Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br 46 MARKETING 70 FINANÇAS
58 GESTÃO DE PESSOAS
78 DIVERSIDADE
A contratação Diversidade e
de um líder autenticidade
empreendedor Katherine W. Phillips, Editores
AS NOVAS
DA GESTÃ
TALENTOS Ser ágil já não é uma
prerrogativa só da
tecnologia
PÁGINA 23
09604
9 772359 609005
ISSN 2359-6090
ABRIL 2018
TALENTOS
23
34 LIDERANÇA
Dominic Barton, Dennis Carey e
Ram Charan
CRIAÇÃO CONJUNTA DA
EXPERIÊNCIA DO FUNCIONÁRIO
Uma conversa com Diane Gherson,
chefe de RH da IBM
Lisa Burrell
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Roberto Müller Filho
Apresenta
A transformação da
auditoria na era digital
Novas tecnologias aumentam pressão por resultados mais
rápidos e completos, mas também criam oportunidades
Por Silvio Takahashi, sócio de Auditoria da EY
“
capazes de mapear uma vasta extensão
l]jjalgjaYd$e]d`gjYf\gY]Õ[af[aY\ghjg[]kkg
Novas ferramentas
mesmo em áreas de difícil acesso. Por meio
de softwares especializados, esses aparelhos
permitem um
realizam a contagem e a categorização de itens processamento rápido
diretamente para um banco de dados digital.
e produtivo e podem
Nesse novo contexto, cada informação passa
por um complexo e automatizado processo ser aplicadas a clientes
\]n]jaÕ[Y
g$im]mf][Y\Yfgngafhml
a cada premissa determinada e a cada relatório de quaisquer setores
emitido anteriormente. Essa análise de big
\YlY[YhYrfgYh]fYk\]a\]flaÕ[Yjjak[gk
sem prejuízos à qualidade
de Compliance mas, também, de propor
Ydl]jfYlanYkhYjYj]nakg\]af[gfkaklf[aYk&
O retorno sobre o
investimento da
reconfiguração
do escritório.
pág. 14
MESAS NO ESCRITÓRIO
a troca de novos e valiosos conhecimentos
entre colegas que se conheceram há pouco
tempo. Esse tipo de prática permite que vo-
cê recombine o novo conhecimento com o
que já possui, para inovar”.
Exemplos de novos produtos prospecta-
Q
dos incluem uma panela para cozinhar ar-
uando os locais de trabalho corporati- comum. Embora a empresa quisesse que to- roz que pode ser conectada ao carro (uma
vo são reorganizados, os funcionários das as equipes se mantivessem reunidas um combinação das categorias vida cotidiana e
encaram o processo como uma gran- mesmo local, restrições de espaço exigiram lazer), protetor de orelha com a função blue-
de chateação. As gavetas são esvazia- que nove equipes fossem distribuídas nu- tooth embutida (moda e eletrônica) e um tro-
das, caixas empacotadas, a rotina ma área aberta e três em outra área com uma ninho para bebês que toca música (infantil e
diária de trabalho interrompida — entrada comum no meio. Os dois espaços eletrônica). Segundo Lee, os estrategistas de
para quê, exatamente? As empresas de eram idênticos em termos de decoração, ilu- vendas não trabalharam diretamente com
design há muito tempo destacam os benefí- minação, equipamentos, distância entre as os novos colegas que acabaram de conhecer,
cios dessas mudanças, argumentando que, equipes e estações de trabalho e proximida- mas foram inspirados, por diálogos ouvidos
quando as pessoas circulam mais livremen- de com a gestão. E eram muito semelhantes casualmente e conversas informais, a mudar
te e contatam aleatoriamente diferentes à sede anterior. Os funcionários não podiam de criatividade “incremental” para “radical”
grupos de colegas, elas tornam-se mais co- escolher onde se sentar. e, como resultado, as vendas aumentaram.
laborativas e criativas. Alguns gestores tam- Analisando 38.435 acordos realizados Curiosamente, a redistribuição dos fun-
bém pensam assim. Ao planejar uma nova por 60 estrategistas de vendas em 200 dias cionários do espaço físico parece ter estimu-
sede para a Pixar, Steve Jobs celebrizou-se — 120 dias antes e 80 dias depois da mudan- lado mais o desempenho que outras mudan-
ao colocar o grande toalete central no átrio ça —, Lee descobriu que os estrategistas de ças que a empresa empreendeu (também
do prédio, exigindo que os funcionários vendas no espaço com mais equipes realiza- estudadas por Lee) a partir de incentivos
percorressem certa distância para utili- ram, em média, 25% mais acordos com no- individuais sobre os salários ixos. Além dis-
zá-lo —, criando assim “colisões não plane- vos fornecedores do que todos os estrategis- so, o efeito gerado pela realocação foi rápido
jadas” com a intenção de incentivar a ino- tas que fecharam acordos antes da mudança. — o aumento de acordos entre as categorias
vação. Dezenas de pesquisas apoiaram essa Os acordos não resultaram de colaboração. ocorreu em um mês — e cresceu por todo o
decisão. Mas, até hoje, é difícil provar o re- Eles marcaram uma mudança na qualidade período de 80 dias depois da mudança.
torno inanceiro sobre o investimento (ROI) do trabalho das pessoas. Lee caracteriza essa O estudo de Lee é um dos primeiros a
na reconiguração do escritório. mudança como uma substituição de “explo- utilizar uma estrutura anterior e posterior
Sunkee Lee, professor da Carnegie ração” para obter vantagem — simplesmente para examinar como a realocação das mesas
Mellon Uninversity, encontrou, por acaso, repetindo ofertas que funcionaram no passa- afeta a inovação individual e o desempenho
um “experimento natural”, numa grande do — para “exploração”, no sentido de apre- das vendas. O estudo faz parte de uma lon-
empresa sul-coreana de comércio eletrônico sentar novas ideias. Mas talvez o mais impor- ga linha de investigação que sugere que o
que estava se transferindo para uma nova se- tante é que a receita dos acordos diários de lugar onde os colegas se sentam pode afetar
de. (A empresa exigiu sigilo sobre sua identi- cada estrategista de vendas sentado perto de, profundamente sua forma de trabalhar em
dade.) No prédio antigo, seis equipes de “es- até então, colegas não familiares foi, em mé- conjunto. Na década de 1970, por exemplo,
trategistas de vendas” encarregadas de pros- dia, 40% mais alta (US$ 16.510 por dia) do que Thomas Allen, professor do MIT, estudou a
pectar e comercializar ofertas-relâmpago a média dos estrategistas antes da mudança. comunicação entre engenheiros na divisão
em várias categorias de produtos (eletrôni- O aprimoramento da criatividade — a de P&D de uma empresa multinacional. Sua
cos, infantis, moda, etc.) se sentavam numa mudança para ideias exploratórias — foi descoberta, conhecida como a curva Allen,
área, enquanto seis outras equipes de estra- estatisticamente signiicativo somente pa- descreve a redução drástica de diálogos en-
tegistas sentavam-se em outra área. Os dois ra as pessoas cuja experiência em prospec- tre pessoas que se sentam muito distantes.
grupos estavam separados por uma entrada tar acordos na organização estava acima Embora boa parte da pesquisa anterior
CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 14
GÊNERO
efeito de maturação. “Quando você se senta perto
de uma pessoa desconhecida, só pode absorver dela
certa quantidade de conhecimento”, ele explica. “Es-
SOMENTE OS HOMENS
se tipo de coisa pode desaparecer com o tempo.” Ele
também observa que suas descobertas não devem ser
interpretadas de forma demasiadamente ampla. O
ENQUANTO O CAPITAL
INVESTIDO DUPLICAVA... US$ 120
RECEITA
US$ 115
RAZÃO DO CAPITAL EM RELAÇÃO AOS BENS MACRO (TAXA DOS EUA RECEITA
PONDERADOS PELO RISCO DE JUROS, DOS EUA
INVESTIMENTOS AÇÕES
EM COMÉRCIO
EXTERIOR)
6 13,5 US$ 70
US$ 60
US$ 85 US$ 80 2007 HOJE
2007
HOJE
CORTES DE EMPREGOS, PRINCIPALMENTE O GAP NOS LUCROS ENTRE
....OS BALANÇOS PATRIMONIAIS EM VENDA E COMERCIALIZAÇÃO, OS BANCOS DO TOPO E DA
CAÍRAM PELA METADE REDUZIRAM AS DESPESAS BASE AUMENTOU
TRILHÕES DE US$ DESPESAS (EM BILHÕES DE US$) LUCROS SOBRE AÇÕES (%)
0 0 0
2007 HOJE 2007 HOJE 2007 HOJE
FONTE ANÁLISE DE OLIVER WYMAN DOS RELATÓRIOS ANUAIS E DADOS COM DIREITOS DE PROPRIEDADE
O CEO DA
STATE STR T
E A CRIAÇÃO
DE EMPR GOS
PARA JOVENS
MARGINALIZADOS
O ponto crucial é ter um sistema
para apoiar as crianças quando
saem da escola e se encaminham
para o mercado de trabalho.
Joseph Hooley
FOTOGRAFIA DE SCOTT NOBLES
18 HARVARD BUSINESS REVIEW ABRIL 2018
m 2014, recebi um telefonema do escri- 1970, a State Street começou a deixar de ser um banco
E
tório do governador de Massachusetts. tradicional para se tornar uma empresa de serviços i-
Eles me pediam que participasse de uma nanceiros impulsionada pela tecnologia.
parceria público-privada (PPP). O objetivo Essa mudança me atraiu. Depois da universidade,
era melhorar a qualidade das faculdades fui trabalhar na AT&T, onde recebi amplos treinamen-
públicas locais. Desenvolvimento de mão tos no que hoje chamamos de Tecnologia da Informa-
de obra é um problema que me preocupa, ção. Em uma dessas aulas, conheci minha mulher.
e todo CEO recebe ligações como essa de Depois do acordo que dividiu o antigo sistema Bell,
tempos em tempos. Tento ajudar sempre acabei indo trabalhar na American Bell, que vendia
que posso, por isso disse sim. equipamentos de comunicação para grandes organi-
Fui a algumas reuniões e logo iquei frustrado. Não zações e competia com empresas como a IBM. Manti-
era minha primeira experiência em PPPs, e embora al- ve a propensão para a tecnologia e passei a me concen-
gumas tivessem sido bem-sucedidas, muitas não de- trar em maneiras de usar a tecnologia para possibilitar
ram certo. Ao participar de uma reunião, comecei a serviços e capacitar pessoas.
imaginar com que meios a State Street solucionaria Meu pai se aposentou da State Street em dezembro
alguns dos problemas relacionados ao desenvolvimen- de 1985 e entrei na empresa um mês depois. Passei dez
to de mão de obra. anos dirigindo a joint venture da State Street, inicial-
Nossa empresa tem uma grande instituição de ca- mente em Kansas City. Voltei para Boston em 2000 no
ridade, então já gastávamos milhões de dólares anual- intuito de liderar nossos serviços de investimentos glo-
mente nas áreas de educação e na formação de proissio- bais e depois fui promovido a vice-diretor e em segui-
nais. A State Street é uma das maiores empregadoras de da a presidente. Em 2010 tornei-me CEO da empresa.
Boston. Todo ano contratamos milhares de funcionários Durante esse percurso, me envolvi com atividades
recém-formados. Isso é importante. O grande prêmio da ilantrópicas locais, especialmente como um ativo pa-
pessoa que conclui sua formação acadêmica é uma ofer- trocinador e membro da diretoria do Boys & Girls Clubs
ta de emprego e uma carreira, e podemos oferecer isso of Boston. Tive a oportunidade de visitar alguns clubes
de uma maneira que nenhuma organização sem ins lu- e ver seu bom trabalho. Eles ofereciam atividades pa-
crativos é capaz. Além do mais, nossa empresa está ra depois do horário de aula, ensinavam capacitação,
repleta de membros da geração Y que querem ser volun- organizavam equipes esportivas e ajudavam crianças
tários, e o programa de mentoria é parte essencial pa- com as tarefas escolares. Notei o quanto organizações
ra ajudar jovens a passar por todas as etapas, do ensino competentes podem fazer. Participei também de algu-
médio à universidade e ao mercado de trabalho. Quando mas iniciativas em escolas urbanas nas quais a State
precisamos encontrar alguém na State Street para orien- Street se envolveu.
tar um estudante, não precisamos perguntar duas vezes. Por meio desse trabalho, me convenci de que se pu-
Comecei a falar sobre essa ideia dentro da empresa, desse ajudar a resolver apenas um problema no mundo,
e os funcionários icaram entusiasmados. Queríamos seria a educação urbana. Os problemas sociais costu-
ir além de soluções especíicas e colocar em prática um mam estar interligados, e a instrução perpassa muitos
programa compreensível, sistemático e ampliável — deles. Melhorar isso gera crescimento econômico, re-
direcionado para a produção de resultados mensurá- duz a criminalidade e diminui o desemprego, o conlito
veis e sustentáveis. social e os problemas habitacionais. Visitei muitas es-
Foi assim que desenvolvemos e em 2015 lançamos colas ao longo dos anos, algumas excelentes, mas as so-
o Boston WINs (Workforce Investment Network). Nos- luções para os problemas de oferta de boa educação ur-
so compromisso é investir US$ 20 milhões e contratar bana tendem a ser inconsistentes e difíceis de replicar.
