontem as grandes margens da sem escalas. Ou será necessário sintética pode não ser fundamental.
aeronave, todas concebidas para voar mais lento. Porém, se parte das operações for
evitar sustos em casos especiais. É em aeroportos pouco conhecidos
importante ter ao lado um piloto VELOCIDADE pela tripulação e localizados em
de confiança e que possa ajudar o A velocidade é outro ponto a ser regiões com terreno acidentado, ele
proprietário a interpretar correta- considerado. Ela vai interferir dire- representa um ganho considerável
mente os dados e confirmar se o tamente no alcance e capacidade de na segurança.

40 | MAGAZINE 2 9 6
GUIA 2019
DE COMPRAS

DADOS GER AIS PERFORMANCE


Preços de tabela: Os preços (FOB) das aeronaves são baseados no valor Alcance dos jatos e dos turbo-hélices: O alcance máximo IFR, com
básico divulgado pelos fabricantes e em referências de mercado. todos os assentos ocupados.
Assentos (piloto/passageiros): O número “típico” especificado nas Alcance do helicóptero: O alcance máximo VFR, com todos os assentos
colunas não é o número certificado oficialmente pela aeronave. Esses ocupados (todos os helicópteros).
números variam de acordo com o tipo de operação da aeronave.
Alcance específico: Distância que uma aeronave pode voar com uma
Pesos: O peso máximo de decolagem é especificado durante determinada quantidade útil de combustível.
certificações da aeronave. A capacidade de combustível é medida em
galões baseados numa quantia de 6.7 libras por galão. Carga paga com Velocidade de cruzeiro: É a velocidade necessária para atingir alcance
combustível cheio é o combustível útil menos o usado. máximo de voo.
Fabricação (início/término): O ano da primeira entrega de uma Teto operacional: É a maior altitude que um avião pode atingir.
aeronave até o ano da última entrega. Para os helicópteros, é um certificado máximo para operação.

Suporte técnico: Cássio Polli - Aérie Aviação Executiva


Learjet 75

Global 6500

JATOS
US$ (milhão) Assentos Vel. max Produção
Peso Alcance
Aeronave Pax Pax cruzeiro Teto (ft)
Lista Usada Ano (max) lb (nm) Início Fim
(típico) (max) (kt)
BOMBARDIER
Challenger 300 24.8 13.0 2014 8 16 38.850 3.065 476 45.000 2004 2014
Challenger 350 26.6 20.0 2016 8 16 40.600 3.200 476 45.000 2014 -
Challenger 604 26.8 6.3 2007 10 19 48.200 3.756 488 41.000 1996 2007
Challenger 605 31.1 15.0 2015 10 19 48.200 3.756 488 41.000 2007 -
Challenger 650 32.3 24.0 2010 10 19 48.200 4.000 490 41.000 2018 -
Challenger 850ER 30.1 13.0 2015 15 19 53.000 2.456 459 41.000 1996 2012
Global 5000 50.4 36.0 2015 13 19 92.500 5.475 511 51.000 2004 -
Global 6000 62.3 46.0 2018 13 2 99.500 5.890 511 51.000 2011 -
Global Express 45.0 12.0 2005 13 10 95.000 5.940 505 51.000 1999 2005
Global Express XRS 58.5 21.5 2012 13 19 98.000 6.055 511 51.000 2005 2012
Learjet 31A - 1.2 2003 6 10 17.200 1.211 462 51.000 1991 2003
Learjet 40 - 1.7 2007 6 7 20.350 1.573 465 51.000 2003 2009
Learjet 40XR - 3.3 2012 6 7 21.000 1.778 465 51.000 2005 -
Learjet 45 - 2.6 2007 8 9 20.500 1.423 465 51.000 1998 2007
Learjet 45XR - 4.5 2012 8 9 21.500 1.685 465 51.000 1998 2012
Learjet 60 - 2.0 2003 7 10 23.500 2.186 465 51.000 1993 2007
Learjet 60XR - 4.2 2013 7 10 23.500 2.044 465 51.000 2007 2013
Learjet 70 11.3 4.5 2014 7 10 21.500 1.920 465 51.000 2013 -
Learjet 75 13.8 10.0 2018 8 10 21.500 1.899 465 51.000 2013 -
CIRRUS
Vision SF50 1.9 - - 7 7 6.000 600 300 28.000 2016 -
DASSAULT
Falcon 2000 - 7.5 2007 8 19 35.800 2.841 475 47.000 1995 2007
Falcon 2000 DX - 12.0 2010 8 19 41.000 3.378 482 47.000 2007 2011
Falcon 2000 EX EASy - 11.5 2009 8 19 42.200 3.878 482 47.000 2004 2009
Falcon 2000 LX - 17.5 2012 8 19 42.800 3.817 482 47.000 2007 2014
Falcon 2000 LXS 35.1 31.0 2018 8 19 42.200 3.817 482 47.000 2013 -
Falcon 2000 S 28.9 27.0 2018 8 19 41.000 3.613 482 47.000 2013 -
Falcon 50 EX - 5.4 2007 9 19 39.700 3.223 480 49.000 1997 2007
Falcon 7X 53.8 45.0 2018 12 19 70.000 5.490 459 51.000 2007 -
Falcon 8X 59.3 55.0 2018 12 19 73.000 6.450 460 51.000 2016 -
Falcon 900B - 5.7 2000 12 19 45.500 3.450 500 39.600 1986 2000

42 | MAGAZINE 2 9 6
Citation-II
Citation Encore

Cockpit Citation

Citation Mustang

Global 6000

Challenger 650

MAGAZINE 2 9 6 | 43
Citation VI

Falcon 8X

US$ (milhão) Assentos Vel. max Produção


Peso Alcance
Aeronave Pax Pax cruzeiro Teto (ft)
Lista Usada Ano (max) lb (nm) Início Fim
(típico) (max) (kt)
Falcon 900A - 3.2 1991 12 19 45.500 3.450 466 51.000 1987 1999
Falcon 900 DX - 14.5 2010 12 19 46.700 4.100 482 51.000 2005 2011
Falcon 900 EX - 8.7 2003 12 19 48.300 4.500 420 51.000 1996 2003
Falcon 900 LX 44.8 38.0 2018 12 19 49.000 4.800 482 51.000 2010 -
EMBRAER
Legacy 450 16.5 15.5 2018 7 9 35.274 2.575 467 45.000 2015 -
Legacy 500 19.9 18.5 2018 8 12 38.360 3.125 462 45.000 2014 -
Legacy 600 - 13.0 2015 13 19 49.604 3.090 455 41.000 2006 2013
Legacy 650 - 9.0 2010 53.572 3.642 459 41.000 2010 2017
Legacy 650E 25.9 22.0 2018 13 19 53.572 3.900 459 41.000 2017 -
Lineage 1000 - 25.0 2013 120.152 4.237 470 41.000 2008
Lineage 1000E 53.0 45.0 2018 19 19 120.152 4.600 472 41.000 2013 -
Phenom 100 - 2.6 2013 10.472 926 390 41.000 2008
Phenom 100E 4.5 3.7 2017 5 6 10.472 1.178 405 41.000 2013 -
Phenom 300 9.0 - - 7 9 17.968 1.692 453 41.000 2009 -
Phenom 300E 9.45 9.45 2018 17.968 1.971 453 45.000 2017 -
Praetor 500 16,9 - - 7 9 36.949 3.250 462 45.000 2018 -
Praetor 600 20,9 - - 8 12 42.877 3.900 466 45.000 2018 -
GULFSTREAM
GIV-SP - 6.6 2002 13 19 74.600 3.880 476 45.000 1992 2002
GV - 11.8 2002 13 19 90.500 6.250 508 51.000 1995 2002
G100 - 3.1 2006 7 9 24.650 2.550 474 45.000 2001 2006
G150 - 9.0 2016 7 8 26.100 2.760 470 45.000 2005 2017
G200 - 6.4 2011 8 10 35.450 3.130 470 45.000 1999 2011
G280 24.5 22.0 2018 8 10 39.600 3.387 482 45.000 2012 -
G300 - 5.0 2004 13 19 72.000 3.486 476 45.000 2003 2004
G350 - 12.5 2012 14 19 70.900 3.680 476 45.000 2005 2012
G400 - 6.8 2004 13 19 74.600 3.880 476 45.000 2003 2004
G450 - 24.0 2016 14 19 74.600 4.100 459 45.000 2005 2016
G500 48.2 - - 18 19 79.600 5.200 516 45.000 2018 -
G550 61.5 46.0 2018 18 19 91.000 6.490 508 51.000 2003 -
G600 57.9 - - 18 19 94.600 6.500 516 51.000 2018 -
G650 70.1 66.0 2018 18 19 99.600 7.000 516 51.000 2012 -
PILATUS
PC-24 8,9 8.5 2018 4 6 17.968 2.810 440 45.000 2017 -

44 | MAGAZINE 2 9 6
Citation M2

Citation CJ3

Citation CJ4 Learjet 75

Falcon 50

Falcon 200LXS

MAGAZINE 2 9 6 | 45
G550

G150

US$ (milhão) Assentos Vel. max Produção


Peso Alcance
Aeronave Pax Pax cruzeiro Teto (ft)
Lista Usada Ano (max) lb (nm) Início Fim
(típico) (max) (kt)
HONDA
HA-420 HondaJet 5.0 4.9 2018 5 6 10.600 1.223 420 43.000 2016 2018
HA-420 Elite 5.0 - - 5 6 10.700 1.223 422 43.000 2018 -
TEXTRON AIRCRAFT
Beechjet 400A - 1.01 2003 7 9 16.100 1.180 458 45.000 1990 2003
Citation Bravo - 1.8 2006 7 11 14.800 1.290 405 45.000 1997 2006
Citation CJ1 - 1.9 2005 5 6 10.600 775 381 41.000 2000 2005
Citation CJ1+ - 3.0 2011 5 6 10.700 895 389 41.000 2005 2011
Citation CJ2 - 2.6 2006 6 8 12.375 1.075 413 45.000 2000 2006
Citation CJ2+ - 4.5 2015 6 8 12.500 1.194 413 45.000 2005 2015
Citation CJ3 - 5.5 2015 6 8 13.870 1.374 417 45.000 2003 2015
Citation CJ3+ 8.29 7.6 2018 7 9 12.750 2.040 416 45.000 2014 -
Citation CJ4 9.1 8.6 2018 7 9 17.110 1.667 454 45.000 2010 -
Citation M2 4.7 4.5 2018 5 7 10.700 1.550 404 41.000 2013 -
Citation Encore - 2.8 2006 7 11 16.630 1.410 430 45.000 2000 2006
Citation Encore+ - 3.7 2009 7 11 16.830 1.494 430 45.000 2007 2009
Citation Excel - 2.8 2004 7 12 20.000 1.449 433 45.000 1998 2004
Citation XLS - 4.6 2008 8 12 20.200 1.539 433 45.000 2004 2008
Citation XLS+ 13.0 12.0 2018 8 12 20.200 1.528 440 45.000 2008 -
Citation X - 9.20 2012 8 12 36.100 2.890 525 51.000 1996 2012
Citation X+ - 20.0 2018 8 12 36.600 3.229 527 51.000 2013 2018
Citation Latitude 16.6 15.0 2018 9 9 30.800 2.700 446 45.000 2015 -
Citation Jet - 1.27 1999 5 6 10.400 750 377 41.000 1993 1999
Citation Mustang - 2.7 2017 4 5 8.645 718 340 41.000 2006 2017
Citation Sovering - 8.4 2013 9 12 30.300 2.620 459 43.000 2004 2013
Citation Sovering+ 17.89 16.0 2018 9 12 30.755 3.000 459 45.000 2013 -
Citation Ultra - 1.4 1999 7 11 16.300 1.259 400 45.000 1994 1999
Hawker 4000 - 4.2 2012 8 14 39.500 3.283 489 45.000 2008 2012
Hawker 400XP - 2.2 2010 8 9 16.300 1.180 450 45.000 2004 2010
Hawker 400 XPR - N/D N/D 8 9 16.300 1.243 450 45.000 1994 2006
Hawker 750 - 3.5 2011 8 15 27.000 2.050 447 41.000 2008 2011
Hawker 800XP - 2.0 2004 8 15 28.000 2.470 449 41.000 1995 2005
Hawker 800XPi - 2.1 2005 8 15 28.000 2.470 449 41.000 2005 2006
Hawker 800XPR - N/D N/D 8 15 28.000 2.733 452 41.000 1995 2005
Hawker 850XP - 3.6 2009 8 15 28.000 2.525 452 41.000 2006 2009
Hawker 900XP - 5.5 2012 8 15 28.000 2.733 452 41.000 2007 2012
Premier I - 1.5 2005 6 7 12.500 850 461 41.000 2001 2005
Premier IA - 2.3 2012 6 7 12.500 850 461 41.000 2005 2012