mil graduados de escolas públicas urbanas nos próxi-
mos quatro anos. Os resultados têm sido promissores:
contratamos mais de 200 recém-formados, que vêm se TRABALHAR COMO EM UMA CORRIDA DE REVEZAMENTO
adaptando muito bem à nossa cultura. Quanto mais eu pensava sobre o problema, mais perce-
bia que para ser eiciente nossa abordagem precisava ir
além do que acontece nas salas de aulas urbanas. Fazer
EDUCAÇÃO URBANA É CRUCIAL com que os estudantes passem pela escola, cheguem
Penso muito sobre oportunidade econômica porque até a universidade e então consigam um bom trabalho
venho de uma família de classe média. Cresci nos su- requer o gerenciamento de uma série de passagens e
búrbios de Boston com meus quatro irmãos. Quando transições, como atletas em uma corrida de revezamen-
estava na faculdade, trabalhava meio período e ban- to com bastão. Por exemplo, algumas organizações sem
quei minha educação com empréstimos para estudan- ins lucrativos fazem um grande trabalho de coaching
tes e com meu próprio salário. Aos 30 e poucos anos, de estudantes do ensino médio para melhorar suas ca-
ainda pagava meus empréstimos estudantis. pacidades de estudo ou para que consigam bons resul-
Meu pai trabalhou por 32 anos na State Street, e nes- tados em exames de admissão na universidade. Po-
sa época a empresa era muito diferente. Na década de rém é raro que essas organizações auxiliem os alunos
lhando o caminho desde a escola até o mercado de traba- FONTE STATE STREET
lho, inanciá-las para que pudessem crescer, coordenar
seus esforços para que deixassem de trabalhar isolada- Acabamos escolhendo quatro organizações que ha-
mente e então nos comprometer a contratar um grande víamos financiado anteriormente e uma com a qual
número desses estudantes depois da graduação. passamos a trabalhar pela primeira vez. A Year Up, se-
diada em Boston, oferece cursos intensivos de capaci-
tação para jovens de baixa renda. A uAspire ajuda estu-
AS CINCO PARCEIRAS dantes a obter inanciamentos universitários. Já a The
Com essa visão, a questão passou a ser: como conse- Boston Private Industry Council (PIC) auxilia alunos a
guiríamos isso? Graças à instituição de caridade da conseguir experiência proissional e a trilhar o caminho
State Street, já mantínhamos um relacionamento com da escola até o mercado de trabalho. A College Advising
organizações que abordavam partes especíicas des- Corps (CAC) assiste estudantes em busca de uma uni-
se problema mais amplo. Mas decidimos ampliar um versidade e no processo de inscrição. E a Botton Line
pouco o espectro. Pedimos que propostas nos fossem ajuda tanto alunos de baixa renda quanto os que são ar-
enviadas e então realizamos uma competição, no esti- rimo de família a entrar na faculdade e concluir o curso.
lo do programa de TV Shark Tank: Negociando com Tu- Ainda que as cinco organizações permaneçam sepa-
barões, entre empresas sem ins lucrativos, com o obje- radas, nossa expectativa é que trabalhem juntas — co-
tivo de selecionar cinco grupos que receberiam subsí- mo se fossem fornecedores de empresa que trabalham
dios pelos quatro anos seguintes. As organizações sem de forma coordenada para que as partes se encaixem
ins lucrativos necessitam de contratos de subsídios perfeitamente, a entrega seja sincronizada e a qualida-
multianuais, então não foi difícil conseguir que algu- de continue alta. A isso chamamos ação coordenada:
mas delas participassem da competição. nossa intenção é prestar esses serviços de forma com-
As empresas só perceberam como seria difícil de- plementar, sólida e devidamente contínua. Acompa-
pois que passaram a se envolver em nosso processo de nhamos de perto o que cada aluno está recebendo; to-
triagem. Para fazer parte da Boston WINs, precisariam das as cinco parceiras colocam seus dados em um siste-
começar a colaborar com outras organizações, o que ma compartilhado que é atualizado a cada quinze dias.
não é necessariamente seu ponto forte. Muitas empre- Contamos atualmente com a participação de 20 esco-
sas sem ins lucrativos eicientes e dinâmicas têm lí- las de ensino médio, em cada uma realizamos uma reu-
deres carismáticos; pedíamos a eles que deixassem de nião mensal na qual representantes das cinco empresas
lado o ego e se concentrassem em formas de colaborar, discutem o progresso individual dos alunos. Todos têm
o que nem sempre acontecia naturalmente. Meu feed- uma lista de 12 marcos a atingir em datas predetermina-
back inicial para todos foi ressaltar que os grupos pre- das — entregar artigos de faculdade, preencher formu-
cisariam pensar de maneira mais ampla. Acredito que lários para auxílio inanceiro, participar do programa
isso é parte do papel do líder — forçar as pessoas a ele- Job Shadow (no qual o estudante passa um período jun-
var seus níveis de ambição. to a um proissional para aprender como o trabalho é
feito), fazer rascunho de currículo, participar de entre- conosco, eles podem desenvolver suas capacidades e
vista simulada. A ação coordenada nos permite saber migrar pela organização.
se os alunos estão no caminho certo, identiicar aqueles Firmamos acordo para oferecer um inanciamento
que porventura tenham alguma falha no apoio recebi- de quatro anos, mas avaliamos cada uma das organiza-
do e nos certiicar de que transferências efetivas estão ções anualmente para ver como estão contribuindo com
ocorrendo entre as diferentes organizações, particular- o objetivo geral. E os jovens trabalham tão duro quanto
mente quando os estudantes fazem a importante tran- os funcionários. Eles reconhecem que a oportunidade
sição do ensino médio para a faculdade. que estão recebendo é especial.
O AMPLO ALCANCE DA BOSTON WINS NÃO É APENAS ALGO PARA SE SENTIR BEM
Depois de selecionarmos as cinco organizações, pedi- Como CEO, sou cuidadoso acerca do tempo que dedico à
mos que participassem de uma atividade de um dia — ilantropia. Respondo ao nosso conselho, composto de 11
eu mesmo participei. Queríamos ter certeza de que to- pessoas e sou responsável pelos acionistas, empregados
dos estavam comprometidos com nossa ideia. e clientes e pela comunidade. A maior parte do meu tem-
Eles estavam todos entusiasmados — afinal, ha- po, como é de esperar, é dedicada aos primeiros três gru-
viam acabado de vencer uma competição. Essas or- pos. Mas a ligação entre o envolvimento da nossa comu-
ganizações estavam acostumadas a ter controle, e es- nidade e minha própria consciência é bastante estreita.
se era o desaio. Era preciso explicar que seria diferen- Isso não é apenas algo para se sentir bem. Estamos com-
te agora, cada empresa teria de transferir clientes para petindo por talento nesta cidade, e todos os nossos em-
outras, e o objetivo era maximizar o impacto das cinco. pregados — especialmente os mais jovens — têm enorme
Não consigo enfatizar o suiciente quanto isso foi apreço pelo envolvimento da nossa comunidade. Todo
difícil. Cada uma dessas organizações sem ins lucrati- mês me reúno com grupos de funcionários para um café
vos vinha trabalhando a seu modo e tinha aperfeiçoa- da manhã e faço as mesmas duas perguntas: o que man-
do uma forma de lidar com determinada parte do pro- tém você na State Street? E o que faria você sair da State
blema. Estávamos tentando fazer com que elas pensas- Street? Eles sempre mencionam as condições lexíveis de
sem e trabalhassem holística e horizontalmente, como trabalho, as oportunidades de carreira e o envolvimento
jamais haviam trabalhado. da comunidade como aquilo que mais valorizam. A liga-
Lançamos o programa em junho de 2015 em um even- ção entre o envolvimento da comunidade e nossos em-
to prestigiado pelo prefeito de Boston, Marty Welsh, e pregados se traduz diretamente no modo positivo com
pelo governador de Massachusetts Charlie Baker. Foi que trabalhamos para nossos acionistas e clientes.
um apogeu maravilhoso da primeira fase do programa, Já cumprimos quase metade de nossos quatro anos
mas era só o começo. de compromisso para com a Boston WINs e acredito
A beleza da Boston WINs é sua capacidade de atrair que estabelecemos um bom ritmo. Já estamos pensan-
qualquer jovem da cidade envolvido com uma das cin- do em como ampliar o programa para além de Boston,
co organizações; todas já tinham seu próprio processo isto é, outras partes do país e do mundo. A State Street
de recrutamento antes de fazer parte da State Street (a tem grandes operações em Kansas City, Cingapura, Polô-
YearUp e a Bottom Line têm um processo formal de ins- nia, Irlanda e outros locais, e não há motivo para não fa-
crição, e os serviços oferecidos pela uAspire, PIC e CAC zer com que o projeto funcione também nesses lugares.
estão disponíveis a qualquer aluno de escola pública de O programa se encaixa muito bem na estratégia da
Boston). Como o sistema existente já estava funcionan- nossa empresa. Como CEO, minha prioridade é transfor-
do bem, decidimos não interferir; em vez disso, qual- mar a State Street em um negócio digital-tecnológico, is-
quer estudante que trabalhe com uma das cinco orga- to é, priorizar dados e análise. Essa mudança de estraté-
nizações é considerado automaticamente um jovem da gia teve impacto em nossas contratações. Precisamos de
Boston WINs. O novo programa conecta as cinco em- funcionários que se sintam à vontade com dados e saibam
presas, o que permite que o estudante que recebe auxí- analisá-los. Necessitamos de mais proissionais de TI.
lio da College Advising Corps para se inscrever em uma Acredito que a Boston WINs será responsável por
universidade seja instruído sobre inanciamento edu- uma parte importante do que a State Street conse-
cacional pela uAspire. Apenas em seu primeiro ano, a guirá atingir durante esta década. Se resolvermos o
Boston WINs auxiliou mais de 19.430 estudantes, e a problema do desenvolvimento de mão de obra urba-
State Street contratou 216 formados pela Boston WINs. na, criaremos um grupo variado de proissionais com
Abrimos uma unidade na University of Massachu- boa formação acadêmica e altamente motivados para
setts que permite aos estudantes trabalhar meio perío- nossa empresa, e ao mesmo tempo ofereceremos uma
do, adquirindo experiência proissional e nos dando possibilidade de solução para um problema que afeta
a chance de ver como trabalham. Temos, a todo mo- toda a comunidade. É um ótimo exemplo de como um
mento, mais de 50 estagiários da Bunker Hill Commu- programa benéico para a cidade pode também, simul-
nity College. Damos a eles um teste e, depois de forma- taneamente, beneiciar nossos acionistas.
dos, contratamos alguns permanentemente. Uma vez HBR Reprint R1804A–P Para pedidos, página 9
As novas regras
da gestão de
talentos
O RH TORNA-SE ÁGIL 24
Ser ágil já não
é prerrogativa só
da tecnologia.
A metodologia agile
está sendo aplicada em
outras áreas e atividades,
desde desenvolvimento
de produto até
manufatura — e agora
está transformando o
modo como as empresas
contratam e administram
seu pessoal e crescem
CRIAÇÃO CONJUNTA
DA EXPERIÊNCIA DO
FUNCIONÁRIO 34
Uma conversa com
Diane Gherson,
chefe de RH da IBM
EXPERIMENTO DE
UMA EQUIPE: O CASO
DE UM BANCO 39
Como o ING
reformulou suas
operações bancárias
de varejo
Ser ágil já não é prerrogativa Você poderia dizer que o RH está se tornan- que mais de 90% das organizações já ado-
do ágil, mas em versão light: a área aplica os tam práticas ágeis. No Banco de Montreal
só da tecnologia. A princípios gerais sem adotar todas as ferra- (BMO), por exemplo, a mudança começou
mentas e protocolos do mundo da tecno- quando os funcionários formaram equipes
metodologia agile está logia. Trata-se da mudança da abordagem transfuncionais de desenvolvimento de
sendo aplicada em outras baseada em regras e planejamento para um produto para tornar a instituição mais fo-
modelo mais simples e rápido baseado no cada no cliente. As empresas aprenderam
áreas e atividades, desde feedback dos participantes. Esse novo pa- princípios ágeis com os colegas da TI, e a TI
radigma decolou, de verdade, na área de aprendeu a identiicar as necessidades dos
desenvolvimento de gestão de desempenho. (Numa pesquisa da clientes com os negócios. Como resultado
produto até manufatura — Deloitte de 2017, 79% dos executivos glo- o BMO, hoje, pensa na gestão de desem-
bais consideraram a agilidade de gestão de penho em nível de equipe, não mais no ní-
e agora está transformando
COLORMOS/GETTY IMAGES
desempenho uma alta prioridade organiza- vel dos indivíduos. Em algumas empresas
cional.) Mas outros processos do RH estão a mudança para RH ágil foi mais rápida e
o modo como as empresas começando a mudar. mais deliberada. A GE é o melhor exem-
contratam e administram Em várias empresas a transformação es- plo. Considerada durante muitos anos co-
tá se processando de forma gradual e qua- mo um paradigma de gestão por sistemas
seu pessoal e crescem. se orgânica, como relexo da TI, área em de controle, ela mudou para a FastWorks,
abordagem enxuta que reduz o controle i- Vale do Silício e nas empresas de software
nanceiro de cima para baixo e dá poder às em particular, copiando suas práticas ágeis
equipes para que administrem os projetos para gerenciar projetos. Por isso, os mode-
conforme as necessidades evoluem. los de planejamento de cima para baixo es-
As mudanças no RH já eram esperadas tão sendo substituídos por métodos mais
havia muito tempo. Depois da Segunda ágeis, orientados para o usuário, e mais
Guerra, quando as manufaturas domina- adequados à adaptação no curto prazo, co-
ram o cenário industrial, o planejamento mo prototipagem rápida, feedback iterati-
ocupava o centro dos recursos humanos: vo, decisões baseadas na equipe e “sprints”
as empresas recrutavam militares de carrei- centrados na tarefa. Como sugere Lynn
ra, ofereciam-lhes empregos rotativos que Roger, diretor de transformação do BMO,
promoviam seu desenvolvimento, prepa- “a velocidade é a moeda corrente nos no-
ravam-nos com anos de antecedência para vos negócios”.