46 | MAGAZINE 2 9 6
PC-24

G280 G150 HondaJet

G550

Legacy 500

MAGAZINE 2 9 6 | 47
King Air 350i

KingAir 250

TURBO-HÉLICES
US$ (milhão) Assentos Vel. max Produção
Peso Alcance
Aeronave Pax Pax cruzeiro Teto (ft)
Lista Usada ano (max) lb (nm) Início Fim
(típico) (max) (kt)
DAHER
TBM 700C2 - 1.4 2006 5 6 7.394 1.000 292 31.000 2003 2006
TBM 850 - 2.4 2013 5 6 7.394 1.102 320 31.000 2006 2014
TBM 900 - 3.2 2016 5 6 7.430 1.730 330 31.000 2014 2016
TBM 910 3.7 3.7 2018 5 6 7.394 1.730 330 31.000 2017 -
TBM 930 4,0 4.0 2018 5 6 7.394 1.730 330 31.000 2016 -
PIAGGIO
Avanti P180 - 2.1 2005 6 9 11.550 980 390 37.000 1990 2005
Avanti P180 II 7.4 - - 6 9 12.100 752 402 39.400 2006 -
PILATUS
PC-12 2.9 2.7 2008 7 10 10.450 1.340 261 30.000 1995 2008
PC-12 NG 4.7 4.0 2018 7 10 10.450 1.309 280 30.000 2008 -
PIPER
M600 2.9 2.7 2018 6 6 6.000 1.658 274 30.000 2016 -
M500 2.0 2.0 2018 6 6 5.092 1.000 260 30.000 2015 -
Meridian PA-56-500TP 2.2 1.5 2015 5 5 5.092 489 267 30.000 1999 2015
QUEST AIRCRAFT
Kodiak 100 2.1 2.0 2018 5 9 7.255 524 180 25.000 2008 -
TEXTRON AIRCRAFT
King Air 250 6.2 5.0 2018 6 15 12.500 1259 292 35.000 2011 -
King Air 350 6.1 3.0 2009 8 15 15.000 1.440 320 35.000 1990 2013
King Air 350ER - 4.8 2012 8 15 16.500 1.878 303 35.000 2005 -
King Air 350i 7.4 6.5 2018 8 15 15.000 1.440 320 35.000 2009 -
King Air 350iER 7.3 - - 8 15 16.500 2.271 303 33.000 2010 -
King Air B200 5.4 2.8 2012 6 15 12.500 1.755 260 35.000 1981 2013
King Air B200GT 5.8 2.7 2011 6 15 13.420 960 284 35.000 2007 2011
King Air C90B 2.7 1.4 2005 5 12 10.485 640 250 30.000 1992 2005
King Air C90GT 2.9 1.5 2007 5 12 10.100 981 270 30.000 2006 2007
King Air C90GTi 3.3 1.8 2009 5 15 10.485 1.321 240 30.000 2007 2010
King Air C90GTx 3.7 3.5 2018 5 15 10.485 903 240 30.000 2010 -
208 Caravan 2.0 1.9 2018 9 13 8.000 325 186 25.000 1985 -
208B Grand Caravan - 1.4 2008 9 13 8.217 529 184 25.000 1986 2013
208B Grand CaravanEX 2.5 2.2 2018 9 13 8.807 494 194 25.000 2013 -

48 | MAGAZINE 2 9 6
Cessna Caravan

King Air 250 PC-12

TBM 900

TBM 930

MAGAZINE 2 9 6 | 49
AW169

AW119 Bell 429

Sikorsky 76++

50 | MAGAZINE 2 9 6
HELICÓPTEROS
US$ (milhão) Assentos Produção
Peso Alcance Vel. max
Aeronave Pax Pax
Lista Usada ano (max) lb (nm) cruzeiro (kt) Início Fim
(típico) (max)
LEONARDO HELICOPTER
AW109 Grand - 4 2011 5 7 7.000 360 155 2005 2011
AW109 GrandNew 7.8 - - 5 7 7.000 453 158 2010 -
AW109 Power - 5.0 2014 5 7 6.614 311 154 1997 -
AW119 Koala - 3.0 - 5 7 5.997 N/D 140 2000 2006
AW119 KX 3.6 - - 5 7 6.283 515 140 2013 -
AW139 11.9 - - 8 15 14.110 460 165 2004 -
AW169 8.5 - - 4 8 10.141 440 165 2015 -
AW189 26.0 - - 17 19 18.298 617 155 2014 -
AIRBUS HELICOPTERS
AS 332L1 Super Puma - 21.7 - 12 19 18.960 406 141 1986 2011
AS 332L1e Super Puma 24.2 - - 12 19 18.960 406 141 2011 -
AS 332L2 Super Puma - 14.8 - 9 19 20.502 392 150 1993 2007
AS 350B2 - Esquilo - 2.0 2012 4 6 4.960 312 133 1990 -
AS 350B3 (2B) - Esquilo - 2.1 2012 4 6 4.960 300 137 1997 2012
AS 350B3 (2B1) - Esquilo - 2.1 2012 4 6 5.225 300 137 2008 2011
AS 350B3e - Esquilo - 2.5 2015 4 - 5.225 300 137 2011 -
AS 365N2 Dauphin - 2.6 2001 6 14 9.369 420 151 1990 2001
AS 365N3 Dauphin - 5.5 2011 6 14 9.480 354 152 1998 2010
AS 365N3+ Dauphin - 10.9 2016 6 14 9.480 341 149 2011 -
H120 - 2.0 2016 4 9 3.780 395 125 1997 -
H130 B4 - 2.4 2015 5 4 5.351 280 135 2000 2012
H130 T2 3.0 - - 5 7 5.512 268 130 2012 -
H135P1 - 2.1 2003 5 7 6.250 332 140 1997 2004
H135P2 - 5.2 2015 5 7 6.250 332 140 2004 -
H135P2+ - 4.7 - 5 7 6.415 254 140 2006 2011
H135P2E 5.1 - 5 7 6.504 278 137 2011 -
H135 T1 - 2.1 2003 5 7 5.984 332 141 1997 2004
H135 T2 - 5.2 2015 5 7 6.250 332 140 2004 -
H135 T2+ 4.7 - - 5 7 6.415 332 140 2006 -
H135 T2e 5.1 - - 5 7 6.504 256 137 2011 -
H145 - 6.0 2014 8 9 7.904 274 133 2001 -
H145 T2 - 7.5 2015 8 9 8.047 348 134 2013 -
H155 B1 - 12.7 2015 6 14 10.692 373 151 2003 -
H175 14.8 - - 10 - 16.535 N/D 140 2012 -
H225 24.9 - - 12 - 24.250 354 152 2005 -
BELL
206L4 - Long Ranger - 2.4 2010 5 14 4.450 353 130 1977 2010
206B3 - Jet Ranger - 1.0 2009 3 9 3.200 369 118 1993 -
407 - 2.3 2012 5 7 5.250 328 128 1996 -
429 - 6.5 2016 5 14 7.000 368 155 2009 -
430 - 2.2 2008 5 14 9.300 279 140 1996 2008
ROBINSON
R22 Beta II 0.3 - - 1 1 1.370 161 96 1997 -
R44 Raven I 0.4 - - 3 3 2.400 345 113 2003 -
R44 Raven II 0.4 - - 3 3 2.500 251 117 2003 -
R66 Turbine 0.8 - - 3 4 2.700 350 125 2010 -
SIKORSKY
S-300C 0.4 - - 1 1 2.050 195 88 1970 -
S-300CBi 0.4 - - 1 1 1.750 215 85 2005 -
S-76C++ - 8.0 2012 6 13 11.700 335 155 2006 2013
S-76D 14 - - 6 13 11.700 329 160 2012 -
S-92 25.0 - - 10 24 26.500 439 139 2002 -

MAGAZINE 2 9 6 | 51
A E ROT U R I S M O

PLANO DE
VOO PARA O
CARNAVAL
Dicas para quem pretende viajar
com aeronave própria para cair
na folia, ou fugir dela
PO R | MA R CELO M I GU ER ES

C
elebração que remonta à
Antiguidade, o Carnaval
converteu-se na principal
festa popular brasileira. A
tradição ganhou enverga-
dura no país, ainda que seja comemorada
também em cidades como Nova Orleans,
nos Estados Unidos, Veneza, na Itália, e
Barranquilla, na Colômbia. Por todo o
território nacional, foliões saem de casa
com suas fantasias para brincar em blocos,
desfilar em escolas de samba ou pular
em salões de clubes, esquecendo, durante
uma semana, os problemas do cotidiano.
Preparamos um roteiro dos principais
destinos carnavalescos (obviamente, sem
entrar no mérito de onde a festa é melhor),
apresentando a infraestrutura aeronáutica
mais próxima e as características meteo-
rológicas de cada região para o período.
Pensamos também naqueles que preferem
passar a semana de Carnaval em locais
mais tranquilos, em refúgios onde é pra-
ticamente impossível perceber quaisquer
vestígios de confetes ou serpentinas. Neste
ano, a terça-feira de Carnaval cai no início
de março, dia 5. Em qualquer situação, vale
a pena confirmar preços d tarifas tanto de
tráfego aéreo como de permanência nos
pátios para não ter surpresas. Certifique-se
também de disponibilidade de posições.
CEARÁ
FORTALEZA
No Nordeste, de uma maneira geral, o
carnaval é comemorado em todos os
estados da região e, tradicionalmente,
a festa começa bem antes, com os
chamados blocos pré-carnavalescos.
Na terra de Iracema, selecionamos
três destinos servidos por aeródromos
próximos e boa rede hoteleira. O
primeiro é a capital, Fortaleza. A festa
apresenta ritmos variados de música
e o que mais se destaca são grupos
de maracatu e danças com vibração
PERNAMBUCO
pela Praia de Iracema e na Avenida RECIFE, OLINDA E REDONDEZAS
Domingos Olímpio, locais principais Quando se pensa no Carnaval pernambucano,
do carnaval cearense. Em 1952, a frevo e bonecos gigantes de Olinda são as
antiga Base do Cocorote recebeu o nome primeiras coisas que vêm à cabeça. Porém,
de Aeroporto Internacional Pinto Martins, as duas cidades vizinhas são conhecidas por
em homenagem ao piloto cearense Euclydes ARACATI organizarem um dos carnavais mais folclóricos,
Pinto Martins, que realizou o primeiro voo No interior, a cerca de 150 tradicionais e populares do país. São mais
entre Nova York e Rio de Janeiro. Depois quilômetros da capital, cidade de de 500 grupos carnavalescos desfilando por
de muitos anos, sob a administração da Aracati possui belas praias e uma ruas dos centros históricos de Recife e Olinda,
Infraero, em 2017, o governo federal o festa bastante animada onde blocos dentre clubes de frevos, maracatus, blocos,
concedeu à Fraport AG. O aeródromo e escolas de samba deram lugar à afoxés, troças e caboclinhos. Tanto o litoral
funciona 24/7 e a pista asfaltada de 2.545 tradição popular dos festejos. Com norte, onde fica a famosa Ilha de Itamaracá,
metros por 45 metros, em bom estado, 95% de ocupação da rede hoteleira como o litoral sul – e a não menos conhecida
oferece ao piloto totais condições de operar no carnaval de 2018, de acordo Porto de Galinhas – por estarem a menos de
com segurança. Devido à baixa latitude e à com o prefeito Bismark Maia, 60 quilômetros da capital, também valem
sua posição litorânea, no início de março, “a festa tem um impacto não só uma escapada. Para chegar a estes destinos, o
o SBFZ ainda estará sujeito à influência da cultural, da alegria da cidade, mas Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes
Zona de Convergência Intertropical (ZCIT ou foi uma grande oportunidade de - Gilberto Freyre é a porta de entrada. Um dos
ITCZ). Falamos da região localizada próxima negócios para centenas de pessoas, últimos grandes aeroportos sob a administração
à Linha do Equador, onde a maior insolação que alugaram suas casas ou da Infraero, opera 24/7. Sob o ponto de vista
e a grande umidade marítima, aliadas à praticam o comércio. É um grande meteorológico, o período marca o fim da
frequente calmaria pela concentração dos impacto social e econômico para o estação seca, com altas temperaturas, que
ventos alíseos de ambos os hemisférios, município”. O Aeroporto Dragão passam facilmente da casa dos 30 graus. No
resultam na formação de núcleos de nuvens do Mar ainda não é controlado, entanto, brisas marítimas constantes amenizam
cúmulos-nimbus (os famosos CBs). Os topos mas possui uma pista asfaltada o forte calor. Não raro, pancadas de chuva no
destas pesadas células são capazes de atingir com 1.800 metros x 30 metros. A final de tarde também podem ser esperadas,
mais de 51 mil pés de altura e provocar Azul Linhas Aéreas recentemente mas nada que prejudique a operacionalidade do
muita chuva no litoral nordestino, algumas anunciou seu interesse em operar terminal pernambucano.
vezes com potencial para transtornos e a rota Recife-Mossoró-Aracati,
alagamentos. três vezes por semana, a partir de AEROPORTO INTERNACIONAL DO RECIFE/
fevereiro de 2019. GUARARAPES - GILBERTO FREYRE (REC/
AEROPORTO INTERNACIONAL PINTO
SBRF)
MARTINS – FORTALEZA (FOR/SBFZ)
AEROPORTO REGIONAL DE ARACATI Altitude 36 m
Altitude 25 m
– DRAGÃO DO MAR (ARX/SBAC) 3.007 m x 45 m -
2.545 m x 45 m – Pista
Pista Altitude 36 m asfaltada
asfaltada
1.800 m x 30 m – Pátio aviação geral 21 posições
23 posições e outras, Pista
Pátio aviação geral se necessário, sob asfaltada ILS/DME 18 IRF 110.3
consulta Pátio aviação geral 10 posições 0808.49S/03455.13W
VOR/DME REC 116.4
VOR/DME FLZ 114.1 Auxílios à navegação RÁDIO 131.250 Auxílios à navegação
0808.19S/03455.64W
0346.34S/03832.86W 04°34’ 07’’S / NDB OLD 380
Auxílios à navegação Localização
ILS 13 IFZ 109.3 037° 48’ 17’’ W 0802.31S/03457.12W
0346.84S/03831.02W
08°07’ 35’’S / 034°
03°46’ 33’’S / 038° 31’ Localização
Localização 55’ 22’’ W
56’’ W

54 | MAGAZINE 2 9 6
BAHIA
SALVADOR PORTO SEGURO
O carnaval na Bahia definitivamente não é O Brasil começou no sul da Bahia, com a épocas de grande demanda, sobretudo nos
para os fracos. Verdadeira meca para aqueles chegada da esquadra portuguesa em 1500. feriados prolongados e em alta temporada.
que desejam pular (literalmente), entregando- Reza a lenda que Cabral se encantou tanto O terminal de passageiros não dá conta do
se à folia, com abadás e trios elétricos, o com a beleza da região que pensou em volume de turistas. Por outro lado, em 2017,
evento movimenta milhões de reais. Salvador ficar de vez na “boa terra”. Para o visitante, Porto Seguro foi considerado, pela empresa
possui dois “circuitos” – Ondina e Farol da a lista inclui Trancoso, Arraial d’Ajuda, de consultoria britânica Official Airline
Barra – que são, na verdade, os trajetos por Caraíva, Santo André, Coroa Vermelha e Guide (OAG), o aeroporto mais pontual do
onde a festa percorre a cidade. Assim como Porto Seguro, apenas alguns dos destinos Brasil em sua categoria, com 88% dos voos
Recife e Fortaleza, a capital baiana possui obrigatórios. Durante o Carnaval, o Axé chegando ou partindo com até 15 minutos
boa infraestrutura hoteleira, um dos legados é quase um mantra para os foliões, no de atraso.
do mundial de futebol de 2014. O Aeroporto evento conhecido como CarnaPorto.
Internacional de Salvador/Deputado Luis Nos demais destinos, o ritmo é mais AEROPORTO INTERNACIONAL DE PORTO
Eduardo Magalhães também funciona tranquilo. O Aeroporto Internacional de SEGURO (BPS/SBPS)
ininterruptamente. Ele foi concedido à iniciativa Porto Seguro, inaugurado em 1982, desde Altitude 51 m
privada e, desde janeiro de 2018, é operado 2000 é administrado pela empresa Sinart 2.000 m x 45 m –
Pista
pela francesa Vinci Airports. Em março, a (Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário asfaltada
capital baiana não está na rota das frentes frias e Turístico Ltda.) – que também possui a 12 a 14 posições,
e o calor ainda é abrasador. Pancadas de chuva gestão do aeródromo de Juiz de Fora (MG). Pátio aviação geral dependendo do porte
no final de tarde para amenizar o calor dos O terminal baiano possui 5,7 mil m 2 de das aeronaves
foliões, como são rápidas, não chegam a causar área construída e movimentou cerca de 1,8 NDB SGR 385
Auxílios à navegação
transtornos ao aeronavegante. milhão de passageiros, segundo dados da 1626.50S/03904.95W
empresa. É urgente o processo de ampliação 16°26’ 17’’S / 039°
Localização
AEROPORTO INTERNACIONAL DEPUTADO das instalações, o que fica evidente em 05’ 02’’ W
LUIS EDUARDO MAGALHÃES (SSA/SBSV)
Altitude 20 m
3.003 m x 45 m -
Pista
asfaltada
Pátio aviação geral N/D
ILS/DME ILR 110.3
1254.70S/03820.27W AMAZONAS
VOR/DME SVD 116.5
Auxílios à navegação PARINTINS
1254.39S/03819.28W
ILS/DME ISV 109.3 Uma cidade no extremo leste do estado do
1254.32S/03818.36W Amazonas, localizada a 400 quilômetros da
12°54’ 31’’S / 038° 19’ capital Manaus possui a tradição da festa
Localização do boi-bumbá. Quem não ouviu falar dos
21’’ W
blocos Garantido e Caprichoso? Na verdade,
o festival folclórico de Parintins acontece em
julho e costuma ser mais animado do que o
próprio carnaval. É fato que a rivalidade entre
as agremiações azul e vermelha há tempos cruzou os limites da Amazônia. Em
março, durante o carnaval, blocos se apresentam no bumbódromo e animam
os milhares de foliões. O aeroporto Regional Júlio Belém, em Parintins, foi
inaugurado em 1984, não é controlado, mas mantém voos regulares com quatro
frequências semanais para Manaus, operado pela companhia MAP Linhas Aéreas.
A pista asfaltada de 1.800 metros por 30 metros atende a aeronaves ATR-42 e
ATR-72. Durante a alta temporada, Parintins recebe aviões maiores como os das
famílias A 320, da Airbus, e 737, da Boeing, podendo operar voos noturnos.

AEROPORTO REGIONAL JÚLIO BELÉM - PARINTINS (PIN/SWPI)


Altitude 26 m
Pista 1.800 m x 30 m - asfaltada
Pátio aviação geral 15 posições
VOR/DME PRI 114.1
Auxílios à navegação
0240.02S/05646.36W
Localização 02°40’ 10’’S / 056° 46’ 16’’ W

MAGAZINE 2 9 6 | 55
M I NAS GE RA

BELO HORIZONTE
Minas Gerais não tem praia,
é verdade, mas possui,
dentre várias tradições, a
de organizar um carnaval
muito animado e familiar.
Selecionamos nas “alterosas”
dois roteiros, dentre os
inúmeros disponíveis. O CIDADES HISTÓRICAS
primeiro, passando por Belo Os dois aeroportos atendem, também, quem
Horizonte que, ano após pensa em aproveitar as cidades históricas de
ano, vem se destacando Ouro Preto e Mariana, distantes pouco mais
com seus blocos e festas de de 100 quilômetros da capital. Famosas pelo
rua, em vários pontos da Carnaval comemorado nas “repúblicas” de
cidade, com expectativa estudantes, não podemos deixar de dizer que a
de reunir 4 milhões de foliões, animação é inversamente proporcional à paz e ao
crescendo 20% ao ano. A capital conforto.
mineira possui dois aeroportos – de 2000, o aeroporto concentrava a Já o segundo roteiro também inclui
Pampulha (SBBH) e Carlos Prates maioria dos voos comerciais nacionais cidades históricas mineiras. São João Del Rey
(SBPR) – além de Confins (SBCF), e regionais, o que começou a mudar e Tiradentes comemoram a Festa de Momo em
este em outro município, distante gradativamente com a migração blocos, nas ruas, nas escolas de samba e até
40 km do centro da cidade. O fato é da maioria dos movimentos para o mesmo num trem – a famosa maria-fumaça que
que os dois primeiros são terminais Aeroporto Internacional Tancredo liga as duas cidades. São João Del Rey possui o
com boa estrutura para a aviação Neves, em Confins. Pampulha opera aeroporto municipal Octávio de Almeida Neves,
geral e localização privilegiada. hoje com uma pista de 2.364 metros que opera em condições VFR, balizamento
As atividades do Aeroporto de por 45 metros, boa estrutura de noturno e pista asfaltada com 1.400 m por 30
Belo Horizonte/Pampulha – Carlos estacionamento, abastecimento e metros, porém um detalhe importante não
Drummond de Andrade tiveram início hangaragem. Já Carlos Prates é bem pode ser esquecido: o aeródromo, também
em 1933 e o principal objetivo era menor e especialmente dedicado chamado Campo das Vertentes, inaugurado em
atender aos voos do Correio Aéreo à formação de pilotos, aviação 2007 e administrado pela Socicam Aeroportos,
Militar, na chamada Linha de São desportiva, aviação geral de pequeno não possui abastecimento. Em Minas Gerais,
Francisco, que ligava o Rio de Janeiro porte e a aviação de asas rotativas. A um detalhe meteorológico não pode deixar
a Fortaleza. Até meados da década pista possui apenas 868 m x 18 m e o de ser lembrado. A maioria das cidades está
terminal opera no regime HJ (nascer ao localizada em altitudes próximas a 1.000
pôr do sol). Prates não possui operação metros, o que naturalmente representa menor
AEROPORTO DE BELO HORIZONTE de companhias aéreas regulares pressão atmosférica e menor densidade do ar.
PAMPULHA / CARLOS DRUMMOND DE e dispõe de apenas 11 posições de Em épocas de calor, é preciso muito cuidado no
ANDRADE (PLU/SBBH) estacionamento para aeronaves, balanceamento, sobretudo no peso máximo de
Altitude 789 m somando os seus três pátios. decolagem. Portanto, atenção redobrada se for
Pista 2.364 m x 45 m – voar no meio do dia, quando as temperaturas
asfaltada passam dos 35 graus celsius.
AEROPORTO CARLOS PRATES (SBPR)
Pátio aviação geral 43 posições, sendo 4
exclusivas para asas Altitude 928 m AEROPORTO REGIONAL DE SÃO JOÃO DEL
rotativas Pista 868 m x 18 m - REY – CAMPO DAS VERTENTES (JDR/SNJR)
Auxílios à navegação VOR/DME BHZ 117.7 asfaltada
Altitude 945 m
1950.15S/04400.21W Pátio aviação geral 11 posições
Pista 1400 m x 30 m -
LOC/DME Auxílios à navegação ATIS ATIS 127.850 asfaltada
13 IPM 109.3 RÁDIO CARLOS
1951.20S/04356.23W PRATES 125.850 Pátio aviação geral 15 posições
Localização 19°51’ 07’’S / 043° 57’ Localização 19°54’ 33’’S / 043° Auxílios à navegação Sem auxílios,
02’’ W 59’ 21’’ W frequência livre
Localização 21°05’ 08’’S / 044° 13’
31’’ W

56 | MAGAZINE 2 9 6
SÃO PAULO
CAPITAL
A célebre frase “São Paulo é o túmulo do de Guarulhos. Congonhas, um dos terminais frota de helicópteros do país, opera aviação
samba”, proferida por Vinícius de Moraes, mais movimentados do país, cuja pista 17R/35L geral, táxi-aéreo e escolas de pilotagem, além
num momento de cabeça quente, em 1960, com seus 1.940 metros por 45 metros, tal qual de possuir 23 hangares para a aviação executiva.
há tempos deixou de ser verdade – se é que um porta-aviões incrustado no coração da Movimenta, anualmente, uma média de 125.324
um dia foi. O carnaval da capital paulista maior metrópole brasileira, tem se reinventado passageiros e 71.074 voos. Assim como em todo
cresceu muito nos últimos anos, seja no desfile a cada dia, em busca do maior nível de o país, março é um mês ainda bastante quente e,
das escolas de samba, no Anhembi, ou nos segurança operacional possível. Segundo dados devido à atuação do fenômeno El Niño, a média
milhares de blocos espalhados pela metrópole do Centro de Gerenciamento de Navegação histórica das temperaturas deverá se elevar,
paulistana. De longe a cidade com a melhor Aérea (CGNA), em 2015 o terminal paulistano mesmo com a atenuante da altitude beirando os
estrutura aeroportuária do país, São Paulo conta recebeu 221.315 aeronaves, das quais 78% delas 800 metros. Pancadas de chuvas, inclusive com
com Congonhas e Campo de Marte, além do comerciais, 21% da aviação geral e 1% militar. Já possibilidade de granizo, à tarde, marcam o fim
aeroporto internacional, no município vizinho o Aeroporto de Campo de Marte abriga a maior do verão.