assumir funções cada vez mais importan- Não havendo mais a justiicativa para
tes e atrelavam sua ascensão diretamente manter os antigos sistemas de RH, e com
a cada degrau que subiam na escada hie- o manual da agilidade disponível para ser
rárquica. A burocracia era o problema: as copiado, o RH está, inalmente, conseguin-
organizações queriam que suas práticas de do sua tão esperada reformulação. Neste
talento se baseassem em regras e fossem artigo, ilustramos algumas das profundas
internamente consistentes, para poderem mudanças que as empresas estão empreen-
cumprir, com segurança, planos de cinco dendo em sua administração de talentos e
anos (e, às vezes, de 15 anos). Isso era razo- descrevemos os desaios que enfrentam na
ável. Todos os outros aspectos das empre- transição para um RH ágil.
sas, dos negócios centrais até as funções
administrativas, estabeleciam metas, or-
çamentos e operações segundo a visão de ONDE OBSERVAMOS AS
longo prazo. O RH reletia e apoiava a forma MAIORES MUDANÇAS
como agiam. Como o RH tem contato com todas as
Por volta da década de 1990, à medida áreas — e todos os funcionários — da orga-
que os negócios se tornavam menos pre- nização, sua transformação ágil pode ser
visíveis e as empresas precisavam adquirir até mais abrangente (e mais difícil) que as
novas habilidades rapidamente, essa abor- de outras divisões. As empresas estão re-
dagem tradicional começou a declinar — formulando suas práticas de talento nas
mas não ruiu completamente. A contrata- seguintes áreas:
ção lateral de pessoas externas — para ob- EM RESUMO Avaliações de desempenho. Quando
ter mais lexibilidade — substituiu boa as empresas adotaram métodos ágeis em
parte dos planos de carreira e das promo- A RAZÃO DA MUDANÇA suas operações centrais, resolveram igno-
ções internas. Remuneração de “amplo De forma geral, os negócios rar a ideia de planejar com um ano ou mais
e operações centrais
espectro” permitiu que os gestores tives- das empresas foram em de antecedência o andamento dos proje-
sem margem maior para recompensar as grande parte substituídos: tos e os prazos de conclusão. Por isso, em
pessoas pelo crescimento e conquistas em modelos de planejamento muitos casos, a primeira prática de RH tra-
suas funções. No entanto, para a maioria de longo alcance deram dicional a mudar foi a avaliação anual de
o modelo antigo persistia. Como em outras lugar a métodos mais ágeis desempenho e as metas individuais. Como
que permitem inovação e
áreas, o RH ainda girava em torno do longo rápida adaptação. O RH as pessoas trabalhavam em projetos de pra-
prazo. A força de trabalho e o planejamento está começando a usar zo mais curto, com diferenças de amplitu-
de sucessão permaneceram, mesmo quan- práticas de administração de, conduzidos por diferentes líderes e or-
do as mudanças na economia e nos negó- ágil de talento para refletir ganizados em torno de equipes, a noção de
cios tornaram esses planos irrelevantes. e apoiar o que o resto da que o feedback de desempenho deveria ser
organização está fazendo.
As avaliações anuais continuaram, ape- fornecido uma vez por ano, pelo chefe, era
sar da insatisfação quase universal com praticamente inconcebível. Era preciso ha-
AS ÁREAS DE TRANSFORMAÇÃO
essa prática. As organizações estão ver mais avaliações, mais frequentes e rea-
No momento, estamos observando uma mudando radicalmente a lizadas por mais pessoas.
transformação mais generalizada. Por que forma como administram Uma antiga pesquisa da CEB Inc. apon-
agora? Porque a inovação rápida se tornou o desempenho, avaliam tou que, na verdade, as pessoas passaram
o talento, enfatizam e
uma necessidade estratégica para a maio- a receber menos feedback e apoio quando
desenvolvem habilidades,
ria das empresas, não apenas para algumas. abordam o recrutamento seus empregadores abandonaram as avalia-
Com o objetivo de colocá-la em prática, as e a recompensa e facilitam ções anuais. Isso porque muitas empresas
empresas passaram a prestar atenção no o aprendizado. não colocaram nada no lugar. Os gestores
muito ocupados: são vídeos semanais de com as necessidades dos negócios e os pla- esse input é compartilhado em pequenas
90 minutos a que os funcionários assistem nos de aprendizagem e desenvolvimento. reuniões diárias das equipes e mantido
quando têm tempo. Os supervisores tam- A ideia é que a promoção da capacitação num aplicativo. Os funcionários decidem
bém participam das sessões de aprendiza- dos funcionários e das relações com os su- se incluem os gestores e outras pessoas em
do que, como os “sprints de aprendizado” pervisores aumenta o engajamento, e con- seus comentários dirigidos aos pares. O ris-
na gestão de projeto agile, são breves e di- sequentemente ajuda a empresa a inovar e co de comportamento maldoso é mitigado
versiicados para permitir que as pessoas avançar mais rápido. Embora ainda não te- pelo fato de que os comentários dos cole-
relitam e façam um test-drive de novas ha- nha sido tomada uma decisão sobre a mu- gas ao supervisor são compartilhados pela
bilidades no emprego. O feedback por pa- dança cultural de toda a empresa, a P&G já equipe. Qualquer um que tentar prejudicar
res também foi incorporado no treinamen- relata melhorias nos tópicos apontados, em os colegas estará exposto.
to de gestores da Cigna: os colegas formam todos os níveis de gestão. Nas organizações ágeis, o feedback “as-
grupos de aprendizado para compartilhar Equipes. O RH tradicional focava nas censional”, dos funcionários para os líde-
ideias e táticas. Eles estão tendo o tipo de pessoas — suas metas, desempenho e ne- res de equipe e supervisores, é altamente
conversa que as empresas querem que os cessidades. Mas agora que tantas empresas valorizado. Os centros de pesquisa sem ins
supervisores tenham com seus subordina- estão organizando seu trabalho projeto a lucrativos da Mitre Corporation tomaram
dos diretos, o que os faz sentir-se à vonta- projeto, seus gestores e sistemas de talento medidas para encorajá-lo, mas estão desco-
de em compartilhar seus erros entre si, estão se tornando mais focados nas equi- brindo que isso requer esforço concentra-
sem a “ameaça” de uma avaliação a pairar pes. Os grupos estão criando, executando do. Eles começaram com pesquisas perió-
sobre eles. e revisando suas metas e tarefas de acor- dicas conidenciais com funcionários e
A DigitalOcean, startup focada em do com a metodologia scrum — no nível focus groups para descobrir quais as ques-
software como infraestrutura de serviço de equipe, por enquanto, para adaptar-se tões que as pessoas gostariam de discutir
(SaaS), contrata coach proissional em tem- rapidamente às novas informações à me- com seus gestores. Depois o RH condensou
po integral onsite para ajudar todos os ges- dida que vão chegando. (“Scrum” pode ser esses dados para os supervisores com o
tores a dar melhor feedback aos funcioná- o melhor termo conhecido no léxico agile intuito de orientar suas conversas com os
rios e, mais genericamente, para desenvol- Ele foi emprestado do rugby, para indicar subordinados diretos. No início, porém,
ver capacitação interna de coaching. A ideia a formação compacta dos jogadores diante os funcionários hesitavam em fornecer
é que, se a pessoa tiver um bom coaching do adversário ao reiniciar o jogo.) Os gru- feedback ascensional — mesmo que fosse
ela se tornará um bom coach. Não se espe- pos também estão assumindo o encargo de anônimo e usado somente para ins de de-
ra que ninguém se torne um grande coach acompanhar seu próprio progresso, identi- senvolvimento — porque eles não estavam
— os funcionários da empresa que prefe- icar obstáculos, avaliar sua liderança e ge- acostumados a manifestar sua opinião so-
rem códigos a coaching podem progredir na rar insights para melhorar o desempenho. bre as atividades da gestão.
carreira técnica — mas as habilidades de co- Nesse contexto, as organizações preci- A Mitre percebeu que o fator mais crítico
aching são consideradas centrais para a car- sam aprender a lidar com: para conseguir que os subordinados fossem
reira de gestor. Feedback multidirecional. O feedback de sinceros era fazer os gestores declararem
A P&G também pretende tornar os ges- pares é essencial para correções de curso e explicitamente que eles queriam e apre-
tores melhores coaches. Isso faz parte de desenvolvimento do funcionário em am- ciariam os comentários. Caso contrário, as
um esforço maior para reestruturar o trei- biente ágil, porque os membros das equi- pessoas poderiam se preocupar — e com
namento e o desenvolvimento de supervi- pes sabem, cada um, melhor que ninguém, razão — que seus líderes não estivessem
sores e melhorar suas funções na organiza- a contribuição que podem oferecer. Rara- de fato abertos ao feedback e prontos pa-
ção. Simpliicando o processo de avaliação mente é um processo formal, pois os co- ra aplicá-lo. Como acontece com qualquer
de desempenho, separando a avaliação das mentários geralmente são dirigidos ao fun- pesquisa com funcionários, solicitar feed-
discussões de desenvolvimento e elimi- cionário e não ao supervisor. Isso mantém back dos subordinados e não tomar nenhu-
nando as sessões de calibração de talento o input construtivo e evita a sabotagem de ma atitude tem um efeito desanimador na
(barganha arbitrária entre supervisores que colegas, comum em ambientes de trabalho participação. Isso desgasta a coniança difí-
frequentemente aparecem com um mode- hipercompetitivos. cil de conquistar entre funcionários e seus
lo de classiicação subjetivo e politizado), a Mas alguns executivos acreditam que o gestores. Quando a nova gestão de desem-
P&G investe tempo signiicativo no cresci- feedback de colegas pode ter impacto nas penho e o processo de feedback foram in-
mento dos funcionários. Mas transformar avaliações de desempenho. Diane Gherson, troduzidos na Mitre, o CEO reconheceu que
os supervisores em coaches de seus funcio- chefe de RH da IBM, explica que “as rela- os centros de pesquisa precisariam intera-
nários em vez de fazê-los permanecer juí- ções entre gestores e funcionários mudam gir e melhorar. Um sistema revisado para
zes de atividades diárias foi um grande de- em contextos de rede (o conjunto de proje- feedback ascensional será lançado este ano.
saio para a cultura tradicionalista da P&G. tos nos quais os funcionários trabalham)”. Como o feedback se espalha pelas equi-
Por isso a empresa investiu pesadamente Como os ambientes ágeis praticamente in- pes em todas as direções, muitas empresas
no treinamento de supervisores em alguns viabilizam a “a monitoração” do desempe- utilizam tecnologia para administrar todo
tópicos: como estabelecer prioridades e nho no sentido antigo, os gestores da IBM esse volume de informação. Aplicativos
metas dos funcionários, como fornecer fe- solicitam input de outros para ajudá-los a permitem que os supervisores, colegas de
edback sobre contribuições, e como alinhar identiicar e resolver os problemas logo no trabalho e clientes ofereçam feedback ime-
as aspirações de carreira dos funcionários início. A menos que seja muito delicado, diato uns aos outros onde quer que estejam.
63%
Cultura da empresa em
47%
Falta de experiência
45%
Falta de apoio
43%
Resistência
conflito com o valor ágil com os métodos da gestão organizacional à
mudança
41%
Falta de proprietário
34%
Treinamento
34%
Predominância do
31%
Práticas/processos
20%Medidas,
do negócio/cultura/ insuficiente desenvolvimento ágeis inconsistentes ferramentas e dados
produto tradicional fragmentados
19 % 15%
Conformidade com
Colaboração a regulamentação
ineficiente e governança
52%
Coaches
48%
Patrocínio
41%
Processos
36%
Implementação de
36%
Instrutores ou
internos ágeis executivo e práticas uma ferramenta consultores ágeis
consistentes comum para todas
as equipes
OBS OS ENTREVISTADOS PODIAM SELECIONAR VÁRIAS RESPOSTAS FONTE VERSIONONE, ESTADO DA PESQUISA AGILE, 2016.
apresenta
ied.edu.br
A metáfora do copo
meio cheio, meio vazio
Victor Falasca Megido, diretor geral do IED Brasil
Dependendo do ponto de vista, um copo pode estar meio cheio ou meio vazio.
Provavelmente não exatamente como na bela simetria desta imagem.
Mas o que você diria sobre ele?
O O
FOCO AS NOVAS REGRAS DA GESTÃO DE TALENTOS
Criação conjunta
da experiência
do funcionário
UMA CONVERSA COM DIANE
GHERSON, CHEFE DE RH DA IBM
LISA BURRELL
As empresas que estão implantando práticas da metodologia agile na administração
de talentos estão dedicando muita atenção à forma como os funcionários vivenciam
o local de trabalho — tratando-os de certa maneira como clientes. Diane Gherson,
diretora de recursos humanos da IBM, falou recentemente com a HBR sobre como
isso está ocorrendo, enquanto a icônica empresa de tecnologia reformula seu
modelo de negócio. A seguir, trechos editados da entrevista.