AEROPORTO DE SÃO PAULO - CONGONHAS


/ DEPUTADO FREITAS NOBRE (CGH/SBSP)
Altitude 802 m
INTERIOR Pista 1.940 m x 45 m –
asfaltada
O interior paulista possui centenas Pátio aviação geral 25 posições
de cidades com festejos de carnaval
Auxílios à navegação ILS CAT I 35L ICO 110.1
bastante animados. A pequena São Luiz 2337.16S/04639.69W
do Paraitinga entrou na lista de destinos ILS/DME 17R ISP 109.3
para aproveitar a folia pela atmosfera que 2338.26S/04638.93W
predomina o lugar durante os cinco dias VOR/DME CGO 116.9
de festa. A arquitetura histórica da cidade 2337.65S/04639.28W
que foi totalmente reconstruída depois de NDB (LO) DAD 200
uma enchente que arrasou o vilarejo em 2342.34S/04636.08W
2010, cancelando os festejos daquele ano, Localização 23°37’ 34’’S / 046° 39’
por si só já vale a visita. A maneira mais 23’’ W
fácil de chegar à cidade por via aérea é
utilizando o Aeroporto Estadual Gastão
Madeira, em Ubatuba. Sob administração
AEROPORTO CAMPO DE MARTE (MAE/
privada do consórcio Voa São Paulo,
SBMT)
o terminal está a 55 quilômetros da instabilidade das condições do tempo. A
Altitude 723 m
cidade e, apesar de não operar voos proximidade com a Serra do Mar faz com
comerciais, possui estrutura para receber Pista 1.600 m x 45 m - asfaltada
que precipitações aconteçam de maneira
aeronaves de pequeno e médio portes. repentina e resultem em reduções de teto Pátio aviação geral 22 posições
SDUB possui pista asfaltada de 940 e visibilidade. O Aeroporto Internacional Auxílios à navegação VFR
metros por 30 metros, abastecimento de São José dos Campos (SBSJ), a Localização 23°30’ 24’’S / 046° 38’
e funciona no regime HJ (nascer ao 110 km de São Luiz do Paraitinga, que 02’’ W
pôr do sol). O aeródromo opera VFR, recentemente voltou a receber voos
está ao nível do mar e possui como regulares, seria uma opção para chegar
característica meteorológica marcante a com avião próprio à cidade histórica.

AEROPORTO INTERNACIONAL DE AEROPORTO ESTADUAL GASTÃO


SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – PROFESSOR MADEIRA - UBATUBA (UBT/SDUB)
URBANO STUMPF (SJK/SBSJ) Altitude 4m
Altitude 647 m Pista 940 m x 30 m –
Pista 2.676 m x 45 m – asfaltada
asfaltada Pátio aviação geral 4 posições
Pátio aviação geral 4 posições Auxílios à NDB UBT 295
Auxílios à ILS/DME 15 ISJ 110.3 navegação 2326.95S/04504.43W
navegação 2314.34S/04550.100W Localização 23°26’ 29’’S / 045°
VOR/DME SCP 115.4 04’ 34’’ W
2313.99S/04551.60W
MM ISJ 75
2312.78S/04552.75W
Localização 23°13’ 44’’S / 045°
52’ 16’’ W

MAGAZINE 2 9 6 | 57
RIO DE JANEIRO

CAPITAL REGIÃO DOS LAGOS


O carnaval está na alma do carioca. A Região dos Lagos do estado do Rio, reunindo cidades como Cabo
Nos últimos anos, a festa movimenta Frio, Búzios, Arraial do Cabo, dentre outras, pela sua beleza natural e
milhões de reais para a economia do belas praias com água azul caribenho, é um destino muito procurado
estado, atraindo turistas do mundo no carnaval por fluminenses, paulistas e mineiros, em sua maioria.
inteiro, seja pelo desfile das escolas Engarrafamentos intermináveis costumam transformar a viagem de pouco
de samba na Marquês de Sapucaí ou mais 150 quilômetros, de carro, partindo do Rio, numa via-crúcis que
pelos tradicionais blocos espalhados pode passar de oito horas. A inauguração do Aeroporto Internacional de
pela cidade inteira, alguns reunindo Cabo Frio (SBCB), em 1998, facilitou bastante o acesso por via aérea,
mais de 1 milhão de foliões. A festa mas a quantidade de passageiros ainda é pequena e bastante sazonal,
começa algumas semanas antes e concentrada sobretudo entre as festas de final de ano e no carnaval.
termina normalmente no domingo, Voos fretados são comuns neste período, sobretudo vindos da Argentina.
já em plena quaresma. A cidade Administrado e operado
maravilhosa talvez seja a única do 2014, ainda sob a administração pelo grupo Libra (empresa AEROPORTO INTERNACIONAL
mundo que possua cinco aeródromos da Infraero recebeu muitas logística portuária), DE CABO FRIO (CFB/SBCB)
controlados. Em que pese dois deles modificações por conta da Copa do SBCB possui uma pista Altitude 7m
serem bases aéreas (Afonsos e Santa Mundo e das Olimpíadas, e após de 2.550 metros por 45 2.550 m x 45 m -
Cruz), ainda assim, três aeroportos a concessão vem dando conta do metros e costuma receber Pista
asfaltada
podem ser utilizados como porta recado, sem maiores transtornos. voos cargueiros, em sua Pátio aviação
de entrada para a folia de momo na Possui as maiores pistas do país, maioria, durante todo o 23 posições
geral
Guanabara. O Aeroporto Santos com quase quatro mil metros e ano. Atualmente também Auxílios à NDB BFR 200
Dumont (SBRJ), administrado pela possibilidade de receber as maiores possui voos comerciais navegação 2255.40S/04204.29W
Infraero, é o mais central de todos aeronaves do mundo. Já o Aeroporto regulares, operados pela 22°55’ 15’’S / 042° 04’
e serve à ponte-aérea. Tradicional de Jacarepaguá (SBJR) é o menor Localização
Azul Linhas Aéreas. 17’’ W
terminal de hidroaviões no começo de todos, não possui voos regulares,
do século 20, deu origem a um dos mas atende à aviação geral, escolas
mais movimentados do Brasil. A pista de pilotagem, aviação desportiva e
02R/20L é pequena (1.323 metros a aviação de asas rotativas, sendo
por 32 metros), mas em mais de muito semelhante a Carlos Prates, em
80 anos nunca vivenciou acidentes
graves. Ligado por uma linha de VLT
Belo Horizonte, e Campo de Marte,
em São Paulo. Possui pista asfaltada MATO GROSSO DO SUL
(veículo leve sobre trilhos), o terminal de 900 metros por 30 metros, opera BONITO
possibilita ao folião-aviador a chance apenas em condições VFR no horário Fugir completamente do carnaval e desfrutar da capital brasileira
de ir direto para os festejos no centro das seis horas às 22 horas. Mesmo não do ecoturismo para muitos parece ser a combinação ideal.
da cidade. Antes, dependendo das sendo meteorologista, Tom Jobim Trata-se da cidade mais famosa do Parque Nacional da Serra
condições do tempo, o sobrevoo também fez versos para “as águas de da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul. Além de aproveitar as
na chegada ao Rio possibilita uma março fechando o verão”. Assim, a paisagens naturais, há muitas opções de adrenalina e aventura,
das mais belas vistas aéreas do país. estação mais quente do ano costuma como praticar snorkeling com flutuação no Rio de Prata, com suas
“Minha alma canta (....) vejo o Rio de trazer chuvas fortes e rajadas de águas absurdamente cristalinas; ou simplesmente se encantar com
Janeiro” é um dos versos da música vento para os cariocas, sobretudo a beleza única da Gruta do Lago Azul. Para chegar lá, a melhor
Samba do Avião, do poeta Tom no final de tarde, o que pode maneira é pelo Aeroporto Regional de Bonito, inaugurado em
Jobim, que dá nome ao Aeroporto significar transtornos e até suspender 2005 e atualmente sob a administração da concessionária Dix
Internacional do Galeão. O terminal temporariamente as operações em Empreendimentos Ltda. Possui pista asfaltada com 2000 metros
concedido à iniciativa privada em SBRJ e SBJR. por 30 metros, sinalização e balizamento noturno. Atualmente, a
empresa Azul Linhas
AEROPORTO SANTOS DUMONT AEROPORTO DE JACAREPAGUÁ Aéreas opera para
a região, a partir AEROPORTO INTERNACIONAL
(SDU/SBRJ) – ROBERTO MARINHO (SBJR)
de Campinas (SP) DE BONITO (BYO/SBDB)
Altitude 3m Altitude 3m
e Corumbá (MS). Altitude 334 m
1.323 m x 42 m – 900 m x 30 m -
Pista Pista Cachoeiras, cavernas, 2.000 m x 30 m -
asfaltada asfaltada Pista
rios tranquilos ou asfaltada
Pátio aviação Pátio aviação
13 posições remotas 50 posições com correnteza para Pátio aviação
geral geral 10 posições
esportes, trilhas para geral
Auxílios à NDB PP 415 Auxílios à
VFR passear a cavalo e por Auxílios à VFR com
navegação 2252.21S/04309.91W navegação
aí vai…Em Bonito tudo navegação balizamento noturno
22°54’ 36’’S / 043° 22°59’ 15’’S /
Localização Localização é, com o perdão do 21°14’ 50’’S / 056°
09’ 45’’ W 043° 22’ 12’’ W Localização
trocadilho, lindo. 27’ 09’’ W

58 | MAGAZINE 2 9 6
PARANÁ RIO GRANDE DO SUL
CURITIBA SERRA GAÚCHA
A capital paranaense possui seus Em tempos de verão, dar um refresco no termômetro é
encantos e é uma ótima opção uma boa pedida. E se você busca um lugar tranquilo para
para quem quer fugir do carnaval. passar o seu feriado de carnaval, a Serra Gaúcha é um
É arborizada, organizada, limpa, excelente roteiro, sobretudo se puder aliar bons passeios
o transporte público funciona e excelente gastronomia. Gramado e sua vizinha Canela
relativamente bem e possui museus (ambas são muito próximas, separadas por uma rua)
e belos jardins que valem a visita. possuem acesso fácil. Uma interessante opção para
Durante o carnaval, a chance de se se chegar lá com aeronave própria é o Aeroporto de
ouvir uma batucada ou cruzar com o interior do estado do Paraná e sua Canela, sob administração do aeroclube local, que
um bloco interditando alguma rua é vocação a aviação geral são os seus possui pista asfaltada de 1.260 metros por 18 metros,
remota. Vale uma esticada de trem maiores diferencias, em especial balizamento noturno, informações meteorológicas em
pela ferrovia Curitiba-Paranaguá pela agilidade nas operações de tempo real, hangaragem e abastecimento Avgas e Jet
(e de lá para a Ilha do Mel), com pousos e decolagens. Aos finais de A-1. Realizar um voo panorâmico, num dia de céu claro,
uma vista da Serra do Mar de tirar semana, o aeroporto é visitado por também é uma excelente pedida. Outra cidade que vale
o fôlego. A grande Curitiba possui muitas famílias que se divertem a visita é Bento Gonçalves, a capital brasileira do vinho,
dois aeroportos – São José dos conhecendo o local. O principal com sua tradição italiana, belas paisagens e boa mesa. A
Pinhais e Bacacheri – ambos com boa fenômeno meteorológico que cidade possui o seu aeródromo municipal cuja pista tem
estrutura para receber os turistas. O costuma impactar os aeroportos 1.387 metros por 23 metros e foi asfaltada em 2016, com
terminal de Pinhais é internacional de Curitiba não é comum nesta direito a muita festa e show aéreo.
e, recentemente, foi eleito o melhor época do ano: o nevoeiro. A menos A vizinha Garibaldi – que é ligada a
aeroporto do Brasil pela Secretaria que alguma frente fria passe pela Bento por uma ferrovia cujo passeio
de Aviação Civil (SAC). Opera região, o sol já nas primeiras horas é item obrigatório neste roteiro –
24/7 e fica a 18 quilômetros do da manhã dissipa a umidade e também possui um aeródromo com
centro da capital paranaense. Já com ela qualquer possibilidade de pista asfaltada de 1.200 metros
Bacacheri, uma antiga base aérea restrição de visibilidade. Cuidado x 30 metros, cuja sinalização foi
construída na década de 1930, possui mesmo nunca é demais na questão recentemente renovada. Ambas
como característica principal a sua da altitude. Curitiba está a cerca de operam apenas VFR diurno e
localização privilegiada, próxima 900 metros acima do nível do mar possuem abastecimento Avgas.
ao centro da cidade de Curitiba. A e o ar atmosférico é naturalmente Mas, afinal, qual a melhor
facilidade de deslocamento para menos denso. destas cidades para quem quer
descansar, fazer bons passeios e apreciar a boa
AEROPORTO INTERNACIONAL DE CURITIBA – gastronomia? Na dúvida, visite todas!
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS – AFONSO PENA (CWB/SBCT)
Altitude 911 m AEROPORTO DE CANELA (QCN/SSCN)
Pista 1.798 m x 45 m – asfaltada Altitude 837 m
Pátio aviação Pista 1.260 m x 18 m - asfaltada
10 posições remotas
geral Pátio aviação geral 15 posições
ILS/DME 33 ITA 110.3 2531.20S/04911.11W Auxílios à navegação VFR com balizamento noturno
ILS 15 ICT 109.3 2532.22S/04909.97W e PAPIS na cabeceira 06
IM ICT 75 2531.21S/04911.10W Localização 29°22’ 14’’S / 050° 49’ 56’’ W
Auxílios à OM ICT 75 2527.76S/04914.89W
navegação NDB (LO) IC 370 2527.76S/04914.90W AEROPORTO DE BENTO GONÇALVES (SSBG)
MM ICT 75 2530.88S/04911.49W Altitude 673 m
LOC CAT I 33 ITA 110.3 2531.20S/04911.11W Pista 1.388 m x 23 m - asfaltada
VOR/DME CTB 116.5 2531.92S/04910.06W
Pátio aviação geral 7 posições
Localização 25°31’ 54’’S / 049° 10’ 34’’ W
Auxílios à navegação VFR diurno
Localização 29°08’ 54’’S / 051° 32’ 11’’ W
AEROPORTO BACACHERI (BFH/SBBI)
Altitude 932 m
AEROPORTO DE GARIBALDI (SSGA)
Pista 1.390 m x 31 m – asfaltada
Altitude 680 m
Pátio aviação
17 posições Pista 1.200 m x 30 m - asfaltada
geral
Auxílios à Pátio aviação geral 23 posições
NDB BCH 300 2524.16S/04913.74W Auxílios à navegação VFR diurno
navegação
Localização 25°24’ 12’’S / 049° 14’ 01’’ W Localização 29°16’ 06’’S / 051°31’56’’ W