HBR: Em que sentido a IBM está colocan- os funcionários no processo do projeto — para acessar a internet”. Tudo isso afeta a
do a experiência do funcionário no trata-se de criação coletiva —, e interagimos pessoa ao ingressar na empresa.
centro da gestão de pessoas? ao longo do tempo para satisfazer as neces- Para fazer a coisa certa, você precisa tra-
GHERSON: Como muitas outras empresas, sidades das pessoas. balhar com um conjunto amplo de atores:
começamos com a crença de que se as pes- o pessoal da segurança para garantir que os
soas se sentissem felizes em trabalhar co- Que significa isso na prática? crachás de identiicação estejam prontos; a
nosco, nossos clientes também se senti- Um bom exemplo é a “chegada” dos funcio- administração para que a pessoa tenha um
riam. Esse não era um conceito novo — nários — o primeiro processo ao qual dedi- espaço físico para onde ir; o pessoal de TI
retrocedemos quatro ou cinco anos —, mas camos muita atenção. Queríamos pesso- para que o acesso remoto esteja ativado e
certamente o levamos muito a sério. Desde as que pensassem “estou superempolgado em operação. Tudo isso faz parte do proces-
então, percebemos que ele se conirmou. por estar aqui, sei o que devo aprender para so de admissão. Não é só ter uma reunião
Descobrimos que o engajamento dos fun- continuar”. Mas começamos muito timi- fantástica no primeiro dia com um monte
cionários explica dois terços da pontuação damente. Abordamos o processo de forma de novos contratados.
da experiência do cliente. E, se conseguir- tradicional, o que o fez se parecer a uma au-
mos aumentar a satisfação do cliente em la de orientação, como se fosse a experiên- Como a abordagem da IBM mudou em re-
cinco pontos, teremos receita adicional de cia que você tem no primeiro dia. Quando lação ao aprendizado e desenvolvimento?
20%. Então, é óbvio que há impacto. Esse começamos a perguntar aos novos contra- Agora as pessoas consomem conteúdo em
COLORMOS/GETTY IMAGES
é o plano da empresa para a mudança. tados quais haviam sido suas primeiras im- seus celulares e tablets — elas usam o You-
Mas foi preciso haver uma mudança pressões, ouvimos coisas como “não recebi Tube e o TED Talks para aprender o que
de mentalidade. Antes, costumávamos meu laptop no prazo”, “não consegui meu não sabem. Por isso tivemos de abando-
nos basear em especialistas para criar nos- cartão pessoal a tempo de participar da mi- nar nosso sistema tradicional de gestão
sos programas de RH. Agora, incluímos nha primeira reunião”, ou “tive problemas de aprendizagem e tratar a educação e o
melhorar o sistema. Vínhamos fazendo is- respondi prontamente a uma preocupação é dito dentro da organização, pois pode ser
so desde que o programa foi implantado. que tinha se transformado num abaixo-assi- ouvido também fora, pelas mídias sociais. O
A mensagem geral deles tem sido “é o que nado. Eu disse a eles: “Li todos os comentá- Glassdoor é um exemplo perfeito. No passa-
queríamos”. O programa foi citado como a rios, e vocês levantaram alguns pontos nos do, deve ter havido empresas onde não era
principal razão para a melhoria do engaja- quais ainda não tínhamos pensado. Estáva- bom trabalhar, mas só um pequeno círcu-
mento. Com esse sistema os funcionários mos tentando cuidar da segurança de vocês, lo de pessoas sabia disso. Atualmente todo
recebem muito mais feedback, e de formas mas concluímos que essa não foi a escolha mundo sabe, porque está no Glassdoor — e
muito mais fecundas. E o mais importante, certa. Vamos voltar para nossa política ori- isso transformou as empresas em casas de
eles não se sentem espectadores de nossa ginal”. Tudo isso aconteceu em 24 horas. As vidro. As pessoas podem enxergá-las por
transformação. Eles participam ativamente. pessoas sentiram-se ouvidas e valorizadas. dentro e decidir, como jamais puderam, se
Havíamos passado por situação semelhan- querem trabalhar nelas ou não.
Como você está usando a “análise de te cerca de um ano antes. Tivemos de incluir
sentimentos” para atender ainda mais às nos rendimentos as despesas pagas pela em- Voltemos às razões empresariais por trás
necessidades dos funcionários? presa quando o funcionário viajava para visi- da mudança da IBM para as práticas de
A análise de sentimentos é muito útil num tar um cliente durante uma semana, e em vez administração ágil de talento — você po-
mundo onde as pessoas estão sempre fa- de voltar para casa levava o marido (a esposa) de falar mais sobre elas?
zendo comentários online. Nossa tecnologia ou um amigo para passar o im de semana. Eu mencionei a satisfação do cliente. Os clien-
cognitiva analisa as palavras que as pessoas Como reembolsávamos as despesas do acom- tes atualmente procuram velocidade e agili-
escolhem e capta seu sentido. Ela identii- panhante, isso criava um problema de impos- dade como jamais buscaram. Antigamente, o
ca se é positiva ou negativa e se aprofunda tos. Tivemos de alterar o programa, pois isso que eles realmente queriam era o melhor pro-
ainda mais, dizendo se é fortemente positi- estava icando difícil, e mais uma vez os fun- duto e o melhor preço — eiciência era impor-
va ou fortemente negativa. Nesse sentido é cionários se rebelaram. Obviamente entendo tante, mas velocidade nem tanto.
quase como olhar uma partitura — ver onde por quê. Se você viajasse o tempo todo certa- No início da década de 2000 era possível
há notas muito altas ou muito baixas que mente gostaria da companhia de seu marido juntar num projeto uma equipe mundial de
são desagradáveis. Ela está sempre atrás (sua esposa) num im de semana. As pessoas experts, e eles dedicarem uma fração de seu
de nosso irewall, nunca é externa. Ela não não queriam que nós decidíssemos por elas. tempo ao projeto, porque trabalhavam em ou-
analisa qualquer informação que as pessoas Esse foi outro caso em que nos reunimos ra- tros projetos. Era possível participar de tele-
descartam ou de seus conteúdos de e-mail pidamente e dissemos “Veja, se eles quiserem conferências, o que é um complicador, porque
ou comportamento de navegação. Ela está se responsabilizar por seus próprios impos- as pessoas estão em diferentes fusos horários.
E certamente realizavam várias outras tarefas
enquanto participavam das teleconferências.
é a parte mais empolgante de poder traba- vas. Ela permite que você observe esses locais no desempenho. Você está simplesmente
lhar com uma plataforma social. Há vários ou grupos e descubra o que está acontecendo. trocando os pneus com o carro em movi-
exemplos de erros que cometemos. Alguns mento. E é claro, para isso precisa ser ágil.
de meus colegas decidiram que não reem- Os funcionários têm mais poder agora HBR Reprint R1804B–P Para pedidos, página 9
bolsaríamos as despesas de carona compar- que no passado?
tilhada. Os funcionários se rebelaram e eu Sim. Agora damos muito mais peso ao que LISA BURRELL é editora sênior da HBR.
LÍDER DA TRIBO
ESTABELECE
PRIORIDADES, ALOCA ESQUADRÃO
RECURSOS E SE GRUPO
COORDENA COM OUTRAS TRANSFUNCIONAL,
TRIBOS PARA GARANTIR AUTOCOMANDADO, DE
COMPARTILHAMENTO ATÉ NOVE PESSOAS,
DE CONHECIMENTO ENCARREGADO DE
ATENDER A UMA
NECESSIDADE ESPECÍFICA
DO CLIENTE. PODE SER
DISSOLVIDO QUANDO A
TAREFA FOR CUMPRIDA
OU SE INSERIR NUM
NOVO ESQUADRÃO
LÍDER DO COMITÊ
COMITÊ SUPERVISIONA O
SÃO MEMBROS DE COACHING E A GESTÃO
UMA DADA DISCIPLINA DE DESEMPENHO; É
COMO EXPERIÊNCIA RESPONSÁVEL POR
DO CLIENTE OU ACOMPANHAR E
ANÁLISE DE DADOS. COMPARTILHAR AS
ELES DESENVOLVEM MELHORES PRÁTICAS
EXPERTISE E
CONHECIMENTO
NOS ESQUADRÕES
COACH ÁGIL
TRABALHA COM PESSOAS
DONO DO PRODUTO E ESQUADRÕES NA
COLABORAÇÃO E
MEMBRO DO ESQUADRÃO (MAS SOLUÇÃO ITERATIVA
NÃO O LÍDER) QUE COORDENA DE PROBLEMAS
AS ATIVIDADES DO GRUPO E
ESTABELECE PRIORIDADES
FONTE ING
Não é novidade que a onda de reinvenção digital atinge As organizações de TI, pressionadas como nunca, entendem
todos os setores da economia estabelecida, e a chamada ameaça que precisam repensar os modelos que funcionaram até aqui.
da “uberização” ou da “disrupção” já é tema batido. Líderes de Grandes empresas em todo o mundo reconhecem a necessidade
todos os setores já não dormem em berço esplêndido — além de ter uma TI mais ágil e flexível, capaz de atender a demandas
de procurarem preservar a base instalada, eles têm buscado flutuantes e a diferentes requisitos de sensibilidade de dados e
formas de se proteger contra essas ameaças e contra-atacá- regulamentação. Essa flexibilidade está sendo buscada através
las com modelos de negócio que produzam novas fontes de do uso de soluções de cloud computing, com estratégias que
receitas e permitam acesso a novos mercados e clientes. combinam os data centers tradicionais existentes com private
A busca envolve a entrega de uma experiência melhor para clouds e public clouds. As public clouds têm sido usadas
os clientes, alavancada pelo conhecimento profundo de suas em soluções de e-commerce, analytics e big data, soluções
preferências e de seu histórico, procura por eficiências ainda móveis, experiências digitais; as private clouds em situações
maiores em toda a cadeia produtiva, criação de modelos de de sensibilidade maior dos dados e cumprimento de requisitos
negócio totalmente novos, digitais. Envolve também entrega de regulatórios e processamentos batch; já as plataformas
inovação para os clientes antes da concorrência – a tradicional tradicionais em aplicações altamente customizadas e aplicações
e a nova. Vale lembrar que, hoje, criação e lançamento de legadas cuja modernização não faz sentido no negócio.
produtos, características e funções constitui um processo que Nas suas jornadas de reinvenção digital, as empresas
requer ciclos cada vez mais curtos, medidos em dias ou horas. têm priorizado a criação de plataformas totalmente
Nessa corrida frenética, muitos são os acidentes de digitais que promovam a melhoria de produtos e serviços:
percurso, ou derrapagens na curva que custam caro para as soluções analíticas para busca de insights, machine learning,
empresas. Problemas de indisponibilidade, segurança e erros inteligência artificial, soluções cognitivas e automação de
de funcionalidade afetam websites, mobile apps, centrais processos com robôs. Mas em pesquisa recente encomendada
de atendimento de bancos, varejistas, companhias aéreas, pela IBM, quase 70% das empresas apontaram a modernização
empresas de mídia, serviços públicos, enfim, que atire a dos sistemas transacionais existentes como sua prioridade
primeira pedra quem nunca foi impactado. número 1, à frente das citadas acima.
Tal priorização faz todo o sentido. Os sistemas tradicionais, de aplicativos mainframe, projetados e planejados para
pejorativamente chamados de legados, remam em sentido a modernização, aplicando padrões de microservices e
contrário na corrida pela inovação. Infalivelmente, qualquer event-driven architecture e usando aceleradores para obter um
inovação a ser introduzida requer integrações com os inventário correto das aplicações e suas interdependências,
sistemas atuais, além de um recorte na malha existente desses além do conhecimento das aplicações mainframe para
sistemas para eliminar o que está sendo substituído. Porém, estabelecer um plano de modernização viável. O resultado
a complexidade do emaranhado desenvolvido ao longo de foi o desenho de um conjunto de novos microssistemas,
décadas é enorme, o desenvolvimento de tais integrações organizados em domínios funcionais e projetados para
ou o recorte na malha é processo moroso e arriscado, e a permitir maior agilidade no processo de desenvolvimento
inovação não pode ser introduzida na velocidade esperada. e com uma projeção de até 40% de redução no custo
Em muitas das empresas, mais de 50% do budget de TI é operacional total. No setor bancário, está em curso
consumido na manutenção desses sistemas, e devido ao alto uma refatoração de aplicativos de canais, com a
acoplamento são justamente eles os gargalos de qualquer modernização da plataforma que integra esses canais aos
projeto. Muitas vezes são criadas soluções apartadas por sistemas principais do mainframe através de um modelo
completo dos sistemas existentes, como se fossem página de APIs. Projetamos uma nova TI híbrida, incluindo
em branco, mas tal abordagem nem sempre entrega a visão agile, DevOps, modelo operacional e governança cloud,
global que se almeja ter dos clientes nem um processo bem e modernizamos uma de suas aplicações críticas para o
integrado de ponta a ponta. E certamente a introdução modelo private cloud. Nas funções já migradas, houve
das inovações sem promover uma faxina constante só faz redução de até 60% no tempo médio de um release
aumentar a complexidade e os custos de TI. graças à adoção das práticas de DevOps e de automações.
A IBM tem suportado as organizações nesta jornada de O baixo acoplamento das funções permite maior agilidade
reinvenção digital e adoção de cloud graças a uma abordagem e flexibilidade para o negócio.
integrada para todo o ciclo de vida, desde a definição da A avalanche da reinvenção digital é irreversível,
estratégia até a implementação, o que abrange aplicações com crescente pressão sobre o desempenho, disponibilidade
novas e legados, infraestrutura, governança e processos de e segurança das soluções de TI. E não há saída fácil
TI. Essa abordagem permite a simplificação da jornada para para nos livrarmos das complexidades resultantes
um modelo que chamamos de TI Híbrida as a service, com de décadas de investimentos nas aplicações das empresas.
a criação de business cases para suportar as decisões de As organizações de TI têm estabelecido estratégias de
investimento e a adoção da cloud com medição de resultados cloud híbridas, porém, a sua adoção em escala é um
a cada passo. desafio. Método, aceleradores, ferramentas e, acima de
No Brasil, temos apoiado vários clientes nesta jornada tudo profissionais experientes são nossos trunfos para essa
de transformação. Em um deles, avaliamos um conjunto difícil empreitada.