MAGAZINE 2 9 6 | 59
PUBLIEDITORIAL CASA VALDUGA

casavalduga.com.br
casavaldug a

VINHOS DA
CASA VALDUGA
GANHAM NOVA
IDENTIDADE VISUAL
Vinícola gaúcha apresenta proposta de portfólio para descomplicar o consumo do vinho nacional

Estar atento ao comportamento regras”, do Instituto Brasileiro


dos consumidores brasileiros do Vinho, que visa descomplicar
é uma premissa da Casa Valduga. o consumo do vinho nacional,
É dessa forma que a vinícola, uma I+I[I>ITL]OIZMTIVtII[]ITQVPI
das mais tradicionais do país, de vinhos com nova identidade
consegue oferecer produtos de visual e nomenclatura, sem perder
alta qualidade que proporcionam as características de seus vinhos.
experiências memoráveis. A partir de 2019, o portfólio de
vinhos apresentará duas categorias
Recentemente, a marca realizou somente: Casa Valduga Terroir
uma pesquisa de comportamento e Casa Valduga Terroir Exclusivo.
com consumidores das lojas
próprias do Grupo Famiglia Assim, os vinhos das linhas Raízes,
Valduga e da loja virtual. O estudo Leopoldina e Identidade serão
mostrou que o brasileiro tem gradativamente substituídos pelas
escolhido o vinho não só pela linhas Terroir e Terroir Exclusivo
marca, mas também pela em uma única identidade de
^IZQMLILM6IUM[UILQZMtrW Z~\]TW[NIKQTQ\IVLWII[[QUQTItrW
da campanha “Meu vinho, minhas de marca, produto e variedade.
PUBLIEDITORIAL CASA VALDUGA
E xc lu siv o nos
erroir
“A linha T cer mais uma
fere
permite o nica para quem
ia ú
experiênc u e o p rincipal
já q
A linha Terroir é composta nos visita, a da linha
end
pelos seguintes vinhos: local de v b o utique,
a E n o yKWTI
Cabernet Franc é a noss r W L I^QV
] MÅ KI V WKWZIt serve
Cabernet Sauvignon Y t am b ém
tégia
Chardonnay Esta estra tório para
ora
Gewurztraminer como lab mercado nacional
ao
Merlot levarmos
va s va rie dades.”
Merlot Rosé no
Pinot Noir o Valduga
Sauvignon Blanc Joã
Já a linha Terroir Exclusivo surge
para proporcionar momentos de
consumo diferenciados para quem
vai à vinícola ou é consumidor da
loja virtual. Os vinhos dessa linha
possuem tiragem limitada.

A linha Terroir Exclusivo é


composta pelos seguintes
vinhos:
Arinarnoa
Malbec
Marselan
Tannat
Viognier

As duas linhas possuem rótulos


que apresentam uma experiência
sensorial ao toque, com acabamentos
em relevo. Com tanto cuidado
VIMTIJWZItrWLW[^QVPW[
MVIIXZM[MV\ItrWLW[XZWL]\W[
as linhas Terroir e Terroir Exclusivo
[rW]UI^MZLILMQZIM`XMLQtrWZ]UW
à essência dos vinhedos da
Casa Valduga.
PI LOTAG E M

VOCÊ VOA
SEGURO?
As perguntas que um piloto deve se fazer antes de qualquer
decolagem para ter certeza de que tem a operação sob controle
PO R | MIGUEL ANGELO RODEGUERO*, ESPECIAL PARA AERO MAGAZINE
V
ocê e seu avião forma repetida: sempre as mesmas quadro com olhos condescenden-
voam em segurança? lamentações, quase sempre as tes. Acidentes acontecerão even-
A pergunta pode mesmas hipóteses ou conclusões, tualmente, mas é responsabilidade
parecer imperti- quase sempre o mesmo esqueci- de cada um envolvido com a
nente, mas deve ser mento. aviação fazer tudo o que for
feita para reflexão de quem voa. possível para interromper a cadeia
Um piloto profissional, voando FATOR HUMANO de acontecimentos que leva a esse
para uma empresa aérea (aviação As estatísticas na aviação geral desfecho. Nós, pilotos, somos a
comercial regular, que vende mostram que o fator humano barreira final da série de eventos
passagens), está continuamente está presente em quase todos que determinam ou contribuem
exercitando habilidades e conhe- os acidentes. Planejamento de para um acidente.
cimentos dentro de uma aeronave. voo, julgamento de pilotagem,
Cursos de reciclagem, treinamento indisciplina de voo, aplicação de CFIT E METEOROLOGIA
em simuladores, checagens de comandos, pouca experiência do Quantos CFIT (Controlled Flight
proficiência... tudo isso faz parte piloto, condições meteorológicas Into Terrain) teriam sido evitados
da rotina de um aeronauta por adversas, supervisão gerencial se os pilotos envolvidos sim-
profissão. E não apenas por uma e processo decisório são fatores plesmente tivessem cumprido as
questão de sobrevivência, mas, presentes na grande maioria dos regras de voo? Difícil precisar,
também, pela preservação do acidentes. E todos nos levam ao mas todos sabemos a realidade.
emprego, da carreira e da própria fator humano, ou seja, ao desem- Muitos desses acidentes repercu-
dignidade do profissional. penho da pessoa nos comandos tiram bastante por envolverem
da aeronave. Poderíamos nos personalidades e situações de
AVIÃO PRÓPRIO estender em análises de cada um, domínio público. Outros nem
Mas... e quando os pilotos mas isso seria desnecessário. tanto, mas todos tiraram vidas
exercem outra profissão e voam Olhando o conceito, podemos preciosas. E todos poderiam ter
o próprio avião por prazer ou afirmar que todos nos pintam sido evitados.
necessidade? Será que eles se o mesmo quadro. Basicamente Como justificar que um piloto
reciclam periodicamente, treinam ausência de padrões básicos de abandone as regras de voo IFR
em simuladores, passam por planejamento de voo, desconhe- (regras de voo por instrumentos)
avaliações? Os checks obrigatórios cimento dos limites da aeronave, e tente se manter em condições
não avaliam todas as possibi- planejamento meteorológico visuais para alcançar o pouso,
lidades, todo o conhecimento pobre ou inexistente, ausência ou mesmo estando a meteorologia
necessário para que o prazer de precariedade de procedimentos de em condições desfavoráveis?
voar não venha acompanhado de verificação da aeronave antes do Como justificar que um piloto,
altas taxas de risco. voo, ausência ou precariedade de voando sob as regras de voo VFR
Seria injusto afirmar que todo padrão de voo, negligência quanto (regras de voo visuais) continue
piloto que voa o próprio avião se às regras básicas de segurança em frente ao se deparar com baixa
coloca em risco. Absolutamente, operacional, pouca cultura de visibilidade? Em muitos casos, a
não se trata disso. Mas é possível aviação, desconhecimento de pressão comercial faz com que um
dizer que, sim, o treinamento em regras de tráfego aéreo. Isso tudo piloto “arrisque” um pouco mais.
boa parte dos casos deixa a desejar pode parecer muito rigoroso, mas Sim, isso acontece. E quando não
na aviação geral, aí incluídos a realidade está gritando que pre- existe a pressão comercial?
pequenos táxis-aéreos, aviação cisamos melhorar nossos índices Como justificar que um piloto
corporativa de menor porte, de segurança. coloque a família em sua aeronave
aviação particular, agrícola e de Não devemos colocar tudo na para um passeio de fim de semana
recreio. O respeito a regras e nor- mesma cesta e generalizar. Seria ou feriado prolongado e aceite
mas também precisa ser melhor simplório demais. Entretanto, por correr riscos em um dia de meteo-
entendido e praticado, sob pena mais antipático que possa parecer, rologia adversa? O problema é que
de lamentarmos cada acidente de não podemos olhar as cores desse na maioria das vezes aquele piloto

MAGAZINE 2 9 6 | 63
nem imaginava que estaria corren- POUSO NO DESTINO Uma boa medida seria a ado-
do riscos. O erro de avaliação da Uma das coisas que mais provo- ção, por todas as aeronaves, de
situação e consequentemente do cam acidentes na aviação geral é equipamentos semelhantes, que
risco a ela inerente normalmen- não aceitar que não está dando avisam a proximidade do solo.
te leva a aeronave a um estado para continuar ou para pousar Equipamentos modernos aliados
indesejado, que pode desencadear no destino pretendido. Vários a treinamento adequado evita-
a sequência fatal. acidentes emblemáticos a provar riam a maior parte dos acidentes
esse argumento: levando uma CFIT, da mesma forma que o
PROFICIÊNCIA: noiva ao casamento, um im- TCAS (Traffic Collision and Avoi-
LEGAL X SEGURO portante político a uma reunião dance System) ajudou a prevenir
Jamais podemos nos esquecer decisiva, a família à tão esperada inúmeros casos de proximidade
de que avião não é um carro viagem ou o executivo ao seu entre aeronaves em voo.
que vai mais rápido. Avião exige mais importante negócio. A ne- Mas nunca, em hipótese algu-
mais conhecimento, mais prepa- cessidade de cumprir o planejado, ma, um equipamento substitui um
ro, mais planejamento e muito levar os passageiros ao destino piloto bem preparado. Equipa-
mais treinamento. Além disso, pretendido, de não perder o mentos melhoram as informações
com o passar do tempo, assim casamento, a formatura do filho, disponíveis, trazem outras novas,
como um músico que perde a o compromisso importante, não ajudam a manter a consciência
embocadura de seu piston, o pi- pode ser mais decisivo do que a situacional elevada, mas jamais
loto pode perder a proficiência dificuldade em prosseguir o voo substituem o planejamento, o
se não voar assiduamente. E isso frente a situações adversas. treinamento, a consciência de que
se reflete nos níveis de seguran- A região da serra do Mar e da nem sempre a continuação de um
ça de seu voo. Um músico não Mantiqueira que se estende do voo sob condições meteorológicas
faz uma apresentação se não território paulista até o território adversas é a melhor alternativa.
tiver tudo bem ensaiado. Da fluminense é desafiadora para
mesma forma, um piloto não a aviação geral. São inúmeros AVIAÇÃO COMERCIAL
deve voar se não estiver em dia acidentes (CFIT), em dias de baixa Claro que nem todos os acidentes
com seu treinamento. visibilidade, tanto com helicópte- podem ser debitados exclusiva-
Estar em dia não é apenas ros como aviões. Todos tendo em mente ao pouco treinamento,
cumprir os requisitos. Não é comum o fato de que voavam sob mau planejamento, vontade de
porque você está legal que você as regras de voo visuais e perde- prosseguir o voo a qualquer
está seguro. Estar seguro é muito ram contato com o solo devido à custo, pouco conhecimento,
mais que apenas cumprir um baixa visibilidade ou a nuvens. A pouca aderência às regras de voo.
requisito. Estar seguro é saber tentativa de não perder contato Contudo, porcentagem expressiva
exatamente o que e como está fa- com o solo acaba levando o piloto deles pode, sim. Estes conceitos
zendo, é saber que você planejou a voar cada vez mais baixo. Quase estão presentes na grande maioria
seu voo com todas as informa- de forma inconsciente, busca das estatísticas.
ções necessárias, que você tem manter o voo visual. Isso não esgota o assunto, mas
seus documentos, sua aeronave nos mostra um quadro preocu-
e você mesmo em perfeitas EQUIPAMENTOS AJUDAM pante: por que não consegui-
condições. É entender que nem Existem equipamentos que mos aplicar na aviação geral os
sempre é possível prosseguir via- ajudam a evitar acidentes dessa remédios já aplicados na aviação
gem, que as condições para que natureza. Aviões de passageiros comercial? Muitos problemas
isso aconteça podem se alterar e incorporam, desde há muitas operacionais relativos a fatores
o compromisso tão aguardado décadas, o GPWS (Ground humanos já foram diagnosticados
talvez perca importância frente Proximity Warning System), já em e devidamente tratados na aviação
às condições de baixa visibilida- versões aprimoradas, baseadas de transporte. Em boa parte dos
de na rota pretendida. em posições aferidas via satélite. casos, os males são semelhantes.