Artigos
ABRIL 2018
O INSIGHT CRÍTICO
Compreender a gama
completa de fatores
semana. Sem dúvida,
racionais e emocionais nas
compras de negócios — e
adaptar adequadamente as sua busca por bom preço
em uma compra pessoal
propostas de valor — pode
ajudar as empresas a evitar a
armadilha das commodities.
de lazer é diferente da
A NOVA ABORDAGEM
Avaliar produtos e
serviços de acordo com
36 fontes distintas de
VISÃO
OTIMISMO RESPONSABILIDADE
SOCIAL
PESSOAL
ORGANIZAÇÃO SIMPLIFICAÇÃO CONEXÃO INTEGRAÇÃO CONFIGURA- REDUÇÃO ALCANCE FLEXIBILIDADE QUALIDADE DOS
BILIDADE DE RISCOS COMPONENTES
OPERACIONAL ESTRATÉGICO
ECONÔMICO DESEMPENHO VALOR FUNCIONAL
QUESITOS BÁSICOS
da Microsoft, que, segundo nossos dados, teve o me- usamos a análise de regressão para determinar quais
lhor resultado entre dez provedores de infraestrutu- aspectos induziram a idelidade às operadoras, outros
ra de TI, obtendo altas pontuações dos entrevistados elementos se mostraram mais importantes: qualida-
em 20 dos 36 elementos, incluindo economia de de do produto, experiência no negócio do cliente e ca-
tempo, menos aborrecimentos e capacidade de res- pacidade de resposta. Claramente, elementos que di-
posta. (A Azure teve também o NPS mais alto.) Em zem respeito à facilidade de fazer negócios e que in-
entrevistas de follow up, os entrevistados revelaram troduzem tanto valores objetivos quanto subjetivos
o motivo: a Azure se destacou por fornecer visibilida- também representam áreas de oportunidade para as
de imediata e recuperação de arquivos excluídos ou seguradoras.
perdidos, e por automatizar tarefas de gestão em nu-
vem — por exemplo, aumentando automaticamente,
conforme necessário, as capacidades de processamen- COLOQUE OS ELEMENTOS PARA TRABALHAR
to e armazenamento. Melhorar os elementos que são a fonte dos princi-
pais benefícios de seus produtos ou serviços permi-
tirá aos fornecedores atender melhor as necessidades
PROPOSIÇÃO DE VALOR, A
ambos os casos, é preciso adotar o ponto de vista do
cliente, não a perspectiva operacional de dentro para
fora. Um produto ou serviço pode até ser bom, mas se
10%
CAPACIDADE
DO PRODUTO
COMPETÊNCIA
DE RESPOSTA
OTIMISMO
INTEGRAÇÃO
VISÃO
REDUÇÃO DE RISCO
ADAPTAÇÃO
CULTURAL
SIMPLIFICAÇÃO
ECONOMIA
DE TEMPO
que reduzem os custos trabalhistas. A cada aprimo- e as concessões que eles fazem ao usar seus produtos
ramento, a Deere recolheu feedback sistematicamen- e serviços. Como muitas pessoas podem estar envol-
te, tanto dos clientes quanto de sua estreita rede de vidas em decisões de compra, especialmente em or-
revendedores. ganizações maiores, vale a pena mapear quem está na
Observe que cada uma das inovações da Deere inclui equipe de compras, quem tem inluência nela e as di-
componentes digitais e de analytics de dados. Quando ferentes prioridades e fontes de valor para cada uma.
os gestores não têm certeza de onde concentrar seus es- (Um diretor de unidade de negócios pode querer aten-
forços para inovar com a tecnologia, uma análise de ele- der às necessidades do mercado no Sudeste Asiático,
mentos pode ser útil. Digamos que um orçamento de enquanto um usuário inal pode querer um produto
tecnologia da empresa permite construir um portal de que seja fácil de aprender.) Faça as entrevistas dentro
autoatendimento para veriicação de inventário ou um de um espectro de organizações de clientes, especial-
sistema back-end para gerenciar a cadeia de suprimen- mente aquelas que lideram o crescimento no seu se-
tos, mas não os dois. Qual deles a empresa deve esco- tor. Evite usar um painel de clientes ou grupo de usuá-
lher? Para responder a esta pergunta, a empresa deve- rios cujos membros podem dizer o que acham que vo-
ria pesquisar e entrevistar clientes sobre a importância cê deseja ouvir. E considere a realização das entrevis-
relativa de cada elemento, bem como sobre o desempe- tas através de uma terceira parte neutra, porque os
nho da empresa nos elementos. Ao analisar ambos os clientes são mais propensos a fornecer feedback since-
conjuntos de dados e fazer entrevistas de follow up com ro a um intermediário.
uma amostra de entrevistados, a empresa conseguiria Imagine maneiras de aumentar o valor para os clien-
determinar as prioridades dos compradores (e stakehol- tes. Tendo identiicado um conjunto de elementos que
ders inluentes), os quesitos nos quais ela ica atrás dos demandam atenção, conduza sessões de ideação de um
concorrentes e as áreas que merecem investimento. dia para definir em quais elementos fundamentais se
A FM Global, seguradora de propriedades, cons- concentrar primeiro. Entre os participantes, podem ser
truiu uma proposta de valor diferenciada em torno da incluídos planejadores de produtos, especialistas em
redução de risco baseada na experiência de milhares de preços, vendedores, representantes de serviços e outros
engenheiros. De fato, ela prioriza clientes potenciais estagiários voltados para o cliente, e até mesmo os pró-
de acordo com a probabilidade que eles têm de imple- prios clientes. Uma boa maneira de se preparar para es-
mentar suas recomendações e, assim, diminuir os ris- sas sessões é compilar material avançado de leitura, co-
cos. A empresa foi uma das primeiras no setor a inves- mo pesquisas e entrevistas de benchmark competitivo;
tir pesadamente em análise de dados e aprendizagem dar lição de casa (por exemplo, “Traga ideias”); e conver-
de máquinas. A FM Global combina dados internos de sar com clientes iéis aos concorrentes.
propriedade dos clientes com dados públicos, cria al- Refine, teste e aprenda. Avalie as melhores ideias
goritmos que preveem quando um cliente poderá so- da sessão de ideação discutindo sua atratividade para
frer danos como um incêndio ou um cano quebrado e, os clientes e a capacidade da empresa de entregar os
em seguida, envia alertas. Os clientes evitam interrup- resultados prometidos. Isso permitirá que você revise
ções e perdas dispendiosas nos negócios, e a FM Glo- os conceitos de valor antes do desenvolvimento, com-
bal se beneicia porque a taxa de retenção de clientes preenda como eles se encaixam na experiência global
está entre as mais altas do setor. do cliente e identiique os resultados tangíveis que os
clientes esperariam de quaisquer aprimoramentos.
Esses insights podem ser a base de melhorias rápidas e
COMECE sucessivas aos conceitos antes de um teste de merca-
Qualquer empresa B2B pode usar uma análise de ele- do ou de um lançamento mais amplo.
mentos para examinar e melhorar sua proposta de Aplique o teste do ácido. Depois de introduzir
valor. Para identificar os elementos que seus clien- melhorias, reavalie a comparação com os competido-
tes mais valorizam e determinar a melhor maneira de res — se possível, refazendo a pesquisa original. Es-
aprimorar seus produtos e serviços, siga estes passos: pecialmente em mercados em rápida mudança, seus
Compare a proposição de valor de sua empre- concorrentes provavelmente terão realizado suas pró-
sa com a de seus concorrentes, veriicando com seus prias inovações enquanto você revisava sua proposi-
clientes de que forma seus produtos e serviços se ção de valor. Uma análise de follow up objetiva é im-
saíram em relação aos rivais nos 36 elementos que não portante para garantir que suas iniciativas realmente
os requisitos básicos. Uma pesquisa quantitativa com tenham fornecido o valor que os clientes buscam.
uma amostra grande o suiciente para produzir resul- Vejamos esse processo na prática. Uma empresa de
tados coniáveis pode revelar insights substanciais. equipamentos de tecnologia global em diiculdade foi
Fale com os clientes para entender a experiência adquirida por uma rede de private equity (PE). Muitos
deles. Conduza entrevistas de follow up para explorar fundos de PE usam uma versão da análise de elementos
suas necessidades e fontes de satisfação e frustração, como parte de sua devida diligência nas empresas-alvo
DE COMPRAS, QUEM
clientes inais, evidenciaram vários elementos críticos
de valor nos quais o resultado da empresa foi fraco.
Primeiro, não era fácil fazer negócio com ela: sua ca-
TEM INFLUÊNCIA E AS
pacidade de resposta era fraca, e a empresa demorava
várias semanas para entregar o inventário. Segundo,
para os parceiros a empresa não tinha compromisso de
DIFERENTES FONTES DE
relacionamento, pois, às vezes, vendia diretamente a
alguns de seus grandes clientes. Terceiro, a integração
com os parceiros era fraca porque a empresa não ti-
nha bons dados sobre o que e quanto os parceiros ven-
diam todas as semanas, o que agravava os problemas
de inventário. “De longe o fabricante mais complexo
de lidar”, observou um cliente. Finalmente, a empre-
sa não tinha uma boa oferta de produto de entrada, al-
VALOR EM CADA CASO.
go que permitiu aos concorrente dos mercados emer-
Uma vez que o fornecedor de equipamentos de tec-
gentes tirar grande vantagem. Além de tudo, surgiu a
nologia implantou as mudanças de forma mais ampla e
constatação de que os produtos da empresa já não ti-
a proposta de valor passou a valer, a empresa foi capaz
nham uma vantagem de desempenho que justiicasse
de reverter o curso e retomou a lucratividade com cres-
um preço maior.
cimento de receita de um dígito. Também melhoraram
Como superar fraquezas e aproveitar as oportu-
suas pontuações de idelidade dos clientes, e a empresa
nidades para se diferenciar no mercado? Para ava-
está no caminho certo para ganhos ainda maiores.
liar as fraquezas que os dados e as entrevistas mostra-
ram, a empresa decidiu aumentar o nível de suporte
GESTORES DE FORNECEDORES B2B enfrentam dezenas de
de vendas para as parceiras, proporcionando melhores
opções ao tentar decidir onde alocar recursos escassos
treinamentos e ferramentas em áreas como segmenta-
para melhorar e comercializar seus produtos e servi-
ção de clientes, identiicação de mercado e preciica-
ços. A combinação de prioridades objetivas e subjeti-
ção para simpliicar seu processo de vendas. Para atrair
vas e as perspectivas frequentemente conlitantes em
os donos das parceiras, ofereceu deduções de back-end
um único cliente empresarial podem ser difíceis de
que valorizavam o crescimento e a lealdade; para mo-
acomodar. Os elementos de valor permitem que os ges-
tivar os vendedores, simpliicou a estrutura de descon-
tores identiiquem o que mais importa para cada con-
tos e facilitou a venda. Para resolver problemas de in-
junto importante de stakeholders e como a empresa po-
ventário, colocou seus próprios funcionários dentro de
de se destacar da massa de competidores.
parceiros-chave de distribuição para limpar o luxo de
HBR Reprint R1804C–P Para pedidos, página 9
dados e antecipar falta de estoque. Para resolver o pro-
blema do nível de entrada no mercado, acelerou o in-
vestimento em uma família de produtos populares. ERIC ALMQUIST é sócio da área de Estratégia do Consumidor
& Marketing da Bain & Company e chefe global de
Podemos lançar um produto mínimo viável insights do consumidor da Bain. JAMIE CLEGHORN é sócio de
sem quebrar o banco? Fazer todas essas mudanças Estratégia do Consumidor & Marketing e de Tecnologia da Bain.
concomitantemente teria sido extremamente caro, e LORI SHERER é sócio de Analytics Avançada da Bain.
31%
das empresas brasileiras afirmam ter gasto até
duas vezes mais do que perderam com o crime.
Baixe gratuitamente
o aplicativo PwC BR
na Apple Store. PwC Brasil @PwCBrasil @PwCBrasil PwC Brasil PwC Brasil
Neste documento, “PwC” refere-se à PricewaterhouseCoopers Brasil Ltda., firma membro do network da PricewaterhouseCoopers, ou conforme o contexto sugerir, ao próprio
network. Cada firma membro da rede PwC constitui uma pessoa jurídica separada e independente. Para mais detalhes acerca do network PwC, acesse: www.pwc.com/structure
© 2018 PricewaterhouseCoopers Brasil Ltda. Todos os direitos reservados
58 HARVARD BUSINESS REVIEW ABRIL 2018
A CONTRATAÇÃO
DE UM LÍDER
EMPREENDEDOR
O QUE PROCURAR TIMOTHY BUTLER
O
s empreendedores se torna- científica de separar verdadeiros
ram os novos heróis do mundo empreendedores de outros candida-
dos negócios. Do mesmo modo tos talentosos; em vez disso, recorrem
que Robert McNamara e seus a estereótipos.
parceiros formavam, na Ford, Em minha pesquisa, examinei ma-
o chamado “whiz kids” (jovens prodí- neiras de as empresas lidarem com
gios, em tradução livre), grupo de elite esse problema. Para entender o que
que elevou o patamar dos CEOs gerais, faz de um empreendedor alguém es-
o que lhes conferiu status de estrela, pecial, comparei os resultados de
nomes como Mark Zuckerberg e Steve testes psicológicos feitos com mais
Jobs fizeram dos empreendedores os de quatro mil empreendedores de
mais novos ícones do mundo corpora- sucesso de diferentes países com
tivo. Na Harvard Business School, onde aqueles de cerca de 1.800 líderes
sou orientador do programa de desen- de negócios que não se descrevem
volvimento de carreira, até mesmo os como empreendedores, mas como
alunos que planejam ingressar em em- gestores. Como era de esperar, os
presas blue-chip e não têm nenhuma dois grupos têm muito em comum.
intenção de fundar uma start-up se Em 28 de 41 dimensões de liderança,
sentiriam insultados se alguém lhes não houve praticamente nenhuma
dissesse que não são “empreende- diferença de capacidade entre eles.
dores”. E entendo o motivo: o empre- No entanto, ao observar mais aten-
endedorismo é muito valorizado no tamente as avaliações de capacidade
mercado de trabalho atual. Empresas com dados sobre interesses pesso-
de todos os tamanhos e configurações ais e personalidade desses líderes e
almejam ser reconhecidas como alta- empreendedores, descobri que estes
mente inovadoras, eficientes e ágeis têm três características que os distin-
— qualidades essas atribuídas tradi- guem: capacidade de prosperar em
cionalmente a empreendedores. Ainda momentos de incerteza, desejo in-
assim, quando recrutam candidatos tenso de criar e ter projetos próprios
as empresas não têm uma maneira e uma qualidade ímpar de persuasão.