64 | MAGAZINE 2 9 6
A diferença é que em um caso
os remédios são utilizados e
funcionam, enquanto no outro a
aplicação é difícil, às vezes o meio
chega a ser refratário às soluções
existentes.

PILOTO-PROPRIETÁRIO
Fechando um pouco o foco e
olhando mais de perto para
pilotos que voam a própria aero- AVALIAÇÃO ERRADA RISCOS DESNECESSÁRIOS
As estatísticas
nave, podemos afirmar que esse Qualquer acidente é lamentável. A mensagem é bem simples: na aviação
segmento tem uma das melhores Mais ainda quando todas as evidên- não corra riscos desnecessá- geral mostram
condições para se evitar correr cias apontam que apenas ocorreu rios, não aposte sua vida no que o fator
riscos desnecessários quanto porque teria havido um erro de ava- imponderável, não aceite fazer humano está
principalmente à meteorologia. liação, um erro de planejamento, de coisas sem saber exatamente presente em
Esse segmento pode fazer o gerenciamento de uma situação cor- o que encontrará em segui- quase todos
próprio horário, pode marcar riqueira. A aeronave estava perfeita, da. Não decole se existir uma os acidentes
diferentes dias e horas para viajar, tudo ia bem, mas uma avaliação pequena dúvida sobre qualquer
pode simplesmente decidir não errada da meteorologia, dos ventos, coisa relativa a você, seu avião,
ir naquele dia. As obrigações da chuva forte, das nuvens baixas fez o planejamento de seu voo, sua
referentes a completar a viagem desencadear os movimentos finais proficiência naquela aeronave.
são autoimpostas, não há venda de um voo. Vidas perdidas porque Toda vez que você, piloto,
de passagens, horários rígidos a um piloto não entendeu que o mais resolver voar, faça a si mesmo
cumprir, passageiros esperando adequado seria não decolar, adiar uma pergunta: eu e meu avião
nos embarques dos aeroportos. a viagem, voltar, pousar em outro estamos seguros? Seja honesto
Pilotos que voam o próprio avião, local. Quantos acidentes teriam sido nas respostas, pois delas poderá
mesmo que a negócio, podem evitados se a decisão tivesse sido dar resultar a decisão de adiar sua
alterar agenda, compromissos, meia volta e adiar a viagem? Qual viagem. Não é que sempre
podem não voar quando acharem compromisso tem tanto valor a você estará com medo de voar.
que o risco pode ser alto. E não ponto de se enfrentar uma situação Temos medo do desconhecido.
apenas por causa de mau tempo. insegura? Faça de seu voo um território
Eu, pessoalmente, conheço al- Numa análise rápida, se o sempre conhecido, mantenha
guns pilotos que, quando passam risco traz em seu bojo um desfe- sua consciência situacional
mais de 30 dias sem voar, procu- cho catastrófico, é absolutamente em alerta constante. Assim,
ram uma escola ou aeroclube para inaceitável. Não é porque quase você terá uma resposta sempre
um voo com instrutor, para se nunca ocorre que a taxa de risco é positiva: sim, eu e meu avião
reciclar, para avaliar sua proficiên- mais baixa. Se o desfecho quando estamos seguros.
cia. Outros, com voos esporádi- eventualmente evoluir para uma Voar é um prazer, mesmo
cos, contratam um piloto que os situação sem controle, mesmo que por necessidade. Prazeres
acompanha nos voos. Excesso que apenas remotamente possível, não devem conter altas taxas de
de zelo? Alguém pode afirmar for uma catástrofe, esse risco não risco que possam levar a desfe-
que sim, mas isso mostra uma pode ser aceito. Pequenas porcen- chos trágicos. Voe sempre com
preocupação sadia com a própria tagens de possibilidades existem segurança.
integridade, com os passageiros, simplesmente porque aconteceu
com o patrimônio. E mostra uma alguma vez. E se já aconteceu O comandante Miguel Angelo
consciência que pode ser decisiva alguma vez, o que nos diz que não Rodeguero é diretor de Segurança
num momento crítico. poderá acontecer novamente? Operacional da AOPA Brasil

MAGAZINE 2 9 6 | 65
INDÚSTRIA

PERSPECTIVAS
O que o ano que começa promete para a aviação
P OR | EDMUNDO UBIRATAN
A
pós um período
marcado pela
entrada em serviço
dos modelos re-
motorizados, que
dominaram a indústria aeronáu-
tica nos últimos cinco anos no
mercado de aviação regular, e
alguns contratempos, uma série
de novidades estão despontando
no horizonte de 2019.

AIRBUS
O ano promete ser marcado pela
consolidação do programa A220,
recém-adquirido pela Airbus.
O projeto CSeries, que chegou
próximo de ser encerrado pela
Bombardier, ganhou força ao ser
incorporado pela Airbus, que
formalizou uma série de novos
contratos, além de confirmar
que passará a produzir o avião
também em sua unidade fabril
nos Estados Unidos.
A Delta Air Lines, a primeira
cliente do modelo no país, foi
seguida da jetBlue, que enco- nes, com apenas 10 anos de uso, BOEING A220 ganhou fôlego
mendou o A220 para substituir foram desmontados após serem A Boeing, por sua vez, avança no após Airbus assumir
o negócio (no alto).
a frota atual de Embraer E-Jet retirados de serviço. O motivo desenvolvimento do 777X, com Programa 777X
em serviço. Além disso, a Airbus foi a falta de interessados no o primeiro protótipo do 777-9 deverá voar ainda
também formalizou um acordo mercado de usados. A Emira- sendo recém-completado. A ex- neste semestre
com a nova empresa de David tes Airline, a maior cliente do pectativa é que o avião realize seu
Neeleman, que promete revolu- modelo, também não demons- primeiro voo no primeiro trimes-
cionar muita coisa no transporte trou interesse no A380plus, tre, tornando-se, assim, o maior
aéreo. Por outro lado, a Airbus uma versão aperfeiçoada que bimotor do mundo. O trunfo da
assiste ao mercado desistindo ofereceria 4% de redução no nova família é oferecer maior ca-
do A380, que, mesmo tendo consumo de combustível e pacidade de transporte e alcance,
seu primeiro modelo entrando espaço para mais 80 assentos. O com custos operacionais inferiores
em serviço no Japão, pela All custo seria a retirada da escada ao do 777-300ER, que se tornou o
Nippon Airways, não conseguiu dianteira, considerada comple- modelo padrão na frota de longo
nenhum novo cliente. O progra- tamente inviável pela Emirates, curso da maioria das empresas aé-
ma que prometia revolucionar o que alega ser a escada o grande reas do mundo. Mesmo com uma
transporte aéreo se tornou um destaque do avião. Nem mesmo carteira modesta em relação ao
projeto caro e pouco atrativo às a redução de 13% nos custos 787, o novo 777 poderá se tornar
empresas aéreas do mundo. por assento convenceram as o principal modelo de longo curso
Recentemente, os dois pri- empresas aéreas pela nova de grande capacidade das maiores
meiros A380, ex-Singapore Airli- versão. empresas aéreas do mundo.
liderando o acordo com 51% das
ações, para o KC-390. A Boeing
acredita que poderá alavancar
as vendas do cargueiro tático ao
redor do mundo, inclusive nos
Estados Unidos, onde poderá
substituir centenas de C-130
com mais de 30 anos de serviço.
Além disso, uma versão civil,
destinada a empresas cargueiras,
é visto como potencial merca-
do, podendo transportar até 25
toneladas de carga e permitir a
movimentação de carga em solo
sem a necessidade de grandes
investimentos em equipamentos
Embraer 195 E2,
Outro gigante que teve um gas do KC-46 Pegasus operacio- de suporte. O senão fica sendo o
caça F-35 e o jato desempenho positivo em 2018 foi nal, após uma série de atrasos futuro da Embraer sem a divisão
Dassault Falcon 6X o 747-8F, que acumulou mais 14 e perda de controle nos custos. de aviação comercial, que terá
pedidos, viabilizando, desse modo, A chegada dos KC-46 deveria apenas o negócio de defesa e
a continuidade da produção. A marcar o início da aposentadoria aviação executiva. O governo
família 787 foi finalmente com- dos veteranos KC-135, na USAF, Bolsonaro deu seu aval para o
pleta, com diversas empresas já mas o custo acima do orçamento negócio, assim como o conselho
operando os três modelos, como original deverá restringir o KC- da Embraer.
no caso da United Airlines. O 46 a pouco mais de uma centena Na aviação de negócios, a
Dreamliner avança nas vendas, de unidades. Embraer lançou em outubro a
rivalizando em alguns mercados família Praetor, uma evolução
com o A350 XWB, que nasceu EMBRAER dos Legacy 450/500, que deverá
para ser o principal concorrente A Embraer que está em fase competir com jatos consagrados
do 777. O maior desafio da Boeing avançada no programa E-Jet E2, como o Bombairder Challenger
é entender o problema que levou com expectativa da entrega dos e Falcon 2000 e os estreantes
ao recente acidente com o 737 primeiros E195 E2 ainda em Citation Longitue e Citation
MAX 8, com menos de três meses 2019, tem pela frente o desafio de Latitude.
de uso. O acidente foi o primeiro concluir sua fusão com a Boeing.
na história recente envolvendo Embora oficialmente o modelo BOMBARDIER
uma aeronave recém-certificada e adotado seja uma joint venture no Sem o C-Series, a Bombardier
colocou em alerta os procedimen- segmento de aviação comercial, finalizou a venda do programa
tos de cabine e de ensino adotados o controle da nova empresa será Q-Series para a também cana-
pelas empresas aéreas em relação feito pela Boeing, que deverá dense Viking Air. O turbo-hélice
aos modelos remotorizados. deter 80% do negócio. de alto desempenho deverá se
No setor militar, a Boeing Outro acordo prevê uma somar ao portfólio da Viking Air,
deverá iniciar as primeiras entre- joint venture, com a Embraer que detém a produção do Twin

68 | MAGAZINE 2 9 6
Otter e dos aviões bombeiros CL- que está entre os modelos mais são é concluir a homologação do KC-46 enfrentou
415, além da manutenção de toda bem-sucedidos da aviação de G600, que se soma à completa uma série de atrasos
e escalada dos
a gama de turbo-hélices da antiga negócios e poderá sofrer algu- linha de produtos de longo curso
custos
de Havilland Canada. A venda do mas melhorias para enfrentar os do fabricante norte-americano.
programa Q-Series praticamen- recém-chegados Praetor. O setor espera uma consolidação
te retira de cena a participação dos competidores de cabines
da Bombardier do negócio de DASSAULT E GULFSTREAM largas de longo alcance, que são
aviação comercial, que hoje se Ainda na aviação de negócios, a atualmente os produtos mais
resume apenas ao regional CRJ, francesa Dassault deverá apre- rentáveis da aviação de negócios.
que tem futuro incerto, especial- sentar este ano o Falcon 6X, que,
mente pelo baixo ritmo de vendas além de substituir o 5X, adicio- MITSUBISHI
do modelo. nou uma série de melhorias ao Após mais de uma década de
O foco do fabricante será a modelo. O fabricante espera tor- atrasos, a Mitsubishi finalmen-
aviação de negócios, em especial nar o 6X seu principal produto, te deverá certificar o MRJ90, o
o segmento de longo alcance. sendo um novo divisor de águas primeiro avião comercial japonês
O lançamento dos Global 6500 para a Dassault, como foi o 7X desde a década de 1960. Outro
e 7500, promete realinhar o anos atrás. O grande desafio será desafio recente do fabricante é
mercado. Para 2019, a expec- inserir o modelo em um mercado enfrentar a alegação da Bombar-
tativa é a chegada do Global bastante concorrido. dier referente ao roubo de dados
8000, que será o maior avião da A Gulfstream certificou o do programa CSeries. O MRJ90
família. O fabricante canadense G500, que iniciou suas primeiras foi priorizado em detrimento do
ainda possui a série Challenger, entregas internacionais. A previ- MRJ70, com capacidade para 70

MAGAZINE 2 9 6 | 69
visando substituir empresas novos projetos militares, os nor-
ocidentais sujeitas a embargos. A te-americanos assistem à escalada
mudança na postura de Moscou dos custos do programa Joint
na geopolítica global acendeu o Strike Fighter, que deu origem ao
alerta amarelo de ambos os lados F-35. Ainda que a Lockheed Mar-
da fronteira. No setor militar, os tin espere encerrar 2019 com os
russos estão modernizando os primeiros F-35A custando na fai-
Tu-160, aumentando sua capa- xa de US$ 80 milhões, o progra-
cidade de combate e sistemas de ma total passou da cifra de US$
armas e eletrônicos. Ao mesmo 1 trilhão. A expectativa é que a
tempo, os novos Su-57 deverão família F-35 encerre o ano opera-
O japonês MRJ e assentos, ante 90 do irmão maior. entrar em serviço ativo ao longo cional na maior parte dos países
o chinês C919 Com os atrasos e falta de clientes, do ano. que já receberam seus exempla-
a Mitsubishi optou por entregar Os chineses, que devem cer- res. Ainda assim, a turbulência na
ao mercado uma aeronave maior. tificar ainda em 2019 o Comac Turquia poderá comprometer a
Uma das apostas seria a mudança C919, afirmam não ter grandes chegada do modelo ao país.
nas regras da aviação regional pretensões no mercado global,
dos Estados Unidos, que limitam apenas no mercado doméstico, GRIPEN
o número de assentos de aviões que deverá se tornar em breve O primeiro Gripen E brasileiro
regionais a 70. Com a falta de o maior de aviação comercial deverá voar no primeiro se-
perspectivas na flexibilização das do mundo. Caso consiga apenas mestre. Uma das novidades do
regras, o MRJ90 estará fora do 30% do mercado chinês, o C919 programa foi a adoção do WAD
maior mercado do mundo. poderá assegurar uma produção pelos caças suecos, seguindo o
superior aos 1.500 exemplares modelo brasileiro, o que deverá
RUSSOS E CHINESES nos próximos anos, número ampliar a capacidade da Elbit na
Os russos avançam no desenvol- superior ao que a Embraer prevê produção dos displays dedicados
vimento do MC-21, que embora vender do E-Jet E2 em todo o ao programa, além de demonstrar
utilize uma série de conceitos e mundo. Os modelos militares a maturidade da tecnologia. Os
fornecedores ocidentais, deverá chineses avançam em ritmo in- primeiros Gripen E brasileiros
ser o primeiro avião russo com tenso, como o Chengdu J-20 po- devem entrar em serviço em
chances de disputar o mercado dendo ter as primeiras unidades 2022, conforme o cronograma
mundial. A expectativa é que o operacionais entregues esse ano, inicial. A FAB também deverá re-
primeiro avião seja entregue ain- enquanto o programa Shenyang ceber no primeiro semestre desse
da em 2019. Na contramão, o Su- J-31 avança. ano os primeiros KC-390.
perjet, desenvolvido em parceria
entre a Sukhoi e a italiana Leo- ESTADOS UNIDOS FUTURO
nardo, deverá ter uma versão com Enquanto russos e chineses A Airbus e Boeing trabalham
máximo de fornecedores russos, demonstram sua vitalidade em em uma série de novos concei-

70 | MAGAZINE 2 9 6
tos, visando atender às neces- dos de uma fonte energética mais aeronaves alegam que a recupe- A ultra low-cost
sidades futuras da indústria limpa e renovável para aviação ração judicial não contempla a norueguesa
de transporte aéreo. Projetos seja conhecida ainda em 2019. manutenção das aeronaves na Norwegian deve
iniciar suas
de aeronaves impulsionadas A eletrificação promete avançar frota, com a lei garantindo sua operações no Brasil
por motores elétricos, como o mais lentamente, mas pequenos retomada. em meados de 2019
Airbus eFan, poderão se tornar modelos, como o Alpha Electro,
o primeiro passo em direção à da Pipistrel, têm evoluído em CAPITAL ESTRANGEIRO
propulsão elétrica ou hibrida. A ritmo acelerado. No último mês do governo
Boeing apresentou também os Temer, foi sancionado o projeto
avanços no conceito Transonic AVIANCA que permite a ampliação de até
Truss-Braced Wing (TTBW) A Avianca Brasil encerrou 2018 100% do capital estrangeiro nas
projetado para oferecer uma com o pedido de recuperação empresas aéreas nacionais. Um
eficiência aerodinâmica a Mach judicial, após as principais dos argumentos foi a recuperação
0,80. A revisão do projeto per- instituições que arrendam aviões judicial da Avianca, que poderá
mitiu asas extremamente finas para a companhia pedirem na se beneficiar do novo marco. O
e aumentou a velocidade após a justiça a retomada das aerona- ano deverá iniciar a aproximação
otimização do ângulo de ataque ves. A falta de pagamento do de investidores estrangeiros nas
das asas e redesenho do suporte, contrato de leasing em alguns empresas nacionais. Analistas e
sem penalizar o alcance. casos acumula dividas superiores o próprio governo acreditam que
Os principais fabricantes de aos US$ 300 milhões. A justiça empresas ultra low-cost, como a
motores também trabalham em brasileira aceitou o pedido de norueguesa Norwegian, poderão
versões que podem consumir recuperação judicial e o mercado investir em operações no país. Há
uma mistura de óleos vegetais aguarda para o primeiro trimes- quem acredite que na próxima
ou mesmo um biocombustível tre a apresentação de um projeto década, o Brasil terá apenas três
completamente novo. A expecta- de recuperação viável. Ainda empresas aéreas alinhadas com as
tiva é que os primeiros resulta- assim, alguns proprietários de três norte-americanas.

MAGAZINE 2 9 6 | 71
INFR AESTRUTUR A

OPERAÇÃO
SEGREGADA
Guarulhos adota novo procedimento que
prevê pousos e decolagens simultâneos,
aumentando a capacidade de tráfego
aéreo no maior aeroporto do país
TE XTO E F OTO | FEL IPE L IMA

O
Aeroporto Inter- Visuais. Mais que decolar e pousar
nacional de São ao mesmo tempo, a operação dá
Paulo é o maior independência às duas pistas e
do país, e o mais aumenta a capacidade de funcio-
movimentado da namento do aeroporto, principal-
América do Sul em número de mente nos horários com maior
passageiros, com uma média de movimento aéreo.
40 milhões de usuários por ano. No entanto, é preciso ter
Por dia, ocorrem, em média, 830 calma. Quem estiver esperando
movimentos aéreos, entre pousos ver aquelas belas imagens de
e decolagens. É o que mostra o pousos e decolagens simultâneos,
mais recente Anuário Estatístico tal qual acontece no Aeroporto de
de Tráfego Aéreo publicado pelo São Francisco, nos EUA – e que
Centro de Gerenciamento da Na- podem ser conferidas em diversos
vegação Aérea. Segundo o CGNA, vídeos disponíveis na internet –,
o GRU Airport é considerado um em que duas aeronaves chegam
dos principais hubs da América alinhadas na final e pousam, para-
Latina e a principal porta de lelamente, ao mesmo tempo, pode
entrada no Brasil via modal aéreo. se decepcionar. Em Guarulhos,
Diante desse cenário, medidas que por enquanto, a coisa ocorre de
tragam mais agilidade e eficiência modo um pouco diferente.
às operações, aumentando, assim,
o número de movimentos por A OPERAÇÃO
hora, revelam-se oportunas. O Aeroporto de Guarulhos conta
O Agile GRU é uma das mais com duas pistas paralelas, sepa-
efetivas dessas medidas. Resultado radas por 375 metros, e utiliza a
de um trabalho conjunto entre maior (cabeceiras 09L e 27R), de
o Departamento de Controle do 3.700 metros de extensão, para
Espaço Aéreo (Decea), a GRU decolagens e a menor (09R/27L),
Airport, a Infraero, a Associação com 3.000 metros, para pousos.
Brasileira das Empresas Aéreas Antes, era preciso esperar que a
(Abear) e a Associação Internacio- aeronave em aproximação pouse
nal de Transportes Aéreos (Iata), para que um avião na outra pista
com apoio da Agência Nacional possa decolar. A ideia do projeto
de Aviação Civil (Anac), o projeto Agile GRU foi justamente ganhar
tem o objetivo de melhorar o tempo nesse intervalo. A partir da
fluxo de saída e chegada dos voos entrada em vigor do novo modelo,
por meio da Operação Segregada no fim de 2018, quando o aero-
sob Condições Meteorológicas porto oferece condições visuais

72 | MAGAZINE 2 9 6
de operação – o que acontece em com decolagem foram algumas nome evidencia, acontece apenas
95% do tempo de operação do das situações vivenciadas. O sob condições visuais. Quando o
aeroporto, razão pela qual esse treinamento foi elaborado com aeroporto estiver operando sob
projeto torna-se bastante viável base em boas práticas aplicadas instrumentos, ela não ocorrerá.
ali –, é possível ocorrer uma de- por outros países e adaptadas à O grande desafio, portanto,
colagem em uma pista no mesmo realidade brasileira. está na proximidade entre as
momento em que outro avião pistas, o que torna a operação
estiver pousando na pista ao lado. SÃO FRANCISCO inédita no país. “No Brasil, essa
Para isso, quatro novos Segundo o brigadeiro do ar Ary é a nossa primeira experiência,
procedimentos de aproxima- Rodrigues Bertolino, chefe do mas é claro que iremos procurar
ção foram elaborados – não subdepartamento de operações estender o aprendizado para ou-
foi preciso criar novos proce- do Decea, o objetivo do Agile tros aeroportos, promovendo uma
dimentos de decolagem – e GRU é permitir, como o nome maior eficiência do tráfego aéreo”,
R$ 1,3 milhão foram gastos na sugere, que o aeroporto ganhe estima Bertolino. No Aeroporto
capacitação de 227 controladores mais agilidade entre pousos e Internacional de Brasília já ocorre,
de tráfego aéreo, tanto da torre decolagens. “Aumentamos a di- desde 2015, uma operação simul-
de Guarulhos como do controle nâmica para reduzir o tempo das tânea de pousos e decolagens.
de aproximação de São Paulo, aeronaves para pousar ou decolar Lá, porém, existe uma separação
totalizando mais de 4.820 horas e, com isso, diminuir o tempo de 1.800 metros entre as pistas,
de treinamento. Nenhuma obra parado dos usuários. O passagei- tendo, inclusive, o terminal de
ou aquisição de equipamentos foi ro vai perceber a agilidade das passageiros entre elas, tornando
necessária para a implementação operações”, diz. inadequado fazer comparações
do projeto. Mesmo com suas diferenças, entre as duas experiências.
o projeto foi idealizado com base
SIMULADOR 3D na operação do Aeroporto de AERONAVES PESADAS
Para gerenciar as Operações São Francisco. “É um aeródromo Algumas cautelas foram toma-
Segregadas sob Condições com quatro pistas, que tem uma das no desenho da operação,
Meteorológicas Visuais, os con- separação de cerca de 230 metros conforme conta Júlio Cesar de
troladores de tráfego aéreo passa- entre elas, ou seja, é um espaço Souza Pereira, diretor-assistente
ram por treinamento no Instituto bastante reduzido. O Aeroporto de Segurança Operacional e Ope-
de Controle do Espaço Aéreo, em de Guarulhos tem uma separação rações de Voo da Iata. “Quando
São José dos Campos, interior de de 375 metros entre as pistas, o temos uma aeronave muito gran-
São Paulo. Os exercícios foram que nos dá até uma vantagem de, de categoria de esteira de tur-
realizados no simulador de torre operacional em relação a eles”, bulência pesada (heavy) na final,
de controle 3D, contemplando explica o capitão Marcos Roberto a torre vai aguardar seu pouso
cenários com situações bem Peçanha dos Santos, especialista completo para, então, liberar a
próximas às operações reais. em controle de tráfego aéreo, decolagem da pista da esquerda”.
O objetivo era que o lembrando que a operação tira Isso porque, em um eventual
controlador de tráfego aéreo proveito de uma característica procedimento de aproximação
vivenciasse as situações que ele de Guarulhos, que, durante boa perdida, a aeronave pesada pode
terá no dia a dia no aeroporto parte do tempo, tem a meteorolo- jogar a esteira de turbulência
durante as operações segregadas, gia favorável. “É um projeto que, em cima da aeronave que está
simulando, inclusive, o aumento além de ser inovador em relação decolando da pista paralela. “A
do volume de tráfego em função aos aspectos técnicos, é também possibilidade é muito remota,
da diminuição da separação das inovador em relação à metodolo- mas existe. De todo modo, isso
aeronaves na aproximação final. gia de trabalho”, diz Santos. Vale vai impactar pouco o Agile GRU,
Contingência, alta deman- ressaltar que as Operações Segre- pois mais de 70% da operação do
da de tráfego, separação para gadas sob Condições Meteoroló- aeroporto é de aeronaves médias,
pouso, arremetida simultânea gicas Visuais, conforme o próprio então essa coincidência de ter

74 | MAGAZINE 2 9 6
POUSO

DECOLAGEM

uma aeronave pesada na final outubro de 2020, atingir a capaci- uso da infraestrutura do setor de
para evitar a decolagem na outra dade de 60 operações por hora, o aviação civil. “O ano de 2019 será
pista não vai ser muito comum”, que representa 80% da capacidade de grandes desafios para nós e, por
prevê. do aeroporto. O Agile GRU se conta disso, já estamos iniciando
torna uma ferramenta importante a construção do novo pátio para
2020 para que a gente possa projetar essa tornar ainda mais eficientes as
Até 2018, a capacidade do demanda no futuro e nós temos, nossas operações e poder suportar
Aeroporto de Guarulhos era de basicamente, quase dois anos para iniciativas como essas, que vão
55 movimentos por hora. Com atingir esse objetivo”, diz Bertolino. trazer um ganho de capacidade e
a operação segregada, a estima- Para Gustavo Figueiredo, de eficiência para todo o setor”, an-
tiva é que esse valor cresça. “A presidente do GRU Airport, este tecipa. O Agile GRU está em ope-
ideia é aumentar a capacidade do é um exemplo para todo o setor, ração desde o dia 6 de dezembro
aeroporto, tendo mais voos para pois mostra a importância da e, durante uma fase experimental,
que possamos atender a cada vez realização de um processo colabo- trabalhou-se em uma janela de
mais pessoas. Estimamos que o rativo e o resultado que isso pode seis horas diárias, nos horários de
aeroporto de Guarulhos possa, em trazer em termos de eficiência e do menor movimento.