Descobri ainda que diversas das qualidades muitas ve- que a atingida por líderes não empreendedores. Essa
zes associadas a líderes empreendedores não se aplicam. característica pode ser causa de conlito em situações
Por exemplo, empreendedores nem sempre são em que o compartilhamento de informações e poder é
extraordinariamente criativos. Contudo, são mais vital para o desempenho da empresa. Além disso, não
curiosos e incansáveis. Procuram não correr riscos se adequará bem em organizações de estrutura matri-
— mas acham instigantes as incertezas e novidades. cial, que necessitam de fronteiras porosas entre grupos
Neste artigo, vou tratar de alguns mitos acerca dos de trabalho, ou que requerem muita colaboração.
empreendedores e expor uma realidade mais matiza- Os responsáveis pelas contratações devem levar
da. Darei, ainda, conselhos práticos, baseados em evi- em conta o desaio de liderança especíico para o qual
dências, sobre perguntas a serem feitas em entrevistas estão recrutando. Em se tratando de uma situação
e triagens de currículos que podem ser usadas por re- nova, de uma reviravolta ou qualquer outra circuns-
crutadores para distinguir candidatos empreendedo- tância que exija muita iniciativa em um projeto con-
res de pessoas talentosas e de enorme potencial. tido, um estilo empreendedor provavelmente será
útil. No entanto, se a situação envolver um alto grau
de interdependência da matriz e das unidades, talvez
CONHEÇA SUAS NECESSIDADES você obtenha melhor resultado contratando alguém
Antes de ir atrás de líderes empreendedores, os execu- com um diferente peril de liderança.
tivos devem responder a uma pergunta importante: a Caso você realmente decida que sua empresa pre-
empresa precisa realmente de um? Nem todos os desa- cisa de um líder empreendedor, então é importante
ios organizacionais exigem uma atitude empreende- entender a personalidade empreendedora de forma
IDEIA EM RESUMO dora. Em meu estudo, aqueles que formavam o grupo soisticada e matizada. Vamos analisar agora as per-
de criadores bem-sucedidos atingiram pontuação ex- cepções populares sobre empreendedorismo e ver o
O PROBLEMA tremamente alta em uma escala que media o desejo por que de fato, segundo a pesquisa, motiva as pessoas
Embora os empreendedores poder e controle — pontuação notavelmente maior do que são boas nisso.
sejam os novos heróis
do mundo dos negócios,
muitas empresas não
têm uma forma científica
para contratar gestores
com características
de empreendedor; em
vez disso, recorrem a O ESTEREÓTIPO: Empreendedores são envolve não apenas uma disposição para seguir em
frente em ambientes imprevisíveis, mas um alto es-
estereótipos. excepcionalmente criativos. tado de motivação que se manifesta ao se aproximar
A SOLUÇÃO A VERDADE POR TRÁS DO ESTEREÓTIPO: do desconhecido e do que ainda não foi testado. Para
as pessoas que conseguem notas altas nesse quesito,
Uma análise de resultados
de testes psicológicos Empreendedores são curiosos em busca de o incerto é uma fonte de estímulo e não de ansiedade.
com mais de quatro mil
empreendedores e 1.800
aventura, aprendizado e oportunidade. Vamos examinar o caso de Charlotte Yates, que le-
vou sua liderança empreendedora para a Sprint e a
gestores demonstrou Uma ideia comum é que empreendedores e pessoas IBM antes de finalmente ajudar a fundar a Telwares,
três características
que gostam de ambientes inovadores e em constante empresa de telecomunicações. Quando estava em um
que diferenciam os
empreendedores: mudança são mais criativos. Mas existem várias formas ambiente corporativo maior, ela se valia de uma abor-
capacidade de prosperar de criatividade no mundo dos negócios. Alguns execu- dagem que a diferenciava da maioria de seus colegas
em momentos de incerteza, tivos são extremamente criativos para consertar o que em posição de liderança. “Não segui o processo elabo-
desejo intenso de ter não está funcionando e gostam do desaio de reverter rado pela IBM nem a cadeia de comando normal por-
projetos próprios e poder
um sistema para um estado prévio de funcionamento que era a única maneira de conseguir realizar meu tra-
de persuasão.
ideal. Embora seja verdade que empreendedores se balho”, airma ela. “Não me via em uma caixa fechada
CONCLUSÃO destacam pela originalidade de suas ideias, isso se e predeterminada; não via limites. Olhava para uma
Empreendedores não são aplica também a muitos que não são empreendedores. folha em branco e perguntava para mim mesma o que
sempre mais criativos do Na verdade, o que distingue os empreendedores dos eu queria criar ali.”
que gestores em geral, demais é algo um pouco diferente — ao mesmo tempo Empreendedores apreciam o processo de “inven-
mas se sentem bem
mais amplo e profundo do que aquilo que é abarcado ção”. Assim como Yates, eles são menos propensos às
ampliando os limites. Não
gostam de correr riscos, pela palavra “criatividade”: a capacidade de prosperar convenções do que seus colegas e estão mais dispostos
mas acham instigantes as em momentos de incerteza. a acreditar que as coisas podem ser melhoradas. Por
novidades. Tal qual artistas, Um ponto importante para essa dimensão é estar isso, prosperam em ambientes onde existe uma oportu-
querem criar e ter projetos aberto a novas experiências. Em minha pesquisa, desco- nidade de mercado mas não um produto ou serviço, ou
próprios e são vendedores
bri que essa é a única característica que mais diferencia onde há um produto, mas a estratégia go-to-market não
natos. Os responsáveis
por contratações devem líderes empreendedores de seus colegas convencionais. está clara. Saboreiam os estágios iniciais dos projetos e
procurar sempre essas Estar aberto a novas experiências signiica ter uma tendem a icar menos envolvidos conforme os projetos
qualidades. incansável necessidade de explorar e aprender. Isso vão se tornando mais rotineiros e estáveis.
vão em busca de situações de risco. por onde passou; e comandar projetos para os quais os
recursos eram poucos e os resultados incertos.
A VERDADE POR TRÁS DO ESTEREÓTIPO: Ao serem entrevistados, os empreendedores vão
fazer perguntas audaciosas, tomar a iniciativa durante
Empreendedores sentem-se mais a conversa, demonstrar pouca preocupação sobre sua
confortáveis em situações de risco. adaptação ou se estão dando as respostas desejadas e
transparecer um entusiasmo puro, quase impaciente.
Outra visão corrente é que empreendedores adoram
As respostas dos candidatos parecem seguras ou “pro-
situações de risco — ou da emoção de correr riscos. Isso
tocolares”? Não deixe passar nenhuma oportunidade
não é verdade; empreendedores não são paraquedistas
que permita aos candidatos demonstrar disposição e
do mundo dos negócios. Assim como todos no mundo
capacidade de explorar o desconhecido.
corporativo, eles procuram minimizar os riscos em to-
As perguntas a seguir vão ajudar a identiicar can-
das as situações. Contudo, muitos estudos mostram
didatos aptos a prosperar em momentos de incerteza.
que empreendedores sentem-se mais confortáveis em
Contudo, não procure a melhor resposta; veja até que
situações de risco do que executivos convencionais.
ponto o candidato defende o valor da investigação, do
Em outras palavras: ao aceitar que correr risco é neces-
aprendizado, das novas técnicas e da propensão para
sário para conseguir um objetivo desejado, os empreen-
correr risco em busca de um resultado importante.
dedores convivem e lidam melhor com essa ansiedade
o O que você mais teme: ansiedade ou frustração?
que, para outros, é inibidora. Minha pesquisa mostrou
também que, em relação ao conforto em situações de o Você está disposto a se envolver em problemas para
risco, os colegas dos líderes empreendedores os colo- conseguir que algo importante aconteça?
cam em uma posição signiicativamente mais alta do o O que você mais valoriza: instinto ou conheci-
que executivos mais tradicionais. mento? Por quê?
Líderes empreendedores não são necessariamente o O que você mais valoriza: imaginação ou análise?
mais irmes e mais resistentes ao estresse do que seus Por quê?
colegas — ao analisar a capacidade de resiliência, em o Um explorador espacial está procurando pessoas
mais de 360 avaliações não encontrei nenhuma dife- para colonizar Marte. Converse com a parte de você
rença signiicativa entre os dois grupos. Em vez disso, que diria sim para tal missão e com a que diria não.
percebi que ambientes imprevisíveis e ambíguos são,
o Nós (ou um concorrente) decidimos lançar este pro-
para líderes empreendedores, uma fonte de motivação.
duto desta forma. Como isso poderia ter sido feito
Essa é a segunda razão que mostra que eles prosperam
de outra maneira?
em momentos de incerteza.
o Rapidamente, escolha uma das opções de cada uma
dos pares a seguir. (Não tente acertar a resposta,
AVALIE A CAPACIDADE DE PROSPERAR mas procure um padrão.)
EM MOMENTOS DE INCERTEZA CONSISTÊNCIA ou FLEXIBILIDADE
Estar aberto a novas experiências e sentir-se confor- COMPROVADO ou POTENCIAL
tável em situações de risco constitui o principal com- CUIDADOSO ou ARROJADO
ponente da capacidade de se sair bem em ambientes
EXPLORAR ou ACOMODAR
imprevisíveis, embora muitas pessoas tenham um
entendimento equivocado do que é essencial para ser PREVISÍVEL ou POSSÍVEL
determinado, forte ou resiliente. Essas qualidades são BÔNUS ou SALÁRIO
bastante desejáveis em um líder (e a situação da sua SEGURANÇA ou OPORTUNIDADE
empresa talvez exija isso), mas são irrelevantes se o que
você procura é um líder empreendedor. PRÊMIO ou SATISFAÇÃO
Aqui está, na verdade, o que você deve avaliar: o can- QUEBRA-CABEÇA ou FOLHA EM BRANCO
didato fez escolhas que favorecem claramente a aven- ÁGIL ou ESTÁVEL
tura e o processo de aprendizagem em vez da convenção
MUDANÇA ou CONTINUIDADE
e da minimização dos riscos? Exemplos podem incluir a
escolha de uma faculdade menos renomada para perse- CONHECIDO ou DESCONHECIDO
guir uma paixão especíica; passar um ano no exterior PACIÊNCIA ou ENTUSIASMO
em local remoto como uma maneira de amadurecer; es- FRONTEIRA ou DOMÉSTICO
colher trabalhar para uma empresa pequena e altamente
PREDETERMINADO ou ABERTO
inovadora em vez de uma empresa grande e prestigiada;
destinos de férias que incluam privações, mas sejam ex- SELVAGEM ou DOMESTICADO
periências únicas; morar em uma parte interessante e VARIEDADE ou CERTEZA
diversiicada da cidade em vez de em áreas residenciais HERDAR ou CRIAR
projetos e iniciativas. cio? (Pontos devem ser dados para um padrão que
demonstre a busca por qualquer tipo de liderança.)
Tomou decisões em sua carreira que lhe proporciona-
Como dito anteriormente, líderes empreendedores,
riam obter controle criativo? Seu caminho proissional
como um grupo, atingem pontuação notavelmente alta
tem sido atípico ou de quem aproveita uma oportu-
no que diz respeito à necessidade de poder e controle
nidade em vez de promoções em sequência? Tem
— e consideravelmente mais alta do que líderes con-
sido o “responsável pela própria vida” desde muito
vencionais (embora este último grupo consiga também
cedo? Foi um empreendedor, de sucesso ou não, em
níveis altos). Intrigado com isso, entrevistei alguns em-
algum momento?
preendedores. Notei uma variação interessante, muitas
Depois, observe estes sinais: o candidato “domina”
vezes associada a líderes empreendedores, a respeito
a entrevista começando a elaborar uma ideia de como
da necessidade de poder: para eles, é mais importante a
as exigências do cargo podem ser alcançadas? Participa
propriedade que o domínio. Não se trata de supremacia
quase que de imediato de qualquer problema apresen-
sobre os subordinados, ou de exigir respeito e autori-
tado como se aquilo lhe “pertencesse” (preferencial-
dade; trata-se de controle sobre o produto inal. Dessa
mente de maneira não arrogante)? Procura por garan-
forma, os empreendedores têm mais em comum com
tias de que terá a autonomia necessária para liderar o
escritores e artistas do que com ditadores.
novo projeto?
Empreendedores delegam tarefas. Eles querem
Algumas perguntas para considerar durante a
estar no meio do barulho e da confusão enquanto um
entrevista:
novo projeto, dia a dia, ganha vida e começa a andar,
o Quais líderes você admira? Por quê?
e então deslancha. Eles não icam sentados num escri-
tório confortável e bem decorado mexendo peças de o Do que você se orgulha?
xadrez para um jogo em progresso no andar de baixo. o O que conduz, na maior parte dos casos, um
Querem ser artesãos com as mãos na argila molhada. novo projeto ao fracasso: falta de liderança ou de
Desejam tirar um produto do forno e dizer “isto é meu” colaboração?
— não de maneira egoísta ou gananciosa, mas que signi- o Qual a melhor atitude para um empresário: paixão
ique “eu moldo materiais que se transformam em coi- ou proissionalismo?
sas úteis e de valor”. Muito depois de a Apple se tornar o Psicologicamente, você leva trabalho para casa?
uma das maiores empresas de todos os tempos, Steve
o O que você faz no trabalho representa quanto do
Jobs continuava a participar de toda discussão impor-
que você é?
tante sobre o design dos produtos, a segurar nas mãos
os protótipos e a avaliar cada detalhe, do brilho ao peso. o Rapidamente, escolha uma das opções de cada
Para um espírito empreendedor, ter poder signiica ser o uma dos pares a seguir. (Mais uma vez, não tente
proprietário e a força motora por trás de toda iniciativa. acertar a resposta; procure um padrão.)
Essa forma de expressar poder é diferente do poder POSSUIR ou ADMINISTRAR
do chefe (baseado na sua posição), do poder por carisma SUGERIR ou CONDUZIR
(em que a capacidade de inluenciar pessoas decorre de LIDERAR ou PARTICIPAR
sua personalidade), ou do poder do especialista (quando
FORMA ou CONTROLE
o conhecimento faz com que as pessoas se submetam a
você). O verdadeiro empreendedor não se vê exercendo CAPITÃO ou NAVEGADOR
poder de cima para baixo; enxerga-se no meio de um cír- POSSE ou TÍTULO
culo em vez de no topo de uma pirâmide. Pode ou não GRAÇA ou PODER
ser carismático, mas seus métodos não servem para ins-
pirar as massas na convenção anual para que então possa CONCLUIR ou CONTEMPLAR
retornar à sua sala confortável de cheia. Ele quer estar ALMEJAR ou CONSEGUIR
envolvido nas atividades urgentes. SOCIEDADE ou DOMÍNIO
Isso não quer dizer que os empreendedores não de-
CONHECIMENTO ou PODER
monstram sinais de autoridade, perícia ou carisma —
há muitos que fazem isso —, mas o que os une não é a PRESIDENTE ou MINISTRO
vontade de tomar decisões. Para eles, um projeto novo LUCRO ou EQUIDADE
é uma forma de mostrar ao mundo quem eles são.
o que a omc pode fazer para ajudar como você vê o avanço da inteligência artificial
as pequenas e médias empresas? em paralelo ao investimento em educação e
Para uma grande empresa, um custo operacional é uma desenvolvimento da competitividade?
linha na planilha do cálculo de custos; para uma peque- Ela ajuda muito, neste momento, como um contrapeso. Na
na, significa não fazer o negócio. Como se facilita o acesso adoção de uma política pública de larga escala com visão es-
à informação às pequenas e médias empresas? A primei- tratégica, muitas vezes a quantidade de fatores envolvidos
ra e óbvia constatação é usar tecnologias de transparên- nessa avaliação é gigantesca. Há esses modelos economé-
cia online. Estamos criando um projeto com o Centro In- tricos de equilíbrio parcial, geral, coisas complicadíssimas.
ternacional de Comércio, que é lastreado pela OMC, para A inteligência artificial pode resolver essas coisas de uma
consolidar informações de como exportar para determi- maneira mais eficaz para o processo decisório. Mas é uma
nados mercados via web. O pequeno produtor quer ex- realidade ainda não muito presente na cabeça das pessoas.
portar, por exemplo, daqui para o Quênia: o que precisa? Nos governos, ainda se pensa de uma maneira século 20.
Quais são os documentos? Os requisitos alfandegários?
Estamos com uma agenda de inclusão que abrange como
fazer com que o comércio internacional não seja uma ex-
clusividade das grandes empresas, mas que atinja as pe-
quenas, o cidadão comum.
O Facebook é a plataforma mais popular: 80% das propensas a consumir seus produtos. Depois, exami-
empresas listadas pela Fortune 500 têm páginas ativas namos se os likes afetam as compras de seus amigos.
no Facebook. Diariamente, uma quantidade enorme Em seguida, avaliamos se os likes inluenciam outras
de conteúdos associados às marcas (branded content) coisas que não o consumo — se podem, por exemplo,
— artigos, fotos, vídeo e outros — aparece nessas e em convencer as pessoas a se tornar mais saudáveis. Por
outras redes sociais com o objetivo de atrair seguidores, im, investigamos se pagar ao Facebook para impul-
relacionar-se com eles e fazer com que consumam nu- sionar likes, mostrando conteúdos associados às mar-
merosos produtos. Até o Departamento de Estado dos cas nas páginas dos seguidores, aumenta as chances
Estados Unidos parece estar fascinado pela busca de de mudanças signiicativas de comportamento. Opta-
seguidores, haja vista os US$ 630 mil gastos entre 2011 mos por usar o Facebook porque é a rede social domi-
e 2013 para angariar likes em sua página no Facebook. nante, mas acreditamos que as descobertas podem ser
Os publicitários justificam esses investimentos estendidas a outras plataformas.
argumentando que atrair seguidores nas redes so- Os resultados foram claros: as redes sociais não
ciais e expô-los às marcas aumentam as vendas. De funcionam da maneira como pensam muitos publici-
acordo com essa lógica, internautas que endossam tários. O simples ato de curtir uma empresa não inlui
socialmente uma marca dando um like na página da no comportamento de um cliente nem leva ao aumen-
empresa no Facebook gastarão mais do que fariam to das compras, e tampouco estimula o consumo dos
habitualmente; por sua vez, esses apoios levarão seus amigos. No entanto, impulsionar likes com conteúdo
amigos (e amigos de seus amigos) a consumir mais — associados à marca pode apresentar resultados ex-
provocando uma reação em cadeia de novos negócios. pressivos; e, uma vez que essas páginas são pontos de
Os indícios parecem conirmar essa lógica: muitas em- encontro de consumidores iéis, podem ser usadas pe-
presas descobriram que clientes que interagem com as las empresas como fonte de feedback e de informações
empresas por meio de redes sociais gastam, de fato, sobre os clientes. Valendo-se desse conhecimento, os
mais dinheiro do que outros consumidores. Um estu- publicitários podem construir novas e mais eicientes
do feito há pouco pela comScore e pela Facebook mos- estratégias para as redes sociais.
EM RESUMO tra que, em comparação com o restante da população,
as pessoas que deram um like na página da Starbucks
A QUESTÃO no Facebook ou que têm um amigo que curtiu a página VERIFICANDO OS EFEITOS DOS LIKES
Muitas empresas gastam na rede social gastaram 8% mais e efetuaram 11% mais Princípios básicos de psicologia dão margem à sus-
bilhões de dólares todo transações no período de um mês. peita de que curtir uma página no Facebook poderia
ano em extravagantes
campanhas nas redes Porém, esse estudo, assim como outros similares, mesmo mudar um comportamento e aumentar as
sociais. Mas essas tem um erro de lógica fatal: confunde causa e efeito. vendas. Pesquisas mostram que as pessoas demons-
campanhas aumentam É possível que conseguir seguidores nas redes sociais tram “dissonância cognitiva” quando suas atitudes
o lucro? aumente o consumo de um produto — mas é possível não condizem com seus ideais, o que torna plausível
também que as pessoas que já têm uma opinião posi- que um usuário de rede social que aprove uma mar-
O PROBLEMA tiva em relação à empresa estejam mais propensas a ca no Facebook esteja propenso a consumi-la. Porém,
Publicitários muitas vezes
confundem causa e efeito. segui-la, e é por isso que compram mais do que as que não foi o que descobrimos.
É possível que conseguir não seguem a marca. Em 23 experimentos realizados Em um de nossos primeiros estudos, conduzi-
que as pessoas sigam uma nos últimos quatro anos envolvendo mais de 18 mil do por Leslie John, Oliver Emrich e nossos colegas
empresa nas redes sociais pessoas, usamos um método de teste com duas va- Michael Norton e Sunil Gupta, da Harvard Business
aumente o consumo de um riáveis, A/B, para examinar um ponto contrastante cru- School, metade dos participantes foi convidada a cur-
produto — mas é possível
também que as que já cial: o que teriam feito os consumidores se não tives- tir uma nova marca de cosméticos no Facebook. Me-
têm uma opinião positiva sem seguido a página da empresa? Levando em conta tade não recebeu o convite. Todos os participantes,
da empresa estejam mais os milhões de dólares em orçamento do departamento então, receberam cupons para uma amostra grátis —
propensas a segui-la, e de marketing que são destinados por muitas empresas resgatá-los equivaleria a comprá-los. Membros de am-
é por isso que compram às redes sociais, a distinção não é insigniicante; e tem bos os grupos estavam igualmente inclinados a usar
mais.
uma grande implicação na distribuição dos recursos os cupons, independentemente de terem sido convi-
A OPORTUNIDADE dos publicitários e em como eles administram a pre- dados a curtir a página. Essa descoberta se repetiu em
Para extraírem o máximo sença de suas marcas nas redes sociais. pesquisas subsequentes, na quais aumentamos o tem-
de uma campanha nas Em nossos experimentos aumentamos, gradual- po entre o convite para curtir a página e a extensão da
redes sociais, as empresas mente, o nível de complexidade para testar quatro validade do cupom; o mesmo aconteceu quando utili-
devem combinar estratégias maneiras cada vez mais interativas pelas quais o Fa- zamos uma variedade de marcas novas e já existentes.
de marketing push e pull,
impulsionando os likes cebook pode afetar o comportamento dos clientes. Em 16 estudos, não encontramos nenhuma evidência
com conteúdo associado Primeiro, vimos se o fato de curtir uma empresa, isto de que seguir uma empresa nas redes sociais muda o
à marca. é, segui-la de maneira passiva, deixa as pessoas mais hábito de consumo das pessoas.
Por terem curtido a página da Vitality, os clientes e do aumento do pull (esforços para atrair os clientes
do primeiro grupo podiam interagir com a empresa no para as redes sociais e outros canais de comunicação).
Facebook, plataforma constantemente atualizada pela “Mais judô, menos caratê” passou a ser uma máxi-
empresa. Com conteúdo bastante inovador, a página ma popular. No entanto, nossa pesquisa sugere que
tem um aplicativo que dá às pessoas a oportunidade o marketing em redes sociais será ineicaz se utilizar
de compartilhar suas histórias bem-sucedidas de saú- somente a estratégia pull. O manual moderno de ma-
de e bem-estar, fazer perguntas para especialistas e rketing para redes sociais deve combinar abordagens
participar de votações sobre futuras atividades físicas. novas e tradicionais.
Contudo, a não ser que os clientes visitem a página, é Use likes a seu favor. Atualmente a Facebook não
pouco provável que o conteúdo apareça em seu feed oferece às empresas a opção de pagar para dar des-
de notícias, ainda que eles a tenham curtido; os algo- taque às postagens de seus clientes mais ativos — de
ritmos do Facebook provavelmente iltrarão
essas informações. Assim, desconiamos que
o investimento feito pela Vitality em conte-
údo ligado à sua marca na rede social tenha
sido em vão. Ao comparamos o comporta-
A BOA NOTÍCIA É QUE
mento dos dois grupos, não vimos nenhuma
diferença — os convidados a curtir a página EXISTE UMA MANEIRA
DE CONVERTER LIKES
da empresa não acumularam mais pontos
que os demais. Novamente constatamos que
um simples like não muda comportamentos.
Dito de outra forma: curtir a página de uma
empresa que oferece vacinas para gripe não EM COMPORTAMENTO
SIGNIFICATIVO, E É
signiica que a pessoa vai tomar a vacina.
COMPARTILHAR INFORMAÇÃO
Um motivo que faz com que esses encontros não
sirvam para ajudar as minorias a se relacionar com os
colegas de trabalho é a diiculdade que as pessoas têm
RECONHECER QUE AS FRONTEIRAS que esse interesse está na contramão dos estereótipos
raciais. Não estamos sugerindo falsidade, mas empe-
nho genuíno em partilhar informações que criem pon-
É POSSÍVEL REDUZIR O
“TEMPO EM SOLO” SEM
AUMENTAR A EQUIPE? 84
Como uma empresa aérea
ajustou a produtividade
Vamos dar um gás nessa reta inal!” — os tinha ins- equipes e lhes dar melhor treinamento e maiores
pirado a trabalhar um pouquinho mais. salários. Precisamos garantir que os Toshis apren-
Após cada turno ela fazia uma rápida inspeção dam rapidamente como as coisas são feitas e que
no avião e apontava para o trabalhador de limpeza os Nobuos continuem conosco. É a única maneira
que não só tinha terminado nos dez minutos de- de conseguirmos tempos de solo mais curtos.”
sejados como também o havia feito sem nenhum “Que tipo de aumento no orçamento está su-
erro ou omissão. Nas primeiras três vezes, Nobuo gerindo que peçamos?”, perguntou Ken.
foi o indicado, o que ele reconheceu com um ace- “Eu teria de analisar os números, mas talvez
no de cabeça e um sorriso. Outra funcionária, tam- 20%.”
bém mais velha, venceu as duas rodadas seguin- Ken voltou-se para seu diretor inanceiro exe-
tes, o que a deixou radiante, e então os louros vol- cutivo, esperando uma reação, e teve uma: “Co-
taram para Nobuo até o im do turno. Durante um mo todo o respeito, Mari-san, eu icaria extrema-
dos anúncios de Dona Cronômetro, ele pensou ter mente desconfortável colocando um pedido des-
visto Toshi lançar um olhar irrequieto. E quando ta dimensão à diretoria. Nós prometemos a eles e
passaram com passos lentos pela tripulação de voo aos acionistas que melhoraríamos as margens de
na ponte de embarque, percebeu que a meta de 16 lucro este ano”.
minutos estava bem abaixo de suas expectativas Ken não queria rebater imediatamente a pro-
também. Pareciam impacientes e frustrados e mal posta de Mari, mas concordava com o diretor i-
cumprimentaram os funcionários da limpeza. nanceiro. Ele teria de pressionar muito para ter
Quando Ken bateu o ponto de saída às 14h30, aprovação de metade dessa quantia, e Daishi
a gerente lhe disse: “Você trabalha bem. E sua Isharu certamente esperaria um retorno quase
isionomia não me é estranha. Já esteve conos- imediato sobre esse investimento.
co antes?” “Bem, é claro que poderíamos fazer avanços
“Não como parte da equipe de limpeza, se- com menos dinheiro”, disse Mari.
nhora, mas talvez noutro lugar no aeroporto, Mayuka Mori, o diretor executivo de opera-
sim”, disse Ken, cuidadoso. ções interrompeu: “Posso dar minha opinião? A
“Bem, espero que volte.” mensagem que o relato de Kentaro-san me passa
“Acho que vou para Haneda amanhã.” é a importância dos gerentes. As equipes desem-
“Acho que estamos todos com diiculdades de penham melhor quando estão seguindo a boa
encontrar bons funcionários”, ela respondeu. prática e estão plenamente coordenadas”.