MAGAZINE 2 9 6 | 75
H I S TÓ R I A
BANDEIRANTE
O DESBRAVADOR
,

A saga do avião bimotor que determinou


o surgimento da Embraer há 50 anos
PO R | CLAUDIO LUCCHESI*
E
xistem dezenas, senão co mundial. Ao contrário de
centenas, de histórias praticamente tudo que se vira
de grandes aeronaves antes, ao realizar o seu primeiro
concebidas e pro- voo, em 22 de outubro de 1968,
duzidas. Algumas o YC-95 Bandeirante não era
icônicas, como o Ju-87 Stuka, fruto de nenhuma indústria ae-
verdadeiro símbolo da blitzkrieg ronáutica. Concebido, projetado
nazista, ou o B-52 Stratofor- e construído por uma insti-
tress, legenda sombria da Guer- tuição de pesquisa, o bimotor
ra Fria. Outras revolucionárias, inverteu a “ordem natural” da
como o Me-262, o primeiro jato aviação – ele não era fruto de
de combate do mundo, ou o de um fabricante, mas, sim, o vetor
Havilland Comet, que levou o responsável pelo surgimento de
motor a reação para a aviação um novo player no mercado. E,
comercial. Em todos os casos, graças ao seu sucesso comercial,
entretanto, foram aviões surgi- e internacional, essa empresa
dos de nomes consagrados no iria se consolidar, chegando o desenvolvimento da aviação
cenário da indústria aeronáuti- aos dias de hoje entre as líderes civil e comercial no Brasil.
ca, empresas que existiam havia mundiais do segmento aeronáu- Nessa perspectiva, era necessá-
um bom tempo, tendo, muitas tico. Sim, a saga do Bandeirante rio fomentar o desenvolvimento
vezes, já desenvolvido outras quebrou paradigmas, superou tecnológico local, de modo
aeronaves emblemáticas. O Me- obstáculos e desafiou precon- que, em 1943, era nomeado o
262, por exemplo, era da Mes- ceitos – com um resultado total- então tenente-coronel aviador
serschmitt, de cujas pranchetas mente vitorioso. É uma grande Casimiro Montenegro Filho
surgira antes o Bf-109, o mítico história, sem dúvida alguma. para a direção da subdiretoria
caça da Luftwaffe na Segunda de Material da Aeronáutica, que
Guerra Mundial. Da mesma CTA, A ORIGEM passou a efetivamente cuidar do
forma, antes do B-52, a Boeing A origem de tudo se mistura fomento à tecnologia.
já havia produzido aeronaves com o surgimento da própria A história pregressa da in-
emblemáticas, como o Model Força Aérea Brasileira (FAB), dústria aeronáutica local mostra-
347 e o B-29. Mesmo no caso do que nasceu no mesmo ano de va a dependência da contratação
“eterno” DC-3, a Douglas já era 1941, juntamente com o Minis- de projetistas estrangeiros (ou
um fabricante consagrado antes tério da Aeronáutica. Definiu- de uns poucos nomes nacionais,
de seu “clássico dos clássicos” -se para este novo órgão uma formados no exterior) ou de
fazer o primeiro voo. missão dual, ou seja, com uma acordos de produção licenciada
Caberia ao Brasil gerar uma vertente militar (a FAB), mas de modelos de fabricantes de ou-
história totalmente diversa, e também com a tarefa de gerir, tros países, num cenário que era
única, no universo aeronáuti- fomentar, administrar e regular fruto exatamente da inexistência

78 | MAGAZINE 2 9 6
de um investimento na formação ITA, pela primeira vez, o Brasil
superior em Aeronáutica, e era tinha como formar seus próprios
isso que Casimiro Montenegro engenheiros aeronáuticos, e no
desejava mudar. Assim, sob IPD estavam as bases para a BANDEIRANTE NASCE
sua liderança, foi criado o CTA pesquisa e geração de tecnologia
(originalmente, Centro Técnico de aviação.
DA CONVERGÊNCIA DA
de Aeronáutica), inspirado no
afamado MIT (Massachusetts CAPITÃO OZIRES SILVA
CRIAÇÃO DO CTA E DO ITA
Institute of Technology), dos Em 1964, tornou-se diretor do E DO DESENVOLVIMENTO
Estados Unidos. Na estrutura PAR um engenheiro formado
do novo centro, sediado em pelo ITA em 1962, oriundo das DA FAB
São José dos Campos (SP), fileiras da FAB, o então capitão
destacavam-se duas instituições Ozires Silva. Naquele momen-
independentes, mas ligadas entre to, a FAB tinha clara a visão
si, sendo uma de ensino técnico da obsolescência de sua frota
superior, o Instituto Tecnológico de bimotores Beech Model 18, sequência de tentativas de se
da Aeronáutica (ITA), e a outra e o novo diretor do Departa- criar um fabricante brasileiro de
de pesquisa e cooperação com a mento de Aeronaves viu nisso a aeronaves, todas frustradas ou
indústria, o Instituto de Pesquisa chance de se investir no projeto de vida efêmera, Ozires conclu-
e Desenvolvimento (IPD), den- de um substituto de origem íra que o mercado nacional não
tro do qual havia o Departamen- nacional. Mas queria ir além... era capaz de gerar uma deman-
to de Aeronaves (PAR). Com o Olhando ao passado, na da que sustentasse de forma

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volver uma aeronave bimotora,
capaz de atender não só às neces-
sidades militares de transporte e
logística como, também, servir a
uma aviação comercial regionali-
zada. Era o programa IPD-6504.
Com o objetivo de gerar
credibilidade à empreitada (mes-
mo diante do “fogo amigo” e da
descrença geral) e poder absorver
relevante conhecimento real de
tecnologia e de desenvolvimento
de uma aeronave de produção em
escala para um mercado mundial,
Ozires conseguiu trazer para o
PAR, na posição de projetista-
-chefe do programa, o conhecido
engenheiro francês Max Holste. E
EVENTO EM sólida, por si, uma indústria muita estrutura (às vezes, nem foi assim que o hangar X-10, no
SÃO JOSÉ aeronáutica local. Para que mesmo pavimentadas) dos aero- CTA, converteu-se no ninho do
EMB-110 restaurado, tivesse longa vida e se consoli- portos das cidades do interior IPD-6504.
painel alusivo ao
primeiro voo e dasse, uma fábrica de aviões no (tanto do Brasil como de outros
presença do coronel Brasil precisaria gerar modelos países, incluindo os Estados PRIMEIRO VOO
Ozires Silva na que atendessem às necessidades Unidos). Localidades estas que Seriam necessários pouco mais
comemoração da aviação nacional (militar e vinham sendo “abandonadas” de três anos, 110 mil horas de
dos 50 anos da civil), mas que também atraís- por ligações aéreas comerciais projeto, 12 mil desenhos de
decolagem inaugural sem clientes estrangeiros. Como regulares, uma vez que não fabricação, 22 mil horas de cál-
do Bandeirante
nesse último caso haveria de se eram economicamente ou tecni- culo estrutural e aerodinâmico
promovida pela
Embraer enfrentar nomes da indústria camente (ou ambos) viáveis de e 282 mil horas de fabricação
mundial de longa fama, o único serem atendidas por jatos. do avião e do seu ferramen-
caminho seria que o fabricante tal. Mas, ao fim da primeira
brasileiro identificasse e gerasse PROGRAMA IPD-6504 quinzena de outubro de 1968, o
aeronaves para nichos de mer- Não faltavam, entretanto, opo- primeiro protótipo, designado
cado que ainda não estavam “na sitores a tais planos. Dentro da YC-95 e com a matrícula FAB
mira” dos muito mais poderosos própria FAB, alguns nomes de 2130, estava pronto.
(e tradicionais) fabricantes dos elevado destaque eram aberta- Depois de uma madruga-
Estados Unidos e da Europa. mente contrários ao que consi- da tensa, em que ninguém da
Em 1965, com a aviação deravam legítimo desperdício equipe dormiu, a aeronave rea-
comercial mundial totalmen- de dinheiro, o investimento em lizaria um muito bem-sucedido
te seduzida pela potência dos pesquisas e projetos de aero- primeiro voo ao alvorecer de
jatos, aos quais se devotavam as naves nacionais, considerando 22 de outubro. Já havia, então,
equipes de projetos de Boeing, que o Brasil não tinha condi- recebido um nome – Bandei-
Lockheed, Douglas, de Ha- ções mínimas de almejar tais rante, em alusão aos desbrava-
villand, Aerospatiale e outros ambições, e fazia muito mais dores paulistas.
grandes nomes, sob a liderança sentido adquirir as aeronaves A partir daí, em paralelo
de Ozires Silva, o pequeno gru- de que se necessitava de fabri- com a campanha de ensaios em
po reunido no PAR identificou cantes de larga e comprovada voo e a construção de outros
um nicho – uma aeronave a capacidade, do exterior. dois protótipos, Ozires Silva se
hélice, capaz de operar em pis- Mesmo assim, tomou forma empenharia em uma série de
tas curtas e (muitas vezes) sem no PAR o projeto de se desen- reuniões com a nata do em-

80 | MAGAZINE 2 9 6
Primeiro voo do
YC-95, o protótipo
do Bandeirante

presariado nacional, buscando


uma parceria junto à iniciativa
privada por meio da qual se
criaria a fábrica para a produ-
ção em série do novo bimo-
tor. Nenhum empresário ou
investidor aceitou, mesmo com
o compromisso de aquisição de
uma grande quantidade pela
FAB. Se dependesse da iniciati-
va privada, o Bandeirante não
passaria dos protótipos.

A EMBRAER
Entrou então, em auxílio de
Ozires, todo o peso e o empe-
nho do brigadeiro do ar enge-
nheiro Paulo Victor da Silva,
que assumira a direção-geral
do CTA em abril de 1966, e era
um feroz defensor do programa
IPD-6504. Diante da inflexibi-
lidade dos empresários, con-
tando com a participação ativa
(e o carisma) de Ozires Silva, o O LIVRO
brigadeiro Paulo Victor voltou- de 1970. Seu diretor-superin-
-se diretamente ao então minis- tendente era Ozires Silva. Sim, o
Nascido exatos 14 dias após o primeiro voo
tro da Aeronáutica, marechal avião gerara o seu fabricante.
do Bandeirante, Claudio Lucchesi é autor do
do ar Márcio de Souza Mello, A fascinante história do Em-
livro “O Voo do Impossível – A História do
outro admirador do projeto do braer EMB-110 Bandeirante, o Bandeirante, o Avião que Gerou a Embraer”
CTA. E o assunto chegou então avião que gerou o seu fabrican- (Edições Rota Cultural). Com 320 páginas e
às mais altas esferas do governo te, entretanto, estava apenas no formato de 210 por 280 milímetros, o trabalho
federal. começo. A aeronave entraria em reúne entrevistas com Ozires Silva, Heitor
Em 19 de agosto de 1969, produção no segundo semes- Serra, Satoshi Yokota e outros integrantes
era assinado o decreto-lei 770, tre de 1972 e conquistaria o do projeto, além de veteranos do CTA, da
que criava oficialmente a Em- mundo, tornando-se o primeiro FAB e de companhias aéreas, pesquisadores
presa Brasileira de Aeronáutica avião de projeto brasileiro a ser históricos e entusiastas da aviação. São
S.A., a Embraer, uma empresa certificado no exterior – pri- informações detalhadas e histórias, bem
de economia mista, que era meiro pela França, em 1977, como um extraordinário material de imagens,
controlada (e podendo ser e depois, no ano seguinte, enriquecido com perfis e
capitalizada) pelo Estado. Na por Reino Unido, Austrália e ilustrações exclusivas feitos
prática, era a fábrica aeronáuti- Estados Unidos, em sequência. por Anderson Subtil. O livro
ca que iria produzir o Bandei- Surgiriam versões especializa- estará disponível na primeira
quinzena de fevereiro de
rante em série! das, algumas militares, como o
2019. Informações e reservas
Em 29 de dezembro de 1969, patrulheiro marítimo EMB-111,
pelo e-mail atendimento@
era realizada a sua assembleia e com uma produção de quase edrotacultural.com.br ou
geral de constituição e, passa- 500 exemplares. Muitos voam e pelos telefones 11 3641-8494
das as festas de fim de ano, a operam rotineiramente até e 11 3641-8522.
empresa efetivamente iniciou hoje, inclusive nos Estados
suas atividades em 2 de janeiro Unidos e Europa!

MAGAZINE 2 9 6 | 81
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