“Sim, estamos”, pensou Ken. “Cronômetros e competições são ideias in-
críveis. Se quisermos contratar pessoas ou pagar
MAIS NOBUOS mais, isso deve ocorrer no nível da gerência. Mas
Suas tarefas nas equipes de atendimento nos ou- poderíamos ter uma supervisão mais forte e con-
tros aeroportos foram semelhantes. Ken conhe- trolar mais de perto com nossa equipe atual se
ceu funcionários experientes, acostumados a ta- trabalhássemos para isso.”
refas extenuantes, que sabiam como concluir o Yoshiyuki Taniguchi, o diretor executivo de
trabalho, mas de alguma forma pareciam desen- tecnologia foi o próximo: “Concordo com a su-
corajados. Conversou com trabalhadores mais as ideias, Mayukasan, mas por que não utilizar
novos, muitos deles de meio período, que viam tecnologia para obter o mesmo resultado? Fazer
a RSA Ground como uma parada desagradável, um investimento pontual num sistema que utili-
e idealmente breve, no seu caminho rumo a um za dispositivos portáteis de monitoramento para
emprego melhor. E viu gerentes eicientes que se acompanhar o desempenho do funcionário, in-
desdobravam em mil funções. cluindo tempos em solo, individuais e de equipe,
Quando convocou uma reunião com sua equi- e a qualidade do trabalho realizado. Não precisa-
pe executiva para compartilhar essas observa- mos de mais Donas Cronômetro — precisamos da
ções, seus colegas icaram pasmos. próxima geração de supervisão”.
“Desculpe-me, Kentaro-san, mas você fez o Yoshiyuki já tinha mencionado isso a Ken,
quê?”, disse Mari, mal conseguindo articular a mas da mesma forma que a sugestão de Mari,
pergunta. exigiria uma despesa signiicativa de capital ini-
“Trabalhei disfarçado nas equipes por quatro cial. Programas piloto que utilizavam esses siste-
dias.” mas em outras empresas pareciam promissores,
Todos ouviram sentados em silêncio, estupe- mas os resultados eram confusos.
fatos. Finalmente Mari se pronunciou. “Bem, se- “Não há maneiras mais criativas e menos dis-
nhor, quero aplaudi-lo por compreender como as pendiosas de resolver esse problema?”, perguntou
equipes de solo são importantes para nosso negó- Ken. Não foi a primeira vez que lançava a pergunta
cio. E acredito que aquilo que viu conirma o que ao grupo. O experimento de “chefe disfarçado”
venho dizendo o tempo todo. Precisamos investir era para ter lhe dado algumas ideias novas, mas a
em nosso pessoal — contratar mais membros para única ideia que lhe vinha era clonar Nobuo.
ATILLA KORKMAZOĞLU
é o presidente das operações
em solo e de carga na Çelebi
Aviation Holding.
FOCO
AS NOVAS REGRAS DA
GESTÃO DE TALENTO
A agilidade não é mais
uma prerrogativa somente
da tecnologia — agora,
ela está transformando a
forma como as empresas
contratam, desenvolvem e O RH TORNA-SE ÁGIL
administram seu pessoal. Os negócios centrais e as funções das empresas
substituíram, em grande parte, os modelos de
Coaching é outro item importante: conseguir
que os gestores deixem de julgar os funcionários
O pacote fornece um guia planejamento de longo prazo, por métodos que
permitem que eles se adaptem e inovem com
para ajudá-los no seu desenvolvimento diário.
Equipes,e não indivíduos, são o foco agora, que o
para a transição. mais rapidez. Os departamentos de RH estão
começando a utilizar práticas de talento ágil para
trabalho está cada vez mais organizado projeto
por projeto, e isso significa que as organizações
refletir e apoiar o que o resto da organização precisam enfrentar feedback multidirecional,
página 23 realiza. Em certo sentido, eles estão se tornando conceder direitos de decisão ao pessoal das
“ágeis light” — adotando os princípios gerais, mas linhas de frente e lidar com dinâmicas de grupo
não todos os protocolos do mundo da tecnologia. mais complicadas. A remuneração também
No artigo, Peter Cappelli, da Wharton, e esta mudando: algumas empresas oferecem
Anna Tavis, da Univerity of New York, discutem bônus pontuais, enquanto outras eliminaram
as profundas mudanças que as empresas estão completamente os bônus e reajustam os salários
atravessando em seis áreas críticas. As avaliações com muito mais frequência, de acordo com as
de desempenho anuais são, em muitos casos, a mudanças de desempenho e dos valores de
primeira prática tradicional a ser abolida. À medida mercado. O recrutamento tornou-se mais rápido
que os funcionários trabalham em projetos de e mais ágil, e as novas práticas de aprendizado
prazos mais curto, muitas vezes, sob o comando e desenvolvimento ajudam os funcionários a
de diferentes líderes, e organizados em torno de identificar e acessar as habilidades e treinamento
equipes, as empresas estão reconhecendo que os de que precisam para avançar na carreira.
empregados precisam de feedback mais frequente, Nas últimas décadas, o RH não precisou mudar
durante todo o ano, para que possam corrigir tanto quanto as linhas de operação que ele apoia.
os erros ao longo do percurso, melhorar seu Mas agora a pressão é grande e organizações como
desempenho e aprender por meio de iteração. IBM, Regeneron Pharmaceuticals e até o Banco de
Montreal estão abrindo o caminho.
O CEO DA STATE
STREET E A CRIAÇÃO
OS ELEMENTOS DE A CONTRATAÇÃO QUAL O VALOR DIVERSIDADE E DE EMPREGOS
VALOR DO B2B DE UM LÍDER DE UM LIKE? AUTENTICIDADE PARA JOVENS
Eric Almquist, Jamie
Cleghorn e Lori Sherer
EMPREENDEDOR Leslie K. John, Daniel
Mochon, Oliver Emrich e
Katherine W. Phillips,
Tracy L. Dumas e Nancy
MARGINALIZADOS
pág. 46 Timothy Butler | pág. 58 Janet Schwartz | pág. 70 P. Rothbard | pág. 78 Joseph Hooley | página 84
À medida que os produtos Quando Marcus foi admitido Muitas empresas gastam Em geral, os membros de Em 2014, recebi um telefone-
B2B tornam-se mais como- num importante banco bilhões de dólares por ano minorias não conseguem ma do escritório do governa-
ditizados, as considera- internacional logo depois de em elaboradas campanhas entender que a mobilidade dor de Massachusetts. Eles
ções subjetivas, muitas ve- terminar a universidade, ele para marcar e consolidar de suas carreiras pode ser me pediam que participasse
zes bastante pessoais dos acreditava que o sucesso era presença nas redes sociais. afetada por sentimentos de de uma parceria público-pri-
clientes do negócio, são decorrência dos números Pense na transmissão ao familiaridade com seus cole- vada (PPP). O objetivo era
cada vez mais importan- sólidos que ele apresentou. vivo de um salto de 40 mil gas ou de proximidade com melhorar a qualidade das
tes nas transações de com- “Garanta os mais altos lucros, metros de altura cujo atleta eles. Mesmo para aqueles faculdades públicas locais.
pra. Para descobrir o que capte o maior número de estabelece assim um novo que percebem isso, pode Desenvolvimento de mão de
é mais importante para os clientes, seja discreto e faça recorde mundial (Red Bull) ser difícil relacionar-se com obra é um problema que me
compradores B2B, a Bain, seu trabalho”, ele comenta, e nos estranhos tweets pessoas de outras raças no preocupa, e todo CEO recebe
empresa de consultoria, lembrando sua estratégia. enviados supostamente por local de trabalho. Ser seu ligações como essa de tem-
analisou resultados de es- Durante anos, Marcus agiu uma conta invadida por um verdadeiro self, divulgar ele- pos em tempos. Tento ajudar
tudos qualitativos e quanti- exatamente assim e recebeu hacker que tiveram origem, mentos de sua vida pessoal sempre que posso, por isso
tativos de clientes. De uma prêmios por seu trabalho de fato, na própria empresa e formar conexões sociais é disse sim.
forma geral, ela identificou exemplar em transações (Chipotle). mais difícil quando as pes- Fui a algumas reuniões e
40 “elementos de valor” complexas. Mas, apesar O Facebook é a plata- soas tentam fazer isso trans- logo fiquei frustrado. Não era
discretos, que se enqua- de receber os maiores forma mais popular: 80% pondo fronteiras demográ- minha primeira experiência
dram em cinco categorias: rankings de seu grupo, ele das empresas listadas pela ficas como o background em PPPs, e embora algumas
apostas na mesa, funcional, continuou sendo preterido Fortune 500 têm páginas racial. Ajudar os relaciona- tivessem sido bem-suce-
facilidade de negociação, nas promoções. Um dia ativas no Facebook. Dia- mentos prosperarem no lo- didas, muitas não deram
individual e inspirador. Os ele se muniu de coragem e riamente, uma quantidade cal de trabalho, entre pesso- certo. Ao participar de uma
elementos variam de estri- perguntou ao chefe por quê. enorme de conteúdos asso- as de diferentes raças, pode reunião, comecei a imaginar
tamente objetivos — rela- “Você é muito bom no que ciados às marcas (branded exigir esforço especial. com que meios a State Street
cionados a precificação e faz, mas o problema é que content) — artigos, fotos, Os autores sugerem solucionaria
especificações, por exem- os colegas sentem como vídeo e outros — aparece várias estratégias que as alguns dos problemas rela-
plo — a mais subjetivos, se não o conhecessem”, nessas e em outras redes organizações podem usar cionados ao desenvolvimen-
como reduzir a ansiedade respondeu o chefe. Marcus sociais com o objetivo de para fazer com que funcio- to de mão de obra.
e melhorar a reputação do agradeceu a crítica. “Eu atrair seguidores, relacio- nários de diferentes grupos Nossa empresa tem uma
comprador. Entender toda estava com medo de me nar-se com eles e fazer com demográficos sintam-se grande instituição de carida-
essa gama de considera- abrir”, ele observa. Então ele que consumam numerosos confortáveis ao se envolver de, então já gastávamos mi-
ções racionais e emocionais tratou de superar esse medo produtos. Até o Departa- uns com os outros. (1) lhões de dólares anualmente
e modelar a proposição de e começou a aceitar convites mento de Estado dos Es- Identifique o papel que nas áreas de educação e na
valor para aqueles que os para almoços e outras tados Unidos parece estar essa estrutura — pode formação de profissionais.
clientes mais prezam é ex- oportunidades sociais com fascinado pela busca de se- desempenhar ao facilitar o A State Street é uma das
tremamente importante colegas e encontrar áreas guidores, haja vista os US$ desconforto da socialização maiores empregadoras de
para evitar a armadilha da de interesse comuns, como 630 mil gastos entre 2011 e livre. (2) Adote uma orien- Boston. Todo ano contrata-
commodity. filhos, esportes universitários, 2013 para angariar likes em tação para o aprendizado, mos milhares de funcioná-
HBR Reprint R1804C–P fantasy games e novos sua página no Facebook. fazendo perguntas abertas rios recém-formados. Isso é
restaurantes. Ele começou HBR Reprint R1804E–P e interessantes que de- importante. O grande prêmio
a falar mais abertamente de monstrem que ser diferente da pessoa que conclui sua
sua vida fora do escritório só valoriza a pessoa. (3) formação acadêmica é uma
— condição indispensável Pense em criar um sistema oferta de emprego e uma
para criar relacionamentos. de companheirismo de carreira, e podemos oferecer
“Quando fiz isso, as coisas tutoria informal, no qual isso de uma maneira que
começaram a mudar”, ele funcionários mais expe- nenhuma organização sem
observa. Hoje Marcus é o rientes ajudam a facilitar fins lucrativos é capaz.
principal sócio executivo os relacionamentos sociais HBR Reprint R1804A–P
do banco. para os novos contratados.
HBR Reprint R1804F–P
HBR Reprint R1804D–P
© 2018 PricewaterhouseCoopers Brasil Ltda. Todos os direitos reservados. Proibida a distribuição sem a prévia autorização da PwC.
6[LYTV¸7^*¹YLMLYLZLn7YPJL^H[LYOV\ZL*VVWLYZ)YHZPS3[KHKLÄYTHZTLTIYVKH7YPJL^H[LYOV\ZL*VVWLYZV\JVUMVYTLVJVU[L_[V
KL[LYTPUHHJHKH\THKHZÄYTHZTLTIYVWHY[PJPWHU[LZKHYLKLKH7^**HKHÄYTHTLTIYVKHYLKLJVUZ[P[\P\THWLZZVHQ\YxKPJH
ZLWHYHKHLPUKLWLUKLU[L7HYHTHPZKL[HSOLZHJLYJHKVUL[^VYR7^*HJLZZL!^^^W^JJVTZ[Y\J[\YL